O documento descreve os principais conceitos da espirometria, incluindo a anatomia e fisiologia do sistema respiratório, volumes pulmonares, capacidades pulmonares, ventilação e propriedades elásticas dos pulmões. Ele também discute os parâmetros funcionais avaliados na espirometria como CVF, VEF1 e fluxos respiratórios, além de indicações e aplicações clínicas do exame.
12. Funções do sistema respiratório
• Promover a oferta de oxigênio para o
ambiente interno
• Eliminar o dióxido de carbono produzido do
metabolismo corporal
Principal metabolismo do corpo humano:Principal metabolismo do corpo humano:
aeróbio (respiração)aeróbio (respiração)
13. Dinâmica do fluxo aéreo
VentilaçãoVentilação
Difusão
CirculaciónCirculação
Ar ambiente
(oxigênio)
Condução do ar
Gás carbônico
15. Ventilação
• Processo pelo qual o gás fresco é trazido
através do sistema respiratório, a fim de
substituir parte do gás nele contido.
• Neste processo, o dióxido de carbono é
eliminado do corpo no gás exalado, e o
oxigênio é levado para os pulmões a fim de
substituir o oxigênio que passou dos
espaços aéreos para o sangue.
Leff, A; Shumacker, P. In: Fisiologia respiratória. Fundamentos e aplicações .
16. Ventilação
Troca gasosa (capilares)
Leff, A; Shumacker, P. In: Fisiologia respiratória. Fundamentos e aplicações .
• O ar se move de um
ambiente de alta pressão
para baixa pressão, através
dos condutos das vias
aéreas
• A diferença de pressão é
gerada pela ação conjunta
da caixa torácica, da
composição pulmonar e da
ação dos músculos da
respiração.
Traquéia
Brônquios
Bronquíolos
Bronquíolos terminais
Bronquíolos
respiratórios
Ductos
alveolares
Sacos
alveolares
Zonastransicionaise
respiratórias
Zonasdecondução
17. Funções das zonas de condução do ar
Propriedades que regem a movimentação de ar na zona
de condução:
1. Mecânica estática
2. Mecânica dinâmica
Ventilação
Volume de ar
Resistência
Fluxo
Complacência
Espirometria
18. Mecânica pulmonar estática
• Estudo das propriedades mecânicas do
pulmão e da caixa torácica.
• Estática pulmonar refere-se às
propriedades mecânicas do pulmão cujo
volume não está se modificando com o
tempo.
20. PROPRIEDADES RESISTIVAS DO PULMÃOPROPRIEDADES RESISTIVAS DO PULMÃO
• RESI STÊNCI A DAS VI AS AÉREAS
DEPENDE DO FLUXO DE AR:
• baixos fluxos
• fluxo transicional
• fluxo turbulento
21. Fatores que influenciam a R.V.A.Fatores que influenciam a R.V.A.
• 1- Geometria da árvore brônquica:
• número de vias
• compriment o
• área de secção t ransversal
22. Fatores que influenciam a R.V.A.
• 2- Volume pulmonar:
• acima da CRF pouco ef eit o na RVA
• ent re CRF e VR aument a rapida/ e
• VR aproxima-se do inf init o
23. Fatores que influenciam a R.V.A.
• 3- Complacência das vias aéreas:
• propriedades de retração elástica
pulmonar
• alteração calibre das vias aéreas.
24. COMPLACÊNCIA
• Aumento de volume nos pulmões
para cada aumento unitário na
pressão intra- alveolar.
• Medida da relação força e distensão.
• Medida da resistência elástica do tecido
à distensão.
30. Espirometria
• Exame de função pulmonar mais utilizado para
mensuração dos volumes pulmonares.
• Mede a quantidade de ar que sai dos pulmões
por meio de um cilindro vedado por água, fole ou
por sensores.
32. Mecânica pulmonar dinâmica
• O ar é considerado um fluido, e os princípios
que governam seus movimentos são aqueles
da dinâmica dos fluidos (Newton).
• Quando um fluido se movimenta ao longo de
um tubo, este assume um padrão laminar ou
turbulento.
• O fluxo é determinado tanto pela pressão
propulsora aplicada quanto pela resistência ao
fluxo no sistema.
35. Aplicações da
espirometria
• Determinar causa ventilatória para a
dispnéia
• Indicar a presença de doença
pulmonar
• Quantificar a disfunção ventilatória e
prever o prognóstico
• Avaliar a resposta ao tratamento
36. Aplicações da
espirometria
• Detectar precocemente a disfunção
ventilatória
• Manejo de pacientes portadores de doença
pulmonar
• Estudos epidemiológicos
• Reabilitação pulmonar, ergoespirometria
• Avaliação pré operatória
37. Indicações da espirometria
• Tosse crônica
• Fumante – diagnóstico precoce
• Avaliação da dispnéia
Na asma
• Avaliação inicial
• Após o tratamento com estabilização dos
sintomas
• Controle periódico
38. Indicações da espirometria
DPOC
• Teste diagnóstico
• Teste de estadiamento
• Rastreamento: fumantes ou outro fator de risco
com idade > 40 anos e/ou sintomas: tosse
crônica + dispnéia
40. ESTÁDIO DENOMINAÇÃO CARATERTÍSTICAS
0 Com risco Sintomas crônicos
Espirometria normal
I Leve VEF1/CVF < 70%
VEF1 > 80%
IIa Moderada VEF1/CVF < 70%
50% ≤ VEF1 < 80%
IIb Moderada VEF1/CVF < 70%
30% ≤ VEF1 < 50%
III Grave VEF1/CVF < 70%
30% ≤ VEF1
Hipoxemia ou hipercapnia
G
O
L
D
ESTADIAMENTO DPOC
41. O diagnóstico espirométrico
define a doença e seu estádio
Roche NRoche N et alet al. Eur Respir J 2001; 18:903-908. Eur Respir J 2001; 18:903-908
42. A espirometria é subutilizada no
diagnóstico da DPOC
Chest 2000; 117:346-53sChest 2000; 117:346-53s
43. A espirometria é subutilizada no
diagnóstico da DPOC
Chest 2000; 117:346-53sChest 2000; 117:346-53s
44. A espirometria é subutilizada no
diagnóstico da DPOC
Chest 2000; 117:346-53sChest 2000; 117:346-53s
45. Indicações da espirometria
Doenças pulmonares restritivas
• Doenças pulmonares intrínsecas – causam
inflamação e/ou fibrose parenquimatosa ou
preenchem os espaços aéreos distais
• Doenças extrínsecas – parede torácica e pleura
(comprimem ou limitam a expansão pulmonar)
• Doenças neuromusculares + avaliação força
músculos respiratórios
46. Indicações da espirometria
Avaliação pré-operatória
• Risco de complicações pós-operatórias
• Alto risco: asma, DPOC, fumantes com
sintomas respiratórios, cirurgias torácica
e/ou abdominal alta.
47. Parâmetros funcionais avaliados naParâmetros funcionais avaliados na
espirometriaespirometria
• CVF – Capacidade Vital Forçada
Volume de gás que pode ser expirado
fortemente do pulmão depois de uma
inspiração máxima
• CVL – Capacidade Vital Lenta
Volume de gás que pode ser expirado
lentamente do pulmão depois de uma
inspiração máxima
48. Parâmetros funcionais avaliados naParâmetros funcionais avaliados na
espirometriaespirometria
• VEF1 – Volume Expiratório Forçado no Primeiro
Segundo
Volume de gás expirado no 1o. segundo da
manobra de CVF
• VEF1/CVF – relação volume expiratório
forçado no primeiro segundo- capacidade vital
forçada
Divisão dos dois parâmetros que auxilia no
diagnóstico de obstrução de vias aéreas
49. •FEF 25-75% - Fluxo expiratório forçado de 25% a
75% da CVF
Fluxo médio expiratório forçado
• PFE – pico do fluxo expiratório
Fluxo máximo alcançado na manobra da CVF
•CI – Capacidade Inspiratória
Volume de gás que pode ser inspirado depois de
uma expiração tranqüila.
Parâmetros funcionais avaliados naParâmetros funcionais avaliados na
espirometriaespirometria
54. CVF – Critérios de aceitação do teste
Mínimo de 3 manobras aceitáveis:
• Inspiração máxima antes do teste
• Os dois maiores valores da CVF devem diferir < 150 ml
• Volume retroextrapolado < 5% da CVF ou 150 ml
• Pico do fluxo expiratório com variação < 10% ou 0,5L
• Expiração sem hesitação
Diretrizes de função pulmonar. J Pneumologia 2002;28(3):S2-
S16.
55. CVF - Volume retroextrapolado
<5% da CVF ou 150 ml
Volume retroextrapolado
Volume (L)
Tempo ( segundos)
0
56. CVF – Critérios de aceitação
• A análise dos critérios de aceitação da CVF
tem uma repercussão direta na mensuração
do volume expiratório forçado no primeiro
segundo (VEF1), bem como nos fluxos iniciais,
mais dependentes do esforço e colaboração
do paciente.
57. Critérios de aceitação da CVF:
término de curva
• Platô – 1 segundo
• Restrição – tempo < 6
segundos
• Obstrução – tempo ≥ 10
segundos
59. Capacidade Vital Lenta (CVL)
• Manobra de expiração tranqüila e completa dos
pulmões
• Deve ser medida de rotina.
•Aceitar as curvas se as manobras não variarem
mais que 100 ml
• Pelo menos duas manobras devem ser aceitas
60. Interpretação da CVF e CV
• Em indivíduos normais, a CVF é igual a CV
(diferença menor que 200 ml)
• Na presença de CVF maior que CV,
considerar colaboração inadequada do teste
• Se a CVF menor que CV (diferença maior que
200 ml), considerar presença de distúrbio
obstrutivo
Diretrizes de função pulmonar. J Pneumologia 2002;28(3):S2-S16.
61. Causas de redução da CVF e CV
Doenças obstrutivas
• Enfisema: perda da retração elástica pulmonar
• Asma, bronquiectasias e DPOC: tampões de muco e
estreitamento dos bronquíolos
• Neoplasias pulmonares: obstrução de vias aéreas centrais
Doenças restritivas (intersticiais)
• Aumento na quantidade ou tipo de colágeno
Doenças neuromusculares
• Anormalidades mecânicas na caixa torácica
Obesidade e gravidez
• alteração na excursão diafragmática
62. Capacidade Inspiratória
• Ultimamente a medida da capacidade
inspiratória tornou-se relevante em virtude da
melhor correlação com sintomas pulmonares e
resposta ao broncodilatador na DPOC do que o
VEF1.
• Critérios de reprodutibilidade: as duas melhores
medidas não devem diferir mais que 60 ml.
• As limitações são a menor reprodutibilidade
Diretrizes de função pulmonar. J Pneumologia 2002;28(3):S2-S16.
66. Características de uma curva fluxo-volume
bem realizada
a
b
c
e
d
Expiração
VOLUME
Inspiração
Fluxo
a) Aumento rápido do fluxo ao
início da expiração –
elevação quase vertical
b) Fluxo máximo pontiagudo
c) Descida em linha reta ao
diminuir o volume pulmonar
d) A curva desce lentamente até
a linha zero
e) A fase inspiratória é
semicircular
A fase expiratória é triangular
71. Problemas em curva fluxo-volume
Expiração
Fluxo
Volume
Inspiração
Esforço inadequado inicial e
final.
Curva de fluxo amputada, e
término brusco.
CVF, PEF e VEF1
subestimados
72. Problemas em curva fluxo-volume
Expiração
Fluxo
Volume
Inspiração
Picos de fluxo inspiratório e
expiratório amputados
Causas: grande obstrução
central, ou obstrução pela
língua ou lábios
79. VEF1: importância
• Monitorização da resposta a tratamentos
• Critérios de gravidade da obstrução
• Correlação com mortalidade na DPOC
• Indicação de intervenções na DPOC: reabilitação
pulmonar, cirurgia de redução de volume,
transplante pulmonar
• Reprodutibilidade: valores não devem diferir de
150 ml entre as curvas
84. Interpretação da espirometria
Padrões de espirometria
1. Normal
2. Distúrbio ventilatório restritivo
3. Distúrbio ventilatório obstrutivo
4. Distúrbio ventilatório obstrutivo com CVF reduzida
5. Distúrbio ventilatório misto ou combinado
6. Distúrbio ventilatório inespecífico
85. Interpretação da espirometria
Normal
Define-se espirometria normal como aquela que
tem seus resultados dentro dos limites de
normalidade, comparando seus resultados com
as equações de referência para a população
estudada.
86. Interpretação da espirometria
Distúrbio ventilatório restritivo
• Alteração espirométrica caracterizada pela
redução da capacidade vital (forçada ou não),
na ausência de obstrução (redução da
VEF1/CVF)
• Afastar: expiração incompleta ou inadequada,
vazamento no espirômetro.
87. Interpretação da espirometria
Distúrbio ventilatório inespecífico
• Em 42% dos casos tidos como restritivos, a
CPT não está alterada
• Considerar: obesidade, obstrução
(fechamento completo das vias aéreas)
• Complementar avaliação com teste de
difusão
88. Interpretação para distúrbio restritivo ou inespecífico
CV e CVF (ambas) reduzidas?
VEF1/CV e VEF1/CVF
normais?
Sim
CVF<50% previsto
DVR graveDVR grave
CVF > 50% previsto
DVR provável ou FEF25-75%>150% ou TFEF25-75<0,3seg
Sim
DVR
Não
CV ou CVF pós BD
Normal
Exclui DVRExclui DVR
Reduzido
DV inespecíficoDV inespecífico
Diretrizes de função pulmonar. J Pneumologia 2002;28(3):S2-S16.
89. Interpretação da espirometria
Distúrbio ventilatório obstrutivo
• Presente em uma grande variedade de
afecções pulmonares: DPOC, asma,
bronquiectasias, bronquiolites
• Realizar prova broncodilatadora
90. Algoritmo de interpretação para distúrbio obstrutivo
CV e CVF normais
VEF1/CV e VEF1/CVF reduzidos? Aplicar BD
Sim
Variação significativa
DV ObstrutivoDV Obstrutivo
Variação não significativa
VEF1
normal
Clínica positiva
DV ObstrutivoDV Obstrutivo
Sem clínica, estatura
elevada ou CVF>120%
Variante normalVariante normal
DV ObstrutivoDV Obstrutivo
Diretrizes de função pulmonar. J Pneumologia 2002;28(3):S2-S16.
Correlacionar com clínica
91. Interpretação para distúrbio obstrutivo ou misto
CV e CVF (ambas) reduzidas
VEF1/CV e VEF1/CVF reduzidas
Diretrizes de função pulmonar. J Pneumologia 2002;28(3):S2-S16.
Avaliar radiografia e aplicar regra: CVF%-VEF1%
CVF%-VEF1% > 25%CVF%-VEF1% <12%
DVDV
MistoMisto
DVODVO
comcom ↓↓ CVFCVF
Correlação
com a clínica
CVF%-VEF1% = 13-25%
DVO comDVO com
↓↓ CVF porCVF por
hiperinsuflaçãohiperinsuflação
DVODVO
comcom ↓↓ CVFCVF
92. Interpretação da espirometria
Distúrbio ventilatório obstrutivo
Exceções
• Se, inicialmente a VEF1/CVF for normal, e houver
suspeita de obstrução, aplicar o BD. Havendo
resposta positiva ao BD, e com correlação clínica,
definir diagnóstico como obstrutivo.
Diretrizes de função pulmonar. J Pneumologia 2002;28(3):S2-S16.
93. Resumo dos critérios diagnósticos em
espirometria
NormalNormal ObstrutivoObstrutivo RestritivoRestritivo
VEFVEF11/CVF/CVF Normal Baixa Normal
CVFCVF Normal
Normal ou
baixa
Baixa
VEFVEF11 Normal
Normal ou
reduzido
Reduzido
94. Resumo dos critérios de gravidade em
espirometria
VEFVEF11 (%)(%) CVF (%)CVF (%)
VEFVEF11/CVF/CVF
(%)(%)
LeveLeve 60 – L. inf. 60 – L. inf. 60 – L. inf.
ModeradoModerado 41- 59 51- 59 41- 59
GraveGrave < 40 < 50 < 40
Definir mecânica estática e dinâmica ( Leff pãgs 3 e 26)
A espirometria já é um exame bastante comum até para o não-especialista em doenças respiratórias. Um indivíduo com função pulmonar normal expira, de modo forçado, a capacidade vital em até6 segundos, exalando no primeiro segundo pelo menos 70% desse volume. Um paciente com limitação do fluxo aéreo, como aquele com DPOC, tem esse fluxo mais baixo e a capacidade vital expirada em um tempo mais prolongado. O que caracteriza essa limitação é a relação VEF1/CVF estar abaixo de 70% em termos absolutos. Evidentemente se poderia argüir que é provável que alguns pacientes poderiam deixar de ter sua doença diagnosticada precocemente, mas o GOLD decidiu simplificar esse diagnóstico, fixando esse valor para ambos os sexos para que não haja necessidade de recorrer a tabelas.
Uma pesquisa nos Estados Unidos procurou averiguar se havia diferença entre os médicos que militam em um hospital universitário e os que trabalham fora dele, em relação a algumas atitudes com pacientes comprovadamente com DPOC. Os resultados mostraram que os médicos do hospital universitário solicitavam mais espirometrias que os outros, apesar de mesmo na universidade esse exame ter sido realizado com menos de 50% dos pacientes.
Apesar de o diagnóstico de DPOC ser baseado na comprovação da limitação do fluxo aéreo, tanto os médicos do hospital universitário quanto os que atendem pacientes fora dele solicitavam mais radiografiade tórax do que espirometria. Deve ser salientado, porém, que a solicitação da radiografia de tórax deveser sempre feita no sentido de excluir outras condições, como tuberculose, câncer, fibrose e aumentosde área cardíaca.
Ainda mais interessante foi a observação de que os pacientes com DPOC tinham mais eletrocardiogramas solicitados do que espirometrias.