Cildo Meireles é um artista conceitual brasileiro reconhecido internacionalmente por suas obras políticas que instigam reflexão. Suas principais características incluem usar diversos materiais e técnicas para questionar aspectos sociais, e buscar provocar emoção no espectador de forma breve. Sua trajetória inclui participações em importantes eventos internacionais e o desenvolvimento de obras conceituais complexas que abordam temas como a ditadura militar brasileira.
2. “Eu não me considero
brasileiro, ou isso ou aquilo,
eu me considero artista
plástico e acho que a arte é
um território de liberdade.
Uma das maiores
obrigações do artista é
manter a arte como território
livre porque isso é a
garantia de compreensão
do que passou e de criação
de condições para que
outras coisas venham.”
3. - Inicia seus estudos em arte em 1963, na Fundação Cultural do Distrito Federal, em
Brasília, orientado pelo ceramista e pintor peruano Barrenechea (1921). Começa a
realizar desenhos inspirados em máscaras e esculturas africanas.
- Em 1967, transfere-se para o Rio de Janeiro, onde estuda por dois meses na Escola
Nacional de Belas Artes (Enba). Nesse período, cria a série Espaços Virtuais: Cantos,
com 44 projetos, em que explora questões de espaço, desenvolvidas ainda nos
trabalhos Volumes Virtuais e Ocupações (ambos de 1968-1969).
- É um dos fundadores da Unidade Experimental do Museu de Arte Moderna do Rio
de Janeiro (MAM/RJ), em 1969, na qual leciona até 1970.
- Viaja para Nova York, onde trabalha na instalação Eureka/Blindhotland, no LP Sal
sem Carne (gravado em 1975) e na série Inserções em Circuitos Antropológicos.
- Após seu retorno ao Brasil, em 1973, passa a criar cenários e figurinos para teatro e
cinema e, em 1975, torna-se um dos diretores da revista de arte Malasartes.
BIOGRAFIA E TRAJETÓRIA
4. - Em 2000, a editora Cosac & Naify lança o livro Cildo Meireles, originalmente
publicado, em Londres em 1999, pela Phaidon Press Limited.
- Participa das Bienais de Veneza, 1976; Paris, 1977; São Paulo, 1981, 1989 e
2010; Sydney, 1992; Istambul, 2003; Liverpool, 2004; Medellín, 2007; e do
Mercosul, 1997 e 2007; além da Documenta de Kassel, 1992 e 2002.
- Tem retrospectivas de sua obra feitas no IVAM Centre del Carme, em Valência,
1995; no The New Museum of Contemporary Art, em Nova York, 1999; na Tate
Modern, em Londres, 2008; e no Museum of Fine Arts de Houston, 2009.
- Recebe, em 2008, o Premio Velázquez de las Artes Plásticas, concedido pelo
Ministerio de Cultura da Espanha.
- Em 2009, é lançado o longa-metragem Cildo, sobre sua obra, com direção de
Gustavo Moura.
BIOGRAFIA E TRAJETÓRIA
5.
6. - Período de transição entre o neoconcretismo e a arte conceitual.
- Cria arte conceitual, mas que dialoga de maneira pessoal com o
legado poético do neoconcretismo brasileiro de Lygia Clark e
Hélio Oiticica. Seu trabalho pioneiro no campo da arte da
instalação prima pela diversidade de suportes, técnicas e
materiais, apontando quase sempre para questões mais amplas,
de natureza política e social.
- Obras de cunho político que instigam a interação do público.
Posteriormente ao golpe militar de 1964, passou a desenvolver
trabalhos artísticos de crítica à ditadura militar.
CARACTERÍSTICAS
7.
8. Tiradentes: Totem monumento ao preso
político (1970) foi considerada uma de suas
obras mais radicais. Composta por estaca de
madeira, tecido branco, termômetro clínico,
10 galinhas vivas, gasolina e fogo.
Documentação: fotográfica da performance
em abril de 1970. A obra consiste na queima
das galinhas e se trata de uma homenagem
aos mortos pela ditadura militar no Brasil.
9. - Investigação da falibilidade humana diante das
coisas já fixadas, sendo estas falhas refletidas em
desvios do raciocínio.
- O intuito de desmaterializar o objeto artístico traz à
palavra a importância de assumir-se como matéria
da arte, de modo que se torna responsável na
edificação do sentido conceitual, como uma
incógnita a ser desvendada para se obter o sentido
da ideia, ou seja, a palavra tem participação
colaborativa da composição da ideia da obra.
CARACTERÍSTICAS
10. “O texto e o objeto de arte têm trajetórias
diferentes, mas é claro que em um determinado
ponto de tangência em que se cruzam que deve
ser melhor do que um haiku japonês, aquele
verso sintético. Com as palavras vicie tenta
chegar a um ponto concreto, sólido. E as artes
plásticas partem de um sólido, uma coisa mais
bruta - pedra, terra, um material - e tentam
chegar a algo muito abstrato."
CARACTERÍSTICAS
11.
12. “Eu sempre tive uma certa implicância com estilos.
Minha utopia seria que cada trabalho fosse
inteiramente diferente do anterior (…). De uma certa
maneira, estilo é uma coisa que interessa,
sobretudo, para o mercado. Porque você pode ter
uma embalagem, não importa do que você esteja
falando… Antigamente, exigiam do artista
exatamente o estilo e, na verdade, acho que o estilo
é um pouco a morte do artista, porque estimula
mais a improdutividade do que a criatividade.”
ESTILO
13. “Acho que sempre tem aquele primeiro momento
em que passa alguma coisa na sua cabeça, você
não sabe onde é o pé e onde é a cabeça, o que é
exatamente, qual é a cor. Você vai tentando se
aproximar daquilo, materializar… e vem, então, a
parte toda chata, de fazer a exposição, falar
sobre…"
CRIAÇÃO
14. “Me interessa fazer trabalhos que emanem algum
tipo de sedução emocional também. Na verdade,
me interessa muito que os trabalhos tenham esse
tipo de característica.”
EMOÇÃO
16. “A música, a literatura, o cinema acontecem no
tempo. Para você saber se um filme é bom ou
não, você tem que pegar uma hora ou duas horas
da sua vida e vê-lo. Um livro é um pouco isso…
Você não vai ter um julgamento estético final de
uma peça musical se você não gastar uns 10
minutos ou meia hora ouvindo-a. Já as artes
plásticas têm essa generosidade, você olha, dá as
costas e vai embora."
EMOÇÃO
17. “Nem sempre a função é buscar a beleza. Talvez o
percurso esteja muito mais ligado à questão da verdade do
que da beleza. O que eu acho interessante no objeto de
arte é quando ele sequestra o espectador, naquele lugar e
naquele momento. Mesmo que seja por milionésimos de
segundo, está você e o objeto, você sai daquele lugar,
daquele momento, e vive uma experiência única, por mais
breve que seja… Não é um êxtase, mas é alguma coisa
que altera profundamente a tua relação normal com aquele
espaço, aquela rua, aquela cidade, aquele país. É quando
o objeto faz o sujeito esquecer-se de si mesmo. Para mim,
isso está muito próximo do que é beleza em arte.“
BELEZA
18. “Em arte, você não pode garantir. (…) Você não
sabe 90% das coisas que fazemos, 99,9% são
absolutamente redundantes, são variações das
coisas já feitas, não tem ali nada de ruptura, não
tem um dado realmente novo, entende? Tem essa
produção que cumpre seu papel, que serve para
criar alguma coisa na parede e serve para que
muitos artistas possam viver."
ARTISTAS
21. - Desvio para o Vermelho é um de seus trabalhos mais complexos e ambiciosos
concebido em 1967, montado em diferentes versões desde 1984 e exibido em
Inhotim em caráter permanente desde 2006.
- Formado por trás ambientes articulados entre si, no primeiro deles
(Impregnação) nos deparamos com uma exaustiva coleção monocromática de
móveis, objetos e obras de arte em diferentes tons, reunidos de maneira
plausível mas improvável por alguma idiossincrasia doméstica.
- Nos ambientes seguintes, Entorno e Desvio, têm lugar o que o artista chama
de explicações anedóticas para o mesmo fenômeno da primeira sala, em que a
cor satura a matéria, se transformando em matéria.
- Aberta a uma série de simbolismos e metáforas, desde a violência do sangue
até conotações ideológicas, o que interessa ao artista nesta obra é oferecer
uma sequência de impactos sensoriais e psicológicos ao espectador: uma série
de falsas lógicas que nos devolvem sempre a um mesmo ponto de partida.
24. “O Através é legal porque é uma experiência na qual você passa
sozinho aqueles 15 metros andando. Essa experiência individual do
absurdo, do homem só, na história, no universo, me interessa muito.
É sempre a questão do ser, em última análise, do ser sozinho."
27. ”Em 1990 queria fazer um trabalho que tivesse um milhão de unidades, do
qual só tinha o título Um Milhão. Mais tarde, lembrei-me de uma imagem de
três camelôs que vi quando criança, numa das vindas com meu pai do Rio
de Janeiro, na calçada da rua Araújo Porto Alegre entre avenida Rio Branco
e rua Mexico. Cada camelô tinha uma pequena banquinha, coberta de
papel de embrulho colorido. Um vendia só alfinetes de cabeça, outro só
barbatanas de plástico para colarinho de camisa social. São as coisas mais
toscas em termos de produtos industriais. Na minha cabeça de criança,
achava incompreensível, e ao mesmo tempo atraente e estranho, que
alguém pudesse viver vendendo esses objetos tão insignificantes. Mais que
isso, me perguntava como poderiam existir industrias empenhadas na
produção desses objetos. O terceiro camelô vendia marionetes de papel e
borracha, que ele manipulava com uma linha no braço. Eu achava aquilo
mágico. Em 1995, decidi juntar essas três imagens, que resultaram no
Camelô. Para ele, criei a palavra humiliminimalismo, o minimalismo do muito
humilde, da quase insignificância física."
30. - objeto filosófico ou pensamento materializado
- literal x simbólico
- sinestésico
31.
32. A obra aborda o custo humano do trabalho missionário (1610) e sua
conexão com a exploração da riqueza nas colônias: o teto é composto
de 2.000 ossos, enquanto o chão compreende 600.000 moedas. Unindo
simbolicamente esses dois elementos, há uma coluna de 800 hóstias.
Os missionários esperavam salvar a população indígena do que eles
entendiam ser a mais selvagem das práticas, o canibalismo. Como
Paulo Herkenhoff explica: “Em um apelo para erradicar o canibalismo,
os missionários ofereceram em troca a Eucaristia e a Santa Comunhão -
o consumo do corpo de Cristo.” No entanto, o desejo dos missionários
de absorver e substituir as crenças e práticas do próprio povo indígena
constituiu uma forma de canibalismo cultural, uma cultura ou civilização
absorvendo outra.
Fonte: http://www.tate.org.uk/whats-on/tate-modern/exhibition/cildo-meireles/cildo-meireles-explore-exhibition/cildo-meireles-0
33.
34. - Poder material + Poder espiritual = tragédia
- Diferença de indivíduo para indivíduo
- Pecuária na região de São Miguel das Missões
- Ambiguidade (símbolos + material de trabalho)
- Antropofagia
- Materialidade x Imaterialidade
- Vida
- Morte
- Circo
35. - Deuses e Deusas x religiões
- Canibalismo civilizacional (colonização)
36.
37. “O circo fora, culturalmente, muito importante no
Brasil, no século XIX. (…) Tentei guardar essa ideia
para cada peça, ou seja, que cada peça tivesse
uma autonomia, que pudesse ser montada dentro
de um museu, de uma instituição, de uma galeria,
mas também na rua. E aí veio essa cortina, que é
também uma maneira de envelopar a peça. Enfim,
você vê aquela coisa negra na sua frente, e depois
você tem aquela explosão de luz, a ideia era essa."
Fonte: Seduções
38. Kukka Kakka:112 urinóis com fezes verdadeiras ao lado de vasos
com flores artificiais e 112 vasos com 118 dúzias de rosas
dispostos ao lado de fezes artificiais
41. Acervos
Instituto Inhotim - Brumadinho - MG
Acervo Pinacoteca do Estado de São Paulo/Brasil - São Paulo - SP
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ - Rio de Janeiro - RJ
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - SP
Tate Modern Collection - Londres - UK
Museum of Modern Arte (MoMA) - Nova York - EUA
Fontes
Seduções: Waleska Soares, Cildo Meireles, Ernesto Neto. Zurich: Daros- Latino America,
2006.
CILDO Meireles. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo:
Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10593/
cildo-meireles>. Acesso em: 22 de Mai. 2018.
https://comunicacaoeartes20122.wordpress.com/2013/02/18/cildo-meireles/
REFERÊNCIAS