SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Baixar para ler offline
ALMEIDA GARRETT E O TEATRO DO SEU TEMPO
TRABALHO FINAL /22/06/2016
Ana Sousa Martins
O elemento histórico em Frei Luís de Sousa
Perspetivas sobre a prática letiva
0. O propósito deste breve ensaio é descrever a proeminência da informação histórica
relativamente à ação de Frei Luís de Sousa na sua vertente individual, nacional e
universal. O texto conclui com uma descrição breve das práticas correntes de lecionação
desta obra dramática e materiais didáticos disponíveis para o ensino secundário, que se
faz de par com uma reflexão crítica sobre as metodologias de ensino aí aplicadas.
1. O século XIX vê abrir portas à historiografia nacional, tendo como figura cimeira
Alexandre Herculano. A miríade de documentos que vem a lume, inclusivamente em
publicações periódicas, é notável, se comparada com as épocas precedentes. Afinal é o
século em que a História se afirma como ciência autónoma, com o trabalho de
sistematização metodológica de fontes e registos diversos. Combinado, não por acaso,
com a estética literária romântica, o furor de dar um pano de fundo histórico – ou
pseudo-histórico – a histórias inventadas passou a ser um lugar comum, e não apenas na
dramaturgia. A peça Frei Luís de Sousa emerge como um caso representativo do pathos
dramático que se serve dos dados históricos não como pano de fundo, mas a servir os
filões temáticos dominantes: o sebastianismo, a demanda africana, a subordinação ao
domínio filipino.
No plano do individuo, há a salientar desde logo a personagem Manuel de Sousa
Coutinho (1555-1632). Figura de grande porte social, militar e filósofo, governador na
Índia, participou no cerco de Diu, foi cativo e resgatado à pátria - vivências factuais que
são transvasadas para a vivência ficcional de D. João de Portugal, morto em Alcácer. A
produção historiográfica de Frei Luís de Sousa (Vida de D. Frei Bartolomeu dos
Mártires; História de São Domingos; Conquistas de Portugal, Vida do Beato Henrique
Suso, entre outras) ainda que não se assumindo como fontes, ajudaram a criar na
mundividência coletiva essa figura de proa que é o personagem central da peça. A
assunção da viuvez de D. Madalena de Vilhena pertence também ao domínio da história
e do factual, mas já não o episódio do peregrino e da entrega de um recado que um certo
português errante por terras do Infiel o incumbiu de entregar, declarando, perante D.
Madalena que «ainda por lá vivia quem se lembrasse de Vossa Mercê». O relato
histórico não justifica a razão do divórcio nem a entrega dos dois aos votos sacerdotais,
mas a estranheza dessa opção (uma vez que a morte da filha, quando a mortalidade
infantil era, e continuou a ser, muito elevada não podia ter sido razão) era inspiradora. O
entrelaçado dos eventos da ordem do verdadeiro e os da ordem do inventado formam o
sublime das figuras simples e sóbrias apanhadas pelo destino trágico e implacável:
inocentes e culpadas; incautas e arrependidas. A morte em plena jovialidade faz de
Maria a heroína mais pura. A informação histórica sobre esta filha de um casamento
erróneo é naturalmente residual, pois está em conformidade com a sua idade: uma
criança tem sempre pouca história de vida. Portanto, de um modo geral, é a história da
tríade Manuel de Sousa Coutinho – D. Madalena – D. João de Portugal já de si
fantástica e trágica que se presta naturalmente à refiguração ficcional.
ALMEIDA GARRETT E O TEATRO DO SEU TEMPO
TRABALHO FINAL /22/06/2016
Ana Sousa Martins
No que concerne à dimensão nacional da componente história da peça, há seguramente
a referir a perda da soberania e o ano de 1580, que aviva o sebastianismo, o mito do
desejado, a crença no Encoberto, concentrados na figura de D. João de Portugal. A
razão ou a perceção da realidade (de que D. Sebastião está morto), oposta à credulidade
infundada é uma das dialéticas da obra e que constituem, como é sabido, um símbolo do
carácter coletivo da nação. Cumulativamente, há a referir o incêndio premeditado da
casa de D. Manuel apresentado ao leitor como ato patriótico de renegação do domínio
filipino.
A dimensão humana da obra não precisa do fundamento histórico para que a pertença de
Frei Luís de Sousa ao grupo das grandes obras da literatura universal seja avalizada. No
entanto, ele está lá e a interpretação da obra exige a sua integração no conjunto dos
produtos ficcionais que foram «baseados em factos reais». Nesta medida, a peça Frei
Luís de Sousa emparceira de direito, por via dos princípios abstratos e universais do
elemento trágico, como sejam a viagem, a guerra, a traição, o fatalismo, com as obras de
Walter Scott, Schiller ou Calderón. Frei Luís de Sousa resiste ao tempo e manterá o seu
impacto através dos séculos pela limpidez com que esboça os matizes da condição
humana e da maneira como continuará a inspirar reações emotivas por anos vindouros.
Não apenas reflete história, mas já faz parte da história das ideias. A obra potencia,
neste sentido, nos leitores a busca de conexões, incentiva-os a descobrir influências de
outros autores e a ganhar assim uma compreensão mais profunda de como o mundo está
(des)organizado.
2. A sua universalidade, o facto de a peça estar afeiçoada a qualquer interpretação
moderna, justifica a sua presença, de há décadas, nos programas do ensino secundário.
Uma obra que não só resiste ao tempo como, quiçá até mais notável, às sucessivas
reformas do ensino. A obra pertence ao cânone literário português e, como tal, está de
pleno direto visada nas orientações programáticas e metas curriculares.
No entanto, o problema da prática de lecionação desta obra é o mesmo que afeta outras
obras e que se passa a explicar. Ao contrário do que refere Martins (2003), para a leitura
orientada da peça não se julga essencial convocar as interpretações da obra produzidas
por várias gerações de especialistas e académicos. Na sua célebre publicação Perché
leggere i classici (1995), na observação que introduz as últimas sete razões, Italo
Calvino é perentório: a formação escolar que os alunos recebem mais não faz do que
obscurecer a apreciação estético-emotiva, pessoal, da obra. “As escolas”, refere, “devem
ajudar os alunos a entender que nenhum livro que fala de outro livro diz mais do que o
livro em questão; pelo contrário, fazem o melhor que podem para nos levar a pensar o
contrário” (tradução livre). Naturalmente que a vasta e rica bibliografia disponível de
crítica literária sobre Frei Luís de Sousa é meritória e deve ser consultada, primeira e
criticamente pelo professor e só depois pelos alunos. Mas não deve ser esse o primeiro
passo. O primeiro passo deve ser a leitura integral – autónoma – da obra. Atualmente, é
apenas uma minoria de alunos que faz a leitura integral das obras dos programas e o
professor não tem meios de os penalizar os que o não fazem, porque a panóplia de
resumos, contextos histórico-biográficos resumidos e leituras críticas em segunda mão
que os manuais escolares plasmam, não só se interpõe entre o aluno e a leitura integral
da obra, como parece ter como único fito permitir ao aluno fingir que leu a obra.
ALMEIDA GARRETT E O TEATRO DO SEU TEMPO
TRABALHO FINAL /22/06/2016
Ana Sousa Martins
Se, por sua vez, nos focarmos na minoria dos alunos que lê integralmente Frei Luís de
Sousa, assim como as demais obras dos programas, percebemos facilmente que é justo o
que Martins (2003) refere relativamente ao facto de não haver uma edição escolar
crítica digna desse nome. No entanto, essa lacuna não deve ser tanto atribuível à lógica
negativa do mercado editorial, como à falta de priorização da comunidade académica na
produção de um trabalho deste tipo. Afinal é essa a função das unidades editorais das
Universidades e do próprio Ministério da Educação. Em última análise, há programas
de apoio financeiro à edição (FCT, por exemplo).
3. Neste trabalho, procurou-se traçar uma panorâmica do papel da informação histórica,
não apenas na construção, mas na interpretação da dramaticidade e do molde romântico
de Frei Luís de Sousa. Sublinhou-se o paralelismo factual-ficcional nas dimensões
individual, nacional e universal. Por último, foi delineada uma brevíssima reflexão
sobre a prática letiva e materiais disponíveis (ou a falta deles) que visa treinar o aluno
na leitura direta de Frei Luís de Sousa, assumindo-se que o ensino da literatura em
estudos não graduados tem como principal propósito transformar os jovens em leitores
adultos, ávidos, fluentes e críticos.
Referências:
Martins J. Cândido de Oliveira 2003. Almeida Garrett. Um Romântico, um Moderno.
Vol. II, Lisboa, INCM.
Calvino, Italo 1995, Perché leggere i classici, Milano, Oscar Mondadori.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Tempo e espaço nos quadrinhos
Tempo e espaço nos quadrinhosTempo e espaço nos quadrinhos
Tempo e espaço nos quadrinhosAlexandro de Souza
 
Complexo de ze carioca notas sobre uma identidade mestiça e malandra
Complexo de ze carioca notas sobre uma identidade mestiça e malandraComplexo de ze carioca notas sobre uma identidade mestiça e malandra
Complexo de ze carioca notas sobre uma identidade mestiça e malandraIzaac Erder
 
Desterritorialização
DesterritorializaçãoDesterritorialização
Desterritorializaçãomjosele
 
Histc3b3ria literc3a1ria-um-gc3aanero-em-crise
Histc3b3ria literc3a1ria-um-gc3aanero-em-criseHistc3b3ria literc3a1ria-um-gc3aanero-em-crise
Histc3b3ria literc3a1ria-um-gc3aanero-em-crisePedro Lima
 
Plinio marcos um maldito dramaturgo intelectual brasileiro
Plinio marcos um maldito dramaturgo intelectual brasileiroPlinio marcos um maldito dramaturgo intelectual brasileiro
Plinio marcos um maldito dramaturgo intelectual brasileiroHelciclever Barros
 
Práticas artísticas,crítica e educação do gosto na década 1920
Práticas artísticas,crítica  e educação do gosto na década 1920Práticas artísticas,crítica  e educação do gosto na década 1920
Práticas artísticas,crítica e educação do gosto na década 1920Natália Barros
 
Micro-História: narrativa, indivíduo e contexto em foco.
Micro-História: narrativa, indivíduo e contexto em foco.Micro-História: narrativa, indivíduo e contexto em foco.
Micro-História: narrativa, indivíduo e contexto em foco.Natália Barros
 
Cultura dia 05 junho
Cultura dia 05 junhoCultura dia 05 junho
Cultura dia 05 junhoProfmaria
 
e-book "História e Apocalíptica" de Vicente Dobroruka
e-book "História e Apocalíptica" de Vicente Dobrorukae-book "História e Apocalíptica" de Vicente Dobroruka
e-book "História e Apocalíptica" de Vicente Dobrorukacesarmrios
 
Memoria, Esquecimento e Silêncio Michael Pollack
Memoria, Esquecimento e Silêncio Michael PollackMemoria, Esquecimento e Silêncio Michael Pollack
Memoria, Esquecimento e Silêncio Michael PollackTequila Underline
 

Mais procurados (20)

Tempo e espaço nos quadrinhos
Tempo e espaço nos quadrinhosTempo e espaço nos quadrinhos
Tempo e espaço nos quadrinhos
 
Complexo de ze carioca notas sobre uma identidade mestiça e malandra
Complexo de ze carioca notas sobre uma identidade mestiça e malandraComplexo de ze carioca notas sobre uma identidade mestiça e malandra
Complexo de ze carioca notas sobre uma identidade mestiça e malandra
 
Abordagem dos-classicos-no-ensino-de-literatura
Abordagem dos-classicos-no-ensino-de-literaturaAbordagem dos-classicos-no-ensino-de-literatura
Abordagem dos-classicos-no-ensino-de-literatura
 
Intertexto e clássica
Intertexto e clássicaIntertexto e clássica
Intertexto e clássica
 
Batisde
BatisdeBatisde
Batisde
 
A costa dos murmúrios por cláudia
A costa dos murmúrios por cláudiaA costa dos murmúrios por cláudia
A costa dos murmúrios por cláudia
 
Dominio da imagem
Dominio da imagemDominio da imagem
Dominio da imagem
 
Dna prosa.doc
Dna prosa.docDna prosa.doc
Dna prosa.doc
 
Desterritorialização
DesterritorializaçãoDesterritorialização
Desterritorialização
 
Histc3b3ria literc3a1ria-um-gc3aanero-em-crise
Histc3b3ria literc3a1ria-um-gc3aanero-em-criseHistc3b3ria literc3a1ria-um-gc3aanero-em-crise
Histc3b3ria literc3a1ria-um-gc3aanero-em-crise
 
Tcc de alexandre pedro de medeiros na história da udesc em 2013
Tcc de alexandre pedro de medeiros na história da udesc em 2013Tcc de alexandre pedro de medeiros na história da udesc em 2013
Tcc de alexandre pedro de medeiros na história da udesc em 2013
 
Plinio marcos um maldito dramaturgo intelectual brasileiro
Plinio marcos um maldito dramaturgo intelectual brasileiroPlinio marcos um maldito dramaturgo intelectual brasileiro
Plinio marcos um maldito dramaturgo intelectual brasileiro
 
Práticas artísticas,crítica e educação do gosto na década 1920
Práticas artísticas,crítica  e educação do gosto na década 1920Práticas artísticas,crítica  e educação do gosto na década 1920
Práticas artísticas,crítica e educação do gosto na década 1920
 
Matraga31a15
Matraga31a15Matraga31a15
Matraga31a15
 
Walter benjamin-o-narrador1 (1)
Walter benjamin-o-narrador1 (1)Walter benjamin-o-narrador1 (1)
Walter benjamin-o-narrador1 (1)
 
Micro-História: narrativa, indivíduo e contexto em foco.
Micro-História: narrativa, indivíduo e contexto em foco.Micro-História: narrativa, indivíduo e contexto em foco.
Micro-História: narrativa, indivíduo e contexto em foco.
 
52.2 pereira
52.2 pereira52.2 pereira
52.2 pereira
 
Cultura dia 05 junho
Cultura dia 05 junhoCultura dia 05 junho
Cultura dia 05 junho
 
e-book "História e Apocalíptica" de Vicente Dobroruka
e-book "História e Apocalíptica" de Vicente Dobrorukae-book "História e Apocalíptica" de Vicente Dobroruka
e-book "História e Apocalíptica" de Vicente Dobroruka
 
Memoria, Esquecimento e Silêncio Michael Pollack
Memoria, Esquecimento e Silêncio Michael PollackMemoria, Esquecimento e Silêncio Michael Pollack
Memoria, Esquecimento e Silêncio Michael Pollack
 

Semelhante a Trabalho final-id71143 15-01_ana_martins

Introdução reflexões sobre história
Introdução reflexões sobre históriaIntrodução reflexões sobre história
Introdução reflexões sobre históriamkobelinski
 
A Imprensa Brasileira e a Revista Realidade
A Imprensa Brasileira e a Revista RealidadeA Imprensa Brasileira e a Revista Realidade
A Imprensa Brasileira e a Revista Realidade+ Aloisio Magalhães
 
Cadernos da-semana-de-letras-2014-trabalhos-completos
Cadernos da-semana-de-letras-2014-trabalhos-completosCadernos da-semana-de-letras-2014-trabalhos-completos
Cadernos da-semana-de-letras-2014-trabalhos-completosPedro Lima
 
analise a hora da estrela
analise a hora da estrela analise a hora da estrela
analise a hora da estrela LuciBernadete
 
Machado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre históriasMachado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre históriasEmerson Mathias
 
Machado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre históriasMachado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre históriasEmerson Mathias
 
Relações entre ficção e história. uma breve revisão teórica (1).pdf
Relações entre ficção e história. uma breve revisão teórica (1).pdfRelações entre ficção e história. uma breve revisão teórica (1).pdf
Relações entre ficção e história. uma breve revisão teórica (1).pdfPatrciaSousa683558
 
Machado um contista desconhecido
Machado um contista desconhecidoMachado um contista desconhecido
Machado um contista desconhecidoPriscila Silva
 
A literatura modernista de 30 poesia. (1).ppt
A literatura modernista de 30 poesia. (1).pptA literatura modernista de 30 poesia. (1).ppt
A literatura modernista de 30 poesia. (1).pptmariajoseSousa10
 
A literatura modernista de 30 poesia..ppt
A literatura modernista de 30 poesia..pptA literatura modernista de 30 poesia..ppt
A literatura modernista de 30 poesia..pptFbioFernandesNeres
 
UFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e Comunicação
UFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e ComunicaçãoUFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e Comunicação
UFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e ComunicaçãoNome Sobrenome
 
Historia e literatura e ensino 2010
Historia e literatura e ensino 2010Historia e literatura e ensino 2010
Historia e literatura e ensino 2010adriano braun
 
A contribuição da Literatura Fantástica para o ensino da Língua Inglesa
A contribuição da Literatura Fantástica para o ensino da Língua InglesaA contribuição da Literatura Fantástica para o ensino da Língua Inglesa
A contribuição da Literatura Fantástica para o ensino da Língua InglesaLara Utzig
 
Machado de Assis: pioneiro na descoberta da alma humana
Machado de Assis: pioneiro na descoberta da alma humana Machado de Assis: pioneiro na descoberta da alma humana
Machado de Assis: pioneiro na descoberta da alma humana Natalia Salgado
 
IntroduçãO2
IntroduçãO2IntroduçãO2
IntroduçãO2rogerio
 

Semelhante a Trabalho final-id71143 15-01_ana_martins (20)

Literatura infantil uma
Literatura infantil umaLiteratura infantil uma
Literatura infantil uma
 
Introdução reflexões sobre história
Introdução reflexões sobre históriaIntrodução reflexões sobre história
Introdução reflexões sobre história
 
A Imprensa Brasileira e a Revista Realidade
A Imprensa Brasileira e a Revista RealidadeA Imprensa Brasileira e a Revista Realidade
A Imprensa Brasileira e a Revista Realidade
 
Cadernos da-semana-de-letras-2014-trabalhos-completos
Cadernos da-semana-de-letras-2014-trabalhos-completosCadernos da-semana-de-letras-2014-trabalhos-completos
Cadernos da-semana-de-letras-2014-trabalhos-completos
 
analise a hora da estrela
analise a hora da estrela analise a hora da estrela
analise a hora da estrela
 
Machado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre históriasMachado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre histórias
 
Machado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre históriasMachado de Assis, um diálogo entre histórias
Machado de Assis, um diálogo entre histórias
 
Scena Crítica, n. 02, ano 1.pdf
Scena Crítica, n. 02, ano 1.pdfScena Crítica, n. 02, ano 1.pdf
Scena Crítica, n. 02, ano 1.pdf
 
Relações entre ficção e história. uma breve revisão teórica (1).pdf
Relações entre ficção e história. uma breve revisão teórica (1).pdfRelações entre ficção e história. uma breve revisão teórica (1).pdf
Relações entre ficção e história. uma breve revisão teórica (1).pdf
 
His m01t10b saliba
His m01t10b salibaHis m01t10b saliba
His m01t10b saliba
 
artigo-6-a-10.pdf
artigo-6-a-10.pdfartigo-6-a-10.pdf
artigo-6-a-10.pdf
 
Machado um contista desconhecido
Machado um contista desconhecidoMachado um contista desconhecido
Machado um contista desconhecido
 
A literatura modernista de 30 poesia. (1).ppt
A literatura modernista de 30 poesia. (1).pptA literatura modernista de 30 poesia. (1).ppt
A literatura modernista de 30 poesia. (1).ppt
 
A literatura modernista de 30 poesia..ppt
A literatura modernista de 30 poesia..pptA literatura modernista de 30 poesia..ppt
A literatura modernista de 30 poesia..ppt
 
UFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e Comunicação
UFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e ComunicaçãoUFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e Comunicação
UFCD - Clc7 - Fundamentos da Cultura , Lingua e Comunicação
 
His m02t05
His m02t05His m02t05
His m02t05
 
Historia e literatura e ensino 2010
Historia e literatura e ensino 2010Historia e literatura e ensino 2010
Historia e literatura e ensino 2010
 
A contribuição da Literatura Fantástica para o ensino da Língua Inglesa
A contribuição da Literatura Fantástica para o ensino da Língua InglesaA contribuição da Literatura Fantástica para o ensino da Língua Inglesa
A contribuição da Literatura Fantástica para o ensino da Língua Inglesa
 
Machado de Assis: pioneiro na descoberta da alma humana
Machado de Assis: pioneiro na descoberta da alma humana Machado de Assis: pioneiro na descoberta da alma humana
Machado de Assis: pioneiro na descoberta da alma humana
 
IntroduçãO2
IntroduçãO2IntroduçãO2
IntroduçãO2
 

Mais de anissimamente

Ciberescola- Ensino do PLNM
Ciberescola- Ensino do PLNMCiberescola- Ensino do PLNM
Ciberescola- Ensino do PLNManissimamente
 
apresentação-oral-Ana-Sousa-Martins-7-12-2023.ppt
apresentação-oral-Ana-Sousa-Martins-7-12-2023.pptapresentação-oral-Ana-Sousa-Martins-7-12-2023.ppt
apresentação-oral-Ana-Sousa-Martins-7-12-2023.pptanissimamente
 
Humanismo-Classicismo.pptx
Humanismo-Classicismo.pptxHumanismo-Classicismo.pptx
Humanismo-Classicismo.pptxanissimamente
 
Humanismo-Classicismo.pptx
Humanismo-Classicismo.pptxHumanismo-Classicismo.pptx
Humanismo-Classicismo.pptxanissimamente
 
Escopo evidenciais-ana s-martins
Escopo evidenciais-ana s-martinsEscopo evidenciais-ana s-martins
Escopo evidenciais-ana s-martinsanissimamente
 
Ciberescola apresenta
Ciberescola apresentaCiberescola apresenta
Ciberescola apresentaanissimamente
 
Ciberescola apresenta
Ciberescola apresentaCiberescola apresenta
Ciberescola apresentaanissimamente
 
Vi flael-ana-sousa-martins
Vi flael-ana-sousa-martinsVi flael-ana-sousa-martins
Vi flael-ana-sousa-martinsanissimamente
 
Ciberescola portalegre-9-10-2018
Ciberescola portalegre-9-10-2018Ciberescola portalegre-9-10-2018
Ciberescola portalegre-9-10-2018anissimamente
 
Ciberescola apresenta-camarate
Ciberescola apresenta-camarateCiberescola apresenta-camarate
Ciberescola apresenta-camarateanissimamente
 
Ciberescola apresenta
Ciberescola apresentaCiberescola apresenta
Ciberescola apresentaanissimamente
 
Textos adaptados-leitura-extensiva
Textos adaptados-leitura-extensivaTextos adaptados-leitura-extensiva
Textos adaptados-leitura-extensivaanissimamente
 
Textos adaptados-leitura-extensiva
Textos adaptados-leitura-extensivaTextos adaptados-leitura-extensiva
Textos adaptados-leitura-extensivaanissimamente
 
Grato17 ana-sousa-martins
Grato17 ana-sousa-martinsGrato17 ana-sousa-martins
Grato17 ana-sousa-martinsanissimamente
 
Ciberescola apresenta
Ciberescola apresentaCiberescola apresenta
Ciberescola apresentaanissimamente
 

Mais de anissimamente (20)

Ciberescola- Ensino do PLNM
Ciberescola- Ensino do PLNMCiberescola- Ensino do PLNM
Ciberescola- Ensino do PLNM
 
apresentação-oral-Ana-Sousa-Martins-7-12-2023.ppt
apresentação-oral-Ana-Sousa-Martins-7-12-2023.pptapresentação-oral-Ana-Sousa-Martins-7-12-2023.ppt
apresentação-oral-Ana-Sousa-Martins-7-12-2023.ppt
 
Humanismo-Classicismo.pptx
Humanismo-Classicismo.pptxHumanismo-Classicismo.pptx
Humanismo-Classicismo.pptx
 
Humanismo-Classicismo.pptx
Humanismo-Classicismo.pptxHumanismo-Classicismo.pptx
Humanismo-Classicismo.pptx
 
Plnm seia-3
Plnm seia-3Plnm seia-3
Plnm seia-3
 
Plnm seia-2
Plnm seia-2Plnm seia-2
Plnm seia-2
 
Plnm seia-1
Plnm seia-1Plnm seia-1
Plnm seia-1
 
Escopo evidenciais-ana s-martins
Escopo evidenciais-ana s-martinsEscopo evidenciais-ana s-martins
Escopo evidenciais-ana s-martins
 
Ciberescola apresenta
Ciberescola apresentaCiberescola apresenta
Ciberescola apresenta
 
Ciberescola apresenta
Ciberescola apresentaCiberescola apresenta
Ciberescola apresenta
 
Vi flael-ana-sousa-martins
Vi flael-ana-sousa-martinsVi flael-ana-sousa-martins
Vi flael-ana-sousa-martins
 
Ciberescola portalegre-9-10-2018
Ciberescola portalegre-9-10-2018Ciberescola portalegre-9-10-2018
Ciberescola portalegre-9-10-2018
 
Ciberescola apresenta-camarate
Ciberescola apresenta-camarateCiberescola apresenta-camarate
Ciberescola apresenta-camarate
 
Ciberescola apresenta
Ciberescola apresentaCiberescola apresenta
Ciberescola apresenta
 
Textos adaptados-leitura-extensiva
Textos adaptados-leitura-extensivaTextos adaptados-leitura-extensiva
Textos adaptados-leitura-extensiva
 
Textos adaptados-leitura-extensiva
Textos adaptados-leitura-extensivaTextos adaptados-leitura-extensiva
Textos adaptados-leitura-extensiva
 
17 wgt 19-jan-2018
17 wgt 19-jan-201817 wgt 19-jan-2018
17 wgt 19-jan-2018
 
Grato17 ana-sousa-martins
Grato17 ana-sousa-martinsGrato17 ana-sousa-martins
Grato17 ana-sousa-martins
 
Ler em-paralelo-a0
Ler em-paralelo-a0Ler em-paralelo-a0
Ler em-paralelo-a0
 
Ciberescola apresenta
Ciberescola apresentaCiberescola apresenta
Ciberescola apresenta
 

Último

Ácidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdf
Ácidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdfÁcidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdf
Ácidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdfJonathasAureliano1
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMVanessaCavalcante37
 
historia Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppt
historia Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppthistoria Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppt
historia Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.pptErnandesLinhares1
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila RibeiroMarcele Ravasio
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas GeográficasAtividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas Geográficasprofcamilamanz
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxPLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxSamiraMiresVieiradeM
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxSlide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxssuserf54fa01
 

Último (20)

Ácidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdf
Ácidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdfÁcidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdf
Ácidos Nucleicos - DNA e RNA (Material Genético).pdf
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
 
historia Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppt
historia Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppthistoria Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppt
historia Europa Medieval_7ºano_slides_aula12.ppt
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila RibeiroLivro O QUE É LUGAR DE FALA  - Autora Djamila Ribeiro
Livro O QUE É LUGAR DE FALA - Autora Djamila Ribeiro
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas GeográficasAtividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptxPLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
PLANOS E EIXOS DO CORPO HUMANO.educacao física pptx
 
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptxSlides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
Slides Lição 5, CPAD, Os Inimigos do Cristão, 2Tr24, Pr Henrique.pptx
 
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptxSlide língua portuguesa português 8 ano.pptx
Slide língua portuguesa português 8 ano.pptx
 

Trabalho final-id71143 15-01_ana_martins

  • 1. ALMEIDA GARRETT E O TEATRO DO SEU TEMPO TRABALHO FINAL /22/06/2016 Ana Sousa Martins O elemento histórico em Frei Luís de Sousa Perspetivas sobre a prática letiva 0. O propósito deste breve ensaio é descrever a proeminência da informação histórica relativamente à ação de Frei Luís de Sousa na sua vertente individual, nacional e universal. O texto conclui com uma descrição breve das práticas correntes de lecionação desta obra dramática e materiais didáticos disponíveis para o ensino secundário, que se faz de par com uma reflexão crítica sobre as metodologias de ensino aí aplicadas. 1. O século XIX vê abrir portas à historiografia nacional, tendo como figura cimeira Alexandre Herculano. A miríade de documentos que vem a lume, inclusivamente em publicações periódicas, é notável, se comparada com as épocas precedentes. Afinal é o século em que a História se afirma como ciência autónoma, com o trabalho de sistematização metodológica de fontes e registos diversos. Combinado, não por acaso, com a estética literária romântica, o furor de dar um pano de fundo histórico – ou pseudo-histórico – a histórias inventadas passou a ser um lugar comum, e não apenas na dramaturgia. A peça Frei Luís de Sousa emerge como um caso representativo do pathos dramático que se serve dos dados históricos não como pano de fundo, mas a servir os filões temáticos dominantes: o sebastianismo, a demanda africana, a subordinação ao domínio filipino. No plano do individuo, há a salientar desde logo a personagem Manuel de Sousa Coutinho (1555-1632). Figura de grande porte social, militar e filósofo, governador na Índia, participou no cerco de Diu, foi cativo e resgatado à pátria - vivências factuais que são transvasadas para a vivência ficcional de D. João de Portugal, morto em Alcácer. A produção historiográfica de Frei Luís de Sousa (Vida de D. Frei Bartolomeu dos Mártires; História de São Domingos; Conquistas de Portugal, Vida do Beato Henrique Suso, entre outras) ainda que não se assumindo como fontes, ajudaram a criar na mundividência coletiva essa figura de proa que é o personagem central da peça. A assunção da viuvez de D. Madalena de Vilhena pertence também ao domínio da história e do factual, mas já não o episódio do peregrino e da entrega de um recado que um certo português errante por terras do Infiel o incumbiu de entregar, declarando, perante D. Madalena que «ainda por lá vivia quem se lembrasse de Vossa Mercê». O relato histórico não justifica a razão do divórcio nem a entrega dos dois aos votos sacerdotais, mas a estranheza dessa opção (uma vez que a morte da filha, quando a mortalidade infantil era, e continuou a ser, muito elevada não podia ter sido razão) era inspiradora. O entrelaçado dos eventos da ordem do verdadeiro e os da ordem do inventado formam o sublime das figuras simples e sóbrias apanhadas pelo destino trágico e implacável: inocentes e culpadas; incautas e arrependidas. A morte em plena jovialidade faz de Maria a heroína mais pura. A informação histórica sobre esta filha de um casamento erróneo é naturalmente residual, pois está em conformidade com a sua idade: uma criança tem sempre pouca história de vida. Portanto, de um modo geral, é a história da tríade Manuel de Sousa Coutinho – D. Madalena – D. João de Portugal já de si fantástica e trágica que se presta naturalmente à refiguração ficcional.
  • 2. ALMEIDA GARRETT E O TEATRO DO SEU TEMPO TRABALHO FINAL /22/06/2016 Ana Sousa Martins No que concerne à dimensão nacional da componente história da peça, há seguramente a referir a perda da soberania e o ano de 1580, que aviva o sebastianismo, o mito do desejado, a crença no Encoberto, concentrados na figura de D. João de Portugal. A razão ou a perceção da realidade (de que D. Sebastião está morto), oposta à credulidade infundada é uma das dialéticas da obra e que constituem, como é sabido, um símbolo do carácter coletivo da nação. Cumulativamente, há a referir o incêndio premeditado da casa de D. Manuel apresentado ao leitor como ato patriótico de renegação do domínio filipino. A dimensão humana da obra não precisa do fundamento histórico para que a pertença de Frei Luís de Sousa ao grupo das grandes obras da literatura universal seja avalizada. No entanto, ele está lá e a interpretação da obra exige a sua integração no conjunto dos produtos ficcionais que foram «baseados em factos reais». Nesta medida, a peça Frei Luís de Sousa emparceira de direito, por via dos princípios abstratos e universais do elemento trágico, como sejam a viagem, a guerra, a traição, o fatalismo, com as obras de Walter Scott, Schiller ou Calderón. Frei Luís de Sousa resiste ao tempo e manterá o seu impacto através dos séculos pela limpidez com que esboça os matizes da condição humana e da maneira como continuará a inspirar reações emotivas por anos vindouros. Não apenas reflete história, mas já faz parte da história das ideias. A obra potencia, neste sentido, nos leitores a busca de conexões, incentiva-os a descobrir influências de outros autores e a ganhar assim uma compreensão mais profunda de como o mundo está (des)organizado. 2. A sua universalidade, o facto de a peça estar afeiçoada a qualquer interpretação moderna, justifica a sua presença, de há décadas, nos programas do ensino secundário. Uma obra que não só resiste ao tempo como, quiçá até mais notável, às sucessivas reformas do ensino. A obra pertence ao cânone literário português e, como tal, está de pleno direto visada nas orientações programáticas e metas curriculares. No entanto, o problema da prática de lecionação desta obra é o mesmo que afeta outras obras e que se passa a explicar. Ao contrário do que refere Martins (2003), para a leitura orientada da peça não se julga essencial convocar as interpretações da obra produzidas por várias gerações de especialistas e académicos. Na sua célebre publicação Perché leggere i classici (1995), na observação que introduz as últimas sete razões, Italo Calvino é perentório: a formação escolar que os alunos recebem mais não faz do que obscurecer a apreciação estético-emotiva, pessoal, da obra. “As escolas”, refere, “devem ajudar os alunos a entender que nenhum livro que fala de outro livro diz mais do que o livro em questão; pelo contrário, fazem o melhor que podem para nos levar a pensar o contrário” (tradução livre). Naturalmente que a vasta e rica bibliografia disponível de crítica literária sobre Frei Luís de Sousa é meritória e deve ser consultada, primeira e criticamente pelo professor e só depois pelos alunos. Mas não deve ser esse o primeiro passo. O primeiro passo deve ser a leitura integral – autónoma – da obra. Atualmente, é apenas uma minoria de alunos que faz a leitura integral das obras dos programas e o professor não tem meios de os penalizar os que o não fazem, porque a panóplia de resumos, contextos histórico-biográficos resumidos e leituras críticas em segunda mão que os manuais escolares plasmam, não só se interpõe entre o aluno e a leitura integral da obra, como parece ter como único fito permitir ao aluno fingir que leu a obra.
  • 3. ALMEIDA GARRETT E O TEATRO DO SEU TEMPO TRABALHO FINAL /22/06/2016 Ana Sousa Martins Se, por sua vez, nos focarmos na minoria dos alunos que lê integralmente Frei Luís de Sousa, assim como as demais obras dos programas, percebemos facilmente que é justo o que Martins (2003) refere relativamente ao facto de não haver uma edição escolar crítica digna desse nome. No entanto, essa lacuna não deve ser tanto atribuível à lógica negativa do mercado editorial, como à falta de priorização da comunidade académica na produção de um trabalho deste tipo. Afinal é essa a função das unidades editorais das Universidades e do próprio Ministério da Educação. Em última análise, há programas de apoio financeiro à edição (FCT, por exemplo). 3. Neste trabalho, procurou-se traçar uma panorâmica do papel da informação histórica, não apenas na construção, mas na interpretação da dramaticidade e do molde romântico de Frei Luís de Sousa. Sublinhou-se o paralelismo factual-ficcional nas dimensões individual, nacional e universal. Por último, foi delineada uma brevíssima reflexão sobre a prática letiva e materiais disponíveis (ou a falta deles) que visa treinar o aluno na leitura direta de Frei Luís de Sousa, assumindo-se que o ensino da literatura em estudos não graduados tem como principal propósito transformar os jovens em leitores adultos, ávidos, fluentes e críticos. Referências: Martins J. Cândido de Oliveira 2003. Almeida Garrett. Um Romântico, um Moderno. Vol. II, Lisboa, INCM. Calvino, Italo 1995, Perché leggere i classici, Milano, Oscar Mondadori.