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13Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.24, n.1, p. 13-18, jan./abr. 2014
1 INTRODUÇÃO
N
a pesquisa qualitativa, a Análise de
Conteúdo (AC), enquanto método de
organização e análise dos dados possui
algumas características. Primeiramente, aceita-
se que o seu foco seja qualificar as vivências
do sujeito, bem como suas percepções sobre
determinado objeto e seus fenômenos (BARDIN,
1977). Entretanto, a análise de conteúdo também
pode ser utilizada para o aprofundamento de
estudos quantitativos, e, portanto tem uma visão
matemática dessa abordagem. Ainda dentre as
características da AC há também a idéia de que
a análise de conteúdo seja mais simples e de fácil
abordagem. Porém esta idéia de simplicidade e
de facilidade necessita de algumas considerações,
visto a sua complexidade enquanto método
analítico e, principalmente, a sua relação com o
processo de elaboração das perguntas acerca do
objeto (LIMA, 2003).
Além das características da AC já
consagradas entre os vários estudos publicados,
buscou-se evidenciar outras situações
que exigem um maior desenvolvimento.
Neste sentido, destacam-se neste estudo as
potencialidades e as limitações relacionadas
ao método em foco. Para tanto, este artigo se
propõe a trazer uma visão geral da AC, bem
como analisar, sob o prisma de suas limitações e
possibilidades, os diferentes olhares de autores
contemporâneos sobre o método elucidado
enquanto um instrumento de pesquisa aplicável
às ciências sociais.
ANÁLISE DE CONTEÚDO:
considerações gerais, relações com a
pergunta de pesquisa, possibilidades e
limitações do método
Ricardo Bezerra Cavalcante*
Pedro Calixto**
Marta Macedo Kerr Pinheiro***
RESUMO	 Existem diferentes técnicas de organização e análise dos dados
na pesquisa qualitativa, sendo a Análise de Conteúdo uma
destas possibilidades nas ciências sociais aplicadas. A análise
de conteúdo se constitui de varias técnicas onde busca-se
descrever o conteúdo emitido no processo de comunicação,
seja ele por meio de falas ou de textos. Desta forma, a Análise
de Conteúdo é composta por procedimentos sistemáticos que
proporcionam o levantamento de indicadores (quantitativos ou
não) permitindo a realização de inferência de conhecimentos.
Neste artigo se tem proposto realizar uma revisão da literatura
focando as características do método, suas relações com a
pergunta de pesquisa, limitações e as possibilidades de aplicação.
Para tanto, procedeu-se à leitura sistemática, bem como às
infindáveis reflexões diante das diversas pesquisas realizadas a
partir da utilização da Análise de Conteúdo enquanto método
de investigação.
Palavras chave: 	Pesquisa qualitativa. Análise de Conteúdo. Metodologia.
* Doutorado em Ciência da Informação
pela Universidade Federal de Minas
Gerais, Brasil. Professor Adjunto da
Universidade Federal de São João Del
Rei - Campus Centro Oeste, Brasil.
E-mail: ricardocavalcanteufmg@yahoo.
com.br.
**Mestre em Ciência da Informação
pela Universidade Federal de Minas
Gerais, Brasil. Professor da Universidade
do Estado de Minas Gerais, Brasil.
E-mail: pcalixxxto@yahoo.com.br.
*** Doutora em Ciência da Informação
pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Brasil. Docente permanente
do Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação da Universidade
Federal de Minas Gerais, Brasil.
E-mail: martakerr@gmail.com.
artigoderevisão
14 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.24, n.1, p. 13-18, jan./abr. 2014
Ricardo Bezerra Cavalcante, Pedro Calixto e Marta Macedo Kerr Pinheiro
2		 CONSIDERAÇÕES GERAIS:
descrevendo o método
A pesquisa qualitativa é aquela capaz
de incorporar a questão do significado e da
intencionalidade como inerentes aos atos, às
relações e às estruturas sociais, sendo essas
últimas tomadas, tanto no seu advento quanto
nas suas transformações, como construções
humanas significativas (BARDIN, 1977). Assim,
a abordagem qualitativa aplica-se ao estudo da
história, das relações, das representações, das
crenças, das percepções e das opiniões, produto
das interpretações que os seres humanos fazem
de como vivem, constroem seus artefatos e a si
mesmos, sentem e pensam (TURATO et al, 2008).
Esse tipo de abordagem, além de permitir
desvelar processos sociais ainda pouco conheci-
dos, referentes a grupos particulares, propicia a
criação de novas abordagens, revisão e criação
de novos conceitos e categorias durante a inves-
tigação. Desta forma, a pesquisa qualitativa pro-
porciona um modelo de entendimento profundo
de ligações entre elementos, direcionado à com-
preensão da manifestação do objeto de estudo
(MINAYO, 2007). É caracterizado pela empiria e
pela sistematização progressiva do conhecimento
até a compreensão lógica interna do grupo ou do
processo estudado (TURATO, 2005).
No entanto, existem diferentes técnicas de
organização e análise dos dados na pesquisa qua-
litativa, sendo a Análise de Conteúdo uma destas
possibilidades. Para Bardin (2007) a análise de con-
teúdo se constitui de várias técnicas onde se busca
descrever o conteúdo emitido no processo de co-
municação, seja ele por meio de falas ou de textos.
Desta forma, a técnica é composta por procedimen-
tos sistemáticos que proporcionam o levantamento
de indicadores (quantitativos ou não) permitindo
a realização de inferência de conhecimentos. Para
Oliveira (2008) a análise de conteúdo permite:
O acesso a diversos conteúdos,
explícitos ou não, presentes em um
texto, sejam eles expressos na axiologia
subjacente ao texto analisado; implicação
do contexto político nos discursos;
exploração da moralidade de dada
época; análise das representações
sociais sobre determinado objeto;
inconsciente coletivo em determinado
tema; repertório semântico ou sintático
de determinado grupo social ou
profissional; análise da comunicação
cotidiana seja ela verbal ou escrita, entre
outros (OLIVEIRA, 2008 p.570).
Assim, a análise de conteúdo compreen-
de técnicas de pesquisa que permitem, de forma
sistemática, a descrição das mensagens e das ati-
tudes atreladas ao contexto da enunciação, bem
como as inferências sobre os dados coletados. A
escolha deste método de análise pode ser explica-
da pela necessidade de ultrapassar as incertezas
conseqüentes das hipóteses e pressupostos, pela
necessidade de enriquecimento da leitura por
meio da compreensão das significações e pela ne-
cessidade de desvelar as relações que se estabele-
cem além das falas propriamente ditas.
Segundo Oliveira (2008) a análise de con-
teúdo possui diferentes técnicas que podem ser
abordadas pelos pesquisadores. Isto dependerá da
vertente teórica seguida pelo sujeito que a aplicará.
Assim podem ser sintetizadas as várias técnicas,
são elas: análise temática ou categorial, análise de
avaliação ou representacional, análise de enuncia-
ção, análise da expressão, análise das relações ou
associações, análise do discurso, análise léxica ou
sintática, análise transversal ou longitudinal, aná-
lise do geral para o particular, análise do particu-
lar para o geral, analise segundo o tipo de relação
mantida com o objeto estudado, análise dimensio-
nal, análise de dupla categorização em quadro de
dupla entrada, dentre outras. Obviamente, a utili-
zação de cada técnica citada anteriormente produ-
zirá resultados diferenciados, mas que permitem a
produção de conhecimentos sobre o objeto de es-
tudo, bem com suas relações. Entretanto, a escolha
da técnica deve estar atrelada ao tipo de pergunta
elaborada, ao tipo de conhecimento que se deseja
produzir frente ao objeto estudado e, fundamen-
talmente, necessita de sistematização. Desta for-
ma, é importante refletirmos primeiramente sobre
o processo de formulação de perguntas e sua re-
lação com a análise de conteúdo, pois corre-se o
risco de aplicar o método inadequado visando res-
ponder às perguntas estipuladas.
3		 A FORMULAÇÃO DA PERGUNTA
DE PESQUISA E A ESCOLHA DA
ANÁLISE DE CONTEÚDO PARA
PRODUÇÃO DE RESPOSTAS
O Homem traz em sua essência
características que o diferem dos animais e os
15Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.24, n.1, p. 13-18, jan./abr. 2014
Análise de conteúdo
seres inanimados. A capacidade de perguntar é
uma dessas características que fazem do homem
um ser reflexivo e atuante no meio em que
vive. Segundo Zilles (2006) o homem possui
uma necessidade de respostas acerca das coisas,
fatos e acontecimentos que o cercam. Assim,
faz-se necessário compreender a pergunta com
o objetivo de cada vez mais aproximar-se de
respostas que possam capacitar o homem para
interagir com o meio e transformá-lo.
A partir dos conhecimentos de Heidegger
(1989), Zilles (2006) busca entender a estrutura
formal da pergunta investigativa que
necessariamente é teorética, ou seja conceitua
aquilo que se pergunta. Assim a verdadeira
pergunta possui um pré-saber e um não saber
que fazem parte do mesmo universo imaginário,
em caráter de complementaridade e não de
extremos. Desta interação entre ambas, o pré-
saber e o não saber, nasce a resposta possível que
pode ser norteada pelo conhecimento prévio,
ainda que desprovido da certeza da verdade.
Sendo a verdade um conceito relacional, não
basta que este conhecimento seja verdadeiro, mas
é preciso chegar à certeza da verdade (HESSEN,
2003). Esta busca pela verdade delineará o anseio
pelo contínuo questionamento. Desta maneira, a
arte de perguntar é inerente ao ser humano e não
às coisas, plantas e aos animais, pois o pré-saber
e o não saber existem apenas no universo do
homem, como ser pensante, reflexivo e consciente
da sua realidade. Ou seja, o homem está aberto
ao infinito na busca constante por respostas que
emergem a partir do encontro com o problema.
Essa situação é uma condição fundamental para
a promoção humana, pois o estímulo à pergunta
potencializa a interação com o problema na
tentativa de respostas que promovam a evolução
do homem no meio.
Entretanto, perguntar remete a
um pré-saber que configura-se como um
direcionamento de possíveis e futuras
respostas. Este pré-saber constituinte da
pergunta pode se manifestar em diferentes
níveis, quais sejam um saber que penetra
tangencialmente ou lateralmente na formulação
da pergunta, um saber concomitante e ainda
um pré-saber não singularmente determinado.
Nesta perspectiva, o ato de perguntar deve
ser direcionado aquilo que é perguntável e o
que é perguntável, num escopo da totalidade
do perguntável. Outra premissa, é que o
perguntar não tem limites configurando um
pré-saber que significa a compreensão de toda
a realidade, atemático e implicando numa
unidade fundamental.
Assim, perguntável, para Zilles (2006)
é “tudo e tudo é ente”, ou seja, compreender
o pré-saber implica no conhecimento do ente.
Onde a pergunta pode ser dirigida para todos
os entes num dado momento, porém “perguntar
pelo ente enquanto ente, implica assim em
perguntar pelo ser do ente”. Desta forma, “todos
os entes são entes por virtude do ser” (ZILLES,
2006 p. 37-38). Esta discussão de “ente e ser”
são fundamentos para o que Heidegger (1989)
nomeia de ôntico e ontológico respectivamente.
Neste contexto a ontologia se propõe a estudar
o ser em sua essência e ainda os problemas
ônticos relacionados ao “ente”, que segundo
Zilles (2006,p.39) é “tudo de que falamos, tudo
que entendemos, com que nos comportamos
dessa ou daquela maneira, ente é também o que
e como nós mesmos somos”. Neste contexto, ao
perguntar verfica-se, mesmo que implicitamente,
a pré-compreensão do ser e suas manifestações,
tendo o homem como arcabouço onde o ser se
revela.
Assim, a construção de uma pergunta
na pesquisa qualitativa é uma tarefa dotada
de complexidade e método, pois requer uma
imersão prévia no ente com o intuito de
compreender o ser e sua essência. A análise
de conteúdo, neste cenário, emerge como
técnica que se propõe à apreensão de uma
realidade visível, mas também uma realidade
invisível, que pode se manifestar apenas nas
“entrelinhas” do texto, com vários significados.
Neste sentido a análise requer uma pré-
compreensão do ser, suas manifestações, suas
interações com contexto, e principalmente
requer um olhar meticuloso do investigador.
Para isso, é importante verificar os níveis que
estruturam uma pergunta de pesquisa tais
como o saber que penetra tangencialmente ou
lateralmente, o saber concomitante e atemático
e ainda o pré-saber não singularmente
determinado. Em síntese, a atitude científica
é por buscar respostas e consequentemente o
encontro ou a aproximação com as soluções
encontradas por meio de procedimentos
metodológicos estruturados no ato de
perguntar. É neste contexto que a análise de
conteúdo se insere, pois possui a sistematização
16 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.24, n.1, p. 13-18, jan./abr. 2014
Ricardo Bezerra Cavalcante, Pedro Calixto e Marta Macedo Kerr Pinheiro
necessária à produção de respostas frente aos
questionamentos, mas precisa ser utilizada onde
a pergunta de pesquisa remete a este método. É
neste sentido que se complementam “pergunta”
e método de análise com o intuito de respostas
ou aproximações fidedignas. Pode estar aqui a
gênese de uma boa pesquisa e da evolução do
conhecimento.
4		 POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO
DA ANÁLISE DE CONTEÚDO
Operacionalmente, a Análise Temática de
Conteúdo, segundo Minayo (2007), desdobra-se
nas etapas pré-análise, exploração do material ou
codificação e tratamento dos resultados obtidos/
interpretação.
A etapa da pré-análise compreende
a leitura flutuante, constituição do corpus,
formulação e reformulação de hipóteses ou
pressupostos. A leitura flutuante requer do
pesquisador o contato direto e intenso com o
material de campo, em que pode surgir a relação
entre as hipóteses ou pressupostos iniciais, as
hipóteses emergentes e as teorias relacionadas
ao tema. Para Oliveira (2008) a constituição do
corpus é a tarefa que diz respeito à constituição
do universo estudado, sendo necessário
respeitar alguns critérios de validade qualitativa,
são eles: a exaustividade (esgotamento da
totalidade do texto), a homogeneidade (clara
separação entre os temas a serem trabalhados),
a exclusividade (um mesmo elemento só pode
estar em apenas uma categoria), a objetividade
(qualquer codificador consegue chegar aos
mesmos resultados) e a adequação ou pertinência
(adaptação aos objetivos do estudo). Ainda na
pré-análise o pesquisador procede à formulação
e reformulação de hipóteses, que se caracteriza
por ser um processo de retomada da etapa
exploratória por meio da leitura exaustiva
do material e o retorno aos questionamentos
iniciais. Enfim, na última tarefa da pré-análise,
elabora-se os indicadores que fundamentarão a
interpretação final (OLIVEIRA, 2008).
Durante a etapa da exploração do
material, o investigador busca encontrar
categorias que são expressões ou palavras
significativas em função das quais o conteúdo
de uma fala será organizado. A categorização,
para Minayo (2007), consiste num processo
de redução do texto às palavras e expressões
significativas. A Análise Temática tradicional
trabalha inicialmente esta fase, recortando
o texto em unidades de registro que podem
constituir palavras, frases, temas, personagens
e acontecimentos, indicados como relevantes
para pré-analise. Posteriormente, o pesquisador
escolhe as regras de contagem por meio de
codificações e índices quantitativos. Finalmente,
o pesquisador realiza a classificação e a
agregação dos dados, escolhendo as categorias
teóricas ou empíricas, responsáveis pela
especificação do tema (BARDIN, 1977). A partir
daí, o analista propõe inferências e realiza
interpretações, inter-relacionando-as com o
quadro teórico desenhado inicialmente ou abre
outras pistas em torno de novas dimensões
teóricas e interpretativas, sugerida pela leitura
do material (MINAYO, 2007).
5		 LIMITAÇÕES DA ANÁLISE DE
CONTEÚDO
Segundo Rocha e Deusdará (2005)
o objetivo da pesquisa qualitativa é captar
um saber que está por trás da superfície
textual. Assim, o pesquisador deve ser um
espião da ordem que se propõe a desvendar
a subversão escondida; deve ser um leitor
privilegiado por dispor de técnicas seguras
de trabalho. Obviamente, o autor supracitado
faz essas observações sob um ponto de vista
crítico e até certo ponto irônico, mas que
destaca a incoerência entre o distanciamento
do pesquisador em relação à pesquisa,
principalmente pelo fato da necessidade
que se tenha uma leitura aprofundada e de
proximidade em uma pesquisa qualitativa. Por
abordar a subjetividade do sujeito, a pesquisa
qualitativa, em alguns momentos, pode permitir
que a análise do observador esteja impregnada
de seus pré-conceitos, o que acaba por refletir
no objeto estudado. Isto se deve à proximidade
do observador com os fenômenos relacionados.
Desta forma, corre-se o risco de fazer sucessivas
aproximações com o objeto sem deixar que o
ponto de vista do pesquisador sobreponha os
fenômenos a serem explicados nas análises.
O outro aspecto é a própria necessidade da
habilidade do pesquisador em extrapolar o que
está além do texto. Esta tarefa é complexa e
exige um pesquisador experiente, que domine
as técnicas propostas na análise de conteúdo.
17Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.24, n.1, p. 13-18, jan./abr. 2014
Análise de conteúdo
Para Oliveira et al (2003) o método
apresenta ainda um outro ponto controverso,
quando nem sempre um tema frequente é
necessariamente um tema importante ou,
ao contrário, que um tema pouco frequente
não seja relevante para a compreensão dos
fenômenos estudados. Talvez existam temas
que sejam reprimidos, de difícil verbalização ou
de difícil manifestação visual. Para contrapor
a esta limitação, o pesquisador, ao utilizar-se
de entrevistas, necessita refletir intensamente
sobre a elaboração do instrumento de
coleta. Essa construção necessita contemplar
questionamentos que possam levar o sujeito à
manifestação de suas percepções, independente
de suas dificuldades de verbalização ou outros
incômodos. Ainda é importante destacar que a
condução das entrevistas também é fundamental
para extrair ao máximo as subjetividades.
Neste caso um entrevistador experiente, ou
bem instruído, pode ser um diferencial para
a construção do corpus textual a posteriori
(CAMPOS e TURATO, 2009).
Enfim, a definição da amostra dos sujeitos
a serem entrevistados é outro fator discutível
quando se trata da análise de conteúdo. Apesar
da pesquisa qualitativa não se preocupar
tanto com o quantitativo de sujeitos, fica o
questionamento sobre a amostra. Transparece
um caráter não formalizado e assistemático, que
foge aos parâmetros da pesquisa e da ciência
impregnada pelo método positivista. Na pesquisa
qualitativa, e mais especificamente na análise
de conteúdo como método, o foco não está na
quantificação, mas na análise do fenômeno em
profundidade, elencando as subjetividades,
suas relações, bem como interlocuções na
malha social. No entanto, apesar da análise
de conteúdo não se amparar especificamente
em uma amostra quantificável, alguns autores
propõem o critério de saturação das informações
como necessário para a delimitação do olhar
investigativo (TURATO et al, 2008). Ressalta-
se que, nas investigações qualitativas em saúde,
verifica-se, com freqüência, a utilização da
saturação de informações como critério para o
fechamento amostral ou, ainda, a saturação do
universo, quando as entrevistas são realizadas
com todos os representantes de determinado
grupo ou categoria (MACHADO, 2007).
Segundo Turato et. al. (2008, p.17), a saturação
de informações pode ser definida como “a
suspensão de inclusão de novos participantes
quando os dados obtidos passam a apresentar, na
avaliação do pesquisador, uma certa redundância
ou repetição, não sendo considerado relevante
persistir na coleta de dados”. Assim utiliza-se,
em alguns momentos, o critério de saturação
das informações justificando o quantitativo
de sujeitos elencados. No entanto, esta técnica
ainda é questionada, principalmente pelos
quantitativistas que insistem em discordar sobre
a relevância da amostra definida pelo critério de
saturação, principalmente pelo fato da ausência
de técnicas estatísticas.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
À luz dos autores abordados, foi possível
observar às diversas nuances que a análise de
conteúdo apresenta na pesquisa qualitativa.
Dentre essas nuances é importante destacar
as relações das perguntas estipuladas com a
escolha da análise de conteúdo enquanto método
proposto para aproximação da resposta. Ainda
ressaltam-se as possibilidades que esse tipo de
método proporciona e que apesar das limitações,
permite o estudo dos fenômenos sociais atrelados
a um objeto, bem como suas interações. Assim,
aplica-se com propriedade às pesquisas em
ciências sociais aplicadas, sobretudo da Ciência
da Informação que não devem tentar impor
um único paradigma enquadrando todas as
pesquisas pelo método científico ditados pelo
positivismo tradicional (NEHMEY et al, 1996).
No entanto é importante destacar os
limites do método, relacionados principalmente
com a necessidade de habilidade do pesquisador
em conduzir as entrevistas e analisá-las, bem
como a necessidade de habilidade em lidar com
situações peculiares no estudo do fenômeno
humano. Talvez esteja nessas habilidades do
pesquisador o grande potencial em buscar novas
alternativas e explorar todas as possibilidades
que a análise de conteúdo permite na pesquisa.
Enfim, espera-se que essas discussões
possam contribuir para uma reflexão crítica, que
não fique restrita à exaltação cega do método,
e tão pouco, a desqualificação do mesmo. É
importante que os pesquisadores enxerguem as
possibilidades e limitações, para proceder à um
processo investigativo promotor de respostas aos
questionamentos estipulados e potencializador
do conhecimento.
18 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.24, n.1, p. 13-18, jan./abr. 2014
Ricardo Bezerra Cavalcante, Pedro Calixto e Marta Macedo Kerr Pinheiro
CONTENT ANALYSIS:
general considerations, relations with the research question,
possibilities and limitations of the method
ABSTRACT	 There are different techniques for organizing and analyzing data in qualitative research and Content
Analysis of these possibilities in applied social sciences. Content Analysis is composed of several
techniques which tries to describe the content delivered in the communication process, whether
through speech or text. Thus, Content Analysis consists of systematic procedures that provide a survey
of indicators (quantitative or not) allowing the execution of inference of knowledge. This paper has
proposed working on a literature review focusing on the characteristics of the method, its relations
with the research question, limitations and application possibilities. To do so, proceeded to read
systematically, and to endless discussions on the various surveys conducted from the use of content
analysis as research method.
Keywords: 	 Qualitative research. Content analysis. Methodology
REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa:
Edições 70 Ltda, 1977.
CAMPOS, C.J.G; TURATO, E.R. Análise de
conteúdo em pesquisas que utilizam metodologia
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Rev. Latino-am Enfermagem. São Paulo, 2009.
HEIDEGGER, M. Que é metafísica. São Paulo,
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HESSEN, J.. A essência do conhecimento. In:
____. Teoria do conhecimento. 2. Ed. São Paulo:
Ed. Martins Fontes, 2003. Cap. 3., p. 69-94.
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não-estruturadas e semi-estruturadas In:
Administração, Metodologia, Organizações,
Estratégia. Curitiba: Juruá Editora 2ªed., 2007
MINAYO, M.C.S. O Desafio do Conhecimento:
Pesquisa Qualitativa em Saúde. 10. ed. São Paulo:
HUCITEC, 2007. 406 p.
Artigo recebido em 03/05/2011 e aceito para publicação em 23/02/2014
OLIVEIRA, D.C., Análise de Conteúdo Temático-
Categorial: Uma proposta de sistematização.
Rev. Enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2008 out/
dez; 16(4):569-76.
OLIVEIRA, E.; ENS, R.; ANDRADE, D.; MUSSIS,
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de educação. Revista Diálogo Educacional,
Curitiba, v. 4, n.9, p.11-27, maio/ago. 2003.
ROCHA, D.; DEUSDARÁ, B.. Análise
de conteúdo e análise do discurso:
aproximações e afastamentos na (re)
construção de uma trajetória. Alea, dez
2005, v.7, no.2, p.305-322
TURATO, E. R. Métodos qualitativos e
quantitativos na área da saúde: definições,
diferenças e seus objetos de pesquisa. Rev. Saúde
Pública, São Paulo, v. 39, n.3, p. 507-514, abr. 2005.
TURATO, E. R. et al. Amostragem por
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contribuições teóricas. Cadernos de Saúde
Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n.1, p. 17-27, jan.
2008
ZILLES, U.. Fundamentos ontológicos
do conhecimento. In:_______Teoria do
conhecimento. 5 ed. Porto Alegre: Ed. UCRS,
2006. Cap. 2, p. 30 – 41. (Texto 24, Coleção
filosofia, 21)

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  • 1. 13Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.24, n.1, p. 13-18, jan./abr. 2014 1 INTRODUÇÃO N a pesquisa qualitativa, a Análise de Conteúdo (AC), enquanto método de organização e análise dos dados possui algumas características. Primeiramente, aceita- se que o seu foco seja qualificar as vivências do sujeito, bem como suas percepções sobre determinado objeto e seus fenômenos (BARDIN, 1977). Entretanto, a análise de conteúdo também pode ser utilizada para o aprofundamento de estudos quantitativos, e, portanto tem uma visão matemática dessa abordagem. Ainda dentre as características da AC há também a idéia de que a análise de conteúdo seja mais simples e de fácil abordagem. Porém esta idéia de simplicidade e de facilidade necessita de algumas considerações, visto a sua complexidade enquanto método analítico e, principalmente, a sua relação com o processo de elaboração das perguntas acerca do objeto (LIMA, 2003). Além das características da AC já consagradas entre os vários estudos publicados, buscou-se evidenciar outras situações que exigem um maior desenvolvimento. Neste sentido, destacam-se neste estudo as potencialidades e as limitações relacionadas ao método em foco. Para tanto, este artigo se propõe a trazer uma visão geral da AC, bem como analisar, sob o prisma de suas limitações e possibilidades, os diferentes olhares de autores contemporâneos sobre o método elucidado enquanto um instrumento de pesquisa aplicável às ciências sociais. ANÁLISE DE CONTEÚDO: considerações gerais, relações com a pergunta de pesquisa, possibilidades e limitações do método Ricardo Bezerra Cavalcante* Pedro Calixto** Marta Macedo Kerr Pinheiro*** RESUMO Existem diferentes técnicas de organização e análise dos dados na pesquisa qualitativa, sendo a Análise de Conteúdo uma destas possibilidades nas ciências sociais aplicadas. A análise de conteúdo se constitui de varias técnicas onde busca-se descrever o conteúdo emitido no processo de comunicação, seja ele por meio de falas ou de textos. Desta forma, a Análise de Conteúdo é composta por procedimentos sistemáticos que proporcionam o levantamento de indicadores (quantitativos ou não) permitindo a realização de inferência de conhecimentos. Neste artigo se tem proposto realizar uma revisão da literatura focando as características do método, suas relações com a pergunta de pesquisa, limitações e as possibilidades de aplicação. Para tanto, procedeu-se à leitura sistemática, bem como às infindáveis reflexões diante das diversas pesquisas realizadas a partir da utilização da Análise de Conteúdo enquanto método de investigação. Palavras chave: Pesquisa qualitativa. Análise de Conteúdo. Metodologia. * Doutorado em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. Professor Adjunto da Universidade Federal de São João Del Rei - Campus Centro Oeste, Brasil. E-mail: ricardocavalcanteufmg@yahoo. com.br. **Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. Professor da Universidade do Estado de Minas Gerais, Brasil. E-mail: pcalixxxto@yahoo.com.br. *** Doutora em Ciência da Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil. Docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. E-mail: martakerr@gmail.com. artigoderevisão
  • 2. 14 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.24, n.1, p. 13-18, jan./abr. 2014 Ricardo Bezerra Cavalcante, Pedro Calixto e Marta Macedo Kerr Pinheiro 2 CONSIDERAÇÕES GERAIS: descrevendo o método A pesquisa qualitativa é aquela capaz de incorporar a questão do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações e às estruturas sociais, sendo essas últimas tomadas, tanto no seu advento quanto nas suas transformações, como construções humanas significativas (BARDIN, 1977). Assim, a abordagem qualitativa aplica-se ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produto das interpretações que os seres humanos fazem de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam (TURATO et al, 2008). Esse tipo de abordagem, além de permitir desvelar processos sociais ainda pouco conheci- dos, referentes a grupos particulares, propicia a criação de novas abordagens, revisão e criação de novos conceitos e categorias durante a inves- tigação. Desta forma, a pesquisa qualitativa pro- porciona um modelo de entendimento profundo de ligações entre elementos, direcionado à com- preensão da manifestação do objeto de estudo (MINAYO, 2007). É caracterizado pela empiria e pela sistematização progressiva do conhecimento até a compreensão lógica interna do grupo ou do processo estudado (TURATO, 2005). No entanto, existem diferentes técnicas de organização e análise dos dados na pesquisa qua- litativa, sendo a Análise de Conteúdo uma destas possibilidades. Para Bardin (2007) a análise de con- teúdo se constitui de várias técnicas onde se busca descrever o conteúdo emitido no processo de co- municação, seja ele por meio de falas ou de textos. Desta forma, a técnica é composta por procedimen- tos sistemáticos que proporcionam o levantamento de indicadores (quantitativos ou não) permitindo a realização de inferência de conhecimentos. Para Oliveira (2008) a análise de conteúdo permite: O acesso a diversos conteúdos, explícitos ou não, presentes em um texto, sejam eles expressos na axiologia subjacente ao texto analisado; implicação do contexto político nos discursos; exploração da moralidade de dada época; análise das representações sociais sobre determinado objeto; inconsciente coletivo em determinado tema; repertório semântico ou sintático de determinado grupo social ou profissional; análise da comunicação cotidiana seja ela verbal ou escrita, entre outros (OLIVEIRA, 2008 p.570). Assim, a análise de conteúdo compreen- de técnicas de pesquisa que permitem, de forma sistemática, a descrição das mensagens e das ati- tudes atreladas ao contexto da enunciação, bem como as inferências sobre os dados coletados. A escolha deste método de análise pode ser explica- da pela necessidade de ultrapassar as incertezas conseqüentes das hipóteses e pressupostos, pela necessidade de enriquecimento da leitura por meio da compreensão das significações e pela ne- cessidade de desvelar as relações que se estabele- cem além das falas propriamente ditas. Segundo Oliveira (2008) a análise de con- teúdo possui diferentes técnicas que podem ser abordadas pelos pesquisadores. Isto dependerá da vertente teórica seguida pelo sujeito que a aplicará. Assim podem ser sintetizadas as várias técnicas, são elas: análise temática ou categorial, análise de avaliação ou representacional, análise de enuncia- ção, análise da expressão, análise das relações ou associações, análise do discurso, análise léxica ou sintática, análise transversal ou longitudinal, aná- lise do geral para o particular, análise do particu- lar para o geral, analise segundo o tipo de relação mantida com o objeto estudado, análise dimensio- nal, análise de dupla categorização em quadro de dupla entrada, dentre outras. Obviamente, a utili- zação de cada técnica citada anteriormente produ- zirá resultados diferenciados, mas que permitem a produção de conhecimentos sobre o objeto de es- tudo, bem com suas relações. Entretanto, a escolha da técnica deve estar atrelada ao tipo de pergunta elaborada, ao tipo de conhecimento que se deseja produzir frente ao objeto estudado e, fundamen- talmente, necessita de sistematização. Desta for- ma, é importante refletirmos primeiramente sobre o processo de formulação de perguntas e sua re- lação com a análise de conteúdo, pois corre-se o risco de aplicar o método inadequado visando res- ponder às perguntas estipuladas. 3 A FORMULAÇÃO DA PERGUNTA DE PESQUISA E A ESCOLHA DA ANÁLISE DE CONTEÚDO PARA PRODUÇÃO DE RESPOSTAS O Homem traz em sua essência características que o diferem dos animais e os
  • 3. 15Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.24, n.1, p. 13-18, jan./abr. 2014 Análise de conteúdo seres inanimados. A capacidade de perguntar é uma dessas características que fazem do homem um ser reflexivo e atuante no meio em que vive. Segundo Zilles (2006) o homem possui uma necessidade de respostas acerca das coisas, fatos e acontecimentos que o cercam. Assim, faz-se necessário compreender a pergunta com o objetivo de cada vez mais aproximar-se de respostas que possam capacitar o homem para interagir com o meio e transformá-lo. A partir dos conhecimentos de Heidegger (1989), Zilles (2006) busca entender a estrutura formal da pergunta investigativa que necessariamente é teorética, ou seja conceitua aquilo que se pergunta. Assim a verdadeira pergunta possui um pré-saber e um não saber que fazem parte do mesmo universo imaginário, em caráter de complementaridade e não de extremos. Desta interação entre ambas, o pré- saber e o não saber, nasce a resposta possível que pode ser norteada pelo conhecimento prévio, ainda que desprovido da certeza da verdade. Sendo a verdade um conceito relacional, não basta que este conhecimento seja verdadeiro, mas é preciso chegar à certeza da verdade (HESSEN, 2003). Esta busca pela verdade delineará o anseio pelo contínuo questionamento. Desta maneira, a arte de perguntar é inerente ao ser humano e não às coisas, plantas e aos animais, pois o pré-saber e o não saber existem apenas no universo do homem, como ser pensante, reflexivo e consciente da sua realidade. Ou seja, o homem está aberto ao infinito na busca constante por respostas que emergem a partir do encontro com o problema. Essa situação é uma condição fundamental para a promoção humana, pois o estímulo à pergunta potencializa a interação com o problema na tentativa de respostas que promovam a evolução do homem no meio. Entretanto, perguntar remete a um pré-saber que configura-se como um direcionamento de possíveis e futuras respostas. Este pré-saber constituinte da pergunta pode se manifestar em diferentes níveis, quais sejam um saber que penetra tangencialmente ou lateralmente na formulação da pergunta, um saber concomitante e ainda um pré-saber não singularmente determinado. Nesta perspectiva, o ato de perguntar deve ser direcionado aquilo que é perguntável e o que é perguntável, num escopo da totalidade do perguntável. Outra premissa, é que o perguntar não tem limites configurando um pré-saber que significa a compreensão de toda a realidade, atemático e implicando numa unidade fundamental. Assim, perguntável, para Zilles (2006) é “tudo e tudo é ente”, ou seja, compreender o pré-saber implica no conhecimento do ente. Onde a pergunta pode ser dirigida para todos os entes num dado momento, porém “perguntar pelo ente enquanto ente, implica assim em perguntar pelo ser do ente”. Desta forma, “todos os entes são entes por virtude do ser” (ZILLES, 2006 p. 37-38). Esta discussão de “ente e ser” são fundamentos para o que Heidegger (1989) nomeia de ôntico e ontológico respectivamente. Neste contexto a ontologia se propõe a estudar o ser em sua essência e ainda os problemas ônticos relacionados ao “ente”, que segundo Zilles (2006,p.39) é “tudo de que falamos, tudo que entendemos, com que nos comportamos dessa ou daquela maneira, ente é também o que e como nós mesmos somos”. Neste contexto, ao perguntar verfica-se, mesmo que implicitamente, a pré-compreensão do ser e suas manifestações, tendo o homem como arcabouço onde o ser se revela. Assim, a construção de uma pergunta na pesquisa qualitativa é uma tarefa dotada de complexidade e método, pois requer uma imersão prévia no ente com o intuito de compreender o ser e sua essência. A análise de conteúdo, neste cenário, emerge como técnica que se propõe à apreensão de uma realidade visível, mas também uma realidade invisível, que pode se manifestar apenas nas “entrelinhas” do texto, com vários significados. Neste sentido a análise requer uma pré- compreensão do ser, suas manifestações, suas interações com contexto, e principalmente requer um olhar meticuloso do investigador. Para isso, é importante verificar os níveis que estruturam uma pergunta de pesquisa tais como o saber que penetra tangencialmente ou lateralmente, o saber concomitante e atemático e ainda o pré-saber não singularmente determinado. Em síntese, a atitude científica é por buscar respostas e consequentemente o encontro ou a aproximação com as soluções encontradas por meio de procedimentos metodológicos estruturados no ato de perguntar. É neste contexto que a análise de conteúdo se insere, pois possui a sistematização
  • 4. 16 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.24, n.1, p. 13-18, jan./abr. 2014 Ricardo Bezerra Cavalcante, Pedro Calixto e Marta Macedo Kerr Pinheiro necessária à produção de respostas frente aos questionamentos, mas precisa ser utilizada onde a pergunta de pesquisa remete a este método. É neste sentido que se complementam “pergunta” e método de análise com o intuito de respostas ou aproximações fidedignas. Pode estar aqui a gênese de uma boa pesquisa e da evolução do conhecimento. 4 POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DA ANÁLISE DE CONTEÚDO Operacionalmente, a Análise Temática de Conteúdo, segundo Minayo (2007), desdobra-se nas etapas pré-análise, exploração do material ou codificação e tratamento dos resultados obtidos/ interpretação. A etapa da pré-análise compreende a leitura flutuante, constituição do corpus, formulação e reformulação de hipóteses ou pressupostos. A leitura flutuante requer do pesquisador o contato direto e intenso com o material de campo, em que pode surgir a relação entre as hipóteses ou pressupostos iniciais, as hipóteses emergentes e as teorias relacionadas ao tema. Para Oliveira (2008) a constituição do corpus é a tarefa que diz respeito à constituição do universo estudado, sendo necessário respeitar alguns critérios de validade qualitativa, são eles: a exaustividade (esgotamento da totalidade do texto), a homogeneidade (clara separação entre os temas a serem trabalhados), a exclusividade (um mesmo elemento só pode estar em apenas uma categoria), a objetividade (qualquer codificador consegue chegar aos mesmos resultados) e a adequação ou pertinência (adaptação aos objetivos do estudo). Ainda na pré-análise o pesquisador procede à formulação e reformulação de hipóteses, que se caracteriza por ser um processo de retomada da etapa exploratória por meio da leitura exaustiva do material e o retorno aos questionamentos iniciais. Enfim, na última tarefa da pré-análise, elabora-se os indicadores que fundamentarão a interpretação final (OLIVEIRA, 2008). Durante a etapa da exploração do material, o investigador busca encontrar categorias que são expressões ou palavras significativas em função das quais o conteúdo de uma fala será organizado. A categorização, para Minayo (2007), consiste num processo de redução do texto às palavras e expressões significativas. A Análise Temática tradicional trabalha inicialmente esta fase, recortando o texto em unidades de registro que podem constituir palavras, frases, temas, personagens e acontecimentos, indicados como relevantes para pré-analise. Posteriormente, o pesquisador escolhe as regras de contagem por meio de codificações e índices quantitativos. Finalmente, o pesquisador realiza a classificação e a agregação dos dados, escolhendo as categorias teóricas ou empíricas, responsáveis pela especificação do tema (BARDIN, 1977). A partir daí, o analista propõe inferências e realiza interpretações, inter-relacionando-as com o quadro teórico desenhado inicialmente ou abre outras pistas em torno de novas dimensões teóricas e interpretativas, sugerida pela leitura do material (MINAYO, 2007). 5 LIMITAÇÕES DA ANÁLISE DE CONTEÚDO Segundo Rocha e Deusdará (2005) o objetivo da pesquisa qualitativa é captar um saber que está por trás da superfície textual. Assim, o pesquisador deve ser um espião da ordem que se propõe a desvendar a subversão escondida; deve ser um leitor privilegiado por dispor de técnicas seguras de trabalho. Obviamente, o autor supracitado faz essas observações sob um ponto de vista crítico e até certo ponto irônico, mas que destaca a incoerência entre o distanciamento do pesquisador em relação à pesquisa, principalmente pelo fato da necessidade que se tenha uma leitura aprofundada e de proximidade em uma pesquisa qualitativa. Por abordar a subjetividade do sujeito, a pesquisa qualitativa, em alguns momentos, pode permitir que a análise do observador esteja impregnada de seus pré-conceitos, o que acaba por refletir no objeto estudado. Isto se deve à proximidade do observador com os fenômenos relacionados. Desta forma, corre-se o risco de fazer sucessivas aproximações com o objeto sem deixar que o ponto de vista do pesquisador sobreponha os fenômenos a serem explicados nas análises. O outro aspecto é a própria necessidade da habilidade do pesquisador em extrapolar o que está além do texto. Esta tarefa é complexa e exige um pesquisador experiente, que domine as técnicas propostas na análise de conteúdo.
  • 5. 17Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.24, n.1, p. 13-18, jan./abr. 2014 Análise de conteúdo Para Oliveira et al (2003) o método apresenta ainda um outro ponto controverso, quando nem sempre um tema frequente é necessariamente um tema importante ou, ao contrário, que um tema pouco frequente não seja relevante para a compreensão dos fenômenos estudados. Talvez existam temas que sejam reprimidos, de difícil verbalização ou de difícil manifestação visual. Para contrapor a esta limitação, o pesquisador, ao utilizar-se de entrevistas, necessita refletir intensamente sobre a elaboração do instrumento de coleta. Essa construção necessita contemplar questionamentos que possam levar o sujeito à manifestação de suas percepções, independente de suas dificuldades de verbalização ou outros incômodos. Ainda é importante destacar que a condução das entrevistas também é fundamental para extrair ao máximo as subjetividades. Neste caso um entrevistador experiente, ou bem instruído, pode ser um diferencial para a construção do corpus textual a posteriori (CAMPOS e TURATO, 2009). Enfim, a definição da amostra dos sujeitos a serem entrevistados é outro fator discutível quando se trata da análise de conteúdo. Apesar da pesquisa qualitativa não se preocupar tanto com o quantitativo de sujeitos, fica o questionamento sobre a amostra. Transparece um caráter não formalizado e assistemático, que foge aos parâmetros da pesquisa e da ciência impregnada pelo método positivista. Na pesquisa qualitativa, e mais especificamente na análise de conteúdo como método, o foco não está na quantificação, mas na análise do fenômeno em profundidade, elencando as subjetividades, suas relações, bem como interlocuções na malha social. No entanto, apesar da análise de conteúdo não se amparar especificamente em uma amostra quantificável, alguns autores propõem o critério de saturação das informações como necessário para a delimitação do olhar investigativo (TURATO et al, 2008). Ressalta- se que, nas investigações qualitativas em saúde, verifica-se, com freqüência, a utilização da saturação de informações como critério para o fechamento amostral ou, ainda, a saturação do universo, quando as entrevistas são realizadas com todos os representantes de determinado grupo ou categoria (MACHADO, 2007). Segundo Turato et. al. (2008, p.17), a saturação de informações pode ser definida como “a suspensão de inclusão de novos participantes quando os dados obtidos passam a apresentar, na avaliação do pesquisador, uma certa redundância ou repetição, não sendo considerado relevante persistir na coleta de dados”. Assim utiliza-se, em alguns momentos, o critério de saturação das informações justificando o quantitativo de sujeitos elencados. No entanto, esta técnica ainda é questionada, principalmente pelos quantitativistas que insistem em discordar sobre a relevância da amostra definida pelo critério de saturação, principalmente pelo fato da ausência de técnicas estatísticas. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS À luz dos autores abordados, foi possível observar às diversas nuances que a análise de conteúdo apresenta na pesquisa qualitativa. Dentre essas nuances é importante destacar as relações das perguntas estipuladas com a escolha da análise de conteúdo enquanto método proposto para aproximação da resposta. Ainda ressaltam-se as possibilidades que esse tipo de método proporciona e que apesar das limitações, permite o estudo dos fenômenos sociais atrelados a um objeto, bem como suas interações. Assim, aplica-se com propriedade às pesquisas em ciências sociais aplicadas, sobretudo da Ciência da Informação que não devem tentar impor um único paradigma enquadrando todas as pesquisas pelo método científico ditados pelo positivismo tradicional (NEHMEY et al, 1996). No entanto é importante destacar os limites do método, relacionados principalmente com a necessidade de habilidade do pesquisador em conduzir as entrevistas e analisá-las, bem como a necessidade de habilidade em lidar com situações peculiares no estudo do fenômeno humano. Talvez esteja nessas habilidades do pesquisador o grande potencial em buscar novas alternativas e explorar todas as possibilidades que a análise de conteúdo permite na pesquisa. Enfim, espera-se que essas discussões possam contribuir para uma reflexão crítica, que não fique restrita à exaltação cega do método, e tão pouco, a desqualificação do mesmo. É importante que os pesquisadores enxerguem as possibilidades e limitações, para proceder à um processo investigativo promotor de respostas aos questionamentos estipulados e potencializador do conhecimento.
  • 6. 18 Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.24, n.1, p. 13-18, jan./abr. 2014 Ricardo Bezerra Cavalcante, Pedro Calixto e Marta Macedo Kerr Pinheiro CONTENT ANALYSIS: general considerations, relations with the research question, possibilities and limitations of the method ABSTRACT There are different techniques for organizing and analyzing data in qualitative research and Content Analysis of these possibilities in applied social sciences. Content Analysis is composed of several techniques which tries to describe the content delivered in the communication process, whether through speech or text. Thus, Content Analysis consists of systematic procedures that provide a survey of indicators (quantitative or not) allowing the execution of inference of knowledge. This paper has proposed working on a literature review focusing on the characteristics of the method, its relations with the research question, limitations and application possibilities. To do so, proceeded to read systematically, and to endless discussions on the various surveys conducted from the use of content analysis as research method. Keywords: Qualitative research. Content analysis. Methodology REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70 Ltda, 1977. CAMPOS, C.J.G; TURATO, E.R. Análise de conteúdo em pesquisas que utilizam metodologia clínico-qualitativa: Aplicações e Perspectivas. Rev. Latino-am Enfermagem. São Paulo, 2009. HEIDEGGER, M. Que é metafísica. São Paulo, 1989. HESSEN, J.. A essência do conhecimento. In: ____. Teoria do conhecimento. 2. Ed. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2003. Cap. 3., p. 69-94. LIMA, M.E.A.T. Análise do discurso e/ou Análise de conteúdo. Psicologia em Revista. Belo Horizonte, 2003. NEHMEY, Rosa M.Q. et al. A Ciência a Informação como disciplina científica. Belo Horizonte: Perspectivas em Ciência da Informação, v.1, n.1, p.9-25, jan/jun.1996. MACHADO, M.N.M; Entrevistas de pesquisa não-estruturadas e semi-estruturadas In: Administração, Metodologia, Organizações, Estratégia. Curitiba: Juruá Editora 2ªed., 2007 MINAYO, M.C.S. O Desafio do Conhecimento: Pesquisa Qualitativa em Saúde. 10. ed. São Paulo: HUCITEC, 2007. 406 p. Artigo recebido em 03/05/2011 e aceito para publicação em 23/02/2014 OLIVEIRA, D.C., Análise de Conteúdo Temático- Categorial: Uma proposta de sistematização. Rev. Enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2008 out/ dez; 16(4):569-76. OLIVEIRA, E.; ENS, R.; ANDRADE, D.; MUSSIS, C.R., Análise de Conteúdo e Pesquisa na área de educação. Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 4, n.9, p.11-27, maio/ago. 2003. ROCHA, D.; DEUSDARÁ, B.. Análise de conteúdo e análise do discurso: aproximações e afastamentos na (re) construção de uma trajetória. Alea, dez 2005, v.7, no.2, p.305-322 TURATO, E. R. Métodos qualitativos e quantitativos na área da saúde: definições, diferenças e seus objetos de pesquisa. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 39, n.3, p. 507-514, abr. 2005. TURATO, E. R. et al. Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: contribuições teóricas. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n.1, p. 17-27, jan. 2008 ZILLES, U.. Fundamentos ontológicos do conhecimento. In:_______Teoria do conhecimento. 5 ed. Porto Alegre: Ed. UCRS, 2006. Cap. 2, p. 30 – 41. (Texto 24, Coleção filosofia, 21)