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Fisiologia Vegetal Atropa belladonna
Vila Real, 2014
http://www.infopedia.pt/$alfarrobeira,2
João Ferreira e Micaela Prior
Universidade de
Trás-os-Montes e
Alto Douro
2013/2014
Biologia e
Geologia
Fisiologia Vegetal Atropa belladonna
Vila Real, 2014
Índice
Designação.......................................................................................................................................1
Perspetiva histórica ..........................................................................................................................1
Classificação taxonómica .................................................................................................................2
Ocorrência e distribuição ..................................................................................................................2
Morfologia.........................................................................................................................................5
Descrição macroscópica ...............................................................................................................5
Descrição microscópica ................................................................................................................7
Propriedades físico-químicas............................................................................................................8
Etnobotânica.....................................................................................................................................9
Toxicidade...................................................................................................................................11
Referências Bibliográficas ..............................................................................................................12
Fisiologia Vegetal Atropa belladonna
1
Designação
Nome científico: Atropa belladonna L.
Outros nomes populares: beladona, bela-dama, erva-envenenada; erva-do-diabo; tollkirsche
(alemão); belladona (espanhol, inglês); belladone (francês); deadly nightshade, dwale (inglês);
belladonna (italiano) (Monteiro et al., 2007/2008).
Perspetiva histórica
Atropa belladonna L., conhecida pelo nome comum de beladona, é uma planta subarbustiva
perene. Linnaeus, em 1753, denominou esta planta de Atropa belladonna, devido ao facto de as
mulheres, naquela época, utilizarem extratos de Atropa nos olhos para dilatar as pupilas de modo a
ficarem mais belas, denominando assim o epíteto específico da espécie de belladonna (do italiano
mulher bela) (Lee, 2007). A esse nome, juntou o de Atropa, baseando-se em Atropos que era,
segundo a mitologia grega, a divindade responsável pela morte das pessoas (Monteiro et al.,
2007/2008).
Assim, conseguiu fazer referência à toxicidade desta planta que era de conhecimento geral,
reunindo as duas ideias que existiam na altura, sendo uma delas a toxicidade e outra a sua
utilização como produto cosmético (Lee, 2007).
Um extracto de beladona era usado como gotas oculares, fazendo parte das preparações
de maquilhagem. A atropina, um alcalóide presente na Atropa belladonna, tem o efeito de dilatar as
pupilas. É atualmente conhecido que a atropina tem actividade anticolinérgica, bloqueando a
capacidade de contracção da íris, provocando um efeito midriático (aumenta a pupila). As pupilas
dilatadas eram consideradas mais atraentes pelos homens, porque estas também dilatam quando a
excitação sexual aumenta, ou seja, os homens eram inconscientemente mais propícios a ir ao
encontro das mulheres que teriam colocado extractos de beladona nos globos oculares. Esta
utilização tinha o efeito adverso de tornar a visão turva e aumentar o batimento cardíaco. O seu uso
prolongado poderia mesmo causar cegueira (Lee, 2007).
A Atropa belladonna é uma planta cercada por mito, temor e admiração. Na antiguidade, os
gregos e os romanos já sabiam que continha um veneno mortal. O vinho dos bacanais, ou festas
dionísicas, estava frequentemente adulterado com beladona, produzindo reacções de histeria e
alucinações nos participantes, tornando as mulheres mais propícias a estes actos.
Nos tempos medievais foi abundantemente usada por feiticeiros e bruxas. Algumas
feiticeiras, para adivinhar o futuro (aproveitando as ilusões e alucinações provocadas), tomavam,
regularmente, pequenas quantidades de beladona via oral (Lee, 2007).
Fisiologia Vegetal Atropa belladonna
2
Classificação taxonómica
Reino Plantae
Divisão Magnoliophyta
Classe Magnoliopsida
Ordem Solanales
Família Solanaceae
Género Atropa
Espécie Atropa belladonna
Tabela 1 - Classificação taxonómica da planta beladona (Consultada em: Monteiro, A. M., et al., 2007/2008,
14/04/2014).
Na família das Solanaceae estão presentes plantas comestíveis, como a batata ou o tomate, e
plantas tóxicas para os humanos, como o tabaco (Nicotiana) ou a Atropa belladonna. A presença
de uma elevada quantidade de alcalóides é frequente nas plantas desta família, tendo interesse
como fonte de alimentação e matéria-prima para produtos farmacêuticos/médicos (Bot, 1969).
Ocorrência e distribuição
A beladona encontra-se distribuída naturalmente pela Europa, Norte de África e Ásia
Ocidental e foi introduzida em partes da América do Norte e do Sul (Figura 1) (Lee, 2007).
Fisiologia Vegetal Atropa belladonna
3
Figura 1 - Distribuição mundial de Atropa belladonna (Consultada em: http://eol.org/data_objects/21120434,
15/04/2014).
A espécie é pouco tolerante à exposição directa à radiação solar, preferindo habitats com
sombra e solos ricos em limo e húmidos, principalmente à beira de rios, lagos e represas (Benjamin
et al., 1987). Alcança um desenvolvimento vegetativo maior e uma riqueza máxima de alcalóides
quando é cultivada em terrenos de aluvião que sejam leves, profundos, permeáveis, bem
preparados e melhorados com fertilizantes químicos azotados e fosfatados, principalmente
(Benjamin et al., 1987; Monteiro et al., 2007/2008).
Esta planta não tolera o calor intenso de verões muito quentes, nem o frio implacável de
invernos rigorosos. As geadas e a neve geralmente criam necroses na beladona. O calor e a baixa
humidade atmosférica (aumento da transpiração, devido ao gradiente de potenciais hídricos)
aumentam a concentração em alcalóides na planta (maior absorção de água e nutrientes para
contrariar a perda de água), mas em atmosferas húmidas (diminuição da transpiração) e baixa
radiação solar é exercido um efeito oposto nas plantas de uma cultura, ou seja, a percentagem de
alcalóides diminui na planta. Quando a planta transpira mais, significa que os seus estomas estão
mais abertos ou abertos durante mais tempo para a captação de CO2, que vai mediar a
fotossíntese, produzindo-se assim mais alcalóides (Bot, 1969; Lee, 2007).
A cultura pode ser feita mediante sementeira ou por reprodução vegetativa, sendo contudo
recomendável o uso das sementes. Demoram algum tempo a germinar e requerem humidade e
calor (Lee, 2007). Mesmo que sejam mantidas todas as condições necessárias a taxa de
germinação não é alta, pois existe a possibilidade de latência, que poderá ocorrer devido à
existência de um tegumento duro e rugoso que recobre as sementes. A utilização de giberelina
pode contrariar esta latência, acelerando assim a germinação (Bot, 1969).
Apesar disto, a planta sobrevive apenas se possuir sombra (daí o nome em inglês “Deadly
Nightshead” – “Sombra mortal”), pois se for exposta demasiado ao sol é fortemente atacada por
pragas de insectos, principalmente pelo Epitrix atropae, uma espécie de besouro-saltador (Figuras
2 e 3) (Monteiro et al., 2007/2008).
Fisiologia Vegetal Atropa belladonna
4
Figuras 2 e 3 - Necroses causadas pela alimentação do besouro-saltador Epitrix atropae, na página superior
de uma folha de Atropa belladonna (Consultadas em: http://www.bioimages.org.uk/html/p2/p21769.php e
https://www.flickr.com/photos/cladoniophile/6971283521/lightbox/, 15/04/2014).
É uma planta capaz de viver vários anos (de 15 a 20 anos), porém convém renovar a cultura
com intervalos de 3 a 5 anos, pois a partir do quinto ano de vida da planta a percentagem de
alcalóides e a produtividade decrescem (Benjamin et al., 1987).
Figura 3
Figura 2
Fisiologia Vegetal Atropa belladonna
5
Figura 5
Morfologia
Descrição macroscópica
Planta perene e herbácea,
apresentando-se frequentemente como
um subarbusto (Figura 4) que se
desenvolve a partir de um rizoma carnudo.
Pode atingir cerca de 40 a 150 cm (em
locais favoráveis) de altura.
Figura 4 - Atropa belladonna adulta. É de notar
o seu porte subarbustivo (Consultada em:
https://www.horizonherbs.com/product.asp?
specific=352, 15/04/2014).
As folhas (Figura 5) são ovais -
lanceoladas, de ápice acuminado, com um
pecíolo curto (0,5 a 4,0 cm) e encontram-
se alternadas no caule (folhas alternas); as
folhas superiores são geminadas (ocorrem
aos pares) e são muito desiguais no
tamanho e formato, inteiras ou sinuadas,
mais ou menos glabras, sendo que uma é
relativamente maior do que a outra.
Medem 5 a 25 cm de comprimento por 4 a
12 cm de largura. A coloração varia do
verde a castanho-esverdeado, sendo mais
escuras na face adaxial. As folhas secas são enrugadas, friáveis e delgadas. As folhas jovens são
pubescentes, porém as mais idosas apresentam-se apenas ligeiramente pubescentes ao longo das
nervuras e no pecíolo. Relativamente à nervação, é do tipo peninérvea.
As folhas contêm um óleo que apresenta um odor nauseabundo, podendo causar erupções
postulares se não forem manuseadas cuidadosamente.
Figura 5 - Pormenor das folhas de Atropa belladonna (Consultada em: http://pt.wikipedia.org/wiki/
Atropa_belladonna, 15/04/2014).
Fisiologia Vegetal Atropa belladonna
6
O caule é ereto, ramificado e pubescente, apresentando-se muito lenhificado na base. As
suas raízes são espessas pivotantes (Monteiro et al., 2007/2008).
A flor (Figuras 6 e 7) forma-se entre os pecíolos de duas folhas geminadas. São flores
solitárias, túbulo-campanuladas (em forma de sino), com cálice persistente, verde, com 5 lobos
pubescentes. A corola, de 2,5 cm de comprimento por 1,2 cm de largura, apresenta uma cor
violácea, com 5 pequenos lobos voltados para o exterior. A corola apresenta uma coloração mais
castanho-amarelada na sua parte inferior (Monteiro et al., 2007/2008).
Figura 6 - Flor de Atropa belladonna
(Consultada em: http://ltc.nutes.ufrj.br
/toxicologia/fotXI1.htm. 15/04/2014).
A flor dá origem ao
fruto (Figura 7), que é uma
baga de cor verde quando
imatura, e de cor preta
brilhante quando madura
(muito idêntico a cerejas)
(Lee, 2007). A baga é
suculenta, chegando a medir
1,2 cm de diâmetro. As
bagas contêm no seu interior
grande quantidade de
sementes (Figura 8) comprimidas, reniformes, de dimensão reduzida, finamente pontuadas, com o
albúmen carnoso e o embrião curvo. São necessárias pequenas quantidades de bagas para plantar
grandes campos, visto que uma única baga contém um grande número de sementes de pequena
dimensão. Requerem, no entanto, campos ricos, húmidos, com fertilizantes e sem ervas daninhas
(Lee, 2007; Monteiro et al., 2007/2008).
Figura 7
Fisiologia Vegetal Atropa belladonna
7
As bagas são extremamente perigosas, mesmo não sendo a parte da planta com maior
toxicidade (mais alcalóides), pois são atractivas e possuem um sabor adocicado. A ingestão de
quantidades superiores a 5 bagas pode ser mortal (Berdai et al., 2012).
Figura 7 - Pormenor da flor e do fruto de beladona (Consultada em: http://elvalledesabero.
blogspot.pt/2013/05/plantas-magicas.html, 15/04/2014).
Figura 8 - Sementes de beladona (Consultada em: http://psychotropicon.info/echte-katzenminze-nepeta-
cataria/, 15/04/2014).
Descrição microscópica (Figura 9)
A folha apresenta a epiderme uni-estratificada, com células fundamentais de paredes
anticlinais sinuosas e com cutícula delgada e finamente estriada. Encontram-se presentes tricomas
tectores (não glandulares) e glandulares por toda a lâmina (Lee, 2007).
Os estomas são do tipo anisocítico e são mais frequentes na epiderme abaxial. O mesófilo é
composto por uma camada de parênquima em paliçada uni-estratificado e parênquima esponjoso
com grandes idioblastos contendo cristais de oxalato de Ca2+
na forma de areia microcristalina. A
nervura principal é proeminente em ambas as faces e apresenta feixes vasculares bi-colaterais em
arco aberto, sendo o floema intra-axilar descontínuo. Abaixo da epiderme, em ambas as faces da
nervura principal, ocorre colênquima angular (Lee, 2007).
Fisiologia Vegetal Atropa belladonna
8
Figura 9 - Detalhe da porção do mesófilo, em secção transversal da lâmina foliar. tg: tricoma glandular; tt:
tricoma tector; cu: cutícula; ep: epiderme; pp: parênquima em paliçada; ic: idioblato contendo microscristais
de oxalato de Ca
2+
; pj: parênquima esponjoso; es: estoma anisocítico (Consultada em:
http://www.anvisa.gov.br/hotsite/farmacopeiabrasileira/arquivos/cp38_plantas/beladona.pdf, 15/04/2014).
Propriedades físico-químicas
A Atropa belladona possui vários princípios activos, contendo vários alcalóides derivados do
tropano, tais como hiosciamina, atropina, ácido atrópico, beladonina e escopolamina.
O conteúdo total de alcalóides das partes aéreas está situado entre 0,2-2% de matéria seca,
com valores médios a rondar os 0,3 e 0,5%. Nas folhas, o modo de secagem e as condições da
plantação, influenciam a percentagem de alcalóides presentes. As bagas de beladona contêm
cerca de 0,65% de alcalóides derivados do tropano. O conteúdo da raiz em alcalóides varia entre
0,2% e 1,2%, sendo que a média é entre 0.4 e 0.6 % (Bot, 1969; Benjamin et al., 1987).
O principal alcalóide é a (L)-hiosciamina (87,6% nas folhas e 68,7% na raiz). Esta, quando
em solução racemiza rapidamente formando a atropina (D,L-hiosciamina). Outros alcalóides
também existentes nas folhas são a apoatropina (atropamina) 6,7%, tropina 3%, escopolamina
1,9%, apoescopolamina 0,5%, 3-a-fenilacetoxitropano 0,3% e tropinona 0,2%. Comparando com as
folhas, a raiz contém um espectro mais alargado de alcalóides (Bot, 1969; Lee, 2007).
Estes alcalóides derivados do tropano possuem estruturas bicíclicas tornando-os, a todos,
potentes anticolinérgicos, ou seja, inibem a produção de acetilcolina. Em doses elevadas, além dos
efeitos no corpo (será posteriormente focado no trabalho), são capazes de alterar as funções
psíquicas (Monteiro et al., 2007/2008).
Fisiologia Vegetal Atropa belladonna
9
Comparando dois alcalóides, a atropina e escopolamina (Figura 10), estes são ambos
ésteres formados por combinação de ácido trópico (aromático) e bases complexas, tropanol ou
escopina, respectivamente. Estas estruturas diferem, apenas, na existência de uma ponte de O2
extra, na escopina, presente na escopolamina (Monteiro et al., 2007/2008).
Figura 10 - Configuração bioquímica da atropina e da escopolamina, ambos alcalóides presentes na
beladona (Consultada em: http://www.ff.up.pt/toxicologia/monografias/ano0708/g19_beladona/pfq.html,
16/04/2014).
Etnobotânica
A utilidade da Atropa belladonna em terapêutica, para a elaboração de medicamentos
(certificados pelo Infarmed) ou para fins pouco próprios, advém da sua constituição rica em
alcalóides tropânicos, como a atropina e escopolamina, sendo estes mais utlizados devido às suas
propriedades.
A atropina e a escopolamina diferem, quantitativamente, na sua actividade, particularmente
na capacidade de afectar o sistema nervoso central (SNC). A atropina, praticamente, não
apresenta efeitos detectáveis no SNC nas doses usadas clinicamente (0,5 a 1mg). Por outro lado, a
escopolamina tem efeitos centrais marcados mesmo em doses baixas. Logo, como a atropina tem
efeitos menos drásticos no SNC, na maioria das situações ela é preferível à escopolamina
(Monteiro et al., 2007/2008).
São, assim, conferidas várias propriedades à beladona que fazem com esta seja utilizada
na indústria farmacêutica, na elaboração de comprimidos, xaropes, pomadas (Figura 11)... devido
às suas propriedades:
 Antiasmática;
 Relaxante muscular (antiespasmó-
dica);
 Calmante;
 Diurética;
EscopolaminaAtropina
Fisiologia Vegetal Atropa belladonna
10
 Midriática: tem capacidade de dilatar a
pupila, sendo aproveitado em exames
oftalmológico;
 Analgésico ou anestesiante: em doses
moderadas;…
Figura 11 - Pomada de belladonna, fabricado pela Homeopatia Almeida Prado. Tem efeitos analgésicos,
cura furúnculos, entre outras utilizações (Consultada em: http://www.homeopatiaalmeidaprado
.ind.br/?p=produtos&c=POMADAS%20/%20CREMES, 16/04/2014).
Os alcalóides da beladona actuam ao nível de vários sistemas do organismo do ser humano:
 SNC: a atropina nas doses terapêuticas causa excitação vagal média como resultado da
estimulação da medula e dos centros cerebrais. Assim, a atropina tem sindo utilizada na
cura contra a doença de Parkinson;
 Sistema Cardiovascular: a atropina altera o batimento cardíaco. Apesar da resposta
dominante ser a taquicardia, por vezes o ritmo cardíaco pode baixar transitoriamente, com
doses clínicas (0,4 a 0,6mg). Não há alterações na pressão sanguínea;
 Sistema respiratório: Os alcalóides da beladona inibem as secreções salivares e
brônquicas, secando as membranas mucosas do tracto respiratório e relaxam o músculo
liso brônquico. Esta acção é significativa se as secreções forem excessivas e é a base para
o uso de atropina e escopolamina na medicação pré-anestésica. Tornam-se, assim, úteis
durante as cirurgias, reduzindo o risco de obstrução das vias respiratórias aéreas;
Fisiologia Vegetal Atropa belladonna
11
 Sistema digestivo: A atropina controla, também, a produção excessiva do ácido secretado
no estômago. A secreção salivar é particularmente sensível à inibição causada pelos
alcalóides, ficando a boca seca e a deglutição e a fala podem ser dificultadas. (Monteiro et
al., 2007/2008)
Quantos mais usos medicinais se descobrem para a atropina, maior é a procura da planta.
Tentou-se, inclusivamente, criar plantas com maior percentagem de atropina, através de
modificações genéticas, de modo a satisfazer esta constante procura.
O processo de síntese deste tipo de compostos é bastante caro, pelo que o melhor método
de obtenção é através da sua extracção destas plantas.
Contudo, os usos desta planta não se resumem aos seus efeitos positivos. Desde
utilizações para envenenamento de reservas alimentares dos adversários dos romanos, até
adulterações dos vinhos dos bacanais, há vários relatos da utilização desta planta para fins pouco
próprios. Extractos desta planta, também faziam parte da constituição do soro da verdade muito
utilizado no século passado (Monteiro et al., 2007/2008).
Atualmente, ainda é usada para além de matéria-prima de alcalóides tropânicos, como
alucinogénio, devido aos seus rápidos efeitos psicoactivos. Esta utilização como droga recreativa é,
apesar de tudo, bastante rara uma vez que para além destes efeitos há muitos outros que são
desagradáveis e que, por isso, desencorajam esta sua vertente na utilização.
Toxicidade
Quando são introduzidas grandes concentrações da planta, ou partes dela
(maioritariamente pela ingestão dos frutos) no organismo humano, causa envenenamento,
podendo mesmo provocar a morte.
A ingestão de qualquer parte desta planta pode provocar os seguintes sintomas:
- Pele seca, quente e avermelhada, principalmente no rosto;
- Boca seca, dificultando a deglutição e articulação das palavras;
- Sede intensa;
- Febre;
- Aumento da frequência cardíaca;
- Movimentos descoordenados, agitação;
- Alternância de comportamento, podendo promover a agressividade;
- Confusão mental e alucinações (Monteiro et al., 2007/2008).
Fisiologia Vegetal Atropa belladonna
12
Curiosidade - Dois relatos mediáticos relacionados com a toxicidade causada pela Atropa
belladonna. Consultar http://www.ff.up.pt/toxicologia/monografias/ano0708/g19_beladona/cur.html.
Referências Bibliográficas
Benjamin, B.D., Roja, P.C., Heble, M.R., Chadha, M.S., 1987. Multiple Shoot Cultures of Atropa
belladonna: Effect of Physico-Chemical Factors on Growth and Alkaloid Formation. Journal of Plant
Physiology 129, 129-135.
Berdai, M.A., Labib, S., Chetouani, K., 2012. Atropa Belladonna intoxication: a case report. Pan
African Medical Journal 11, 72.
Bot, A., 1969. Root, Callus, and Cell Suspension Cultures, from Atropa belladonna, L. and Atropa
belladonna, Cultivar lutea Döll. Oxford Journals 33, 647-656.
Lee, M.R., 2007. Solanaceae IV: Atropa belladonna, deadly nightshade. Journal of the Royal
College of Physicians of Edinburgh 37, 77-84.
Monteiro, A.M., et al., 2007/2008. Atropa Belladonna L. Trabalho de Toxicologia Mecanística ,
Faculdade de Fármacia da Universidade do Porto. Disponível em: http://www.ff.up.pt/toxicologia/
monografias /ano0708/g19_beladona/index.html.
http://www.tudosobreplantas.com.br/asp/plantas/ficha.asp?id_planta=35
http://www.anvisa.gov.br/hotsite/farmacopeiabrasileira/arquivos/cp38_plantas/beladona.pdf
http://www.portalbiologia.com/beladona.html

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Atropa belladona (beladona)

  • 1. Fisiologia Vegetal Atropa belladonna Vila Real, 2014 http://www.infopedia.pt/$alfarrobeira,2 João Ferreira e Micaela Prior Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro 2013/2014 Biologia e Geologia
  • 2. Fisiologia Vegetal Atropa belladonna Vila Real, 2014 Índice Designação.......................................................................................................................................1 Perspetiva histórica ..........................................................................................................................1 Classificação taxonómica .................................................................................................................2 Ocorrência e distribuição ..................................................................................................................2 Morfologia.........................................................................................................................................5 Descrição macroscópica ...............................................................................................................5 Descrição microscópica ................................................................................................................7 Propriedades físico-químicas............................................................................................................8 Etnobotânica.....................................................................................................................................9 Toxicidade...................................................................................................................................11 Referências Bibliográficas ..............................................................................................................12
  • 3. Fisiologia Vegetal Atropa belladonna 1 Designação Nome científico: Atropa belladonna L. Outros nomes populares: beladona, bela-dama, erva-envenenada; erva-do-diabo; tollkirsche (alemão); belladona (espanhol, inglês); belladone (francês); deadly nightshade, dwale (inglês); belladonna (italiano) (Monteiro et al., 2007/2008). Perspetiva histórica Atropa belladonna L., conhecida pelo nome comum de beladona, é uma planta subarbustiva perene. Linnaeus, em 1753, denominou esta planta de Atropa belladonna, devido ao facto de as mulheres, naquela época, utilizarem extratos de Atropa nos olhos para dilatar as pupilas de modo a ficarem mais belas, denominando assim o epíteto específico da espécie de belladonna (do italiano mulher bela) (Lee, 2007). A esse nome, juntou o de Atropa, baseando-se em Atropos que era, segundo a mitologia grega, a divindade responsável pela morte das pessoas (Monteiro et al., 2007/2008). Assim, conseguiu fazer referência à toxicidade desta planta que era de conhecimento geral, reunindo as duas ideias que existiam na altura, sendo uma delas a toxicidade e outra a sua utilização como produto cosmético (Lee, 2007). Um extracto de beladona era usado como gotas oculares, fazendo parte das preparações de maquilhagem. A atropina, um alcalóide presente na Atropa belladonna, tem o efeito de dilatar as pupilas. É atualmente conhecido que a atropina tem actividade anticolinérgica, bloqueando a capacidade de contracção da íris, provocando um efeito midriático (aumenta a pupila). As pupilas dilatadas eram consideradas mais atraentes pelos homens, porque estas também dilatam quando a excitação sexual aumenta, ou seja, os homens eram inconscientemente mais propícios a ir ao encontro das mulheres que teriam colocado extractos de beladona nos globos oculares. Esta utilização tinha o efeito adverso de tornar a visão turva e aumentar o batimento cardíaco. O seu uso prolongado poderia mesmo causar cegueira (Lee, 2007). A Atropa belladonna é uma planta cercada por mito, temor e admiração. Na antiguidade, os gregos e os romanos já sabiam que continha um veneno mortal. O vinho dos bacanais, ou festas dionísicas, estava frequentemente adulterado com beladona, produzindo reacções de histeria e alucinações nos participantes, tornando as mulheres mais propícias a estes actos. Nos tempos medievais foi abundantemente usada por feiticeiros e bruxas. Algumas feiticeiras, para adivinhar o futuro (aproveitando as ilusões e alucinações provocadas), tomavam, regularmente, pequenas quantidades de beladona via oral (Lee, 2007).
  • 4. Fisiologia Vegetal Atropa belladonna 2 Classificação taxonómica Reino Plantae Divisão Magnoliophyta Classe Magnoliopsida Ordem Solanales Família Solanaceae Género Atropa Espécie Atropa belladonna Tabela 1 - Classificação taxonómica da planta beladona (Consultada em: Monteiro, A. M., et al., 2007/2008, 14/04/2014). Na família das Solanaceae estão presentes plantas comestíveis, como a batata ou o tomate, e plantas tóxicas para os humanos, como o tabaco (Nicotiana) ou a Atropa belladonna. A presença de uma elevada quantidade de alcalóides é frequente nas plantas desta família, tendo interesse como fonte de alimentação e matéria-prima para produtos farmacêuticos/médicos (Bot, 1969). Ocorrência e distribuição A beladona encontra-se distribuída naturalmente pela Europa, Norte de África e Ásia Ocidental e foi introduzida em partes da América do Norte e do Sul (Figura 1) (Lee, 2007).
  • 5. Fisiologia Vegetal Atropa belladonna 3 Figura 1 - Distribuição mundial de Atropa belladonna (Consultada em: http://eol.org/data_objects/21120434, 15/04/2014). A espécie é pouco tolerante à exposição directa à radiação solar, preferindo habitats com sombra e solos ricos em limo e húmidos, principalmente à beira de rios, lagos e represas (Benjamin et al., 1987). Alcança um desenvolvimento vegetativo maior e uma riqueza máxima de alcalóides quando é cultivada em terrenos de aluvião que sejam leves, profundos, permeáveis, bem preparados e melhorados com fertilizantes químicos azotados e fosfatados, principalmente (Benjamin et al., 1987; Monteiro et al., 2007/2008). Esta planta não tolera o calor intenso de verões muito quentes, nem o frio implacável de invernos rigorosos. As geadas e a neve geralmente criam necroses na beladona. O calor e a baixa humidade atmosférica (aumento da transpiração, devido ao gradiente de potenciais hídricos) aumentam a concentração em alcalóides na planta (maior absorção de água e nutrientes para contrariar a perda de água), mas em atmosferas húmidas (diminuição da transpiração) e baixa radiação solar é exercido um efeito oposto nas plantas de uma cultura, ou seja, a percentagem de alcalóides diminui na planta. Quando a planta transpira mais, significa que os seus estomas estão mais abertos ou abertos durante mais tempo para a captação de CO2, que vai mediar a fotossíntese, produzindo-se assim mais alcalóides (Bot, 1969; Lee, 2007). A cultura pode ser feita mediante sementeira ou por reprodução vegetativa, sendo contudo recomendável o uso das sementes. Demoram algum tempo a germinar e requerem humidade e calor (Lee, 2007). Mesmo que sejam mantidas todas as condições necessárias a taxa de germinação não é alta, pois existe a possibilidade de latência, que poderá ocorrer devido à existência de um tegumento duro e rugoso que recobre as sementes. A utilização de giberelina pode contrariar esta latência, acelerando assim a germinação (Bot, 1969). Apesar disto, a planta sobrevive apenas se possuir sombra (daí o nome em inglês “Deadly Nightshead” – “Sombra mortal”), pois se for exposta demasiado ao sol é fortemente atacada por pragas de insectos, principalmente pelo Epitrix atropae, uma espécie de besouro-saltador (Figuras 2 e 3) (Monteiro et al., 2007/2008).
  • 6. Fisiologia Vegetal Atropa belladonna 4 Figuras 2 e 3 - Necroses causadas pela alimentação do besouro-saltador Epitrix atropae, na página superior de uma folha de Atropa belladonna (Consultadas em: http://www.bioimages.org.uk/html/p2/p21769.php e https://www.flickr.com/photos/cladoniophile/6971283521/lightbox/, 15/04/2014). É uma planta capaz de viver vários anos (de 15 a 20 anos), porém convém renovar a cultura com intervalos de 3 a 5 anos, pois a partir do quinto ano de vida da planta a percentagem de alcalóides e a produtividade decrescem (Benjamin et al., 1987). Figura 3 Figura 2
  • 7. Fisiologia Vegetal Atropa belladonna 5 Figura 5 Morfologia Descrição macroscópica Planta perene e herbácea, apresentando-se frequentemente como um subarbusto (Figura 4) que se desenvolve a partir de um rizoma carnudo. Pode atingir cerca de 40 a 150 cm (em locais favoráveis) de altura. Figura 4 - Atropa belladonna adulta. É de notar o seu porte subarbustivo (Consultada em: https://www.horizonherbs.com/product.asp? specific=352, 15/04/2014). As folhas (Figura 5) são ovais - lanceoladas, de ápice acuminado, com um pecíolo curto (0,5 a 4,0 cm) e encontram- se alternadas no caule (folhas alternas); as folhas superiores são geminadas (ocorrem aos pares) e são muito desiguais no tamanho e formato, inteiras ou sinuadas, mais ou menos glabras, sendo que uma é relativamente maior do que a outra. Medem 5 a 25 cm de comprimento por 4 a 12 cm de largura. A coloração varia do verde a castanho-esverdeado, sendo mais escuras na face adaxial. As folhas secas são enrugadas, friáveis e delgadas. As folhas jovens são pubescentes, porém as mais idosas apresentam-se apenas ligeiramente pubescentes ao longo das nervuras e no pecíolo. Relativamente à nervação, é do tipo peninérvea. As folhas contêm um óleo que apresenta um odor nauseabundo, podendo causar erupções postulares se não forem manuseadas cuidadosamente. Figura 5 - Pormenor das folhas de Atropa belladonna (Consultada em: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Atropa_belladonna, 15/04/2014).
  • 8. Fisiologia Vegetal Atropa belladonna 6 O caule é ereto, ramificado e pubescente, apresentando-se muito lenhificado na base. As suas raízes são espessas pivotantes (Monteiro et al., 2007/2008). A flor (Figuras 6 e 7) forma-se entre os pecíolos de duas folhas geminadas. São flores solitárias, túbulo-campanuladas (em forma de sino), com cálice persistente, verde, com 5 lobos pubescentes. A corola, de 2,5 cm de comprimento por 1,2 cm de largura, apresenta uma cor violácea, com 5 pequenos lobos voltados para o exterior. A corola apresenta uma coloração mais castanho-amarelada na sua parte inferior (Monteiro et al., 2007/2008). Figura 6 - Flor de Atropa belladonna (Consultada em: http://ltc.nutes.ufrj.br /toxicologia/fotXI1.htm. 15/04/2014). A flor dá origem ao fruto (Figura 7), que é uma baga de cor verde quando imatura, e de cor preta brilhante quando madura (muito idêntico a cerejas) (Lee, 2007). A baga é suculenta, chegando a medir 1,2 cm de diâmetro. As bagas contêm no seu interior grande quantidade de sementes (Figura 8) comprimidas, reniformes, de dimensão reduzida, finamente pontuadas, com o albúmen carnoso e o embrião curvo. São necessárias pequenas quantidades de bagas para plantar grandes campos, visto que uma única baga contém um grande número de sementes de pequena dimensão. Requerem, no entanto, campos ricos, húmidos, com fertilizantes e sem ervas daninhas (Lee, 2007; Monteiro et al., 2007/2008). Figura 7
  • 9. Fisiologia Vegetal Atropa belladonna 7 As bagas são extremamente perigosas, mesmo não sendo a parte da planta com maior toxicidade (mais alcalóides), pois são atractivas e possuem um sabor adocicado. A ingestão de quantidades superiores a 5 bagas pode ser mortal (Berdai et al., 2012). Figura 7 - Pormenor da flor e do fruto de beladona (Consultada em: http://elvalledesabero. blogspot.pt/2013/05/plantas-magicas.html, 15/04/2014). Figura 8 - Sementes de beladona (Consultada em: http://psychotropicon.info/echte-katzenminze-nepeta- cataria/, 15/04/2014). Descrição microscópica (Figura 9) A folha apresenta a epiderme uni-estratificada, com células fundamentais de paredes anticlinais sinuosas e com cutícula delgada e finamente estriada. Encontram-se presentes tricomas tectores (não glandulares) e glandulares por toda a lâmina (Lee, 2007). Os estomas são do tipo anisocítico e são mais frequentes na epiderme abaxial. O mesófilo é composto por uma camada de parênquima em paliçada uni-estratificado e parênquima esponjoso com grandes idioblastos contendo cristais de oxalato de Ca2+ na forma de areia microcristalina. A nervura principal é proeminente em ambas as faces e apresenta feixes vasculares bi-colaterais em arco aberto, sendo o floema intra-axilar descontínuo. Abaixo da epiderme, em ambas as faces da nervura principal, ocorre colênquima angular (Lee, 2007).
  • 10. Fisiologia Vegetal Atropa belladonna 8 Figura 9 - Detalhe da porção do mesófilo, em secção transversal da lâmina foliar. tg: tricoma glandular; tt: tricoma tector; cu: cutícula; ep: epiderme; pp: parênquima em paliçada; ic: idioblato contendo microscristais de oxalato de Ca 2+ ; pj: parênquima esponjoso; es: estoma anisocítico (Consultada em: http://www.anvisa.gov.br/hotsite/farmacopeiabrasileira/arquivos/cp38_plantas/beladona.pdf, 15/04/2014). Propriedades físico-químicas A Atropa belladona possui vários princípios activos, contendo vários alcalóides derivados do tropano, tais como hiosciamina, atropina, ácido atrópico, beladonina e escopolamina. O conteúdo total de alcalóides das partes aéreas está situado entre 0,2-2% de matéria seca, com valores médios a rondar os 0,3 e 0,5%. Nas folhas, o modo de secagem e as condições da plantação, influenciam a percentagem de alcalóides presentes. As bagas de beladona contêm cerca de 0,65% de alcalóides derivados do tropano. O conteúdo da raiz em alcalóides varia entre 0,2% e 1,2%, sendo que a média é entre 0.4 e 0.6 % (Bot, 1969; Benjamin et al., 1987). O principal alcalóide é a (L)-hiosciamina (87,6% nas folhas e 68,7% na raiz). Esta, quando em solução racemiza rapidamente formando a atropina (D,L-hiosciamina). Outros alcalóides também existentes nas folhas são a apoatropina (atropamina) 6,7%, tropina 3%, escopolamina 1,9%, apoescopolamina 0,5%, 3-a-fenilacetoxitropano 0,3% e tropinona 0,2%. Comparando com as folhas, a raiz contém um espectro mais alargado de alcalóides (Bot, 1969; Lee, 2007). Estes alcalóides derivados do tropano possuem estruturas bicíclicas tornando-os, a todos, potentes anticolinérgicos, ou seja, inibem a produção de acetilcolina. Em doses elevadas, além dos efeitos no corpo (será posteriormente focado no trabalho), são capazes de alterar as funções psíquicas (Monteiro et al., 2007/2008).
  • 11. Fisiologia Vegetal Atropa belladonna 9 Comparando dois alcalóides, a atropina e escopolamina (Figura 10), estes são ambos ésteres formados por combinação de ácido trópico (aromático) e bases complexas, tropanol ou escopina, respectivamente. Estas estruturas diferem, apenas, na existência de uma ponte de O2 extra, na escopina, presente na escopolamina (Monteiro et al., 2007/2008). Figura 10 - Configuração bioquímica da atropina e da escopolamina, ambos alcalóides presentes na beladona (Consultada em: http://www.ff.up.pt/toxicologia/monografias/ano0708/g19_beladona/pfq.html, 16/04/2014). Etnobotânica A utilidade da Atropa belladonna em terapêutica, para a elaboração de medicamentos (certificados pelo Infarmed) ou para fins pouco próprios, advém da sua constituição rica em alcalóides tropânicos, como a atropina e escopolamina, sendo estes mais utlizados devido às suas propriedades. A atropina e a escopolamina diferem, quantitativamente, na sua actividade, particularmente na capacidade de afectar o sistema nervoso central (SNC). A atropina, praticamente, não apresenta efeitos detectáveis no SNC nas doses usadas clinicamente (0,5 a 1mg). Por outro lado, a escopolamina tem efeitos centrais marcados mesmo em doses baixas. Logo, como a atropina tem efeitos menos drásticos no SNC, na maioria das situações ela é preferível à escopolamina (Monteiro et al., 2007/2008). São, assim, conferidas várias propriedades à beladona que fazem com esta seja utilizada na indústria farmacêutica, na elaboração de comprimidos, xaropes, pomadas (Figura 11)... devido às suas propriedades:  Antiasmática;  Relaxante muscular (antiespasmó- dica);  Calmante;  Diurética; EscopolaminaAtropina
  • 12. Fisiologia Vegetal Atropa belladonna 10  Midriática: tem capacidade de dilatar a pupila, sendo aproveitado em exames oftalmológico;  Analgésico ou anestesiante: em doses moderadas;… Figura 11 - Pomada de belladonna, fabricado pela Homeopatia Almeida Prado. Tem efeitos analgésicos, cura furúnculos, entre outras utilizações (Consultada em: http://www.homeopatiaalmeidaprado .ind.br/?p=produtos&c=POMADAS%20/%20CREMES, 16/04/2014). Os alcalóides da beladona actuam ao nível de vários sistemas do organismo do ser humano:  SNC: a atropina nas doses terapêuticas causa excitação vagal média como resultado da estimulação da medula e dos centros cerebrais. Assim, a atropina tem sindo utilizada na cura contra a doença de Parkinson;  Sistema Cardiovascular: a atropina altera o batimento cardíaco. Apesar da resposta dominante ser a taquicardia, por vezes o ritmo cardíaco pode baixar transitoriamente, com doses clínicas (0,4 a 0,6mg). Não há alterações na pressão sanguínea;  Sistema respiratório: Os alcalóides da beladona inibem as secreções salivares e brônquicas, secando as membranas mucosas do tracto respiratório e relaxam o músculo liso brônquico. Esta acção é significativa se as secreções forem excessivas e é a base para o uso de atropina e escopolamina na medicação pré-anestésica. Tornam-se, assim, úteis durante as cirurgias, reduzindo o risco de obstrução das vias respiratórias aéreas;
  • 13. Fisiologia Vegetal Atropa belladonna 11  Sistema digestivo: A atropina controla, também, a produção excessiva do ácido secretado no estômago. A secreção salivar é particularmente sensível à inibição causada pelos alcalóides, ficando a boca seca e a deglutição e a fala podem ser dificultadas. (Monteiro et al., 2007/2008) Quantos mais usos medicinais se descobrem para a atropina, maior é a procura da planta. Tentou-se, inclusivamente, criar plantas com maior percentagem de atropina, através de modificações genéticas, de modo a satisfazer esta constante procura. O processo de síntese deste tipo de compostos é bastante caro, pelo que o melhor método de obtenção é através da sua extracção destas plantas. Contudo, os usos desta planta não se resumem aos seus efeitos positivos. Desde utilizações para envenenamento de reservas alimentares dos adversários dos romanos, até adulterações dos vinhos dos bacanais, há vários relatos da utilização desta planta para fins pouco próprios. Extractos desta planta, também faziam parte da constituição do soro da verdade muito utilizado no século passado (Monteiro et al., 2007/2008). Atualmente, ainda é usada para além de matéria-prima de alcalóides tropânicos, como alucinogénio, devido aos seus rápidos efeitos psicoactivos. Esta utilização como droga recreativa é, apesar de tudo, bastante rara uma vez que para além destes efeitos há muitos outros que são desagradáveis e que, por isso, desencorajam esta sua vertente na utilização. Toxicidade Quando são introduzidas grandes concentrações da planta, ou partes dela (maioritariamente pela ingestão dos frutos) no organismo humano, causa envenenamento, podendo mesmo provocar a morte. A ingestão de qualquer parte desta planta pode provocar os seguintes sintomas: - Pele seca, quente e avermelhada, principalmente no rosto; - Boca seca, dificultando a deglutição e articulação das palavras; - Sede intensa; - Febre; - Aumento da frequência cardíaca; - Movimentos descoordenados, agitação; - Alternância de comportamento, podendo promover a agressividade; - Confusão mental e alucinações (Monteiro et al., 2007/2008).
  • 14. Fisiologia Vegetal Atropa belladonna 12 Curiosidade - Dois relatos mediáticos relacionados com a toxicidade causada pela Atropa belladonna. Consultar http://www.ff.up.pt/toxicologia/monografias/ano0708/g19_beladona/cur.html. Referências Bibliográficas Benjamin, B.D., Roja, P.C., Heble, M.R., Chadha, M.S., 1987. Multiple Shoot Cultures of Atropa belladonna: Effect of Physico-Chemical Factors on Growth and Alkaloid Formation. Journal of Plant Physiology 129, 129-135. Berdai, M.A., Labib, S., Chetouani, K., 2012. Atropa Belladonna intoxication: a case report. Pan African Medical Journal 11, 72. Bot, A., 1969. Root, Callus, and Cell Suspension Cultures, from Atropa belladonna, L. and Atropa belladonna, Cultivar lutea Döll. Oxford Journals 33, 647-656. Lee, M.R., 2007. Solanaceae IV: Atropa belladonna, deadly nightshade. Journal of the Royal College of Physicians of Edinburgh 37, 77-84. Monteiro, A.M., et al., 2007/2008. Atropa Belladonna L. Trabalho de Toxicologia Mecanística , Faculdade de Fármacia da Universidade do Porto. Disponível em: http://www.ff.up.pt/toxicologia/ monografias /ano0708/g19_beladona/index.html. http://www.tudosobreplantas.com.br/asp/plantas/ficha.asp?id_planta=35 http://www.anvisa.gov.br/hotsite/farmacopeiabrasileira/arquivos/cp38_plantas/beladona.pdf http://www.portalbiologia.com/beladona.html