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Alves, Silvio Dutra
Desagravo à Santidade de Deus / Silvio Dutra Alves.
1ª edição - Rio de Janeiro, 2021.
35p; 14,8 x 21 cm
1. Teologia. 2. Vida Cristã. I. Título
CDD 230
Se tudo na criação desde a dos anjos fosse uma
absoluta perfeição, sem que houvesse a
necessidade da intervenção de Jesus Cristo para a
restauração de todas as coisas, certamente a
glória de Deus não teria sido maior como ela se
tornou através da história da redenção, com
tantas manifestações da Sua misericórdia,
perdão, longanimidade, amor etc.
Com isto não afirmamos que tenha sido o próprio
Deus o autor da entrada do pecado na criação,
mas, certamente, ao tudo criar, quer no céu, quer
na terra, ele previu esta entrada, tendo feito uma
provisão completa por meio da qual Sua glória em
nada fosse diminuída ou afetada pela rebelião da
criatura, antes, que servisse para ser aumentada
conforme o plano que estabeleceu na Trindade,
antes mesmo da fundação do mundo.
O pecado foi efetivamente uma ofensa à
soberania, justiça e santidade de Deus, de forma
que a punição eterna dos transgressores seria
uma resposta adequada à exigência da justiça
divina, conforme sucedeu no caso dos anjos
rebeldes, mas no dos pecadores Deus não seria
apenas glorificado na punição eterna dos
impenitentes, mas proveria um meio de receber
uma maior glória na suspensão da punição
daqueles que se arrependessem. Mas, como
veremos adiante, isto não poderia ser feito sem
que houvesse uma satisfação da justiça que exige
a morte eterna do pecador, uma vez que o estado
2
de pecado é uma condição de ofensa de caráter
infinito e eterno para Deus. Havia assim, também,
a necessidade de um desagravo da soberania e
santidade divina que foi ofendida pelo pecado, e
não propriamente um desagravo da Sua glória,
porque como vimos antes, esta pode ser
promovida com a aplicação da punição ao
transgressor.
Mas se tudo fosse feito por Deus apenas em
termos de punição e condenação eternas, poderia
ficar para os anjos eleitos a falsa noção de que Ele
era implacável, frio, cruel, vingativo, sem dar
qualquer tipo de oportunidade àqueles que
pretendessem se arrepender de sua condição
pecaminosa, e se converterem a Ele com o
propósito de amá-lo, honrá-lo e servi-lo, mediante
uma estrita obediência à Sua vontade.
Mas, não se pense que Deus se revelou
longânimo, misericordioso, bondoso etc, por um
mero propósito de ter um aumento de glória ao
fazê-lo, mas porque tudo isto é inerente à sua
natureza divina, e dela flui em benefício de suas
criaturas que não pretendam permanecer nas
trevas e sob o domínio dos espíritos malignos,
mas que buscam andar na luz.
Ainda assim, haveria necessidade de todo um
trabalho de restauração da santidade nestes que
viessem a se arrepender, com a pretensão de
honrarem a santidade do Senhor, por serem eles
mesmos santos. E este encargo seria dado à graça
de Jesus pela operação do Espírito Santo.
3
Sem um novo nascimento do Espírito
(regeneração) não é possível se atender à
primeira petição que nosso Senhor apresentou na
oração do Pai Nosso: “Seja santificado o teu nome
assim na terra, como no céu”, ou seja, que
persigamos a santificação com vistas ao
atingimento daquela perfeição absoluta de
santidade, tal como ela existe no céu.
Tão vital é a nossa necessidade do Espírito Santo
para a geração de uma nova criatura em nós, bem
como amadurecê-la pelo processo da santificação
que Jesus veio a este mundo para que por sua
morte na cruz pudéssemos ser justificados por
Deus quanto ao pecado, de forma que
pudéssemos receber a promessa de habitação do
Espírito Santo em nós.
Tudo isto é claramente ensinado nas Escrituras,
para que possamos entender que temos em Jesus
a expiação da nossa culpa e no Espírito Santo a
formação de uma nova vida espiritual em nós.
Nosso Senhor se ofereceu como sacrifício e oferta
pelo pecado para vindicar a santidade da
divindade, para satisfazer a exigência da justiça
divina, e para honrar a Lei de Deus que havia sido
desonrada pelo pecado do homem. E somente
Alguém infinito como Ele poderia oferecer tal
sacrifício infinito e eterno para cobrir um mal
infinito e eterno que é o pecado. Por isso, já a
Abraão foi prometido que no seu descendente
que é Cristo, seriam benditas todas as nações da
Terra (Gál 3.16). E esta bênção seria realizada pelo
4
derramamento do Espírito Santo como um dom
sobre todos aqueles que creem. Mas, para que isto
fosse feito havia necessidade que este
descendente bendito consumasse a obra de
expiação da culpa do pecado, e da satisfação da
justiça de Deus e vindicação da Sua santidade, de
modo que apesar de por meio dela ter removido o
aguilhão da morte, que é a consequência imediata
de se ofender com o pecado a um Deus santo,
justo, bondoso, fiel, perfeito em todos os seus
atributos, todavia os benefícios desta obra
realizada por Jesus só podem ser aplicados
naqueles que desejam ser salvos e santificados
por meio da fé nele, porque não haveria qualquer
sentido lógico, prático e proveitoso em que Deus
justificasse a ímpios que não creem nele, não o
amam, e não desejam se santificar e guardar os
Seus mandamentos. Afinal, um dos principais
motivos de Jesus ter vindo a este mundo não foi o
de que pudéssemos receber o Espírito Santo para
sermos regenerados e santificados por ele? Mas
que para isto seria necessário antes, que a justiça
e a santidade de Deus fossem vindicados pelo
sacrifício que Jesus fez de si mesmo?
“sendo justificados gratuitamente, por sua graça,
mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a
quem Deus propôs, no seu sangue, como
propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua
justiça,” (Romanos 3.24,25)
Seria injusto se Deus sacrificasse o seu Filho que
não tinha pecado, e que abençoasse a pecadores
ímpios que são seus inimigos. Mas se não havia no
5
próprio Jesus qualquer razão legal para que
morresse, uma vez que era perfeitamente santo e
justo, todavia havia essa necessidade de que a
justiça e a santidade de Deus fossem de novo
honradas e vindicadas, e Deus fez isto visitando
todo o seu ódio contra o pecado em Seu próprio
Filho, e não haveria forma mais explícita de se
revelar aos anjos e a todas as criaturas debaixo do
céu o quanto ele detesta o pecado, e que o pecado
realmente gera a morte.
“Porquanto o que fora impossível à lei, no que
estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando
o seu próprio Filho em semelhança de carne
pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito,
condenou Deus, na carne, o pecado,” (Romanos
8.3)
“13 Cristo nos resgatou da maldição da lei,
fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar
(porque está escrito: Maldito todo aquele que for
pendurado em madeiro),
14 para que a bênção de Abraão chegasse aos
gentios, em Jesus Cristo, a fim de que
recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.” (Gál
3.13,14)
Assim, tendo Jesus feito a si mesmo maldição sem
que fosse de fato um maldito, os que creem
podem agora ser resgatados da maldição pela
identificação deles com a morte de Jesus, e por
esta aplicação da morte de Jesus a eles para serem
beneficiados com a remoção da culpa do pecado,
6
Deus se revela justo e justificador de todo aquele
que crê em Jesus, porque com isto atribui uma
razão justa e santa para aquela morte horrível na
cruz, para carregar sobre si a sentença devida ao
pecado de todos aqueles que viessem a crer nele.
Mas, ainda que nenhum pecador viesse a ser
beneficiado pela Sua morte expiatória, por causa
da incredulidade, todavia, a justiça e santidade de
Deus teriam sido plenamente vindicadas através
da vida de Jesus tanto em sua perfeita obediência
ativa aos mandamentos da Lei, quanto em sua
obediência passiva, oferecendo-se como sacrifício
para morrer em favor do resgate da dignidade e
honra do Pai.
Através da operação da graça de Jesus em nós,
pelo poder do Espírito Santo, a força do pecado é
enfraquecida e o seu domínio é destruído; e a
nossa luta contra cada pecado para submetê-lo a
esta destruição pela graça é o que a Bíblia chama
de mortificação das obras do corpo, ou do pecado
propriamente dito (Rom 8.13). Mas, não se deve
entender o uso desta palavra mortificação, como
sendo a morte completa que leva o pecado à
extinção, ou seja, que ele seja aniquilado para
nunca mais se levantar contra nós, mas deve ser
entendida como sendo a subjugação e
enfraquecimento de nossas corrupções; pois
embora o ser do pecado permaneça, ainda assim
o poder de comando do pecado é retirado e quem
passa a reinar no crente que se santifica é a graça.
Somente o pecado é aquilo que faz separação
entre nós e Deus, e assim, o problema do pecado
7
deve ser resolvido pela sua mortificação contínua,
para que possamos permanecer em comunhão
com Deus.
A mortificação do pecado é necessária porque a
graça não pode viver na nossa alma, a menos que
o pecado e a corrupção estejam mortos ali; antes
que possa haver a vida da graça, deve haver a
morte do pecado; como se vê em Rom. 6.11:
“Considerem-se mortos para o pecado, mas vivos
para Deus”. Se as corrupções vivem, a graça não
pode viver no nosso coração, de modo que
devemos levar o pecado a sério para mortificá-lo,
pois sem isto não podemos ter uma vida
abençoada pela graça, operando em nós alegria,
amor e paz.
Como bem se diz que se o pecado não morre, o
pecador deve morrer; se Deus não matar os
nossos pecados, o pecado mata a nossa alma.
Podemos saber que estamos sendo
impulsionados pelo Espírito Santo a mortificar os
nossos pecados quando somos muito cuidadosos
em evitar todas as ocasiões para a prática do
pecado. Quando estamos sendo santificados
ocupamo-nos desta mortificação não apenas
temendo um pecado absoluto, mas também
qualquer coisa que possa ser uma provocação ou
entrada para um pecado específico.
Depois de muita vigilância e oração para se
manter em santidade de vida, isto formará em nós
um hábito de santificação que como qualquer
8
outro hábito sempre nos manterá aplicados a este
dever de mortificar todo e qualquer pecado.
A mortificação operada pelo Espírito Santo não
somente nos levará a evitar o pecado como até
mesmo a odiá-lo e a não lhe dar qualquer
receptividade, ainda que seja na fase inicial de
qualquer tentação pois o Espírito Santo sempre
ativará a nossa consciência para identificar o
perigo, como também a nos capacitar em graça a
vencê-lo. Afinal, foi principalmente para
desagravar a santidade de Deus que foi ofendida
pelo pecado, que Jesus se ofereceu como
sacrifício na cruz, para que a ira divina contra o
pecado fosse aplacada e desviada em relação
àqueles que viessem a se converter a ele.
Mas lembremos sempre que a mortificação do
pecado não é um fim em si mesma, e nem
responde ao propósito principal de Deus na nossa
salvação, pois é somente o meio necessário para
que possamos manter a nossa comunhão com Ele.
Não se trata de se limpar para nenhum propósito,
como por exemplo, viver para nós mesmos e por
nossa própria conta, mas é para ser trabalhado ao
lado de uma natureza que foi regenerada e que
nos tornou coparticipantes da própria natureza
divina, de modo que o sirvamos com um coração
voluntário e alegre e disposto para toda a
obediência à Sua vontade. Em resumo, devemos
responder ao fim para o qual fomos criados que é
o de sermos perfeitos em santidade, em todo o
nosso ser e procedimento. Se fôssemos
purificados de nossos pecados e não
9
respondêssemos ao amor de Deus, de nada isso
nos aproveitaria, assim como se expressa o
apóstolo no texto de I Coríntios 13.
Aqui, devemos recordar mais uma vez a grande
importância do sacrifício de Jesus e toda a obra
que ele realizou para vindicar a justiça e a
santidade de Deus, bem como a honra da sua lei
que foi abusada, tendo o pecador se tornado um
ofensor de Deus e seu inimigo.
Tanto é assim, que desde o princípio da entrada
do pecado no mundo, Adão e seus descendentes
foram instruídos quanto à necessidade de
apresentarem sacrifícios de animais limpos e sem
defeito, para que Deus fosse propício com eles em
sua condição de pecadores que eram. Ora, mas
isto foi usado como uma figura e tipo daquele
único sacrifício de Jesus pelo qual o pecado
poderia ser removido, por mais de 4.000 anos,
desde Adão, sendo que nos últimos 1.500 anos
destes 4.000 anos, os sacrifícios e ofertas foram
regulados através da Lei de Moisés.
Sobre a arca do testemunho que ficava no Santo
dos Santos, havia uma placa de ouro chamada de
propiciatório, sobre a qual o sumo-sacerdote de
Israel, uma vez por ano, na data previamente
designada, deveria aspergir o sangue dos animais
que haviam sido sacrificados para por eles se fazer
a expiação do pecado, de maneira que a ira da
justiça de Deus fosse aplacada por aquele sangue,
e a Sua santidade vindicada, pois todos os serviços
que deveriam ser realizados naquele dia da
10
expiação nacional, garantiriam a Israel se
aproximar de Deus por mais um ano. E assim,
aquela cerimônia deveria ser realizada
anualmente para que se garantisse o acesso à
presença de Deus por parte de todos os que nele
cressem e o adorassem.
Como o problema do pecado não poderia ser
resolvido definitivamente por aqueles sacrifícios
tipológicos, Jesus encarnou ao vir a este mundo,
para que pudesse apresentar o seu corpo, em sua
morte, como o único e eterno sacrifício pelo qual
Deus poderia se revelar favorável a todos os
pecadores que nele cressem e que dele se
aproximassem para adorá-lo.
Não foram os animais que eram sacrificados que
haviam pecado e ofendido a justiça e santidade de
Deus, mas o homem, e então, o único sacrifício
vicária que poderia ser aceito por Deus deveria
ser de um homem perfeito, sem pecado, e por isso
houve necessidade de que Jesus tomasse a
natureza humana, além da divina que ele possuía
sempiternamente.
E nenhum outro poderia atender ao requisito
necessário para aquele que deveria se apresentar
como oferta e sacrifício para satisfazer a justiça de
Deus. O Espírito Santo, sendo uma emanação do
Pai e do Filho, deve honrar a ambos, e caso fosse
ele quem encarnasse, Jesus, é quem deveria
honrá-lo e isto estaria contrariando a ordem
natural que há na Trindade Divina, pois é o
Espírito que tudo forma tanto na criação visível
11
inanimada, quanto animada, bem como na
criação espiritual da nova criatura. É Ele que
renova a face da Terra, através do controle e da
formação de novos seres para ocuparem o lugar
daqueles que haviam morrido. Não houvesse este
trabalho de renovação na criação natural, de há
muito, nenhum ser vivo haveria no mundo. Ele é
quem distribuiu os serviços e dons espirituais aos
crentes, e que lhes ensina todas as coisas relativas
à divindade, e quanto ao modo como devem se
comportar em um procedimento santo, que é
instruído e operado por ele naqueles que são de
Cristo. Ele deve receber a vida que procede de
Deus Filho, e operar nos locais, épocas e pessoas
por Ele designados, porque é Ele quem batiza com
o Espírito Santo, e o Espírito ao receber o que é do
Filho o reparte como Lhe apraz para um fim
proveitoso. E Deus Pai, que foi a parte ofendida
pelo pecador, deve ser reconciliado ao penitente
por meio da obra de mediação do Filho, para que
em tudo seja glorificado e honrado.
Assim, Jesus apresentou o seu sangue imaculado
no propiciatório do Santo dos Santos celestial,
para que obtivéssemos um eterna redenção, e
sermos livrados para todo o sempre do pavor da
morte, do diabo e do inferno. E o Espírito Santo
nos foi enviado por Ele para a obra de
regeneração e santificação que opera em nós
segundo o Seu poder divino.
Ninguém se iluda pensando que é possível obter a
salvação da alma através de conhecimento
filosófico, teológico ou por qualquer outro meio
12
que seja diferente de se estar pela fé debaixo da
cobertura do sacrifício de Jesus.
Tão crucial, importante e necessário é este
sacrifício de Cristo em nosso lugar, que foram
exigidos por Deus, por vários séculos, antes que
Ele se manifestasse ao mundo, em forma de
figura, sacrifícios cruentos de animais sem
qualquer tipo de enfermidade ou defeito, e que
tinham que ser limpos segundo a lei cerimonial, e
designados entre apenas um pequeníssimo
número de espécies (cordeiros, novilhos e
pombas), que ilustrassem a mansidão e pureza
absolutas dAquele que viria no futuro para
morrer na cruz no nosso lugar.
Assim, os mandamentos contidos no livro de
Levítico foram também dados por Deus a Moisés,
além das duas tábuas com os dez mandamentos,
quando os israelitas se encontravam acampados
no monte Sinai, depois de terem sido libertados
da escravidão no Egito (Lev 27.34).
A norma dos reformadores de se estudar a lei
sempre com um olho no Calvário, é muito
importante em ser seguida porque, assim não se
esquecerá da graça enquanto se medita
especialmente nas penalidades da Lei de Moisés,
que, por exemplo, por terem sido revogadas pela
entrada em vigor da Nova Aliança, nem mesmo
para a nação de Israel tais penalidades continuam
sendo de caráter obrigatório.
13
Pois desde que Jesus veio e inaugurou a Nova
Aliança, Ele continua realizando, através da
igreja, o Seu ministério de Salvador do mundo, e
não de Juiz do mundo, pois como Ele mesmo
definiu a Sua missão, disse que não veio julgar o
mundo, mas salvar (João 12.47); isto se aplica ao
período da dispensação da graça, e Ele somente
julgará então o mundo quando vier como Juiz em
Sua segunda vinda, porque o Pai constituiu o
Filho Juiz de todas as coisas, como se lê em Jo 5.26-
29.
Entretanto, a importância do princípio ensinado
pela lei, que a fidelidade é aprovada por Deus, e o
adultério sempre será uma abominação aos Seus
olhos, não deve ser negligenciada.
De modo que ao termos os nossos olhos no
Calvário, não venhamos a esquecer que a graça
que temos alcançado através da morte de Jesus
Cristo, não significa que estamos autorizados a
viver de modo diferente daquilo que é exigido
pela lei moral de Deus.
A Lei e a Graça não são realidades
complementares, de modo que a Graça seja a
soma da Lei mais alguma outra realidade
espiritual.
No entanto não são realidades antagônicas, e a
diferença básica entre ambas não reside na Sua
procedência, pois ambas têm sua origem em
Deus, mas esta diferença está basicamente em
14
sua natureza, em sua função, pois se a lei é uma
norma, a graça é um poder.
Assim, Jesus ao interferir com a graça, perdoando
aquilo que a Lei não perdoa, antes condena, até
mesmo sentenciando à morte, não está
descumprindo a lei moral e nem mesmo
incentivando o seu descumprimento, mas
introduzindo outro princípio relativo à aplicação
das penas da lei, também inerente à própria
natureza de Deus, princípio este que não ofende a
Sua justiça e nem desconsidera a Sua santidade,
pois pela própria Lei tem afirmado que usará de
misericórdia com quem Lhe aprouver.
Por isso há prescrições, mesmo na Antiga
Aliança, que são mandamentos relativos à
ministração do perdão aos transgressores da Lei,
por meio da apresentação de sacrifícios.
Isto é muito importante de ser observado no livro
de Levítico, pois antes de serem apresentados os
vários mandamentos morais com suas penas
respectivas, são listados primeiro, desde o início
do livro, as normas relativas à apresentação das
ofertas que tinham em vista, principalmente, o
perdão de pecados.
Não podemos esquecer que Deus inspirou a
escrita da Bíblia para ser o manual da nossa
redenção, e não da nossa condenação.
Então nós temos o sacrifício como o ponto central
na própria Lei, pois a remissão de pecados é
mediante o sacrifício de Jesus, do qual os demais
15
eram apenas figura. Todavia, mesmo aqueles
sacrifícios de animais revelavam a graça e a
misericórdia perdoadora de Deus em plena
dispensação da Lei, uma vez satisfeita a exigência
da Sua justiça de que uma vítima inocente deveria
morrer no lugar do pecador para que este
pudesse ser perdoado.
Mas, como seriam apresentados inúmeros
sacrifícios ao longo da história de Israel, durante
o período de vigência da Antiga Aliança, Deus
prescreveu a forma de apresentação destes
sacrifícios, para que não fossem feitos de acordo
com a imaginação dos homens, de modo a não
desfigurar o Seu propósito na apresentação
daquelas ofertas, nas quais havia um princípio
didático relativo a realidades espirituais, não
apenas para o ensino deles, como também da
própria igreja na dispensação da graça.
Uma consciência completamente convencida da
sua culpa estaria disposta a vir diante de Deus
com milhares de carneiros (Miq 5.6,7), e os ricos
poderiam pensar que em ofertarem muito mais
do que os pobres, estariam com isto obtendo
maior favor da Sua parte.
Além do aspecto relativo à quantidade, haveria
também a tentação em se pensar que não era
exigido um espírito correto na apresentação das
ofertas, isto é, sem arrependimento,
quebrantamento e tristeza nas ofertas pelo
pecado, e sem gratidão e alegria nas ofertas
pacíficas e de consagração.
16
Eles poderiam fingir estar honrando a Deus,
agindo somente para serem vistos em prol da
própria honra e glória, e assim usarem e
abusarem do sistema de ofertas, que sendo dado
para tratar o pecado, seria corrompido pelos seus
pecados.
Entretanto, antes de prosseguirmos, cabe
destacar que apesar de tudo, quando se fala em
termos de Lei como sendo a Antiga Aliança
propriamente dita, e de Graça como sendo a Nova
Aliança, aí então a diferença é marcante, porque
aos aliançados do antigo pacto foi ordenado por
Deus que não ultrapassassem sequer os limites
demarcados ao redor do sopé do Sinai, com a
intenção de subirem o monte e se aproximarem
do seu cume, onde se manifestaria a Sua presença
e glória, e mesmo no tabernáculo só podiam
entrar os sacerdotes, e ainda assim no Lugar
Santo; e no Santo dos Santos, somente o sumo
sacerdote, uma única vez por ano.
Já na Nova Aliança todos os aliançados são
chamados a se aproximarem do Senhor, vindo à
Sua presença no Santo dos Santos celestial.
Uma pessoa de fé no Velho Testamento tinha
acesso à presença do Senhor no Santo dos Santos
celestial, em espírito, não em razão de alguma
ordenança contida na Antiga Aliança relativa a
isto, mas em razão dos benefícios da Nova Aliança
no sangue de Jesus, que também os alcançou no
passado.
17
O primeiro capítulo de Levítico descreve a lei do
holocausto, isto é, dos sacrifícios cruentos que
eram queimados sobre o altar; o segundo capítulo
as ofertas de manjares; o terceiro os sacrifícios
pacíficos; o quarto descreve o sacrifício pelos
pecados por ignorância; o quinto o sacrifício pelos
pecados ocultos; e o sexto e sétimo capítulos
descrevem também prescrições para os diversos
tipos de ofertas.
Estes capítulos não esgotam tudo o que há na lei
de Moisés para regular a apresentação das
ofertas, mas temos nestes sete capítulos iniciais
de Levítico, as linhas gerais relativas às ofertas a
serem oferecidas no tabernáculo, e no primeiro
capítulo se descreve particularmente que os
holocaustos deveriam ser de gado (novilho – 1.2),
ou gado miúdo (carneiro ou cabrito – 1.10) ou aves
(rolas ou pombos – 1.14). Os animais de gado
deveriam ser machos sem defeitos (1.3;10).
Em outras porções da Palavra será descrito que
estas ofertas deveriam corresponder
proporcionalmente às posses dos ofertantes, de
forma que um rico não oferecesse rolas ou
pombos, e alguém muito pobre um novilho.
Todos os tipos de sacrifícios deveriam ser
apresentados à porta do tabernáculo, para que os
ofertantes fossem aceitos por Deus (1.3) e
deveriam ser imolados perante o Senhor (1.5, 11), e
queimados, depois de serem partidos, no altar do
holocausto, como oferta queimada de aroma
agradável ao Senhor (1.9, 13, 17).
18
Note que a referência que se repete é que aqueles
sacrifícios são apresentados diante de Deus e para
Ele.
Por isso o altar do holocausto ficava à frente da
porta do tabernáculo, de modo que todas as
ofertas fossem apresentadas diante de Deus, cuja
presença estava representada na arca da aliança,
que se encontrava no interior do tabernáculo.
Os sacrifícios, o sangue dos sacrifícios, o aroma da
queima da sua carne, não eram para serem vistos
e sentidos pelos homens, mas por Deus.
O sacerdote era um mediador entre o ofertante e
o Senhor, mas tanto a oferta quanto o ofertante
estavam se apresentando não diante do homem,
mas de Deus. Assim, o sacrifício de Jesus foi para
satisfazer à justiça e à santidade do Pai, e não para
ser visto pelos homens.
Ele se deu em oferta a Deus como propiciação
pelos nossos pecados, mas o Seu sacrifício não foi
propriamente para satisfazer o desejo dos
pecadores, senão para o benefício deles.
Isto está ensinado claramente em figura no
sistema sacrificial do Antigo Testamento.
Mas, nós temos outros ensinos em figura de que o
sangue de Jesus deveria ser derramado para que
fôssemos livrados da maldição da Lei, que exige a
morte do pecador. Nós temos isto exemplificado
no sangue do cordeiro que foi imolado no Egito
nos dias de Moisés, e que foi passado nas
19
ombreiras e vergas das portas de cada residência
dos israelitas, para que fossem livrados por
ocasião da passagem do anjo destruidor, enviado
para matar todos os primogênitos, e que ao ver o
sangue, se desviaria. Assim, o sacrifício de Jesus é
antes de tudo um sinal para ser visto por Deus, de
forma a que não sejamos destruídos, uma vez que
nos encontramos sobre a sua cobertura.
É dito diretamente que o holocausto deveria ser
apresentado perante o Senhor; e o ofertante
deveria colocar a sua mão sobre a cabeça do
sacrifício; para que fosse aceito em seu benefício,
para a sua expiação.
Veja que seria a aceitação do sacrifício que
beneficiaria o ofertante, de modo a expiar a sua
culpa.
Se o sacrifício de Jesus não tivesse sido aceito pelo
Pai, ninguém poderia ter a culpa de seus pecados
expiada.
Este ato de expiação significa aos olhos de Deus o
pagamento pela culpa de nossos pecados,
conforme exigido pela lei, de modo que
pudéssemos ser absolvidos desta culpa.
Então, pelo ato de remissão, isto é, deste
pagamento, de cumprimento da pena exigida pela
lei, o que acontece com a condenação que era
prescrita por esta mesma pena da Lei no Antigo
Testamento?
20
Ela é simplesmente removida em Cristo, para
aqueles que têm os seus pecados expiados, por
estarem unidos a Ele, na semelhança de Sua
morte e ressurreição.
Por isso se ordenava que o ofertante impusesse a
mão sobre a cabeça do sacrifício, indicando-se
assim esta identificação na sua morte, como
sendo a sua própria morte, pois era com a mão
sobre a sua cabeça que a vítima inocente era
imolada.
A nossa aceitação por Deus dependeu então da
aceitação do sacrifício de Jesus, como sendo a
nossa própria morte para a condenação da Lei, e
para o pecado.
A nossa redenção e justificação são feitas por
meio do sangue que Ele derramou, e é por sermos
redimidos e justificados, que somos aceitos,
porque não temos um Salvador que
simplesmente apaga a culpa dos nossos pecados,
como também remove os nossos pecados,
apresentando-nos lavados de nossas iniquidades
diante de Deus.
É para sermos santificados que Ele se santificou a
Si mesmo, separando-se como oferta, para
morrer em nosso lugar.
O propósito eterno de Deus, que está revelado
desde o livro de Gênesis, onde é citado que Adão
foi criado perfeito e sem pecado, é cumprido,
portanto, por meio do sacrifício de Jesus em nosso
favor, de modo que aquela santidade original
21
possa ser resgatada e aplicada às vidas dos que
têm sido remidos pelo Seu sangue.
A exigência de que a oferta fosse sem defeito é
uma clara alusão a Jesus, pois somente Ele é
perfeitamente santo e sem defeito. Assim, os
sacrifícios cruentos apontam como figura para
Ele.
Se o sacrifício fazia expiação a favor do ofertante
(Lev 1.4), então teria que ser obrigatoriamente
uma figura de Cristo, porque em nenhum animal
ou mesmo em qualquer outra pessoa, poderia ser
possível se fazer expiação pelo pecado, ainda mais
pelo que se depreende das condições que Deus
determinou para que o animal fosse imolado, isto
é, com a imposição das mãos sobre a cabeça do
holocausto, imolando-o em seguida perante o
Senhor.
Esta imposição de mãos, como já dissemos antes,
tinha a ver com a identificação com a morte da
vítima, reconhecendo como sendo a sua própria
morte, e a confissão de pecados sobre ela, de
modo que estaria transferindo-lhe a culpa do seu
pecado.
Ora, sabemos que não seria justo fazer-se uma
expiação de culpa trocando um animal por um
homem.
Então, o que temos aqui é uma figura.
E, também não seria justo trocar um pecador por
outro pecador, porque aquele que tem a sua
22
própria culpa, não poderia morrer pela culpa de
um outro, pois já teria sobre si a sentença de
morte.
Então não há qualquer sombra de dúvida que a
figura aponta para Cristo, e somente para Ele,
porque nenhum outro poderia se encaixar na
descrição que é feita na Palavra de Deus (Hebreus
8.1-8).
Por isso se diz que o aroma da queima da carne do
holocausto seria agradável a Deus, porque
agradou ao Pai que o Filho fosse consumido
inteiramente no seu altar de sofrimento, em favor
dos nossos pecados.
O aroma era agradável a Deus não pelo cheiro da
carne, porque aqui temos uma antropopatia, pois
Deus não se alimenta de carne, mas o fato de a
carne estar queimando no altar significava que o
pecado do ofertante seria perdoado por causa
daquele grande sacrifício que seria feito no
futuro, e do qual aquele que estava apresentando
era figura.
Pois com o corpo do sacrifício queimado também
se queimava em figura, o pecado.
Dava-se também o testemunho de uma alma se
reconciliando com Deus, convertendo-se a Ele,
dizendo não ao pecado, entrando em inimizade
com o diabo e em amizade com Deus, buscando a
santidade que havia sido perdida no Éden, e
dando assim cumprimento ao propósito do
Senhor na criação do homem.
23
Se tudo isto seria possível por causa de o pecador
ter entendido que deveria confiar no sacrifício
para ser aceito por Deus, conforme Ele
determinou, então não seria de se esperar menos
de que Ele ficasse de fato agradado com o aroma
da oferta que queimava sobre o altar, indicando a
eficácia de expiação do pecado através da relação
entre a oferta, o ofertante e a aceitação de Deus de
ambos.
Como já dissemos antes, o sacrifício de Jesus
agradou inteiramente ao Pai, pois satisfez
plenamente à Sua justiça, e é em decorrência
disto que somos aceitos por Deus como seus
filhos amados.
Outro fato que aponta para a verdade de que o
sacrifício tipificava a Cristo e somente a Ele,
reside em que os novilhos, cordeiros, cabritos,
rolas e pombos, representam animais
inofensivos, inocentes e mansos, e portanto
apontavam para as virtudes que estão em Cristo.
Não se fala na lei de ser aceitável sacrifício de
animais considerados imundos pela lei,
peçonhentos, selvagens e com características que
não apontassem para a benignidade e mansidão
de nosso Senhor.
Assim, como vimos antes, é o sacrifício de Cristo
que nos habilita a sermos agradáveis a Deus, de
modo que uma vez sendo justificados do pecado, e
sendo regenerados pelo Espírito, possamos ser
reconciliados com Ele, para receber graça para
24
amar a Deus de todo o coração, de todo o
entendimento e de toda a força, e para amar o
próximo como a nós mesmos, pois isto excede a
todos os holocaustos e sacrifícios que poderíamos
apresentar para Deus (Mc 12.33), tanto que Jesus
apresentou-se a si mesmo como sumo sacerdote
ao Pai por nós, e também como sacrifício, uma
única vez e para sempre, não deixando para nós
senão o único dever de amar, assim como Ele nos
amou.
Mas quando falamos da ira de Deus que
permanece sobre aqueles que não creem em
Jesus, segundo aquilo que lemos em várias
passagens das Escrituras, como por exemplo em
João 3.36, e que há a necessidade da propiciação
feita pelo sangue de Jesus, que se apresentou
como um sacrifício vicário pela oferta do seu
corpo, isto não deve ser entendido que Deus é um
ser completamente irado que deve ter a sua ira
aplacada por meio de sacrifícios, conforme se
pode pensar dos muitos sacrifícios que foram
oferecidos nos dias do Antigo Testamento.
Mesmo aqueles sacrifícios que eram figura do de
Jesus, eram uma expressão do seu amor e favor
pelos pecadores, de maneira a dar-lhes a condição
de serem reconciliados a Ele, e pelo motivo de tê-
los amado desde antes da fundação do mundo,
tendo enviado Jesus a nós, para que pudéssemos
ser resgatados e restaurados por Ele.
Pelo sacrifício seria feito o desagravo à santidade
de Deus, e a Sua justiça seria satisfeita, mas não se
pense que fosse o desagravo em si o único
25
propósito da exigência do sacrifício, mas porque a
santidade é o pressuposto mesmo para que se
possa participar da unidade em comunhão
amorosa da criatura com o Seu Criador. É por esse
motivo que Jesus orou em João 17 para que todos
os crentes fossem santificados na verdade, ou
seja, na Palavra de Deus.
Deus criou a humanidade para ter muitos filhos
semelhantes a Jesus Cristo, e através dos séculos
este objetivo tem sido plenamente atingido por
ele com os milhões de pessoas que já salvou e que
continuará salvando até que se complete o
número de todos aqueles que são chamados por
Ele para a vida eterna.
O seu plano de restaurar todas as coisas em Jesus
Cristo, está se aproximando rapidamente à sua
conclusão final com a volta do Senhor.
Quem ousaria afirmar à luz de tudo o que já foi
feito pela Trindade Divina, e que ainda estará
sendo feito por toda a eternidade, que a santidade
de Deus encontra-se manchada por causa do
pecado? Não somente a maravilhosa obra que
Jesus realizou, como tudo o que tem sido
santificado por meio dEle, já desagravou todo o
pecado que já existiu no mundo, que ainda exista
ou venha a se manifestar no futuro.
Tudo será trazido à lume por Deus no Tribunal de
Cristo, quando todos deverão prestar contas de
tudo o que fizeram por meio do corpo, quer para o
bem, quer para o mal.
26
Em nada a soberania e majestade do Senhor
poderia ser frustrada pela criatura, conforme Jó
bem se expressou a respeito disso dizendo que
chegou ao conhecimento de que Deus tudo pode e
nenhum dos Seus planos pode ser frustrado, ou
seja, o que Ele planejou fazer será plenamente
cumprido, e Ele é poderoso para fazer com que
todas as coisas contribuam para o bem daqueles
que o amam.
Esta é a razão pela qual a salvação é segura e
eterna para todo aquele que crê em Jesus, porque
é pela fé que o justo viverá, e vencerá o mundo,
assim como Jesus o venceu. Nada poderá separar
o crente do amor de Deus que está em Cristo
Jesus. E não há pecado pequeno ou grande (exceto
a blasfêmia contra o Espírito Santo) que não possa
ser perdoado por Ele, uma vez que a obra de
expiação que consumou em sua morte e
ressurreição é perfeita e completa quanto a
satisfazer plenamente a exigência da justiça
divina em relação ao pecador penitente. É disse
que decorre a garantia da nossa salvação, ou seja,
simplesmente por meio da fé nEle, e não por
qualquer tipo de obras de nossa parte, conforme é
expressado em várias passagens das Escrituras:
“1 Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós
outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto
como crucificado?
2 Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito
pelas obras da lei ou pela pregação da fé?
3 Sois assim insensatos que, tendo começado no
Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?
27
4 Terá sido em vão que tantas coisas sofrestes? Se, na
verdade, foram em vão.
5 Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera
milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei
ou pela pregação da fé?
6 É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi
imputado para justiça.
7 Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão.
8 Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria
pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão:
Em ti, serão abençoados todos os povos.
9 De modo que os da fé são abençoados com o crente
Abraão.
10 Todos quantos, pois, são das obras da lei estão
debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo
aquele que não permanece em todas as coisas escritas
no Livro da lei, para praticá-las.
11 E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado
diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.
12 Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que
observar os seus preceitos por eles viverá.
13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se
ele próprio maldição em nosso lugar (porque está
escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em
madeiro),
14 para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios,
em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o
Espírito prometido.
28
15 Irmãos, falo como homem. Ainda que uma aliança
seja meramente humana, uma vez ratificada, ninguém
a revoga ou lhe acrescenta alguma coisa.
16 Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu
descendente. Não diz: E aos descendentes, como se
falando de muitos, porém como de um só: E ao teu
descendente, que é Cristo.
17 E digo isto: uma aliança já anteriormente
confirmada por Deus, a lei, que veio quatrocentos e
trinta anos depois, não a pode ab-rogar, de forma que
venha a desfazer a promessa.
18 Porque, se a herança provém de lei, já não decorre
de promessa; mas foi pela promessa que Deus a
concedeu gratuitamente a Abraão.
19 Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por
causa das transgressões, até que viesse o descendente
a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio
de anjos, pela mão de um mediador.
20 Ora, o mediador não é de um, mas Deus é um.
21 É, porventura, a lei contrária às promessas de Deus?
De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada uma
lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria
procedente de lei.
22 Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para
que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa
concedida aos que creem.
23 Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da
lei e nela encerrados, para essa fé que, de futuro,
haveria de revelar-se.
29
24 De maneira que a lei nos serviu de aio para nos
conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados
por fé.
25 Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos
subordinados ao aio.
26 Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em
Cristo Jesus;
27 porque todos quantos fostes batizados em Cristo de
Cristo vos revestistes.
28 Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem
escravo nem liberto; nem homem nem mulher;
porque todos vós sois um em Cristo Jesus.
29 E, se sois de Cristo, também sois descendentes
de Abraão e herdeiros segundo a promessa.”
(Gálatas 3)
Observe que o apóstolo apresenta uma visão geral
do plano de Deus desde o princípio, recuando até
a Abraão, a quem foi feita promessa de serem
abençoadas pessoas de todas as nações da terra,
através do descendente de Abraão (Jesus), e o
cumprimento desta promessa se referia ao
Espírito Santo que seria derramado sobre todo
aquele que viesse a crer em Cristo e se unir a ele
em espírito. Estes seriam regenerados e o Espírito
iniciaria neles o trabalho de santificação visando à
sua restauração completa, conforme foi planejado
por Deus Pai desde o princípio.
Na verdade, quando Deus disse a Satanás que no
futuro viria um descendente da mulher que
esmagaria a sua cabeça, ou seja, que destruiria as
30
suas obras malignas na criação, e isto apontava
certamente para Jesus Cristo, quando despojou os
principados e potestades malignos e os expôs ao
desprezo por sua morte na cruz.
Veja as palavras triunfantes de Jesus próximo da
hora de ser crucificado, quando orou ao Pai:
“4 Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra
que me confiaste para fazer;
5 e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo,
com a glória que eu tive junto de ti, antes que
houvesse mundo.” (João 17.4,5)
Ele veio ao mundo para nos resgatar, vivendo
entre nós, e em meio a todas as circunstâncias
que teve que viver obedientemente ao Pai desde o
seu nascimento até à Sua ascensão ao céu depois
da Sua ressurreição.
Tudo o que Ele fez visava exclusivamente à glória
do Pai, e efetivamente o fizera em todos os seus
atos enquanto esteve em corpo aqui embaixo.
O Pai foi honrado por sua humanidade, que tudo
venceu, inclusive a todas as investidas do diabo e
dos homens ímpios. Adão foi derrotado estando
em pleno vigor, mas Jesus venceu as tentações de
Satanás no deserto, depois de ter jejuado por 40
dias e noites, estando em extrema fraqueza. Ele
nunca pecou em pensamentos, palavras, ações e
omissões. Era o Cordeiro perfeito pelo qual o
pecado seria tirado do mundo. O pecado seria
condenado em sua carne por ocasia da morte na
cruz, e o Seu sangue que seria derramado seria o
31
meio da nossa expiação, pelo valor que
tributamos a ele por meio da fé.
Quantas realidades maravilhosas estão envolvidas
nesta obra de restauração de todas as coisas que
está sendo empreendida com base na obra de
Jesus. E tudo isto em meio a circunstâncias
práticas e reais de nossas vidas, havendo muitos
embates que somos levados a experimentar,
assim como o próprio apóstolo Paulo, que a isto se
referiu como temores por dentro e lutas por fora.
O Cristianismo é um combate permanente contra
o pecado, o diabo e o mundo de trevas, e não há
tréguas nesta luta, nenhum espaço para estados
de nirvana ou estoicismo. Nossas aflições são
reais, assim como nossas dores e sofrimentos por
amor a Cristo, mas de todas as nossas tribulações
somos livrados segundo a assistência que a graça
de Deus nos dá. E nisto, Deus também é
glorificado no Filho, que é por meio de quem
alcançamos todas estas vitórias espirituais.
Nossas melhores obras não poderiam satisfazer à
justiça de Deus, nem mesmo o nosso
arrependimento, como alguém se expressou
muito apropriadamente quanto a isto:
“O arrependimento é uma condição de perdão,
não uma satisfação da justiça Divina; isto às vezes
move a bondade Divina para afastar o julgamento,
mas não é nenhuma compensação à justiça
Divina. Não há aquele bem no arrependimento
quanto há o mal no pecado de que se arrepende, e
a satisfação deve ter algo de equidade, tanto da
injúria e da pessoa desonrada; a satisfação que é
32
suficiente para uma pessoa particularmente
errada não é suficiente para um príncipe
justamente ofendido; pois a grandeza do mal
remonta à dignidade da pessoa. Ninguém pode
ser maior do que Deus, e, portanto, nenhuma
ofensa pode ser tão maligna como as ofensas
contra Deus; e poderiam algumas lágrimas ser
suficientes aos pensamentos de alguém para lavá-
los? O mal cometido contra Deus pelo pecado é de
um nível mais elevado do que a ser compensado
por meio de quaisquer boas obras da criatura;
embora sejam da mais grandiosa elevação.
O arrependimento de qualquer alma é tão
perfeito a ponto de ser capaz de responder à
punição à justiça de Deus exigida na Lei?
E se a graça de Deus nos ajudasse em nosso
arrependimento? Não pode ser concluído a partir
disso, que o nosso perdão é formalmente
adquirido pelo arrependimento, mas que somos
dispostos por ele a receber e valorizar um perdão.
Não é congruente com a sabedoria e justiça de
Deus a concessão de perdões a obstinados
rebeldes. O arrependimento não é em nenhum
lugar citado como expiatório do pecado; um
coração quebrantado é chamado de um sacrifício
(Salmos 51:17), mas não é um propiciatório. O
pecado de Davi foi expiado antes que ele
escrevesse esse Salmo (2 Samuel 12:13). Embora
um homem possa chorar muitas lágrimas como
as gotas de água contidas no oceano, enviar o
maior número de rajadas de orações como se
houvesse gemidos emitidos de cada criatura
33
desde a fundação do mundo; embora ele fosse
capaz de sangrar tantas gotas de seu coração
como se tivessem sido derramadas de veias de
sacrifícios de animais, tanto na Judeia e de todas
as partes do mundo; embora ele fosse capaz, e
verdadeiramente aplicasse à caridade todos os
metais das minas do Peru; ainda assim isto não
poderia absolvê-lo da menor culpa, nem limpá-lo
da menor impureza, nem conceder o perdão do
menor crime por meio de qualquer valor
intrínseco nos atos em si mesmos; os próprios
atos bem como as pessoas podem falhar sob a
censura da justiça ardente. Somente a morte de
Cristo nos concede a vida. Somente o sangue de
Cristo sacia aquele justo fogo que o pecado
acendeu no coração de Deus contra nós. Indicar
qualquer outro meio de apaziguamento de Deus,
além da morte de Cristo, é fazer com que a cruz de
Cristo não tenha nenhum efeito. Nós devemos
aprender isso a partir de “não convinha que o
Cristo padecesse?”
Somente Jesus poderia ser uma satisfação para a
justiça de Deus, pois a honra de Deus requer
também o contentamento de Sua justiça, e
ninguém além de Jesus poderia dar tal honra
perfeita a Deus e à Sua Lei, por uma perfeita
obediência.
Por isso Deus Pai confere ao Filho uma honra
elevada que não é concedida a nenhum outro,
dando-lhe um nome que é sobre todo nome, pois
nenhum outro poderia honrá-lo na mesma
34
proporção e dignidade com que o Filho o tem
honrado.
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  • 1. A474 Alves, Silvio Dutra Desagravo à Santidade de Deus / Silvio Dutra Alves. 1ª edição - Rio de Janeiro, 2021. 35p; 14,8 x 21 cm 1. Teologia. 2. Vida Cristã. I. Título CDD 230
  • 2. Se tudo na criação desde a dos anjos fosse uma absoluta perfeição, sem que houvesse a necessidade da intervenção de Jesus Cristo para a restauração de todas as coisas, certamente a glória de Deus não teria sido maior como ela se tornou através da história da redenção, com tantas manifestações da Sua misericórdia, perdão, longanimidade, amor etc. Com isto não afirmamos que tenha sido o próprio Deus o autor da entrada do pecado na criação, mas, certamente, ao tudo criar, quer no céu, quer na terra, ele previu esta entrada, tendo feito uma provisão completa por meio da qual Sua glória em nada fosse diminuída ou afetada pela rebelião da criatura, antes, que servisse para ser aumentada conforme o plano que estabeleceu na Trindade, antes mesmo da fundação do mundo. O pecado foi efetivamente uma ofensa à soberania, justiça e santidade de Deus, de forma que a punição eterna dos transgressores seria uma resposta adequada à exigência da justiça divina, conforme sucedeu no caso dos anjos rebeldes, mas no dos pecadores Deus não seria apenas glorificado na punição eterna dos impenitentes, mas proveria um meio de receber uma maior glória na suspensão da punição daqueles que se arrependessem. Mas, como veremos adiante, isto não poderia ser feito sem que houvesse uma satisfação da justiça que exige a morte eterna do pecador, uma vez que o estado 2
  • 3. de pecado é uma condição de ofensa de caráter infinito e eterno para Deus. Havia assim, também, a necessidade de um desagravo da soberania e santidade divina que foi ofendida pelo pecado, e não propriamente um desagravo da Sua glória, porque como vimos antes, esta pode ser promovida com a aplicação da punição ao transgressor. Mas se tudo fosse feito por Deus apenas em termos de punição e condenação eternas, poderia ficar para os anjos eleitos a falsa noção de que Ele era implacável, frio, cruel, vingativo, sem dar qualquer tipo de oportunidade àqueles que pretendessem se arrepender de sua condição pecaminosa, e se converterem a Ele com o propósito de amá-lo, honrá-lo e servi-lo, mediante uma estrita obediência à Sua vontade. Mas, não se pense que Deus se revelou longânimo, misericordioso, bondoso etc, por um mero propósito de ter um aumento de glória ao fazê-lo, mas porque tudo isto é inerente à sua natureza divina, e dela flui em benefício de suas criaturas que não pretendam permanecer nas trevas e sob o domínio dos espíritos malignos, mas que buscam andar na luz. Ainda assim, haveria necessidade de todo um trabalho de restauração da santidade nestes que viessem a se arrepender, com a pretensão de honrarem a santidade do Senhor, por serem eles mesmos santos. E este encargo seria dado à graça de Jesus pela operação do Espírito Santo. 3
  • 4. Sem um novo nascimento do Espírito (regeneração) não é possível se atender à primeira petição que nosso Senhor apresentou na oração do Pai Nosso: “Seja santificado o teu nome assim na terra, como no céu”, ou seja, que persigamos a santificação com vistas ao atingimento daquela perfeição absoluta de santidade, tal como ela existe no céu. Tão vital é a nossa necessidade do Espírito Santo para a geração de uma nova criatura em nós, bem como amadurecê-la pelo processo da santificação que Jesus veio a este mundo para que por sua morte na cruz pudéssemos ser justificados por Deus quanto ao pecado, de forma que pudéssemos receber a promessa de habitação do Espírito Santo em nós. Tudo isto é claramente ensinado nas Escrituras, para que possamos entender que temos em Jesus a expiação da nossa culpa e no Espírito Santo a formação de uma nova vida espiritual em nós. Nosso Senhor se ofereceu como sacrifício e oferta pelo pecado para vindicar a santidade da divindade, para satisfazer a exigência da justiça divina, e para honrar a Lei de Deus que havia sido desonrada pelo pecado do homem. E somente Alguém infinito como Ele poderia oferecer tal sacrifício infinito e eterno para cobrir um mal infinito e eterno que é o pecado. Por isso, já a Abraão foi prometido que no seu descendente que é Cristo, seriam benditas todas as nações da Terra (Gál 3.16). E esta bênção seria realizada pelo 4
  • 5. derramamento do Espírito Santo como um dom sobre todos aqueles que creem. Mas, para que isto fosse feito havia necessidade que este descendente bendito consumasse a obra de expiação da culpa do pecado, e da satisfação da justiça de Deus e vindicação da Sua santidade, de modo que apesar de por meio dela ter removido o aguilhão da morte, que é a consequência imediata de se ofender com o pecado a um Deus santo, justo, bondoso, fiel, perfeito em todos os seus atributos, todavia os benefícios desta obra realizada por Jesus só podem ser aplicados naqueles que desejam ser salvos e santificados por meio da fé nele, porque não haveria qualquer sentido lógico, prático e proveitoso em que Deus justificasse a ímpios que não creem nele, não o amam, e não desejam se santificar e guardar os Seus mandamentos. Afinal, um dos principais motivos de Jesus ter vindo a este mundo não foi o de que pudéssemos receber o Espírito Santo para sermos regenerados e santificados por ele? Mas que para isto seria necessário antes, que a justiça e a santidade de Deus fossem vindicados pelo sacrifício que Jesus fez de si mesmo? “sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça,” (Romanos 3.24,25) Seria injusto se Deus sacrificasse o seu Filho que não tinha pecado, e que abençoasse a pecadores ímpios que são seus inimigos. Mas se não havia no 5
  • 6. próprio Jesus qualquer razão legal para que morresse, uma vez que era perfeitamente santo e justo, todavia havia essa necessidade de que a justiça e a santidade de Deus fossem de novo honradas e vindicadas, e Deus fez isto visitando todo o seu ódio contra o pecado em Seu próprio Filho, e não haveria forma mais explícita de se revelar aos anjos e a todas as criaturas debaixo do céu o quanto ele detesta o pecado, e que o pecado realmente gera a morte. “Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado,” (Romanos 8.3) “13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro), 14 para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.” (Gál 3.13,14) Assim, tendo Jesus feito a si mesmo maldição sem que fosse de fato um maldito, os que creem podem agora ser resgatados da maldição pela identificação deles com a morte de Jesus, e por esta aplicação da morte de Jesus a eles para serem beneficiados com a remoção da culpa do pecado, 6
  • 7. Deus se revela justo e justificador de todo aquele que crê em Jesus, porque com isto atribui uma razão justa e santa para aquela morte horrível na cruz, para carregar sobre si a sentença devida ao pecado de todos aqueles que viessem a crer nele. Mas, ainda que nenhum pecador viesse a ser beneficiado pela Sua morte expiatória, por causa da incredulidade, todavia, a justiça e santidade de Deus teriam sido plenamente vindicadas através da vida de Jesus tanto em sua perfeita obediência ativa aos mandamentos da Lei, quanto em sua obediência passiva, oferecendo-se como sacrifício para morrer em favor do resgate da dignidade e honra do Pai. Através da operação da graça de Jesus em nós, pelo poder do Espírito Santo, a força do pecado é enfraquecida e o seu domínio é destruído; e a nossa luta contra cada pecado para submetê-lo a esta destruição pela graça é o que a Bíblia chama de mortificação das obras do corpo, ou do pecado propriamente dito (Rom 8.13). Mas, não se deve entender o uso desta palavra mortificação, como sendo a morte completa que leva o pecado à extinção, ou seja, que ele seja aniquilado para nunca mais se levantar contra nós, mas deve ser entendida como sendo a subjugação e enfraquecimento de nossas corrupções; pois embora o ser do pecado permaneça, ainda assim o poder de comando do pecado é retirado e quem passa a reinar no crente que se santifica é a graça. Somente o pecado é aquilo que faz separação entre nós e Deus, e assim, o problema do pecado 7
  • 8. deve ser resolvido pela sua mortificação contínua, para que possamos permanecer em comunhão com Deus. A mortificação do pecado é necessária porque a graça não pode viver na nossa alma, a menos que o pecado e a corrupção estejam mortos ali; antes que possa haver a vida da graça, deve haver a morte do pecado; como se vê em Rom. 6.11: “Considerem-se mortos para o pecado, mas vivos para Deus”. Se as corrupções vivem, a graça não pode viver no nosso coração, de modo que devemos levar o pecado a sério para mortificá-lo, pois sem isto não podemos ter uma vida abençoada pela graça, operando em nós alegria, amor e paz. Como bem se diz que se o pecado não morre, o pecador deve morrer; se Deus não matar os nossos pecados, o pecado mata a nossa alma. Podemos saber que estamos sendo impulsionados pelo Espírito Santo a mortificar os nossos pecados quando somos muito cuidadosos em evitar todas as ocasiões para a prática do pecado. Quando estamos sendo santificados ocupamo-nos desta mortificação não apenas temendo um pecado absoluto, mas também qualquer coisa que possa ser uma provocação ou entrada para um pecado específico. Depois de muita vigilância e oração para se manter em santidade de vida, isto formará em nós um hábito de santificação que como qualquer 8
  • 9. outro hábito sempre nos manterá aplicados a este dever de mortificar todo e qualquer pecado. A mortificação operada pelo Espírito Santo não somente nos levará a evitar o pecado como até mesmo a odiá-lo e a não lhe dar qualquer receptividade, ainda que seja na fase inicial de qualquer tentação pois o Espírito Santo sempre ativará a nossa consciência para identificar o perigo, como também a nos capacitar em graça a vencê-lo. Afinal, foi principalmente para desagravar a santidade de Deus que foi ofendida pelo pecado, que Jesus se ofereceu como sacrifício na cruz, para que a ira divina contra o pecado fosse aplacada e desviada em relação àqueles que viessem a se converter a ele. Mas lembremos sempre que a mortificação do pecado não é um fim em si mesma, e nem responde ao propósito principal de Deus na nossa salvação, pois é somente o meio necessário para que possamos manter a nossa comunhão com Ele. Não se trata de se limpar para nenhum propósito, como por exemplo, viver para nós mesmos e por nossa própria conta, mas é para ser trabalhado ao lado de uma natureza que foi regenerada e que nos tornou coparticipantes da própria natureza divina, de modo que o sirvamos com um coração voluntário e alegre e disposto para toda a obediência à Sua vontade. Em resumo, devemos responder ao fim para o qual fomos criados que é o de sermos perfeitos em santidade, em todo o nosso ser e procedimento. Se fôssemos purificados de nossos pecados e não 9
  • 10. respondêssemos ao amor de Deus, de nada isso nos aproveitaria, assim como se expressa o apóstolo no texto de I Coríntios 13. Aqui, devemos recordar mais uma vez a grande importância do sacrifício de Jesus e toda a obra que ele realizou para vindicar a justiça e a santidade de Deus, bem como a honra da sua lei que foi abusada, tendo o pecador se tornado um ofensor de Deus e seu inimigo. Tanto é assim, que desde o princípio da entrada do pecado no mundo, Adão e seus descendentes foram instruídos quanto à necessidade de apresentarem sacrifícios de animais limpos e sem defeito, para que Deus fosse propício com eles em sua condição de pecadores que eram. Ora, mas isto foi usado como uma figura e tipo daquele único sacrifício de Jesus pelo qual o pecado poderia ser removido, por mais de 4.000 anos, desde Adão, sendo que nos últimos 1.500 anos destes 4.000 anos, os sacrifícios e ofertas foram regulados através da Lei de Moisés. Sobre a arca do testemunho que ficava no Santo dos Santos, havia uma placa de ouro chamada de propiciatório, sobre a qual o sumo-sacerdote de Israel, uma vez por ano, na data previamente designada, deveria aspergir o sangue dos animais que haviam sido sacrificados para por eles se fazer a expiação do pecado, de maneira que a ira da justiça de Deus fosse aplacada por aquele sangue, e a Sua santidade vindicada, pois todos os serviços que deveriam ser realizados naquele dia da 10
  • 11. expiação nacional, garantiriam a Israel se aproximar de Deus por mais um ano. E assim, aquela cerimônia deveria ser realizada anualmente para que se garantisse o acesso à presença de Deus por parte de todos os que nele cressem e o adorassem. Como o problema do pecado não poderia ser resolvido definitivamente por aqueles sacrifícios tipológicos, Jesus encarnou ao vir a este mundo, para que pudesse apresentar o seu corpo, em sua morte, como o único e eterno sacrifício pelo qual Deus poderia se revelar favorável a todos os pecadores que nele cressem e que dele se aproximassem para adorá-lo. Não foram os animais que eram sacrificados que haviam pecado e ofendido a justiça e santidade de Deus, mas o homem, e então, o único sacrifício vicária que poderia ser aceito por Deus deveria ser de um homem perfeito, sem pecado, e por isso houve necessidade de que Jesus tomasse a natureza humana, além da divina que ele possuía sempiternamente. E nenhum outro poderia atender ao requisito necessário para aquele que deveria se apresentar como oferta e sacrifício para satisfazer a justiça de Deus. O Espírito Santo, sendo uma emanação do Pai e do Filho, deve honrar a ambos, e caso fosse ele quem encarnasse, Jesus, é quem deveria honrá-lo e isto estaria contrariando a ordem natural que há na Trindade Divina, pois é o Espírito que tudo forma tanto na criação visível 11
  • 12. inanimada, quanto animada, bem como na criação espiritual da nova criatura. É Ele que renova a face da Terra, através do controle e da formação de novos seres para ocuparem o lugar daqueles que haviam morrido. Não houvesse este trabalho de renovação na criação natural, de há muito, nenhum ser vivo haveria no mundo. Ele é quem distribuiu os serviços e dons espirituais aos crentes, e que lhes ensina todas as coisas relativas à divindade, e quanto ao modo como devem se comportar em um procedimento santo, que é instruído e operado por ele naqueles que são de Cristo. Ele deve receber a vida que procede de Deus Filho, e operar nos locais, épocas e pessoas por Ele designados, porque é Ele quem batiza com o Espírito Santo, e o Espírito ao receber o que é do Filho o reparte como Lhe apraz para um fim proveitoso. E Deus Pai, que foi a parte ofendida pelo pecador, deve ser reconciliado ao penitente por meio da obra de mediação do Filho, para que em tudo seja glorificado e honrado. Assim, Jesus apresentou o seu sangue imaculado no propiciatório do Santo dos Santos celestial, para que obtivéssemos um eterna redenção, e sermos livrados para todo o sempre do pavor da morte, do diabo e do inferno. E o Espírito Santo nos foi enviado por Ele para a obra de regeneração e santificação que opera em nós segundo o Seu poder divino. Ninguém se iluda pensando que é possível obter a salvação da alma através de conhecimento filosófico, teológico ou por qualquer outro meio 12
  • 13. que seja diferente de se estar pela fé debaixo da cobertura do sacrifício de Jesus. Tão crucial, importante e necessário é este sacrifício de Cristo em nosso lugar, que foram exigidos por Deus, por vários séculos, antes que Ele se manifestasse ao mundo, em forma de figura, sacrifícios cruentos de animais sem qualquer tipo de enfermidade ou defeito, e que tinham que ser limpos segundo a lei cerimonial, e designados entre apenas um pequeníssimo número de espécies (cordeiros, novilhos e pombas), que ilustrassem a mansidão e pureza absolutas dAquele que viria no futuro para morrer na cruz no nosso lugar. Assim, os mandamentos contidos no livro de Levítico foram também dados por Deus a Moisés, além das duas tábuas com os dez mandamentos, quando os israelitas se encontravam acampados no monte Sinai, depois de terem sido libertados da escravidão no Egito (Lev 27.34). A norma dos reformadores de se estudar a lei sempre com um olho no Calvário, é muito importante em ser seguida porque, assim não se esquecerá da graça enquanto se medita especialmente nas penalidades da Lei de Moisés, que, por exemplo, por terem sido revogadas pela entrada em vigor da Nova Aliança, nem mesmo para a nação de Israel tais penalidades continuam sendo de caráter obrigatório. 13
  • 14. Pois desde que Jesus veio e inaugurou a Nova Aliança, Ele continua realizando, através da igreja, o Seu ministério de Salvador do mundo, e não de Juiz do mundo, pois como Ele mesmo definiu a Sua missão, disse que não veio julgar o mundo, mas salvar (João 12.47); isto se aplica ao período da dispensação da graça, e Ele somente julgará então o mundo quando vier como Juiz em Sua segunda vinda, porque o Pai constituiu o Filho Juiz de todas as coisas, como se lê em Jo 5.26- 29. Entretanto, a importância do princípio ensinado pela lei, que a fidelidade é aprovada por Deus, e o adultério sempre será uma abominação aos Seus olhos, não deve ser negligenciada. De modo que ao termos os nossos olhos no Calvário, não venhamos a esquecer que a graça que temos alcançado através da morte de Jesus Cristo, não significa que estamos autorizados a viver de modo diferente daquilo que é exigido pela lei moral de Deus. A Lei e a Graça não são realidades complementares, de modo que a Graça seja a soma da Lei mais alguma outra realidade espiritual. No entanto não são realidades antagônicas, e a diferença básica entre ambas não reside na Sua procedência, pois ambas têm sua origem em Deus, mas esta diferença está basicamente em 14
  • 15. sua natureza, em sua função, pois se a lei é uma norma, a graça é um poder. Assim, Jesus ao interferir com a graça, perdoando aquilo que a Lei não perdoa, antes condena, até mesmo sentenciando à morte, não está descumprindo a lei moral e nem mesmo incentivando o seu descumprimento, mas introduzindo outro princípio relativo à aplicação das penas da lei, também inerente à própria natureza de Deus, princípio este que não ofende a Sua justiça e nem desconsidera a Sua santidade, pois pela própria Lei tem afirmado que usará de misericórdia com quem Lhe aprouver. Por isso há prescrições, mesmo na Antiga Aliança, que são mandamentos relativos à ministração do perdão aos transgressores da Lei, por meio da apresentação de sacrifícios. Isto é muito importante de ser observado no livro de Levítico, pois antes de serem apresentados os vários mandamentos morais com suas penas respectivas, são listados primeiro, desde o início do livro, as normas relativas à apresentação das ofertas que tinham em vista, principalmente, o perdão de pecados. Não podemos esquecer que Deus inspirou a escrita da Bíblia para ser o manual da nossa redenção, e não da nossa condenação. Então nós temos o sacrifício como o ponto central na própria Lei, pois a remissão de pecados é mediante o sacrifício de Jesus, do qual os demais 15
  • 16. eram apenas figura. Todavia, mesmo aqueles sacrifícios de animais revelavam a graça e a misericórdia perdoadora de Deus em plena dispensação da Lei, uma vez satisfeita a exigência da Sua justiça de que uma vítima inocente deveria morrer no lugar do pecador para que este pudesse ser perdoado. Mas, como seriam apresentados inúmeros sacrifícios ao longo da história de Israel, durante o período de vigência da Antiga Aliança, Deus prescreveu a forma de apresentação destes sacrifícios, para que não fossem feitos de acordo com a imaginação dos homens, de modo a não desfigurar o Seu propósito na apresentação daquelas ofertas, nas quais havia um princípio didático relativo a realidades espirituais, não apenas para o ensino deles, como também da própria igreja na dispensação da graça. Uma consciência completamente convencida da sua culpa estaria disposta a vir diante de Deus com milhares de carneiros (Miq 5.6,7), e os ricos poderiam pensar que em ofertarem muito mais do que os pobres, estariam com isto obtendo maior favor da Sua parte. Além do aspecto relativo à quantidade, haveria também a tentação em se pensar que não era exigido um espírito correto na apresentação das ofertas, isto é, sem arrependimento, quebrantamento e tristeza nas ofertas pelo pecado, e sem gratidão e alegria nas ofertas pacíficas e de consagração. 16
  • 17. Eles poderiam fingir estar honrando a Deus, agindo somente para serem vistos em prol da própria honra e glória, e assim usarem e abusarem do sistema de ofertas, que sendo dado para tratar o pecado, seria corrompido pelos seus pecados. Entretanto, antes de prosseguirmos, cabe destacar que apesar de tudo, quando se fala em termos de Lei como sendo a Antiga Aliança propriamente dita, e de Graça como sendo a Nova Aliança, aí então a diferença é marcante, porque aos aliançados do antigo pacto foi ordenado por Deus que não ultrapassassem sequer os limites demarcados ao redor do sopé do Sinai, com a intenção de subirem o monte e se aproximarem do seu cume, onde se manifestaria a Sua presença e glória, e mesmo no tabernáculo só podiam entrar os sacerdotes, e ainda assim no Lugar Santo; e no Santo dos Santos, somente o sumo sacerdote, uma única vez por ano. Já na Nova Aliança todos os aliançados são chamados a se aproximarem do Senhor, vindo à Sua presença no Santo dos Santos celestial. Uma pessoa de fé no Velho Testamento tinha acesso à presença do Senhor no Santo dos Santos celestial, em espírito, não em razão de alguma ordenança contida na Antiga Aliança relativa a isto, mas em razão dos benefícios da Nova Aliança no sangue de Jesus, que também os alcançou no passado. 17
  • 18. O primeiro capítulo de Levítico descreve a lei do holocausto, isto é, dos sacrifícios cruentos que eram queimados sobre o altar; o segundo capítulo as ofertas de manjares; o terceiro os sacrifícios pacíficos; o quarto descreve o sacrifício pelos pecados por ignorância; o quinto o sacrifício pelos pecados ocultos; e o sexto e sétimo capítulos descrevem também prescrições para os diversos tipos de ofertas. Estes capítulos não esgotam tudo o que há na lei de Moisés para regular a apresentação das ofertas, mas temos nestes sete capítulos iniciais de Levítico, as linhas gerais relativas às ofertas a serem oferecidas no tabernáculo, e no primeiro capítulo se descreve particularmente que os holocaustos deveriam ser de gado (novilho – 1.2), ou gado miúdo (carneiro ou cabrito – 1.10) ou aves (rolas ou pombos – 1.14). Os animais de gado deveriam ser machos sem defeitos (1.3;10). Em outras porções da Palavra será descrito que estas ofertas deveriam corresponder proporcionalmente às posses dos ofertantes, de forma que um rico não oferecesse rolas ou pombos, e alguém muito pobre um novilho. Todos os tipos de sacrifícios deveriam ser apresentados à porta do tabernáculo, para que os ofertantes fossem aceitos por Deus (1.3) e deveriam ser imolados perante o Senhor (1.5, 11), e queimados, depois de serem partidos, no altar do holocausto, como oferta queimada de aroma agradável ao Senhor (1.9, 13, 17). 18
  • 19. Note que a referência que se repete é que aqueles sacrifícios são apresentados diante de Deus e para Ele. Por isso o altar do holocausto ficava à frente da porta do tabernáculo, de modo que todas as ofertas fossem apresentadas diante de Deus, cuja presença estava representada na arca da aliança, que se encontrava no interior do tabernáculo. Os sacrifícios, o sangue dos sacrifícios, o aroma da queima da sua carne, não eram para serem vistos e sentidos pelos homens, mas por Deus. O sacerdote era um mediador entre o ofertante e o Senhor, mas tanto a oferta quanto o ofertante estavam se apresentando não diante do homem, mas de Deus. Assim, o sacrifício de Jesus foi para satisfazer à justiça e à santidade do Pai, e não para ser visto pelos homens. Ele se deu em oferta a Deus como propiciação pelos nossos pecados, mas o Seu sacrifício não foi propriamente para satisfazer o desejo dos pecadores, senão para o benefício deles. Isto está ensinado claramente em figura no sistema sacrificial do Antigo Testamento. Mas, nós temos outros ensinos em figura de que o sangue de Jesus deveria ser derramado para que fôssemos livrados da maldição da Lei, que exige a morte do pecador. Nós temos isto exemplificado no sangue do cordeiro que foi imolado no Egito nos dias de Moisés, e que foi passado nas 19
  • 20. ombreiras e vergas das portas de cada residência dos israelitas, para que fossem livrados por ocasião da passagem do anjo destruidor, enviado para matar todos os primogênitos, e que ao ver o sangue, se desviaria. Assim, o sacrifício de Jesus é antes de tudo um sinal para ser visto por Deus, de forma a que não sejamos destruídos, uma vez que nos encontramos sobre a sua cobertura. É dito diretamente que o holocausto deveria ser apresentado perante o Senhor; e o ofertante deveria colocar a sua mão sobre a cabeça do sacrifício; para que fosse aceito em seu benefício, para a sua expiação. Veja que seria a aceitação do sacrifício que beneficiaria o ofertante, de modo a expiar a sua culpa. Se o sacrifício de Jesus não tivesse sido aceito pelo Pai, ninguém poderia ter a culpa de seus pecados expiada. Este ato de expiação significa aos olhos de Deus o pagamento pela culpa de nossos pecados, conforme exigido pela lei, de modo que pudéssemos ser absolvidos desta culpa. Então, pelo ato de remissão, isto é, deste pagamento, de cumprimento da pena exigida pela lei, o que acontece com a condenação que era prescrita por esta mesma pena da Lei no Antigo Testamento? 20
  • 21. Ela é simplesmente removida em Cristo, para aqueles que têm os seus pecados expiados, por estarem unidos a Ele, na semelhança de Sua morte e ressurreição. Por isso se ordenava que o ofertante impusesse a mão sobre a cabeça do sacrifício, indicando-se assim esta identificação na sua morte, como sendo a sua própria morte, pois era com a mão sobre a sua cabeça que a vítima inocente era imolada. A nossa aceitação por Deus dependeu então da aceitação do sacrifício de Jesus, como sendo a nossa própria morte para a condenação da Lei, e para o pecado. A nossa redenção e justificação são feitas por meio do sangue que Ele derramou, e é por sermos redimidos e justificados, que somos aceitos, porque não temos um Salvador que simplesmente apaga a culpa dos nossos pecados, como também remove os nossos pecados, apresentando-nos lavados de nossas iniquidades diante de Deus. É para sermos santificados que Ele se santificou a Si mesmo, separando-se como oferta, para morrer em nosso lugar. O propósito eterno de Deus, que está revelado desde o livro de Gênesis, onde é citado que Adão foi criado perfeito e sem pecado, é cumprido, portanto, por meio do sacrifício de Jesus em nosso favor, de modo que aquela santidade original 21
  • 22. possa ser resgatada e aplicada às vidas dos que têm sido remidos pelo Seu sangue. A exigência de que a oferta fosse sem defeito é uma clara alusão a Jesus, pois somente Ele é perfeitamente santo e sem defeito. Assim, os sacrifícios cruentos apontam como figura para Ele. Se o sacrifício fazia expiação a favor do ofertante (Lev 1.4), então teria que ser obrigatoriamente uma figura de Cristo, porque em nenhum animal ou mesmo em qualquer outra pessoa, poderia ser possível se fazer expiação pelo pecado, ainda mais pelo que se depreende das condições que Deus determinou para que o animal fosse imolado, isto é, com a imposição das mãos sobre a cabeça do holocausto, imolando-o em seguida perante o Senhor. Esta imposição de mãos, como já dissemos antes, tinha a ver com a identificação com a morte da vítima, reconhecendo como sendo a sua própria morte, e a confissão de pecados sobre ela, de modo que estaria transferindo-lhe a culpa do seu pecado. Ora, sabemos que não seria justo fazer-se uma expiação de culpa trocando um animal por um homem. Então, o que temos aqui é uma figura. E, também não seria justo trocar um pecador por outro pecador, porque aquele que tem a sua 22
  • 23. própria culpa, não poderia morrer pela culpa de um outro, pois já teria sobre si a sentença de morte. Então não há qualquer sombra de dúvida que a figura aponta para Cristo, e somente para Ele, porque nenhum outro poderia se encaixar na descrição que é feita na Palavra de Deus (Hebreus 8.1-8). Por isso se diz que o aroma da queima da carne do holocausto seria agradável a Deus, porque agradou ao Pai que o Filho fosse consumido inteiramente no seu altar de sofrimento, em favor dos nossos pecados. O aroma era agradável a Deus não pelo cheiro da carne, porque aqui temos uma antropopatia, pois Deus não se alimenta de carne, mas o fato de a carne estar queimando no altar significava que o pecado do ofertante seria perdoado por causa daquele grande sacrifício que seria feito no futuro, e do qual aquele que estava apresentando era figura. Pois com o corpo do sacrifício queimado também se queimava em figura, o pecado. Dava-se também o testemunho de uma alma se reconciliando com Deus, convertendo-se a Ele, dizendo não ao pecado, entrando em inimizade com o diabo e em amizade com Deus, buscando a santidade que havia sido perdida no Éden, e dando assim cumprimento ao propósito do Senhor na criação do homem. 23
  • 24. Se tudo isto seria possível por causa de o pecador ter entendido que deveria confiar no sacrifício para ser aceito por Deus, conforme Ele determinou, então não seria de se esperar menos de que Ele ficasse de fato agradado com o aroma da oferta que queimava sobre o altar, indicando a eficácia de expiação do pecado através da relação entre a oferta, o ofertante e a aceitação de Deus de ambos. Como já dissemos antes, o sacrifício de Jesus agradou inteiramente ao Pai, pois satisfez plenamente à Sua justiça, e é em decorrência disto que somos aceitos por Deus como seus filhos amados. Outro fato que aponta para a verdade de que o sacrifício tipificava a Cristo e somente a Ele, reside em que os novilhos, cordeiros, cabritos, rolas e pombos, representam animais inofensivos, inocentes e mansos, e portanto apontavam para as virtudes que estão em Cristo. Não se fala na lei de ser aceitável sacrifício de animais considerados imundos pela lei, peçonhentos, selvagens e com características que não apontassem para a benignidade e mansidão de nosso Senhor. Assim, como vimos antes, é o sacrifício de Cristo que nos habilita a sermos agradáveis a Deus, de modo que uma vez sendo justificados do pecado, e sendo regenerados pelo Espírito, possamos ser reconciliados com Ele, para receber graça para 24
  • 25. amar a Deus de todo o coração, de todo o entendimento e de toda a força, e para amar o próximo como a nós mesmos, pois isto excede a todos os holocaustos e sacrifícios que poderíamos apresentar para Deus (Mc 12.33), tanto que Jesus apresentou-se a si mesmo como sumo sacerdote ao Pai por nós, e também como sacrifício, uma única vez e para sempre, não deixando para nós senão o único dever de amar, assim como Ele nos amou. Mas quando falamos da ira de Deus que permanece sobre aqueles que não creem em Jesus, segundo aquilo que lemos em várias passagens das Escrituras, como por exemplo em João 3.36, e que há a necessidade da propiciação feita pelo sangue de Jesus, que se apresentou como um sacrifício vicário pela oferta do seu corpo, isto não deve ser entendido que Deus é um ser completamente irado que deve ter a sua ira aplacada por meio de sacrifícios, conforme se pode pensar dos muitos sacrifícios que foram oferecidos nos dias do Antigo Testamento. Mesmo aqueles sacrifícios que eram figura do de Jesus, eram uma expressão do seu amor e favor pelos pecadores, de maneira a dar-lhes a condição de serem reconciliados a Ele, e pelo motivo de tê- los amado desde antes da fundação do mundo, tendo enviado Jesus a nós, para que pudéssemos ser resgatados e restaurados por Ele. Pelo sacrifício seria feito o desagravo à santidade de Deus, e a Sua justiça seria satisfeita, mas não se pense que fosse o desagravo em si o único 25
  • 26. propósito da exigência do sacrifício, mas porque a santidade é o pressuposto mesmo para que se possa participar da unidade em comunhão amorosa da criatura com o Seu Criador. É por esse motivo que Jesus orou em João 17 para que todos os crentes fossem santificados na verdade, ou seja, na Palavra de Deus. Deus criou a humanidade para ter muitos filhos semelhantes a Jesus Cristo, e através dos séculos este objetivo tem sido plenamente atingido por ele com os milhões de pessoas que já salvou e que continuará salvando até que se complete o número de todos aqueles que são chamados por Ele para a vida eterna. O seu plano de restaurar todas as coisas em Jesus Cristo, está se aproximando rapidamente à sua conclusão final com a volta do Senhor. Quem ousaria afirmar à luz de tudo o que já foi feito pela Trindade Divina, e que ainda estará sendo feito por toda a eternidade, que a santidade de Deus encontra-se manchada por causa do pecado? Não somente a maravilhosa obra que Jesus realizou, como tudo o que tem sido santificado por meio dEle, já desagravou todo o pecado que já existiu no mundo, que ainda exista ou venha a se manifestar no futuro. Tudo será trazido à lume por Deus no Tribunal de Cristo, quando todos deverão prestar contas de tudo o que fizeram por meio do corpo, quer para o bem, quer para o mal. 26
  • 27. Em nada a soberania e majestade do Senhor poderia ser frustrada pela criatura, conforme Jó bem se expressou a respeito disso dizendo que chegou ao conhecimento de que Deus tudo pode e nenhum dos Seus planos pode ser frustrado, ou seja, o que Ele planejou fazer será plenamente cumprido, e Ele é poderoso para fazer com que todas as coisas contribuam para o bem daqueles que o amam. Esta é a razão pela qual a salvação é segura e eterna para todo aquele que crê em Jesus, porque é pela fé que o justo viverá, e vencerá o mundo, assim como Jesus o venceu. Nada poderá separar o crente do amor de Deus que está em Cristo Jesus. E não há pecado pequeno ou grande (exceto a blasfêmia contra o Espírito Santo) que não possa ser perdoado por Ele, uma vez que a obra de expiação que consumou em sua morte e ressurreição é perfeita e completa quanto a satisfazer plenamente a exigência da justiça divina em relação ao pecador penitente. É disse que decorre a garantia da nossa salvação, ou seja, simplesmente por meio da fé nEle, e não por qualquer tipo de obras de nossa parte, conforme é expressado em várias passagens das Escrituras: “1 Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado? 2 Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? 3 Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne? 27
  • 28. 4 Terá sido em vão que tantas coisas sofrestes? Se, na verdade, foram em vão. 5 Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé? 6 É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça. 7 Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão. 8 Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos. 9 De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão. 10 Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las. 11 E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé. 12 Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá. 13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro), 14 para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido. 28
  • 29. 15 Irmãos, falo como homem. Ainda que uma aliança seja meramente humana, uma vez ratificada, ninguém a revoga ou lhe acrescenta alguma coisa. 16 Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo. 17 E digo isto: uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a pode ab-rogar, de forma que venha a desfazer a promessa. 18 Porque, se a herança provém de lei, já não decorre de promessa; mas foi pela promessa que Deus a concedeu gratuitamente a Abraão. 19 Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um mediador. 20 Ora, o mediador não é de um, mas Deus é um. 21 É, porventura, a lei contrária às promessas de Deus? De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente de lei. 22 Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que creem. 23 Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se. 29
  • 30. 24 De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. 25 Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio. 26 Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; 27 porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes. 28 Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. 29 E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa.” (Gálatas 3) Observe que o apóstolo apresenta uma visão geral do plano de Deus desde o princípio, recuando até a Abraão, a quem foi feita promessa de serem abençoadas pessoas de todas as nações da terra, através do descendente de Abraão (Jesus), e o cumprimento desta promessa se referia ao Espírito Santo que seria derramado sobre todo aquele que viesse a crer em Cristo e se unir a ele em espírito. Estes seriam regenerados e o Espírito iniciaria neles o trabalho de santificação visando à sua restauração completa, conforme foi planejado por Deus Pai desde o princípio. Na verdade, quando Deus disse a Satanás que no futuro viria um descendente da mulher que esmagaria a sua cabeça, ou seja, que destruiria as 30
  • 31. suas obras malignas na criação, e isto apontava certamente para Jesus Cristo, quando despojou os principados e potestades malignos e os expôs ao desprezo por sua morte na cruz. Veja as palavras triunfantes de Jesus próximo da hora de ser crucificado, quando orou ao Pai: “4 Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer; 5 e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo.” (João 17.4,5) Ele veio ao mundo para nos resgatar, vivendo entre nós, e em meio a todas as circunstâncias que teve que viver obedientemente ao Pai desde o seu nascimento até à Sua ascensão ao céu depois da Sua ressurreição. Tudo o que Ele fez visava exclusivamente à glória do Pai, e efetivamente o fizera em todos os seus atos enquanto esteve em corpo aqui embaixo. O Pai foi honrado por sua humanidade, que tudo venceu, inclusive a todas as investidas do diabo e dos homens ímpios. Adão foi derrotado estando em pleno vigor, mas Jesus venceu as tentações de Satanás no deserto, depois de ter jejuado por 40 dias e noites, estando em extrema fraqueza. Ele nunca pecou em pensamentos, palavras, ações e omissões. Era o Cordeiro perfeito pelo qual o pecado seria tirado do mundo. O pecado seria condenado em sua carne por ocasia da morte na cruz, e o Seu sangue que seria derramado seria o 31
  • 32. meio da nossa expiação, pelo valor que tributamos a ele por meio da fé. Quantas realidades maravilhosas estão envolvidas nesta obra de restauração de todas as coisas que está sendo empreendida com base na obra de Jesus. E tudo isto em meio a circunstâncias práticas e reais de nossas vidas, havendo muitos embates que somos levados a experimentar, assim como o próprio apóstolo Paulo, que a isto se referiu como temores por dentro e lutas por fora. O Cristianismo é um combate permanente contra o pecado, o diabo e o mundo de trevas, e não há tréguas nesta luta, nenhum espaço para estados de nirvana ou estoicismo. Nossas aflições são reais, assim como nossas dores e sofrimentos por amor a Cristo, mas de todas as nossas tribulações somos livrados segundo a assistência que a graça de Deus nos dá. E nisto, Deus também é glorificado no Filho, que é por meio de quem alcançamos todas estas vitórias espirituais. Nossas melhores obras não poderiam satisfazer à justiça de Deus, nem mesmo o nosso arrependimento, como alguém se expressou muito apropriadamente quanto a isto: “O arrependimento é uma condição de perdão, não uma satisfação da justiça Divina; isto às vezes move a bondade Divina para afastar o julgamento, mas não é nenhuma compensação à justiça Divina. Não há aquele bem no arrependimento quanto há o mal no pecado de que se arrepende, e a satisfação deve ter algo de equidade, tanto da injúria e da pessoa desonrada; a satisfação que é 32
  • 33. suficiente para uma pessoa particularmente errada não é suficiente para um príncipe justamente ofendido; pois a grandeza do mal remonta à dignidade da pessoa. Ninguém pode ser maior do que Deus, e, portanto, nenhuma ofensa pode ser tão maligna como as ofensas contra Deus; e poderiam algumas lágrimas ser suficientes aos pensamentos de alguém para lavá- los? O mal cometido contra Deus pelo pecado é de um nível mais elevado do que a ser compensado por meio de quaisquer boas obras da criatura; embora sejam da mais grandiosa elevação. O arrependimento de qualquer alma é tão perfeito a ponto de ser capaz de responder à punição à justiça de Deus exigida na Lei? E se a graça de Deus nos ajudasse em nosso arrependimento? Não pode ser concluído a partir disso, que o nosso perdão é formalmente adquirido pelo arrependimento, mas que somos dispostos por ele a receber e valorizar um perdão. Não é congruente com a sabedoria e justiça de Deus a concessão de perdões a obstinados rebeldes. O arrependimento não é em nenhum lugar citado como expiatório do pecado; um coração quebrantado é chamado de um sacrifício (Salmos 51:17), mas não é um propiciatório. O pecado de Davi foi expiado antes que ele escrevesse esse Salmo (2 Samuel 12:13). Embora um homem possa chorar muitas lágrimas como as gotas de água contidas no oceano, enviar o maior número de rajadas de orações como se houvesse gemidos emitidos de cada criatura 33
  • 34. desde a fundação do mundo; embora ele fosse capaz de sangrar tantas gotas de seu coração como se tivessem sido derramadas de veias de sacrifícios de animais, tanto na Judeia e de todas as partes do mundo; embora ele fosse capaz, e verdadeiramente aplicasse à caridade todos os metais das minas do Peru; ainda assim isto não poderia absolvê-lo da menor culpa, nem limpá-lo da menor impureza, nem conceder o perdão do menor crime por meio de qualquer valor intrínseco nos atos em si mesmos; os próprios atos bem como as pessoas podem falhar sob a censura da justiça ardente. Somente a morte de Cristo nos concede a vida. Somente o sangue de Cristo sacia aquele justo fogo que o pecado acendeu no coração de Deus contra nós. Indicar qualquer outro meio de apaziguamento de Deus, além da morte de Cristo, é fazer com que a cruz de Cristo não tenha nenhum efeito. Nós devemos aprender isso a partir de “não convinha que o Cristo padecesse?” Somente Jesus poderia ser uma satisfação para a justiça de Deus, pois a honra de Deus requer também o contentamento de Sua justiça, e ninguém além de Jesus poderia dar tal honra perfeita a Deus e à Sua Lei, por uma perfeita obediência. Por isso Deus Pai confere ao Filho uma honra elevada que não é concedida a nenhum outro, dando-lhe um nome que é sobre todo nome, pois nenhum outro poderia honrá-lo na mesma 34
  • 35. proporção e dignidade com que o Filho o tem honrado. 35