Guilherme de Faria foi um poeta português do início do século XX que viveu em constante depressão e cuja poesia refletia seu tumulto interno. Sua obra foi esquecida por décadas até ser redescoberta em 2006. Ele manteve contato com poetas como Pessoa e Pascoaes e publicou livros religiosos e de poesia. Sua poesia era influenciada pelo estilo saudosista de Pascoaes, focando na saudade da pátria e do ser português.
1. Guia de Apresentação
(biografia)
Guilherme de Faria foi uma vitima do esquecimento e, por isso, não se encontram muitos dados
acerca da sua existência, por um lado, porque conviveu pouco no mundo (morreu muito cedo), por
outro, porque o seu estado depressivo constante fez da sua poesia mais um refúgio do que uma
“prenda para o leitor”. Ou seja, a sua poesia é bastante característica, não se desenvolvendo sob as
mesmas temáticas que as restantes da sua época (à excepção do estilo saudosista que
encontraremos adiante) e sendo usada como expressão do seu tumulto, tendo como destinatário a
própria morte, temática com a qual poucos se relacionam, ou poucos se sentem atraídos por. Deste
modo, a sua poesia e vida foi atirada para o esquecimento, só tendo começado a ser desenterrada
desde 2006, num projecto de José Rui Teixeira – grande amante do poeta, que habita no porto, e
juntamente com um grupo tem coleccionado escritos e tudo o que desenterra a memória apagada
de Guilherme de Faria.
Abordando o pouco que é conhecido da sua vida, o poeta nasce a 6 de Outubro de 1907, em
Guimarães, filho do médico António Baptista Leite de Faria e de D. Lúcia de Sequeira Braga Leite de
Faria. Em 1919 muda-se para Lisboa, com 12 anos de idade, onde permanece até à data da sua
morte.
Foi poeta e editor, tento editado alguns livros religiosos, entre os quais: "Oração a Santo António de
Lisboa" [1926] e "Antologia de Poesias Religiosas" (que só seria publicada após a sua morte) e
escrito 7 – número da perfeição – livros de poesia.
Correspondeu-se e manteve contacto com vários poetas e artistas portugueses da década de 20 (a
geração ORPHEU), entre os quais se encontram: Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Mário de Sá-
Carneiro e, com principal destaque, Teixeira de Pascoaes, com quem estabeleceu uma forte
amizade.
Prova dessa forte amizade está na contracapa de uma edição d’O Génio português na sua expressão
filosófica, poética e religiosa, assinado por Teixeira de Pascoes, na qual se pode ler: (ler citação)
A sua poesia compreende-se como saudosista, tal como é frequente em Teixeira de Pascoaes. O
saudosismo, só para integrar, foi um movimento literário – e até filosófico – que apareceu após a
instauração da República. Este estilo encontra na "saudade" o que melhor define o individuo
perante a sua pátria, ou seja, dando um exemplo, a saudade que se demonstra perante ser
português passa a ser fulcral, o ser português e mostrar que o somos passa a ser motivo de mérito
pessoal – é a prova da saudade da pátria, prova de sofrer com ela. Claro que este estilo não se
desenvolve unicamente em torno da pátria, como se vê em Guilherme de Faria e até no próprio
Pascoaes. A saudade é definida por Pascoaes como "o próprio sangue espiritual da Raça, o seu
estigma divino, o seu perfil eterno"
Literatura Portuguesa 11ºano 21 de Maio de 2012
Maria Rebelo