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1
Renovo
Sprout
Ana Cláudia Nalini; Barbara Cuevas; Dandara Sevilha; Laura Azevedo; Luiza
Cervone; PriscylaBordoni; Viviane Zuim1
Orientador: Prof.Ms. Geraldo Coelho Lima Júnior
RESUMO
Este projeto faz uma breve reflexão sobre o consumismo que leva ao
desequilíbrio ambiental. Estudos de como consumir conscientemente são
apontados neste artigo, resultando no Renovo – conceito de criação e
pesquisas de campo foram efetuadas para auxiliar no diagnóstico de um
público alvo. O projeto é composto por dez looks, sendo quatro deles
confeccionados e expostos em um ensaio fotográfico.
Palavras-Chave: Design de moda; Sustentabilidade; ações econômicas;
consumo consciente; renovo.
ABSTRACT
This project is a brief reflection about the over consumption that leads to
environmental imbalance, consequently a study on how to consume
consciously is discussed in this article. Sprout is used as concept creation.
Surveys field were conducted to help in the results of an audience. The project
consists of ten looks, four of them made and seen in a photo shoot.
Keywords: Fashion design, sustainability; economic action; conscious
consumption; sprout.
INTRODUÇÃO
Os textos que seguem neste artigo, ilustram a trajetória do projeto
interdisciplinar que conta com o tema Design de Moda e Sustentabilidade, onde
1
Alunas do 5° semestre do curso de graduação Design de Moda, da Universidade Anhembi
Morumbi. Endereços eletrônicos: aninha_clau27@hotmail.com; barbara.cuevas@hotmail.com;
laure_nha@hotmail.com; luizacervone@hotmail.com; pri_bordoni@hotmail.com;
vigozuim@gmail.com.
2
foram realizados estudos das características, da dicotomia formada entre os
dois contextos e de sugestões para cessar os danos causados ao meio
ambiente e ao homem. Ações Econômicas são escolhidas como subtema, que
trata não apenas dos gastos financeiros para a produção de moda atualmente,
mas dos gastos e desperdício de recursos naturais esgotáveis.
Ao longo de pesquisas referenciais, chegou-se à ideia de Estratégia de
Consumo Consciente como objeto de estudo, reforçando a necessidade da
redução do consumo e, que isso ocorre quando a sociedade assimila os fatos e
se responsabiliza contribuindo como agente transformador.
As pesquisas referências do tema, subtema e objeto de estudo fizeram
emergir o Renovo como conceito de criação, remetendo à resistência, força e
alternativas que darão origem aos elementos formais projetuais. Além dos
croquis desta coleção, contendo dez looks, um ensaio fotográfico foi produzido
seguindo as informações obtidas durante todas as etapas do projeto e um
documentário para apresentar todo o processo desde a sua concepção até às
considerações finais.
1 DESIGN DE MODA E SUSTENTABILIDADE
Voltando os olhares para o passado, Lipovetsky (2007, p. 69) descreve
que durante a segunda metade do século XIX a moda, no sentido moderno do
termo, se instalou e daquele período até a década de 1960, o sistema começa
a fender-se e a readaptar-se parcialmente, mesmo com todas as indústrias
permanecendo subordinados às leis da Alta Costura. Com isso, estilistas como
Chanel apresentam formas passíveis de cópia que permitiam fácil reprodução
em série.
A moda do cem anos não só aproximou as maneiras de vestir-
se, como difundiu em todas as classes o gosto das novidades,
fez das frivolidades uma aspiração de massa. O ridículo na era
democrática estará menos na imitação de moda do que no fora
de moda (LIPOVETSKY. 2007. p. 78).
3
Com a democratização apresentada, é possível pensar em produção de
roupas em grande escala para comportar uma demanda cada vez maior de
pessoas sedentas por novidades e talvez por uma autoafirmação para
caracterizá-las como indivíduos pertencentes a uma tribo.
Para Berlim (2012, p. 32), a roupa é o maior representante da moda
tanto material quanto imaterial. Não haveria o setor da moda sem o setor têxtil
que ocupa o terceiro lugar da economia mundial e também é o que mais polui
há mais de dois séculos. Neste contexto, as questões sobre como ser
sustentável abrangem desde as condições no trabalho, como o uso de
produtos químicos na indústria e o consumo exagerado. Então como debater e,
principalmente, como aplicar as teorias desses estudos à prática?
A produção de têxteis foi uma das atividades mais poluidoras
do último século e foi tema de várias pesquisas que recaíram
em especial sobre seus principais impactos: a contaminação de
águas e do ar. Além de demandar muita energia na produção e
transporte de seus produtos, a indústria polui o ar com
emissões de gases de efeito estufa; as águas com as químicas
usadas nos beneficiamentos, tingimentos e irrigação de
plantações; e o solo, com pesticidas de alta toxidade. Além
disso, os resíduos que permanecem nos produtos podem
contaminar quem os usa (BERLIM. 2012. p. 33).
Manzini e Vezzoli (1998, p. 289) complementam o raciocínio de que se
deve considerar que o impacto ambiental não é determinado por um produto e
menos ainda por um material que o compõe, mas pelo o conjunto dos
processos que o acompanham durante todo o seu ciclo. É necessário, portanto,
preparar e sistematizar um modelo do ciclo de vida do produto como um todo,
considerando desde a extração das matérias-primas até à sua eliminação final.
Fundamentados no compartilhamento e emotional design, existe a
possibilidade de cenários para que os produtos de moda tenham um ciclo de
vida mais longo, o que diminuiria o consumo de novos produtos que, por sua
vez, utilizariam menos recursos para sua produção. Estes têm como foco a
maior durabilidade do produto e maior identificação do consumidor com os
4
mesmos, ou seja, quanto maior seu prazo de durabilidade, menor a sua
obsolescência. A empresa não ofereceria aos seus consumidores apenas o
produto, mas também a prestação de serviços, como por exemplo, o aluguel de
roupas e manutenção delas agregadas aos valores de luxo, distinção e
excelência. Fletcher (2011, p. 40) indica novos enfoques para a questão da
obsolescência com o slowfashion, o design participativo e o open-source
design2
.
A questão dos materiais utilizados para a produção de moda tem sido
uma grande preocupação e, segundo Manzini e o próprio Vezzoli (1998, p.
150), um material, mais que outro, pode ter um impacto ambiental maior na
fase de produção e na fase de eliminação, mas pode fazer o produto perdurar
por um período maior e de maneira mais eficiente. Se, por exemplo, um
produto tem uma vida útil maior, não será necessário utilizar novos materiais
para serem transformados em produtos, isto é, confeccioná-los, transportá-los
e descartá-los, com toda a respectiva carga de impacto ambiental que o
acompanha.
Tais problemas e soluções sobre sustentabilidade sugerem ações
sociais, funcionais e econômicas, que interligadas trazem à tona o que foi, o
que é e o que poderá ser criado para a melhoria da qualidade de vida do
planeta.
2 AÇÕES ECONÔMICAS
Ao discutir o pilar econômico no setor têxtil e da moda, é possível
perceber que muitos fatores que comprometem o equilíbrio do meio ambiente
estão ligados aos gastos exagerados que precisam ser revistos. Estes gastos
são observados desde o cultivo de matérias-primas, consumo de energia para
2
Segundo Fletcher (2011, p. 40), Slow Fashion ou Slow Design é uma abordagem do design e
da moda e implica que designers, comerciantes, varejistas e consumidores considerem a
velocidade da natureza para produzir os recursos naturais usados na produção têxtil e a
comparar com a velocidade com que são consumidos e descartados. A autora também
comenta sobre o design participativo que considera estabelecer uma relação muito mais
próxima do consumidor com o produto, unindo designers e usuários. Por sua vez, o Open-
Source Design, parte da premissa do compartilhamento de informações e conhecimentos em
escala global (via internet).
5
a produção, transporte e consumo.
Ao comprar uma camiseta de algodão tipo T- shirt, por
exemplo, o individuo está consumindo 1,7 kg de combustíveis
fósseis, gerando 450g de resíduos sólidos resultantes da
fabricação e emitindo 4 kg de CO² na atmosfera. Esse gasto se
multiplica quando levamos em consideração a energia
necessária para lavar e passar essa camiseta durante sua vida
útil (RODRÍGUEZ, 2006 apud BERLIM, 2012, p. 116).
Por sua vez, Kazazian (2005, p. 27), acredita que há muitos freios no
sistema macroeconômico, muito caos e muita inércia, para não ver nesse
simples raciocínio a melhor alternativa: criar uma unidade de tempo, de lugar e
de ação em uma escala microeconômica, a única que nos permite intervir de
forma eficiente. O autor (2005, p. 43), completa que integrar a duração na
própria gestão de suas necessidades em matérias-primas, leva a empresa a
uma redefinição de sua oferta. Passar de uma oferta de produtos a uma oferta
de serviços a leva diversificar suas atividades e seus mercados, e a
estabelecer uma nova relação com seus clientes pela atenção e pelo
acompanhamento permanente das necessidades deles.
O autor admite a existência de uma noção de valor no sentido de uma
“importância” da natureza que deveria ser considerada na economia, porém,
ela é muito pouco integrada. Assim, os efeitos do desaparecimento – às vezes
irreversível – dos recursos não aparecem no custo líquido dos produtos e
serviços. Com isso, pouco adiantaria produzir menos, mas de outras formas:
artefatos eficientes, de maior durabilidade e melhor qualidade, viabilizando
ecologia e economia simultaneamente.
Ainda nesse mesmo raciocínio, Kazazian (2005, p. 64) acredita ser
necessário fazer mais com menos. Essa concepção passa por uma redução na
fonte, que minimiza o peso e/ou volume de um produto, garantindo suas
qualidades técnicas e sua aceitação pelo usuário. Esse processo permite
reduzir também o impacto sobre o meio ambiente e leva ao conceito de
desmaterialização – estratégia de consumo consciente – que tem como
objetivo principal descasar o crescimento econômico de exploração de
matérias-primas, isto é, tornar o primeiro menos dependente da segunda.
6
O texto a seguir apresenta um cenário sobre esta ideia e trará maiores
detalhes e soluções para aplicá-la na atualidade.
3 ESTRATÉGIA DE CONSUMO CONSCIENTE
A falência dos recursos naturais e os problemas decorrentes da poluição
reforçam a necessidade de redução drástica do consumo de recursos naturais
e energia que são motivadas pela atual sociedade de série marcada pela
desvalorização e rápido descarte dos produtos.
Como alternativa para práticas sustentáveis, a desmaterialização do
consumo visa uma cultura do consumidor socialmente justo, solidário e
participativo no direcionamento de ações coletivas, baseada em valores
éticos3
.
Fig. 1: Imagem abstrata referente ao consumo consciente, justo, solidário e
participativo. Ações coletivas.
Fonte: http://www.mundosdastribos.com/consumo-consciente-o-que-e-como-
praticar.html
De acordo com Manzini e Vezzoli (2008, p. 274), um dos caminhos para
3
Disponível em “Reflexão sobre o estilo de vida e o padrão de consumo numa sociedade
sustentável”.
7
que a desmaterialização se torne viável, também é colocar em prática o design
estratégico, ou design de serviços, o qual deve levar em conta, não somente o
produto, mas o tempo, o espaço e o contexto sócio cultural onde esse serviço
será inserido.
Quando falamos em design estratégico, propomos superar o
paradigma do produto, ou seja, do projeto centralizado
unicamente em um bem físico. Isto é, propomos uma mudança
do conteúdo de projeto com a extensão que vai do produto ao
serviço e deste ao sistema de comunicação.
Nesta perspectiva, não é suficiente projetar considerando
apenas os valores estéticos – formais, funcionais e de
serventia de um produto. É também necessário, projetar a
forma das relações entre as diversas pessoas e, entre estas
pessoas e os produtos (MANZINI; VEZZOLI. 2008. p. 274).
Visto a importância de maior responsabilidade, o Comitê de Política
Ambiental do OCDE4
propõe a promoção do consumidor como agente ativo de
mercado, fazendo escolhas conscientes e comprometidas. Além disso, sugere
implementações que envolverão todos os agentes da sociedade, inclusive
esferas governamentais como parte de políticas públicas sociais. Ou seja, os
componentes que constituem um produto, não são mais projetados para serem
destinados a aterros ao final de suas vidas úteis. Surge uma mudança não
apenas nos produtos, mais sim no estilo e qualidade de vida.
Manzini e Vezzoli (2008, p. 275) concluem que um dos problemas de
uma economia de serviços é o seu custo. Mas, se o usuário participa com o
próprio tempo e com o seu próprio empenho, este custo tende a baixar. Nesta
perspectiva, pode-se imaginar uma evolução do papel do usuário: do usuário
passivo (consumidor tradicional), ao usuário parcialmente participante (self
service), ao usuário que traz recursos e capacidade (novos serviços).
Através das pesquisas unidas até aqui, consideramos diversos pontos
relevantes para o avanço do projeto. Dentre eles, a renovação de ideias, o
raciocínio da não viabilidade das atuais formas de utilização dos recursos
4
Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Disponível em
http://www.oecd.org/sti/consumer/34023696.pdf.
8
naturais e humanos, além de uma conscientização necessária de todos os
setores da sociedade para o cultivo de um planeta saudável.
4 RENOVO5
Com base nas pesquisas realizadas para o desenvolvimento do texto do
objeto de estudo, surge a ideia de renúncia aos meios insustentáveis de
consumo: uma ruptura e uma reforma nos modos de ser, pensar e agir da
sociedade em relação ao planeta, por uma questão de sobrevivência.
A partir destes pontos e voltando o olhar para a própria natureza,
identificamos que, ligada à proposta de renovação, da própria conformação de
uma árvore nasce o conceito de criação: Renovo.
Fig. 2: Imagens de um renovo sobre toco de árvore com seus anéis transversais.
Fonte: http://pt.dreamstime.com/foto-de-stock-royalty-free-corte-detalhes-do-tronco-
image2059155
Ferreira (1993, p. 473) denomina “renovo” como “ramo novo que nasce
do toco da árvore recém-cortada e dá origem a uma nova árvore” que busca
por novos caminhos e ocupa novos espaços – por meio de seus galhos – em
direções distintas à da árvore da qual brotou.
5
Lê-se “renôvo”, não sendo do verbo renovar, mas um substantivo masculino (FERREIRA.
1993, p. 473).
9
A ideia desdobrou-se em conceito de criação a partir do instante em que
foi percebida a resistência, no sentido de que a natureza persiste como pode
para permanecer viva e que isso compõe um ciclo: da vida à destruição, e em
seguida, à vida novamente, apesar da maneira como vem sendo manipulada
pelo homem.
5 PAINEL SEMÂNTICO
O painel semântico possui forma circular, com imagens seguindo em
espiral para enfatizar – partindo do centro – desde a degradação do homem e
do meio ambiente, do consumismo e desperdício de recursos, até ideia de
sustentabilidade e resistência que são apresentados no projeto a partir de seu
tema até o conceito de criação.
Fig. 3: Imagem do painel semântico.
10
6 PÚBLICO ALVO
A pesquisa do público alvo foi feita através da aplicação de
questionários, em seguida efetuada uma filtragem destes, onde perguntas e
respostas foram selecionadas se adequando a um grupo especifico. A partir
daí, segue a fase qualitativa, contendo 12 entrevistas com mulheres as quais
se adequavam às enquetes filtradas a fim de aprofundar as observações e
conhecimentos sobre o público.
Deste modo, definimos o público-alvo como mulheres casadas ou que
moram com parceiros e que estejam iniciando a constituição de uma família.
No trabalho, prezam primeiramente por sua independência financeira e, em sua
maioria, estão satisfeitas com o mesmo. Neste setor utilizam a tecnologia, além
do uso para o lazer e informação. Mantendo-se conectadas por meio de
computadores e celulares, visam à funcionalidade e facilidades como
prioridade nestes aparelhos, como conta Sara Bonates em relação à compra
de comidas orgânicas: “Opto por realizar compras pela internet pela facilidade
e pelo fato de não encontrar esse tipo de alimento onde moro”.
Essas mulheres se preocupam com a saúde mantendo uma alimentação
balanceada e optam pelo consumo de produtos integrais, sem corantes ou
conservantes, mas orgânicos, que tragam benefícios, assim como a prática de
exercícios físicos. Se houvessem melhores condições de transporte coletivo na
cidade, optariam por usá-lo mais vezes.
Além do cuidado com a saúde, a beleza também é indispensável. Para
isto, a frequência a salões de beleza e o cuidado diário com o uso de
cosméticos são essenciais. Como diz Marcia Brito, “passo protetor solar todos
os dias antes de sair de casa. Acho fundamental para ter uma boa pele em
longo prazo”.
Em relação à moda, caracterizam-se por ser um público aberto a novas
experimentações, pagando mais por uma peça de maior durabilidade. Ao se
vestirem procuram beleza e conforto, preocupando-se com a resistência e
qualidade.
11
Fig. 4: Imagens de algumas entrevistadas fotografadas pela equipe do grupo.
12
7 ELEMENTOS FORMAIS PROJETUAIS
Os elementos formais projetuais da coleção foram desenvolvidos a partir
da ideia de ciclo originado pelo renovo e adequando-se ao público alvo
pesquisado.
7.1 Cartela de Cores
Cinza Cru Marrom
19-0405 TC 12-0404 TC 19-0712 TC
Verde Verde Teaberry Vermelho
18-0515 TC 10-0419 TC 18-756 TC 10-1862 TC
A cartela escolhida é composta por cores que ilustram a ideia do ciclo de
evolução em direção à sustentabilidade – ciclo do renovo – que utiliza,
respectivamente, cores opacas, escuras, fortes, com a exceção de uma clara.
Tudo isto, remete às ações de sacrifício e limpeza necessárias de adesão por
parte da sociedade.
7.2 Estudos de Formas
O renovo tem uma ligação direta à proposta de renovação e a busca por
novos caminhos que, no estudo de formas, é representado por linhas unidas a
princípio, mas que se ramificam seguindo direções distintas como ilustra a
figura 5. Além disso, no tronco cortado é possível observar anéis de secção
transversal, mostrando as fases de crescimento que teve a árvore (figura 7).
Dessa forma, chegamos à figura circular como outro princípio para o estudo de
formas (Figura 6). Além de representar a ideia de crescimento do tronco, o
círculo também ilustra no projeto a ideia renovação.
13
Há uma predominância maior de detalhes na parte inferior dos looks da
coleção que, em sua maioria, traz silhuetas com formas sinuosas, baseadas na
ampulheta.
Fig. 5: Imagem ilustra uma raiz com suas ramificações seguindo diversos caminhos.
Fonte: http://www.intervencaomenali.blogspot.com.br/
Fig. 6: Ilustrações dos estudos de formas realizados.
14
Fig. 7: Anéis de secção transversal do tronco.
Fonte: http://www.pt.dreamstime.com
7.3 Estudos de Materiais / Cartela de Tecidos
Os tecidos selecionados para a confecção dos quatro looks são sarja
(100% algodão) e a malha (93% viscose e 7% elastano).
Com referência ao conceito de criação Renovo, a sarja oferece rigidez,
expressando a força da natureza nele encontrado, além da sustentação
necessária para o trabalho de design de superfície. Para a construção deste,
foram utilizados resíduos têxteis de malha encontrados em oficina de
confecção de vestuário. Além não ser necessário seu tingimento e da questão
de reaproveitamento, esta matéria-prima é usada por ser maleável e,
conseguiríamos assim, executar o design de superfície proposto.
Fig. 8: Sarja
Fig. 9: Resíduos têxteis de malhas
15
7.4Design de superfície
Como visto anteriormente, o design de superfície (Figura 10), foi
confeccionado com tiras de resíduos têxteis de malhas que, trançados
irregularmente, ramificam-se em formas orgânicas, o qual leva a ideia de
caminhos, raízes atingindo diferentes dimensões sobre as peças, trazendo a
ideia de força, renovação, vida. A sarja que o sustenta é tomado por estes
trançados e se transforma a partir disto.
Fig. 10: Design de superfície realizado pelos integrantes do grupo.
16
7.5 Croquis
Seguem abaixo ilustrações de desenhos da coleção do projeto
interdisciplinar do grupo.
Fig. 11: Ilustrações da coleção composta por dez looks.
17
7.6 Peças confeccionadas
Dentre os dez croquis, quatro foram escolhidos para serem
confeccionados, seguindo a ordem ilustrada abaixo:
Fig. 12: Ilustrações dos quatro looks confeccionados.
8 AÇÃO SOCIAL – GERAR INFORMAÇÃO AO CONSUMIDOR /
LOGÍSTICA SUSTENTÁVEL / GOLAS MULTIUSO
Uma das etapas da ação social consiste na criação de um blog
encontrado dentro do site da marca contendo diversas informações ao
consumidor para mantê-lo informado sobre as razões da marca, suas visões e
princípios, além de informá-lo sobre determinados assuntos, tais como:
alimentos saudáveis, como manter uma boa saúde, progressos nesta mesma
área e como agir de forma sustentável no dia a dia.
18
Pensamos em expor e divulgar a coleção, explicando os processos
pelos quais passou para se considerar sustentável e porque isso é vantajoso
tanto para o cliente, como para o planeta.
Nossa marca terá um grupo de centros de distribuição amplo, dividido
em diversas regiões com o intuito de reduzir alguma porcentagem em relação
ao consumo de combustíveis para transporte, resultando também em um envio
mais veloz do produto adquirido ao cliente.
Haverá um controle de tempo onde o consumidor poderá escolher ir a
um dos postos de coleta ou ao centro de distribuição mais próximo para
depositar sua peça de roupa quando não mais desejar usá-la, a fim de ser
reutilizada pela marca em uma linha exclusiva com preços mais baratos e
design diferenciado.
Fig. 13: Imagem do blog informativo da marca.
19
As Golas Multiuso da coleção também consistem como ação social, uma
vez que estas são construídas com resíduos têxteis de malha, recolhidos de
uma confecção e que seriam descartados. Unidas à ideia de reutilização de
materiais, estas golas são removíveis e transformam-se em outras peças
como: mangas, blusas, coletes e o que mais a imaginação do usuário
conseguir edificar, constituindo um envolvimento maior do mesmo com suas
peças de roupas.
9 ENSAIO FOTOGRÁFICO
O ensaio fotográfico foi realizado no Parque Burle Marx, na cidade de
São Paulo e a escolha pelo local vem do próprio caminhar do projeto
interdisciplinar que, desde o início, tratou de expor em seus estudos os
impactos negativos e possibilidades de alternativas para a solução dos
mesmos que, consequentemente, dá origem às ideias de renovação e
resistência para garantir a vida.
O parque possui projeto paisagístico de Burle Marx, conta com 138 mil
m² e com a resistência, já que se trata de um dos últimos resquícios de Mata
Atlântica preservados na cidade.6
6
Disponível em http://www.parqueburlemarx.com.br/. Acessado em 22 de maio de 2013.
20
Fig. 15: Fotos do ensaio ocorrido no Parque Burle Marx das quatro peças
confeccionadas.
Fotógrafa: Renata Paz
21
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos estudos realizados a respeito de Moda e Sustentabilidade,
Ações Econômicas e, principalmente, sobre Estratégias de Consumo
Consciente, concluímos que a sociedade tem grande influência sob o cenário
atual de estímulo aos excessos, consumismo e desperdício. Mas gerando
conhecimento de suas consequências, esta mesma sociedade obterá senso-
crítico que a levará ao anseio por mudanças e, logo após, à ação propriamente
dita de aderir soluções que são apresentadas por teóricos e às tantas outras já
existentes, para barrar danos ao meio ambiente e à humanidade.
Quanto à coleção, percebemos que para produzi-la de maneira
sustentável, adequando às pesquisas referenciais e ao público alvo – onde é
perceptível a mudança para uma visão de vida mais saudável, foi importante
gerar todo um processo de experimentações que envolveram a escolha,
misturas e reuso das matérias-primas e o não beneficiamento de tecidos ou
peças. Encontramos nestas algumas dificuldades em aplicar o design de
superfície, pelo fato de tratar-se de um trabalho manual minucioso que nos
demandou bastante tempo e paciência, porém, nos programamos para que
cada passo fosse cumprido de acordo com um cronograma.
Desde o início houve a preocupação com a identidade visual do projeto.
Neste caso, também analisamos vários locais para a produção do ensaio
fotográfico: grandes centros comerciais, ruínas tomadas por vegetação etc. Por
fim, optamos pelo Parque Burle Marx que nos remeteu ao sentimento de
resistência manifestado igualmente no conceito de criação.
Percebemos a importância das disciplinas oferecidas durante o
semestre letivo (Moulage, Fotografia e Vídeo e Empreendedorismo e
Sustentabilidade) e cada uma contribuiu oferecendo maior visibilidade sobre
possíveis soluções nas diferentes etapas do projeto.
Finalizamos, satisfeitas por desenvolvê-lo da maneira como planejamos
e com a certeza que carregaremos a lição de que todos nós somos
responsáveis por nossos atos e consequências atuais e futuras no mundo. É
22
preciso agir e pensar em um todo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: Sobre a fragilidade dos laços humanos.
Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
BERLIM, Lilyam. Moda e sustentabilidade: uma reflexão necessária. São
Paulo: Estação das Letras e Cores, 2012.
CHIAVENATO, Júlio José. Ética globalizada e sociedade de consumo. São
Paulo: Editora Moderna, 2004.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua
portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
GROSE, Lynda; FLETCHER, Kate. Moda e sustentabilidade: Design para
mudanças. São Paulo: Editora SENAC, 2011.
KAZAZIAN, Thierry. Haverá a idade das coisas leves. São Paulo: Editora
SENAC, 2005.
LIPOVETSKY. O império do efêmero. São Paulo: Companhia das Letras,
2007.
MANZINI, Enzo; VEZZOLI, Carlo. O desenvolvimento de produtos
sustentáveis: Os requisitos ambientais dos produtos industriais. São
Paulo: Editora USP, 1998.
MUNDO DAS TRIBOS. Disponível em: http://www.
mundosdastribos.com/consumo-consciente-o-que-e-como-praticar.html.
Acessado em: 17 de maio de 2013.
23
O.C.D.E. Recomendações do conselho relativo às linhas e diretrizes.
Disponível em: http://www.oecd.org/sti/consumer/34023696.pdf. Acessado em:
2 de maio 2013.
PIRES, Dorotéia Baduy (Org.). Design de moda: olhares diversos. Cenário
do design para uma moda sustentável. Barueri: Estação das Letras e Cores
Editora, 2008.

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Renovo

  • 1. 1 Renovo Sprout Ana Cláudia Nalini; Barbara Cuevas; Dandara Sevilha; Laura Azevedo; Luiza Cervone; PriscylaBordoni; Viviane Zuim1 Orientador: Prof.Ms. Geraldo Coelho Lima Júnior RESUMO Este projeto faz uma breve reflexão sobre o consumismo que leva ao desequilíbrio ambiental. Estudos de como consumir conscientemente são apontados neste artigo, resultando no Renovo – conceito de criação e pesquisas de campo foram efetuadas para auxiliar no diagnóstico de um público alvo. O projeto é composto por dez looks, sendo quatro deles confeccionados e expostos em um ensaio fotográfico. Palavras-Chave: Design de moda; Sustentabilidade; ações econômicas; consumo consciente; renovo. ABSTRACT This project is a brief reflection about the over consumption that leads to environmental imbalance, consequently a study on how to consume consciously is discussed in this article. Sprout is used as concept creation. Surveys field were conducted to help in the results of an audience. The project consists of ten looks, four of them made and seen in a photo shoot. Keywords: Fashion design, sustainability; economic action; conscious consumption; sprout. INTRODUÇÃO Os textos que seguem neste artigo, ilustram a trajetória do projeto interdisciplinar que conta com o tema Design de Moda e Sustentabilidade, onde 1 Alunas do 5° semestre do curso de graduação Design de Moda, da Universidade Anhembi Morumbi. Endereços eletrônicos: aninha_clau27@hotmail.com; barbara.cuevas@hotmail.com; laure_nha@hotmail.com; luizacervone@hotmail.com; pri_bordoni@hotmail.com; vigozuim@gmail.com.
  • 2. 2 foram realizados estudos das características, da dicotomia formada entre os dois contextos e de sugestões para cessar os danos causados ao meio ambiente e ao homem. Ações Econômicas são escolhidas como subtema, que trata não apenas dos gastos financeiros para a produção de moda atualmente, mas dos gastos e desperdício de recursos naturais esgotáveis. Ao longo de pesquisas referenciais, chegou-se à ideia de Estratégia de Consumo Consciente como objeto de estudo, reforçando a necessidade da redução do consumo e, que isso ocorre quando a sociedade assimila os fatos e se responsabiliza contribuindo como agente transformador. As pesquisas referências do tema, subtema e objeto de estudo fizeram emergir o Renovo como conceito de criação, remetendo à resistência, força e alternativas que darão origem aos elementos formais projetuais. Além dos croquis desta coleção, contendo dez looks, um ensaio fotográfico foi produzido seguindo as informações obtidas durante todas as etapas do projeto e um documentário para apresentar todo o processo desde a sua concepção até às considerações finais. 1 DESIGN DE MODA E SUSTENTABILIDADE Voltando os olhares para o passado, Lipovetsky (2007, p. 69) descreve que durante a segunda metade do século XIX a moda, no sentido moderno do termo, se instalou e daquele período até a década de 1960, o sistema começa a fender-se e a readaptar-se parcialmente, mesmo com todas as indústrias permanecendo subordinados às leis da Alta Costura. Com isso, estilistas como Chanel apresentam formas passíveis de cópia que permitiam fácil reprodução em série. A moda do cem anos não só aproximou as maneiras de vestir- se, como difundiu em todas as classes o gosto das novidades, fez das frivolidades uma aspiração de massa. O ridículo na era democrática estará menos na imitação de moda do que no fora de moda (LIPOVETSKY. 2007. p. 78).
  • 3. 3 Com a democratização apresentada, é possível pensar em produção de roupas em grande escala para comportar uma demanda cada vez maior de pessoas sedentas por novidades e talvez por uma autoafirmação para caracterizá-las como indivíduos pertencentes a uma tribo. Para Berlim (2012, p. 32), a roupa é o maior representante da moda tanto material quanto imaterial. Não haveria o setor da moda sem o setor têxtil que ocupa o terceiro lugar da economia mundial e também é o que mais polui há mais de dois séculos. Neste contexto, as questões sobre como ser sustentável abrangem desde as condições no trabalho, como o uso de produtos químicos na indústria e o consumo exagerado. Então como debater e, principalmente, como aplicar as teorias desses estudos à prática? A produção de têxteis foi uma das atividades mais poluidoras do último século e foi tema de várias pesquisas que recaíram em especial sobre seus principais impactos: a contaminação de águas e do ar. Além de demandar muita energia na produção e transporte de seus produtos, a indústria polui o ar com emissões de gases de efeito estufa; as águas com as químicas usadas nos beneficiamentos, tingimentos e irrigação de plantações; e o solo, com pesticidas de alta toxidade. Além disso, os resíduos que permanecem nos produtos podem contaminar quem os usa (BERLIM. 2012. p. 33). Manzini e Vezzoli (1998, p. 289) complementam o raciocínio de que se deve considerar que o impacto ambiental não é determinado por um produto e menos ainda por um material que o compõe, mas pelo o conjunto dos processos que o acompanham durante todo o seu ciclo. É necessário, portanto, preparar e sistematizar um modelo do ciclo de vida do produto como um todo, considerando desde a extração das matérias-primas até à sua eliminação final. Fundamentados no compartilhamento e emotional design, existe a possibilidade de cenários para que os produtos de moda tenham um ciclo de vida mais longo, o que diminuiria o consumo de novos produtos que, por sua vez, utilizariam menos recursos para sua produção. Estes têm como foco a maior durabilidade do produto e maior identificação do consumidor com os
  • 4. 4 mesmos, ou seja, quanto maior seu prazo de durabilidade, menor a sua obsolescência. A empresa não ofereceria aos seus consumidores apenas o produto, mas também a prestação de serviços, como por exemplo, o aluguel de roupas e manutenção delas agregadas aos valores de luxo, distinção e excelência. Fletcher (2011, p. 40) indica novos enfoques para a questão da obsolescência com o slowfashion, o design participativo e o open-source design2 . A questão dos materiais utilizados para a produção de moda tem sido uma grande preocupação e, segundo Manzini e o próprio Vezzoli (1998, p. 150), um material, mais que outro, pode ter um impacto ambiental maior na fase de produção e na fase de eliminação, mas pode fazer o produto perdurar por um período maior e de maneira mais eficiente. Se, por exemplo, um produto tem uma vida útil maior, não será necessário utilizar novos materiais para serem transformados em produtos, isto é, confeccioná-los, transportá-los e descartá-los, com toda a respectiva carga de impacto ambiental que o acompanha. Tais problemas e soluções sobre sustentabilidade sugerem ações sociais, funcionais e econômicas, que interligadas trazem à tona o que foi, o que é e o que poderá ser criado para a melhoria da qualidade de vida do planeta. 2 AÇÕES ECONÔMICAS Ao discutir o pilar econômico no setor têxtil e da moda, é possível perceber que muitos fatores que comprometem o equilíbrio do meio ambiente estão ligados aos gastos exagerados que precisam ser revistos. Estes gastos são observados desde o cultivo de matérias-primas, consumo de energia para 2 Segundo Fletcher (2011, p. 40), Slow Fashion ou Slow Design é uma abordagem do design e da moda e implica que designers, comerciantes, varejistas e consumidores considerem a velocidade da natureza para produzir os recursos naturais usados na produção têxtil e a comparar com a velocidade com que são consumidos e descartados. A autora também comenta sobre o design participativo que considera estabelecer uma relação muito mais próxima do consumidor com o produto, unindo designers e usuários. Por sua vez, o Open- Source Design, parte da premissa do compartilhamento de informações e conhecimentos em escala global (via internet).
  • 5. 5 a produção, transporte e consumo. Ao comprar uma camiseta de algodão tipo T- shirt, por exemplo, o individuo está consumindo 1,7 kg de combustíveis fósseis, gerando 450g de resíduos sólidos resultantes da fabricação e emitindo 4 kg de CO² na atmosfera. Esse gasto se multiplica quando levamos em consideração a energia necessária para lavar e passar essa camiseta durante sua vida útil (RODRÍGUEZ, 2006 apud BERLIM, 2012, p. 116). Por sua vez, Kazazian (2005, p. 27), acredita que há muitos freios no sistema macroeconômico, muito caos e muita inércia, para não ver nesse simples raciocínio a melhor alternativa: criar uma unidade de tempo, de lugar e de ação em uma escala microeconômica, a única que nos permite intervir de forma eficiente. O autor (2005, p. 43), completa que integrar a duração na própria gestão de suas necessidades em matérias-primas, leva a empresa a uma redefinição de sua oferta. Passar de uma oferta de produtos a uma oferta de serviços a leva diversificar suas atividades e seus mercados, e a estabelecer uma nova relação com seus clientes pela atenção e pelo acompanhamento permanente das necessidades deles. O autor admite a existência de uma noção de valor no sentido de uma “importância” da natureza que deveria ser considerada na economia, porém, ela é muito pouco integrada. Assim, os efeitos do desaparecimento – às vezes irreversível – dos recursos não aparecem no custo líquido dos produtos e serviços. Com isso, pouco adiantaria produzir menos, mas de outras formas: artefatos eficientes, de maior durabilidade e melhor qualidade, viabilizando ecologia e economia simultaneamente. Ainda nesse mesmo raciocínio, Kazazian (2005, p. 64) acredita ser necessário fazer mais com menos. Essa concepção passa por uma redução na fonte, que minimiza o peso e/ou volume de um produto, garantindo suas qualidades técnicas e sua aceitação pelo usuário. Esse processo permite reduzir também o impacto sobre o meio ambiente e leva ao conceito de desmaterialização – estratégia de consumo consciente – que tem como objetivo principal descasar o crescimento econômico de exploração de matérias-primas, isto é, tornar o primeiro menos dependente da segunda.
  • 6. 6 O texto a seguir apresenta um cenário sobre esta ideia e trará maiores detalhes e soluções para aplicá-la na atualidade. 3 ESTRATÉGIA DE CONSUMO CONSCIENTE A falência dos recursos naturais e os problemas decorrentes da poluição reforçam a necessidade de redução drástica do consumo de recursos naturais e energia que são motivadas pela atual sociedade de série marcada pela desvalorização e rápido descarte dos produtos. Como alternativa para práticas sustentáveis, a desmaterialização do consumo visa uma cultura do consumidor socialmente justo, solidário e participativo no direcionamento de ações coletivas, baseada em valores éticos3 . Fig. 1: Imagem abstrata referente ao consumo consciente, justo, solidário e participativo. Ações coletivas. Fonte: http://www.mundosdastribos.com/consumo-consciente-o-que-e-como- praticar.html De acordo com Manzini e Vezzoli (2008, p. 274), um dos caminhos para 3 Disponível em “Reflexão sobre o estilo de vida e o padrão de consumo numa sociedade sustentável”.
  • 7. 7 que a desmaterialização se torne viável, também é colocar em prática o design estratégico, ou design de serviços, o qual deve levar em conta, não somente o produto, mas o tempo, o espaço e o contexto sócio cultural onde esse serviço será inserido. Quando falamos em design estratégico, propomos superar o paradigma do produto, ou seja, do projeto centralizado unicamente em um bem físico. Isto é, propomos uma mudança do conteúdo de projeto com a extensão que vai do produto ao serviço e deste ao sistema de comunicação. Nesta perspectiva, não é suficiente projetar considerando apenas os valores estéticos – formais, funcionais e de serventia de um produto. É também necessário, projetar a forma das relações entre as diversas pessoas e, entre estas pessoas e os produtos (MANZINI; VEZZOLI. 2008. p. 274). Visto a importância de maior responsabilidade, o Comitê de Política Ambiental do OCDE4 propõe a promoção do consumidor como agente ativo de mercado, fazendo escolhas conscientes e comprometidas. Além disso, sugere implementações que envolverão todos os agentes da sociedade, inclusive esferas governamentais como parte de políticas públicas sociais. Ou seja, os componentes que constituem um produto, não são mais projetados para serem destinados a aterros ao final de suas vidas úteis. Surge uma mudança não apenas nos produtos, mais sim no estilo e qualidade de vida. Manzini e Vezzoli (2008, p. 275) concluem que um dos problemas de uma economia de serviços é o seu custo. Mas, se o usuário participa com o próprio tempo e com o seu próprio empenho, este custo tende a baixar. Nesta perspectiva, pode-se imaginar uma evolução do papel do usuário: do usuário passivo (consumidor tradicional), ao usuário parcialmente participante (self service), ao usuário que traz recursos e capacidade (novos serviços). Através das pesquisas unidas até aqui, consideramos diversos pontos relevantes para o avanço do projeto. Dentre eles, a renovação de ideias, o raciocínio da não viabilidade das atuais formas de utilização dos recursos 4 Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Disponível em http://www.oecd.org/sti/consumer/34023696.pdf.
  • 8. 8 naturais e humanos, além de uma conscientização necessária de todos os setores da sociedade para o cultivo de um planeta saudável. 4 RENOVO5 Com base nas pesquisas realizadas para o desenvolvimento do texto do objeto de estudo, surge a ideia de renúncia aos meios insustentáveis de consumo: uma ruptura e uma reforma nos modos de ser, pensar e agir da sociedade em relação ao planeta, por uma questão de sobrevivência. A partir destes pontos e voltando o olhar para a própria natureza, identificamos que, ligada à proposta de renovação, da própria conformação de uma árvore nasce o conceito de criação: Renovo. Fig. 2: Imagens de um renovo sobre toco de árvore com seus anéis transversais. Fonte: http://pt.dreamstime.com/foto-de-stock-royalty-free-corte-detalhes-do-tronco- image2059155 Ferreira (1993, p. 473) denomina “renovo” como “ramo novo que nasce do toco da árvore recém-cortada e dá origem a uma nova árvore” que busca por novos caminhos e ocupa novos espaços – por meio de seus galhos – em direções distintas à da árvore da qual brotou. 5 Lê-se “renôvo”, não sendo do verbo renovar, mas um substantivo masculino (FERREIRA. 1993, p. 473).
  • 9. 9 A ideia desdobrou-se em conceito de criação a partir do instante em que foi percebida a resistência, no sentido de que a natureza persiste como pode para permanecer viva e que isso compõe um ciclo: da vida à destruição, e em seguida, à vida novamente, apesar da maneira como vem sendo manipulada pelo homem. 5 PAINEL SEMÂNTICO O painel semântico possui forma circular, com imagens seguindo em espiral para enfatizar – partindo do centro – desde a degradação do homem e do meio ambiente, do consumismo e desperdício de recursos, até ideia de sustentabilidade e resistência que são apresentados no projeto a partir de seu tema até o conceito de criação. Fig. 3: Imagem do painel semântico.
  • 10. 10 6 PÚBLICO ALVO A pesquisa do público alvo foi feita através da aplicação de questionários, em seguida efetuada uma filtragem destes, onde perguntas e respostas foram selecionadas se adequando a um grupo especifico. A partir daí, segue a fase qualitativa, contendo 12 entrevistas com mulheres as quais se adequavam às enquetes filtradas a fim de aprofundar as observações e conhecimentos sobre o público. Deste modo, definimos o público-alvo como mulheres casadas ou que moram com parceiros e que estejam iniciando a constituição de uma família. No trabalho, prezam primeiramente por sua independência financeira e, em sua maioria, estão satisfeitas com o mesmo. Neste setor utilizam a tecnologia, além do uso para o lazer e informação. Mantendo-se conectadas por meio de computadores e celulares, visam à funcionalidade e facilidades como prioridade nestes aparelhos, como conta Sara Bonates em relação à compra de comidas orgânicas: “Opto por realizar compras pela internet pela facilidade e pelo fato de não encontrar esse tipo de alimento onde moro”. Essas mulheres se preocupam com a saúde mantendo uma alimentação balanceada e optam pelo consumo de produtos integrais, sem corantes ou conservantes, mas orgânicos, que tragam benefícios, assim como a prática de exercícios físicos. Se houvessem melhores condições de transporte coletivo na cidade, optariam por usá-lo mais vezes. Além do cuidado com a saúde, a beleza também é indispensável. Para isto, a frequência a salões de beleza e o cuidado diário com o uso de cosméticos são essenciais. Como diz Marcia Brito, “passo protetor solar todos os dias antes de sair de casa. Acho fundamental para ter uma boa pele em longo prazo”. Em relação à moda, caracterizam-se por ser um público aberto a novas experimentações, pagando mais por uma peça de maior durabilidade. Ao se vestirem procuram beleza e conforto, preocupando-se com a resistência e qualidade.
  • 11. 11 Fig. 4: Imagens de algumas entrevistadas fotografadas pela equipe do grupo.
  • 12. 12 7 ELEMENTOS FORMAIS PROJETUAIS Os elementos formais projetuais da coleção foram desenvolvidos a partir da ideia de ciclo originado pelo renovo e adequando-se ao público alvo pesquisado. 7.1 Cartela de Cores Cinza Cru Marrom 19-0405 TC 12-0404 TC 19-0712 TC Verde Verde Teaberry Vermelho 18-0515 TC 10-0419 TC 18-756 TC 10-1862 TC A cartela escolhida é composta por cores que ilustram a ideia do ciclo de evolução em direção à sustentabilidade – ciclo do renovo – que utiliza, respectivamente, cores opacas, escuras, fortes, com a exceção de uma clara. Tudo isto, remete às ações de sacrifício e limpeza necessárias de adesão por parte da sociedade. 7.2 Estudos de Formas O renovo tem uma ligação direta à proposta de renovação e a busca por novos caminhos que, no estudo de formas, é representado por linhas unidas a princípio, mas que se ramificam seguindo direções distintas como ilustra a figura 5. Além disso, no tronco cortado é possível observar anéis de secção transversal, mostrando as fases de crescimento que teve a árvore (figura 7). Dessa forma, chegamos à figura circular como outro princípio para o estudo de formas (Figura 6). Além de representar a ideia de crescimento do tronco, o círculo também ilustra no projeto a ideia renovação.
  • 13. 13 Há uma predominância maior de detalhes na parte inferior dos looks da coleção que, em sua maioria, traz silhuetas com formas sinuosas, baseadas na ampulheta. Fig. 5: Imagem ilustra uma raiz com suas ramificações seguindo diversos caminhos. Fonte: http://www.intervencaomenali.blogspot.com.br/ Fig. 6: Ilustrações dos estudos de formas realizados.
  • 14. 14 Fig. 7: Anéis de secção transversal do tronco. Fonte: http://www.pt.dreamstime.com 7.3 Estudos de Materiais / Cartela de Tecidos Os tecidos selecionados para a confecção dos quatro looks são sarja (100% algodão) e a malha (93% viscose e 7% elastano). Com referência ao conceito de criação Renovo, a sarja oferece rigidez, expressando a força da natureza nele encontrado, além da sustentação necessária para o trabalho de design de superfície. Para a construção deste, foram utilizados resíduos têxteis de malha encontrados em oficina de confecção de vestuário. Além não ser necessário seu tingimento e da questão de reaproveitamento, esta matéria-prima é usada por ser maleável e, conseguiríamos assim, executar o design de superfície proposto. Fig. 8: Sarja Fig. 9: Resíduos têxteis de malhas
  • 15. 15 7.4Design de superfície Como visto anteriormente, o design de superfície (Figura 10), foi confeccionado com tiras de resíduos têxteis de malhas que, trançados irregularmente, ramificam-se em formas orgânicas, o qual leva a ideia de caminhos, raízes atingindo diferentes dimensões sobre as peças, trazendo a ideia de força, renovação, vida. A sarja que o sustenta é tomado por estes trançados e se transforma a partir disto. Fig. 10: Design de superfície realizado pelos integrantes do grupo.
  • 16. 16 7.5 Croquis Seguem abaixo ilustrações de desenhos da coleção do projeto interdisciplinar do grupo. Fig. 11: Ilustrações da coleção composta por dez looks.
  • 17. 17 7.6 Peças confeccionadas Dentre os dez croquis, quatro foram escolhidos para serem confeccionados, seguindo a ordem ilustrada abaixo: Fig. 12: Ilustrações dos quatro looks confeccionados. 8 AÇÃO SOCIAL – GERAR INFORMAÇÃO AO CONSUMIDOR / LOGÍSTICA SUSTENTÁVEL / GOLAS MULTIUSO Uma das etapas da ação social consiste na criação de um blog encontrado dentro do site da marca contendo diversas informações ao consumidor para mantê-lo informado sobre as razões da marca, suas visões e princípios, além de informá-lo sobre determinados assuntos, tais como: alimentos saudáveis, como manter uma boa saúde, progressos nesta mesma área e como agir de forma sustentável no dia a dia.
  • 18. 18 Pensamos em expor e divulgar a coleção, explicando os processos pelos quais passou para se considerar sustentável e porque isso é vantajoso tanto para o cliente, como para o planeta. Nossa marca terá um grupo de centros de distribuição amplo, dividido em diversas regiões com o intuito de reduzir alguma porcentagem em relação ao consumo de combustíveis para transporte, resultando também em um envio mais veloz do produto adquirido ao cliente. Haverá um controle de tempo onde o consumidor poderá escolher ir a um dos postos de coleta ou ao centro de distribuição mais próximo para depositar sua peça de roupa quando não mais desejar usá-la, a fim de ser reutilizada pela marca em uma linha exclusiva com preços mais baratos e design diferenciado. Fig. 13: Imagem do blog informativo da marca.
  • 19. 19 As Golas Multiuso da coleção também consistem como ação social, uma vez que estas são construídas com resíduos têxteis de malha, recolhidos de uma confecção e que seriam descartados. Unidas à ideia de reutilização de materiais, estas golas são removíveis e transformam-se em outras peças como: mangas, blusas, coletes e o que mais a imaginação do usuário conseguir edificar, constituindo um envolvimento maior do mesmo com suas peças de roupas. 9 ENSAIO FOTOGRÁFICO O ensaio fotográfico foi realizado no Parque Burle Marx, na cidade de São Paulo e a escolha pelo local vem do próprio caminhar do projeto interdisciplinar que, desde o início, tratou de expor em seus estudos os impactos negativos e possibilidades de alternativas para a solução dos mesmos que, consequentemente, dá origem às ideias de renovação e resistência para garantir a vida. O parque possui projeto paisagístico de Burle Marx, conta com 138 mil m² e com a resistência, já que se trata de um dos últimos resquícios de Mata Atlântica preservados na cidade.6 6 Disponível em http://www.parqueburlemarx.com.br/. Acessado em 22 de maio de 2013.
  • 20. 20 Fig. 15: Fotos do ensaio ocorrido no Parque Burle Marx das quatro peças confeccionadas. Fotógrafa: Renata Paz
  • 21. 21 CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir dos estudos realizados a respeito de Moda e Sustentabilidade, Ações Econômicas e, principalmente, sobre Estratégias de Consumo Consciente, concluímos que a sociedade tem grande influência sob o cenário atual de estímulo aos excessos, consumismo e desperdício. Mas gerando conhecimento de suas consequências, esta mesma sociedade obterá senso- crítico que a levará ao anseio por mudanças e, logo após, à ação propriamente dita de aderir soluções que são apresentadas por teóricos e às tantas outras já existentes, para barrar danos ao meio ambiente e à humanidade. Quanto à coleção, percebemos que para produzi-la de maneira sustentável, adequando às pesquisas referenciais e ao público alvo – onde é perceptível a mudança para uma visão de vida mais saudável, foi importante gerar todo um processo de experimentações que envolveram a escolha, misturas e reuso das matérias-primas e o não beneficiamento de tecidos ou peças. Encontramos nestas algumas dificuldades em aplicar o design de superfície, pelo fato de tratar-se de um trabalho manual minucioso que nos demandou bastante tempo e paciência, porém, nos programamos para que cada passo fosse cumprido de acordo com um cronograma. Desde o início houve a preocupação com a identidade visual do projeto. Neste caso, também analisamos vários locais para a produção do ensaio fotográfico: grandes centros comerciais, ruínas tomadas por vegetação etc. Por fim, optamos pelo Parque Burle Marx que nos remeteu ao sentimento de resistência manifestado igualmente no conceito de criação. Percebemos a importância das disciplinas oferecidas durante o semestre letivo (Moulage, Fotografia e Vídeo e Empreendedorismo e Sustentabilidade) e cada uma contribuiu oferecendo maior visibilidade sobre possíveis soluções nas diferentes etapas do projeto. Finalizamos, satisfeitas por desenvolvê-lo da maneira como planejamos e com a certeza que carregaremos a lição de que todos nós somos responsáveis por nossos atos e consequências atuais e futuras no mundo. É
  • 22. 22 preciso agir e pensar em um todo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: Sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Zahar, 2004. BERLIM, Lilyam. Moda e sustentabilidade: uma reflexão necessária. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2012. CHIAVENATO, Júlio José. Ética globalizada e sociedade de consumo. São Paulo: Editora Moderna, 2004. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. GROSE, Lynda; FLETCHER, Kate. Moda e sustentabilidade: Design para mudanças. São Paulo: Editora SENAC, 2011. KAZAZIAN, Thierry. Haverá a idade das coisas leves. São Paulo: Editora SENAC, 2005. LIPOVETSKY. O império do efêmero. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. MANZINI, Enzo; VEZZOLI, Carlo. O desenvolvimento de produtos sustentáveis: Os requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: Editora USP, 1998. MUNDO DAS TRIBOS. Disponível em: http://www. mundosdastribos.com/consumo-consciente-o-que-e-como-praticar.html. Acessado em: 17 de maio de 2013.
  • 23. 23 O.C.D.E. Recomendações do conselho relativo às linhas e diretrizes. Disponível em: http://www.oecd.org/sti/consumer/34023696.pdf. Acessado em: 2 de maio 2013. PIRES, Dorotéia Baduy (Org.). Design de moda: olhares diversos. Cenário do design para uma moda sustentável. Barueri: Estação das Letras e Cores Editora, 2008.