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Avaliação em fisioterapia neurofuncional
Isabela Andrelino de Almeida Shigaki
Descrição: Avaliação em Fisioterapia Neurofuncional e sua
aplicabilidade para a compreensão do quadro clínico,
identificação da topografia da lesão, e para a elaboração do plano
de tratamento fisioterapêutico apóslesão no sistema nervoso.
Propósito: A avaliação em Fisioterapia Neurofuncional bem executada, por meio de exames e testes adequados
aotipo e ao local em que ocorreu a disfunção neurológica, é essencial para a elaboração do diagnóstico
fisioterápico e é a principal ferramenta de auxílio ao profissional na elaboração do plano de tratamento após dano
ao sistema nervoso.
Objetivos:
Módulo 1: Identificando os itens do exame neurológico
Identificar os itens do exame neurológico e sua aplicabilidade clínica após dano ao sistema nervoso.
Módulo 2: Aplicando testes funcionais
Aplicar os testes funcionais em neurologia de maneira adequada após dano ao sistema nervoso.
Módulo 3: Interpretando a avaliação neurológica
Formular o diagnóstico fisioterápico neurofuncional a partir da interpretação da avaliação neurológica.
INTRODUÇÃO: A avaliação fisioterapêutica, de uma maneira geral, é o ponto de partida para o estabelecimento
do diagnóstico funcional, para a tomada de decisão, o estabelecimento de metas e a elaboração do plano de
tratamento dos pacientes, pois é a partir dela que o profissional expressa o raciocínio clínico, que é a basedo
gerenciamento do paciente. Vale ressaltar que esse raciocínio clínico envolve alguns processos, tais como as
habilidades, as experiências e o conhecimento, além de sua capacidade de traçar estratégias de solução de
problemas.
Quando estudamos a avaliação em Fisioterapia Neurofuncional, é importante destacarmos algumas
articularidades, pois, além do exame físico, que envolve testes neurológicos específicos e exames motores
clássicos da fisioterapia, devemos compreender a maneira de avaliar e a indicação de alguns itens,dependendo do
local da lesão, para sermos capazes de classificar o indivíduo corretamente, a partir do quadro clínico e das
alterações que ele apresente.
Sendo assim, você aprenderá a realizar uma avaliação em Fisioterapia Neurofuncional e sua aplicabilidadeclínica
na elaboração do diagnóstico fisioterapêutico, que contribuirá para o seu desenvolvimento do raciocínio clínico
e da elaboração de estratégias e planos de tratamento.
MÓDULO 1:
IDENTIFICANDO OS ITENS DO EXAME NEUROLÓGICO
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os itens
do exame neurológico e suaaplicabilidadeclínica apósdano ao
sistema nervoso.
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EXAME NEUROLÓGICO: O principal papel da fisioterapia no manejo de pacientes com disfunção neurológica é a
avaliação e o treinamento das funções motoras diárias, de modo que o indivíduo possa retornar às atividades de
lazer, àsdomésticas e de trabalho, e à sua função independente na sociedade. A prática da fisioterapia, portanto,
envolve a coleta de informações objetivas sobre a disfunção, a fim de facilitar o entendimento do quadro clínico
e de informações precisas sobre a habilidade de desempenho do indivíduo nas tarefas motoras mais importantes
para o seu dia a dia. Essas informações, adquiridas no início do tratamento fisioterápico,são fundamentais para
planejamento, evolução e modificação do programa de tratamento.
As informações coletadas de maneira adequada fornecem o conhecimento necessário para o
planejamento de exercícios e práticas apropriadas, mas também podem ser usadas para
comparar dadosem grupos de pacientes dentro de um centro e entre centros ou países, sendo
uma importante ferramenta para a pesquisa científica. Portanto, trata-se de um meio
fundamental de estabelecer a melhor prática e fazer mudanças para práticas ainda melhores,
à medida que novos métodos de intervenção sãodesenvolvidos.
Neste módulo, discutiremos as etapas que fazem parte da avaliação em Fisioterapia Neurofuncional e sua
aplicabilidade clínica nessa população de pacientes. Iniciaremos com o estudo da anamnese e, então, falaremos
sobre o exame físico, identificando os testes específicos utilizados em neurologia.
ANAMNESE EM NEUROLOGIA
A primeira etapa do processo de avaliação é a anamnese, que significa trazer à
memória os sintomas, pormeio de uma entrevista do profissional com o paciente,
com a intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico funcional de uma doença.
Busca-se relembrar todos os fatos que se relacionam com a doença. Pode ocorrer
de forma livre, ou seja, com o relato espontâneo do paciente, ou de maneira dirigida, quando o avaliador conduz
a entrevista. Deve-se procurar, dentro do máximo possível, “traduzir” a queixa do paciente, sem o induzir em suas
respostas.
Como elementos fundamentais da anamnese, podemos destacar a tentativa de precisar, dentro do possível,a época
em que iniciaram os sintomas e, a partir de então, questionar ao paciente quanto à evolução cronológica dos
eventos.
Exemplo:
Pensando no paciente neurológico, se o início dos sintomas for de natureza aguda (minutos ou horas), sobressai
uma causa vascular; se de natureza subaguda (poucos dias), geralmente, está associada à causainflamatória.
Ainda nessa linha de pensamento, se o início dos sinais são imprecisos e apresentam evolução gradual e
progressiva, suspeita-se de doenças degenerativas, principalmente, se estiver evoluindo de modo simétrico. Se
esse mesmo tipo de progressão for de maneira assimétrica, sugere causas relacionadas a processos expansivos.
Também existe a possibilidade de a doença estar evoluindo por surtos, com períodos de melhora ou piora,
característica de algumas doenças desmielinizantes, como a esclerosemúltipla, por exemplo.
Mesmo que o diagnóstico seja óbvio, a história fornece informações valiosas sobre
a alteração neurológica, seu estado atual, seu prognóstico e o tratamento adequado.
A história também permite que oavaliador determine o tipo de pessoa que o paciente
é, sua linguagem e capacidade cognitiva e de articulação, qualquer tratamento que o
paciente tenha recebido e o comportamento da lesão. Além dahistória da doença ou
da lesão atual, o examinador deve anotar a história pregressa, o tratamento e os
resultados relevantes.
O histórico médico anterior deve incluir doenças graves, cirurgias, acidentes ou alergias. Em alguns casos, pode
ser necessário investigar as histórias sociais e familiares do paciente, se elas parecerem relevantes. Padrões de
hábitos de vida, incluindo padrões de sono, estresse, carga de trabalho e atividades recreativas,também devem ser
observados.
Por fim, as informações coletadas na anamnese de um indivíduo com diagnóstico de lesão no sistema nervoso
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envolvem ainda a referência a relevantes notas médicas, incluindo resultados de exames complementares, como
os de imagem, tais como radiografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética, por exemplo, além
de investigações sobre a condução elétrica das células nervosas, a partir doexame de eletroencefalograma ou
eletroneuromiografia. Informações acerca de avaliações psicológicas e medicação em uso também podem ser
importantes.
EXAME FÍSICO EM NEUROLOGIA
INSPEÇÃO E PALPAÇÃO:
Durante a inspeção, seu objetivo é obter informações sobre visíveis defeitos, deficit funcionais e anormalidades.
Grande parte da fase de observação envolve a avaliação da postura, e as descobertasligadas a assimetrias são
comuns. O avaliador deve observar a maneira de se mover do paciente, bemcomo a postura geral, e qualquer sinal
de comportamento evidente de dor. A inspeção tem início no primeiro momento de contato com o paciente e já
é possível observar a marcha, mesmo que ainda superficial, podendo detectar alguns problemas, como sinal de
Trendelenburg ou pé caído, por exemplo.Sendo assim, de maneira geral, a partir da inspeção, alguns itens podem
ser relevantes, tais como:
• Com quem o paciente chegou acompanhado.
• Se ele se apresenta comunicativo e colaborativo.
• Como se locomove e deambula.
• Se há necessidade de algum dispositivo auxiliar para locomoção.
• Se há presença de algum padrão patológico instalado.
• Se há deformidades, assimetrias, lesões ou cicatrizes aparentes.
Se a inspeção ocorrer em ambiente hospitalar, é importante coletar informações sobre postura no leito, usode
acessos e sondas, além de padrões respiratórios e dispositivos auxiliares respiratórios, como uso de cateter,
máscaras de oxigenação e uso de ventilação não invasiva ou invasiva.
Durante o momento de palpação, o profissional deve tocar no paciente, sendo possível identificar:
1. PRESENÇA DE EDEMAS
2. QUADRO DE DOR AO TOQUE
3. AFERIÇÃO DOS SINAIS VITAIS BÁSICOS
4. TROfiSMO MUSCULAR
Em relação aos sinais vitais, vale lembrar que são medidas que fornecem dados fisiológicos e indicam as
condições de saúde do paciente.
A frequência cardíaca é um desses sinais, que pode ser observada a partir da palpação da artéria radial e,então,
contar o número de batimentos em um minuto, além de ser possível observar o ritmo e a intensidade.
Atenção!
Vale lembrar ainda que, em indivíduos adultos, espera-se que esteja em torno de 80 batimentos por minuto.
Também deve ser realizada a avaliação dos outros sinais vitais, como a frequência respiratória, a pressão arterial,
a temperatura e a ausculta pulmonar básica, se houver indicação.
Ainda sobre a palpação, a avaliação de trofismo envolve o toque nos principais grupos musculares e que
apresentam maior volume, tais como flexores e extensores de cotovelo, flexores e extensores de joelho, e
plantiflexores, devendo sempre ser realizado de maneira bilateral e comparativa. Quando o volume muscular
está preservado, é classificado como normotrofia; quando está diminuído, classifica-se como hipotrofia; e se
estiver aumentado, o que não é comum em pacientes com disfunção neurológica, pode serclassificado como
hipertrofia.
TÔNUS MUSCULAR
O tônus muscular representa a integridade neurológica do paciente e é definido como um estado de
semicontração basal da musculatura estriada esquelética, e a maneira mais simples e bastante objetiva deavaliá-
lo é a partir da movimentação passiva das articulações dos membros superiores e inferiores e observado o grau
de resistência existente.
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É importante realizar essa movimentação em
diferentes velocidades e graus de amplitude de
movimento, pois o tônus é sensível a esses
aspectos e sempre de modo comparativo com
os dois lados do corpo.
Avaliação passiva do tônus muscular do membro superior.
CLASSIFICAÇÃO
NORMOTONIA: o tônus muscular considerado normal;
HIPOTONIA: quando está diminuído ou flácido, comum em doenças que comprometam o sistema nervoso
periférico, o cerebelo e também algumas síndromes, como é o caso da síndrome de Down, por exemplo.
HIPERTONIA: quando há aumento do tônus, que pode ser dividido em dois tipos: Elástica Ou Plástica.
HIPERTONIA ELÁSTICA (ESPASTICIDADE)
Apresenta um caráter seletivo, e também pode ser chamada de
sinal do canivete. Esse tipo ocorre quando há lesão na via
piramidal, normalmente, acompanhado de respostas reflexas
exacerbadas e que favorecem a instalação de um padrão
patológico, comuns nos acidentes vasculares encefálicos, por
exemplo.
Hipertonia pós-acidente vascular encefálico no membro superior direito.
HIPERTONIA PLÁSTICA
Se apresenta de modo generalizado, e é também chamado de cano de chumbo ou roda denteada, e está presente
quando há lesão em vias extrapiramidais, como é o caso da doença de Parkinson.
AMPLITUDE DE MOVIMENTO ARTICULAR
A avaliação de amplitude de movimento pode ser realizada de
algumas maneiras, como de forma passiva, mobilizando todas as
articulações e, então, registrando se há limitação de movimento e
por qual motivo, como encurtamentos, deformidades ósseas,
bloqueios articulares, tônus muscular ou dor, por exemplo. Deuma
maneira mais objetiva, também é possível avaliar por meio da
goniometria, com o uso de um instrumento que mensura a
angulação articular, de uma forma padronizada quanto aos fatores
anatômicose pontos de referência.
Teste com o goniômetro para medir a amplitude da articulação do joelho.
MOTRICIDADE VOLUNTÁRIA E INVOLUNTÁRIA
O movimento voluntário pode ser avaliado por meio da solicitação dos movimentos ativos e dos testes deforça
muscular. A solicitação dos movimentos requer que o paciente apresente algum grau de compreensão. Veja
abaixo:
MEMBRO INFERIOR: É pedido que o paciente execute os movimentos de flexão e extensão dos artelhos, planti e
dorsiflexão,flexão e extensão de joelhos e quadris, além de adução e abdução de quadris.
MEMBRO SUPERIOR: É pedido que o paciente realize flexão, extensão, adução e abdução de ombros, flexão e
extensão decotovelo, punho e dedos.
A partir da solicitação dos movimentos ativos, o examinador observa e descreve se o movimento solicitadoé
realizado, com simetria, sequenciamento, se ocorre com bom controle e coordenação, se completa todoarco de
movimento e atinge o alvo proposto. O paciente, então, é classificado com quadro de paresia, quando há deficit
de movimento ou com quadro de plegia, que ocorre quando há ausência de movimento(MAGEE, 2010).
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Ativação do arco reflexo após percussão do tendão patelar.
Percussão do tendão patelar.
Ainda podem ser realizados testes específicos de força muscular, mais indicados
para identificar o nível motor em pacientes com lesões medulares e também em
lesões do sistema nervoso periférico. É realizadocolocando o músculo ou grupo
muscular a ser testado em posição de teste, e aplicada resistência isométrica e o nível
de força muscular é graduado segundo a escala MRC (Medical Research Council of
The United Kingdom, o Conselho de Pesquisa Médica do Reino Unido), atribuindo
graus de força que variam de 0 a 5.
Após a aplicação da escala MRC, a classificação ocorre do seguinte modo:
• 0 é a ausência de contração muscular.
• 1 é encontrado uma contração palpável.
• 2 há presença de movimento sem a ação da gravidade.
• 3 há presença de movimento contra a ação da gravidade.
• 4 ocorre movimento contra resistência leve.
• 5 é considerado grau máximo de força, vencendo a resistência manual do examinador.
Em relação à motricidade, devemos avaliar as respostas motoras de caráter involuntário, característico de
alterações nas vias extrapiramidais, avaliado por meio de observação. Os principais movimentos involuntários
encontrados são o tremor de repouso, presente na doença de Parkinson e parkinsonismos; o tremor de intenção,
encontrado nos distúrbios vestibulares; os movimentos coreicos; e as distonias, alterações que cursam com
flutuações de tônus muscular.
AVALIAÇÃO DO MOVIMENTO
A especialista Isabela Andrelino de Almeida Shigaki abordará o conteúdo teórico e conceitual sobre a
aplicabilidade clínica da avaliação da motricidade voluntária nos diferentes tipos de lesões neurológicas
(encefálicas, medulares e periféricas) e o impacto da correta avaliação para a elaboração do plano de tratamento
do paciente.
(ASSISTIR VÍDEO NO SISTEMA)
RESPOSTAS REFLEXAS
A avaliação das respostas reflexas é uma etapa fundamental do
exame neurológico, pois não depende dopaciente e proporciona
elementos importantes para a interpretação diagnóstica. A
literatura aponta uma grande quantidade de reflexos; no entanto,
na rotina de um exame, podemos observar que muitos carecemde
objetividade. Portanto, a seguir, serão descritos os comumente
investigados na prática clínica.
Para avaliar os reflexos profundos, que são os de estiramento
fásico, o profissional realiza a percussão dealguns tendões com
um instrumento, conhecido como martelo de reflexos, que gera
um pequeno estiramento capaz de ativar proprioceptores
localizados essa resposta reflexa, por meioda ativação do arco
reflexo. Essa avaliação deve ser realizada sempre de maneira
bilateral e comparativa.
Entre os reflexos de membro inferior, vale destacar o reflexo patelar, que
deve ser avaliado com o pacienteem uma postura relaxada, com flexão de
joelho, e, então, o examinador golpeia o tendão patelar e esperaobservar
como resposta a contração rápida (fásica) do quadríceps, por meio da
extensão involuntária do joelho. Outro reflexo do membro inferior que
merece destaque é o aquileu, que pode ser avaliado com o paciente em
decúbito dorsal, com o membro inferior flexionado, com o terço distal do
membro sobre aperna contralateral, ficando o pé “livre”. O examinador,
então, exerce uma leve dorsiflexão e golpeia o tendão aquileu e espera-se
como resposta a plantiflexão.
Aplicação
do
teste
de
força
muscular
para
os
flexores
de
cotovelo.
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Entre os reflexos de membro superior, é recomendada a avaliação dos seguintes:
Cubitopronador: Percutindo a região da apófise estiloide do cúbito, com o membro em ligeira supinação, e
espera-se a pronação da mão.
Estiloradial: Percutindo a região da apófise estiloide do rádio e espera-se a flexão do antebraço.
Avaliação do reflexo estiloradial
Bicipital: Com o antebraço do paciente “descansando” sobre o examinador, percutindo o tendão do bíceps e
espera-se a flexão do cotovelo.
Tricipital: Com o braço do paciente apoiado sobre a palma do examinador, percutindo o tendão do tríceps e
como resposta espera-se a extensão do cotovelo
Essas respostas podem ser classificadas como:
HIPORREFLEXIA: (diminuição),
HIPERREFLEXIA: (aumento) e
NORMORREFLEXIA: (normal).
Respostas reflexas exaltadas são sinais de lesões no sistema nervoso central, patognomônicas de lesão de via
piramidal e respostas diminuídas são características de lesão no sistemanervoso periférico.
Devemos avaliar ainda os reflexos cutâneos, também chamados de superficiais, e vale
destacar o sinal deHoffman, que é realizado a partir da percussão da falange distal do
dedo médio, e sua presença se expressa com a flexão dos dedos e também o cutâneo
plantar, conhecido como sinal de Babinski, sendo realizado um estímulo no sentido de
lateral para medial da planta do pé, e se a resposta for em extensão dohálux, o reflexo
encontra-se presente. A presença desses reflexos cutâneos é um indicativo de lesão na via
piramidal, presente, portanto, apenas em lesões no sistema nervoso central.
Avaliação do reflexo cutâneo plantar e sua resposta positiva em extensão do hálux.
SISTEMA SENSORIAL
A sensibilidade é outro tópico importante da avaliação, e pode ser
dividida em superficial ou profunda.
Embora seja um tópico importante do exame físico, ela depende
da colaboração do paciente, o que torna esse item bastante
subjetivo e leva em conta a experiência e a paciência do
examinador. De uma maneira geral, a sensibilidade superficial
investiga a integridade das sensações táteis nos segmentos
corporais, quesão as sensações exteroceptivas.
Avaliação da sensação exteroceptiva com um pincel sensorial.
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Algumas particularidades devem ser levadas em conta ao avaliar a sensibilidade superficial, após lesão
neurológica. Ao avaliar um paciente com lesão encefálica, o teste deve ser realizado passando um pincel nos
segmentos corporais, tais como braço, antebraço, mão, tronco, coxa, perna e pé. Essa distribuição segue a
representação das partes do corpo a partir do Homúnculo de Penfield, localizado no lobo parietal.Então, por esse
motivo, a avaliação deve ser feita por segmento corporal.
Atenção!
Quando o paciente apresenta alguma lesão ou alteração na medula espinhal, o teste deve ser realizado apartir dos
dermátomos, que irá investigar o local na medula espinhal em que há a lesão sensorial. E, se alesão for no sistema
nervoso periférico, comprometendo raízes e nervos, essa avaliação deve ser feita a partir dos territórios de
inervação cutânea dos nervos que estão sendo investigados.
A avaliação de sensibilidade profunda é realizada do mesmo modo, independentemente do local da lesão
neurológica, e tem como função investigar a propriocepção consciente, ou seja, a capacidade em reconhecer a
articulação no espaço, se ela está parada ou em movimento (cinética) e em qual posição seencontra (postural),
sem o auxílio da visão. A articulação a ser avaliada deverá ser movimentada e, então, opaciente é questionado se
ela está parada ou em movimento, e em qual posição se encontra.
A classificação dos testes de sensibilidade, seja superficial ou profunda, refere-se à:
HIPOESTESIA - diminuição da sensação,
HIPERESTESIA - aumento da sensação,
NORMOESTESIA - sensação normal
PARESTESIA - sensação estranha ou desagradável.
É importante destacar que deve se realizar de forma bilateral e comparativamente.
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MÓDULO 2: APLICANDO TESTES FUNCIONAIS
Aplicar os testes funcionais em neurologia de maneira adequada após dano
ao sistema nervoso.
Neste módulo, você conhecerá outros testes importantes em neurologia,
que demandam um caráter maisfuncional do processo de avaliação dessa
população de pacientes. Novamente, discutiremos alguns itens que têm
relação com a motricidade, tais como a coordenação motora e as manobras
deficitárias, além detestes de equilíbrio, marcha, atividades funcionais e
atividades de vida diária.
COORDENAÇÃO MOTORA
A pesquisa da coordenação motora é uma etapa indispensável do exame neurológico e envolve a utilizaçãode
manobras bastante simples, mas que exige compreensão do paciente. Além disso, em quadro de plegias ou
paresias não há indicação de sua aplicação, pois a má execução nos testes pode ser devido aodeficit de movimento,
em vez de alteração na coordenação de fato. Essas manobras podem ser indicadasnos casos de lesões em vias
extrapiramidais e no cerebelo principalmente.
Saiba mais: Também vale ressaltar que, ao avaliar a marcha e o equilíbrio, assim como a motricidade voluntária, já
épossível detectar alterações de coordenação (como nas ataxias que veremos na avaliação de marcha).
Habitualmente, são utilizadas as seguintes manobras:
CALCANHAR-JOELHO: Com o paciente em decúbito dorsal, solicitar que o paciente deslize o calcanhar
sobre a tíbia oposta até a altura dos joelhos e retorne para a posição de início. Essa prova pode ser realizada em
duas etapas, inicialmente, com os olhos abertos e depois sem o controle visual.
ÍNDEX-ÍNDEX: O paciente, com os membros superiores em total abdução e com os indicadores em extensão,
movimentará os membros no sentido de que as pontas dos indicadores toquem uma na outra, e a prova deve ser
verificada com e sem o controle visual. Ainda existe uma variação dessa prova, conhecida como índex-nariz, na
qual o paciente deve encontrar a ponta do indicador na ponta do nariz, bilateralmente.
Esses testes, quando se encontram positivos, podem ser classificados com a presença de dismetria, que é quando
o paciente não acerta o alvo ou, então, o ultrapassa e ainda pode apresentar a decomposição dos movimentos,
que são sinais clássicos de ataxia e incoordenação motora.
DIADOCOCINESIA: Outra prova de coordenação consiste em solicitar que o paciente repouse suas mãos
sobre suas coxas, uma com a palma virada para cima e a outra virada para baixo, e é pedido que alterne a posição
das mãos, alterando a velocidade. Se o paciente não consegue realizar o comando ele apresenta uma
adiadococinesia, e se ele realiza, mas com dificuldade, pode ser classificado como disdiadococinesia, sinais de
alterações na coordenação motora.
TESTE DE RECHAÇO: Consiste em posicionar o membro superior do paciente apoiado em uma superfície,
com flexão de cotovelo, e o terapeuta deve aplicar uma resistência manual no antebraço do paciente, no sentido
da extensão, e soltar de maneira abrupta, para observar o controle da musculatura agonista e antagonista em
frear o movimento e impedir que a mão do paciente acerte o seu próprio rosto, apontando também deficit de
coordenação. Durante esse teste, é importante que a mão livre do terapeuta esteja protegendo o rosto do paciente.
MANOBRAS DEFICITÁRIAS
Essas manobras são utilizadas de maneira complementar à avaliação de motricidade voluntária que vocêaprendeu
no módulo anterior, especificamente para auxiliar a solicitação dos movimentos ativos, e tem como objetivo
detectar deficits motores leves, que não tenha sido possível identificar nos outros testes motores. As manobras
deficitárias são as seguintes:
Braços estendidos - Decúbito dorsal ou sentado, ombros a 90 graus de flexão, cotovelos e mão estendidos.
Raimiste - Decúbito dorsal, flexão de cotovelos a 90 graus, punhos e mãos em posição neutra.
Mingazzini - Decúbito dorsal, flexão de quadril e joelho a 90 graus e tornozelo em dorsiflexão.
Barré - Decúbito ventral, joelhos a 90 graus de flexão e tornozelos em dorsiflexão.
Queda dos membros inferiores em abdução - Decúbito dorsal, flexão de quadril e joelho, pés apoiados na maca.
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É solicitado que o paciente permaneça na posição durante 30 segundos de olhos fechados e, então, o examinador
observa se o paciente é capaz de manter a posição, se há oscilação do membro, e, se houver,se é proximal ou
distal.
AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO:
A avaliação de equilíbrio pode ser realizada de maneira dinâmica ou
estática. A dinâmica envolve a observação e descrição durante as
atividades, por exemplo, de saltar, correr, caminhar e durante as
transições posturais, devendo ser descrita a maneira de realização, se há
compensação, como é o alinhamento postural, a dissociação dos
movimentos e a base de suporte.
Posturas de Tandem e Romberg.
De forma estática, existem alguns testes específicos que podem ser utilizados, como a postura emRomberg, na
qual é solicitado ao paciente que permaneça com os pés juntos; a postura em Tandem, realizada com um pé
posicionado à frente do outro; e a postura unipodal, sobre apenas uma perna no apoio. Esses testes devem ser
cronometrados, realizados sempre de modo bilateral (nas posturas em Tandem e unipodal) e também se incentiva
sua avaliação, tanto com os olhos fechados quanto abertos.
Comentário:Além da informação em segundos sobre o tempo que o paciente consegue permanecer em cada
postura,também é importante descrever como foi essa permanência, se ocorreu de forma estável ou se houve
desequilíbrios e reações exageradas para auxiliar na manutenção da postura, por exemplo.
Também devemos chamar a atenção que a avaliação do equilíbrio, ou seja, dos ajustes posturais, podem ser
testados de maneira mais objetiva, como por meio de um acelerômetro, uma plataforma de força e pormeio de
análise de vídeo. Além disso, algumas escalas validadas testam o equilíbrio ortostático e podemser utilizadas
facilmente no ambiente clínico. A seguir, serão descritas algumas delas.
TESTE DE ALCANCE FUNCIONAL - Mensura a diferença entre o comprimento do braço e o alcance máximo
à frente e em pé. Realiza-se com o paciente próximo a uma parede, à qual um mastro é preso. A posição inicial
é com os pés discretamente separados e o braço fletido à frente no mesmo plano horizontal do mastro, mas sem
tocá-lo, então, é anotada a medida da posição do terceiro metacarpo em relação ao mastro e pede- se que o
paciente alcance à frente o mais longe possível sem dar um passo, e a posição do terceiro metacarpo é novamente
anotada. A distância alcançada é comparada a padrões relacionados à idade e é preditivo de quedas em idosos.
Trata-se de um teste relativamente simples de ser executado, que mede ações comuns nas atividades de vida
diária e relacionado com as mudanças biomecânicas.
TESTE "LEVANTE-SE E ANDE" - Outro teste originalmente desenvolvido para detectar alterações de
equilíbrio em idosos é o teste “levante-se e ande”, mais conhecido como Timed up and go. Pede-se ao paciente
que se levante da cadeira, caminhe por 3 metros, vire e retorne novamente. A partir da observação do tempo da
execução da caminhada, o desempenho é pontuado em normal (1), muito discretamente anormal (2),
discretamente anormal (3), moderadamente anormal (4) e gravemente anormal (5). Um aumento no risco de
queda está associado com pontuações acima de 3.
ESCALA DE BERG - Como última ferramenta a ser apresentada, temos a Escala de Berg, que mede o equilíbrio
em 14 tarefas, incluindo sentar-se e ficar em pé sem apoio, passar de sentado para em pé, pegar um objeto do
chão estando em pé, girar 360 graus e transferências.
AVALIAÇÃO DA MARCHA
A maneira mais usual de realizar a avaliação da marcha é solicitar que o paciente caminhe normalmente e
observar atentamente como ele realiza a atividade. O avaliador não deve deixar de observar os seguintes
aspectos: alinhamento anteroposterior e médio-lateral, dissociação de cinturas, balanceio dos membros
superiores, base de suporte e apoio dos membros inferiores, levando em conta as fases da marcha (apoio e
balanço).
Também existem maneiras mais objetivas de avaliar a marcha, tais como com o uso de análise por vídeo, em que
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é possível investigar alguns parâmetros mais objetivos, como o tempo percorrido em determinada istância, a
velocidade da marcha (metros/segundo), o número de passos e a cadência (número de passos/minuto). A partir
da avaliação da marcha, é possível classificá-la em normal ou patológica, o que écomum em paciente com
desordens no sistema nervoso. As marchas neurológicas mais comuns são:
MARCHA ESPÁTICA OU CEIFANTE - Comum após lesão na via piramidal, que cursa com espasticidade
(hipertonia e presença de respostas reflexas), encontrada após acidente vascular cerebral e traumatismos
cranioencefálicos, por exemplo. Nesse tipo de marcha, devido ao quadro de hipertonia elástica presente na
musculatura flexora e adutora de quadril, extensora de joelho e plantiflexora, o paciente apresenta (do lado
comprometido) curta fase de apoio e longa fase de balanço, realizando elevação pélvica, pobre extensão de
quadril, hiperextensão de joelho e pobre dorsiflexão.
MARCHA ESCARVANTE - Encontrada após lesão nervosa periférica (nervo fibular por exemplo) nas
radiculites, polineurites e poliomielites que cursem com plegia da musculatura dorsiflexora dos artelhos e do pé.
Portanto, ao tentar caminhar, o paciente toca o solo com a ponta do pé, arrastando-o e assim interferindo na fase
de apoio. O paciente ainda pode tentar realizar uma compensação elevando o joelho na tentativa de não arrastar
o pé.
MARCHA ATÁXICA CEREBELAR OU EBRIOSA - Ocorre após lesão no cerebelo, e como o próprio nome
indica, reproduz a marcha de um indivíduo em estado de embriaguez alcoólica. O paciente apresenta uma base
alargada durante a marcha, com incoordenação dos membros inferiores, passos largos e imprecisos, além de
pobre controle postural.
MARCHA ATÁXICA SENSITIVA OU TALONANTE - Acontece após perda das informações sensoriais,
comuns nas afecções que se localizam nos funículos posteriores da medula, impactando diretamente na
propriocepção. Apresenta-se de modo bastante semelhante à marcha cerebelar descrita acima, com base de
suporte alargada e perda da noção do solo em relação aos pés, o que faz com que o paciente pareça estar
arremessando o pé à frente e o coloque abruptamente ao solo. Uma característica importante é que, nesse tipo
de marcha, a fiscalização pelo olhar é rigorosamente realizada
MARCHA FESTINADA - Encontrada em pacientes com doença de Parkinson ou parkinsonismos, uma vez que
os pacientes apresentam passos curtos, ritmados, rígidos e arrastados, com base de suporte diminuída, associado
a uma postura típica de anteriorização de tronco, com pobre dissociação de cinturas, balanço dos membros
superiores e controle postural
A MARCHA DOS PACIENTES NEUROLÓGICOS:
A especialista Isabela Andrelino de Almeida Shigaki abordará os diferentes tipos de marcha de pacientes
neurológicos (espástica, atáxica e festinada), relacionando cada tipo com o quadro clínico da doença respectiva,
além de apontar para as principais estratégias de reabilitação para cada uma delas.
ATIVIDADES FUNCIONAIS E ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA:
Para finalizarmos este módulo, não podemos deixar de discutir sobre a avaliação das atividades funcionais,que,
em neurologia, referem-se às passagens de postura, tais como:
Transições de decúbito lateral para ventral.
Transições de decúbito lateral para ventral.
Transições de decúbito ventral para gato (quatro apoios).
Transições de gato para ajoelhado.
Transições de ajoelhado para semiajoelhado.
Transições de semiajoelhado para a postura em pé.
O examinador deve solicitar a passagem de postura ao paciente e verificar se ele é capaz ou não de realizá-la.
Atenção! É importante descrever como a tarefa foi realizada, com dificuldades, compensações, assimetrias,
padrões patológicos que possam ficar mais evidentes em alguma transição, reações de endireitamento, de
proteção, equilíbrio e coordenação. Vale ressaltar que essa observação pode auxiliar muito o profissional a
detectar alterações e assimetrias que antes possam ter passado despercebidas.
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As atividades de vida diária são referentes à vestimenta, à alimentação e à higiene e são avaliadas após
questionamento ao paciente, como de que maneira ele realiza essas atividades no seu dia a dia. Caso sejapossível,
pode ser solicitado que o paciente simule algumas dessas tarefas no ambiente clínico, a fim de facilitar para o
investigador. Deve ser descrito se o paciente é capaz de realizar as atividades e o grau dedificuldade se houver,
se precisa de auxílio, qual sua maior queixa e sua maior vontade. E, assim, é classificado como dependente,
semidependente e independente para as atividades questionadas.
Sobre essas atividades de vida diária, existem algumas escalas funcionais, validadas, que podem ser ferramentas
úteis ao profissional e capazes de quantificar esses aspectos, tais como o Índice de Barthel,que apresenta algumas
categorias, divididas em questões relacionadas à função de intestino e bexiga, vestir-se, uso do vaso sanitário,
alimentação, transferência, arrumar-se, mobilidade, escada e banho. Essesitens são pontuados de zero a três, com
zero indicando total dependência.
Por fim, outra escala bastante usada em diversos países é a mensuração de independência funcional (MIF),que
inclui categorias sobre:
Cuidados pessoais
Comer, arrumar-se, banhar-se, vestir-se e higiene.
Independência
Controle esfincteriano.
Mobilidade
Transferências.
Locomoção
Marcha, dispositivos e escadas.
Comunicação
Compreensão e expressão.
Cognição social
Interação, solução de problemas e memória.
Cada categoria é pontuada de um a quatro e, quanto maior a pontuação, maior a independência dopaciente.
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Via córtico-espinhal.
MÓDULO 3: - INTERPRETANDO A AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA
Ao final deste módulo, você será capaz de formular o diagnóstico fisioterápico
neurofuncional a partir da interpretação da avaliação neurológica.
DIAGNÓSTICO FISIOTERAPÊUTICO NEUROFUNCIONAL
A avaliação e o tratamento devem estar estreitamente
interligados.
Uma avaliação minuciosa dos problemas e das alterações de cada
paciente é fundamental para que o tratamento possa produzir os
melhores resultados, e ambos não devem ser considerados etapas
isoladas do processo de reabilitação. O tratamento, portanto, deve
ser planejado e conduzido com base emavaliações criteriosas e
frequentes.
• A maneira como os problemas do paciente é observada, avaliada e interpretada deve determinar a
abordagem, os objetivos e a escolha das estratégias por partedo terapeuta.
O ponto central entre o momento da avaliação e a elaboração do plano de tratamento é o que será desenvolvido
neste módulo, a formulação do diagnóstico fisioterapêutico neurofuncional, essencial paranortear o profissional
nas suas escolhas relacionadas ao processo de reabilitação. Para fins didáticos, discutiremos, a seguir, o
raciocínio clínico a partir da avaliação realizada nas diferentes doenças que comprometem o sistema nervoso,
com destaque para as lesões que ocorrem no encéfalo e cursam comquadro de espasticidade, tais como o acidente
vascular cerebral, o traumatismo cranioencefálico e a paralisia cerebral, e as lesões medulares decorrentes de
malformações, traumatismo ou inflamações. Ao final do módulo, observaremos a relação entre o diagnóstico
neurofuncional e a Classificação Internacionalde Funcionalidade, Incapacidade e Saúde.
DIAGNÓSTICO FISIOTERAPÊUTICO NEUROFUNCIONAL NAS LESÕESENCEFÁLICAS
Neste tópico, abordaremos especificamente as lesões que
comprometem o encéfalo e cursam com lesão na via
córtico-espinhal. Para facilitar o entendimento, vale
lembrarmos alguns pontos anatômicos importantes. Nosso
encéfalo é dividido em alguns lobos cerebrais, e chamamos
a atenção para dois deles,o lobo frontal, onde habitam as
nossas áreas motoras, e o lobo parietal, que é
essencialmente relacionado às nossas funções sensoriais.
No lobo frontal, há um giro, conhecido como pré-central,
que apresenta grande importância, pois é nesselocal que se
origina a via motora mais conhecida, a via córtico-
espinhal, que tem papel fundamental na motricidade
primária, ou seja, é por meio desse trajeto que as
informações sobre o movimento atingem a medula
espinhal, influenciando os neurônios motores inferiores e,
então, a informação eferente sobre o movimento é
destinada aos músculos estriados esqueléticos (MACHADO, 1993).
Ainda sobre o giro pré-central, outra área importante é o conhecido
Homúnculo de Penfield, que nada maisé do que a representação das
nossas partes do corpo a nível cortical. Nessa região, localiza-se a área
específica relacionada à mão, ao antebraço, ao braço, ao ombro, ao
tronco, e assim por diante, e é partirdessas regiões representadas que
a informação motora, por meio da via córtico-espinhal, irá se originar
afim de exercer influência nos segmentos corporais correspondentes.
Homúnculo motor localizado no giro pré-central do lobo frontal representado em um corte coronal.
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O outro lobo que vale a pena lembrarmos é o parietal, localizado logo ao lado do lobo frontal, separadosapenas
pelo sulco central. Também nesse lobo há uma região importante, chamada agora de giro pós- central, que é
responsável pela captação das informações sensoriais oriundas da periferia, ou seja, as aferências sensitivas.
Assim como no giro pré-central, nessa região, também há a presença do Homúnculo de Penfield, e as
informações sensitivas atingem as áreas específicas que representam as nossas partesdo corpo, para serem
codificadas e interpretadas.
Agora que você relembrou pontos importantes, ficará mais fácil compreender alguns achados da avaliação
neurológica e o papel deles para a elaboração dodiagnóstico fisioterapêutico.
Após lesão nas regiões citadas, o que ocorre com frequência em pacientes que sofreram o acidente vascular
encefálico, principalmente, quando a alteração vascular ocorre na artéria cerebral média (maioriados casos) ou
artéria cerebral anterior, é comum que um lado do corpo, ou os dois lados fiquem com alterações motoras e
sensitivas, que o profissional irá conseguir identificar e estabelecer, para traçar seudiagnóstico.
O diagnóstico do fisioterapeuta leva em conta primordialmente o comprometimento motor, que serádefinido após
a avaliação de motricidade, que você aprendeu no primeiro módulo. Inicialmente, o profissional irá estabelecer
se o paciente apresenta um quadro de plegia (ausência de movimento) ouparesia (dificuldade de movimento),
decorrente de lesão na via córtico-espinhal nos casos das lesõesencefálicas e em qual ou quais segmentos
corporais ele está presente (DORETTO, 2001).
A partir desse entendimento, o fisioterapeuta utiliza a nomenclatura correta para classificar e diagnosticar o
indivíduo com lesão encefálica, do ponto de vista motor. Essa classificação se dá da seguinte forma (BOBATH,
2001):
Lesões que gerem paralisia dos movimentos de um lado do corpo são classificadas como
hemiplegias ou hemiparesias.
Lesões que cursem com paralisia dos movimentos dos dois lados do corpo são classificadas como
quadriplegias ou quadriparesias.
Lesões menos frequentes, mas que também podem ocorrer, são os quadros de monoplegias ou
monoparesias, quando a alteração motora acomete apenas um membro.
Ainda nessa linha de raciocínio, vale lembrar que, quando o paciente sofre dano na via piramidal, provavelmente,
ele ficará com alteração de tônus, que, em fases iniciais, poderá apresentar quadro de hipotonia, evoluindo para
a hipertonia do tipo elástica. Essa alteração de tônus acompanha as alteraçõesnas respostas reflexas, e nessa
população, a espasticidade pode estar presente (hipertonia elástica associada a respostas reflexas exaltadas).
Sendo assim, é importante que o profissional, ao descrever o diagnóstico levando em conta a avaliaçãomotora,
também complemente com a descrição quanto ao tônus e ao reflexo. Por exemplo, em um paciente vítima de
acidente vascular encefálico, com quadro de hemiplegia, ele poderia ter recebido o diagnóstico do fisioterapeuta
da seguinte maneira: hemiplegia à direita do tipo espástica, ou ainda,hemiplegia à direita do tipo flácida (tônus
diminuído e abolição dos reflexos).
A partir desse diagnóstico, o profissional é capaz de compreender de maneira geral quais as limitações doponto
de vista funcional do paciente, e nortear o estabelecimento de metas e os planos de tratamento. É claro que essa
etapa poderá vir acompanhada de informações adicionais, tais como comprometimento sensorial
(hemianestesias, por exemplo), ou alguma particularidade, que estará associado e que terá sido observado e
descrito na avaliação inicial.
Devemos ressaltar ainda que a elaboração do diagnóstico atua como uma síntese do que foi investigado a
partir de todo o exame neurológico, e o profissional deverálevar em consideração para a elaboração do seu
tratamento todos os itens e etapas desse exame, impreterivelmente.
DIAGNÓSTICO FISIOTERAPÊUTICO PÓS AVE
A especialista Isabela Andrelino de Almeida Shigaki abordará os principais itens da avaliação neurológicaque
contribuem para a elaboração do diagnóstico de um paciente pós AVE, e qual o impacto disso na elaboração do
tratamento dessa população, com exemplos práticos.
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DIAGNÓSTICO FISIOTERAPÊUTICO NEUROFUNCIONAL NAS LESÕESMEDULARES
Oraciocínio para a elaboração do diagnóstico fisioterapêutico nesse grupo de pacientes segue o mesmo jádescrito,
porém, apresenta nomenclaturas diferentes e algumas particularidades importantes de serem observadas e
discutidas.
Vamosrelembrar também algunspontosanatômicos importantes sobre a medula espinhal, que é uma
estrutura cilindriforme, localizada no canal vertebral, fazendo parte do sistema nervoso central. Ela
é umacontinuação do bulbo, uma estrutura que compõe o tronco encefálico, e sua porção terminal,
no adulto, está no nível da primeira ou segunda vértebra lombar. Ela é responsável pela transmissão
de informação provenientes das áreas centrais para a periferia (informações motoras) e da periferia
para as áreas centrais(informações sensoriais).
Medula espinhal.
Sendo assim, fica fácil compreender que, após um dano nessa estrutura, o paciente, provavelmente, apresentará
distúrbios motores e sensitivos, entre outros, tais como os relacionados ao sistema nervosoautônomo, que possui
seus centros na medula espinhal.
O que diferencia no diagnóstico nesses pacientes é o tipo de lesão (completa ou incompleta) e o nível
neurológico, ou nível da lesão, que apresenta grande impactono processo de reabilitação e será discutido a
seguir.
De maneira geral, a nomenclatura correta para classificar o paciente que sofreu uma lesão na medula espinhal é a
tetraplegia, ou tetraparesia, quando a lesão comprometeu qualquer nível do segmento cervical,e a paraplegia
ou paraparesia, quando a lesão atingiu os segmentos torácicos, lombares ou sacrais. Porém, apenas essa
informação não é suficiente para o fisioterapeuta, necessitando de diagnóstico mais elaborado. A definição da
tetraplegia/paresia ou da paraplegia/paresia leva em conta o grau de movimentação do paciente, e isso é realizado
a partir do exame de motricidade. Mas devemos lembrar queos segmentos medulares (cervical, torácico, lombar
e sacral) apresentam níveis, e é essa observação que faz com que o diagnóstico fisioterápico seja mais detalhado.
Exemplo: Um paciente que apresente uma tetraplegia com nível motor C2 é totalmente diferente de um paciente
queapresente também uma tetraplegia com nível motor C7. E a mesma definição vale para os demais segmentos.
Existem músculos-chavesjádefinidos, querepresentam osrespectivos segmentos medulares e, durante aavaliação
de força muscular, o profissional gradua a força desses músculos por meio da escala MRC (conforme visto no
módulo 1). Uma graduação de, no mínimo, 3 é classificada como o segmentopreservado, expressando, assim, o
nível motor do paciente.
Exemplo: A musculatura flexora de cotovelo representa o segmento medular cervical C5; os extensores de punho,
osegmento C6; e os extensores de cotovelo o segmento C7. Sendo assim, se um paciente apresentar graduação
de força, segundo a escala MRC de 3 na avaliação do grupo que representa o nível C6 e a graduação de 0 no grupo
que representa o nível C7, ele será classificado como um paciente tetraplégicocom nível motor C6. A mesma
interpretação vale para o membro inferior. Por exemplo, os flexores de quadril representam o nível medular L2,
os extensores de joelho o nível L3 e os dorsiflexores o nível L4 e, seo último grupo muscular íntegro, ou seja,
com graduação de no mínimo 3 na escala MRC, forem os extensores de joelho, ele será classificado como um
paciente paraplégico de nível motor L3.
Também vale chamar a atenção que o nível neurológico do paciente com lesão medular, além de levar emconta o
nível motor, também envolve o nível sensitivo, que, na maioria dos casos, é o mesmo. A avaliaçãosensorial nessa
população deve ser realizada por meio dos dermátomos, que, conforme já estudado
no primeiro módulo, aponta em qual segmento medular ocorre o comprometimento
sensitivo (CARR;SHEPHERD, 2008).
O fisioterapeuta é o profissional que apresenta o conhecimento de toda a
musculatura íntegra, ou seja, preservada, e de todas as capacidades e as
potencialidades ligadas à independência funcional que opaciente apresenta após
uma lesão medular, de acordo com cada um dos níveis medulares (cervicais,
torácicos, lombares e sacral). Portanto, a partir do diagnóstico fisioterápico bem
estabelecido, o planejamento acerca das estratégias de tratamento será mais bem
elaborado e desenvolvido.
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DIAGNÓSTICO NEUROFUNCIONAL E A CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE
FUNCIONALIDADE, INCAPACIDADE E SAÚDE (CIF)
As classificações internacionais, ou codificações, são regidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS)para
facilitar a comunicação integrada, classificando a saúde.
• A primeira classificação surgiu em 1893, identificando a causa de morte.
• Seguida pela Classificação Internacional de Doenças (CID) em 1946, classificando a etiologia das
doenças.
• Em 1980, surgiu a Classificação Internacional de Incapacidade (CIDID), especificando a incapacidade
como consequência de doenças, levando em conta deficiência, incapacidade e desvantagens.
• Esses últimos termos foram revistos e substituídos (incapacidade por limitação das atividades e
desvantagem por restrição na participação), e, em 2001, foi criada a Classificação Internacional de
Funcionalidade (CIF), Incapacidade e Saúde, para classificar a funcionalidade humana, que atua como
uma ferramenta para se conhecer melhor a condição de saúde, traçar diagnósticos e nortear a abordagem
clínica.
Em 2009, uma resolução do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional foi realizada para o
incentivo da adoção do uso da CIF entre os profissionais, podendo ser uma ferramenta bastante útil paradiversas
áreas.
Comentário: Em relação aos pacientes com disfunções neurológicas, na maioria dos casos, eles evoluem com
quadrosde alterações no movimento, alterações no tônus muscular e nas respostas reflexas, além de problemas
sensoriais, que associados às alterações posturais e de marcha levam a incapacidades e a limitações
funcionais, conforme já discutido nos módulos anteriores.
Em um importante artigo sobre esse tema, publicado em 2002, na Revista Physical Therapy, por Steiner etal.,
acerca do uso da CIF como uma importante abordagem para a resolução de problemas, baseada emumaavaliação
centrada no indivíduo, fica evidente a relevância do tema para classificação dos pacientes neurológicos, a partir
do diagnóstico funcional e para o processo de reabilitação.
Saiba mais: Há um conceito central que envolve o uso da CIF, chamado de “atividade”, que segundo Steiner (2002)
pode ser considerado como a informação mais importante da classificação, envolvendo a execução de uma ação
ou tarefa (por exemplo, uma passagem de postura como rolar, sentar ou passar para de pé) e outro conceito,
chamado de “participação”, que investiga o envolvimento social em uma situação de vida, comoapresentar
dificuldade de caminhar até o mercado ou não conseguir trabalhar, pois perdeu a função manualque é exigida, por
exemplo.
A partir dessas informações centrais, o fisioterapeuta identifica em quais situações do dia a dia o paciente
apresenta dificuldade, como qual movimento ou tarefa que impossibilita essa participação social, para
traçar o diagnóstico fisioterápico e levantar as hipóteses relacionadas às estruturas que fazem com que opaciente
não consiga executar determinada tarefa (como, por exemplo, devido à alteração de tônus, deficitsensorial ou
fraqueza muscular).
Resumindo - Sendo assim, a CIF pode se apresentar como uma maneira bastante útil no auxílio do raciocínio
clínico apartir da avaliação do paciente, e norteia o profissional para o estabelecimento do diagnóstico e sobre
quais as estratégias de tratamento são adequadas para contribuir para a resolução dos problemasencontrados no
paciente.
***ASSISTIR OS VÍDEOS DO SISTEMA
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Parabéns! A alternativa B está correta.
A questão cita um teste utilizado para avaliar a coordenação motora, no qual
as mãos do paciente são posicionadas sobre as pernas, com uma das mãos com
a palma virada para cima, então, é solicitado que inverta a posição das mãos de
maneira alternada e com aumento da velocidade. Os principais testes que
avaliam o equilíbrio corporal são Romberg, Tandem e apoio unipodal, já a
motricidade involuntária é avaliada por meio de observação e a avaliação de
amplitude de movimento e tônus muscular é realizada principalmente por meio
de mobilização passiva das articulações.
Parabéns! A alternativa C está correta.
Os testes Timed up and go e o de alcance funcional avaliam o
equilíbrio, porém, não envolvem os itens citados, mas atividades
únicas e específicas para investigar os ajustes posturais. Já o índice de
Barthele a escala MIF são utilizadas para avaliação de funcionalidade
e atividades de vida diária, e para avaliação do equilíbrio..
Parabéns! A alternativa D está correta: Um dos sinais característicos de
lesão na via piramidal, a principal via motora, é a espasticidade, que inclui
a hipertonia do tipo elástica, ou o sinal do canivete, e respostas reflexas
exacerbadas. A hipertonia plástica é decorrente de lesão em vias
extrapiramidais e a hipotonia ocorre em lesões de sistema nervoso
periférico.
Parabéns! A alternativa B está correta: A avaliação da sensação exteroceptiva em pacientes com lesão neurológica é feita de acordo com o
local lesionado. No caso de lesões encefálicas, a investigação deve ser feita a partir dos seguimentos corporais, já quando a lesão ocorreu na
medula espinhal, deve ser realizada por meio dos dermátomose, quando a lesão é periférica, essa avaliação deve ocorrer por meio do território
de inervação dos nervos espinhais.
EXERCÍCIOS
MÓDULO I - VAMOS PRATICAR ALGUNS CONCEITOS?
Questão 1: A avaliação do tônus muscular pode ser realizada por meio da movimentação passiva das articulações
que se pretende avaliar, e é importante que seja realizada com mudança na velocidade. Ao avaliar umpaciente
que tenha sofrido um acidente vascular cerebral, com lesão na via piramidal, qual a provávelclassificação
quanto ao tônus desse paciente?
A Hipertonia do tipo plástica
B Hipertonia do tipo cano de chumbo
C Normotonia
D Hipertonia do tipo elástica
E Hipotonia
Questão 2: O sistema sensorial apresenta algumas maneiras particulares de avaliação, dependendo do local em
que ocorreu a lesão. De uma maneira geral, a avaliação da sensibilidade superficial ocorre por meio da
investigação das sensações táteis, ou seja, exteroceptivas, e é realizada com o uso de um pincel nossegmentos
corporais do paciente. Sobre essa avaliação, assinale a alternativa correta.
A. A avaliação sensorial de um paciente com lesão medular deve ser feita por meio dos segmentos
corporais, seguindo a representação das partes do corpo no córtex.
B. Em um paciente que sofreu lesão medular, a avaliação da integridade sensorial deve ser realizada por
meio dos dermátomos.
C. Em pacientes que sofreram uma lesão nervosa periférica, a maneira de avaliar a integridade do sistema
sensorial é a partir dos dermátomos, a fim de investigar alocalização da alteração na medula espinhal.
D. A avaliação sensorial de um paciente com lesão encefálica deve ser realizada a partir dos territórios de
inervação correspondente ao nervo ou à raiz nervosa que se pretendeinvestigar.
E. A avaliação das sensações táteis em pacientes neurológicos deve ser realizada da mesma maneira, ou
seja, a partir dos seguimentos corporais.
EXERCÍCIOS
MÓDULO II - Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1 O teste conhecido como diadococinesia, que é realizado em uma avaliação fisioterapêutica, mensura
qual condição motora?
A Equilíbrio corporal
B Coordenação motora
C Motricidade involuntária
D Amplitude de movimento
E Tônus muscular
Questão 2 Os ajustes posturais podem ser avaliados por meio de escalas e instrumentos validados, que fornecem
uma medida mais objetiva e de fácil comparação, facilmente, utilizadas em ambiente clínico. Uma escala
bastante utilizada mensura o equilíbrio de forma dinâmica em diferentes tarefas diárias, taiscomo se sentar e se
levantar sem apoio, pegar um objeto no chão a partir da postura em pé, entreoutros movimentos. Qual escala
é citada em questão?
A Teste Timed up and go
B Índice de Barthel
C Escala de equilíbrio de Berg
D Escala MIF
E Teste de alcance funcional
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Parabéns! A alternativa B está correta.
Após uma lesão na medula cervical, o paciente
apresenta quadro de tetraplegia ou tetraparesia, que vai
depender do grau de movimento. O enunciado aponta
ausência de movimento abaixo do nível da lesão,o que
indica um quadro de tetraplegia com nível neurológico
C7.
Parabéns! E alternativa C está correta.
O termo correto para a ausência de movimento é a plegia, e por se tratar de um
comprometimento emum lado inteiro do corpo, deve-se usar a nomenclatura
hemiplegia. A quadriplegia ou a paresia se refere a um deficit de movimento
nos dois lados do corpo por completo, ou seja, nos quatro membros,e a
monoplegia apenas em um segmento corporal.
EXERCÍCIOS
MÓDULO III - Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1: Para o fisioterapeuta estabelecer o diagnóstico funcional do paciente, o principal item da avaliação
física é o teste de motricidade. Sendo assim, ao classificar um paciente que sofreu um acidente vascular
encefálico e como sequela apresenta ausência de movimento do lado esquerdo do corpo,qual a nomenclatura
correta para o diagnóstico?
A Quadriplegia à esquerda
B Quadriparesia à esquerda
C Monoplegia à esquerda
D Hemiparesia à esquerda
E Hemiplegia à esquerda
Questão 2: Um paciente vítima de traumatismo raquimedular apresenta lesão completa na medula cervical,
especificamente, no nível C7. O seu quadro clínico envolve perda dos movimentos do nível da lesãopara baixo,
ausência de sensibilidade e disfunções autonômicas. A partir do enunciado, assinale a alternativa que apresenta
o diagnóstico fisioterapêutico mais adequado.
A Tetraparesia espástica com nível neurológico C7
B Tetraplegia espástica com nível neurológico C7
C Tetraplegia espástica com nível motor C6
D Paraplegia flácida com nível neurológico C7
E Paraparesia espástica com nível motor C7
Considerações finais: Chegamos ao fim do estudo dos principais aspectos que devemos levar em conta ao avaliar um
paciente com disfunção neurológica, tais como a maneira adequada de conduzir uma anamnese, os itens
importantes do exame físico como, por exemplo, a avaliação da motricidade voluntária e da sensibilidadede
acordo com os diferentes locais de lesão, além da investigação do tônus muscular, respostas reflexas etestes de
coordenação, equilíbrio e marcha, entre outros.
Outro ponto importante e fundamental para a elaboração de um plano de tratamento adequado em neurologia é
a compreensão da maneira de elaborar o diagnóstico fisioterapêutico, intimamente ligado ao processo de
avaliação, e que você irá aplicar em sua prática clínica.
Agora, a especialista Isabela Andrelino de Almeida
Shigaki apresentará um caso clínico de um paciente com
doença de Parkinson, discutindo todas as etapas do
exame físico neurológico e os achados clínicos
compatíveis com essa afecção do sistema nervoso
central, além de sugerir estratégias de tratamento aofinal
da explanação.
Referências
BOBATH, B. Hemiplegia em adultos - Avaliação e tratamento. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2001.
CARR, J.; SHEPHERD, R. Reabilitação Neurológica - Otimizando o Desempenho Motor. 1. ed. São Paulo:Manole, 2008.
DORETTO, D. Fisiopatologia clínica do sistema nervoso: fundamentos semiologia. 3. ed. São Paulo: Manole,2001.
MACHADO, A. B. M. Neuroanatomia funcional. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 1993.MAGEE, D. J. Avaliação musculoesquelética.
5. ed. São Paulo: Manole, 2010.
STEINER, W. A. et al. Use of the ICF model as a clinical problem-solving tool in physical therapy andrehabilitation medicine.
Physical Therapy, v. 82, n. 11, p. 1098-107, 2002.
Explore +
Para saber mais sobre os assuntos estudados neste conteúdo, pesquise o artigo Fisioterapia baseada notreinamento de dupla tarefa no
equilíbrio de indivíduos com doença de Parkinson, de Isabela Andrelino de Almeida e de outros autores, publicado na Revista Saúde, e
observe as maneiras de avaliação do equilíbrioabordadas para esse perfil de pacientes neurológicos.

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Avaliação em fisioterapia neurofuncional guia completo

  • 1. 17/03/2023, 14:59 Avaliação em fisioterapia neurofuncional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02902/index.html# 1/45 Avaliação em fisioterapia neurofuncional Isabela Andrelino de Almeida Shigaki Descrição: Avaliação em Fisioterapia Neurofuncional e sua aplicabilidade para a compreensão do quadro clínico, identificação da topografia da lesão, e para a elaboração do plano de tratamento fisioterapêutico apóslesão no sistema nervoso. Propósito: A avaliação em Fisioterapia Neurofuncional bem executada, por meio de exames e testes adequados aotipo e ao local em que ocorreu a disfunção neurológica, é essencial para a elaboração do diagnóstico fisioterápico e é a principal ferramenta de auxílio ao profissional na elaboração do plano de tratamento após dano ao sistema nervoso. Objetivos: Módulo 1: Identificando os itens do exame neurológico Identificar os itens do exame neurológico e sua aplicabilidade clínica após dano ao sistema nervoso. Módulo 2: Aplicando testes funcionais Aplicar os testes funcionais em neurologia de maneira adequada após dano ao sistema nervoso. Módulo 3: Interpretando a avaliação neurológica Formular o diagnóstico fisioterápico neurofuncional a partir da interpretação da avaliação neurológica. INTRODUÇÃO: A avaliação fisioterapêutica, de uma maneira geral, é o ponto de partida para o estabelecimento do diagnóstico funcional, para a tomada de decisão, o estabelecimento de metas e a elaboração do plano de tratamento dos pacientes, pois é a partir dela que o profissional expressa o raciocínio clínico, que é a basedo gerenciamento do paciente. Vale ressaltar que esse raciocínio clínico envolve alguns processos, tais como as habilidades, as experiências e o conhecimento, além de sua capacidade de traçar estratégias de solução de problemas. Quando estudamos a avaliação em Fisioterapia Neurofuncional, é importante destacarmos algumas articularidades, pois, além do exame físico, que envolve testes neurológicos específicos e exames motores clássicos da fisioterapia, devemos compreender a maneira de avaliar e a indicação de alguns itens,dependendo do local da lesão, para sermos capazes de classificar o indivíduo corretamente, a partir do quadro clínico e das alterações que ele apresente. Sendo assim, você aprenderá a realizar uma avaliação em Fisioterapia Neurofuncional e sua aplicabilidadeclínica na elaboração do diagnóstico fisioterapêutico, que contribuirá para o seu desenvolvimento do raciocínio clínico e da elaboração de estratégias e planos de tratamento. MÓDULO 1: IDENTIFICANDO OS ITENS DO EXAME NEUROLÓGICO Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os itens do exame neurológico e suaaplicabilidadeclínica apósdano ao sistema nervoso.
  • 2. 17/03/2023, 14:59 Avaliação em fisioterapia neurofuncional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02902/index.html# 2/45 EXAME NEUROLÓGICO: O principal papel da fisioterapia no manejo de pacientes com disfunção neurológica é a avaliação e o treinamento das funções motoras diárias, de modo que o indivíduo possa retornar às atividades de lazer, àsdomésticas e de trabalho, e à sua função independente na sociedade. A prática da fisioterapia, portanto, envolve a coleta de informações objetivas sobre a disfunção, a fim de facilitar o entendimento do quadro clínico e de informações precisas sobre a habilidade de desempenho do indivíduo nas tarefas motoras mais importantes para o seu dia a dia. Essas informações, adquiridas no início do tratamento fisioterápico,são fundamentais para planejamento, evolução e modificação do programa de tratamento. As informações coletadas de maneira adequada fornecem o conhecimento necessário para o planejamento de exercícios e práticas apropriadas, mas também podem ser usadas para comparar dadosem grupos de pacientes dentro de um centro e entre centros ou países, sendo uma importante ferramenta para a pesquisa científica. Portanto, trata-se de um meio fundamental de estabelecer a melhor prática e fazer mudanças para práticas ainda melhores, à medida que novos métodos de intervenção sãodesenvolvidos. Neste módulo, discutiremos as etapas que fazem parte da avaliação em Fisioterapia Neurofuncional e sua aplicabilidade clínica nessa população de pacientes. Iniciaremos com o estudo da anamnese e, então, falaremos sobre o exame físico, identificando os testes específicos utilizados em neurologia. ANAMNESE EM NEUROLOGIA A primeira etapa do processo de avaliação é a anamnese, que significa trazer à memória os sintomas, pormeio de uma entrevista do profissional com o paciente, com a intenção de ser um ponto inicial no diagnóstico funcional de uma doença. Busca-se relembrar todos os fatos que se relacionam com a doença. Pode ocorrer de forma livre, ou seja, com o relato espontâneo do paciente, ou de maneira dirigida, quando o avaliador conduz a entrevista. Deve-se procurar, dentro do máximo possível, “traduzir” a queixa do paciente, sem o induzir em suas respostas. Como elementos fundamentais da anamnese, podemos destacar a tentativa de precisar, dentro do possível,a época em que iniciaram os sintomas e, a partir de então, questionar ao paciente quanto à evolução cronológica dos eventos. Exemplo: Pensando no paciente neurológico, se o início dos sintomas for de natureza aguda (minutos ou horas), sobressai uma causa vascular; se de natureza subaguda (poucos dias), geralmente, está associada à causainflamatória. Ainda nessa linha de pensamento, se o início dos sinais são imprecisos e apresentam evolução gradual e progressiva, suspeita-se de doenças degenerativas, principalmente, se estiver evoluindo de modo simétrico. Se esse mesmo tipo de progressão for de maneira assimétrica, sugere causas relacionadas a processos expansivos. Também existe a possibilidade de a doença estar evoluindo por surtos, com períodos de melhora ou piora, característica de algumas doenças desmielinizantes, como a esclerosemúltipla, por exemplo. Mesmo que o diagnóstico seja óbvio, a história fornece informações valiosas sobre a alteração neurológica, seu estado atual, seu prognóstico e o tratamento adequado. A história também permite que oavaliador determine o tipo de pessoa que o paciente é, sua linguagem e capacidade cognitiva e de articulação, qualquer tratamento que o paciente tenha recebido e o comportamento da lesão. Além dahistória da doença ou da lesão atual, o examinador deve anotar a história pregressa, o tratamento e os resultados relevantes. O histórico médico anterior deve incluir doenças graves, cirurgias, acidentes ou alergias. Em alguns casos, pode ser necessário investigar as histórias sociais e familiares do paciente, se elas parecerem relevantes. Padrões de hábitos de vida, incluindo padrões de sono, estresse, carga de trabalho e atividades recreativas,também devem ser observados. Por fim, as informações coletadas na anamnese de um indivíduo com diagnóstico de lesão no sistema nervoso
  • 3. 17/03/2023, 14:59 Avaliação em fisioterapia neurofuncional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02902/index.html# 3/45 envolvem ainda a referência a relevantes notas médicas, incluindo resultados de exames complementares, como os de imagem, tais como radiografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética, por exemplo, além de investigações sobre a condução elétrica das células nervosas, a partir doexame de eletroencefalograma ou eletroneuromiografia. Informações acerca de avaliações psicológicas e medicação em uso também podem ser importantes. EXAME FÍSICO EM NEUROLOGIA INSPEÇÃO E PALPAÇÃO: Durante a inspeção, seu objetivo é obter informações sobre visíveis defeitos, deficit funcionais e anormalidades. Grande parte da fase de observação envolve a avaliação da postura, e as descobertasligadas a assimetrias são comuns. O avaliador deve observar a maneira de se mover do paciente, bemcomo a postura geral, e qualquer sinal de comportamento evidente de dor. A inspeção tem início no primeiro momento de contato com o paciente e já é possível observar a marcha, mesmo que ainda superficial, podendo detectar alguns problemas, como sinal de Trendelenburg ou pé caído, por exemplo.Sendo assim, de maneira geral, a partir da inspeção, alguns itens podem ser relevantes, tais como: • Com quem o paciente chegou acompanhado. • Se ele se apresenta comunicativo e colaborativo. • Como se locomove e deambula. • Se há necessidade de algum dispositivo auxiliar para locomoção. • Se há presença de algum padrão patológico instalado. • Se há deformidades, assimetrias, lesões ou cicatrizes aparentes. Se a inspeção ocorrer em ambiente hospitalar, é importante coletar informações sobre postura no leito, usode acessos e sondas, além de padrões respiratórios e dispositivos auxiliares respiratórios, como uso de cateter, máscaras de oxigenação e uso de ventilação não invasiva ou invasiva. Durante o momento de palpação, o profissional deve tocar no paciente, sendo possível identificar: 1. PRESENÇA DE EDEMAS 2. QUADRO DE DOR AO TOQUE 3. AFERIÇÃO DOS SINAIS VITAIS BÁSICOS 4. TROfiSMO MUSCULAR Em relação aos sinais vitais, vale lembrar que são medidas que fornecem dados fisiológicos e indicam as condições de saúde do paciente. A frequência cardíaca é um desses sinais, que pode ser observada a partir da palpação da artéria radial e,então, contar o número de batimentos em um minuto, além de ser possível observar o ritmo e a intensidade. Atenção! Vale lembrar ainda que, em indivíduos adultos, espera-se que esteja em torno de 80 batimentos por minuto. Também deve ser realizada a avaliação dos outros sinais vitais, como a frequência respiratória, a pressão arterial, a temperatura e a ausculta pulmonar básica, se houver indicação. Ainda sobre a palpação, a avaliação de trofismo envolve o toque nos principais grupos musculares e que apresentam maior volume, tais como flexores e extensores de cotovelo, flexores e extensores de joelho, e plantiflexores, devendo sempre ser realizado de maneira bilateral e comparativa. Quando o volume muscular está preservado, é classificado como normotrofia; quando está diminuído, classifica-se como hipotrofia; e se estiver aumentado, o que não é comum em pacientes com disfunção neurológica, pode serclassificado como hipertrofia. TÔNUS MUSCULAR O tônus muscular representa a integridade neurológica do paciente e é definido como um estado de semicontração basal da musculatura estriada esquelética, e a maneira mais simples e bastante objetiva deavaliá- lo é a partir da movimentação passiva das articulações dos membros superiores e inferiores e observado o grau de resistência existente.
  • 4. 17/03/2023, 14:59 Avaliação em fisioterapia neurofuncional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02902/index.html# 4/45 É importante realizar essa movimentação em diferentes velocidades e graus de amplitude de movimento, pois o tônus é sensível a esses aspectos e sempre de modo comparativo com os dois lados do corpo. Avaliação passiva do tônus muscular do membro superior. CLASSIFICAÇÃO NORMOTONIA: o tônus muscular considerado normal; HIPOTONIA: quando está diminuído ou flácido, comum em doenças que comprometam o sistema nervoso periférico, o cerebelo e também algumas síndromes, como é o caso da síndrome de Down, por exemplo. HIPERTONIA: quando há aumento do tônus, que pode ser dividido em dois tipos: Elástica Ou Plástica. HIPERTONIA ELÁSTICA (ESPASTICIDADE) Apresenta um caráter seletivo, e também pode ser chamada de sinal do canivete. Esse tipo ocorre quando há lesão na via piramidal, normalmente, acompanhado de respostas reflexas exacerbadas e que favorecem a instalação de um padrão patológico, comuns nos acidentes vasculares encefálicos, por exemplo. Hipertonia pós-acidente vascular encefálico no membro superior direito. HIPERTONIA PLÁSTICA Se apresenta de modo generalizado, e é também chamado de cano de chumbo ou roda denteada, e está presente quando há lesão em vias extrapiramidais, como é o caso da doença de Parkinson. AMPLITUDE DE MOVIMENTO ARTICULAR A avaliação de amplitude de movimento pode ser realizada de algumas maneiras, como de forma passiva, mobilizando todas as articulações e, então, registrando se há limitação de movimento e por qual motivo, como encurtamentos, deformidades ósseas, bloqueios articulares, tônus muscular ou dor, por exemplo. Deuma maneira mais objetiva, também é possível avaliar por meio da goniometria, com o uso de um instrumento que mensura a angulação articular, de uma forma padronizada quanto aos fatores anatômicose pontos de referência. Teste com o goniômetro para medir a amplitude da articulação do joelho. MOTRICIDADE VOLUNTÁRIA E INVOLUNTÁRIA O movimento voluntário pode ser avaliado por meio da solicitação dos movimentos ativos e dos testes deforça muscular. A solicitação dos movimentos requer que o paciente apresente algum grau de compreensão. Veja abaixo: MEMBRO INFERIOR: É pedido que o paciente execute os movimentos de flexão e extensão dos artelhos, planti e dorsiflexão,flexão e extensão de joelhos e quadris, além de adução e abdução de quadris. MEMBRO SUPERIOR: É pedido que o paciente realize flexão, extensão, adução e abdução de ombros, flexão e extensão decotovelo, punho e dedos. A partir da solicitação dos movimentos ativos, o examinador observa e descreve se o movimento solicitadoé realizado, com simetria, sequenciamento, se ocorre com bom controle e coordenação, se completa todoarco de movimento e atinge o alvo proposto. O paciente, então, é classificado com quadro de paresia, quando há deficit de movimento ou com quadro de plegia, que ocorre quando há ausência de movimento(MAGEE, 2010).
  • 5. 17/03/2023, 14:59 Avaliação em fisioterapia neurofuncional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02902/index.html# 5/45 Ativação do arco reflexo após percussão do tendão patelar. Percussão do tendão patelar. Ainda podem ser realizados testes específicos de força muscular, mais indicados para identificar o nível motor em pacientes com lesões medulares e também em lesões do sistema nervoso periférico. É realizadocolocando o músculo ou grupo muscular a ser testado em posição de teste, e aplicada resistência isométrica e o nível de força muscular é graduado segundo a escala MRC (Medical Research Council of The United Kingdom, o Conselho de Pesquisa Médica do Reino Unido), atribuindo graus de força que variam de 0 a 5. Após a aplicação da escala MRC, a classificação ocorre do seguinte modo: • 0 é a ausência de contração muscular. • 1 é encontrado uma contração palpável. • 2 há presença de movimento sem a ação da gravidade. • 3 há presença de movimento contra a ação da gravidade. • 4 ocorre movimento contra resistência leve. • 5 é considerado grau máximo de força, vencendo a resistência manual do examinador. Em relação à motricidade, devemos avaliar as respostas motoras de caráter involuntário, característico de alterações nas vias extrapiramidais, avaliado por meio de observação. Os principais movimentos involuntários encontrados são o tremor de repouso, presente na doença de Parkinson e parkinsonismos; o tremor de intenção, encontrado nos distúrbios vestibulares; os movimentos coreicos; e as distonias, alterações que cursam com flutuações de tônus muscular. AVALIAÇÃO DO MOVIMENTO A especialista Isabela Andrelino de Almeida Shigaki abordará o conteúdo teórico e conceitual sobre a aplicabilidade clínica da avaliação da motricidade voluntária nos diferentes tipos de lesões neurológicas (encefálicas, medulares e periféricas) e o impacto da correta avaliação para a elaboração do plano de tratamento do paciente. (ASSISTIR VÍDEO NO SISTEMA) RESPOSTAS REFLEXAS A avaliação das respostas reflexas é uma etapa fundamental do exame neurológico, pois não depende dopaciente e proporciona elementos importantes para a interpretação diagnóstica. A literatura aponta uma grande quantidade de reflexos; no entanto, na rotina de um exame, podemos observar que muitos carecemde objetividade. Portanto, a seguir, serão descritos os comumente investigados na prática clínica. Para avaliar os reflexos profundos, que são os de estiramento fásico, o profissional realiza a percussão dealguns tendões com um instrumento, conhecido como martelo de reflexos, que gera um pequeno estiramento capaz de ativar proprioceptores localizados essa resposta reflexa, por meioda ativação do arco reflexo. Essa avaliação deve ser realizada sempre de maneira bilateral e comparativa. Entre os reflexos de membro inferior, vale destacar o reflexo patelar, que deve ser avaliado com o pacienteem uma postura relaxada, com flexão de joelho, e, então, o examinador golpeia o tendão patelar e esperaobservar como resposta a contração rápida (fásica) do quadríceps, por meio da extensão involuntária do joelho. Outro reflexo do membro inferior que merece destaque é o aquileu, que pode ser avaliado com o paciente em decúbito dorsal, com o membro inferior flexionado, com o terço distal do membro sobre aperna contralateral, ficando o pé “livre”. O examinador, então, exerce uma leve dorsiflexão e golpeia o tendão aquileu e espera-se como resposta a plantiflexão. Aplicação do teste de força muscular para os flexores de cotovelo.
  • 6. 17/03/2023, 14:59 Avaliação em fisioterapia neurofuncional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02902/index.html# 6/45 Entre os reflexos de membro superior, é recomendada a avaliação dos seguintes: Cubitopronador: Percutindo a região da apófise estiloide do cúbito, com o membro em ligeira supinação, e espera-se a pronação da mão. Estiloradial: Percutindo a região da apófise estiloide do rádio e espera-se a flexão do antebraço. Avaliação do reflexo estiloradial Bicipital: Com o antebraço do paciente “descansando” sobre o examinador, percutindo o tendão do bíceps e espera-se a flexão do cotovelo. Tricipital: Com o braço do paciente apoiado sobre a palma do examinador, percutindo o tendão do tríceps e como resposta espera-se a extensão do cotovelo Essas respostas podem ser classificadas como: HIPORREFLEXIA: (diminuição), HIPERREFLEXIA: (aumento) e NORMORREFLEXIA: (normal). Respostas reflexas exaltadas são sinais de lesões no sistema nervoso central, patognomônicas de lesão de via piramidal e respostas diminuídas são características de lesão no sistemanervoso periférico. Devemos avaliar ainda os reflexos cutâneos, também chamados de superficiais, e vale destacar o sinal deHoffman, que é realizado a partir da percussão da falange distal do dedo médio, e sua presença se expressa com a flexão dos dedos e também o cutâneo plantar, conhecido como sinal de Babinski, sendo realizado um estímulo no sentido de lateral para medial da planta do pé, e se a resposta for em extensão dohálux, o reflexo encontra-se presente. A presença desses reflexos cutâneos é um indicativo de lesão na via piramidal, presente, portanto, apenas em lesões no sistema nervoso central. Avaliação do reflexo cutâneo plantar e sua resposta positiva em extensão do hálux. SISTEMA SENSORIAL A sensibilidade é outro tópico importante da avaliação, e pode ser dividida em superficial ou profunda. Embora seja um tópico importante do exame físico, ela depende da colaboração do paciente, o que torna esse item bastante subjetivo e leva em conta a experiência e a paciência do examinador. De uma maneira geral, a sensibilidade superficial investiga a integridade das sensações táteis nos segmentos corporais, quesão as sensações exteroceptivas. Avaliação da sensação exteroceptiva com um pincel sensorial.
  • 7. 17/03/2023, 14:59 Avaliação em fisioterapia neurofuncional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02902/index.html# 7/45 Algumas particularidades devem ser levadas em conta ao avaliar a sensibilidade superficial, após lesão neurológica. Ao avaliar um paciente com lesão encefálica, o teste deve ser realizado passando um pincel nos segmentos corporais, tais como braço, antebraço, mão, tronco, coxa, perna e pé. Essa distribuição segue a representação das partes do corpo a partir do Homúnculo de Penfield, localizado no lobo parietal.Então, por esse motivo, a avaliação deve ser feita por segmento corporal. Atenção! Quando o paciente apresenta alguma lesão ou alteração na medula espinhal, o teste deve ser realizado apartir dos dermátomos, que irá investigar o local na medula espinhal em que há a lesão sensorial. E, se alesão for no sistema nervoso periférico, comprometendo raízes e nervos, essa avaliação deve ser feita a partir dos territórios de inervação cutânea dos nervos que estão sendo investigados. A avaliação de sensibilidade profunda é realizada do mesmo modo, independentemente do local da lesão neurológica, e tem como função investigar a propriocepção consciente, ou seja, a capacidade em reconhecer a articulação no espaço, se ela está parada ou em movimento (cinética) e em qual posição seencontra (postural), sem o auxílio da visão. A articulação a ser avaliada deverá ser movimentada e, então, opaciente é questionado se ela está parada ou em movimento, e em qual posição se encontra. A classificação dos testes de sensibilidade, seja superficial ou profunda, refere-se à: HIPOESTESIA - diminuição da sensação, HIPERESTESIA - aumento da sensação, NORMOESTESIA - sensação normal PARESTESIA - sensação estranha ou desagradável. É importante destacar que deve se realizar de forma bilateral e comparativamente.
  • 8. 17/03/2023, 14:59 Avaliação em fisioterapia neurofuncional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02902/index.html# 8/45 MÓDULO 2: APLICANDO TESTES FUNCIONAIS Aplicar os testes funcionais em neurologia de maneira adequada após dano ao sistema nervoso. Neste módulo, você conhecerá outros testes importantes em neurologia, que demandam um caráter maisfuncional do processo de avaliação dessa população de pacientes. Novamente, discutiremos alguns itens que têm relação com a motricidade, tais como a coordenação motora e as manobras deficitárias, além detestes de equilíbrio, marcha, atividades funcionais e atividades de vida diária. COORDENAÇÃO MOTORA A pesquisa da coordenação motora é uma etapa indispensável do exame neurológico e envolve a utilizaçãode manobras bastante simples, mas que exige compreensão do paciente. Além disso, em quadro de plegias ou paresias não há indicação de sua aplicação, pois a má execução nos testes pode ser devido aodeficit de movimento, em vez de alteração na coordenação de fato. Essas manobras podem ser indicadasnos casos de lesões em vias extrapiramidais e no cerebelo principalmente. Saiba mais: Também vale ressaltar que, ao avaliar a marcha e o equilíbrio, assim como a motricidade voluntária, já épossível detectar alterações de coordenação (como nas ataxias que veremos na avaliação de marcha). Habitualmente, são utilizadas as seguintes manobras: CALCANHAR-JOELHO: Com o paciente em decúbito dorsal, solicitar que o paciente deslize o calcanhar sobre a tíbia oposta até a altura dos joelhos e retorne para a posição de início. Essa prova pode ser realizada em duas etapas, inicialmente, com os olhos abertos e depois sem o controle visual. ÍNDEX-ÍNDEX: O paciente, com os membros superiores em total abdução e com os indicadores em extensão, movimentará os membros no sentido de que as pontas dos indicadores toquem uma na outra, e a prova deve ser verificada com e sem o controle visual. Ainda existe uma variação dessa prova, conhecida como índex-nariz, na qual o paciente deve encontrar a ponta do indicador na ponta do nariz, bilateralmente. Esses testes, quando se encontram positivos, podem ser classificados com a presença de dismetria, que é quando o paciente não acerta o alvo ou, então, o ultrapassa e ainda pode apresentar a decomposição dos movimentos, que são sinais clássicos de ataxia e incoordenação motora. DIADOCOCINESIA: Outra prova de coordenação consiste em solicitar que o paciente repouse suas mãos sobre suas coxas, uma com a palma virada para cima e a outra virada para baixo, e é pedido que alterne a posição das mãos, alterando a velocidade. Se o paciente não consegue realizar o comando ele apresenta uma adiadococinesia, e se ele realiza, mas com dificuldade, pode ser classificado como disdiadococinesia, sinais de alterações na coordenação motora. TESTE DE RECHAÇO: Consiste em posicionar o membro superior do paciente apoiado em uma superfície, com flexão de cotovelo, e o terapeuta deve aplicar uma resistência manual no antebraço do paciente, no sentido da extensão, e soltar de maneira abrupta, para observar o controle da musculatura agonista e antagonista em frear o movimento e impedir que a mão do paciente acerte o seu próprio rosto, apontando também deficit de coordenação. Durante esse teste, é importante que a mão livre do terapeuta esteja protegendo o rosto do paciente. MANOBRAS DEFICITÁRIAS Essas manobras são utilizadas de maneira complementar à avaliação de motricidade voluntária que vocêaprendeu no módulo anterior, especificamente para auxiliar a solicitação dos movimentos ativos, e tem como objetivo detectar deficits motores leves, que não tenha sido possível identificar nos outros testes motores. As manobras deficitárias são as seguintes: Braços estendidos - Decúbito dorsal ou sentado, ombros a 90 graus de flexão, cotovelos e mão estendidos. Raimiste - Decúbito dorsal, flexão de cotovelos a 90 graus, punhos e mãos em posição neutra. Mingazzini - Decúbito dorsal, flexão de quadril e joelho a 90 graus e tornozelo em dorsiflexão. Barré - Decúbito ventral, joelhos a 90 graus de flexão e tornozelos em dorsiflexão. Queda dos membros inferiores em abdução - Decúbito dorsal, flexão de quadril e joelho, pés apoiados na maca.
  • 9. 17/03/2023, 14:59 Avaliação em fisioterapia neurofuncional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02902/index.html# 9/45 É solicitado que o paciente permaneça na posição durante 30 segundos de olhos fechados e, então, o examinador observa se o paciente é capaz de manter a posição, se há oscilação do membro, e, se houver,se é proximal ou distal. AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO: A avaliação de equilíbrio pode ser realizada de maneira dinâmica ou estática. A dinâmica envolve a observação e descrição durante as atividades, por exemplo, de saltar, correr, caminhar e durante as transições posturais, devendo ser descrita a maneira de realização, se há compensação, como é o alinhamento postural, a dissociação dos movimentos e a base de suporte. Posturas de Tandem e Romberg. De forma estática, existem alguns testes específicos que podem ser utilizados, como a postura emRomberg, na qual é solicitado ao paciente que permaneça com os pés juntos; a postura em Tandem, realizada com um pé posicionado à frente do outro; e a postura unipodal, sobre apenas uma perna no apoio. Esses testes devem ser cronometrados, realizados sempre de modo bilateral (nas posturas em Tandem e unipodal) e também se incentiva sua avaliação, tanto com os olhos fechados quanto abertos. Comentário:Além da informação em segundos sobre o tempo que o paciente consegue permanecer em cada postura,também é importante descrever como foi essa permanência, se ocorreu de forma estável ou se houve desequilíbrios e reações exageradas para auxiliar na manutenção da postura, por exemplo. Também devemos chamar a atenção que a avaliação do equilíbrio, ou seja, dos ajustes posturais, podem ser testados de maneira mais objetiva, como por meio de um acelerômetro, uma plataforma de força e pormeio de análise de vídeo. Além disso, algumas escalas validadas testam o equilíbrio ortostático e podemser utilizadas facilmente no ambiente clínico. A seguir, serão descritas algumas delas. TESTE DE ALCANCE FUNCIONAL - Mensura a diferença entre o comprimento do braço e o alcance máximo à frente e em pé. Realiza-se com o paciente próximo a uma parede, à qual um mastro é preso. A posição inicial é com os pés discretamente separados e o braço fletido à frente no mesmo plano horizontal do mastro, mas sem tocá-lo, então, é anotada a medida da posição do terceiro metacarpo em relação ao mastro e pede- se que o paciente alcance à frente o mais longe possível sem dar um passo, e a posição do terceiro metacarpo é novamente anotada. A distância alcançada é comparada a padrões relacionados à idade e é preditivo de quedas em idosos. Trata-se de um teste relativamente simples de ser executado, que mede ações comuns nas atividades de vida diária e relacionado com as mudanças biomecânicas. TESTE "LEVANTE-SE E ANDE" - Outro teste originalmente desenvolvido para detectar alterações de equilíbrio em idosos é o teste “levante-se e ande”, mais conhecido como Timed up and go. Pede-se ao paciente que se levante da cadeira, caminhe por 3 metros, vire e retorne novamente. A partir da observação do tempo da execução da caminhada, o desempenho é pontuado em normal (1), muito discretamente anormal (2), discretamente anormal (3), moderadamente anormal (4) e gravemente anormal (5). Um aumento no risco de queda está associado com pontuações acima de 3. ESCALA DE BERG - Como última ferramenta a ser apresentada, temos a Escala de Berg, que mede o equilíbrio em 14 tarefas, incluindo sentar-se e ficar em pé sem apoio, passar de sentado para em pé, pegar um objeto do chão estando em pé, girar 360 graus e transferências. AVALIAÇÃO DA MARCHA A maneira mais usual de realizar a avaliação da marcha é solicitar que o paciente caminhe normalmente e observar atentamente como ele realiza a atividade. O avaliador não deve deixar de observar os seguintes aspectos: alinhamento anteroposterior e médio-lateral, dissociação de cinturas, balanceio dos membros superiores, base de suporte e apoio dos membros inferiores, levando em conta as fases da marcha (apoio e balanço). Também existem maneiras mais objetivas de avaliar a marcha, tais como com o uso de análise por vídeo, em que
  • 10. 17/03/2023, 14:59 Avaliação em fisioterapia neurofuncional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02902/index.html# 10/45 é possível investigar alguns parâmetros mais objetivos, como o tempo percorrido em determinada istância, a velocidade da marcha (metros/segundo), o número de passos e a cadência (número de passos/minuto). A partir da avaliação da marcha, é possível classificá-la em normal ou patológica, o que écomum em paciente com desordens no sistema nervoso. As marchas neurológicas mais comuns são: MARCHA ESPÁTICA OU CEIFANTE - Comum após lesão na via piramidal, que cursa com espasticidade (hipertonia e presença de respostas reflexas), encontrada após acidente vascular cerebral e traumatismos cranioencefálicos, por exemplo. Nesse tipo de marcha, devido ao quadro de hipertonia elástica presente na musculatura flexora e adutora de quadril, extensora de joelho e plantiflexora, o paciente apresenta (do lado comprometido) curta fase de apoio e longa fase de balanço, realizando elevação pélvica, pobre extensão de quadril, hiperextensão de joelho e pobre dorsiflexão. MARCHA ESCARVANTE - Encontrada após lesão nervosa periférica (nervo fibular por exemplo) nas radiculites, polineurites e poliomielites que cursem com plegia da musculatura dorsiflexora dos artelhos e do pé. Portanto, ao tentar caminhar, o paciente toca o solo com a ponta do pé, arrastando-o e assim interferindo na fase de apoio. O paciente ainda pode tentar realizar uma compensação elevando o joelho na tentativa de não arrastar o pé. MARCHA ATÁXICA CEREBELAR OU EBRIOSA - Ocorre após lesão no cerebelo, e como o próprio nome indica, reproduz a marcha de um indivíduo em estado de embriaguez alcoólica. O paciente apresenta uma base alargada durante a marcha, com incoordenação dos membros inferiores, passos largos e imprecisos, além de pobre controle postural. MARCHA ATÁXICA SENSITIVA OU TALONANTE - Acontece após perda das informações sensoriais, comuns nas afecções que se localizam nos funículos posteriores da medula, impactando diretamente na propriocepção. Apresenta-se de modo bastante semelhante à marcha cerebelar descrita acima, com base de suporte alargada e perda da noção do solo em relação aos pés, o que faz com que o paciente pareça estar arremessando o pé à frente e o coloque abruptamente ao solo. Uma característica importante é que, nesse tipo de marcha, a fiscalização pelo olhar é rigorosamente realizada MARCHA FESTINADA - Encontrada em pacientes com doença de Parkinson ou parkinsonismos, uma vez que os pacientes apresentam passos curtos, ritmados, rígidos e arrastados, com base de suporte diminuída, associado a uma postura típica de anteriorização de tronco, com pobre dissociação de cinturas, balanço dos membros superiores e controle postural A MARCHA DOS PACIENTES NEUROLÓGICOS: A especialista Isabela Andrelino de Almeida Shigaki abordará os diferentes tipos de marcha de pacientes neurológicos (espástica, atáxica e festinada), relacionando cada tipo com o quadro clínico da doença respectiva, além de apontar para as principais estratégias de reabilitação para cada uma delas. ATIVIDADES FUNCIONAIS E ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA: Para finalizarmos este módulo, não podemos deixar de discutir sobre a avaliação das atividades funcionais,que, em neurologia, referem-se às passagens de postura, tais como: Transições de decúbito lateral para ventral. Transições de decúbito lateral para ventral. Transições de decúbito ventral para gato (quatro apoios). Transições de gato para ajoelhado. Transições de ajoelhado para semiajoelhado. Transições de semiajoelhado para a postura em pé. O examinador deve solicitar a passagem de postura ao paciente e verificar se ele é capaz ou não de realizá-la. Atenção! É importante descrever como a tarefa foi realizada, com dificuldades, compensações, assimetrias, padrões patológicos que possam ficar mais evidentes em alguma transição, reações de endireitamento, de proteção, equilíbrio e coordenação. Vale ressaltar que essa observação pode auxiliar muito o profissional a detectar alterações e assimetrias que antes possam ter passado despercebidas.
  • 11. 17/03/2023, 14:59 Avaliação em fisioterapia neurofuncional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02902/index.html# 11/45 As atividades de vida diária são referentes à vestimenta, à alimentação e à higiene e são avaliadas após questionamento ao paciente, como de que maneira ele realiza essas atividades no seu dia a dia. Caso sejapossível, pode ser solicitado que o paciente simule algumas dessas tarefas no ambiente clínico, a fim de facilitar para o investigador. Deve ser descrito se o paciente é capaz de realizar as atividades e o grau dedificuldade se houver, se precisa de auxílio, qual sua maior queixa e sua maior vontade. E, assim, é classificado como dependente, semidependente e independente para as atividades questionadas. Sobre essas atividades de vida diária, existem algumas escalas funcionais, validadas, que podem ser ferramentas úteis ao profissional e capazes de quantificar esses aspectos, tais como o Índice de Barthel,que apresenta algumas categorias, divididas em questões relacionadas à função de intestino e bexiga, vestir-se, uso do vaso sanitário, alimentação, transferência, arrumar-se, mobilidade, escada e banho. Essesitens são pontuados de zero a três, com zero indicando total dependência. Por fim, outra escala bastante usada em diversos países é a mensuração de independência funcional (MIF),que inclui categorias sobre: Cuidados pessoais Comer, arrumar-se, banhar-se, vestir-se e higiene. Independência Controle esfincteriano. Mobilidade Transferências. Locomoção Marcha, dispositivos e escadas. Comunicação Compreensão e expressão. Cognição social Interação, solução de problemas e memória. Cada categoria é pontuada de um a quatro e, quanto maior a pontuação, maior a independência dopaciente.
  • 12. 17/03/2023, 14:59 Avaliação em fisioterapia neurofuncional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02902/index.html# 12/45 Via córtico-espinhal. MÓDULO 3: - INTERPRETANDO A AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA Ao final deste módulo, você será capaz de formular o diagnóstico fisioterápico neurofuncional a partir da interpretação da avaliação neurológica. DIAGNÓSTICO FISIOTERAPÊUTICO NEUROFUNCIONAL A avaliação e o tratamento devem estar estreitamente interligados. Uma avaliação minuciosa dos problemas e das alterações de cada paciente é fundamental para que o tratamento possa produzir os melhores resultados, e ambos não devem ser considerados etapas isoladas do processo de reabilitação. O tratamento, portanto, deve ser planejado e conduzido com base emavaliações criteriosas e frequentes. • A maneira como os problemas do paciente é observada, avaliada e interpretada deve determinar a abordagem, os objetivos e a escolha das estratégias por partedo terapeuta. O ponto central entre o momento da avaliação e a elaboração do plano de tratamento é o que será desenvolvido neste módulo, a formulação do diagnóstico fisioterapêutico neurofuncional, essencial paranortear o profissional nas suas escolhas relacionadas ao processo de reabilitação. Para fins didáticos, discutiremos, a seguir, o raciocínio clínico a partir da avaliação realizada nas diferentes doenças que comprometem o sistema nervoso, com destaque para as lesões que ocorrem no encéfalo e cursam comquadro de espasticidade, tais como o acidente vascular cerebral, o traumatismo cranioencefálico e a paralisia cerebral, e as lesões medulares decorrentes de malformações, traumatismo ou inflamações. Ao final do módulo, observaremos a relação entre o diagnóstico neurofuncional e a Classificação Internacionalde Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. DIAGNÓSTICO FISIOTERAPÊUTICO NEUROFUNCIONAL NAS LESÕESENCEFÁLICAS Neste tópico, abordaremos especificamente as lesões que comprometem o encéfalo e cursam com lesão na via córtico-espinhal. Para facilitar o entendimento, vale lembrarmos alguns pontos anatômicos importantes. Nosso encéfalo é dividido em alguns lobos cerebrais, e chamamos a atenção para dois deles,o lobo frontal, onde habitam as nossas áreas motoras, e o lobo parietal, que é essencialmente relacionado às nossas funções sensoriais. No lobo frontal, há um giro, conhecido como pré-central, que apresenta grande importância, pois é nesselocal que se origina a via motora mais conhecida, a via córtico- espinhal, que tem papel fundamental na motricidade primária, ou seja, é por meio desse trajeto que as informações sobre o movimento atingem a medula espinhal, influenciando os neurônios motores inferiores e, então, a informação eferente sobre o movimento é destinada aos músculos estriados esqueléticos (MACHADO, 1993). Ainda sobre o giro pré-central, outra área importante é o conhecido Homúnculo de Penfield, que nada maisé do que a representação das nossas partes do corpo a nível cortical. Nessa região, localiza-se a área específica relacionada à mão, ao antebraço, ao braço, ao ombro, ao tronco, e assim por diante, e é partirdessas regiões representadas que a informação motora, por meio da via córtico-espinhal, irá se originar afim de exercer influência nos segmentos corporais correspondentes. Homúnculo motor localizado no giro pré-central do lobo frontal representado em um corte coronal.
  • 13. 17/03/2023, 14:59 Avaliação em fisioterapia neurofuncional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02902/index.html# 13/45 O outro lobo que vale a pena lembrarmos é o parietal, localizado logo ao lado do lobo frontal, separadosapenas pelo sulco central. Também nesse lobo há uma região importante, chamada agora de giro pós- central, que é responsável pela captação das informações sensoriais oriundas da periferia, ou seja, as aferências sensitivas. Assim como no giro pré-central, nessa região, também há a presença do Homúnculo de Penfield, e as informações sensitivas atingem as áreas específicas que representam as nossas partesdo corpo, para serem codificadas e interpretadas. Agora que você relembrou pontos importantes, ficará mais fácil compreender alguns achados da avaliação neurológica e o papel deles para a elaboração dodiagnóstico fisioterapêutico. Após lesão nas regiões citadas, o que ocorre com frequência em pacientes que sofreram o acidente vascular encefálico, principalmente, quando a alteração vascular ocorre na artéria cerebral média (maioriados casos) ou artéria cerebral anterior, é comum que um lado do corpo, ou os dois lados fiquem com alterações motoras e sensitivas, que o profissional irá conseguir identificar e estabelecer, para traçar seudiagnóstico. O diagnóstico do fisioterapeuta leva em conta primordialmente o comprometimento motor, que serádefinido após a avaliação de motricidade, que você aprendeu no primeiro módulo. Inicialmente, o profissional irá estabelecer se o paciente apresenta um quadro de plegia (ausência de movimento) ouparesia (dificuldade de movimento), decorrente de lesão na via córtico-espinhal nos casos das lesõesencefálicas e em qual ou quais segmentos corporais ele está presente (DORETTO, 2001). A partir desse entendimento, o fisioterapeuta utiliza a nomenclatura correta para classificar e diagnosticar o indivíduo com lesão encefálica, do ponto de vista motor. Essa classificação se dá da seguinte forma (BOBATH, 2001): Lesões que gerem paralisia dos movimentos de um lado do corpo são classificadas como hemiplegias ou hemiparesias. Lesões que cursem com paralisia dos movimentos dos dois lados do corpo são classificadas como quadriplegias ou quadriparesias. Lesões menos frequentes, mas que também podem ocorrer, são os quadros de monoplegias ou monoparesias, quando a alteração motora acomete apenas um membro. Ainda nessa linha de raciocínio, vale lembrar que, quando o paciente sofre dano na via piramidal, provavelmente, ele ficará com alteração de tônus, que, em fases iniciais, poderá apresentar quadro de hipotonia, evoluindo para a hipertonia do tipo elástica. Essa alteração de tônus acompanha as alteraçõesnas respostas reflexas, e nessa população, a espasticidade pode estar presente (hipertonia elástica associada a respostas reflexas exaltadas). Sendo assim, é importante que o profissional, ao descrever o diagnóstico levando em conta a avaliaçãomotora, também complemente com a descrição quanto ao tônus e ao reflexo. Por exemplo, em um paciente vítima de acidente vascular encefálico, com quadro de hemiplegia, ele poderia ter recebido o diagnóstico do fisioterapeuta da seguinte maneira: hemiplegia à direita do tipo espástica, ou ainda,hemiplegia à direita do tipo flácida (tônus diminuído e abolição dos reflexos). A partir desse diagnóstico, o profissional é capaz de compreender de maneira geral quais as limitações doponto de vista funcional do paciente, e nortear o estabelecimento de metas e os planos de tratamento. É claro que essa etapa poderá vir acompanhada de informações adicionais, tais como comprometimento sensorial (hemianestesias, por exemplo), ou alguma particularidade, que estará associado e que terá sido observado e descrito na avaliação inicial. Devemos ressaltar ainda que a elaboração do diagnóstico atua como uma síntese do que foi investigado a partir de todo o exame neurológico, e o profissional deverálevar em consideração para a elaboração do seu tratamento todos os itens e etapas desse exame, impreterivelmente. DIAGNÓSTICO FISIOTERAPÊUTICO PÓS AVE A especialista Isabela Andrelino de Almeida Shigaki abordará os principais itens da avaliação neurológicaque contribuem para a elaboração do diagnóstico de um paciente pós AVE, e qual o impacto disso na elaboração do tratamento dessa população, com exemplos práticos.
  • 14. 17/03/2023, 14:59 Avaliação em fisioterapia neurofuncional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02902/index.html# 14/45 DIAGNÓSTICO FISIOTERAPÊUTICO NEUROFUNCIONAL NAS LESÕESMEDULARES Oraciocínio para a elaboração do diagnóstico fisioterapêutico nesse grupo de pacientes segue o mesmo jádescrito, porém, apresenta nomenclaturas diferentes e algumas particularidades importantes de serem observadas e discutidas. Vamosrelembrar também algunspontosanatômicos importantes sobre a medula espinhal, que é uma estrutura cilindriforme, localizada no canal vertebral, fazendo parte do sistema nervoso central. Ela é umacontinuação do bulbo, uma estrutura que compõe o tronco encefálico, e sua porção terminal, no adulto, está no nível da primeira ou segunda vértebra lombar. Ela é responsável pela transmissão de informação provenientes das áreas centrais para a periferia (informações motoras) e da periferia para as áreas centrais(informações sensoriais). Medula espinhal. Sendo assim, fica fácil compreender que, após um dano nessa estrutura, o paciente, provavelmente, apresentará distúrbios motores e sensitivos, entre outros, tais como os relacionados ao sistema nervosoautônomo, que possui seus centros na medula espinhal. O que diferencia no diagnóstico nesses pacientes é o tipo de lesão (completa ou incompleta) e o nível neurológico, ou nível da lesão, que apresenta grande impactono processo de reabilitação e será discutido a seguir. De maneira geral, a nomenclatura correta para classificar o paciente que sofreu uma lesão na medula espinhal é a tetraplegia, ou tetraparesia, quando a lesão comprometeu qualquer nível do segmento cervical,e a paraplegia ou paraparesia, quando a lesão atingiu os segmentos torácicos, lombares ou sacrais. Porém, apenas essa informação não é suficiente para o fisioterapeuta, necessitando de diagnóstico mais elaborado. A definição da tetraplegia/paresia ou da paraplegia/paresia leva em conta o grau de movimentação do paciente, e isso é realizado a partir do exame de motricidade. Mas devemos lembrar queos segmentos medulares (cervical, torácico, lombar e sacral) apresentam níveis, e é essa observação que faz com que o diagnóstico fisioterápico seja mais detalhado. Exemplo: Um paciente que apresente uma tetraplegia com nível motor C2 é totalmente diferente de um paciente queapresente também uma tetraplegia com nível motor C7. E a mesma definição vale para os demais segmentos. Existem músculos-chavesjádefinidos, querepresentam osrespectivos segmentos medulares e, durante aavaliação de força muscular, o profissional gradua a força desses músculos por meio da escala MRC (conforme visto no módulo 1). Uma graduação de, no mínimo, 3 é classificada como o segmentopreservado, expressando, assim, o nível motor do paciente. Exemplo: A musculatura flexora de cotovelo representa o segmento medular cervical C5; os extensores de punho, osegmento C6; e os extensores de cotovelo o segmento C7. Sendo assim, se um paciente apresentar graduação de força, segundo a escala MRC de 3 na avaliação do grupo que representa o nível C6 e a graduação de 0 no grupo que representa o nível C7, ele será classificado como um paciente tetraplégicocom nível motor C6. A mesma interpretação vale para o membro inferior. Por exemplo, os flexores de quadril representam o nível medular L2, os extensores de joelho o nível L3 e os dorsiflexores o nível L4 e, seo último grupo muscular íntegro, ou seja, com graduação de no mínimo 3 na escala MRC, forem os extensores de joelho, ele será classificado como um paciente paraplégico de nível motor L3. Também vale chamar a atenção que o nível neurológico do paciente com lesão medular, além de levar emconta o nível motor, também envolve o nível sensitivo, que, na maioria dos casos, é o mesmo. A avaliaçãosensorial nessa população deve ser realizada por meio dos dermátomos, que, conforme já estudado no primeiro módulo, aponta em qual segmento medular ocorre o comprometimento sensitivo (CARR;SHEPHERD, 2008). O fisioterapeuta é o profissional que apresenta o conhecimento de toda a musculatura íntegra, ou seja, preservada, e de todas as capacidades e as potencialidades ligadas à independência funcional que opaciente apresenta após uma lesão medular, de acordo com cada um dos níveis medulares (cervicais, torácicos, lombares e sacral). Portanto, a partir do diagnóstico fisioterápico bem estabelecido, o planejamento acerca das estratégias de tratamento será mais bem elaborado e desenvolvido.
  • 15. 17/03/2023, 14:59 Avaliação em fisioterapia neurofuncional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02902/index.html# 15/45 DIAGNÓSTICO NEUROFUNCIONAL E A CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE, INCAPACIDADE E SAÚDE (CIF) As classificações internacionais, ou codificações, são regidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS)para facilitar a comunicação integrada, classificando a saúde. • A primeira classificação surgiu em 1893, identificando a causa de morte. • Seguida pela Classificação Internacional de Doenças (CID) em 1946, classificando a etiologia das doenças. • Em 1980, surgiu a Classificação Internacional de Incapacidade (CIDID), especificando a incapacidade como consequência de doenças, levando em conta deficiência, incapacidade e desvantagens. • Esses últimos termos foram revistos e substituídos (incapacidade por limitação das atividades e desvantagem por restrição na participação), e, em 2001, foi criada a Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF), Incapacidade e Saúde, para classificar a funcionalidade humana, que atua como uma ferramenta para se conhecer melhor a condição de saúde, traçar diagnósticos e nortear a abordagem clínica. Em 2009, uma resolução do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional foi realizada para o incentivo da adoção do uso da CIF entre os profissionais, podendo ser uma ferramenta bastante útil paradiversas áreas. Comentário: Em relação aos pacientes com disfunções neurológicas, na maioria dos casos, eles evoluem com quadrosde alterações no movimento, alterações no tônus muscular e nas respostas reflexas, além de problemas sensoriais, que associados às alterações posturais e de marcha levam a incapacidades e a limitações funcionais, conforme já discutido nos módulos anteriores. Em um importante artigo sobre esse tema, publicado em 2002, na Revista Physical Therapy, por Steiner etal., acerca do uso da CIF como uma importante abordagem para a resolução de problemas, baseada emumaavaliação centrada no indivíduo, fica evidente a relevância do tema para classificação dos pacientes neurológicos, a partir do diagnóstico funcional e para o processo de reabilitação. Saiba mais: Há um conceito central que envolve o uso da CIF, chamado de “atividade”, que segundo Steiner (2002) pode ser considerado como a informação mais importante da classificação, envolvendo a execução de uma ação ou tarefa (por exemplo, uma passagem de postura como rolar, sentar ou passar para de pé) e outro conceito, chamado de “participação”, que investiga o envolvimento social em uma situação de vida, comoapresentar dificuldade de caminhar até o mercado ou não conseguir trabalhar, pois perdeu a função manualque é exigida, por exemplo. A partir dessas informações centrais, o fisioterapeuta identifica em quais situações do dia a dia o paciente apresenta dificuldade, como qual movimento ou tarefa que impossibilita essa participação social, para traçar o diagnóstico fisioterápico e levantar as hipóteses relacionadas às estruturas que fazem com que opaciente não consiga executar determinada tarefa (como, por exemplo, devido à alteração de tônus, deficitsensorial ou fraqueza muscular). Resumindo - Sendo assim, a CIF pode se apresentar como uma maneira bastante útil no auxílio do raciocínio clínico apartir da avaliação do paciente, e norteia o profissional para o estabelecimento do diagnóstico e sobre quais as estratégias de tratamento são adequadas para contribuir para a resolução dos problemasencontrados no paciente. ***ASSISTIR OS VÍDEOS DO SISTEMA
  • 16. 17/03/2023, 14:59 Avaliação em fisioterapia neurofuncional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02902/index.html# 16/45 Parabéns! A alternativa B está correta. A questão cita um teste utilizado para avaliar a coordenação motora, no qual as mãos do paciente são posicionadas sobre as pernas, com uma das mãos com a palma virada para cima, então, é solicitado que inverta a posição das mãos de maneira alternada e com aumento da velocidade. Os principais testes que avaliam o equilíbrio corporal são Romberg, Tandem e apoio unipodal, já a motricidade involuntária é avaliada por meio de observação e a avaliação de amplitude de movimento e tônus muscular é realizada principalmente por meio de mobilização passiva das articulações. Parabéns! A alternativa C está correta. Os testes Timed up and go e o de alcance funcional avaliam o equilíbrio, porém, não envolvem os itens citados, mas atividades únicas e específicas para investigar os ajustes posturais. Já o índice de Barthele a escala MIF são utilizadas para avaliação de funcionalidade e atividades de vida diária, e para avaliação do equilíbrio.. Parabéns! A alternativa D está correta: Um dos sinais característicos de lesão na via piramidal, a principal via motora, é a espasticidade, que inclui a hipertonia do tipo elástica, ou o sinal do canivete, e respostas reflexas exacerbadas. A hipertonia plástica é decorrente de lesão em vias extrapiramidais e a hipotonia ocorre em lesões de sistema nervoso periférico. Parabéns! A alternativa B está correta: A avaliação da sensação exteroceptiva em pacientes com lesão neurológica é feita de acordo com o local lesionado. No caso de lesões encefálicas, a investigação deve ser feita a partir dos seguimentos corporais, já quando a lesão ocorreu na medula espinhal, deve ser realizada por meio dos dermátomose, quando a lesão é periférica, essa avaliação deve ocorrer por meio do território de inervação dos nervos espinhais. EXERCÍCIOS MÓDULO I - VAMOS PRATICAR ALGUNS CONCEITOS? Questão 1: A avaliação do tônus muscular pode ser realizada por meio da movimentação passiva das articulações que se pretende avaliar, e é importante que seja realizada com mudança na velocidade. Ao avaliar umpaciente que tenha sofrido um acidente vascular cerebral, com lesão na via piramidal, qual a provávelclassificação quanto ao tônus desse paciente? A Hipertonia do tipo plástica B Hipertonia do tipo cano de chumbo C Normotonia D Hipertonia do tipo elástica E Hipotonia Questão 2: O sistema sensorial apresenta algumas maneiras particulares de avaliação, dependendo do local em que ocorreu a lesão. De uma maneira geral, a avaliação da sensibilidade superficial ocorre por meio da investigação das sensações táteis, ou seja, exteroceptivas, e é realizada com o uso de um pincel nossegmentos corporais do paciente. Sobre essa avaliação, assinale a alternativa correta. A. A avaliação sensorial de um paciente com lesão medular deve ser feita por meio dos segmentos corporais, seguindo a representação das partes do corpo no córtex. B. Em um paciente que sofreu lesão medular, a avaliação da integridade sensorial deve ser realizada por meio dos dermátomos. C. Em pacientes que sofreram uma lesão nervosa periférica, a maneira de avaliar a integridade do sistema sensorial é a partir dos dermátomos, a fim de investigar alocalização da alteração na medula espinhal. D. A avaliação sensorial de um paciente com lesão encefálica deve ser realizada a partir dos territórios de inervação correspondente ao nervo ou à raiz nervosa que se pretendeinvestigar. E. A avaliação das sensações táteis em pacientes neurológicos deve ser realizada da mesma maneira, ou seja, a partir dos seguimentos corporais. EXERCÍCIOS MÓDULO II - Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O teste conhecido como diadococinesia, que é realizado em uma avaliação fisioterapêutica, mensura qual condição motora? A Equilíbrio corporal B Coordenação motora C Motricidade involuntária D Amplitude de movimento E Tônus muscular Questão 2 Os ajustes posturais podem ser avaliados por meio de escalas e instrumentos validados, que fornecem uma medida mais objetiva e de fácil comparação, facilmente, utilizadas em ambiente clínico. Uma escala bastante utilizada mensura o equilíbrio de forma dinâmica em diferentes tarefas diárias, taiscomo se sentar e se levantar sem apoio, pegar um objeto no chão a partir da postura em pé, entreoutros movimentos. Qual escala é citada em questão? A Teste Timed up and go B Índice de Barthel C Escala de equilíbrio de Berg D Escala MIF E Teste de alcance funcional
  • 17. 17/03/2023, 14:59 Avaliação em fisioterapia neurofuncional https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02902/index.html# 17/45 Parabéns! A alternativa B está correta. Após uma lesão na medula cervical, o paciente apresenta quadro de tetraplegia ou tetraparesia, que vai depender do grau de movimento. O enunciado aponta ausência de movimento abaixo do nível da lesão,o que indica um quadro de tetraplegia com nível neurológico C7. Parabéns! E alternativa C está correta. O termo correto para a ausência de movimento é a plegia, e por se tratar de um comprometimento emum lado inteiro do corpo, deve-se usar a nomenclatura hemiplegia. A quadriplegia ou a paresia se refere a um deficit de movimento nos dois lados do corpo por completo, ou seja, nos quatro membros,e a monoplegia apenas em um segmento corporal. EXERCÍCIOS MÓDULO III - Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1: Para o fisioterapeuta estabelecer o diagnóstico funcional do paciente, o principal item da avaliação física é o teste de motricidade. Sendo assim, ao classificar um paciente que sofreu um acidente vascular encefálico e como sequela apresenta ausência de movimento do lado esquerdo do corpo,qual a nomenclatura correta para o diagnóstico? A Quadriplegia à esquerda B Quadriparesia à esquerda C Monoplegia à esquerda D Hemiparesia à esquerda E Hemiplegia à esquerda Questão 2: Um paciente vítima de traumatismo raquimedular apresenta lesão completa na medula cervical, especificamente, no nível C7. O seu quadro clínico envolve perda dos movimentos do nível da lesãopara baixo, ausência de sensibilidade e disfunções autonômicas. A partir do enunciado, assinale a alternativa que apresenta o diagnóstico fisioterapêutico mais adequado. A Tetraparesia espástica com nível neurológico C7 B Tetraplegia espástica com nível neurológico C7 C Tetraplegia espástica com nível motor C6 D Paraplegia flácida com nível neurológico C7 E Paraparesia espástica com nível motor C7 Considerações finais: Chegamos ao fim do estudo dos principais aspectos que devemos levar em conta ao avaliar um paciente com disfunção neurológica, tais como a maneira adequada de conduzir uma anamnese, os itens importantes do exame físico como, por exemplo, a avaliação da motricidade voluntária e da sensibilidadede acordo com os diferentes locais de lesão, além da investigação do tônus muscular, respostas reflexas etestes de coordenação, equilíbrio e marcha, entre outros. Outro ponto importante e fundamental para a elaboração de um plano de tratamento adequado em neurologia é a compreensão da maneira de elaborar o diagnóstico fisioterapêutico, intimamente ligado ao processo de avaliação, e que você irá aplicar em sua prática clínica. Agora, a especialista Isabela Andrelino de Almeida Shigaki apresentará um caso clínico de um paciente com doença de Parkinson, discutindo todas as etapas do exame físico neurológico e os achados clínicos compatíveis com essa afecção do sistema nervoso central, além de sugerir estratégias de tratamento aofinal da explanação. Referências BOBATH, B. Hemiplegia em adultos - Avaliação e tratamento. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2001. CARR, J.; SHEPHERD, R. Reabilitação Neurológica - Otimizando o Desempenho Motor. 1. ed. São Paulo:Manole, 2008. DORETTO, D. Fisiopatologia clínica do sistema nervoso: fundamentos semiologia. 3. ed. São Paulo: Manole,2001. MACHADO, A. B. M. Neuroanatomia funcional. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 1993.MAGEE, D. J. Avaliação musculoesquelética. 5. ed. São Paulo: Manole, 2010. STEINER, W. A. et al. Use of the ICF model as a clinical problem-solving tool in physical therapy andrehabilitation medicine. Physical Therapy, v. 82, n. 11, p. 1098-107, 2002. Explore + Para saber mais sobre os assuntos estudados neste conteúdo, pesquise o artigo Fisioterapia baseada notreinamento de dupla tarefa no equilíbrio de indivíduos com doença de Parkinson, de Isabela Andrelino de Almeida e de outros autores, publicado na Revista Saúde, e observe as maneiras de avaliação do equilíbrioabordadas para esse perfil de pacientes neurológicos.