O relato descreve a experiência de dois jovens músicos que receberam uma proposta de gravação de um disco importante, mas tiveram o sonho frustrado por causa de um empresário desonesto. Embora tenham tentado seguir carreira musical, acabaram tendo que encontrar outros empregos para sobreviver. Atualmente um deles trabalha com sindicatos e continua fazendo música por prazer, tendo redirecionado sua energia para outras atividades criativas.
2. o O gênero relato, ou “relato pessoal”, faz parte do
domínio social da comunicação. Podendo ser oral ou
escrito, ele parte do princípio de que há um
emissor e um interlocutor.
o Nesse gênero, relatamos, basicamente,
experiências vividas no passado – que pode ser
ontem, mês passado, ou há três anos – contanto que
seja no passado. Para isso, os verbos devem ser
empregados no pretérito.
3. o Se, no relato, “contamos” algo que ocorreu no passado,
qual é a maior diferença dele para o gênero narrativo? A
resposta vem em duas partes:
Além de, no gênero narrativo, ser possível escrever no
presente (contar uma ficção dizendo: “O menino chega e entra
em seu quarto. Ele fecha a porta e percebe que algo está
diferente.”), o relato sempre prioriza as ações.
É possível falar sobre sentimentos e sensações, mas o
objetivo principal é informar com foco nas ações especificas de
um episódio relevante para o protagonista!
4. A DIFERENÇA ENTRE RELATO ORAL E RELATO ESCRITO
o O primeiro é marcado por oralidades, interrupções na
fala, gírias e entoação. Afinal, no Relato oral, a conversa
entre emissor e interlocutor pode ser interrompida a
qualquer momento.
o Já no Relato escrito, existe uma articulação mais
organizada, para demonstrar a sequência de fatos, uma
vez que o texto escrito possibilita certo planejamento por
parte do autor.
5. COMO TRANSFORMAR A TRANSCRIÇÃO DE UM RELATO
ORAL EM ESCRITO
Para isso, siga o seguinte roteiro:
1)Eliminar reticências, que indicam pausas na fala.
2) Eliminar gírias.
3) Transformar marcas de oralidade (como “né”, “aí”, “daí”),
em sinônimos da norma culta, como “além disso”, “em
consequência disso”, e etc.
4) Usar pontos finais e vírgulas, para evitar períodos muito
longos e, assim, uma leitura cansativa.
6. Relato é um texto em que se explana
aquilo que se observa em relação a alguma
coisa ou a alguém.
Tem como característica a descrição
pessoal, que deve ser a mais fiel possível
aos fatos e onde devem ser evitadas
interpretações pessoais tendenciosas ou
não compatíveis com os fatos.
7. “Não tomei cuidado e perdi uma vista, mas isso me ajudou a ver
tudo mais claro...” Alex Gadd, 52, Pikeville, Tenessee
Estava carregando a camionete para ir ao mercado de
usados quando o gancho de uma das cordas elásticas de bungee-
jump se torceu e atingiu o meu olho esquerdo. A dor foi como se
uma espada em brasa atravessasse minha cabeça. Caí de quatro,
e quando vi algo que parecia gelatina e sangue pingar no chão,
soube que era grave.
Levaram-me para um centro oftalmológico especial. Os
médicos operaram várias vezes, mas não conseguiram salvar meu
olho. Quando me deram a notícia, quis morrer. Eu era divorciado e
imaginei que mulher nenhuma ia querer se relacionar comigo.
Tudo o que restava do meu olho era o branco, e meu rosto estava
inchado e machucado.
8. Mesmo depois que passei a usar uma prótese, não conseguia me livrar da
depressão. Para piorar, perdi o emprego de motorista do Departamento de
Serviços Infantis do Tennessee, porque ficaram com medo de que eu não fosse
mais capaz de dirigir. Mas, certa manhã, acordei com a TV ligada e lá estava uma
moça de 16 anos, que sofrera queimaduras graves no rosto, nas mãos e nas
pernas, e estava reaprendendo a andar. Tinha um sorriso e parecia olhar
diretamente para mim quando disse: “A gente não deve desistir nunca.” Naquele
momento, pensei: foi só um olho. Posso superar. E superei.
Já faz 12 anos desde o acidente e agora faço tudo o que costumava fazer.
As mulheres ainda gostam de mim e ninguém percebe que uso prótese de olho,
porque a nova é excelente. E embora não tenha recuperado o antigo emprego,
consegui tirar uma nova carteira de motorista e nunca arranhei um para-choque
sequer, com mais de um milhão de quilômetros rodados.
Certa vez, li a história de um homem que se sentia mal porque não tinha
sapatos, até que encontrou um homem que não tinha pés. Por mais devastador
que seja o nosso problema, sempre há alguém em situação pior.
9. “Não consegui realizar o meu sonho, mas desde então realizei outras
coisas...” Daryl Nelson, 36, Brooklyn, Nova York
Um convite para gravar um disco: aconteceu comigo e com o meu melhor
amigo, quando éramos calouros na Universidade do Estado da Virgínia e
tocávamos num grupo de hip-hop chamado BizzrXtreemz. Soubemos que Clive
Davis, fundador e presidente da Arista Records, aprovara pessoalmente o
contrato. No verão de 1994, largamos a faculdade e fomos para Nova York.
Tínhamos 21 anos e estávamos no caminho certo.
Para nos concentrarmos na música, contratamos um agente e lhe demos 5
mil dólares de adiantamento. Mas, certo dia, quando chegamos ao estúdio,
disseram que não podíamos mais gravar porque eles não tinham recebido. O
nosso agente era um picareta. Sem dinheiro, tentamos gravar algumas
músicas, mas a qualidade ficou horrível. O chefe do departamento musical da
Arista detestou e perdemos o contrato.
Seis meses depois, tudo acabara. Lembro-me de que fiquei sentado meio
tonto, debaixo de uma ponte, com bêbados e sem-teto. Nada me preparara
para o fracasso. Eu achava que era predestinado.
10. É claro que não desistimos logo. Fizemos outros demos e os distribuímos,
mas dali a pouco tivemos de arranjar emprego para sobreviver. A música nunca
nos deixou; só virou uma parte menor da nossa vida.
Hoje sou coordenador de um sindicato, o último da longa série de
empregos no ramo de atendimento ao cliente que tive nesses 15 anos, desde
aquele verão. O meu parceiro e eu rompemos faz alguns anos e lancei algumas
músicas solo, com o nome de River Nelson, por uma pequena gravadora de
Londres. Mas não persigo mais o mesmo sonho. Chega uma hora em que temos
de reavaliar nossas aspirações e descartar o que é ambicioso demais ou o que
não tem mais nada a ver com a realidade. No entanto, ao mesmo tempo,
guardamos as coisas mais valiosas, que para mim foram a flexibilidade, a
perseverança e a capacidade de concentração que adquiri. Quando vemos as
coisas assim, descobrimos que o pote de ouro, na verdade, é a busca pelo pote
de ouro.
Ainda faço músicas, mas hoje só por prazer. Redirecionei toda a minha
energia para outras coisas criativas. E esse foi um novo começo. Ainda
mantenho parte do sonho original, mas agora recebi também todas essas
outras bênçãos.