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SENAC
Design de Moda - Habilitação em Estilismo - 1° Semestre
Materiais Têxteis I
Professora Mitiko Medeiros Kodaira
RESUMO
MODA & SUSTENTABILIDADE
DESIGN PARA MUDANÇA
Vivian Vianna Leal Kenski
Parte 1: Transformando produtos de moda
Capítulo 1: Materiais
São os materiais tornam palpáveis a produção simbólica da moda e, por estar muitas vezes
sujeita a eles para se concretizar, ela acaba também restringindo-se aos limites naturais. É
impossível falar sobre sustentabilidade na moda sem discutir grandes questões relacionadas à
viabilidade de materiais, como mudanças climáticas, geração de resíduos, escassez de água,
aproveitamento de energia e pegada de carbono gerada. Por terem benefícios percebidos
rapidamente, inovações materiais costumam ser ponto de partida das iniciativas relacionadas à
sustentabilidade na moda, porém, muitas vezes, são soluções apenas paliativas. É importante
que designers avaliem mais profundamente toda a cadeia de produção de suas criações e todo
o ciclo de vida das mesmas - desde o impacto no ambiente e na comunidade da produção das
fibras têxteis utilizadas, incluindo a degradação causada na biodiversidade e o uso de
agrotóxicos e transgênicos, até sistemas de negócio justos e questões de reutilização e
biodegradação - transformando a cadeia em ciclo retroalimentado.
Capítulo 2: Processos
Apesar de padrões e legislações serem criados para regular processos na indústria, estes
muitas vezes podem ser negativos e punitivos. A solução mais apropriada é o maior
envolvimento dos designers em todas as etapas da cadeia produtiva, questionando processos
industriais e técnicos, para influenciá-las positivamente e minimizar impactos. Isso inclui utilizar
recursos com critério, buscar alternativas para diminuir etapas de processamento, como nas
fases de branqueamento e tingimento - inclusive usando a criatividade ao adotar fibras de
cores naturais e corantes naturais, explorando suas limitações -, reduzir risco de poluição,
adotando técnicas e substâncias menos nocivas e materiais de baixo impacto, minimizar o
consumo de energia e água e diminuir a geração de resíduos, inclusive com técnicas de corte
com maior aproveitamento de tecido. Deve-se tomar cuidado, no entanto, para que essas
medidas não sejam usadas para criar bloqueio de acesso ao mercado, promovendo a ideia de
"exclusividade".
Capítulo 3: Distribuição
Ao pensar em distribuição é necessário incluir, além dos impactos causados pelo transporte
para entrega, a aquisição de materiais, previsão de vendas e gestão de produção. As previsões
de vendas no varejo determinam desde a aquisição de matéria-prima necessária e alocação de
maquinário até a produção de eletricidade e a extração de minérios para a produção de
aviamentos. Algumas tecnologias, como a String, permitem que as empresas reúnam
informações sobre cada etapa de fabricação das roupas, tornando-as mais transparentes e
transformando a cultura do setor e facilitando a regulação para diminuição do impacto e,
finalmente, a conversão das cadeias e fluxos em ciclos. Isso permite a criação de estratégias
inovadoras que diminuam as emissões de carbono, como por exemplo, a adoção de lojas
apenas com peças de mostruário e pedidos feitos online com entrega em casa.
Capítulo 4: Cuidados do consumidor
Os cuidados com algumas peças após adquiridas pelo consumidor, incluindo lavagens e
secagem durante todo seu tempo de vida útil, utiliza mais energia do que a necessária para
produzi-las. No entanto, é possível criar pensando em como diminuir esse impacto. Algumas
soluções são escolher tecidos que secam mais rápido, cores que precisem ser lavadas com
menos frequência e a inclusão de etiquetas que estimulem a lavagem em temperaturas mais
baixas. Novas tecnologias de limpeza, como a adoção do ozônio, também geram menor
impacto ao diminuir o consumo de energia e água. Este gás decompõe matéria orgânica, como
gordura, sujeira, bactérias e bolor, assim, requer menos detergentes para remover manchas,
diminui a necessidade de enxagues, funciona melhor a baixas temperaturas e aumenta a
durabilidade das peças, que são submetidas a menor agitação mecânica.
Capítulo 5: Descarte
Toda peça traz em si o potencial de ser reutilizada várias vezes, algumas, até infinitas vezes, e
pensá-las levando em conta o prolongamento de seu ciclo de vida impacta totalmente a forma
como lidamos hoje com resíduos, implicando em decisões que vão da criação à engenharia de
negócio. Algumas alternativas para desacelerar o fluxo de materiais são a reutilização, que é a
que requer menos recursos, a restauração, que transforma peças e tecidos usados em novos
produtos, agregando valor a eles por meio do upcycling, e a reciclagem, que extrai as fibras por
processos mecânicos ou químicos para que sejam usadas na construção de novos tecidos.
Apesar de serem um primeiro passo, por mais que diminuam a geração de resíduos, nenhuma
dessas alternativas resolve o problema central de desperdício, pois não transformam o modelo
industrial.
Parte 2: Transformando sistemas de moda
Capítulo 6: Adaptabilidade
Para a indústria da moda, é muito mais fácil e confortável manter padrões de produção e
processos tradicionais do que se adaptar. Desacelerar o processo de consumo, aumentando a
eficiência e o aproveitamento de cada peça não parece, num primeiro olhar, vantajoso para um
setor que se baseia no grande volume de vendas e na criação de novas necessidades para
aumentar o consumo e maximixar os lucros. Isso faz com que o pensamento sobre
sustentabilidade fique restrito ao aumento da produtividade. No entanto, uma abordagem mais
flexível pode aumentar a resiliência da indústria, preparando-a para épocas de mudança e para
enfrentar riscos. Apesar de ser um grande desafio, incorporar conceitos como
multifuncionalidade, versatilidade, transazonalidade e modularidade, aproxima o consumidor,
fazendo-o adotar uma postura ativa, e transforma o fluxo de produtos em ciclos.
Capítulo 7: Vida útil otimizada
A falta de empatia e de atribuição de significado às peças, consequências do grande volume de
produtos disponíveis, do baixo custo e da facilidade de compra, faz com que o descarte seja
feito muito antes de se esgotar a vida útil das mesmas. Esse tempo de vida útil está
relacionado, portanto, não apenas a durabilidade material, mas também ao desejo pelas peças.
Despertar empatia por determinados produtos depende de questões emocionais e culturais e é
um desafio ao modelos de negócio existente, já que desacelera a necessidade de novas
aquisições. Isso já começa a acontecer, por meio de brechós, empresas de aluguel de roupas e
acessórios, surgimento de guarda-roupas compartilhados, reciclagem e reforma de itens
próprios, deslocando a compra do centro da experiência de moda para o papel de coadjuvante
e incorporando a essa experiência a energia criativa de cada indivíduo.
Capítulo 8: Usos de baixo impacto
Os hábitos de lavagem e secagem tem grande impacto no perfil de sustentabilidade de uma
peça, muitas vezes até maior do que o causado pela produção. É importante que designers
atentem-se também à sua responsabilidade quanto a isso no momento da criação. Já existem
acabamentos autolimpantes baseados em nanotecnologias, que podem ser incorporados, no
entanto, o maior desafio nesse quesito é cultural e não tecnológico. Tais tratamentos geram
impactos ambientais, mas não é comprovado que causem mudança nos hábitos dos usuários
quanto a processos de limpeza. Percebe-se a alteração desses hábitos é muito mais
relacionada a questões afetivas e emocionais, como o medo da perda da qualidade de um
trabalho manual, um aroma ou do caimento da peça. Peças com características que valorizam
manchas e texturas de amassado, tornando-as socialmente aceitáveis, têm mais chances de
diminuir os impactos causados pelos cuidados pós-uso.
Capítulo 9: Serviços e compartilhamento
Negócios focados em serviços ao invés de na promoção do consumo são um modelo
alternativo que tem grande potencial para promover melhorias de sustentabilidade. Serviços de
reparo podem ser valorizados e facilitados se pensados no momento da criação pelo designer.
Sistemas de aluguel estimulam o uso compartilhado em substituição a ideia de posse,
minimizando potencialmente o número de peças produzidas. Também é possível vender os
próprios serviços de design, oferecendo benefícios que favoreçam a sustentabilidade. Algumas
empresas já disponibilizam, também, os moldes de suas peças pela internet, para qualquer
pessoa que queira fazer as próprias roupas em casa. Outras, além de venderem suas peças,
reformam ou ajustam peças antigas de seus clientes.
Capítulo 10: Local
Trabalhar localmente, ao contrário de usar mão de obra barata de outros lugares para produzir
algo que poderia ser feito em qualquer lugar, significa entender os impactos ecológicos e
sociais da produção no entorno. Isso exige que o designer esteja atento e aberto a perceber e
entender as necessidades da comunidade local, bem como suas tradições, mitologias e
simbolismos, e a adaptar-se a ela. Isso deve acontecer tanto no que se refere ao modelo de
trabalho quanto no uso de materiais e na incorporação da cultura local ao desenho de seus
produtos. Essa construção em conjunto, ao contrário da imposição de modelos de fora, pode
ser extremamente benéfica a todas as partes envolvidas, contribuindo para o desenvolvimento
social e econômico das comunidades locais e agregando valor e unicidade aos produtos
desenvolvidos.
Capítulo 11: Biomimética
É a prática de imitar padrões e estratégias da natureza para guiar o design de produtos, os
processos e as políticas. Pensar sobre isso nos faz avaliar quão grande é nossa
responsabilidade pelo todo, mesmo sendo tão pequenos. Tecnologias de produção baseadas
na biomimética muitas vezes ficam restritas a laboratórios de pesquisa, o que pode frustrar
designers que não têm acesso para implementá-las. Uma mudança nos hábitos de trabalho,
promovendo a integração entre profissionais e tirando designers da clausura de seus ateliês,
pode quebrar essa barreira. Para isso, é preciso ter espírito empreendedor e criar círculos de
trabalho conectando pessoas com habilidades diferentes, aplicando a biomimética ao se
inspirar na natureza como mentora também para sistemas de produção e modelos de negócio.
Isso significa criar uma nova lógica de mercado, em que o propósito do crescimento seja gerar
ganhos cada vez maiores para todas as pessoas e para o ambiente.
Capítulo 12: Velocidade
A necessidade de produzir cada vez mais e mais rápido para alimentar o consumo é a base da
indústria da moda e faz com que sejam adotadas práticas e tecnologias que empurram
pessoas e recursos naturais para além dos limites aceitáveis. Isso está no centro dos debates
sobre sustentabilidade no setor de moda. No entanto, repensar essa estrutura não é tão fácil,
pois os modelos econômicos existentes limitam nossa visão a certas ideias sobre modelos de
negócio. Os custos desse modelo de crescimento baseado na rapidez, são muito maiores fora
da indústria, prejudicando trabalhadores, que são explorados, e degradando terras pelo uso
exaustivo na pecuária e pelo uso de produtos químicos sintéticos na agricultura. Uma visão
biomimética, combinaria em um modelo de negócio processos rápidos e lentos, promovendo
vitalidade no curto prazo e estabilidade no longo prazo.
Capítulo 13: Necessidades
Devido a grande quantidade de mensagens comerciais que visam despertar desejos para
aumentar o consumo, não é fácil distinguir nossas necessidades reais e as fabricadas. Por
meio de uma pesquisa, Max-Neef desenvolveu uma taxonomia das necessidades humanas
fundamentais, identificando-as como subsistência, proteção, afeição, compreensão,
participação, lazer, criação, identidade e liberdade. O vestuário é capaz de satisfazer diversas
dessas necessidades, como proteção, identidade e senso de pertencimento. No entanto, pode
manipular tais necessidades por meio da criação de tendências impostas. É importante que
designers ajam com integridade para identificar e a atender necessidades reais, explorando
toda a capacidade criativa dentro da moda para levar as pessoas a agirem de forma
sustentável e criarem consciência sobre isso de forma natural, sem sentirem-se coagidas.
Capítulo 14: Engajamento
Quando se fala de sustentabilidade, é fundamental levar em conta que tudo está conectado e
que nada existe isoladamente. A moda costuma criar um mundo abstrato, aparentemente
totalmente desconectado com nosso planeta, os recursos fornecidos por ele para a produção e
as pessoas que vivem nele e produzem. Para recriar essa conexão, precisamos passar do
papel de passividade para o de proatividade, tanto como designers quanto como
consumidores. Essa mudança desafia o modelo atual de crescimento ao tornar o consumidor
participativo na criação, o que tende a gerar desaceleração na produção e no consumo. O
design colaborativo, o artesanato ativo e a intervenção promovem o envolvimento do
consumidor com a roupa, conectando-o com materiais, linguagem e habilidades necessárias
para a criação. Isso pode ser visto como uma forma de hackear o sistema de moda vigente,
redesenhando seus fluxos e canais.
Parte 3: Transformando as práticas do design de moda
Capítulo 15: O designer como educador-comunicador
O conhecimento sobre sustentabilidade, apesar de estar presente na indústria por meio de
especialistas e profissionais técnicos, raramente são compartilhados com a sociedade. Quando
o são, isso é feito por meio de mensagens de marketing com o objetivo de criar diferenciação
para a marca e, consequentemente, vender mais. As empresas falam com o público como
consumidores e não como cidadãos. Portanto, é também papel do designer comunicar a visão
de moda baseada em sustentabilidade, a fim de mobilizar uma mudanca profunda no setor.
Isso pode ser feito fugindo do modelo tradicional de educação em uma sala de aula, mas
promovendo experiências que facilitem a assimilação das informações ou criando produtos e
serviços que criem novas formas de pensar e conectem o consumidor emocionalmente com a
mensagem.
Capítulo 16: O designer como facilitador
Devido às habilidades requeridas por seus trabalho, como conectar pessoas, informações,
áreas diferentes e atuar de forma intuitiva, os designers têm excelentes condições para
apresentar soluções de sustentabilidade e ajudar a redesenhar atividades, ideias e
comportamentos que definem a indústria atualmente. O designer facilitador pode atuar desde
desenvolvendo ideias até de forma direta, orquestrando mudanças e oportunidades. Isso
requer, muitas vezes, a participação em atividades que vão além do seu papel tradicional,
incluindo negociação intensa e manobras perante interesses. O facilitador pode se engajar em
ações de design colaborativo, orientando na criação de conceitos e na confecção prática, em
eventos de intercâmbio de roupas, na criação de materiais para faça-você-mesmo, etc. Mas,
acima de tudo, é necessário que compreenda a relação que os usuários têm com as roupas
para buscar romper a associação existente entre lucro e venda de novos produtos.
Capítulo 17:O designer como ativista
Para os designers que atuam mais ativamente em prol de inovações visando a sustentabilidade
e o equilíbrio entre objetivos econômicos, ecológicos e sociais, pode ser difícil de adequar ao
trabalho na indústria estabelecida, pois esta costuma adotar práticas de negócios tradicionais e
ser resistente a mudanças. Uma saída para estes profissionais é atuar em ONGs, que hoje tem
trabalhado de forma muito mais harmônica com empresas, atuando como parceiras na busca
por soluções. A esfera pública também é uma alternativa, em que designers podem ajudar a
acelerar a aceitação de políticas e projetos de pesquisa de impacto ambiental, aplicando-os de
forma prática, ou oferecendo esclarecimentos e informações a legisladores. Dessa forma, são
capazes de ajudar a transformar o sistema.
Capítulo 18: O designer como empreendedor
Os impedimentos para se realizar mudanças quando o designer atua dentro de uma
corporação são muitos e grandes. Mudar materiais e processos, apesar de ser um início, só
transforma as coisas superficialmente. A dificuldade de colocar em prática o que se sabe acaba
gerando tensão, por isso cada vez mais designers buscam criar novos modelos de negócios,
produtos e práticas comerciais fora da indústria tradicional. Isso pode incluir alternativas para a
geração de renda complementar à venda dos produtos principais, como o oferecimento de
livros, cursos, e matéria prima para a confecção, o que permite também criar comunidades que
conectam os consumidores com os produtores. A união entre talentos, informação e produtos
de moda, facilitada hoje pela internet, é capaz de criar inovação e transformar a indústria.
Conclusão
Ao compreender melhor a importância de seu papel no núcleo das inovações voltadas à
sustentabilidade, os designer serão capazes de sair da posição de coadjuvantes, criando
soluções apenas paliativas, que acabam apenas reproduzindo o modelo de produção e
consumo atual, a uma atuação mais proativa e central na busca pela transformação da
indústria da moda. No lugar de repensar apenas produtos e processos, apenas minimizando
problemas, serão capazes de transformar paradigmas, desenhando um novo sistema de moda
capaz de eliminar tais problemas por completo. Tudo o que for feito a partir daí, tem o potencial
de ser disseminado globalmente, por todas as áreas, já que a moda tem o poder de estimular
comportamentos que geram mudanças sociais e culturais muito maiores. Assim, os designer se
tornarão estrategistas com uma atuação multidisciplinar, influenciando transformações
positivas.
Referências
Fletcher, Kate. ​Moda & sustentabilidade: design para mudança​. São Paulo: Editora Senac São
Paulo, 2011.

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Moda e sustentabilidade

  • 1. SENAC Design de Moda - Habilitação em Estilismo - 1° Semestre Materiais Têxteis I Professora Mitiko Medeiros Kodaira RESUMO MODA & SUSTENTABILIDADE DESIGN PARA MUDANÇA Vivian Vianna Leal Kenski
  • 2. Parte 1: Transformando produtos de moda Capítulo 1: Materiais São os materiais tornam palpáveis a produção simbólica da moda e, por estar muitas vezes sujeita a eles para se concretizar, ela acaba também restringindo-se aos limites naturais. É impossível falar sobre sustentabilidade na moda sem discutir grandes questões relacionadas à viabilidade de materiais, como mudanças climáticas, geração de resíduos, escassez de água, aproveitamento de energia e pegada de carbono gerada. Por terem benefícios percebidos rapidamente, inovações materiais costumam ser ponto de partida das iniciativas relacionadas à sustentabilidade na moda, porém, muitas vezes, são soluções apenas paliativas. É importante que designers avaliem mais profundamente toda a cadeia de produção de suas criações e todo o ciclo de vida das mesmas - desde o impacto no ambiente e na comunidade da produção das fibras têxteis utilizadas, incluindo a degradação causada na biodiversidade e o uso de agrotóxicos e transgênicos, até sistemas de negócio justos e questões de reutilização e biodegradação - transformando a cadeia em ciclo retroalimentado. Capítulo 2: Processos Apesar de padrões e legislações serem criados para regular processos na indústria, estes muitas vezes podem ser negativos e punitivos. A solução mais apropriada é o maior envolvimento dos designers em todas as etapas da cadeia produtiva, questionando processos industriais e técnicos, para influenciá-las positivamente e minimizar impactos. Isso inclui utilizar recursos com critério, buscar alternativas para diminuir etapas de processamento, como nas fases de branqueamento e tingimento - inclusive usando a criatividade ao adotar fibras de cores naturais e corantes naturais, explorando suas limitações -, reduzir risco de poluição, adotando técnicas e substâncias menos nocivas e materiais de baixo impacto, minimizar o consumo de energia e água e diminuir a geração de resíduos, inclusive com técnicas de corte com maior aproveitamento de tecido. Deve-se tomar cuidado, no entanto, para que essas medidas não sejam usadas para criar bloqueio de acesso ao mercado, promovendo a ideia de "exclusividade". Capítulo 3: Distribuição Ao pensar em distribuição é necessário incluir, além dos impactos causados pelo transporte para entrega, a aquisição de materiais, previsão de vendas e gestão de produção. As previsões
  • 3. de vendas no varejo determinam desde a aquisição de matéria-prima necessária e alocação de maquinário até a produção de eletricidade e a extração de minérios para a produção de aviamentos. Algumas tecnologias, como a String, permitem que as empresas reúnam informações sobre cada etapa de fabricação das roupas, tornando-as mais transparentes e transformando a cultura do setor e facilitando a regulação para diminuição do impacto e, finalmente, a conversão das cadeias e fluxos em ciclos. Isso permite a criação de estratégias inovadoras que diminuam as emissões de carbono, como por exemplo, a adoção de lojas apenas com peças de mostruário e pedidos feitos online com entrega em casa. Capítulo 4: Cuidados do consumidor Os cuidados com algumas peças após adquiridas pelo consumidor, incluindo lavagens e secagem durante todo seu tempo de vida útil, utiliza mais energia do que a necessária para produzi-las. No entanto, é possível criar pensando em como diminuir esse impacto. Algumas soluções são escolher tecidos que secam mais rápido, cores que precisem ser lavadas com menos frequência e a inclusão de etiquetas que estimulem a lavagem em temperaturas mais baixas. Novas tecnologias de limpeza, como a adoção do ozônio, também geram menor impacto ao diminuir o consumo de energia e água. Este gás decompõe matéria orgânica, como gordura, sujeira, bactérias e bolor, assim, requer menos detergentes para remover manchas, diminui a necessidade de enxagues, funciona melhor a baixas temperaturas e aumenta a durabilidade das peças, que são submetidas a menor agitação mecânica. Capítulo 5: Descarte Toda peça traz em si o potencial de ser reutilizada várias vezes, algumas, até infinitas vezes, e pensá-las levando em conta o prolongamento de seu ciclo de vida impacta totalmente a forma como lidamos hoje com resíduos, implicando em decisões que vão da criação à engenharia de negócio. Algumas alternativas para desacelerar o fluxo de materiais são a reutilização, que é a que requer menos recursos, a restauração, que transforma peças e tecidos usados em novos produtos, agregando valor a eles por meio do upcycling, e a reciclagem, que extrai as fibras por processos mecânicos ou químicos para que sejam usadas na construção de novos tecidos. Apesar de serem um primeiro passo, por mais que diminuam a geração de resíduos, nenhuma dessas alternativas resolve o problema central de desperdício, pois não transformam o modelo industrial.
  • 4. Parte 2: Transformando sistemas de moda Capítulo 6: Adaptabilidade Para a indústria da moda, é muito mais fácil e confortável manter padrões de produção e processos tradicionais do que se adaptar. Desacelerar o processo de consumo, aumentando a eficiência e o aproveitamento de cada peça não parece, num primeiro olhar, vantajoso para um setor que se baseia no grande volume de vendas e na criação de novas necessidades para aumentar o consumo e maximixar os lucros. Isso faz com que o pensamento sobre sustentabilidade fique restrito ao aumento da produtividade. No entanto, uma abordagem mais flexível pode aumentar a resiliência da indústria, preparando-a para épocas de mudança e para enfrentar riscos. Apesar de ser um grande desafio, incorporar conceitos como multifuncionalidade, versatilidade, transazonalidade e modularidade, aproxima o consumidor, fazendo-o adotar uma postura ativa, e transforma o fluxo de produtos em ciclos. Capítulo 7: Vida útil otimizada A falta de empatia e de atribuição de significado às peças, consequências do grande volume de produtos disponíveis, do baixo custo e da facilidade de compra, faz com que o descarte seja feito muito antes de se esgotar a vida útil das mesmas. Esse tempo de vida útil está relacionado, portanto, não apenas a durabilidade material, mas também ao desejo pelas peças. Despertar empatia por determinados produtos depende de questões emocionais e culturais e é um desafio ao modelos de negócio existente, já que desacelera a necessidade de novas aquisições. Isso já começa a acontecer, por meio de brechós, empresas de aluguel de roupas e acessórios, surgimento de guarda-roupas compartilhados, reciclagem e reforma de itens próprios, deslocando a compra do centro da experiência de moda para o papel de coadjuvante e incorporando a essa experiência a energia criativa de cada indivíduo. Capítulo 8: Usos de baixo impacto Os hábitos de lavagem e secagem tem grande impacto no perfil de sustentabilidade de uma peça, muitas vezes até maior do que o causado pela produção. É importante que designers atentem-se também à sua responsabilidade quanto a isso no momento da criação. Já existem acabamentos autolimpantes baseados em nanotecnologias, que podem ser incorporados, no entanto, o maior desafio nesse quesito é cultural e não tecnológico. Tais tratamentos geram impactos ambientais, mas não é comprovado que causem mudança nos hábitos dos usuários
  • 5. quanto a processos de limpeza. Percebe-se a alteração desses hábitos é muito mais relacionada a questões afetivas e emocionais, como o medo da perda da qualidade de um trabalho manual, um aroma ou do caimento da peça. Peças com características que valorizam manchas e texturas de amassado, tornando-as socialmente aceitáveis, têm mais chances de diminuir os impactos causados pelos cuidados pós-uso. Capítulo 9: Serviços e compartilhamento Negócios focados em serviços ao invés de na promoção do consumo são um modelo alternativo que tem grande potencial para promover melhorias de sustentabilidade. Serviços de reparo podem ser valorizados e facilitados se pensados no momento da criação pelo designer. Sistemas de aluguel estimulam o uso compartilhado em substituição a ideia de posse, minimizando potencialmente o número de peças produzidas. Também é possível vender os próprios serviços de design, oferecendo benefícios que favoreçam a sustentabilidade. Algumas empresas já disponibilizam, também, os moldes de suas peças pela internet, para qualquer pessoa que queira fazer as próprias roupas em casa. Outras, além de venderem suas peças, reformam ou ajustam peças antigas de seus clientes. Capítulo 10: Local Trabalhar localmente, ao contrário de usar mão de obra barata de outros lugares para produzir algo que poderia ser feito em qualquer lugar, significa entender os impactos ecológicos e sociais da produção no entorno. Isso exige que o designer esteja atento e aberto a perceber e entender as necessidades da comunidade local, bem como suas tradições, mitologias e simbolismos, e a adaptar-se a ela. Isso deve acontecer tanto no que se refere ao modelo de trabalho quanto no uso de materiais e na incorporação da cultura local ao desenho de seus produtos. Essa construção em conjunto, ao contrário da imposição de modelos de fora, pode ser extremamente benéfica a todas as partes envolvidas, contribuindo para o desenvolvimento social e econômico das comunidades locais e agregando valor e unicidade aos produtos desenvolvidos. Capítulo 11: Biomimética É a prática de imitar padrões e estratégias da natureza para guiar o design de produtos, os processos e as políticas. Pensar sobre isso nos faz avaliar quão grande é nossa responsabilidade pelo todo, mesmo sendo tão pequenos. Tecnologias de produção baseadas
  • 6. na biomimética muitas vezes ficam restritas a laboratórios de pesquisa, o que pode frustrar designers que não têm acesso para implementá-las. Uma mudança nos hábitos de trabalho, promovendo a integração entre profissionais e tirando designers da clausura de seus ateliês, pode quebrar essa barreira. Para isso, é preciso ter espírito empreendedor e criar círculos de trabalho conectando pessoas com habilidades diferentes, aplicando a biomimética ao se inspirar na natureza como mentora também para sistemas de produção e modelos de negócio. Isso significa criar uma nova lógica de mercado, em que o propósito do crescimento seja gerar ganhos cada vez maiores para todas as pessoas e para o ambiente. Capítulo 12: Velocidade A necessidade de produzir cada vez mais e mais rápido para alimentar o consumo é a base da indústria da moda e faz com que sejam adotadas práticas e tecnologias que empurram pessoas e recursos naturais para além dos limites aceitáveis. Isso está no centro dos debates sobre sustentabilidade no setor de moda. No entanto, repensar essa estrutura não é tão fácil, pois os modelos econômicos existentes limitam nossa visão a certas ideias sobre modelos de negócio. Os custos desse modelo de crescimento baseado na rapidez, são muito maiores fora da indústria, prejudicando trabalhadores, que são explorados, e degradando terras pelo uso exaustivo na pecuária e pelo uso de produtos químicos sintéticos na agricultura. Uma visão biomimética, combinaria em um modelo de negócio processos rápidos e lentos, promovendo vitalidade no curto prazo e estabilidade no longo prazo. Capítulo 13: Necessidades Devido a grande quantidade de mensagens comerciais que visam despertar desejos para aumentar o consumo, não é fácil distinguir nossas necessidades reais e as fabricadas. Por meio de uma pesquisa, Max-Neef desenvolveu uma taxonomia das necessidades humanas fundamentais, identificando-as como subsistência, proteção, afeição, compreensão, participação, lazer, criação, identidade e liberdade. O vestuário é capaz de satisfazer diversas dessas necessidades, como proteção, identidade e senso de pertencimento. No entanto, pode manipular tais necessidades por meio da criação de tendências impostas. É importante que designers ajam com integridade para identificar e a atender necessidades reais, explorando toda a capacidade criativa dentro da moda para levar as pessoas a agirem de forma sustentável e criarem consciência sobre isso de forma natural, sem sentirem-se coagidas. Capítulo 14: Engajamento
  • 7. Quando se fala de sustentabilidade, é fundamental levar em conta que tudo está conectado e que nada existe isoladamente. A moda costuma criar um mundo abstrato, aparentemente totalmente desconectado com nosso planeta, os recursos fornecidos por ele para a produção e as pessoas que vivem nele e produzem. Para recriar essa conexão, precisamos passar do papel de passividade para o de proatividade, tanto como designers quanto como consumidores. Essa mudança desafia o modelo atual de crescimento ao tornar o consumidor participativo na criação, o que tende a gerar desaceleração na produção e no consumo. O design colaborativo, o artesanato ativo e a intervenção promovem o envolvimento do consumidor com a roupa, conectando-o com materiais, linguagem e habilidades necessárias para a criação. Isso pode ser visto como uma forma de hackear o sistema de moda vigente, redesenhando seus fluxos e canais. Parte 3: Transformando as práticas do design de moda Capítulo 15: O designer como educador-comunicador O conhecimento sobre sustentabilidade, apesar de estar presente na indústria por meio de especialistas e profissionais técnicos, raramente são compartilhados com a sociedade. Quando o são, isso é feito por meio de mensagens de marketing com o objetivo de criar diferenciação para a marca e, consequentemente, vender mais. As empresas falam com o público como consumidores e não como cidadãos. Portanto, é também papel do designer comunicar a visão de moda baseada em sustentabilidade, a fim de mobilizar uma mudanca profunda no setor. Isso pode ser feito fugindo do modelo tradicional de educação em uma sala de aula, mas promovendo experiências que facilitem a assimilação das informações ou criando produtos e serviços que criem novas formas de pensar e conectem o consumidor emocionalmente com a mensagem. Capítulo 16: O designer como facilitador Devido às habilidades requeridas por seus trabalho, como conectar pessoas, informações, áreas diferentes e atuar de forma intuitiva, os designers têm excelentes condições para apresentar soluções de sustentabilidade e ajudar a redesenhar atividades, ideias e comportamentos que definem a indústria atualmente. O designer facilitador pode atuar desde desenvolvendo ideias até de forma direta, orquestrando mudanças e oportunidades. Isso requer, muitas vezes, a participação em atividades que vão além do seu papel tradicional,
  • 8. incluindo negociação intensa e manobras perante interesses. O facilitador pode se engajar em ações de design colaborativo, orientando na criação de conceitos e na confecção prática, em eventos de intercâmbio de roupas, na criação de materiais para faça-você-mesmo, etc. Mas, acima de tudo, é necessário que compreenda a relação que os usuários têm com as roupas para buscar romper a associação existente entre lucro e venda de novos produtos. Capítulo 17:O designer como ativista Para os designers que atuam mais ativamente em prol de inovações visando a sustentabilidade e o equilíbrio entre objetivos econômicos, ecológicos e sociais, pode ser difícil de adequar ao trabalho na indústria estabelecida, pois esta costuma adotar práticas de negócios tradicionais e ser resistente a mudanças. Uma saída para estes profissionais é atuar em ONGs, que hoje tem trabalhado de forma muito mais harmônica com empresas, atuando como parceiras na busca por soluções. A esfera pública também é uma alternativa, em que designers podem ajudar a acelerar a aceitação de políticas e projetos de pesquisa de impacto ambiental, aplicando-os de forma prática, ou oferecendo esclarecimentos e informações a legisladores. Dessa forma, são capazes de ajudar a transformar o sistema. Capítulo 18: O designer como empreendedor Os impedimentos para se realizar mudanças quando o designer atua dentro de uma corporação são muitos e grandes. Mudar materiais e processos, apesar de ser um início, só transforma as coisas superficialmente. A dificuldade de colocar em prática o que se sabe acaba gerando tensão, por isso cada vez mais designers buscam criar novos modelos de negócios, produtos e práticas comerciais fora da indústria tradicional. Isso pode incluir alternativas para a geração de renda complementar à venda dos produtos principais, como o oferecimento de livros, cursos, e matéria prima para a confecção, o que permite também criar comunidades que conectam os consumidores com os produtores. A união entre talentos, informação e produtos de moda, facilitada hoje pela internet, é capaz de criar inovação e transformar a indústria. Conclusão Ao compreender melhor a importância de seu papel no núcleo das inovações voltadas à sustentabilidade, os designer serão capazes de sair da posição de coadjuvantes, criando soluções apenas paliativas, que acabam apenas reproduzindo o modelo de produção e consumo atual, a uma atuação mais proativa e central na busca pela transformação da
  • 9. indústria da moda. No lugar de repensar apenas produtos e processos, apenas minimizando problemas, serão capazes de transformar paradigmas, desenhando um novo sistema de moda capaz de eliminar tais problemas por completo. Tudo o que for feito a partir daí, tem o potencial de ser disseminado globalmente, por todas as áreas, já que a moda tem o poder de estimular comportamentos que geram mudanças sociais e culturais muito maiores. Assim, os designer se tornarão estrategistas com uma atuação multidisciplinar, influenciando transformações positivas. Referências
  • 10. Fletcher, Kate. ​Moda & sustentabilidade: design para mudança​. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2011.