1) A geração de Orpheu surgiu em 1915 com a publicação da revista literária e artística Orpheu, que tinha como objetivo introduzir o Modernismo em Portugal.
2) A revista contou com contribuições de escritores como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro e Luís de Montalvor, e artistas como Almada Negreiros e Santa-Rita Pintor.
3) Apesar de ter apenas duas edições devido à Primeira Guerra Mundial e crise em Portugal, Orpheu modernizou a
Estudar, para quê? Ciência, para quê? Parte 1 e Parte 2
A Geração De Orpheu
1. Escola Secundária António Arroio
12ºA, Outubro de 2011
Bárbara Constantino, Carolina Calmão
Guiomar Fernandes, Leonor Gonçalves
GERAÇÃO DE ORPHEU
“Orpheu representa um desafio á sociedade culta portuguesa
e o desejo de elevar Portugal a dimensões do moderno e da
Europa.”
• Quem são?
Fernando António Nogueira Pessoa nascido em Lisboa a 13 de Junho
de 1888 e faleceu a 30 de Novembro de 1935 aos 47 anos, durante os
trabalhos da geração De Orpheu tinha os sei 27 anos . Foi um escritor e
poeta português seguidor do movimento modernista com três heterónimos:
Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro. Este juntamente com
Luís Vaz de Camões foi considerado o maior poeta português.
Todos os seus trabalhos foram grandes feitos para a literatura
portuguesa. A sua obra mais conhecida foi ‘A Mensagem’, na qual
apresenta o glorioso passado de Portugal e tenta encontrar um sentido
para a antiga grandeza e a decadência existente no seu país na época em
que o livro foi escrito Um livro que revisita e também cria uma mitologia do
passado heroico de Portugal, repleta de símbolos. Um livro que apresenta
proximidade com o que propunha o modernismo quando no seu
surgimento: dar maior visibilidade e vida à história e à cultura de Portugal,
evitando continuar deixando-a para trás perante o cenário europeu da
época. E ‘O Livro do desassossego’.
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2. Mário de Sá-Carneiro nascido em Lisboa a 19 de Maio de 1890 e
faleceu em Paris a 26 de Abril de 1916 aos 25 anos, durante a geração de
Orpheu este tinha 25 anos. Foi um poeta, contista e ficcionista português
seguidor do Modernismo em Portugal tal como Fernando Pessoa. Integrou
o primeiro grupo modernista português (sendo responsável pela edição da
revista literária Orpheu,ainda que hoje seja, reconhecidamente, um dos
marcos da história da literatura portuguesa, responsável pela agitação do
meio cultural português, bem como pela introdução do modernismo em
Portugal.
José Sobral de Almada Negreiros nascido na Trindade a 7 de Abril de
1893 veio a falecer em Lisboa a 15 de Junho de 1970 com 77 anos é vez
parte da geração de Orpheu quando tinha apenas 22 anos. Foi um artista
multidisciplinar, pintor, escritor, poeta, ensaísta, dramaturgo e romancista
português ligado ao grupo modernista.
Publica "Frisos" em "Orpheu 1". Escreve para o "Orpheu" 3 "A Cena do
Ódio", que será publicada parcialmente em 1923, como separata da
"Contemporânea" 7, e integralmente na terceira série das "Líricas
Portuguesas", organizada por Jorge de Sena em 1958.
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3. Amadeo de Souza-Cardoso nascido em Amarante a 14 de Novembro
de 1887 veio a falecer em Espinho a 25 de Outubro de 1918. Foi um pintor
português, precursor da arte moderna. Participou na revista orpheu com28
anos.
Guilherme Augusto Cau da Costa de Santa Rita ou Guilherme de
Santa-Rita mais conhecido por Santa-Rita Pintor nasceu em Lisboa em
1889 veio a falecer em Lisboa a 29 de Abril de 1918 com 29 anos. Foi um
pintor e escritor português, considerado o introdutor do Futurismo em
Portugal. Foi um dos ilustradores da revista com 26 anos. e mais tarde em
conflito com o grupo de Orpheu, publicou a sua própria revista “Portugal
Futurista”, da qual só saiu um número no final de 1977, onde apareceu
quatro reproduções de quadros seus.
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4. Ângelo Vaz Pinto Azevedo Coutinho de Lima nasceu no Porto a 30 de
Julho de 1872 e veio a falecer em Lisboa a 14 de Agosto de 1921 com 49
anos. Foi uma pintor e poeta louco que participou na revista Orpheu devido
aos seus poemas, alguns com laivos simbolistas, mas outros com
características marcadamente delirantes e surreais, repletos de
neologismos(cria palavras a partir de outras mas com o mesmo
significado), versos de sentido incompreensível.
Luís Filipe de Saldanha da Gama da Silva Ramos mais conhecido por
Luís de Montalvor nascido em Cabo Verde a 31 de Janeiro de 1891 veio a
falecer em Lisboa, 2 de Março de 1947 com 56 anos.
Foi um poeta, ensaísta português, seguidor do modernismo em
Portugal. Non entanto doi também colaborador de Orpheu com 24 anos,
em 1915, onde publica, no número 1, Introdução, que foi um editorial que
sublinhava o caracter apoiante de um projeto estético que une o grupo de
Orpheu, e no numero 2, o po
poema “Narciso”.
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5. Ronald de Carvalho nascido no Rio de Janeiro a 16 de Maio de 1893
veio a falecer no Rio de Janeiro a 15 de Fevereiro de 1935 vítima de um
acidente de viação. Foi um poeta e político brasileiro que em conjunto com
Luís Montalvor editou e direcionou a primeira edição da revista Orpheu,
constituída por cinco trabalhos: “A alma que passa”, “Lâmpada nocturna”, “
torre ignota”, “ O elogio dos repuxos” e “ Reflexos (poema da Alma
enferma)”, que comparecem todos reunidos com o titulo de “Poem
“Poemas”.
Nesses versos Ronald de Carvalho realiza, na generalidade a
passagem do Simbolismo para o Decadentismo ao paulismo. A sua lírica,
por essa razão, transita entre on lado simbolista decadentista e, ora o
simbolista-decadentista
sensorialismo assemelhado ao de Sá
Sá-Carneiro, ora à lírica intelectualizante
de Fernando Pessoa paúlico e pessimista.
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6. o Como surge?
A geração de Orpheu surgiu em 1915 com a publicação da Revista
Orpheu, razão do nome deste grupo. Apesar de em ambas as edições
terem contribuído diversos intelectuais, os que mais se destacam são os
seguintes: Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada-Negreiros,
Amadeu de Souza-Cardoso (pintor), Guilherme de Santa-Rita, Ângelo de
Lima (ambos também pintores), Luiz de Montalvôr e Ronald de Carvalho
(diretores da revista Orpheu respectivamente de Portugal e Brasil).
Participações pontuais também de Alfredo Pedro Guisado, José Pacheco
(que desenhou a capa e foi responsável pela direção gráfica), António
Ferro, Raul Leal e Armando Côrtes-Rodrigues.
Apareceu após o ideal republicano ter engrossado por sucessivas
manifestações de instabilidade. Foi se concretizando em 1910, com a
proclamação da República, depois dos sangrentos acontecimentos de
1908, quando o rei D. Carlos perdeu a vida nas mãos de um homem do
povo, alucinadamente antimonárquico. E foi nessa atmosfera de
emaranhadas forças estéticas, a que se sobrepunham a inquietação trazida
pela I Grande Guerra, que este grupo, em 1915, fundou a revista Orpheu.
Grupo este composto pelas personalidades quer literárias quer artísticas
que estavam insatisfeitos com a estagnação da cultura portuguesa e que já
anteriormente foram referidas.
Revista Orpheu, primeiro número, Janeiro-Fevereiro-Março
1915, capa de José Pacheco
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7. O nome de “Orpheu”, foi o escolhido pois Orpheu era um mítico
musico Grego que, para salvar a sua mulher Eurydice do Hades, teria de a
trazer de volta ao mundo dos vivos sem nunca olhar para trás. Contado
melhor, Orpheu era filho de uma musa e do Rei da Trácia, que se
celebrizou pela magia do seu canto e da sua música, tendo sido o inventor
da Lira. Com esta magia movia os homens, os animais selvagens e as
próprias árvores. Quando regressou da aventura dos Argonautas, casou
com a ninfa Eurídice que, no próprio dia do casamento morreu ao ser
picada por uma serpente. Orpheu inconsolável, procurou-a no Hades e
vencendo pela música os vários obstáculos, conseguiu comover os deuses
infernais, suspender os suplícios dos condenados como os e Sísifo,
Danaides, Tântalo, etc. e obter o privilégio de trazer de novo ao mundo dos
vivos a sua amada Eurídice, desde que este não olhasse para ela antes de
atingirem o mundo da luz. Apesar de Orpheu, porém, tomado de
ansiedade, acabar por quebrar o juramento olhando para trás e perdendo
Eurídice para sempre, é de entender então que esta era a metáfora usada
pelos Homens de Orpheu ou seja, é esse não olhar para trás, esse
esquecer, esse olvidar do passado para concentrar as atenções e as forças
no caminho para diante, no futuro, na "edificação do Portugal do séc. XX"
(Almada Negreiros).
"O Orpheu é a soma e a síntese de todos os movimentos literários
modernos. Entenda-se que parte do simbolismo, do decadentismo, do
paulismo, simultaneismo, futurismo, cubismo, expressionismo,
sensacionismo, interseccionismo e outros ismos" (Páginas Íntimas e de
Auto-Interpretação).
A revista foi publicada com a finalidade de Introduzir o Modernismo
em Portugal nas artes e nas letras. Tal como seria de esperar, com um
objectivo deste tipo e tendo em conta o contexto histórico da época,
produziu um efeito escandalizador no povo pois punha em causa algumas
convenções sociais e culturais. Era então, resumindo, uma revista de arte e
literatura cuja principal função era subverter, escandalizar o burguês, pôr
todas as convenções sociais em causa e agitar consciências através de
atitudes originais que, em concomitância com as derradeiras manifestações
simbolistas, iniciavam um estilo novo, ‘moderno’ ou ‘modernista’. Tudo isto
apenas com o intuito de comunicar uma nova mensagem.
Orpheu representa um desafio à sociedade culta portuguesa e o
desejo de elevar Portugal à dimensão do moderno, à dimensão da Europa.
O fim último do Orpheu, que ele pretendia atingir era a fusão de toda a
poesia lírica, épica e dramática, em algo de superior que as transcendia.
“Há apenas duas coisas interessantes em Portugal - a paisagem e o
Orpheu.”
(Álvaro de Campos)
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8. Devido a todos estes fatores e juntado a crise que Portugal
atravessava mais o decorrer da 1ª Guerra Mundial, é possível compreender
que a Revista Orpheu tivesse apenas 2 publicações. Mas, o mais relevante
na nossa opinião foi o facto de apesar das (muito) reduzidas publicações,
esta revista ter não só modernizado a arte portuguesa como também ter
divulgado alguns artistas do mundo. Orpheu tornou-se um símbolo "único e
diverso, nacional e universal, actual e eterno - e um exemplo de coragem
moral e de indefectível liberdade de espírito"
«De resto, Orpheu não acabou. Orpheu não pode acabar. Na mitologia
dos antigos, que o meu espírito radicalmente pagão se não cansa nunca de
recordar, numa reminiscência constelada, há a história de um rio, de cujo
nome apenas me entrelembro, que, a certa altura do seu curso, se sumia
na areia. Aparentemente morto, ele, porém, mais adiante -- milhas para
além de onde se sumira -- surgia outra vez à superfície, e continuava, com
aquático escrúpulo, o seu leve caminho para o mar. Assim quero crer que
seja -- na pior das contingências -- a revista sensacionista Orpheu.»
Fernando Pessoa, «carta a Santa-Rita Pintor», Lisboa, 21 de Setembro de
1915
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