O Ministério da Saúde ampliará a faixa etária para realização do exame papanicolau de mulheres de 25 a 59 anos para 25 a 64 anos. A mudança leva em conta o aumento da expectativa de vida e o tempo que o HPV demora para causar câncer de colo do útero. Alguns médicos acham que o exame deveria ser anual a partir da primeira relação sexual. A vacina contra HPV não é oferecida no SUS ainda.
Nova faixa etária para papanicolau amplia prevenção a câncer de colo do útero
1. Saúde na mídia Brasília, 03 de julho de 2011
Correio Braziliense/BR
Ministério da Saúde | Órgãos Vinculados | Inca
Combate mais abrangente ao câncer de colo do útero
BRASIL
Edilson Rodrigues/CB/D.A Press
exame, segundo a médica e técnica da Divisão de
Apoio à Rede de Atenção Oncológica do Inca Flávia
Corrêa. "Achamos por bem aumentar um pouco a fai-
xa final do rastreamento, sendo compatível com ou-
tras diretrizes internacionais", afirma. A medida é
vista com bons olhos por profissionais de saúde, já
que o vírus HPV, principal causa do câncer de colo do
útero, demora de 10 a 15 anos para se manifestar.
"Você pode ter uma paciente com vida sexual ativa
aos 50 anos e que vai apresentar um câncer de colo
uterino aos 65", explica o oncologista João Nunes, do
Centro de Câncer de Brasília (Cettro).
Sílvia Behrens deixou de fazer o exame anualmente e teve a doença: "Acho
que o vírus agiu muito rápido"
De acordo com o Inca, o Brasil dispõe de equi-
pamentos suficientes para a realização do pa-
panicolau em todas as mulheres de 25 a 64 anos,
SAÚDE desde que os exames sejam realizados de acordo com
a recomendação da Organização Pan-Americana
A partir deste mês, a faixa etária de mulheres que de- da Saúde (Opas ),ligada à Organização Mundial
vem se submeter ao papanicolau será ampliada em da Saúde (OMS ):a cada três anos, depois de dois
cinco anos. A medida tomada pelo governo leva em procedimentos anuais consecutivos com resultado
conta o aumento da expectativa de vida dos bra- negativo para o câncer. Segundo Flávia Corrêa, o
sileiros e a ação do vírus HPV no organismo Sistema Único de Saúde (SUS )está sobrecarregado
porque muitas mulheres passam pelo procedimento
Ana Elisa Santana anualmente. A ideia é conseguir organizar melhor o
serviço.
O rastreamento para a identificação do câncer de colo
do útero - segundo tumor mais frequente em mu- Essa frequência, no entanto, é contestada por alguns
lheres, atrás apenas do câncer de mama, de acordo médicos. Para João Nunes, as mulheres devem se
com o Instituto Nacional de Câncer (Inca )- pas- submeter ao exame todos os anos a partir da primeira
sará a ter novas regras neste mês. O órgão lançará o relação sexual, independentemente do uso de ca-
documento Diretrizes brasileiras para o rastreamento misinha. "O preservativo, ao contrário da Aids, não
do câncer do colo do útero, que orienta a conduta de previne 100% do HPV. Ele é um vírus de superfície,
profissionais de saúde com relação à doença e, entre de pele, então, às vezes, o contato da pele perineal da
as principais mudanças, estabelece uma nova faixa pessoa contaminada com a sadia é suficiente para o
etária para a realização do exame papanicolau. Pelas contágio. O preservativo previne o contato prin-
diretrizes publicadas em 2006, a recomendação era cipalmente de secreções", explica o oncologista.
que mulheres de 25 a 59 anos fossem submetidos ao
procedimento. Agora, senhoras de até 64 anos de- Um ano de brecha foi o período suficiente para a pro-
verão fazê-lo. fessora Sílvia Behrens, 41 anos, desenvolver o cân-
cer do colo do útero. Ela fazia o papanicolau
O aumento da expectativa de vida das brasileiras foi o anualmente, mas, em 2007, quando teve sua filha, fi-
principal motivo para a alteração da faixa etária do
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cou sem fazer o exame. "Faz a diferença fazer todos A imunização deve ser feita antes de a mulher ter a
os anos. Hoje, eu recomendo a todos que o façam. Em primeira relação sexual, em três doses, que custam
2006, quando fiz o exame antes de engravidar, não ti- cerca de R$ 300 cada. Segundo o oncologista João
nha nada. Acho que o vírus agiu muito rápido", afir- Nunes, a estratégia do papanicolau é mais barata para
ma a professora, que precisou retirar o útero e as o governo. "O real impacto da vacinação só acontece
trompas para se curar. muito tempo depois. Esse câncer é de aparecimento
lento", afirma.
Existe uma vacina que protege contra a con-
taminação pelo HPV, mas, no Brasil, ela é oferecida Lesões perigosas
apenas em clínicas particulares. De acordo com o
Inca, não há previsão para a imunização ser incluída O exame preventivo conhecido como papanicolau lo-
no serviço público de saúde. "Estamos esperando um caliza lesões no útero que antecedem ao câncer, per-
estudo de custo-efetividade no cenário brasileiro, que mitindo o tratamento antes que a doença chegue a
está sendo realizado na Universidade de São Paulo. A estágios mais avançados. Atualmente, segundo o
partir das evidências encontradas nesse estudo, o as- Inca, 44% dos casos identificados em mulheres são
sunto vai entrar novamente em discussão. A gente de lesão precursora do câncer, chamada in situ. Após
não pode importar modelos de outros países para o o diagnóstico precoce, se houver tratamento ade-
nosso", explica a técnica do Inca Flávia Corrêa. quado, há quase 100% de chances de cura.
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