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 Para analisar sociologicamente a formação
do Estado brasileiro, é importante destacar
algumas características que marcaram a vida
das instituições políticas no país. Entre essas
características podemos citar o
patrimonialismo, que se apresenta ao longo
de nossa história pela indistinção entre
esfera pública e privada, o coronelismo e o
clientelismo.
 Quando falamos em formação do Estado, não podemos esquecer que o Brasil é fruto
da expansão marítima das potências europeias, principalmente de Portugal. O fato de
o país ter sido inserido no sistema internacional como colônia de exploração é fator
importante para nosso estudo. No âmbito econômico, o período colonial teve três
grandes ciclos; pau-brasil (1500-1530), açúcar (1532 até o século XVII) e ouro
(século XVII).
 Além desses, também é
importante o ciclo da pecuária,
primeiro no Nordeste (século XVII)
e depois no Sul (séculos XVII e
XVIII).
 O período colonial brasileiro (1500-1822) foi marcado pela exploração. Portugal não
tinha interesse em construir no Brasil uma sociedade política organizada. Segundo o
sociólogo Oliveira Vianna, o Brasil era formado por vários núcleos privados e
independentes, e cada um tinha sua própria vida econômica, jurídica e moral.
Desenvolveu-se nesse núcleo privado um individualismo de natureza anárquica, sem
identificação com a ordem pública. No ensaio Populações meridionais do Brasil,
Oliveira Vianna chama a atenção para esse cenário, presente desde a formação do
Brasil, que impossibilitava a constituição de uma sociedade moderna. Para o autor,
somente um Estado forte e centralizado seria capaz de criar o sentimento de
pertencimento público e encerrar os vínculos privados.
 Seguindo a preocupação em entender a formação
da sociedade e do Estado brasileiro, o historiador
Sérgio Buarque de Holanda, no capitulo "O homem
cordial", do livro Raízes do Brasil (1936), explica que
um dos traços do brasileiro é a propensão a
sobrepor as relações familiares e pessoais às
relações profissionais ou públicas. O brasileiro,
assim, tenderia a rejeitar a impessoalidade dos
sistemas administrativos em que o público é mais
importante do que o indivíduo (ou o privado). O
autor enfatiza uma característica marcante do modo
de ser do brasileiro: a dificuldade de cumprir os ritos
sociais que são rigidamente formais e de separar,
com base em uma racionalização desses espaços, o
público e o privado.
Oliveira Vianna
 Nascido em Saquarema (R.), Francisco José de
Oliveira Vianna (1883-1951) foi professor, jurista,
historiador, sociólogo e membro da Academia Brasileira
de Letras. Suas obras versam sobre a formação do
povo brasileiro e foram as primeiras a abordar o tema
com base em estudos sociológicos. Formado pela
antiga Faculdade Nacional de Direito (atual UFRJ) em
1906, foi professor catedrático da Faculdade de Direito
da Universidade Federal Fluminense (UFF), sendo o
primeiro titular da cadeira de Direito Social, hoje
cadeira do Direito do Trabalho. Oliveira Vianna foi um
dos primeiros pensadores a escrever sobre a formação
do povo brasileiro com base em estudos sociológicos.
Sobre o autor:
Sérgio Buarque de Holanda
Sobre o autor:
 Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) foi historiador
e professor universitário paulista. Formado em Direito
pela atual Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFR)), em 1925, viveu na Alemanha entre 1929 e 36,
onde teve contato com a obra de Max Weber. Em 1947,
filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro e passou a
lecionar na Escola de Sociologia e Política de São
Paulo (ESPSP). Em 1958, obteve a cadeira de História
da Civilização Brasileira na Universidade de São Paulo
(USP). Ali, apo- sentou-se em 1969, em solidariedade
aos colegas cassados pelo Ato Institucional nº 5 (Al-5).
Em 1980, foi membro fundador do Partido dos
Trabalhadores (PT). Para Sérgio Buarque de Holanda,
pai do cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda,
a cordialidade, a hospitalidade e a generosidade
representam um traço definitivo do caráter brasileiro.
 O período colonial finda em 1822 com a proclamação da
Independência. Assim, ocorre a transposição das estruturas
do Estado português para o Brasil, que reforçam o tipo de
relação existente entre Estado e sociedade civil, na qual o
primeiro predominaria sobre a segunda. A primeira
Constituição brasileira (1824) concedeu grandes poderes ao
imperador que detinha os poderes Executivo e Moderador (e
este último se sobrepunha aos demais). A Carta Imperial
também instituiu uma série de direitos formais, inspirada nos
princípios liberais que sopravam da Europa para as
Américas desde a independência dos Estados Unidos mas
que não tinham influência no cotidiano brasileiro, já que
grande parte da população estava excluída da cidadania
recém-constituída. Os escravos, por exemplo, nem sequer
eram citados na Constituição.
 O movimento republicano mobilizou setores progressistas da sociedade urbana no
período final do Império, que associavam a República à construção de uma
representação política efetiva de todos os cidadãos, à garantia dos direitos
individuais, ao federalismo e ao fim do regime escravista. Mesmo assim, a República
foi proclamada em 1889 por meio da ação política das elites oligárquicas das
províncias da região Sudeste e das elites intelectuais e militares influenciadas pelo
positivismo. Como a independência, a proclamação da República foi uma
transformação social construída de cima para baixo, que excluiu as camadas
populares.
 O primeiro período republicano brasileiro, conhecido como República Velha, foi marcado
pela consolidação das elites provinciais rurais, acostumadas a desconsiderar qualquer
autoridade constituída e a fazer valer a própria vontade em sua área de influência.
 Nesse período, o desafio da constituição de uma República esbarrava na divisão do país em
domínios de "coronéis", que colocavam em disputa a validade e a legitimidade das leis.
Entre as abordagens clássicas sobre o coronelismo, destaca-se o estudo de Victor Nunes
Leal, Coronelismo, enxada e voto (1949). Para o autor, o coronelismo é um fenômeno
consolidado a partir do momento em que o poder público fortalecido opta pela manutenção
dos antigos chefes locais (poder privado). O município seria a esfera pública predominante
do continuísmo e do predomínio da esfera privada sobre a esfera pública.
 O "voto de cabresto" foi a mais completa tradução da manipulação das eleições
durante a República Velha. Contudo, ainda hoje, a compra de votos, o abuso da
autoridade e a utilização da máquina pública em favor de um candidato fazem parte
do cotidiano político e eleitoral brasileiro.
 As bases políticas desse sistema eram garantidas pelas relações estabelecidas entre
os chefes locais (os “coronéis"), os antigos presidentes das províncias (que
passaram, com a República, a ser designadas como estados da federação) e os
representantes do poder central (União).
 As relações entre o coronel e o eleitorado rural baseavam-se no "voto de cabresto",
tendo em vista a manutenção da política vigente. Victor Nunes Leal afirma que a
população se via submetida aos mandos e desmandos do potentado rural. O homem
do campo vivia em estado de pobreza e ignorância, sem possibilidade de
alfabetização nem acesso à informação. A dependência e as relações de favor
colocavam o roceiro em estado de subserviência.
 Qualquer tipo de manifestação contrária era
fortemente reprimida pela figura do jagunço ou da
própria polícia, sempre a mando do coronel. O
processo eleitoral era viciado pelas fraudes em larga
escala, entre outros motivos pela inexistência do
voto secreto, sendo o resultado das eleições sempre
previsível. Mais do que expressar as preferências
dos eleitores, as eleições serviam para legitimar o
controle do governo pelas elites políticas estaduais.
Quando a República foi instituída, aboliu-se a
exigência de renda para ser eleitor ou candidato.
Votavam, de forma facultativa, apenas os homens
maiores de 21 anos alfabetizados. As mulheres e os
analfabetos, que representavam 50% da população,
não tinham direito ao voto.
Victor Nunes Leal
Sobre o autor:
 O jurista mineiro Victor Nunes Leal (1914-1985) foi
professor da Faculdade de Direito da atual UFRJ, chefe
da Casa Civil da Presidência da República (1956-1959)
e ministro do Supremo Tribunal Federal (1960-1969)
até ser cassado pelo Ato Institucional nº 5. Leal
desenvolveu sua principal tese no livro
Coronelismo, enxada e voto (1949), com base no
argumento de que o coronelismo é um sistema de
reciprocidade. De um lado, os líderes políticos e os
coronéis, que conduzem o "rebanho" de eleitores; de
outro, a situação política dominante do Estado, que
dispõe dos recursos, dos favores e da
força policial O jurista Victor Nunes Leal em Brasília
(DF), em 1956. Para esse pensador, o coronelismo é
um sistema de reciprocidade: votos em troca de
favores.
 Tendo suas raízes na tradição patriarcal e na
estrutura latifundiária brasileiras, o termo
"coronel" se origina das patentes da Guarda
Nacional concedidas pelo imperador dom
Pedro II (depois também pelos presidentes
de província) principalmente aos membros
das elites rurais. A corporação (criada em
1831 e que incluía todos os eleitores) era
responsável pela defesa da integridade do
Império e, depois, da Constituição federal
 Com o tempo, a patente de coronel tornou-se equivalente a um título de nobreza. Os
coronéis adquiriam, dessa forma, autoridade para impor a ordem social em seus
redutos, com o uso da violência (se o eleitor votasse em outro candidato, podia
perder seu emprego, ser surrado e até assassinado a mando do coronel) e pela troca
de favores: nesse caso, o coronel oferecia ao eleitor e aos seus dependentes
alimentos, remédios segurança, vaga em hospital, dinheiro emprestado, emprego etc.
Tal prática ainda e é alvo de investigação de instituições como o Ministério Público
Outra prática política vigente durante a República Velha foi a "política dos
governadores", uma forma de relação entre a União e os poderes regionais na qual a
alternância na Presidência da República era assegurada pelos governadores, como
se pode ver ne quadro abaixo
Política dos Governadores
 A Revolução de 1930, que teve participação das camadas médias e dos militares,
alçou ao poder o caudilho (termo que caracteriza o lider político-militar que comanda
de modo autoritário) gaúcho Getúlio Vargas. Em 1932, a Revolução
Constitucionalista, apesar de ter capturado o imaginário popular graças ao apoio de
rádios e jornais, foi basicamente um movimento promovido pelos cafeicultores.
Contudo, mesmo sufocado, o movimento forçou uma a flexibilização do poder por
parte de Vargas e propiciou o surgimento da terceira Constituição brasileira,
promulgada em 1934.
Pra quem não sabe, CLT é a
Consolidação das Leis Trabalhistas
 O Estado Novo, no entanto, outorgou a Constituição de
1937. Sob o autoritarismo do governo Vargas, o Estado
modernizou suas estruturas e instaurou uma nova
ordem politica, social e econômica, inspirada no
nacional-desenvolvimentismo. Com sua liderança
carismática, e especialmente com sua astúcia política,
Vargas buscou atender às reivindicações históricas dos
trabalhadores brasileiros através da CLT
(regulamentação da jornada de trabalho, férias
remuneradas etc.). Assim, conquistou o apoio do
proletariado e da burguesia industrial ao estabelecer o
compromisso entre o governo e as elites urbanas para
industrializar o país. Esse acordo incorporava as
massas emergentes de modo controlado e subordinado.
O Estado foi o principal agente e investidor do processo,
e a concepção instituída por Vargas continuou pelos
anos seguintes, chegando aos dias atuais.
Observem Vargas e a bandeira do
Brasil ao fundo
M
e
u
v
ô
Comitê Regional de apoio a Vargas, década de 1950 Mandaguaçu- PR
Foto de arquivo
pessoal família
Panizza
Constantin
 Após a queda de Vargas em 1945, a promulgação
da Constituição de 1946 engendrou um Estado
influenciado pelos ideais democráticos vigentes
em grande parte do Ocidente, em especial nos
Estados Unidos. Porém, o período entre 1945 e
1964 foi turbulento, apesar do desenvolvimento
econômico verificado particularmente no governo
de Juscelino Kubitschek (1956-1960). Essa foi
uma fase de breve experiência democrática,
contudo manteve restrições políticas aos cidadãos
e limitou a construção de um Estado de bem-estar
no Brasil.
Juscelino Kubitschek
 Com a Constituição de 1946, foram mantidos os direitos sociais e garantidos os
direitos civis e políticos. O último governo democrático foi o de Jânio Quadros, que
renunciou em agosto de 1961. Na sequência, assumiu o vice João Goulart (conhecido
como Jango). Por sua proximidade com o movimento sindical e o Partido Comunista, o
governo de Jango sofreu forte pressão da oposição, que era contrária à sua posse,
pressão essa que foi mitigada somente com a instituição da segunda experiência
parlamentar no Brasil, em 1961 (a primeira havia ocorrido em 1847, durante o reinado
de dom Pedro II). O Plano Trienal instituído por Jango, com suas reformas de base
(agrária, educacional, fiscal e urbana), não obteve sucesso, e, em 1964, os militares
tomaram o poder e iniciaram o mais recente período autoritário da história brasileira.
Presidentes populistas:
 Eurico Gaspar Dutra (1946/1951)
 Governo Getúlio Vargas (1951/1954)
 Governo café filho (1954/1955)
 Governo Juscelino Kubitscheck (1956/1961)
 Governo Jânio Quadros (1961)
 Governo João Goulart (1961/1964)
Dutra Vargas Café Filho
JK Jânio Jango
 O golpe civil-militar de 1964 foi resultado
de uma longa conspiração entre políticos
da oposição e líderes militares. Com forte
viés anticomunista, interrompeu
violentamente a experiência democrática
do país com o apoio das elites
empresariais, dos setores conservadores
da Igreja, das camadas médias urbanas e
dos grandes produtores rurais. A ditadura
militar estendeu-se por mais de 20 anos.
Foi um regime marcado pela repressão,
que violou duramente os direitos políticos
e civis e promoveu práticas como tortura e
assassinatos políticos.
 Do ponto de vista da economia, o período entre 1968 e 1973 ficou conhecido como
"milagre econômico", por causa das taxas de crescimento do PIB, que alcançaram
10% ao ano em média. Esse surto de crescimento também ficou conhecido como
“modernização conservadora", por conta dos níveis de concentração de renda
criados pelo “milagre“.
Porém, esse
desenvolvimento não
atingiu a todos, e a
desigualdade social se
acentua ainda mais
durante a “ditadura
militar”
 Após a aprovação da leia de anistia, em 1979, que
impediria a incriminação daqueles que haviam cometido
crimes políticos (assassinatos, tortura e ocultação de
cadáveres, entre outros) no período anterior, teve início a
abertura política, que culminaria no fim do regime civil-
militar, em 1985. O Estado brasileiro entrou em uma nova
fase democrática, cuja maior expressão foi a
promulgação da nova constituição, em 1988. Dessa vez
dentro dos limites institucionais, a manifestação popular
esteve presente em todos os momentos da transição
política. Movimentos como o das Diretas já contribuíram
para a instalação do novo regime democrático com
eleições regulares, pluralidade partidária, liberdade de
expressão, igualdade jurídica etc. Sem o povo nas ruas,
nada teria mudado.
 No início de 1990, o Estado brasileiro passou por um duro teste: o Impeachment de
Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente eleito por eleições diretas desde
1960, sob acusação de corrupção o governo de Collor perdeu o apoio de políticos e
empresários e foi duramente combatido nas ruas por significativos contingentes
populares, em especial os “cara pintadas”, estudantes que exigiam a cassação do
presidente.
 Temendo a cassação pelo Congresso Nacional, Fernando Collor renunciou ao cargo
em dezembro de 1992. Mesmo assim seus direitos políticos foram suspensos por oito
anos. Por causa da renúncia, o vice Itamar Franco assumiu o poder e nomeou
Fernando Henrique Cardoso (FHC) como ministro da fazenda. O governo Itamar
conseguiu superar a crise política e a hiperinflação, e o Brasil, aprofundou as
reformas criadas no governo Collor.
Collor Itamar
 O governo de FHC seguiu as políticas de privatização e de regulação dos gastos
públicos para atingir o superávit primário (quando as receitas são maiores que os
gastos), seguindo as diretrizes do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do
Banco Mundial, estabelecidas no Consenso de Washington. Apesar da
estabilidade econômica decorrente do plano Real, as consequências das políticas
neoliberais adotadas, como a redução da atividade econômica e aumento do
desemprego, somadas ao contexto da crise energética e recessão nos planos
nacional e internacional, levaram à derrota do PSDB, o partido governista, nas
eleições de 2002.
 O governo de Luiz Inácio Lula da Silva foi o primeiro no qual um ex-operário se viu
alçado ao poder. Líder do Partido dos Trabalhadores /9PT/0, Lula buscou o apoio de
uma ampla aliança política que reunia empresários, sindicalistas, camadas médias e
inúmeros artistas intelectuais e militantes.
 Ao suavizar as políticas neoliberais, o governo Lula avançou em programas sociais
de redistribuição de renda, cuja maior expressão foi o programa Bolsa Família. Além
disso, seu governo privilegiou o mercado interno e consolidou os fundamentos
macroeconômicos do país. Essas conquistas projetaram fortemente a imagem do
Brasil no mundo.
 Contudo, o governo Lula foi marcado por práticas de clientelismo e corrupção, cuja
maior expressão foi a Ação Penal 470, também conhecida como Mensalão. Apesar
disso, em 2010, os altos índices de aprovação do governo Lula levaram à eleição da
ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que assim se tornou a primeira mulher a
ocupar a Presidência da República no Brasil.
Esquema de
financiamento
ilegal de
parlamentares
Em troca de
apoio
político
Ao governo do
ex-presidente
Luiz Inácio Lula
da Silva (2003-
2010)
 Ex-integrante de grupos que atuaram na luta armada
contra o regime militar, Dilma prometia em seu primeiro
mandato, erradicar a pobreza e modificar o sistema
tributário brasileiro, bem como flexibilizar os
fundamentos macroeconômicos vigentes desde o
governo Itamar Franco. Nenhuma dessas ações foi
exitosa. Além disso, eventos como as manifestações
populares de 2013 e os protestos contra os elevados
gastos públicos para a disputa da Copa do Mundo de
Futebol, em 2014, atingiram seu governo e sua
popularidade. Assim, foi com grande dificuldade que ela
superou o senador Aécio Neves (PSDB) nas eleições
de 2014.
 Em seu segundo mandato, Dilma enfrentou
graves dificuldades políticas e econômicas,
bem como fortes escândalos de corrupção, na
maioria ligados ao pagamento de propinas nas
licitações de grandes empresas controladas
pelo Estado, como a Petrobras. A Operação
Lava Jato, deflagrada em 14 de março de
2014, pela Polícia Federal, investigou a
lavagem de dinheiro e a evasão de divisas que
envolvem grandes empreiteiras organizadas
em cartel que pagavam propinas a diretores e
gerentes da Petrobras e a políticos de vários
partidos.
Em 2016 Dilma sofre impeachment sob o crime de responsabilidade fiscal, quem assume
a presidência é seu vice Michel Temer.
 No período compreendido entre 12 de maio e 31 de agosto
de 2016, Temer assumiu o governo do Brasil como presidente
interino, governou até o final do mandato em 2018.
 os dois anos de governo, Michel Temer enfrentou uma série
de desafios políticos e econômicos. Foi o presidente pior
avaliado pelos brasileiros, com um índice de 6% de
popularidade.
 Sob seu governo, as taxas de juros caíram de 14,6%, em
maio de 2016, para 8,8% ao ano. Por sua vez, a inflação
também diminuiu no mesmo período de 9,32%. A taxa de
desemprego em maio de 2016 subiu de 11,3% para 13,7%.
Isso significa 13,7 milhões de pessoas sem emprego.
 Em 21 de março de 2019, Michel Temer teve sua prisão
decretada dentro das ações da operação Lava Jato. No
entanto, quatro dias depois, em 24 de março, o
desembargador Antônio Ivan Athié, mandou soltá-lo.
 Os desafios da história política brasileira apontaram então para a necessidade de
uma nova consciência de cidadania e participação popular. O combate à corrupção e
a separação entre o público e o privado se mostraram condições fundamentais para a
construção de uma sociedade democrática mais igualitária e justa. O nepotismo
(favorecimento de parentes por quem detém
cargo público), por exemplo, é um típico exemplo de mistura e predomínio do privado
sobre o público e, embora oficialmente proibido, é um mal que ainda não se
extinguiu.
 Assim, a transformação do Brasil em um país mais justo e democrático é
responsabilidade de todos aqueles que sonham com uma sociedade melhor
para todos e que lutam por ela. Vamos encarar esse desafio? Afinal, sem
mobilização social nada se transforma.
 Governo Jair Bolsonaro.
O Governo Jair Bolsonaro teve início no dia 1.º de
janeiro de 2019 e está previsto para terminar no dia 31 de
dezembro de 2022.
 Mas esse é um conteúdo para uma próxima aula!
 Sociedade em movimento. – 2. ed. – São Paulo: Moderna, 2016. Vários autores.

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Estado brasileiro

  • 1.
  • 2.  Para analisar sociologicamente a formação do Estado brasileiro, é importante destacar algumas características que marcaram a vida das instituições políticas no país. Entre essas características podemos citar o patrimonialismo, que se apresenta ao longo de nossa história pela indistinção entre esfera pública e privada, o coronelismo e o clientelismo.
  • 3.  Quando falamos em formação do Estado, não podemos esquecer que o Brasil é fruto da expansão marítima das potências europeias, principalmente de Portugal. O fato de o país ter sido inserido no sistema internacional como colônia de exploração é fator importante para nosso estudo. No âmbito econômico, o período colonial teve três grandes ciclos; pau-brasil (1500-1530), açúcar (1532 até o século XVII) e ouro (século XVII).  Além desses, também é importante o ciclo da pecuária, primeiro no Nordeste (século XVII) e depois no Sul (séculos XVII e XVIII).
  • 4.  O período colonial brasileiro (1500-1822) foi marcado pela exploração. Portugal não tinha interesse em construir no Brasil uma sociedade política organizada. Segundo o sociólogo Oliveira Vianna, o Brasil era formado por vários núcleos privados e independentes, e cada um tinha sua própria vida econômica, jurídica e moral. Desenvolveu-se nesse núcleo privado um individualismo de natureza anárquica, sem identificação com a ordem pública. No ensaio Populações meridionais do Brasil, Oliveira Vianna chama a atenção para esse cenário, presente desde a formação do Brasil, que impossibilitava a constituição de uma sociedade moderna. Para o autor, somente um Estado forte e centralizado seria capaz de criar o sentimento de pertencimento público e encerrar os vínculos privados.
  • 5.  Seguindo a preocupação em entender a formação da sociedade e do Estado brasileiro, o historiador Sérgio Buarque de Holanda, no capitulo "O homem cordial", do livro Raízes do Brasil (1936), explica que um dos traços do brasileiro é a propensão a sobrepor as relações familiares e pessoais às relações profissionais ou públicas. O brasileiro, assim, tenderia a rejeitar a impessoalidade dos sistemas administrativos em que o público é mais importante do que o indivíduo (ou o privado). O autor enfatiza uma característica marcante do modo de ser do brasileiro: a dificuldade de cumprir os ritos sociais que são rigidamente formais e de separar, com base em uma racionalização desses espaços, o público e o privado.
  • 6. Oliveira Vianna  Nascido em Saquarema (R.), Francisco José de Oliveira Vianna (1883-1951) foi professor, jurista, historiador, sociólogo e membro da Academia Brasileira de Letras. Suas obras versam sobre a formação do povo brasileiro e foram as primeiras a abordar o tema com base em estudos sociológicos. Formado pela antiga Faculdade Nacional de Direito (atual UFRJ) em 1906, foi professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF), sendo o primeiro titular da cadeira de Direito Social, hoje cadeira do Direito do Trabalho. Oliveira Vianna foi um dos primeiros pensadores a escrever sobre a formação do povo brasileiro com base em estudos sociológicos. Sobre o autor:
  • 7. Sérgio Buarque de Holanda Sobre o autor:  Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) foi historiador e professor universitário paulista. Formado em Direito pela atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFR)), em 1925, viveu na Alemanha entre 1929 e 36, onde teve contato com a obra de Max Weber. Em 1947, filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro e passou a lecionar na Escola de Sociologia e Política de São Paulo (ESPSP). Em 1958, obteve a cadeira de História da Civilização Brasileira na Universidade de São Paulo (USP). Ali, apo- sentou-se em 1969, em solidariedade aos colegas cassados pelo Ato Institucional nº 5 (Al-5). Em 1980, foi membro fundador do Partido dos Trabalhadores (PT). Para Sérgio Buarque de Holanda, pai do cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda, a cordialidade, a hospitalidade e a generosidade representam um traço definitivo do caráter brasileiro.
  • 8.  O período colonial finda em 1822 com a proclamação da Independência. Assim, ocorre a transposição das estruturas do Estado português para o Brasil, que reforçam o tipo de relação existente entre Estado e sociedade civil, na qual o primeiro predominaria sobre a segunda. A primeira Constituição brasileira (1824) concedeu grandes poderes ao imperador que detinha os poderes Executivo e Moderador (e este último se sobrepunha aos demais). A Carta Imperial também instituiu uma série de direitos formais, inspirada nos princípios liberais que sopravam da Europa para as Américas desde a independência dos Estados Unidos mas que não tinham influência no cotidiano brasileiro, já que grande parte da população estava excluída da cidadania recém-constituída. Os escravos, por exemplo, nem sequer eram citados na Constituição.
  • 9.  O movimento republicano mobilizou setores progressistas da sociedade urbana no período final do Império, que associavam a República à construção de uma representação política efetiva de todos os cidadãos, à garantia dos direitos individuais, ao federalismo e ao fim do regime escravista. Mesmo assim, a República foi proclamada em 1889 por meio da ação política das elites oligárquicas das províncias da região Sudeste e das elites intelectuais e militares influenciadas pelo positivismo. Como a independência, a proclamação da República foi uma transformação social construída de cima para baixo, que excluiu as camadas populares.
  • 10.  O primeiro período republicano brasileiro, conhecido como República Velha, foi marcado pela consolidação das elites provinciais rurais, acostumadas a desconsiderar qualquer autoridade constituída e a fazer valer a própria vontade em sua área de influência.
  • 11.  Nesse período, o desafio da constituição de uma República esbarrava na divisão do país em domínios de "coronéis", que colocavam em disputa a validade e a legitimidade das leis. Entre as abordagens clássicas sobre o coronelismo, destaca-se o estudo de Victor Nunes Leal, Coronelismo, enxada e voto (1949). Para o autor, o coronelismo é um fenômeno consolidado a partir do momento em que o poder público fortalecido opta pela manutenção dos antigos chefes locais (poder privado). O município seria a esfera pública predominante do continuísmo e do predomínio da esfera privada sobre a esfera pública.
  • 12.  O "voto de cabresto" foi a mais completa tradução da manipulação das eleições durante a República Velha. Contudo, ainda hoje, a compra de votos, o abuso da autoridade e a utilização da máquina pública em favor de um candidato fazem parte do cotidiano político e eleitoral brasileiro.
  • 13.  As bases políticas desse sistema eram garantidas pelas relações estabelecidas entre os chefes locais (os “coronéis"), os antigos presidentes das províncias (que passaram, com a República, a ser designadas como estados da federação) e os representantes do poder central (União).  As relações entre o coronel e o eleitorado rural baseavam-se no "voto de cabresto", tendo em vista a manutenção da política vigente. Victor Nunes Leal afirma que a população se via submetida aos mandos e desmandos do potentado rural. O homem do campo vivia em estado de pobreza e ignorância, sem possibilidade de alfabetização nem acesso à informação. A dependência e as relações de favor colocavam o roceiro em estado de subserviência.
  • 14.  Qualquer tipo de manifestação contrária era fortemente reprimida pela figura do jagunço ou da própria polícia, sempre a mando do coronel. O processo eleitoral era viciado pelas fraudes em larga escala, entre outros motivos pela inexistência do voto secreto, sendo o resultado das eleições sempre previsível. Mais do que expressar as preferências dos eleitores, as eleições serviam para legitimar o controle do governo pelas elites políticas estaduais. Quando a República foi instituída, aboliu-se a exigência de renda para ser eleitor ou candidato. Votavam, de forma facultativa, apenas os homens maiores de 21 anos alfabetizados. As mulheres e os analfabetos, que representavam 50% da população, não tinham direito ao voto.
  • 15. Victor Nunes Leal Sobre o autor:  O jurista mineiro Victor Nunes Leal (1914-1985) foi professor da Faculdade de Direito da atual UFRJ, chefe da Casa Civil da Presidência da República (1956-1959) e ministro do Supremo Tribunal Federal (1960-1969) até ser cassado pelo Ato Institucional nº 5. Leal desenvolveu sua principal tese no livro Coronelismo, enxada e voto (1949), com base no argumento de que o coronelismo é um sistema de reciprocidade. De um lado, os líderes políticos e os coronéis, que conduzem o "rebanho" de eleitores; de outro, a situação política dominante do Estado, que dispõe dos recursos, dos favores e da força policial O jurista Victor Nunes Leal em Brasília (DF), em 1956. Para esse pensador, o coronelismo é um sistema de reciprocidade: votos em troca de favores.
  • 16.  Tendo suas raízes na tradição patriarcal e na estrutura latifundiária brasileiras, o termo "coronel" se origina das patentes da Guarda Nacional concedidas pelo imperador dom Pedro II (depois também pelos presidentes de província) principalmente aos membros das elites rurais. A corporação (criada em 1831 e que incluía todos os eleitores) era responsável pela defesa da integridade do Império e, depois, da Constituição federal
  • 17.  Com o tempo, a patente de coronel tornou-se equivalente a um título de nobreza. Os coronéis adquiriam, dessa forma, autoridade para impor a ordem social em seus redutos, com o uso da violência (se o eleitor votasse em outro candidato, podia perder seu emprego, ser surrado e até assassinado a mando do coronel) e pela troca de favores: nesse caso, o coronel oferecia ao eleitor e aos seus dependentes alimentos, remédios segurança, vaga em hospital, dinheiro emprestado, emprego etc. Tal prática ainda e é alvo de investigação de instituições como o Ministério Público Outra prática política vigente durante a República Velha foi a "política dos governadores", uma forma de relação entre a União e os poderes regionais na qual a alternância na Presidência da República era assegurada pelos governadores, como se pode ver ne quadro abaixo
  • 19.  A Revolução de 1930, que teve participação das camadas médias e dos militares, alçou ao poder o caudilho (termo que caracteriza o lider político-militar que comanda de modo autoritário) gaúcho Getúlio Vargas. Em 1932, a Revolução Constitucionalista, apesar de ter capturado o imaginário popular graças ao apoio de rádios e jornais, foi basicamente um movimento promovido pelos cafeicultores. Contudo, mesmo sufocado, o movimento forçou uma a flexibilização do poder por parte de Vargas e propiciou o surgimento da terceira Constituição brasileira, promulgada em 1934.
  • 20. Pra quem não sabe, CLT é a Consolidação das Leis Trabalhistas  O Estado Novo, no entanto, outorgou a Constituição de 1937. Sob o autoritarismo do governo Vargas, o Estado modernizou suas estruturas e instaurou uma nova ordem politica, social e econômica, inspirada no nacional-desenvolvimentismo. Com sua liderança carismática, e especialmente com sua astúcia política, Vargas buscou atender às reivindicações históricas dos trabalhadores brasileiros através da CLT (regulamentação da jornada de trabalho, férias remuneradas etc.). Assim, conquistou o apoio do proletariado e da burguesia industrial ao estabelecer o compromisso entre o governo e as elites urbanas para industrializar o país. Esse acordo incorporava as massas emergentes de modo controlado e subordinado. O Estado foi o principal agente e investidor do processo, e a concepção instituída por Vargas continuou pelos anos seguintes, chegando aos dias atuais.
  • 21. Observem Vargas e a bandeira do Brasil ao fundo M e u v ô Comitê Regional de apoio a Vargas, década de 1950 Mandaguaçu- PR Foto de arquivo pessoal família Panizza Constantin
  • 22.  Após a queda de Vargas em 1945, a promulgação da Constituição de 1946 engendrou um Estado influenciado pelos ideais democráticos vigentes em grande parte do Ocidente, em especial nos Estados Unidos. Porém, o período entre 1945 e 1964 foi turbulento, apesar do desenvolvimento econômico verificado particularmente no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960). Essa foi uma fase de breve experiência democrática, contudo manteve restrições políticas aos cidadãos e limitou a construção de um Estado de bem-estar no Brasil. Juscelino Kubitschek
  • 23.  Com a Constituição de 1946, foram mantidos os direitos sociais e garantidos os direitos civis e políticos. O último governo democrático foi o de Jânio Quadros, que renunciou em agosto de 1961. Na sequência, assumiu o vice João Goulart (conhecido como Jango). Por sua proximidade com o movimento sindical e o Partido Comunista, o governo de Jango sofreu forte pressão da oposição, que era contrária à sua posse, pressão essa que foi mitigada somente com a instituição da segunda experiência parlamentar no Brasil, em 1961 (a primeira havia ocorrido em 1847, durante o reinado de dom Pedro II). O Plano Trienal instituído por Jango, com suas reformas de base (agrária, educacional, fiscal e urbana), não obteve sucesso, e, em 1964, os militares tomaram o poder e iniciaram o mais recente período autoritário da história brasileira.
  • 24. Presidentes populistas:  Eurico Gaspar Dutra (1946/1951)  Governo Getúlio Vargas (1951/1954)  Governo café filho (1954/1955)  Governo Juscelino Kubitscheck (1956/1961)  Governo Jânio Quadros (1961)  Governo João Goulart (1961/1964) Dutra Vargas Café Filho JK Jânio Jango
  • 25.  O golpe civil-militar de 1964 foi resultado de uma longa conspiração entre políticos da oposição e líderes militares. Com forte viés anticomunista, interrompeu violentamente a experiência democrática do país com o apoio das elites empresariais, dos setores conservadores da Igreja, das camadas médias urbanas e dos grandes produtores rurais. A ditadura militar estendeu-se por mais de 20 anos. Foi um regime marcado pela repressão, que violou duramente os direitos políticos e civis e promoveu práticas como tortura e assassinatos políticos.
  • 26.  Do ponto de vista da economia, o período entre 1968 e 1973 ficou conhecido como "milagre econômico", por causa das taxas de crescimento do PIB, que alcançaram 10% ao ano em média. Esse surto de crescimento também ficou conhecido como “modernização conservadora", por conta dos níveis de concentração de renda criados pelo “milagre“. Porém, esse desenvolvimento não atingiu a todos, e a desigualdade social se acentua ainda mais durante a “ditadura militar”
  • 27.  Após a aprovação da leia de anistia, em 1979, que impediria a incriminação daqueles que haviam cometido crimes políticos (assassinatos, tortura e ocultação de cadáveres, entre outros) no período anterior, teve início a abertura política, que culminaria no fim do regime civil- militar, em 1985. O Estado brasileiro entrou em uma nova fase democrática, cuja maior expressão foi a promulgação da nova constituição, em 1988. Dessa vez dentro dos limites institucionais, a manifestação popular esteve presente em todos os momentos da transição política. Movimentos como o das Diretas já contribuíram para a instalação do novo regime democrático com eleições regulares, pluralidade partidária, liberdade de expressão, igualdade jurídica etc. Sem o povo nas ruas, nada teria mudado.
  • 28.  No início de 1990, o Estado brasileiro passou por um duro teste: o Impeachment de Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente eleito por eleições diretas desde 1960, sob acusação de corrupção o governo de Collor perdeu o apoio de políticos e empresários e foi duramente combatido nas ruas por significativos contingentes populares, em especial os “cara pintadas”, estudantes que exigiam a cassação do presidente.
  • 29.  Temendo a cassação pelo Congresso Nacional, Fernando Collor renunciou ao cargo em dezembro de 1992. Mesmo assim seus direitos políticos foram suspensos por oito anos. Por causa da renúncia, o vice Itamar Franco assumiu o poder e nomeou Fernando Henrique Cardoso (FHC) como ministro da fazenda. O governo Itamar conseguiu superar a crise política e a hiperinflação, e o Brasil, aprofundou as reformas criadas no governo Collor. Collor Itamar
  • 30.  O governo de FHC seguiu as políticas de privatização e de regulação dos gastos públicos para atingir o superávit primário (quando as receitas são maiores que os gastos), seguindo as diretrizes do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, estabelecidas no Consenso de Washington. Apesar da estabilidade econômica decorrente do plano Real, as consequências das políticas neoliberais adotadas, como a redução da atividade econômica e aumento do desemprego, somadas ao contexto da crise energética e recessão nos planos nacional e internacional, levaram à derrota do PSDB, o partido governista, nas eleições de 2002.
  • 31.  O governo de Luiz Inácio Lula da Silva foi o primeiro no qual um ex-operário se viu alçado ao poder. Líder do Partido dos Trabalhadores /9PT/0, Lula buscou o apoio de uma ampla aliança política que reunia empresários, sindicalistas, camadas médias e inúmeros artistas intelectuais e militantes.  Ao suavizar as políticas neoliberais, o governo Lula avançou em programas sociais de redistribuição de renda, cuja maior expressão foi o programa Bolsa Família. Além disso, seu governo privilegiou o mercado interno e consolidou os fundamentos macroeconômicos do país. Essas conquistas projetaram fortemente a imagem do Brasil no mundo.
  • 32.  Contudo, o governo Lula foi marcado por práticas de clientelismo e corrupção, cuja maior expressão foi a Ação Penal 470, também conhecida como Mensalão. Apesar disso, em 2010, os altos índices de aprovação do governo Lula levaram à eleição da ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que assim se tornou a primeira mulher a ocupar a Presidência da República no Brasil. Esquema de financiamento ilegal de parlamentares Em troca de apoio político Ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003- 2010)
  • 33.  Ex-integrante de grupos que atuaram na luta armada contra o regime militar, Dilma prometia em seu primeiro mandato, erradicar a pobreza e modificar o sistema tributário brasileiro, bem como flexibilizar os fundamentos macroeconômicos vigentes desde o governo Itamar Franco. Nenhuma dessas ações foi exitosa. Além disso, eventos como as manifestações populares de 2013 e os protestos contra os elevados gastos públicos para a disputa da Copa do Mundo de Futebol, em 2014, atingiram seu governo e sua popularidade. Assim, foi com grande dificuldade que ela superou o senador Aécio Neves (PSDB) nas eleições de 2014.
  • 34.  Em seu segundo mandato, Dilma enfrentou graves dificuldades políticas e econômicas, bem como fortes escândalos de corrupção, na maioria ligados ao pagamento de propinas nas licitações de grandes empresas controladas pelo Estado, como a Petrobras. A Operação Lava Jato, deflagrada em 14 de março de 2014, pela Polícia Federal, investigou a lavagem de dinheiro e a evasão de divisas que envolvem grandes empreiteiras organizadas em cartel que pagavam propinas a diretores e gerentes da Petrobras e a políticos de vários partidos. Em 2016 Dilma sofre impeachment sob o crime de responsabilidade fiscal, quem assume a presidência é seu vice Michel Temer.
  • 35.  No período compreendido entre 12 de maio e 31 de agosto de 2016, Temer assumiu o governo do Brasil como presidente interino, governou até o final do mandato em 2018.  os dois anos de governo, Michel Temer enfrentou uma série de desafios políticos e econômicos. Foi o presidente pior avaliado pelos brasileiros, com um índice de 6% de popularidade.  Sob seu governo, as taxas de juros caíram de 14,6%, em maio de 2016, para 8,8% ao ano. Por sua vez, a inflação também diminuiu no mesmo período de 9,32%. A taxa de desemprego em maio de 2016 subiu de 11,3% para 13,7%. Isso significa 13,7 milhões de pessoas sem emprego.  Em 21 de março de 2019, Michel Temer teve sua prisão decretada dentro das ações da operação Lava Jato. No entanto, quatro dias depois, em 24 de março, o desembargador Antônio Ivan Athié, mandou soltá-lo.
  • 36.  Os desafios da história política brasileira apontaram então para a necessidade de uma nova consciência de cidadania e participação popular. O combate à corrupção e a separação entre o público e o privado se mostraram condições fundamentais para a construção de uma sociedade democrática mais igualitária e justa. O nepotismo (favorecimento de parentes por quem detém cargo público), por exemplo, é um típico exemplo de mistura e predomínio do privado sobre o público e, embora oficialmente proibido, é um mal que ainda não se extinguiu.  Assim, a transformação do Brasil em um país mais justo e democrático é responsabilidade de todos aqueles que sonham com uma sociedade melhor para todos e que lutam por ela. Vamos encarar esse desafio? Afinal, sem mobilização social nada se transforma.
  • 37.  Governo Jair Bolsonaro. O Governo Jair Bolsonaro teve início no dia 1.º de janeiro de 2019 e está previsto para terminar no dia 31 de dezembro de 2022.  Mas esse é um conteúdo para uma próxima aula!
  • 38.  Sociedade em movimento. – 2. ed. – São Paulo: Moderna, 2016. Vários autores.