Resenha crítica sobre o descaso no atendimento à jovem Natielle em aborto espontâneo
1. Resenha ‘’critica’’ sobre o filme Habeas corpus
Com direção e roteiro de Débora de Diniz e Ramon Navarro, este documentário
mostra o sofrimento, o descaso e a falta de respeito diante do sofrimento da
jovem Natielle de 19 anos de idade, grávida de cinco meses que deu entrada
no hospital da cidade de Morrinhos, interior de Goiás para interromper uma
gestação incompatível a vida. Tendo sido, diagnosticado “síndrome do cordão
umbilical curto’’. Uma anomalia rara, caracterizada pelo cordão umbilical
rudimentar ou ausente, associado a defeito estendido da parede abdominal
fetal e algumas vezes com malformação dos músculos esquelético. Ciente que
o feto era incompatível a vida, o casal recebeu uma autorização judicial legal
para interrupção da gravidez.
Sendo assim, acreditando que estavam assegurados judicialmente, eles
buscaram iniciar a medicação para o processo da interrupção da gravidez,
ocorrendo de forma legal e conforme a vontade do casal, ou melhor, eles
achavam que estivesse tudo bem, até o hospital ser pego de surpresa e após
três dias, através de um telefonema para hospital a pedido do padre da cidade,
foi suspensa a liberação, interrompendo imediatamente o atendimento medico
até o hospital soubesse de fato sobre o ocorrido.
O esposo preocupado com a situação, após a negativa desabafou acerca da
situação como, dizendo que: “Uma pessoa para ser padre tem que ser
preparado. Eu acho que ele não é preparado para ser um padre não. Que ao
invés de ajudar, ele destruiu a gente.” Percebe-se nesse desabafo o esposo
não estava se referindo apenas a dor emocional da esposa, mas também, em
relação ao sofrimento físico que sua esposa passaria para ganhar a criança,
que segundo o diagnostico médico só teria alguns minutos de vida.
Diante disso, foram dias de muito sofrimento para a humilde família e muito
doloroso para a jovem mulher, como se não bastasse à certeza da perda da
criança, a família temia pela vida da Natielle, de modo que ela também não
estava sendo bem atendida no hospital, por diversas vezes a dor era tão
insuportável que Natielle ficava desfalecida e se jogava em baixo da cama.
Sabemos que o sujeito com dor perde completamente sua dignidade, e
indignados com o descaso da equipe, o esposo chega a questionar a presença
de um médico, mas não obtinha nenhuma resposta.
2. Após cinco dias, Natielle entra em processo de aborto espontâneo e é atendida
pelo mesmo hospital em Morrinhos sendo avaliada pelo Dr. Marcelo Aurélio,
que realizou a ausculta cardíaca de forma muda e distante, enquanto a jovem
mãe estava ali, presente, gemente e necessitando de uma palavra de conforto,
e o Dr. Marcelo aparentemente apressado e incomodado, disse somente duas
palavras com a Irma da Natielle e se retirou do local.
Em seguida, a jovem mãe foi levada para sala de parto por uma profissional
que também não se identificou, após alguns minutos de choro e gritos, Natielle
dava fim aquela triste situação. Foram dias de muito sofrimento para a família,
mesmo com tudo isso, a jovem mãe pediu para vê o rostinho da sua filha e
apesar do tom irônico e frio da profissional de saúde, ao levar o corpo da sua
filha à mãe com toda sua simplicidade, não percebeu nenhuma indiferença no
tratamento.
O descaso não teve fim, como se não bastasse à dor da família, até a funerária
queriam ditar regras a eles, agindo com total falta de respeito e
profissionalismo. Dessa maneira, faltou humanização o qual é essencial para
garantir uma experiência positiva entre os pacientes e os profissionais da área
da saúde, pois os pacientes têm o direito a serem tratados com dignidade em
todas e quaisquer situação.
Produção executiva: Fabiana Raponhos. 22 de outubro de 2005.
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