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2013/2014
Escola Comercio Lisboa
Ricardo Teixeira Amaral nº2720

[FERNANDO PESSOA]

Formadora: Dra. Patricia Barradas – Modulo IX – Língua Portuguesa

2
Índice
Introdução ..................................................................................................................................... 3
Fernando Pessoa - Ortónimo ........................................................................................................ 4
Fernando Pessoa – Ortónimo........................................................................................................ 6
O Estilo de Fernando Pessoa ......................................................................................................... 6
A Obra ........................................................................................................................................... 8
Fernando Pessoa – Heteronímia ................................................................................................... 8
Alberto Caeiro (“O Mestre”) ................................................................................................... 10
Ricardo Reis ............................................................................................................................. 11
Álvaro de Campos ................................................................................................................... 11
Conclusão .................................................................................................................................... 13
Webgrafia .................................................................................................................................... 14

2
Introdução
Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Língua Portuguesa, a pedido da
formadora Dra. Patrícia Barradas, inserido no móduloIX, que tem como tema, ―Textos
Líricos‖. Este trabalho em específico tem como tema Fernando Pessoa, a sua vida e obra.
Este trabalho pretende dar a conhecer um pouco mais sobre um dos mais célebres
poetas portugueses.
Para tal neste trabalho, são desenvolvidos os seguintes temas:
Biografia do autor;
Obra (Ortónimo e heterónima);
Corrente artística em que se insere.
Antes de mais, deve-se saber que Fernando Pessoa foi um extraordinário poeta e
uma das personalidades mais complexas e representativas da literatura europeia do séc.
XX. Era dotado de uma grande densidade psicológica, um talento e cultura imensos, era
capaz de criar várias personagens, completamente diferentes, tanto a nível de experiência
de vida como no modo de escrever ( os chamados heterónimos). Os seus principais
heterónimos foram Alberto Caeiro (―O Mestre‖), Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Pessoa
teve alguns aspectos peculiares na vida: todo o registo de óbito foi escrito na negativa: não
deixou bens, nem descendentes nem mesmo testamento, não foi casado, não teve carro,
nem diploma de doutor, nem máquina de escrever. Nem um emprego definido nem filiação
política nem religiosa. Outro aspecto peculiar era que para Pessoa, os anos terminados em
cinco tiveram um significado especial na vida.
Durante o século XX surgiu uma nova corrente artística, o Modernismo. Fernando
Pessoa foi um dos seus grandes defensores e impulsionadores.

3
Fernando Pessoa - Ortónimo
Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa a 13 de Junho de 1888. Era
filho de um modesto funcionário, contudo inteligente e culto que faleceu comtuberculose em
1893,ficando assimFernando de cinco anos a viver só com a sua mãe. Esta, oriunda de
família dos Açores, era uma senhora de apurada educação, tendo casado novamente em
1895 com o cônsul português na África do Sul. O casal recém-casado instalou-se na África
do Sul, na cidade de Durban, onde Fernando Pessoa estudou, continuandomais tarde os
estudos na Universidade do Cabo (1903-04).
Mais tarde, quando voltou decididamente para Lisboa, dominava a língua inglesa, na
perfeição. Depoisde uma experiênciamal sucedida de montar uma tipografia e editora de
nome ―Empresa Íbis — Tipográfica e Editora‖, dedicou-se, a partir de 1908, à tradução de
correspondência estrangeira, sendo o remanescente tempo apegado ao estudo e à escrita
de filosofia alemã e grega, teosofia e literatura moderna e ciências humanas e políticas, que
assim adicionava à sua formação, decisivo na sua personalidade. Mais tarde, matriculou-se
no Curso Superior de Letras, contudo deixoudepressa as aulas.
Era conhecido como uma pessoa retraída, isolada, descomprometida, porém sempre
disponível para as aventuras de espírito: levava uma vida relativamente apagada, movia-se
num círculo restrito de amigos que conviviamnas tertúlias intelectuais dos cafés de Lisboa,
envolveu-se nas discussões literárias e até políticas da época. Auto intitulava-se como
―hístero-neurasténico com a predominância do elemento histérico na emoção e do elemento
neurasténico na inteligência e na vontade (minuciosidade de uma, tibieza de outra)‖.
Desde cedo escreveu poesias em inglês, todavia foi como ensaísta que primeiro se
revelou, ao publicar, em 1912, na revista ―A Águia‖, uma sucessão de artigos sobre ―a nova
poesia portuguesa‖. Entretanto, prosseguiu a compor poesia, em inglês e também
português, devido à leitura das Folhas Caídase dasFlores sem Fruto, de Almeida Garrett.
Foi um dos introdutores do Modernismo em Portugal. Em Fevereiro de 1914 difundiu,
na revista ―A Renascença‖, a poesia ―Pauis‖ e ―Ó sino da minha aldeia‖. Em 1914 surgiram
os principais heterónimos, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Em 1915,
com Luís de Montalvor, Mário de Sá-Carneiro, e outros poetas e artistas plásticos com os
quais formou o grupo ―Orpheu‖, lançou a revista com esse mesmo nome.
4
Em 1920 iniciou uma relação sentimental com Ophélia Queiroz testemunhada pelas
Cartas de Amor. Cinco anos mais tarde morreu a sua mãe.
Colaborou nas revistas ―Portugal Futurista‖, ―Exílio‖, ―Athena”, ―Contemporânea”,
―Presença” e ―Descobrimento”.
No final do ano de 1934, publicou Mensagem, uma compilação de poesias que
comemoram os heróis e vaticinam, em atitude de expectativa impaciente, a renovada
dimensão da Pátria. Após esta obra nenhuma mais saiu em vida do autor, Fernando
Pessoa faleceu em Novembro de 1935, no Hospital de S. Luís dos Franceses, onde foi
internado com uma cólica hepática, deixando grande parte da sua obra inédita, só admirada
num círculo restrito, nomeadamente pelo grupo da Presença. Sendo este grupo que se
incumbiu de valorizar e dar a conhecer a obra inédita de Pessoa. Como o seu espólio
literário permaneceu, em parte, inédito, não permitiu, na altura, fazer um juízo bem
fundamentado sobre todas as facetas da sua personalidade.
Anotoriedade internacional do escritor não tem parado de se desenvolver. Suas obras
foram traduzidas em alemãoem francês, italiano e em espanhol e tem sido objecto de
estudo de especialistas estrageiros.

5
Fernando Pessoa – Ortónimo
Fernando Pessoa é um dos ―enormes‖ da literatura
portuguesa e da poesia europeia do século XX. O seu
virtuosismo foi, sobretudo, uma forma de estremecer a
sociedade e a literatura burguesas gasta ele alicerçou a
resposta

revolucionária

à

concepção

romântica,

sentimentalmente metafísica, da literatura. O apagamento da
sua vida pessoal não se opôs ao exercício activo da crítica e
da polémica em vida, e sobretudo a uma grande influência na
literatura portuguesa do século XX.
Fernando Pessoa ortónimo seguia os modelos da poesia
tradicional portuguesa, em textos de grande suavidade rítmica e musical. Poeta ensimesmado
e pensativo, anti-sentimental, espelhavapreocupações e desconfianças que interrogavam os
limites da realidade da sua existência e do mundo. O poema ―Mensagem‖, glorificação
sebastiânica que se cruza com um certo desalento, uma expectativa ansiosa de renascimento
nacional, revela uma faceta misteriosa e espiritual do poeta.

O Estilo de Fernando Pessoa
Características Temáticas
Anti-sentimentalismo: intelectualização da emoção;
Oposição sentir/pensar, pensamento/vontade, esperança/desilusão;
Identidade perdida;
Consciência do absurdo da existência;
Tensão sinceridade/fingimento, consciência/inconsciência, sonho/realidade;
Estados negativos: solidão, cepticismo, tédio, angústia, cansaço, desespero, frustração;
Inquietação metafísica, dor de viver;
Auto-análise.

6
Características Estilísticas
Musicalidade: aliterações, transportes, ritmo, rimas, tom nasal;
Adjectivação expressiva;
Predomínio da quadra e da quintilha;
Verso geralmente curto (2 a 7 sílabas métricas);
Pontuação emotiva;
Linguagem simples mas muito expressiva;
É fiel à tradição poética ―lusitana‖ e não longe, muitas vezes, da quadra popular;
Uso de símbolos (por vezes tradicionais, como o rio, a água, o mar, a brisa, a fonte, as
rosas, o azul; ou modernos, como o andaime ou o cais);
Comparações, metáforas originais;
Utilização de vários tempos verbais, cada um com o seu significado expressivo
consoante a situação.

As temáticas de Fernando Pessoa
O fingimento artístico;
Acreditando na afirmação de que o significado das palavras está em quem as lê e não
em quem as escreve, Fernando Pessoa aborda a temática do ―fingimento‖; o poeta apoia-se em
experiências vividas, mas trasladasomente o que lhe vai na imaginação e não o real, não está a
sentir o que não é real. O leitor é que ao ler, vai sentir o poema.

A dor de pensar;
O poeta não quer intelectualizar as emoções, quer manter-se ao nível do sensível para
poder desfruir dos momentos, a constante intelectualização não o permite. Sente-se como preso,
pois sabe que não consegue deixar de raciocinar. Sente-se mal pois, assim que sente,
automaticamente intelectualiza essa emoção e, através disso, tudo fica distante, confuso e
negro.

7
A fragmentação do eu/Resignação dorida;
O poeta é múltiplo: dentro dele encontram-se vários ―eus‖ e ele não consegue encontrar
nem definir em nenhum deles, é incapaz de se identificar a si próprio – é um observador de si
próprio.

A Obra
Poesias de «Cancioneiro» ;
Poesias de «Fernando Pessoa - Poesia Lírica & Épica»;
Poesias Coligidas;
Mensagem;
Poesias Inéditas (1919 - 1930);
Poesias Inéditas (1930 - 1935);
Poemas Para Lili;
Poesias de Orpheu;
«Quadras ao Gosto Popular»;
«Canções de Beber»;
«Poesia Inglesa I»;
«Poesias Dispersas».

Fernando Pessoa – Heteronímia
Os

heterónimos

são

criados

como

personalidades distintas da do autor, este criou-lhes
uma biografia e até um horóscopo próprios.
Encontram-se ligados a alguns dos problemas
centrais da sua obra: a unidade ou a pluralidade do
eu, a sinceridade, a noção de realidade e a
estranheza da existência. Traduzem a consciência
da fragmentação do eu, reduzindo o eu ―real‖ de
Pessoa a um papel que não é maior que o de
qualquer um dos seus heterónimos na existência
literária do poeta. São a mentalização de certas
emoções e perspectivas, a sua representação

8
irónica. De entre os vários heterónimos de Pessoa destacam-se: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de
Campos.
Segundo a carta de Fernando Pessoa sobre a génese dos seus heterónimos, Caeiro (1885-1915) é o
Mestre. Nasceu em Lisboa e aí morreu de tuberculose, embora a maior parte da sua vida tenha decorrido
numa quinta no Ribatejo, onde foram escritos quase todos os seus poemas, sendo os do último período da
sua vida escritos em Lisboa, quando se encontrava já gravemente doente Não desempenhava qualquer
profissão e era pouco instruído e, por isso, ―escrevendo mal o português‖. Era órfão desde muito cedo e vivia
de pequenos rendimentos, com uma tia-avó.
Caeiro era, segundo ele próprio, «o único poeta da natureza», procurando viver a exterioridade das
sensações e recusando a metafísica, isto é, recusando saber como eram as coisas na realidade, conhecendoas apenas pelas sensações, pelo que pareciam ser. Era assim caracterizado pelo seu panteísmo, ou seja,
adoração pela natureza e sensacionismo. Era mestre de Ricardo Reis e Álvaro de Campos, tendo-lhes
ensinado esta ―filosofia do não filosofar, a aprendizagem do desaprender‖.
São da sua autoria as obras O Guardador de Rebanhos, O Pastor Amoroso e os Poemas Inconjuntos.
Ricardo Reis nasceu no Porto, em 1887. Foi educado num colégio de jesuítas, tendo recebido, por isso,
uma educação clássica (latina). Estudou (por vontade própria) o helenismo, isto é, o conjunto das ideias e
costumes da Grécia antiga (sendo Horácio o seu modelo literário). A referida formação clássica reflecte-se,
quer a nível formal, quer a nível dos temas por si tratados e da própria linguagem utilizada, com um purismo
que Pessoa considerava exagerado.
Apesar de ser formado em medicina, não exercia. Dotado de convicções monárquicas, emigrou para o
Brasil após a implantação da República. Caracterizava-se por ser um pagão intelectual lúcido e consciente
(concebia os deuses como um ideal humano), reflectia uma moral estoico-epicurista, ou seja, limitava-se a
viver o momento presente, evitando o sofrimento (―Carpe Diem‖) e aceitando o carácter efémero da vida.
Álvaro de Campos, nasceu em Tavira em 1890. Era um homem viajado. Depois de uma educação
vulgar de liceu formou-se em engenharia mecânica e naval na Escócia e, numas férias, fez uma viagem ao
Oriente (de que resultou o poema ―Opiário‖). Viveu depois em Lisboa, sem exercer a sua profissão. Dedicouse à literatura, intervindo em polémicas literárias e políticas. É da sua autoria o ―Ultimatum‖, manifesto contra
os literatos instalados da época. Apesar dos pontos de contacto entre ambos, travou com Pessoa ortónimo
uma polémica aberta. Protótipo da defesa do modernismo, era um cultivador da energia bruta e da velocidade,
da vertigem agressiva do progresso, de que a Ode Triunfal é um dos melhores exemplos, evoluindo depois no
sentido de um tédio, de um desencanto e de um cansaço da vida, progressivos e auto-irónicos.
Representa a parte mais audaciosa a que Pessoa se permitiu, através das experiências mais
―barulhentas‖ do futurismo português, inclusive com algumas investidas no campo da ação político-social.
A trajectória poética de Álvaro de Campos está compreendida em três fases: a primeira, da morbidez e
do torpor, é a fase do "Opiário" (oferecido a Mário de Sá-Carneiro e escrito enquanto navegava pelo Canal do
Suez, em Março de 1914), a segunda fase, mais mecanicista, é onde o Futurismo italiano mais transparece, é
nesta fase que a sensação é mais intelectualizada. A terceira fase, do sono e do cansaço, aquela que, apesar
de parecer um pouco surrealista, é a que se apresenta mais moderna e equilibrada. É nessa fase em que se
enquadram: "Lisbon Revisited" (l923), "Apontamento", "Poema em Linha Reta" e "Aniversário", que trazem,

9
respectivamente, como características, o inconformismo, a consciência da fragilidade humana, o desprezo ao
suposto mito do heroísmo e o enternecimento memorialista.
Destaca-se ainda o semi-heterónimo Bernardo Soares (semi "porque - como afirma o seu próprio
criador - não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela.
Sou eu menos o raciocínio e afectividade."), ajudante de guarda-livros que sempre viveu sozinho em Lisboa.
Desde 1914 que Pessoa ia escrevendo fragmentos de cariz confessional, diarístico e memorialista aos quais,
já a partir dessa data, deu o título de Livro do Desassossego - obra que o ocupou até ao fim. É neste livro que
revela uma lucidez extrema na análise e na capacidade de exploração da alma humana.

Alberto Caeiro (“O Mestre”)
Características temáticas
Objectivismo;
Sensacionismo;
Antimetafísico (recusa do conhecimento das coisas);
Panteísmo naturalista (adoração pela natureza).

Características estilísticas
Verso livre, métrica irregular;
Despreocupação a nível fónico;
Pobreza lexical ( linguagem simples, familiar);
Adjectivação objectiva;
Pontuação lógica;
Predomínio do presente do indicativo;
Frases simples;
Predomínio da coordenação;
Comparações simples e raras metáforas.

10
Ricardo Reis
Características temáticas
Epicurismo - procura do viver do prazer;
Estoicismo - crença de que o Homem é insensível a todos os males físicos e morais;
Horacionismo - seguidor literário de Horácio;
Paganismo - crença em vários deuses;
Neoclacissismo - devido à educação clássica e estudos sobre Roma e grécia antigas;

Características estilísticas
Submissão da expressão ao conteúdo: a uma ideia perfeita corresponde uma
expressão perfeita;
Forma métrica: ode;
Estrofes regulares em verso decassílabo alternadas ou não com hexassílabo;
Verso branco;
Recurso frequente à assonância, à rima interior e à aliteração;
Predomínio da subordinação;
Uso frequente do hipérbato;
Uso frequente do gerúndio e do imperativo;
Uso de latinismos ( atro, ínfero, insciente,...);
Metáforas, ufemismos, comparações;
Estilo construído com muito rigor e muito denso;

Álvaro de Campos
Características temáticas
Decadentismo – cansaço, tédio, busca de novas sensações ;
Futurismo - corte com o passado, exprimindo em arte o dinamismo da vida moderna.
O vocabulário onomatopaico pretende exaltar a modernidade;
Sensacionismo - corrente literária que considera a sensação como base de toda a
arte;
Pessimismo – última fase, vencidismo;

11
Características estilísticas
Verso livre, em geral, muito longo;
Assonâncias, onomatopeias (por vezes ousadas), aliterações (por vezes ousadas);
Grafismos expressivos;
Mistura de níveis de língua;
Enumerações excessivas, exclamações, interjeições, pontuação emotiva;
Desvios sintácticos;
Estrangeirismos, neologismos;
Subordinação de fonemas;
Construções nominais, infinitivas e gerundivas;
Metáforas ousadas, oxímeros, personificações, hipérboles;
Estática não aristotélica na fase futurista.

12
Conclusão
Com a realização deste trabalho, conclui-se que Fernando Pessoa foi um grande
poeta dos inícios do século XX.
Partiu para África do Sul cedo permitindo-lhe aprender muito bem a língua inglesa.
Trabalhou e colaborou em várias revistas. Delas são exemplo as revistas ―Athena‖, ―Orpheu‖ e
―Presença‖.
Através de amigos que viviam no estrangeiro mantinha contacto com o que se
passava na Europa, tornando-se adepto de uma nova corrente artística que se tentava infiltrar
em Portugal – o Modernismo. Pessoa foi um dos grandes impulsionadores do Modernismo em
Portugal, tendo colaborado com vários artigos difusores das ideias modernas para várias
revistas.
Homem de grande densidade psicológica e pluralidade, era capaz de se ―subdividir‖
em várias personalidades completamente diferentes, os heterónimos. Destes destacam-se
Ricardo Reis, Álvaro de Campos, e Alberto Caeiro.
Cada um tinha uma forma de escrever, tendo despertado grande curiosidade e
levando muitos especialistas a estudar Pessoa. Isto também, porque como a sua obra
permaneceu em grande parte inédita não permitiu o seu estudo pormenorizado. A sua obra
está traduzida em várias línguas e pode ser dividida em duas grandes categorias – ortonímia
e heterónima.

13
Webgrafia
http://www.astormentas.com/din/poema.asp?key=1377&titulo=35+SONETS
(27/09/06)
http://www.ufp.pt/page.php?intPageObjId=10459 (28/09/13)
http://faroldasletras.no.sapo.pt/fernando_pessoa.htm (27/09/13)
http://nescritas.nletras.com/fpessoa/poesiafpessoa/ (30/09/13)
http://www.universal.pt/scripts/hlp/hlp.exe/artigo?cod=6_59 (30/09/13)
http://nescritas.nletras.com/fpessoa/acamposbiografia.htm (30/09/13)

14

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Fernando Pessoa e sua obra

  • 1. 2013/2014 Escola Comercio Lisboa Ricardo Teixeira Amaral nº2720 [FERNANDO PESSOA] Formadora: Dra. Patricia Barradas – Modulo IX – Língua Portuguesa 2
  • 2. Índice Introdução ..................................................................................................................................... 3 Fernando Pessoa - Ortónimo ........................................................................................................ 4 Fernando Pessoa – Ortónimo........................................................................................................ 6 O Estilo de Fernando Pessoa ......................................................................................................... 6 A Obra ........................................................................................................................................... 8 Fernando Pessoa – Heteronímia ................................................................................................... 8 Alberto Caeiro (“O Mestre”) ................................................................................................... 10 Ricardo Reis ............................................................................................................................. 11 Álvaro de Campos ................................................................................................................... 11 Conclusão .................................................................................................................................... 13 Webgrafia .................................................................................................................................... 14 2
  • 3. Introdução Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina de Língua Portuguesa, a pedido da formadora Dra. Patrícia Barradas, inserido no móduloIX, que tem como tema, ―Textos Líricos‖. Este trabalho em específico tem como tema Fernando Pessoa, a sua vida e obra. Este trabalho pretende dar a conhecer um pouco mais sobre um dos mais célebres poetas portugueses. Para tal neste trabalho, são desenvolvidos os seguintes temas: Biografia do autor; Obra (Ortónimo e heterónima); Corrente artística em que se insere. Antes de mais, deve-se saber que Fernando Pessoa foi um extraordinário poeta e uma das personalidades mais complexas e representativas da literatura europeia do séc. XX. Era dotado de uma grande densidade psicológica, um talento e cultura imensos, era capaz de criar várias personagens, completamente diferentes, tanto a nível de experiência de vida como no modo de escrever ( os chamados heterónimos). Os seus principais heterónimos foram Alberto Caeiro (―O Mestre‖), Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Pessoa teve alguns aspectos peculiares na vida: todo o registo de óbito foi escrito na negativa: não deixou bens, nem descendentes nem mesmo testamento, não foi casado, não teve carro, nem diploma de doutor, nem máquina de escrever. Nem um emprego definido nem filiação política nem religiosa. Outro aspecto peculiar era que para Pessoa, os anos terminados em cinco tiveram um significado especial na vida. Durante o século XX surgiu uma nova corrente artística, o Modernismo. Fernando Pessoa foi um dos seus grandes defensores e impulsionadores. 3
  • 4. Fernando Pessoa - Ortónimo Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa a 13 de Junho de 1888. Era filho de um modesto funcionário, contudo inteligente e culto que faleceu comtuberculose em 1893,ficando assimFernando de cinco anos a viver só com a sua mãe. Esta, oriunda de família dos Açores, era uma senhora de apurada educação, tendo casado novamente em 1895 com o cônsul português na África do Sul. O casal recém-casado instalou-se na África do Sul, na cidade de Durban, onde Fernando Pessoa estudou, continuandomais tarde os estudos na Universidade do Cabo (1903-04). Mais tarde, quando voltou decididamente para Lisboa, dominava a língua inglesa, na perfeição. Depoisde uma experiênciamal sucedida de montar uma tipografia e editora de nome ―Empresa Íbis — Tipográfica e Editora‖, dedicou-se, a partir de 1908, à tradução de correspondência estrangeira, sendo o remanescente tempo apegado ao estudo e à escrita de filosofia alemã e grega, teosofia e literatura moderna e ciências humanas e políticas, que assim adicionava à sua formação, decisivo na sua personalidade. Mais tarde, matriculou-se no Curso Superior de Letras, contudo deixoudepressa as aulas. Era conhecido como uma pessoa retraída, isolada, descomprometida, porém sempre disponível para as aventuras de espírito: levava uma vida relativamente apagada, movia-se num círculo restrito de amigos que conviviamnas tertúlias intelectuais dos cafés de Lisboa, envolveu-se nas discussões literárias e até políticas da época. Auto intitulava-se como ―hístero-neurasténico com a predominância do elemento histérico na emoção e do elemento neurasténico na inteligência e na vontade (minuciosidade de uma, tibieza de outra)‖. Desde cedo escreveu poesias em inglês, todavia foi como ensaísta que primeiro se revelou, ao publicar, em 1912, na revista ―A Águia‖, uma sucessão de artigos sobre ―a nova poesia portuguesa‖. Entretanto, prosseguiu a compor poesia, em inglês e também português, devido à leitura das Folhas Caídase dasFlores sem Fruto, de Almeida Garrett. Foi um dos introdutores do Modernismo em Portugal. Em Fevereiro de 1914 difundiu, na revista ―A Renascença‖, a poesia ―Pauis‖ e ―Ó sino da minha aldeia‖. Em 1914 surgiram os principais heterónimos, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Em 1915, com Luís de Montalvor, Mário de Sá-Carneiro, e outros poetas e artistas plásticos com os quais formou o grupo ―Orpheu‖, lançou a revista com esse mesmo nome. 4
  • 5. Em 1920 iniciou uma relação sentimental com Ophélia Queiroz testemunhada pelas Cartas de Amor. Cinco anos mais tarde morreu a sua mãe. Colaborou nas revistas ―Portugal Futurista‖, ―Exílio‖, ―Athena”, ―Contemporânea”, ―Presença” e ―Descobrimento”. No final do ano de 1934, publicou Mensagem, uma compilação de poesias que comemoram os heróis e vaticinam, em atitude de expectativa impaciente, a renovada dimensão da Pátria. Após esta obra nenhuma mais saiu em vida do autor, Fernando Pessoa faleceu em Novembro de 1935, no Hospital de S. Luís dos Franceses, onde foi internado com uma cólica hepática, deixando grande parte da sua obra inédita, só admirada num círculo restrito, nomeadamente pelo grupo da Presença. Sendo este grupo que se incumbiu de valorizar e dar a conhecer a obra inédita de Pessoa. Como o seu espólio literário permaneceu, em parte, inédito, não permitiu, na altura, fazer um juízo bem fundamentado sobre todas as facetas da sua personalidade. Anotoriedade internacional do escritor não tem parado de se desenvolver. Suas obras foram traduzidas em alemãoem francês, italiano e em espanhol e tem sido objecto de estudo de especialistas estrageiros. 5
  • 6. Fernando Pessoa – Ortónimo Fernando Pessoa é um dos ―enormes‖ da literatura portuguesa e da poesia europeia do século XX. O seu virtuosismo foi, sobretudo, uma forma de estremecer a sociedade e a literatura burguesas gasta ele alicerçou a resposta revolucionária à concepção romântica, sentimentalmente metafísica, da literatura. O apagamento da sua vida pessoal não se opôs ao exercício activo da crítica e da polémica em vida, e sobretudo a uma grande influência na literatura portuguesa do século XX. Fernando Pessoa ortónimo seguia os modelos da poesia tradicional portuguesa, em textos de grande suavidade rítmica e musical. Poeta ensimesmado e pensativo, anti-sentimental, espelhavapreocupações e desconfianças que interrogavam os limites da realidade da sua existência e do mundo. O poema ―Mensagem‖, glorificação sebastiânica que se cruza com um certo desalento, uma expectativa ansiosa de renascimento nacional, revela uma faceta misteriosa e espiritual do poeta. O Estilo de Fernando Pessoa Características Temáticas Anti-sentimentalismo: intelectualização da emoção; Oposição sentir/pensar, pensamento/vontade, esperança/desilusão; Identidade perdida; Consciência do absurdo da existência; Tensão sinceridade/fingimento, consciência/inconsciência, sonho/realidade; Estados negativos: solidão, cepticismo, tédio, angústia, cansaço, desespero, frustração; Inquietação metafísica, dor de viver; Auto-análise. 6
  • 7. Características Estilísticas Musicalidade: aliterações, transportes, ritmo, rimas, tom nasal; Adjectivação expressiva; Predomínio da quadra e da quintilha; Verso geralmente curto (2 a 7 sílabas métricas); Pontuação emotiva; Linguagem simples mas muito expressiva; É fiel à tradição poética ―lusitana‖ e não longe, muitas vezes, da quadra popular; Uso de símbolos (por vezes tradicionais, como o rio, a água, o mar, a brisa, a fonte, as rosas, o azul; ou modernos, como o andaime ou o cais); Comparações, metáforas originais; Utilização de vários tempos verbais, cada um com o seu significado expressivo consoante a situação. As temáticas de Fernando Pessoa O fingimento artístico; Acreditando na afirmação de que o significado das palavras está em quem as lê e não em quem as escreve, Fernando Pessoa aborda a temática do ―fingimento‖; o poeta apoia-se em experiências vividas, mas trasladasomente o que lhe vai na imaginação e não o real, não está a sentir o que não é real. O leitor é que ao ler, vai sentir o poema. A dor de pensar; O poeta não quer intelectualizar as emoções, quer manter-se ao nível do sensível para poder desfruir dos momentos, a constante intelectualização não o permite. Sente-se como preso, pois sabe que não consegue deixar de raciocinar. Sente-se mal pois, assim que sente, automaticamente intelectualiza essa emoção e, através disso, tudo fica distante, confuso e negro. 7
  • 8. A fragmentação do eu/Resignação dorida; O poeta é múltiplo: dentro dele encontram-se vários ―eus‖ e ele não consegue encontrar nem definir em nenhum deles, é incapaz de se identificar a si próprio – é um observador de si próprio. A Obra Poesias de «Cancioneiro» ; Poesias de «Fernando Pessoa - Poesia Lírica & Épica»; Poesias Coligidas; Mensagem; Poesias Inéditas (1919 - 1930); Poesias Inéditas (1930 - 1935); Poemas Para Lili; Poesias de Orpheu; «Quadras ao Gosto Popular»; «Canções de Beber»; «Poesia Inglesa I»; «Poesias Dispersas». Fernando Pessoa – Heteronímia Os heterónimos são criados como personalidades distintas da do autor, este criou-lhes uma biografia e até um horóscopo próprios. Encontram-se ligados a alguns dos problemas centrais da sua obra: a unidade ou a pluralidade do eu, a sinceridade, a noção de realidade e a estranheza da existência. Traduzem a consciência da fragmentação do eu, reduzindo o eu ―real‖ de Pessoa a um papel que não é maior que o de qualquer um dos seus heterónimos na existência literária do poeta. São a mentalização de certas emoções e perspectivas, a sua representação 8
  • 9. irónica. De entre os vários heterónimos de Pessoa destacam-se: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Segundo a carta de Fernando Pessoa sobre a génese dos seus heterónimos, Caeiro (1885-1915) é o Mestre. Nasceu em Lisboa e aí morreu de tuberculose, embora a maior parte da sua vida tenha decorrido numa quinta no Ribatejo, onde foram escritos quase todos os seus poemas, sendo os do último período da sua vida escritos em Lisboa, quando se encontrava já gravemente doente Não desempenhava qualquer profissão e era pouco instruído e, por isso, ―escrevendo mal o português‖. Era órfão desde muito cedo e vivia de pequenos rendimentos, com uma tia-avó. Caeiro era, segundo ele próprio, «o único poeta da natureza», procurando viver a exterioridade das sensações e recusando a metafísica, isto é, recusando saber como eram as coisas na realidade, conhecendoas apenas pelas sensações, pelo que pareciam ser. Era assim caracterizado pelo seu panteísmo, ou seja, adoração pela natureza e sensacionismo. Era mestre de Ricardo Reis e Álvaro de Campos, tendo-lhes ensinado esta ―filosofia do não filosofar, a aprendizagem do desaprender‖. São da sua autoria as obras O Guardador de Rebanhos, O Pastor Amoroso e os Poemas Inconjuntos. Ricardo Reis nasceu no Porto, em 1887. Foi educado num colégio de jesuítas, tendo recebido, por isso, uma educação clássica (latina). Estudou (por vontade própria) o helenismo, isto é, o conjunto das ideias e costumes da Grécia antiga (sendo Horácio o seu modelo literário). A referida formação clássica reflecte-se, quer a nível formal, quer a nível dos temas por si tratados e da própria linguagem utilizada, com um purismo que Pessoa considerava exagerado. Apesar de ser formado em medicina, não exercia. Dotado de convicções monárquicas, emigrou para o Brasil após a implantação da República. Caracterizava-se por ser um pagão intelectual lúcido e consciente (concebia os deuses como um ideal humano), reflectia uma moral estoico-epicurista, ou seja, limitava-se a viver o momento presente, evitando o sofrimento (―Carpe Diem‖) e aceitando o carácter efémero da vida. Álvaro de Campos, nasceu em Tavira em 1890. Era um homem viajado. Depois de uma educação vulgar de liceu formou-se em engenharia mecânica e naval na Escócia e, numas férias, fez uma viagem ao Oriente (de que resultou o poema ―Opiário‖). Viveu depois em Lisboa, sem exercer a sua profissão. Dedicouse à literatura, intervindo em polémicas literárias e políticas. É da sua autoria o ―Ultimatum‖, manifesto contra os literatos instalados da época. Apesar dos pontos de contacto entre ambos, travou com Pessoa ortónimo uma polémica aberta. Protótipo da defesa do modernismo, era um cultivador da energia bruta e da velocidade, da vertigem agressiva do progresso, de que a Ode Triunfal é um dos melhores exemplos, evoluindo depois no sentido de um tédio, de um desencanto e de um cansaço da vida, progressivos e auto-irónicos. Representa a parte mais audaciosa a que Pessoa se permitiu, através das experiências mais ―barulhentas‖ do futurismo português, inclusive com algumas investidas no campo da ação político-social. A trajectória poética de Álvaro de Campos está compreendida em três fases: a primeira, da morbidez e do torpor, é a fase do "Opiário" (oferecido a Mário de Sá-Carneiro e escrito enquanto navegava pelo Canal do Suez, em Março de 1914), a segunda fase, mais mecanicista, é onde o Futurismo italiano mais transparece, é nesta fase que a sensação é mais intelectualizada. A terceira fase, do sono e do cansaço, aquela que, apesar de parecer um pouco surrealista, é a que se apresenta mais moderna e equilibrada. É nessa fase em que se enquadram: "Lisbon Revisited" (l923), "Apontamento", "Poema em Linha Reta" e "Aniversário", que trazem, 9
  • 10. respectivamente, como características, o inconformismo, a consciência da fragilidade humana, o desprezo ao suposto mito do heroísmo e o enternecimento memorialista. Destaca-se ainda o semi-heterónimo Bernardo Soares (semi "porque - como afirma o seu próprio criador - não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afectividade."), ajudante de guarda-livros que sempre viveu sozinho em Lisboa. Desde 1914 que Pessoa ia escrevendo fragmentos de cariz confessional, diarístico e memorialista aos quais, já a partir dessa data, deu o título de Livro do Desassossego - obra que o ocupou até ao fim. É neste livro que revela uma lucidez extrema na análise e na capacidade de exploração da alma humana. Alberto Caeiro (“O Mestre”) Características temáticas Objectivismo; Sensacionismo; Antimetafísico (recusa do conhecimento das coisas); Panteísmo naturalista (adoração pela natureza). Características estilísticas Verso livre, métrica irregular; Despreocupação a nível fónico; Pobreza lexical ( linguagem simples, familiar); Adjectivação objectiva; Pontuação lógica; Predomínio do presente do indicativo; Frases simples; Predomínio da coordenação; Comparações simples e raras metáforas. 10
  • 11. Ricardo Reis Características temáticas Epicurismo - procura do viver do prazer; Estoicismo - crença de que o Homem é insensível a todos os males físicos e morais; Horacionismo - seguidor literário de Horácio; Paganismo - crença em vários deuses; Neoclacissismo - devido à educação clássica e estudos sobre Roma e grécia antigas; Características estilísticas Submissão da expressão ao conteúdo: a uma ideia perfeita corresponde uma expressão perfeita; Forma métrica: ode; Estrofes regulares em verso decassílabo alternadas ou não com hexassílabo; Verso branco; Recurso frequente à assonância, à rima interior e à aliteração; Predomínio da subordinação; Uso frequente do hipérbato; Uso frequente do gerúndio e do imperativo; Uso de latinismos ( atro, ínfero, insciente,...); Metáforas, ufemismos, comparações; Estilo construído com muito rigor e muito denso; Álvaro de Campos Características temáticas Decadentismo – cansaço, tédio, busca de novas sensações ; Futurismo - corte com o passado, exprimindo em arte o dinamismo da vida moderna. O vocabulário onomatopaico pretende exaltar a modernidade; Sensacionismo - corrente literária que considera a sensação como base de toda a arte; Pessimismo – última fase, vencidismo; 11
  • 12. Características estilísticas Verso livre, em geral, muito longo; Assonâncias, onomatopeias (por vezes ousadas), aliterações (por vezes ousadas); Grafismos expressivos; Mistura de níveis de língua; Enumerações excessivas, exclamações, interjeições, pontuação emotiva; Desvios sintácticos; Estrangeirismos, neologismos; Subordinação de fonemas; Construções nominais, infinitivas e gerundivas; Metáforas ousadas, oxímeros, personificações, hipérboles; Estática não aristotélica na fase futurista. 12
  • 13. Conclusão Com a realização deste trabalho, conclui-se que Fernando Pessoa foi um grande poeta dos inícios do século XX. Partiu para África do Sul cedo permitindo-lhe aprender muito bem a língua inglesa. Trabalhou e colaborou em várias revistas. Delas são exemplo as revistas ―Athena‖, ―Orpheu‖ e ―Presença‖. Através de amigos que viviam no estrangeiro mantinha contacto com o que se passava na Europa, tornando-se adepto de uma nova corrente artística que se tentava infiltrar em Portugal – o Modernismo. Pessoa foi um dos grandes impulsionadores do Modernismo em Portugal, tendo colaborado com vários artigos difusores das ideias modernas para várias revistas. Homem de grande densidade psicológica e pluralidade, era capaz de se ―subdividir‖ em várias personalidades completamente diferentes, os heterónimos. Destes destacam-se Ricardo Reis, Álvaro de Campos, e Alberto Caeiro. Cada um tinha uma forma de escrever, tendo despertado grande curiosidade e levando muitos especialistas a estudar Pessoa. Isto também, porque como a sua obra permaneceu em grande parte inédita não permitiu o seu estudo pormenorizado. A sua obra está traduzida em várias línguas e pode ser dividida em duas grandes categorias – ortonímia e heterónima. 13