O documento discute como a falta de educação familiar tem reflexos na escola, levando as crianças sem limites ou rumo. Isso ocorre porque os pais delegaram a educação à escola devido à entrada das mulheres no mercado de trabalho, mas a escola não está preparada. Os pais também não sabem mais impor limites de forma equilibrada, levando a uma total falta de respeito pelas regras.
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#8 paulo ulrich agosto 2014
1. A INEXISTÊNCIA DA EDUCAÇÃO FAMILIAR
E OS REFLEXOS NA ESCOLA
Paulo R. Ulrich1
Orientadora Profª Drª Cristina Rolim Wolffenbüttel2
Introdução
Vivemos em um momento onde estão acontecendo mudanças no contexto
atual, mudanças estas resultantes de transformações das sociedades. A
industrialização levou as mulheres ao mercado de trabalho e a revolução feminista
contribuiu para que cada vez mais as mulheres ocupassem um espaço significativo
no campo profissional e, conseqüentemente afastou-as do lar e do cuidado com a
educação dos filhos, repercutindo assim, no funcionamento das famílias.
O cuidado com os filhos foi delegado às creches que tinham inicialmente a
incumbência de apenas cuidar, zelar pela alimentação, higiene e segurança das
crianças. A educação continuava sob responsabilidade da família que por sua vez
não dispunha de tempo nem paciência para essa tarefa depois da jornada de
trabalho. A educação dos filhos foi então delegada à escola. Desde as primeiras
séries o professor, que não era preparado para essa tarefa, tinha que dar conta da
educação formal e da educação informal que estava sendo sonegada pelos pais.
Para efetuar essa tarefa a escola carece de autonomia e apoio dos pais, o que na
maioria das vezes não recebe.
As crianças entram para a escola sem limites, sem rumo, e
conseqüentemente desorientadas, percebem que precisam de limites e não sabem a
quem recorrer, a rebeldia é a forma que encontram para pedir atenção e “socorro”,
1 Bolsista de Iniciação à Docência - Pibid 2014 – Uergs /Música-Campus Montenegro.
2 Coordenadora de Área - Pibid 2014 – Uergs /Música-Campus Montenegro.
2
2. seja dos pais, seja da escola, seja de outras instituições que têm como finalidade a
educação.
A falta de limites é uma realidade que se apresenta tanto na escola
pública como também na escola particular. Vivemos em uma sociedade onde as
crianças e jovens têm dificuldades em respeitar normas e regras de boa convivência,
demonstrando total falta de limites, originando comportamentos anti-sociais com os
quais a escola não está sabendo lidar. “[...] as crianças de hoje em dia não têm
limites, não reconhecem a autoridade, não respeitam regras, a responsabilidade por
isso é dos pais, que teriam se tornado permissivo”. (AQUINO, 1998, p. 7).
Considero este tema bastante relevante para pais e educadores, pois cada
vez mais os veículos de comunicação trazem em suas manchetes os absurdos que
acontecem dentro das escolas envolvendo professores, alunos e até seus pais que
compram as “brigas” dos filhos, pois, muitos deles também já foram alunos sem
limites, tornando o problema um círculo vicioso.
Se o papel dos pais é preparar a criança para conviver no meio social de
forma responsável, construindo os conceitos de educação, moral e respeito, como
exigir tais atitudes de pais que não receberam tais conceitos?
Se considerarmos que a falta de limites vem de casa trazendo seus reflexos
para a escola, não há dúvidas de que a estrutura da família afeta diretamente na
construção dos limites junto às crianças. A criança que não recebe limite em casa,
será, com certeza, um aluno indisciplinado. Segundo Tiba (2005, p. 183) “se a
parceria entre família e escola for formada desde os primeiros passos da criança,
todos terão muito a lucrar.”
Nunca houve uma época em que tanto se falou na falta de limites das
crianças e adolescentes como hoje. A indisciplina causada pela falta desses limites
constitui-se num grande desafio a ser superado por pais, professores e sociedade.
Especulam-se as causas e a “fórmula mágica” para impor estes limites às crianças.
Em primeiro lugar temos que definir o conceito de limites. Talvez os pais e
educadores tenham perdido as referências, pois, como sabemos, há tempos atrás a
educação familiar e a escolar eram muito rígidas e “nada podia”. Na medida em que
estudos e teorias foram sendo desenvolvidos pela psicologia, pedagogia e outras
áreas do comportamento humano, em relação à emancipação da criança como um
ser pensante, com idéias próprias e direito de expor essas idéias, aconteceu uma
3. mudança radical nos caminhos a serem trilhados para dar a melhor educação aos
filhos. Os pais, com medo de reprimir as crianças, passaram da educação autoritária
para uma total permissividade e acabaram deixando de lado sua autoridade de pais,
colocando-se numa posição de igualdade em relação aos filhos, fato este que faz
com que nossas crianças e adolescentes estejam crescendo sem o menor respeito
às regras e leis, desconsiderando valores, sentimentos, enfim desconsiderando as
pessoas, o humano e, mais grave ainda é que muitos pais estão com medo de seus
filhos. Os pais se recolhem e os filhos ditam as ordens. A esse respeito Cury (2003,
p. 32) nos fala.
Antigamente os pais eram autoritários; hoje, são os filhos.
Antigamente, os professores eram os heróis; hoje, são vítimas deles.
Os jovens não sabem ser contrariados. Nunca na história assistimos
a crianças e jovens dominando tanto os adultos. Os filhos se
comportam como reis cujos desejos têm de ser imediatamente
atendidos.
Nesta nova concepção de educação, pais e até professores entenderam que
agora “pode tudo”, a criança não pode mais ser podada sem se correr o risco de
interferir em sua liberdade de expressão e criatividade. Esta interpretação
equivocada dos tratados de psicólogos e demais estudiosos da mente humana,
levou a sociedade a um desequilíbrio de poder, onde não são mais traçados limites
e a liberdade total foi valorizada em detrimento da construção desses limites junto à
criança, envolvendo todas as partes.
Considerações Finais
Ao concluir este artigo pretendo refletir sobre a influência da situação
socioeconômica da família na formação de valores que, se não forem bem definidos
na hora da construção dos limites junto à criança, levam à indisciplina, questão tão
presente na atualidade.
Considerando a complexidade do ato de educar não se tem a pretensão de,
com este artigo, estabelecer a verdade, pois a subjetividade do tema deve levar em
conta muitas variáveis dentro deste contexto, como: o tempo histórico, as diferentes
culturas, as circunstâncias da vida e influências externas, entre tantos outros fatores
que devem ser considerados além da condição social. Antes de tudo é preciso
conhecer os envolvidos no processo educacional, ou seja, os alunos e a
4. comunidade escolar e, a partir da observação compreender melhor o universo das
crianças, seus problemas, seus anseios e seus sonhos e, a partir daí refletir sobre
as possíveis causas das questões indisciplinares que envolvem alunos e
professores.
REFERÊNCIAS
AQUINO, Júlio Groppa. Indisciplina na Escola: alternativas teóricas e práticas. São
Paulo: Summus, 1996.
CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro:
Sextante, 2003.