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Antecedentes da Semana de Arte Moderna
1.
2.
3. (...) o delineamento da perspectiva literária é de
interpenetrações temáticas. São repercussões
da poesia científica, da socialista, realista,
parnasiana, simbolista, conjuntamente com
heranças românticas, provenientes do século
XIX, simultaneamente com posições
inovadoras e divulgação de vanguardas
européias. (CASTELLO, 1999, pp. 17 e 18)
4. (...) a literatura aparece aí essencialmente como literatura de
permanência. Conserva e elabora os traços desenvolvidos depois
do Romantismo, sem dar origem a desenvolvimentos novos; e,
o que é mais, parece acomodar-se com prazer nesta
conservação. Como a fase 1880-1900 tinha sido, em
contraposição ao Romantismo, mais de busca de equilíbrio que
de ruptura, esta, que a acompanha sem ter o seu vigor, dá
quase impressão de estagnar-se. Uma literatura satisfeita, sem
angústia formal, sem rebelião nem abismos. (CANDIDO, 2000.
p. 113)
Nascidos entre 1880 e 1890, esses poetas, embora em sua maior
parte bebendo na fonte parnasiana, vão iniciar uma espécie de
relaxamento da disciplina escolástica, aceitando o ecletismo
como atitude estética e permitindo o aparecimento de algumas
figuras alheias ao enquadramento em grupos. (COUTINHO,
2002. p. 596)
5. Muito brilho literário, muito floreio verbal, e
pouca substância foram o resultado de querer
fazer literatura amena, desligada de sua
verdadeira significação: através da arte, atuar
como um fermento de inquietação. É certo que a
maioria desses escritores não tinha força para mais;
mas ainda os mais dotados prejudicaram-se por
esse equívoco. (MIGUEL-PEREIRA, 1957. p. 258.)
Os efeitos dessa fase revisionista podem ser
apreciados ainda no aparecimento de Os sertões,
com que Euclides da Cunha surpreende o País, e
no regionalismo que tem sua figura mais
expressiva em Simões Lopes Neto, para repontar,
adiante, com Monteiro Lobato que, em Urupês,
cria um tipo, o Jeca Tatu, de falsidade e
deformação inequívocas, mas cuja facilidade em
situar os quadros rurais lhe asseguram penetração
muito grande. (SODRÉ, 1967. p. 319)
6. Entre os bons romances da época, podem-se citar, ainda, textos
importantes de Lima Barreto, como Triste fim de Policarpo
Quaresma (1915), Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909), e
Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919). São destaques,
também, os contos de Monteiro Lobato, em Urupês (1918), e as
crônicas de João do Rio. Há ainda uma produção regionalista
que merece menção, como os Contos gauchescos, de Simões
Lopes Neto e Tropas e boiadas, de Hugo de Carvalho Ramos.
No Ceará, destaca-se Antônio Sales, com Aves de arribação
(1914), romance meio neorrealista e meio neonaturalista, cuja
trama amorosa se desenvolve numa cidade do interior do
Ceará. Muito escreveu também nesse período Rodolfo Teófilo,
romancista, contista, farmacêutico, historiador, político.
7. Na poesia, o panorama das duas primeiras
décadas do século XX não difere muito do que
ocorre na prosa de ficção. Há aí uma confluência
de neoparnasianos, simbolistas, realistas,
neoclássicos, e outros não-enquadrados. Os
grandes poetas parnasianos ― Alberto de Oliveira,
Olavo Bilac e Vicente de Carvalho ainda gozavam
de imenso prestígio, até que se tornaram ―
juntamente com Raimundo Correia e Francisca
Júlia ― alvo dos ataques dos modernistas aos que
eles chamavam passadistas.
Entre os simbolistas, Alphonsus de Guimaraens
continua em atividade, ao lado de nomes como
Emiliano Perneta, Dario Veloso, Félix Pacheco,
Mário Pederneiras, Hermes fontes e outros.
8.
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
― Eu faço versos como quem morre.
9. E Augusto dos Anjos? Nem parnasiano, nem
simbolista, verdadeiramente herdeiro
personalíssimo da poesia científico-filosófica que,
com a “realista”, precedeu o Parnasianismo. Sem
dúvida, no “monólogo de uma sombra” estaria a
“profissão de fé” do poeta: a essência de seu pensar a
condição humana em confronto com a natureza, onde
existe a alegria possível. Mas, captada e expressa pelo
homem através da arte, “consiste essencialmente” na
“mais alta expressão da dor estética”.
10. RETRÁTIL
Sou uma Sombra! Venho de outras eras,
Do cosmopolitismo das moneras...
Pólipo de recônditas reentrâncias,
Larva de caos telúrico, procedo
Da escuridão do cósmico segredo,
Da substância de todas as substâncias!
A simbiose das coisas me equilibra.
Em minha ignota mônada, ampla, vibra
A alma dos movimentos rotatórios...
E é de mim que decorrem, simultâneas,
A saúde das forças subterrâneas
E a morbidez dos seres ilusórios! [...]
11.
12. Nos anos que antecederam a Semana de Arte
Moderna de 1922, o Parnasianismo, carro-chefe da
poesia oficial, já apresentavam sinais de exaustão.
O Simbolismo, então apelidado de “novismo”, é
considerado difícil, místico, aristocrático em
demasia, e não mais tão novo.
Em 1912, Oswald de Andrade regressa da Europa,
onde havia conhecido o Manifesto Futurista, de
Marinetti, chamando-lhe a atenção o culto das
“palavras em liberdade”, e encanta-se com as
possibilidades que lhe abriam o verso livre, já que
se considerava incapaz de contar sílabas e
subordinar a poesia à métrica. Oswald se mantém
fiel a suas ideias, que são normalmente recusadas
por amigos e conhecidos.