Augusta Moellmann sofre de síndrome de Li-Fraumeni, que causa o aparecimento de vários tumores no corpo. Seu primeiro câncer apareceu em 2000 e desde então ela teve que remover tumores em diversas partes do corpo, como rim, pulmão e mama. A síndrome não tem tratamento específico e a quimioterapia é ineficaz. A família de Augusta fez testes genéticos para identificar outros membros portadores da mutação. Apesar das dificuldades, Augusta contin
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
Exemplo de Relato Pessoal
1. “O CÂNCER DEIXOU DE SER ‘AQUELA COISA’”
Augusta Moellmann, 64 anos, síndrome de Li-Fraumeni
Sofre de uma síndrome que provoca o aparecimento de vários tumores nas mais diversas regiões do
corpo. Ela ocorre em pessoas que têm uma mutação genética que impede a produção dos hormônios
supressores de tumor
Meu primeiro câncer apareceu em setembro de 2000. Foi na veia cava inferior. Os médicos
precisaram extrair um rim. Vinte dias depois, tive de retirar mais alguns do pulmão direito. Depois
foram aparecendo outros: tireóide, mama esquerda, vários no pulmão esquerdo. O complicado dessa
síndrome é que não há tratamento específico. O máximo que os médicos fazem é extrair os tumores.
A quimioterapia é ineficaz e a radioterapia desencadeia o surgimento de novos tumores.
Ao longo dos anos, os que herdaram essa síndrome vem sofrendo de vários tumores. Os médicos
convidaram minha família toda para fazer testes genéticos e identificar quem tem e quem não tem a
mutação genética que desencadeia a doença. Fui ao interior convidar os parentes. Muitos não
queriam nem ouvir falar no assunto. Mas a mutação já foi identificada em dezenas de pessoas da
nossa família. Graças a esses médicos, haverá intervenção a tempo. Agora os parentes já aceitam
pronunciar a palavra câncer. Antes era “aquela coisa”.
Não me incomodei de fazer o teste. Não tenho medo de morrer. Só tenho medo da dor. Na verdade,
já era para eu ter morrido. Mas estou resistindo.Vou levando a vida e vivendo um dia depois do outro.
Levanto, tomo café, escuto o Padre Marcelo. Ele é o único padre que ainda me emociona. É um bom
jeito de começar o dia.
A cada três meses faço uma ressonância para constatar se está tudo bem. Estou com um novo tumor
no pulmão que os médicos estão avaliando o que fazer. É uma região coberta por veias, difícil de
mexer. Vivo fazendo planos de viagem. Já fui ao Marrocos. Mas tenho muitas limitações. Caio toda
hora, às vezes não consigo lavar o cabelo sozinha. Minha capacidade intelectual foi pifando. Tenho
tremores. Uma espécie de mal de Parkinson. Já comecei a depender um pouco mais da família. Eles
nem percebem, mas já estão impacientes comigo. Só não quero ficar demente em casa. Andei
visitando alguns asilos. São bonitinhos, têm bangalôs independentes. Acredito em céu e acho que vou
chegar lá. Só espero que não seja chato demais.