1. Como os fatos do conto O Alienista de Machado de Assis estão
presentes hoje em dia?
Paulo Ricardo Ulrich (UERGS;PIBID/CAPES)
A história deste livro é de um médico Simão Bacamarte e suas experiências
científicas em Itaguaí. O foco é a razão e a loucura. Ele constrói a casa verde que é
um manicômio e começa a internar todos que tem comportamentos irracionais.
Como o Dr. Bacamarte diz na página doze do livro: “ O principal nesta minha
obra da Casa Verde é estudar profundamente a loucura, os seus diversos graus,
classificar lhe os casos, descobrir enfim a causa do fenômeno e o remédio universal.
Este é o mistério do meu coração. Creio que com isto presto um bom serviço a
humanidade.” O alienista é uma crítica contra a burguesia da época.
Mas o que é a loucura? Para refletir sobre isto encontramos na mesma página
doze o relato da loucura de um rapaz que todos os dias depois do almoço, fazia
regularmente um discurso acadêmico. Havia também os loucos por amor. Um rapaz
de vinte e cinco anos que fazia uma estrela, abria os braços e alargava as pernas e
ficava assim horas. O outro andava na sala, no pátio ou nos corredores procurando
o fim do mundo. Todos os loucos da clínica manifestavam suas loucuras de diversas
formas, porém em um mundo muito próprio, que os convém e afastado da
sociedade.
Mas como os fatos desta história permeiam e retratam a música e a literatura
dos anos 70 até hoje? O que o Menino Maluquinho de Ziraldo, Balada do Louco dos
Mutantes, Maluco Beleza de Raul Seixas e o disco Loki de Arnaldo Babtista que foi
considerado pela crítica um dos melhores, tem a ver com este conto? Quero aqui
dissertar sobre este ultimo.
O referido trabalho de Arnaldo expõe em várias letras a face da loucura. É
uma confissão um desabafo que demonstra uma dor profunda. O documentário Loki
é um grito, uma tentativa de sair do lugar comum, comportado e de todas estas
coisas que são muito controladoras. Louis Armstrong falava que o lado triste pode
ser muitas vezes mais comovente do que o alegre. O músico também passou por
uma etapa de sua vida que foi internado numa clínica psiquiátrica.
Para Foucault a loucura esta muito atrelada à ética social. Ele ilustra que:
2. Neste sentido, a loucura clássica não é uma doença mas “o extremo
dos defeitos” (FOUCAULT, 1978, p. 136). Por exemplo, foram
internados indivíduos considerados: “grande mentiroso”, “pregador
de cartazes”, “espírito inquieto, triste e ríspido”, “homem que passa
os dias e as noites a atordoar os outros com suas canções e a
proferir as blasfêmias mais horríveis”. (FOUCAULT, 1978, p. 139)
E o que a educação musical pode contribuir para a vida? O professor Júlio Cesar
Pires Pereira acredita que:
Discutir no meio acadêmico o ensino da música nas escolas, a
formação de futuros educadores musicais e a possibilidade do uso
de instrumentos musicais como ferramentas de ensino, nos leva a
fazer uma boa reflexão sobre educação musical, como ela pode
influir no cotidiano das pessoas e de que forma ela pode
contribuir para qualidade de vida e a felicidade do ser humano.
(PEREIRA, Júlio Cesar Pires; NASCIMENTO, Flávia Marchi.
2013, p.77)
Neste sentido acredito que o foco da educação musical não é formar músicos,
no entanto se é este o desejo do estudante, muito bem, bem vindo a esta jornada.
Por outro lado o valor maior é passar o sentido ético e de um pensar crítico e de
autonomia sobre as situações da vida.
3. REFERÊNCIAS
ASSIS, Joaquim Maria Machado de. O Alienista. São Paulo: Ática, 1998.
FOUCAULT, M. História da loucura. Ed. Perspectiva - SP, 1978.
PEREIRA, Júlio Cesar Pires; NASCIMENTO, Flávia Marchi. O acordeom na
educação musical: perspectivas para uma formação inicial no ensino superior
Revista da Fundarte, v. 26, 2013.