O documento discute o manejo de pragas na cultura da cana-de-açúcar no Brasil, focando em duas pragas-chave: a broca-da-cana e a cigarrinha-das-raízes. O controle é realizado principalmente por meio de controle biológico, como a liberação da vespa Cotesia flavipes para o controle da broca-da-cana e a aplicação do fungo entomopatogênico Metarhizium anisopliae para o controle da cigarrinha-das-raízes. O
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Pragas da cana
1. Controle de pragas da cana-de-açúcar com responsabilidade ambiental Instituto Biológico 30/06/2010 José Eduardo Marcondes de Almeida Pesquisador Científico Instituto Biológico - APTA Caixa Postal 70 CEP 13012-970 / Campinas - SP e-mail: jemalmeida@biologico.sp.gov.br
12. Broca-da-cana-de-açúcar Controle Biológico Controle Biológico por meio de Trichogramma galloi Copo pendurado por entre a folhagem da cana, na posição horizontal Detalhe dos ovos parasitados
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22. Pragas de Solo Cupins Sphenophorus levis Migdolus spp. Formigas Cortadeiras Pão de galinha Elaterídeos - larva-arame Naupactus spp. Crisomelídeos Percevejo castanho Pérola-da-terra Telchin Outras Pragas De Solo Pragas cana-de-açúcar
23. Ciclo de vida dos cupins Soldado de Heterotermes tenuis Soldados e operários de cupim do gênero Heterotermes Fonte: Disponível em: <http://edis.ifas.ufl.edu/IN284> Cupins da cana-de-açúcar
26. Cupins Segundo Novaretti (1985) os ataques de cupins na cana-de-açúcar e os danos podem ser divididos em: 1 - logo após o plantio, no colmo-semente e um posterior ataque às raízes, causando falhas na germinação e diminuição do vigor das plantas; 2 - na maturação, quando os cupins penetram nos colmos provocando secamento e morte dos mesmos 3 - nas socas, quando estão vulneráveis. Cupins da cana-de-açúcar
27. Figura 1. Morte de perfilho de cana-de-açúcar causada por cupins subterrâneos. Cupins da cana-de-açúcar
28. A isca Termitrap permitiu realizar um levantamento de espécies de cupins na região de Piracicaba-SP durante três anos. A espécie mais atraída foi Heterotermes tenuis , Foi possível coletar ainda as espécies: Cornitermes cumulans Procornitermes spp. Nasutitermes spp. Anoplotermes spp. Constrictotermes spp. Ruptitermes spp. Syntermes molestus Cylindrotermes sp. Neocapritermes spp. Coptotermes havilandi Os danos nas raízes da cana foram associados a H. tenuis e procornitermes sp. (Almeida, 1998) Isca Termitrap ® Cupins da cana-de-açúcar
29. Cupins - Controle químico: O controle químico geralmente é feito com aplicação em área total, pulverizando o solo no momento do preparo do sulcos para o plantio. Inseticidas recomendados: • Fipronil (Regent 800 WG): 250 a 500 g/ha • Thiamethoxam (Actara 250 WG): 400 a 800 g/ha Cupins da cana-de-açúcar
31. Cupins Iscas - As iscas para cupins subterrâneos ainda estão em fase de estudos, porém possuem um potencial grande de utilização - São capazes de atrair grandes quantidades de insetos - Utilizam os aspectos de biologia, comportamento de trofalaxia e tunelamento dos cupins - Podem levar um agente químico ou biológico para dentro da colônia, disseminando-o e eliminando a rainha e o ninho do cupim - Constitui-se em uma alternativa barata e ecológica Cupins da cana-de-açúcar
32. Controle associado , utilizando produtos fitossanitários seletivos em conjunto com a aplicação de entomopatógenos No caso dos cupins subterrâneos, aplica-se a estratégia de controle usando-se de iscas de papelão corrugado impregnadas com inseticidas e fungos entomopatogênicos (Almeida & Alves 1996) . A ação de produtos fitossanitários sobre entomopatógenos pode variar desde a inibição do crescimento vegetativo e da conidiogênese, até a ocorrência alterações na sua virulência (Alves et al. 1998) . Ao se considerar a estratégia do controle associado, deve-se atentar para os possíveis efeitos fungitóxicos dos produtos fitossanitários a serem utilizados. Cupins da cana-de-açúcar
41. Estudos com nematóides entomopatogênicos O Instituto Biológico (IB) vem desenvolvendo pesquisas com financiamento da FAPESP procurando avaliar nematóides entomopatogênicos para o controle de Sphenophorus levis . Inicialmente, foi realizado um teste de laboratório para avaliar a susceptibilidade de larvas de S. levis aos nematóides Heterorhabditis indica (isolado IBCB-n5) e Steinernema sp. (IBCB-n6). Esse estudo demonstrou que as larvas são susceptíveis a esses agentes. Isso motivou a instalação de um segundo ensaio, em casa de vegetação, para comparar a eficiência desses dois nematóides contra larvas de Sphenophorus levis alojadas dentro do rizoma da planta, em condições de ambiente mais próximos das condições de campo. Bicudo-da-cana-de-açúcar
42. O nematóide Steinernema sp. apresentou-se mais eficiente que Heterorhabditis indica , proporcionando mortalidade do inseto de 70% quando avaliado já na menor dosagem de 2,4 juvenis infectivos (JI)/cm 2 , equivalente a 1 x 10 8 JI/ha (Figura 3). Mortalidade de larvas de Sphenophorus levis tratadas com os nematóides Steinernema sp. (S) e Heterorhabditis indica (H) nas dosagens de 2,4; 12 e 60 JI/cm 2 . Bicudo-da-cana-de-açúcar
43. Todas as larvas mortas do inseto encontravam-se dentro dos canais construídos no rizoma da planta, alojadas em distâncias de até 4 cm a partir da abertura do canal, o que demonstra a capacidade desses dois nematóides para a localização e busca do hospedeiro, locomovendo-se inicialmente pelo solo e, em seguida, pelo canal construído no rizoma até alcançar o inseto. Larva de Sphenophorus levis infectada pelo nematóide Heterorhabditis sp., dentro do rizoma da cana-de-açúcar Bicudo-da-cana-de-açúcar
44. Testes de campo Três testes de campo foram realizados para avaliar a eficiência de nematóides entomopatogênicos e inseticidas químicos no controle do bicudo-da-cana-de-açúcar e larvas do besouro escarabeídeo Leucothyreus sp. Bicudo-da-cana-de-açúcar
46. Porcentagem de plantas danificadas por Sphenophorus levis (A) e produção de colmos/ha para os tratamentos do teste 1. T = thiamethoxam; S = Steinernema n. sp.; H = Heterorhabditis indica . Barras = erro padrão. Usina São João, Araras, SP, safra 2003-2004. Bicudo-da-cana-de-açúcar
47. Ganho na produção de colmos (ton/ha) para os tratamentos comparados à testemunha. T = thiamethoxam; S = Steinernema n. sp.; H = Heterorhabditis indica . Usina São João, Araras, SP, safra 2003-2004. Bicudo-da-cana-de-açúcar
48. Testes de campo No segundo teste, 5 tratamentos: 1) thiamethoxam 250WG (800 g/ha); 2) fipronil 800WG (250 g/ha); 3) Steinernema sp. (108 JI/ha); 4) Steinernema sp. (108 JI/ha) + thiamethoxam 250WG (200 g/ha) 5) Testemunha. Bicudo-da-cana-de-açúcar
49. Porcentagem de plantas danificadas por Sphenophorus levis (A) e produção de colmos/ha (B) para os tratamentos do teste 2. T = thiamethoxam; F = fipronil; N = Nematóide ( Steinernema n. sp.). Barras = erro padrão. Usina São João, Araras, SP, safra 2005-2006. Bicudo-da-cana-de-açúcar
50. Ganho na produção de colmos/ha para todos os tratamentos comparados à testemunha. T = thiamethoxam; F = fipronil; N = Nematóide ( Steinernema n. sp.). Usina São João, Araras, SP, safra 2005-2006. Bicudo-da-cana-de-açúcar
51. Os estudos desenvolvidos sugerem que o nematóide Steinernema sp. é uma alternativa viável para uso no controle de Sphenophorus levis e larvas de escarabeídeos ( Leucothyreus sp. ), podendo ser recomendado na dosagem de 1 x 10 8 JI/ha, com resultados satisfatórios no ganho de produção de cana quando usado isoladamente ou em mistura com subdosagens de inseticidas químicos. O nematóide aplicado no período chuvoso entre os meses de novembro a fevereiro, poderá proporcionar um controle duradouro da população desses insetos, sem impacto ao meio ambiente. Photo by Federico Ocampo Leucothyreus sp. Bicudo-da-cana-de-açúcar
52. O besouro Migdolus fryanus (Westwood, 1863) (Coleoptera: Vesperidae) é conhecido por sua grande capacidade destrutiva. Os danos são provocados por suas larvas, que se alimentam e destroem o sistema radicular de pelo menos dez famílias de plantas. O besouro da raiz da cana-de-açúcar, Migdolus fryanus , é uma das principais pragas da cultura, ocorrendo, principalmente, nas localidades com canaviais cultivados em solo arenoso, no Centro-sul da América do Sul (Kasten Jr. et al. 1985) . A espécie foi constatada nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Santa Catarina, na Argentina (Província de Corrientes) e no Paraguai (Nunes Jr. 1996) . Migdolus fryanus
53. Danos e sintomas - Os danos são provocados pelas larvas de Migdolus spp., que se alimentam e destroem o sistema radicular das plantas em qualquer idade. - Com isso, pode haver grande redução na absorção de água e nutrientes pelas plantas, levando-as ao secamento e morte. Migdolus fryanus
56. Amostragem e nível de controle O monitoramento de Migdolus spp. pode ser feito de três formas distintas, a primeira delas durante o levantamento regular de pragas de solo, antes da reforma dos canaviais. Geralmente, a amostragem é realizada, no mínimo , em duas trincheiras por hectare, com dimensões de 0,5 x 0,5 m , avaliando-se a população das pragas presentes e classificando-as em espécies e danos causados. A segunda forma é aquela efetuada nos meses mais frios e secos no ano (maio a agosto para a região Centro-Sul), observando-se e mapeando-se os focos com sintoma de secamento causado pelas larvas de Migdolus spp. Esse modo de monitoramento é pouco eficiente no caso de áreas com baixas a médias infestações, uma vez que os sintomas descritos não se tornam visíveis. Migdolus fryanus
57. Amostragem e nível de controle Uma terceira forma de monitoramento, bastante prática, é a instalação de armadilhas no nível do solo contendo o feromônio sexual sintético de M. fryanus . Recomenda-se utilizar no mínimo uma armadilha para cada 10 hectares a partir do início das chuvas (outubro/novembro) até o final das revoadas (fevereiro/março), efetuando-se a troca do feromônio cada 30 dias. As formas de levantamento mencionadas servem de base para o mapeamento e a recomendação de controle onde for constatada a presença das formas biológicas da praga. A decisão de adotar o controle químico (ou biológico) ocorrerá em função do custo dos produtos, do histórico de produtividade e da situação de risco pela população da praga presente na área. Migdolus fryanus
58. Métodos de controle Pesquisadores e técnicos reconhecem que não existe um método único e eficiente para o controle de Migdolus spp., dadas as inúmeras dificuldades de atingir as fases biológicas desse inseto no solo. Portanto, um consenso parece indicar que todas as medidas de controle devem ser adotadas em conjunto ou isoladas, para resultar num manejo satisfatório dessa praga. Migdolus fryanus
59. Métodos de controle Controle químico O controle de Migdolus é difícil. Recomenda-se atualmente o uso de fipronil (500 g/ha) ou do endosulfan (12 L/ha) ou do imidacloprid (2 L/ha) no sulco de plantio visando as larvas. Caso o inseto venha a ocorrer em cortes subseqüentes, recomenda-se a aplicação na soca de fipronil (300 g/ha) ou de imidacloprid (1,5 Lha). Migdolus fryanus
60. Métodos de controle Controle químico Inseticidas empregados: Regent 800 WG (500 g/ha) Thiodan 350 CE (12 l/ha) Talstar 100 CE (2,4 l/ha) Evidence 480 SC (3,0 l/ha) Migdolus fryanus
61. Métodos de controle Controle por comportamento Embora poucos estudos tenham sido conduzidos com o feromônio sexual, existem boas perspectivas para a coleta massal de Migdolus fryanus , considerando-se que o período de acasalamento é restrito a alguns dias do ano. Esse período é crítico para a sobrevivência desse inseto e, se interrompido, pode afetar sua nova geração. Para tanto, as áreas devem ser monitoradas com feromônio sexual a partir do início das chuvas a cada ano (outubro/novembro para a região Centro-Sul do Brasil). Com o início das revoadas, armadilhas devem ser instaladas a 30 m uma das outras nos carreadores principais, com o propósito de coletar o maio número de machos na área. Migdolus fryanus
63. Armadilhas com feromônio Pastilhas de feromônio, no controle de besouros machos Migdolus . (Fonte - CTC). Migdolus fryanus
64. Métodos de controle Controle por comportamento Estudos preliminares indicam que é possível reduzir gradativamente, ano a ano, a população de Migdolus fryanus nas áreas afetadas. Em Teodoro Sampaio – SP, utilizando-se essa metodologia por meio de mais de 5 mil armadilhas durante três safras consecutivas de cana-de-açúcar entre os anos de 1995 a 1998, conseguiu-se reduzir em mais de dois terços a população de M. fryanus nas áreas afetadas. Migdolus fryanus
65. Métodos de controle Controle mecânico e cultural Práticas mecânicas e culturais têm sido de grande utilidade na redução populacional ou na melhoria da cultura sob o ataque de Migdolus spp. 1) correta destruição das soqueiras de cana (reforma); 2) incorporação de matéria orgânica; 3) adubação verde. Na correta destruição de soqueiras de cana-de-açúcar (reforma), dois aspectos importantes devem ser considerados: a época de execução do trabalho e os implementos a serem utilizados. Migdolus fryanus
66. Métodos de controle Controle mecânico e cultural Arado de aiveca acoplado com sistema de inseticida (Fonte - CTC). Migdolus fryanus
67. Métodos de controle Controle Biológico - Nematóides entomopatogênicos (larvas) - Formigas predadoras (larvas e adultos) Migdolus fryanus
74. As formigas cortadeiras são importantes pragas da cana-de-açúcar, visto que cortam grande quantidade de folhas, causando a diminuição da massa verde e chegando a matar a touceira. Esses insetos possuem colônias divididas em castas no subsolo. As castas são as seguintes: rainha, responsável pela organização e reprodução da colônia; operárias, fazem todo o trabalho de corte e transporte de folhas, além da limpeza do ninho; jardineiras são operárias menores, responsáveis pelo cultivo do fungo que vai alimentar toda a colônia e soldados que são mais robustos e fazem a defesa da colônia. Formigas Cortadeiras
75. Atta capiguara - saúva parda ataca especialmente as gramíneas, sendo que o seu ninho é um murundum de terra fora da projeção da panela ativa, diferente das demais espécies, cujos montes de terra estão sobre a panela de fungo. É menos agressiva que as outras, mas suas operárias trabalham mesmo com o tempo fechado e temperatura baixa. Atta bisphaerica , conhecida como saúva mata-pasto , tem os soldados parecidos com A. capiguara, porém sua cabeça é mais pontiaguda e tem um sulco mais profundo. Seus ninhos possuem um monte de terra solta, sem crateras, com olheiros de aberturas estreitas na sua superfície. Essa espécie corta: arroz, cana-de-açúcar, capins e milho. Formigas Cortadeiras
76. Controle a) Iscas granuladas: A dosagem recomendada é de 10 g de iscas/m2 de sauveiro, sendo aconselhável a aplicação em época seca, de preferência com o solo seco. Para saúva parda, se a quantidade de sauveiros for maior que 13 por hectare, é aconselhável fazer aração e gradagem (reforma do pasto), mantendo o terreno limpo de vegetais durante 120 dias. Formigas Cortadeiras
77. Controle b) Termonebulização: A termonebulização é um método mais rápido, porém com alguns inconvenientes, tais como a degradação do inseticida devido a alta temperatura e problemas mecânicos com o aparelho, além de ser necessário localizar os olheiros. As principais vantagens da terminebulização são: rapidez, pode ser utilizada em qualquer época do ano, em qualquer tipo de terreno, consumir pouco formicida por formigueiro, não ser necessária a medição do formigueiro e especialmente indicada para locais com grandes quantidades de formigueiro. Formigas Cortadeiras
78. Controle b) Termonebulização: O termonebulizador deve ser operado corretamente para que possa apresentar bons resultados. Após ligar o motor, deve-se esperar esquentar o queimador, colocar a ponta do cano aplicador na entrada do olheiro e abrir a torneira dosadora. Todos os olheiros que sairem fumaça devem ser tapados, até que todo o formigueiro seja aplicado, sendo que o olheiro de aplicação deve ser tapado após a retirada do cano de aplicação. O termonebuizador deve ser trocado de lugar no caso de algum olheiro não emitir fumaça. Os inseticidas mais usados são clorpirifós e fenitrotion Formigas Cortadeiras
79. Controle c) Controle biológico: As formigas cortadeiras possuem inimigos naturais, tais como mosquitos da família Phoridae, que parasitam as formigas na entrada ou saída do formigueiro. Além disso, os fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae e nematóides do gênero Steinernema infectam as formigas cortadeiras, porém os resultados positivos de controle só foram conseguidos até o momento em laboratório. Formigas Cortadeiras