1) O documento discute a importância da Educação Socioambiental na formação de professores, especificamente no curso de Pedagogia da Universidade Tuiuti do Paraná.
2) A pesquisa mostrou que a maioria dos estudantes apresentam visões consensuais sobre questões socioambientais, como visões naturalistas, românticas ou catastróficas, sem perceber as origens desses discursos.
3) A disciplina de Educação Socioambiental é fundamental para que os futuros professores desenvolvam uma compreensão crítica
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INDUCCIÓN ALADOCENCIA
Eixo temático: Práticas de Ensino
Pesquisa da linha de Práticas Pedagógicas e elementos Articuladores do PPGEd
PRÁTICAS EDUCATIVAS E EDUCAÇÃO SOCIOAMBIENTAL NA FORMAÇÃO
DO PEDAGOGO
Silva, Maria Cristina Borges
mariacrisbs@gmail.com
Universidade Tuiuti do Paraná
Resumo
O artigo visa apresentar reflexões sobre práticas educativas na Educação
Socioambiental, no Curso de Pedagogia da Universidade Tuiuti do Paraná - Brasil, e
discutir sua inserção como componente curricular. Traz, resultados de pesquisa
realizada, com alunos ingressantes no curso de Pedagogia. Os resultados revelam que a
maioria dos estudantes não diverge, em seus conhecimentos, ao contrário apresentam
discursos consensuais, que se traduzem em visões; naturalista, românticas ou
catastrófica das questões socioambientais, por vezes gerando preconceitos sobre
determinados grupos sociais, sem que percebam as origens de seus discursos. Podemos
afirmar que uma disciplina específica de Educação Socioambiental, em cursos superiores
de Pedagogia é de fundamental importância, até porque esses profissionais atuam em
diversas áreas do ensino, em especial na pesquisa, docência, e na gestão da educação
básica.
Palavras-chave: Formação Inicial, Curso de Pedagogia, Educação Socioambiental,
Prática pedagógica.
Introdução
As questões socioambientais estão sendo discutidas, pelas mais diversas áreas
do conhecimento, na educação básica e na formação de professores. Os debates,
iniciam-se desde 1981, quando a Política Nacional de Meio Ambiente Lei nº LEI Nº 6.938,
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preconizava, no inciso X sobre a inserção da “educação ambiental a todos os níveis de
ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação
ativa na defesa do meio ambiente”. (BRASIL, 1981). Na Constituição Federal de 1988,
esta necessidade é reforçada no capítulo VI que versa sobre Meio Ambiente, e orienta
para a necessidade de “promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente”. Na Lei de Diretrizes e
Bases da Educação, Lei Nº 9394, de dezembro de 1996, estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional, e traz no seu Art. 1º “A educação abrange os processos
formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas
instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade
civil e nas manifestações culturais”. (BRASIL, 1996). Em 1997 os Parâmetros
Curriculares Nacionais trazem orientações para os professores sobre o meio ambiente,
que deve ser tradado como tema transversal. Em 1999, a Política Nacional de Educação
Ambiental - PNEA, no Artº 2 orienta que “A educação ambiental é um componente
essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma
articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e
não-formal”. (BRASIL, 1999). Assim, são inúmeros os documentos formais e pesquisas
que orientam para a necessidade de práticas Educativas, voltadas a temática ambiental.
Por conta de todas estas orientações legais, e a evolução nas pesquisas em
Educação Ambiental, alguns cursos de Pedagogia, vão criar formas para discutir a
temática em seus currículos. Entretanto, instituir estas discussões, na formação de
professores, de forma a garantir uma prática pedagógica crítica, reflexiva, que
desenvolva e envolva a sociedade na busca de soluções reativas e propositivas, ainda é
o maior desafio. Nas instituições de ensino superior as escolhas para contemplar as
discussões sobre a Educação Ambiental na formação do Pedagogo se deram de forma
diferenciada e gradativa. Em nossa instituição optou-se por implantar uma disciplina
como componente curricular do curso de Pedagogia, o que ocorreu, por meio de
inúmeros debates entre os docentes. O artigo visa apresentar e refletir, sobre a trajetória
profissional, relatar algumas práticas pedagógicas, deste curso, aliando ensino, pesquisa
e extensão, a partir da experiência dos últimos catorze anos. A relevância desta
discussão, é apontar as inúmeras possibilidades e discutir as dificuldades encontradas no
exercício das práticas, com discentes, a partir de alguns resultados de pesquisa
realizada, em vários semestres por meio da teoria das representações sociais, com
alunos ingressantes no curso de Pedagogia.
A metodologia adotada na pesquisa e na prática pedagógica, para conhecer o
que os alunos entendem a respeito das questões ambientais, se baseou na teoria das
representações sociais - RS, discutida por Moscovici (2003), que considera que as RS
não se tratam apenas de opiniões emitidas sobre fatos, mas uma interpretação elaborada
do real.
A formação do Pedagogo e a Educação Ambiental
Refletir sobre a formação do Pedagogo em relação às questões socioambientais é
uma necessidade cada vez mais urgente, uma vez que este profissional pode atuar em
diversos níveis e modalidades de ensino, podendo assim contribuir na construção de
conhecimentos na sala de aula, no cotidiano e a gestão da escola, assim como na
educação não formal. Daí a importância da Educação Socioambiental como componente
curricular na formação do pedagogo, enfatizando a teoria social crítica, como discutido
por Layargues, (1999), que,
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[..] apresenta uma visão da realidade bastante crítica,
demonstrando que as origens da atual crise ambiental estão no
sistema cultural da sociedade industrial, cujo paradigma norteador
da estratégia desenvolvimentista, pautada pelo mercado
competitivo como a instância reguladora da sociedade, fornece uma
visão de mundo unidimensional, utilitarista, economicista e a curto
prazo da realidade, onde o ser humano ocidental percebe-se numa
relação de exterioridade e domínio da natureza (LAYRARGUES,
1999, p 132).
Desta forma, se exige mais do profissional que atua na área da educação,
estudos e práticas que lhes possibilitem diferentes formas de leitura e interpretação da
realidade vivida, e que estas se constituam em objeto de várias áreas do conhecimento.
Deste modo, é necessário que o discente de Pedagogia, compreenda que a Educação
Socioambiental, se conecta com os inúmeros aspectos da Educação para Diversidade,
seja ela cultural, social, ambiental e espacial, pois deve entender que o conceito de meio
ambiente, é amplo e foi criado e instituído pelos homens. Segundo Medina, (1998) “O
meio ambiente é o resultado das recíprocas relações entre sociedade e natureza num
espaço e tempo concretos. O ambiente se gera e se constrói ao longo do processo
histórico de ocupação e transformação do espaço por parte de uma dada sociedade”.
(MEDINA, 1998, p. 35).
Por conseguinte, se de fato quisermos tratar dos aspectos interdisciplinares de
Educação Socioambiental, precisamos compreender os aspectos históricos e espaciais, e
também nos conectar com outras Políticas Nacionais, como por exemplo: Política
Nacional da Biodiversidade de 2002; Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável
dos Povos e Comunidades Tradicionais, de 2007; Política Nacional para Política Nacional
para a Inclusão Social da População em Situação de Rua, de 2008; Política Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional de 2010; Política Nacional Educação do Campo de
2010; assim como, com outras as várias outras Políticas Socioambientais, que de modo
geral, não são discutidas na Educação, como; Política Nacional de Recursos Hídricos de
1997, Política Nacional de Habitação de 2004, Política Nacional de Proteção e Defesa
Civil de 2012, Política Nacional de Saneamento Ambiental de 2010, Política Nacional de
Resíduos Sólidos de 2010. Entre outras, que direta ou indiretamente se relacionam com
as questões socioambientais, étnico- raciais, direitos humanos, gênero, entre outras e
apontam a Educação e a Sustentabilidade, como orientação para sua implementação.
Todas estas políticas e questões mencionadas são contempladas nas Diretrizes
Curriculares para Educação Ambiental, (2012), em seu Cap. II, Artº 13 que trata dos
objetivos da Educação Ambiental, assegura os objetivos contido na Lei nº 9.795, de 1999
EA, e os amplia, apontando que os objetivos devem “ser concretizados conforme cada
fase, etapa, modalidade e nível de ensino”. Destacamos ainda os seguintes objetivos:
“VIII - promover o cuidado com a comunidade de vida, a integridade dos ecossistemas, a
justiça econômica, a equidade social, étnica, racial e de gênero, e o diálogo para a
convivência e a paz”. (BRASIL, 2012).
Outro aspecto que cabe destacar são os descritos na – Política Nacional de Meio
Ambiente - PNEA no Art. 5o
que define os objetivos fundamentais da educação ambiental:
I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio
ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos
ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos,
científicos, culturais e éticos;
II - a garantia de democratização das informações ambientais;
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III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre
a problemática ambiental e social;
IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e
responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente,
entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor
inseparável do exercício da cidadania;
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em
níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma
sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da
liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social,
responsabilidade e sustentabilidade;
VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a
tecnologia;
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e
solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. (BRASIL,
1999).
Sendo assim, os objetivos da Educação Ambiental, são amplos, e para atingi-los,
de forma adequada nas práticas educativas os docentes necessitam de formação e
atualização permanente, pois além dos aspectos legais mencionados, novas exigências
políticas e sociais vêm orientando o campo de atuação profissional. Assim, é necessário
que o discente de Pedagogia, compreenda que a Educação Socioambiental, com
abordagem crítica-reflexiva na Educação Ambiental, exige do docente uma atualização e
aprofundamento constantes, e também práticas educativas interdisciplinares na
instituição de ensino, que contribuam, para que os discentes possam se apropriar de
conhecimentos científicos que lhes permitam práticas pedagógicas contextualizadas, com
as diferentes realidades ambientais, sociais, culturais e espaciais.
Ainda no mesmo documento, o Artº 14, orienta o que a EA nas instituições de
ensino, deve contemplar:
I - abordagem curricular que enfatize a natureza como fonte de vida e
relacione a dimensão ambiental à justiça social, aos direitos humanos, à
saúde, ao trabalho, ao consumo, à pluralidade étnica, racial, de gênero,
de diversidade sexual, e à superação do racismo e de todas as formas
de discriminação e injustiça social;
II - abordagem curricular integrada e transversal, contínua e permanente
em todas as áreas de conhecimento, componentes curriculares e
atividades escolares e acadêmicas;
III - aprofundamento do pensamento crítico-reflexivo mediante estudos
científicos, socioeconômicos, políticos e históricos a partir da dimensão
socioambiental, valorizando a participação, a cooperação, o senso de
justiça e a responsabilidade da comunidade educacional em
contraposição às relações de dominação e exploração presentes na
realidade atual;
IV - incentivo à pesquisa e à apropriação de instrumentos pedagógicos e
metodológicos que aprimorem a prática discente e docente e a cidadania
ambiental;
V - estímulo à constituição de instituições de ensino como espaços
educadores sustentáveis, integrando proposta curricular, gestão
democrática, edificações, tornando-as referências de sustentabilidade
socioambiental. (BRASIL, 2012).
Pelo o exposto até aqui, podemos verificar, que uma abordagem crítica-
reflexiva na Educação Ambiental, exige do docente uma atualização e aprofundamento
constantes, e também práticas educativas interdisciplinares na instituição de ensino, que
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contribuam, para que os discentes possam se apropriar de conhecimentos científicos que
lhes permitam práticas pedagógicas contextualizadas, com as diferentes realidades
ambientais, sociais, culturais e espaciais.
Alguns Resultados e Discussões
No ensino, no componente curricular Educação Socioambiental, temos nos
últimos anos, desenvolvido práticas educativas, a partir da teoria das representações
sociais, com alunos ingressantes no curso de Pedagogia. A atividade de pesquisa foi
desenvolvida em seis semestres, compreendidos entre os anos de 2011-2014. Os
resultados obtidos nos diferentes anos e semestres se mostraram muito semelhantes. A
seguir apresentamos algumas reflexões e resultados da pesquisa realizada, com um dos
grupos participantes das atividades.
Os resultados se referem a atividade de pesquisa, realizada com 76 discentes,
ingressantes no curso de Pedagogia. Nos primeiros encontros, há diálogos, nos quais,
informamos aos discentes ingressantes no curso de Pedagogia, que irão participar de
uma prática e uma metodologia de pesquisa e solicitamos que escrevam dez palavras,
que, para eles, se relacionem com a Educação Ambiental.
Cada aluno pode escrever 10 palavras para o tema indutor Educação Ambiental.
No entanto, foram escritas 606 palavras, por possuírem uma frequência maior que 10, ou
seja foram pronunciadas pelo menos 10 vezes. Totalizando dezessete palavras
diferentes. As outras palavras citadas menos de 10 vezes, não foram consideradas. Ver
quadro 1.
Quadro 1 - Palavras para o termo Indutor Educação Ambiental
Palavras Número de
vezes que
aparece
Palavras Número de
vezes que
aparece
Reciclagem 64 Efeito estufa 31
Lixo-
Resíduos
52 Sustentabilidade
-
44
Escassez de
água -
36 Preservação da
Natureza-
39
Poluição - 33 Natureza - 42
Desperdício - 32 Animais 38
Água -
Escassez
25 Destruição - 56
Água -
Desperdício
24 Enchentes 25
Vida 27 Aquecimento 28
Cultura 10
Fonte: Palavras coletadas na pesquisa com alunos ingressantes do Curso de Pedagogia, pela
autora.
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As palavras, consideradas, divergem pouco, e apresentam discursos consensuais,
que se traduzem em visões naturalista, romântica, ou catastrófica das questões
socioambientais. Com visão ingênua ou conservadora, que entende apenas o meio
ambiente apenas como natureza, desprovida de homem, com visão romântica da
natureza, na qual se crê na harmonia plena da natureza. Para Layrargues, et al (2014), a
educação conservadora é reducionista, e não transforma o indivíduo. Não discute, as
diferentes formas de consumo, as diferentes sociedades e grupos sociais.
Verificamos que não se constrói na educação básica, os princípios que norteiam uma
educação crítica-reflexiva, que analise a sociedade de consumo exacerbado, reflita sobre
os sistemas políticos, econômicos e de produção, e que busque uma educação
transformadora. Para Gonçalves (2004, p.17-19),
Dizer que a problemática ambiental é, sobretudo, uma questão de ordem
ética, filosófica e política é desviar de um caminho fácil que nos tem sido
oferecido. Eis o caminho mais difícil sem dúvidas, que havemos de
percorrer se quisermos sair das armadilhas de noções fáceis que nos
são oferecidas pelos meios de comunicação.
Ao analisarmos as palavras, a reciclagem e lixo/resíduos mencionadas, com 64 e 52
respectivamente, para Layargues, (2002), a questão dos resíduos é apontada como um
dos mais graves problemas ambientais urbanos da atualidade, e é alvo privilegiado de
programas reducionistas de educação ambiental na escola brasileira.
No entanto, apesar da complexidade do tema, muitos programas de
educação ambiental na escola são implementados de modo reducionista,
já que, em função da reciclagem, desenvolvem apenas a Coleta Seletiva
de Lixo, em detrimento de uma reflexão crítica e abrangente a respeito
dos valores culturais da sociedade de consumo, do consumismo, do
industrialismo, do modo de produção capitalista e dos aspectos políticos
e econômicos da questão do lixo (LAYARGUES, 2002 sp.).
A palavra água relacionada a escassez e ao desperdício, foram as mais
pronunciadas. Para Gonçalves (2004, p.152) a discussão sobre a água “não cabe na
simplificação típica dos livros didáticos”, e
[ ] não pode ser tratada de modo isolado, precisa ser pensada enquanto
território, isto é, enquanto inscrição da sociedade na natureza, com todas
as suas contradições implicadas no processo de apropriação da
natureza pelos homens e mulheres por meio das relações sociais e de
poder.
As palavras destruição e sustentabilidade, estão desgastadas, a mídia todos os
dias aponta a destruição da natureza e a busca pela sustentabilidade ambiental, como
resolução dos problemas. Para Leff (2001, p 28), “o discurso do desenvolvimento
sustentável penetrou nas políticas ambientais e em suas estratégias de participação
social”, tem solicitado a participação de diversos atores sociais, para “construção de um
futuro comum”. Assim, oculta seus diversos interesses e propósitos do que se deseja
alcançar. Para o autor, não busca o “cidadão integral, mas suas funções sociais,
fragmentadas pela racionalidade econômica”, que mercantiliza a natureza, mantêm os
latifúndios, faz uso indiscriminado de agrotóxicos, da cultura do desperdício, etc. Parece
que estamos construindo consensos. Loureiro (2006 p 152), discute a “Pedagogia do
Consenso”, na qual, tende a secundarizar as relações sociais concretas e o caráter
processual, coletivo, conflitivo e participativo da ação dialógica em educação; e procura
definir um estado de “harmonização com a natureza”, a ser buscado por todos,
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pressupõe, a idealização de algo fora do tempo e do espaço, perfeito, mas pouco
defensável quando se pensa e conhece a dinâmica das sociedades humanas no planeta
e dos ecossistemas.
Considerações Finais
A cada ano, percebemos que nossos jovens e adultos, chegam ou retornam a
vida universitária, mais descrente no futuro. A desesperança, a apatia e a descrença nos
vários sistemas que envolvem a vida, em especial o sistema político, têm invadido suas
mentes e seus corações. Em contatos iniciais, buscamos conhecer as visões de mundo
de nossos alunos, sobre os diferentes aspectos da vida em sociedade.
Dificilmente, quando perguntamos sobre aspectos da vida, apontam dados
positivos, normalmente surgem nas falas, às inúmeras mazelas da sociedade, saúde,
educação e do sistema político. Quando questionados, por exemplo, sobre onde se
localizam os mananciais de abastecimento de água, as estações de tratamento de água
ou esgotos, seus aterros sanitários ou depósitos de resíduos (seja para resíduos comuns,
de saúde, ou tóxicos), qual o índice de tratamento de esgoto, ou as unidades de
conservação de seus municípios, quais os organismos de assistência social que
conhecem, a grande maioria infelizmente não sabe informar, os que sabem, são frutos de
representações sociais, que foram construídas por meio de vozes da sociedade, sem
reflexões. Assim, é difícil modificar as representações que estão no cerne da vida dos
alunos, até porque, os discursos, são alimentados cotidianamente nas mídias e nas redes
sociais, e ainda em muitas instituições de ensino, que visam formar para a Educação
Ambiental. O que pode impedir consideravelmente o desenvolvimento local, e o
desenvolvimento humano que enseje uma participação ativa, e numa educação
transformadora. Vale ressaltar que, o caminho para práticas educativas abrangentes,
críticas e emancipatórias é complexo, especialmente quando tratamos com alunos
ingressantes no curso superior. Outra questão absolutamente relevante, é que não basta
uma disciplina de Educação Ambiental, nos cursos superiores, se esta não for
acompanhada de formação continuada do professor que atua neste nível de ensino. Essa
formação é tão necessária quanto para os que atuam na educação básica, uma vez que
o acesso à pesquisa possibilita práticas inovadoras.
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