O documento discute os aspectos metodológicos da análise de conteúdo, incluindo suas etapas, técnicas e objetivos de fornecer uma descrição sistemática e objetiva do conteúdo de mensagens para inferir conhecimentos sobre suas condições de produção e recepção.
2. Conjunto de técnicas de análise das
comunicações visando obter, por
procedimentos sistemáticos descrição
do conteúdo de textos indicadores que
permitam a inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção e
recepção destas mensagens.
3. Excertos do texto de Bardin
“[...] tem como objeto de estudo a linguagem. Em razão disto, foi muito
usada em estudos de mensagem escrita, num primeiro estágio.
Posteriormente, foi empregada na análise de comunicações não verbais,
a Semiologia. Finalmente, abrangeu trabalhos de índole linguística”.
“[...] pesquisa para descrição objetiva, sistemática e quantitativa do
conteúdo manifesto dos depoimentos dos entrevistados”.
“A análise de conteúdo se constitui num conjunto de instrumentos
metodológicos que asseguram a objetividade, sistematização e
influência aplicadas aos discursos diversos”.
“É atualmente utilizada para estudar e analisar material qualitativo,
buscando-se melhor compreensão de uma comunicação ou discurso,
aprofundar suas características gramaticais às ideológicas e outras,
além de extrair os aspectos mais relevantes”.
4. A análise de conteúdo objetiva:
“Analisar as características de uma mensagem através da
comparação destas mensagens para receptores distintos,
ou em situações diferentes com os mesmos receptores”.
“Analisar o contexto ou o significado de conceitos
sociológicos e outros nas mensagens, bem como
caracterizar a influência social das mesmas”.
“Analisar as condições que induziram ou produziram a
mensagem”.
5. Aspectos metodológicos da análise de conteúdo
Os objetivos específicos devem nortear a análise;
Utiliza a leitura analítica como instrumento para a
realização da análise;
Primeiramente é realizada a chamada pré-análise:
Análise textual e temática;
Análise propriamente dita;
Categorização dos elementos para a análise;
Tratamento do que foi colhido.
6. Fases que fazem parte da análise de
conteúdo:
A pré-análise;
A exploração do material;
O tratamento dos resultados, a inferência e a
interpretação.
7. Entre as técnicas utilizadas para a realização da
análise de conteúdo destacam-se a análise léxica e a
análise categorial. A análise léxica tem como
material de análise as próprias unidades de
vocabulário, as palavras portadoras de sentido:
substantivos, adjetivos, verbos etc., relacionados ao
objeto de pesquisa. A análise categorial trata do
desmembramento do discurso em categorias, em
que os critérios de escolha e de delimitação
orientam-se pela dimensão da investigação dos
temas relacionados ao objeto de pesquisa,
identificados nos discursos dos sujeitos
pesquisados.
8. Ao contrário, a análise léxica,
essencialmente quantitativa, exige do
pesquisador uma organicidade em relação
aos temas, categorias, subcategorias e
vocabulários pesquisados.
Ela permite ao pesquisador obter indicadores
importantes para a realização da análise de
conteúdo. Além disso, a análise léxica
possibilita reconhecer a terminologia mais
usada pelos indivíduos ou grupos
pesquisados.
9. A análise léxica trabalha
“diretamente no código: unidades
semânticas e sintaxe (vocabulário,
características gramaticais [...]”,
focando em duas dimensões:
a) Convenções quanto ao vocabulário:
mensurar os diferentes vocábulos, o
número de ocorrências desses
vocábulos, identificação do repertório
léxico ou campo lexical, relação
ocorrências/vocábulos;
b) Comparações quanto ao vocabulário:
identificar os diferentes vocábulos
apresentados com os que aparecem nos
textos da área e o repertório léxico de
um sujeito de pesquisa com os outros
sujeitos.
10. Associação de Palavras
Após reunir as palavras mencionadas pelos
sujeitos pesquisados em uma relação, é necessário
fazer uma classificação com o objetivo de organizar
as palavras (substantivos, adjetivos, expressões,
nomes próprios etc.) de um modo mais
compreensível, como, por exemplo, palavras
sinônimas, proximidade semântica (análise
documentária, indexação, classificação etc.), que
podem ser colocadas em ordem crescente ou
decrescente de ocorrência/frequência, ou ainda, em
formato de alvo.
11. Análise de Entrevistas
Observa-se a relação do sujeito de pesquisa com o objeto pesquisado. A
análise é essencialmente temática e podem-se usar diferentes
grades/propostas para a realização da análise dos dados. Entre elas pode-
se citar a análise de frequência/quantitativa e a análise categorial (temas).
Diferentes dimensões de análise podem ser utilizadas:
Origem do objeto;
Implicações face ao objeto;
Descrição do objeto;
Sentimento face ao objeto.
A análise é realizada inicialmente observando-se a frequência absoluta e
relativa dos dados coletados. Após esta primeira fase de análise,
processam-se as relações entre as quatro dimensões anteriormente
mencionadas.
12. Análise de Comunicação de Massa
Pode ser aplicada em revistas que atingem um grande público. Nesse
caso, é feita uma primeira leitura que pode ser organizada e
sistematizada a partir da formulação de hipóteses ou, ainda, pode ser
realizada uma leitura aberta sem compromisso metodológico.
O foco da análise será em relação à contagem de um ou vários temas ou
itens de significação, em unidades de codificação, como, por exemplo, a
frase.
A partir da identificação dos itens ou temas, será possível observar, em
relação a cada tema/item, quais os vínculos que o sujeito de pesquisa
estabelece, bem como pode-se observar, quantitativamente, a
ocorrência/frequência com que isso acontece. Nesse contexto, também
é possível agregar a análise léxica, verificando os adjetivos, os verbos
etc.
13. O processo de coleta e análise de dados em sua fase inicial
parte dos objetivos da pesquisa, que foram a base para a
construção do instrumento de coleta de dados. Nessa fase é
importante que se observem as possíveis técnicas da
análise de conteúdo. Feito isso, deve-se constituir o corpus
central que apoiará a análise de dados, etapa posterior à
coleta de dados. A constituição do corpus é possível a partir
da leitura e análise da literatura selecionada, permitindo criar
inferências em relação ao objeto e ao seu entorno.
14. A segunda fase do processo de coleta e análise de dados parte das
subcategorias essenciais, definidas na etapa anterior, às quais se
somam as inferências do pesquisador referentes ao objeto de
pesquisa, visando-se construir o segundo instrumento de coleta de
dados, a entrevista. Nessa fase, as inferências são fundamentais
para a construção dos tópicos do instrumento, pois é a partir delas
que é possível estabelecer as dimensões e relações para a análise,
que possibilitará a construção de novo corpus teórico.
15. A terceira e última fase do processo de coleta e análise de dados
parte do corpus teórico construído, para realizar a interpretação da
análise. Novas inferências poderão ser feitas pelo pesquisador em
relação ao objeto de pesquisa, mesmo que não tenham sido
previstas. No entanto, as interpretações devem estar apoiadas em
provas de validação, isto é, na própria literatura de especialidade ou
nas práticas observadas no ambiente pesquisado. Nessa fase, a
interpretação é essencial, mas deve estar claramente relacionada ao
corpus existente, de modo que seja validada pela comunidade
científica da área. Finalmente, sistematizar os resultados com os
objetivos iniciais, buscando a construção de conhecimento científico
sobre o objeto pesquisado.
16. As informações devem ser analisadas separadamente, fator que
subsidia de forma mais concisa o estudo das categorias e
subcategorias eleitas anteriormente. Posteriormente são
examinadas, tendo-se por base o imbricamento entre os
diferentes módulos que compõem o(s) instrumento(s) de coleta
de dados. Por último, analisa-se, a partir do conjunto obtido, as
relações entre as categorias e subcategorias, bem como se
aplicam as últimas inferências, caso necessário, buscando-se
obter, com maior propriedade, a compreensão do
objeto/fenômeno de estudo.