2. Duração da Viagem:
• De Lisboa partiam (barcas,
caravelas, naus, galeões,
galeaças) com destino
incerto, em mente
transportavam uma missão:
“dar a conhecer novos
mundos ao mundo”que em
muitos casos não passava
de uma utopia, todavia,
noutros a ânsia de
conhecer o desconhecido
torna-se realidade. O
projecto de um povo que
tão recentemente se
constituía como Nação,
tornava-se realidade.
3. • As viagens duravam em média 6 meses em cada sentido, todavia podia
decorrer até ano e meio se fosse necessário. Coincidiam quase sempre com a
altura Pascal, e caracterizavam-se, por serem viagens longas e austeras, em
que as condições de navegação mudavam continuamente. O espaço era
exíguo, onde se amontoavam pessoas, cargas e animais vivos.
• No seu conjunto, estes condicionalismos, reflectiam o quotidiano a bordo,
como vamos ter oportunidade de constatar.
4. • A tripulação dos navios
era constituída por
voluntários contratados e
pessoas que vinham das
principais ruas das
cidades do reino. A bordo,
podiam embarcar até 800
passageiros.
• As crianças eram por volta
de 10% numa viagem, que
eram recrutadas pelos
pais que recebiam o seu
salário, estes faziam os
piores trabalhos, como
costurar velas, limpar
excrementos, entre outros.
5. • Capitão – Este detinha acomodações
próprias, tinha bastante autonomia no
comando e aspectos disciplinares, mas
estava sujeito à autoridade maior da armada.
• Capitão-mor – Este comandava a caravela,
nau ou galeão.
• Piloto – Este encarregava-se da orientação
da navegação.
• Sota Piloto - Este tinha a responsabilidade
da navegação.
• Mestre – Este governava os marinheiros e
grumetes, distribuía ainda as tarefas.
• Contramestre – Ajudava o Mestre a
comandar tudo o que se passava a bordo.
• Guardião – Impunha disciplina e distribuía o
serviço dos Grumetes.
• Dois Trinqueiros- Reparavam o poliam e as
velas dos navios.
• Marinheiros - Asseguravam o serviço
ligado à navegação e manobras do navio.
6. • Grumetes – Representavam os
jovens e adolescentes. A estes eram-
lhes dados os trabalhos mais
pesados, com as piores condições de
vida a bordo.
• Mestre Bombardeiro ou
Condestável – Este comandava os
bombardeiros, a eles lhes era
entregue a função de fabricar a
pólvora e respondiam apenas perante
o capitão.
• Bombardeiros – Este na ausência
do cirurgião, administrava os
cuidados de saúde.
• Capelão – Velava pela espiritualidade
dos tripulantes.
• Escrivão – Assegurava-se da
redacção do diário a bordo, registo de
ocorrências, inventários, escrituras e
testamentos, rol de cargos aplicação
imposta na compra e venda de bens.
7. Pajens Do mesmo escalão etário dos
grumetes, porem com tratamento e
funções diferentes estas próximas de
mandaretes.
Meirinho ou Alcaide -
Despenseiros – controlava os
mantimentos e rações dos tripulantes.
Artífices de cada ofício, a saber:
Cirurgião – Responsável pelas
caixas de botica.
Barbeiros cirurgiões - Homens
com pouca cultura mas audaciosos e
hábeis. Faziam a barba, tratavam das
cabeleiras, sangravam, tratavam feridas
e arrancavam dentes.
Carpinteiros – Restauravam a
armação do navio.
Calafates,
Tanoeiros – Fabricavam as pipas.
8. Em base a alimentação a bordo era:
• O biscoito, enchidos de toda a espécie, bolacha,
vinho tinto, queijo, bacalhau, azeite, vinagre, sal,
arroz, grão-de-bico, presunto, carnes e peixes,
conservas – frutos secos (damasco, figos, ameixas,
amêndoas, avelãs, e nozes); ervas aromáticas:
alho, cebola, picante, louro, mostarda orégãos,
entre outros.
• Para conservar alguns destes alimentos mantinha-
se as barricas cheias de sal.
• A partir do séc. XVIII demonstrou-se que a
alimentação com frutos cítricos (laranja e limões)
evitavam o escorbuto, no séc. XIX foi determinado
que a ingestão de arroz integral prevenia a
ocorrência de beribéri.
9. • Um dos principais problemas da
alimentação a bordo, residia na
qualidade da água, pois a falta de
escalas na viagem fazia com que os
navios usassem em todo o percurso a
água do primeiro abastecimento em
Lisboa, ou então quando se faziam
escalas abasteciam-se os navios.
• Os víveres são embarcados
consoante o planejamento da viagem,
rota, tipo de embarcação. As
caravelas, naus e galeões
transportavam também animais vivos,
tais como: galinha, coelho, carneiros,
entre outros.
10. • A época dos Descobrimentos, tão
importante pelo conhecimento de
diferentes culturas, traz ao país novas
doenças e problemas médicos. As
doenças manifestavam-se com certa
facilidade e decorriam de duas situações
principais: falta de condições higiénicas
e alimentação imprópria. É facilmente
compreensível que o navio representa-
se, pelas suas dimensões, um bom meio
de transmissão de doenças.
11. • Não havia banheiro nos navios e os
viajantes recorriam a pequenos
assentos pendurados sobre a amurada
dos navios. Ninguém se lavava, pois
o banho era considerado nocivo à
saúde.
• As naus eram um amontoado de
capoeiras, despensas, caixas, tonéis e
canastros. Esta desorganização por
falta de espaço contribuía para a
proliferação de ratos e baratas, que
disputavam com os homens os
alimentos comprometendo as
condições e a higiene a bordo.
• A doença estava indivisível da
crença, antes da partida eram
frequentes as doações em benefício
das casas religiosas em troca de
dádiva divina.
12. • As condições climatéricas eram
terríveis desde um frio insuportável
ate um calor abrasador. Por vezes
uma chuva abundante, inundava a
embarcação. As condições
sanitárias eram as piores possíveis.
Os passageiros vomitavam e faziam
as suas necessidades uns sobre os
outros, numa atmosfera
nauseabunda sendo a falta de
limpeza a causa de inúmeras
doenças e mortes. As carências de
géneros alimentares frescos, a
deterioração da carne e peixe
conduziam rapidamente a fome. A
falta de água era um terrível
pesadelo estas carências eram
devidas quer a poupança e ambição
dos armadores, quer à degradação
dos alimentos pelas condições
climatéricas
13. • Na verdade a maioria das
embarcações a falta de recursos
médicos era uma constante. Esta
carência era devida a vários factores:
-A ignorância própria de uma época acerca
das doenças e dos seus tratamentos.
-A existência de uma sociedade
fortemente modelada pela religião e
também pela falta de motivação na pratica
da arte medica que era mal remunerada.
-A importância de ter um médico a bordo
causou que alguns capitães começassem
a pedir ao rei que pelo menos em
alternativa aos físicos equipem as
armadas com um barbeiro.
14. • Nas grandes navegações Portuguesas
embarcavam um místico de espírito de cruzada
com intuito mercantil. A maneira como os navios
eram habitados, navegados e comandados
resumia o pequeno universo da sociedade
Portuguesa da época, onde os religiosos
embarcados cuidavam de manter o enorme
poder que a igreja tinha em Portugal.
• A bordo, a assistência religiosa era assegurada
pelos padres jesuítas que asseguravam todos
os preceitos religiosos incluindo todas as
cerimónias. As missas e os terços celebravam-
se várias vezes ao dia e cumpria-se as
dedicações do calendário litúrgico.
15. • O aparato religioso, fazia-se representar pelas alfaias
religiosas e por um altar colocado no castelo de proa.
• Na verdade havia muitos estímulos para manter a bordo
uma vida religiosa, pois os perigos eram elevados e a
morte permanente.
• Às Sextas - Feiras, dia de Privação de certos alimentos.,
suspendia-se a carne, trazendo o peixe para a mesa. As
normas pascais eram de um modo geral cumpridas
como, que se de uma aldeia se tratasse.
16. Jogos e lazer:
• Para passar longos períodos de
lazer os passageiros e a
tripulação dedicavam-se a alguns
divertimentos, uma vez que o
clima a bordo era pesado, daí
inventarem-se divertimentos,
transferindo-se para o mar
hábitos de terra, tentando, assim
aliviar a pressão existente.
• O jogo mais procurado, embora
condenado sempre pela
comunidade de missionários que
seguia a bordo eram os jogos de
azar. O lazer era proibido pelos
padres que condenavam os jogos
de cartas e dados, apesar das
advertências dos religiosos, a
jogatina a bordo era uma
constante.
17. • Nestes jogos trocavam-se bens e
benefícios e faziam-se promessas a
cumprir aquando da chegada. A pesca e
a contemplação do ambiente que os
envolvia eram outro dos passatempos
preferidos da tripulação. A passagem de
bandos de aves, de cardumes de peixes,
de peixes voadores, golfinhos e de
baleias, são muitas vezes comentados
em qualquer relação.
• Por vezes pescavam tintureiras que
matavam com grande divertimento à
pulada no navio depois de recolhidas.
Quando assim não sucedia atavam-lhes
objectos flutuantes, voltavam a atira-las
ao mar e ficavam regalados a ver o
animal tentar, sem capacidade, poder
mergulhar. Também das tintureiras
faziam o seu maior espectáculo.
Consistia em recriar com estas, no
convés do navio, as tão apetecidas
touradas, muito ao gosto da época.
• O teatro era igualmente levado à cena,
nomeadamente em algumas ocasiões de
solenidades religiosas.
18. Em seguida, dar-vos-emos a conhecer alguns dos Sites aos quais nós nos
debruçamos e sobre os quais trabalhamos para a elaboração deste trabalho.
Para uma outra análise dever-se-á consultar a Bibliografia que se segue:
• Monografias:
• · CADAMOSTO, Luís de; SINTRA, Pedro de
(MCMLXXXVIII) = Viagens, Academia Portuguesa
da História, Lisboa, pp83 – 198.
• · CORTESÃO, Jaime (1999) = A carta de Pêro
Vaz de Caminha, Imprensa Nacional Casa da Moeda,
Vol VI, Lisboa.
• · COSTA, Leonor Freire (1997) = Naus Galeões
na Ribeira de Lisboa – A Construção Naval no séc.
XVI para a rota do Cabo, Patrimonia Histórica,
Cascais.
• · DOMINGUES, Francisco Contente A Carreira
da Índia, CTT Correios pp. 73 – 80.
• · MACHADO, Raul Sousa (1999) = Das Barcas
aos Galeões, Bertrand, Lisboa, pp 99 – 110.
• · MARTINS, Oliveira (1994) = Portugal nos
Mares, Guimarães Editores, Lisboa, pp 92 – 121.
• · MORENO, Humberto Baquero (1998) = A
história da Marinha Portuguesa – Homem Doutrina e
Organização, Academia da Marinha, Lisboa, pp 1139
– 1414.
• · PEDROSA, Fernando Gomes (1997) = A
História da Marinha Portuguesa – Navios,
Marinheiros e Arte de Navegar, Academia da
Marinha, Lisboa, pp1139 – 1499.
• · RIBEIRO, Orlando (1998) = Originalidade da
Expansão Portuguesa, Lisboa.
20. • O astrolábio é um instrumento muito antigo, que era
utilizado para medir a altura dos astros acima do
horizonte.
• O astrolábio permitia descobrir a distância do ponto
de partida até ao lugar onde a embarcação se
encontrava, mas isso descobria-se medindo a altura
do sol ao meio dia. Era vantajoso em relação ao
quadrante, não só porque era mais fácil trabalhar à
luz do dia, como pelo facto de a Estrela Polar não ser
visível no hemisfério sul.
21. • A bússola era, e ainda é, um dos instrumentos de
navegação mais importante a bordo.
• Foi nos finais do século XII, que a bússola, também
chamada de agulha de marear, começou a ser
utilizada na navegação. Nessa época, consistia
apenas numa agulha magnetizada que flutuava sobre
a água, tendo uma das suas pontas viradas para
Norte.
• Essa indicação do Norte permitia que os navegadores
se orientassem em alto mar e não se perdessem em
lugares longínquos.
• Pensa-se que foi a partir do início do século XIV, em
Nápoles, que a bússola passou a ser utilizada tendo
como base um cartão com o desenho da rosa dos
ventos.
22. • O quadrante, instrumento muito antigo, já no século
XV era utilizado pelos portugueses. Este instrumento
náutico foi utilizado pelos portugueses no ano de
1460, ano da morte do Infante D. Henrique.
• O quadrante permitia determinar a distância entre o
ponto de partida e o lugar onde a embarcação se
encontrava, do qual o cálculo se baseava na altura
da Estrela Polar.
• Tem a forma de um quarto de círculo, graduado de 0º
a 90º. Na extremidade onde estavam marcados os
90º tinha duas pínulas com um orifício por onde se
fazia pontaria ao astro. No centro tinha um fio-de-
prumo. Observando a posição do fio-de-prumo lia-se
a graduação que indicava a altura do astro.
23. • Há quem afirme que foram os portugueses que inventaram
a balestilha. A origem do seu nome poderá ser balhesta, o
mesmo que besta, a arma medieval, devido à sua
semelhança.
• É constituída por uma régua de madeira, o virote, de
secção quadrada e com três ou quatro palmos de
comprimento, na qual se enfia a soalha que corre
perpendicularmente ao virote.
• A leitura da altura do astro era feita no ponto da escala
gravada no virote onde a soalha correspondente tinha
ficado, isto porque a balestilha tinha três ou quatro
soalhas, conforme a altura do astro a medir.
• Foi o primeiro instrumento a usar o horizonte do mar e
apareceu após o astrolábio e o quadrante. Existem
notícias do seu fabrico pelo menos até ao princípio do
século XIX.