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FAECAD FACULDADE EVANGÉLICA DE TECNOLOGIA, CIÊNCIAS
E BIOTECNOLOGIA.
LUIZ HENRIQUE CARVALHO DA SILVA
A HISTÓRIA E LITURGIA DA CEIA DO SENHOR:
DESDE A SUA INSTITUIÇÃO ATÉ OS NOSSOS DIAS
RIO DE JANEIRO/RJ
2017
FAECAD FACULDADE EVANGÉLICA DE TECNOLOGIA, CIÊNCIAS
E BIOTECNOLOGIA.
LUIZ HENRIQUE CARVALHO DA SILVA
A HISTÓRIA E LITURGIA DA CEIA DO SENHOR:
DESDE A SUA INSTITUIÇÃO ATÉ OS NOSSOS DIAS
Trabalho de conclusão de curso, apresentado a
Faecad Faculdade Evangélica Tecnologia, Ciência
e Biotecnologia, como exigência parcial para
obtenção de título de bacharel em Teologia.
Orientador: Professor Germano Soares Silva
RIO DE JANEIRO/RJ
2017
Dedico ao Senhor Jesus a realização
desse trabalho. Também lhe sou grato,
por ter orientado aos meus familiares a
me apoiarem sempre que necessário em
especial, ao meu filho Lucas.
A HISTÓRIA E LITURGIA DA CEIA DO SENHOR:
DESDE A SUA INSTITUIÇÃO ATÉ OS NOSSOS DIAS
LUIZ HENRIQUE CARVALHO DA SILVA•
RESUMO
Esse trabalho visa relatar a história existente na celebração da Ceia do Senhor,
desde a sua instituição, revelada nos versículos dos evangelhos, até os dias atuais.
Buscando respostas, para entendermos as teologias desenvolvidas, durante o
período que proporcionou as diferentes formas de celebração da ceia, nas igrejas
que se intitulam cristãs. Objetivando levar aos cristãos a refletirem e buscarem
realizar a ceia conforme a intenção daquele que a instituiu. O trabalho foi realizado
de forma cronológica, tendo como objetivo a determinação das datas dos eventos
revelados por teólogos, líderes eclesiásticos, historiadores; através da bibliografia e
órgãos oficiais das igrejas, conforme referências. O resultado da pesquisa revela
que; conforme as circunstâncias e a localidade foram inseridos preceitos que
tornaram a Ceia em uma liturgia diferente daquela que o fundador do cristianismo
prescreveu.
PALAVRAS CHAVES: COMUNHÃO, EUCARISTIA, PÃO, SACRAMENTO E
VINHO.
∗
Silva, Luiz Henrique Carvalho. Email: lhcsuiz@gmail.com
Trabalho de conclusão de curso, apresentado a Faecad, para exigência parcial para obtenção de
título de Bacharel em Teologia.
THE HISTORY AND LITURGY OF THE LORD'S SUPPER:
FROM YOUR INSTITUTION TO OUR DAYS
LUIZ HENRIQUE CARVALHO DA SILVA∗
ABSTRACT
This work aims to relate the history of the celebration of the Lord's Supper, from its
institution revealed in the verses of the Gospels to the present day. Looking for
answers, to understand the theologies developed during the period that provided, the
different forms of celebration of the supper in churches that call themselves
Christians. Aiming to lead Christians to reflect and seek to perform the supper
according to the intention of the one who instituted it. The work was carried out in a
chronological way, aiming at determining the dates of events revealed by
theologians, ecclesiastical leaders, historians; Through the bibliography and official
bodies of the churches, according to references. The result of the research reveals
that; According to circumstances and locality, precepts were inserted which made the
Supper in a liturgy different from that which the founder of Christianity prescribes.
KEY WORDS: COMMUNION, EUCHARIST, BREAD, SACRAMENTO AND WINE.
SUMÁRIO

Silva, Luiz Henrique Carvalho. Email: lhcsuiz@gmail.com
Completion of course work, presented to Faecad, for partial requirement to obtain a Bachelor's degree
in Theology.
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................1
2 DO PRIMEIRO AO QUARTO SÉCULO....................................................................3
2.1 A Instituição da Ceia...........................................................................................3
3 A IDADE MÉDIA........................................................................................................9
4 O SURGIMENTO DO PROTESTANTISMO............................................................13
5 NOSSOS DIAS.........................................................................................................16
5.1 A Ceia na Igreja Católica Romana ....................................................................17
Conforme o catecismo da igreja Católica Romana e Alberigo, a celebração da ceia
perfazem algumas das seguintes ordenanças:.......................................................17
5.3 A Ceia na Igreja Presbiteriana...........................................................................18
5.4 A Ceia das Testemunhas de Jeová...................................................................19
5.5 A Ceia nas demais Igrejas Evangélicas............................................................19
CONCLUSÃO.............................................................................................................20
REFERENCIAS...........................................................................................................22
1
1 INTRODUÇÃO
A Ceia do Senhor foi o nome que o apóstolo Paulo deu a ordenança feita
por Jesus, na noite anterior a sua crucificação, esse sacramento também é
conhecido por eucaristia ou santa ceia. O fundador do cristianismo nasceu na Judéia
e nesse período, existiam pelo menos, dois calendários; o romano, tendo como
referência a suposta fundação de Roma, pelos irmãos Rômulo e Remo e o judaico,
que se baseia nas escrituras do Tanakh, também conhecido como; Antigo
Testamento. Além da diferente contagem do tempo, no local em que Jesus nasceu,
haviam pelo menos três idiomas que eram pronunciados na Judéia; o hebraico,
aramaico e o grego. Yeshua Ben Yosef, que pronunciado no grego soa Iêsous e que
mais tarde foi transliterado para Jesus, do qual o mundo ocidental o conhece, deu
início a um movimento que veio a se chamar cristianismo, que significa; doutrina dos
cristãos, a palavra cristão, foi transliterada do latim Christianos, que significa
seguidores de Cristo, já a palavra Cristo é uma pronúncia escrita de Christos..
Levando-se em conta os calendários já citados e os registros dos evangelhos; Jesus
celebrou a ceia na páscoa judaica com os seus discípulos no ano de 783 A. U. C.
(Ab Urbcondita), segundo a contagem romana, ou pelo calendário judaico, no ano de
3790, que supõe ser o ano de 30 ou 33 D. C., da era cristã, calendário esse
inventado em 525 D. C. ou 1278 A. U. C., por Denis, o Exíguo, a pedido do papa
João I. Essas datas são aproximadas, pois não podemos precisar o ano, devido à
escassez de documentos da época e as diferentes opiniões dos pesquisadores.
Retornando ao tema motivador desse trabalho, se levar em consideração,
que um pedido do Senhor Jesus é uma ordenança, então, a Ceia do Senhor passa a
ser uma doutrina que os seus seguidores devem realizar. Com o crescimento da
comunidade messiânica, houve a necessidade de organizar essa doutrina e
consequentemente, começaram a vir os questionamentos; Quem poderia participar?
Seriam apenas os membros batizados? Quando devemos celebrar? Todos os dias?
Uma vez por semana, mês ou ano? Devemos beber vinho ou suco de uva? Enfim,
não são poucos as dúvidas a respeito de como e quando realizar a ceia, além disso,
há incertezas também quanto ao seu significado; É apenas uma lembrança? Um
simbolismo? Existe algo a ver com a páscoa instituída no Egito quando o povo de
Israel esteve escravo? O que parecia ser apenas uma simples instrução ordenada
2
pelo fundador do cristianismo, passou a ser algo amplamente discutido. Muitas
igrejas que hoje se autodenominam cristãs realizam a Ceia de formas diferentes.
Sobre o período abordado, destacam–se na literatura os trabalhos de
Alberigo (1995), Bellito (2014), Bíblia (2007), Carroll (2007), Catecismo (1998),
Eusébio (1999), Lutero (2001), Ryle (1900), Santos (2005), Schneider (2009), Sierra
(2014), Stern (2008) e Ursinus (1999), que serão relatadas através de uma
cronologia, divididas em capítulos, na seguinte ordem; Do primeiro ao quarto século,
Idade Média, Surgimento do protestantismo e Nossos dias.
O trabalho tem o objetivo de conhecer as liturgias criadas acerca da Ceia e
suas consequências, para que possamos aprender com os fatos dessa inebriante
história e contribuir para a realização do sacramento, conforme a ordenança de seu
idealizador.
3
2 DO PRIMEIRO AO QUARTO SÉCULO
2.1 A Instituição da Ceia
Na noite anterior a sua morte, segundo a narrativa do evangelho de Lucas,
o Senhor Jesus celebrava a páscoa com seus discípulos, em certo momento, tomou
um pão e o repartiu dizendo: “Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em
memória de mim. Semelhantemente depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é
o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós”.1
Essa
ordenança, por mais simples que pareça, é motivo de discussões e posicionamentos
diferentes entre as denominações cristãs, por esse motivo, seria bom detalharmos
os episódios da Ceia, que antecederam a sua crucificação.
A primeira questão que percebemos, é que a última ceia ocorreu na Páscoa
judaica e que provavelmente, essa festividade fosse a mais importante registrada no
Antigo Testamento, pois simboliza dentre outras coisas; o fim de um cativeiro e a
passagem para a formação de uma nova nação. Conforme relata o livro de Êxodo
“Este dia vos será por memorial e os celebrarei como solenidade ao Senhor; nas
vossas gerações o celebrarei por estatuto perpétuo”.2
Mesmo em diferentes
proporções, podemos notar a similaridade entre os símbolos e os significados de
ambas as festividades; a começar pela liberdade que o Messias proporciona e a
emancipação da escravidão no Egito; outra relevante semelhança é o cordeiro que
João Batista citou “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”3
, fazendo
uma alusão ao cordeiro sem defeito da Páscoa, e por fim, em ambas as ocasiões,
Deus, na pessoa do Pai e do Filho, determinou ao seu povo, que essas celebrações
fossem realizadas como ordenança perpétua.
1
LUCAS; Bíblia em português, A Bíblia de Estudo Anotada Expandida: Antigo e Novo Testamento,
Charles C. Ryrie, ed. rev. e expandida, ed. Mundo cristão, SBB, São Paulo, Tradução do texto Bíblico:
João Ferreira de Almeida, 2007, cap. 22; vers. de 19 e 20, págs. 1011 e 1012.
2
ÊXODO, Bíblia em português, A Bíblia de Estudo Anotada Expandida: Antigo e Novo Testamento,
Charles C. Ryrie – ed. rev. e expandida – ed. Mundo cristão, SBB, São Paulo, Tradução do texto
Bíblico: João Ferreira de Almeida, 2007.cap.12; vers.14, pág 72.
3
JOÃO, Bíblia em português A Bíblia de Estudo Anotada Expandida: Antigo e Novo Testamento,
Charles C. Ryrie, edição rev. e expandida, ed. Mundo cristão, SBB, São Paulo, Tradução do texto
Bíblico: João Ferreira de Almeida, 2007, cap. 1, vers. 29, pág 1021.
4
O segundo acontecimento na ceia a chamar nossa atenção, foi o repartir do
pão, essa tradição é mencionada em duas ocasiões; a primeira é de Stern apud
Shulam “isso pode ter sido um banquete celebratório que acompanha um
mandamento”.4
A outra menção é do catecismo da igreja católica, que confirma essa
possível tradição quando diz “este rito, próprio da refeição judaica foi utilizado por
Jesus, quando abençoava e distribuía o pão como presidente da mesa”.5
Logo após
a distribuição dos elementos, o Senhor Jesus disse que; eles eram ‘o seu corpo e o
seu sangue’, se referindo ao pão e o fruto da vide. Ele não poderia ter dito isso de
forma literal, pois Ele estava vivo. Esse gesto deve ser interpretado de forma
simbólica e que o façam em memória; isso enfatiza a ideia da necessidade, de que,
seus discípulos sempre estivessem em comunhão com Ele, observando os seus
ensinamentos e confiando plenamente n’Ele.
Nas palavras de Jesus, não encontramos uma data ou dia específico para a
realização da Ceia, nenhuma norma quanto a celebração ser; diária ou por quantas
vezes na semana, mês, ou até mesmo ao ano. Aparentemente, Jesus deixou a
critério de seus seguidores a época que deveria ser celebrada, também nada
menciona sobre acepção ou não de pessoas, mesmo porque Judas Iscariotes
participou da última ceia. A única observância a ser feita era que; fosse realizada a
distribuição do pão e do vinho, simbolizando o seu corpo e o seu sangue, em sua
memória.
2.2 A Ceia da Igreja Primitiva
Outro registro da ceia no novo testamento acontece aproximadamente vinte
anos após o Senhor Jesus ter instituído a Ceia, isso ocorreu através do apóstolo
Paulo, em uma carta, repreendendo a postura da igreja em Corinto “Porque, ao
comerdes, cada um toma antecipadamente, sua própria ceia; e há quem tenha fome,
ao passo que há também quem se embriague”.6
Não nos cabe aqui fazer um
julgamento dos cristãos de Corinto, mas o apóstolo percebeu a necessidade de
4
STERN, David H. Comentário judaico do novo testamento, ed. Atos, São Paulo, Tradutores: Regina
Aranha, Lena Aranha, Valéria Lamim, Pedro Bianco, Marson Guedes, Edinael Rocha e Célia Clavello,
2008. Comentário do cap. 26, versículo 2, segundo parágrafo, Pág 102.
5
CATECISMO da Igreja Católica, ed. Revisada conforme o texto oficial em Latim, edições Loyola, ed.
Vozes, Brasília 1998, pág 366.
6
1 CORÍNTIOS, Bíblia em português, A Bíblia de Estudo Anotada Expandida: Antigo e Novo
Testamento, Charles C. Ryrie – ed. rev. e expandida – ed. Mundo cristão, SBB, São Paulo, Tradução
do texto Bíblico: João Ferreira de Almeida, 2007.cap. 11, vers. 21, pág. 1120.
5
orientar essa comunidade e isso nos deixou o legado de como os cristãos devem
participar, em outras palavras; realizar a ceia na comunidade, no momento em que
todos os membros estivessem presentes, repartindo o pão, distribuindo o fruto da
videira sem acepção de pessoas e com o respeito devido pelo significado da
celebração. A orientação do apóstolo foi o último registro da Ceia nas escrituras.
2.3 Registros da Ceia à margem das Escrituras
Fora do Cânon, Novo Testamentário, existem registros da Ceia; o autor
Roberto Santos apud Plínio, que entre os anos 97 a 109 d. C. “os cristão se reuniam
antes do amanhecer, participando de uma refeição em comum”,7
já o livro História
Eclesiástico, que conta a história do cristianismo desde o primeiro até o quarto
século, também se encontram alguns registros sobre a Ceia; No século dois, um
grupo chamado ebionitas “também observavam o sábado e outras disciplinas dos
judeus, exatamente como eles, mas por outro lado, também celebravam os dias do
Senhor como nós, para comemorar sua ressurreição”.8
Isso pode sugerir que a Ceia
era celebrada semanalmente. Ainda no século dois, o historiador Eusébio nos revela
que na época do imperador Antonino Vero, os cristãos de Lion e da Gália, foram
perseguidos, torturados e assassinados, sendo que uma das acusações que faziam,
eram de que os cristãos praticavam ceias canibais, o historiador revela que em sua
defesa, Bíblias tinha dito “Como, disse ela, pessoas como essas poderiam devorar
crianças, se consideram impróprio provar até mesmo o sangue de animais
irracionais”,9
pois, de forma errônea, a população era persuadida a crer que comiam
o corpo de um defunto.
No final do século dois, ainda em História Eclesiástica, é registrada uma
divergência sobre os que praticavam o Quartodecimanismo, ou seja, aqueles que
observavam a páscoa conforme a tradição judaica em objeção aos bispos que
associavam a páscoa ao domingo, dia da ressurreição do Messias. Para evitar uma
possível inimizade entre o bispo Victor de Roma e o quartodecimanista Polícatres,
Eusébio nos conta que Irineu foi o intermediador, e esclarece já ter existido essa
7
SANTOS, Roberto dos Reis, A Santa Ceia, 5º impr., ed. CPAD, Rio de Janeiro, 2005, pág 58 e 59.
8
EUSÉBIO, História eclesiástica, ed. CPAD, Tradução, Lucy Iamakami (livros 1 a 8) e Luís Aron de
Macedo (livros 9 e 10), Rio de Janeiro, 1999, livro 3, cap. XXVII, pág.106.
9
EUSÉBIO, História eclesiástica, ed. CPAD, Tradução, Lucy Iamakami (livros 1 a 8) e Luís Aron de
Macedo (livros 9 e 10), Rio de Janeiro, 1999, livro 5, cap. I, pág.161 e 162.
6
pequena divergência entre Aniceto e Policarpo, mas que eles viviam em paz, como
relata “Mas os próprios presbíteros diante de vós, que não o observavam, enviaram
a eucaristia àqueles da igreja que o observavam”10
e ainda em outro trecho desse
texto “Aniceto cedeu a Policarpo, sem dúvida por respeito, ofício de consagrar; e se
separaram em paz, ficando toda a igreja em paz; tanto os que observavam quantos
aos que não, mantendo a paz”.11
Isso vem a demonstrar que a igreja tinha como
práxis, utilizar a eucaristia para selar a paz e confirmar que não havia ficado rugas
entre os irmãos. Outro fato digno de registro foi à comunhão de leigo, que era uma
celebração da eucaristia diferente para quem estivesse retornando ao caminho, isso
ocorreu entre os anos de 251 e 258 da era cristã, sobre isso, Eusébio cita Dionísio
“Um desses, não muito depois, voltou a sua igreja, lamentando e confessando o
erro, com quem também comungamos como leigo”.12
Esse tipo de comunhão pode
ser a mesma mencionada por Schneider “Aos leigos, portanto, começou a se
distribuir o pão eucarístico (embebido no vinho consagrado, nos ritos orientais)
diretamente na boca”.13
Ainda nesse período, Novato, autor da heresia cátaro,
obrigava aos fiéis a jurar–lhe fidelidade na hora da Ceia, só permitindo participar os
que prestassem o juramento, conforme registrado em História Eclesiástica “Jura a
mim, pelo corpo e sangue do nosso salvador Jesus Cristo que jamais me deixarás
nem te voltarás para Cornélio”.14
Em Antioquia, também no início do terceiro século,
ocorreu algo, que nos revela alguns dos pensamentos que os cristãos tinham acerca
dos elementos da ceia; um ancião que percebeu ter chegado a sua hora de morrer,
pediu ao seu neto que chamasse o presbítero, como o clérigo não pode acompanhar
o menino, deu lhe uma porção da eucaristia (possivelmente um pedaço de pão) e
lhe disse para umedecer em algum líquido e gotejar na boca do ancião, o menino
obedeceu e após receber as gotas, o homem que jazia, veio a falecer. Dionísio de
Alexandria, citado por Eusébio se posiciona em relação ao acontecido, com uma
10
EUSÉBIO, História eclesiástica, ed. CPAD, Tradução, Lucy Iamakami (livros 1 a 8) e Luís Aron de
Macedo (livros 9 e 10), Rio de Janeiro, 1999, livro 5, cap. XXIV, da pág.194.
11
EUSÉBIO, História eclesiástica, ed. CPAD, Tradução, Lucy Iamakami (livros 1 a 8) e Luís Aron de
Macedo (livros 9 e 10), Rio de Janeiro, 1999, livro 5, cap. XXIV, da pág.195.
12
EUSÉBIO, História eclesiástica, ed. CPAD, Tradução, Lucy Iamakami (livros 1 a 8) e Luís Aron de
Macedo (livros 9 e 10), Rio de Janeiro, 1999, livro 6, cap. XLIII, pág. 244.
13
SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre
a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed.
Raboni, 5º edição 2009.pág 59 4º parágrafo e pág. 60, 1º parágrafo.
14
EUSÉBIO, História eclesiástica, ed. CPAD, Tradução, Lucy Iamakami (livros 1 a 8) e Luís Aron de
Macedo (livros 9 e 10), Rio de Janeiro, 1999, livro 6, cap. XLIII, pág.245.
7
pergunta retórica: “Não foi ele, portanto, evidentemente preservado e não continuou
vivendo até ser absolvido e seus pecados serem removidos, para ser reconhecido
como crente pelos muitos bons atos que teria feito?”,15
evidenciando, quanto ‘O
Grande’, como era cognominado, considerava a eucaristia de suma importância para
o perdão dos pecados.
No bispado romano de Sixto, aproximadamente em 257 da era comum,
novamente Eusébio menciona Dionísio, que nos revela: “Pois a alguém que tivera o
hábito de ouvir ações de graça, e repetir o amém, e postar-se a mesa, e estender a
mão para receber os elementos sagrados”16
, sugerindo assim a forma que os
cristãos participavam da chamada eucaristia; de pé (postando-se) a mesa,
pronunciando o amém e estendendo as suas mãos para receber o elemento.
Entre o segundo e terceiro século, já existia certa adoração aos elementos,
alguns pais da igreja; compartilhavam do mesmo cuidado e veneração acerca do
pão ou do vinho; Schneider cita alguns deles, começando por Tertuliano “Sofremos
angústia a fim de que nada do Cálice e do pão caia no chão”,17
quanto à Orígenes
“Recebendo o corpo do Senhor, sabeis como deveis guarda-Lo com todo cuidado e
veneração, a fim de que não caia sequer um fragmento no chão e não se perca algo
do dom consagrado”,18
quanto a que Cirilo menciona, o autor de Dominus Est revela,
“Não deverias cuidar, com cautela e vigilância ainda maior, a fim de que nada e
sequer uma migalha do Corpo do Senhor possa cair no chão, porque é muito mais
precioso do que o ouro ou pedras preciosas?”.19
Dando prosseguimento aos registros da era patrística por Schneider, temos
João Crisóstomo, arcebispo de Constantinopla, que era um dos mais cuidadosos
quanto à liturgia da Ceia, o arcebispo expressou exortações acerca do pão e de
quem poderia participar da comunhão: “Vamos com a devida modéstia ao encontro
15
EUSÉBIO, História eclesiástica, ed. CPAD, Tradução, Lucy Iamakami (livros 1 a 8) e Luís Aron de
Macedo (livros 9 e 10), Rio de Janeiro, 1999, livro 6, cap. XLIV, pág.247.
16
EUSÉBIO, História eclesiástica, ed. CPAD, Tradução, Lucy Iamakami (livros 1 a 8) e Luís Aron de
Macedo (livros 9 e 10), Rio de Janeiro, 1999, livro 7, cap. IX, pág.254.
17
SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre
a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed.
Raboni, 5º edição 2009, pág. 48..
18
SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre
a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed.
Raboni, 5º edição 2009, pág. 48.
19
SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre
a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed.
Raboni, 5º edição 2009, págs. 47 e 48.
8
do rei dos céus. E ao receber esta hóstia santa e imaculada, beijemo-La”20
e ainda;
“Mesmo se alguém, por ignorância, se aproximar para receber a Comunhão,
impede-o, não temas. Teme a Deus, não o homem”.21
Entre o final do século IV e o início do século V, Agostinho, citado por
Schneider, orienta aos cristãos que, adorem o elemento antes de participarem da
ceia “Ninguém coma aquela Carne, se antes não a adorou. Pecamos se não a
adorarmos”.22
Essas transcrições sugerem a ideia de que, até o início do quinto
século, os elementos da ceia, pelo menos para alguns líderes, eram sacros.
2.4 A Igreja única, santa, católica e apostólica.
Além do que já foi mencionada sobre a Ceia, a igreja cristã nesse período,
adicionou novas práticas em seu dia a dia, tal e qual; o arrependimento (penitência),
o surgimento de imagens, a páscoa ‘cristã’, a escola catequética, o nome papa (que
significa pai) e também a construção das igrejas de grande amplidão. No início do
IV século, os cristãos são agraciados com o edito de tolerância, logo após a suposta
conversão do Imperador Constantino em 312, destarte, experimentam um período
de paz. Com a momentânea tranquilidade, a igreja pode lidar e tentar resolver
alguns assuntos internos, tal como; algumas diferenças teológicas. Para equacionar
as questões, Constantino patrocinou um encontro (concílio), o evento contou com
aproximadamente 318 bispos e o assunto mais discutido foi sobre a divindade de
Jesus, segundo Bellito, ela foi questionada por Ário que; “havia sustentado que
Jesus não era eterno nem incriado como Deus Pai”.23
Esse foi o primeiro concílio
conhecido por ecumênico, que além de discutir posições teológicas, deixou um
legado importante na história da igreja; construindo uma nova forma de
administração eclesiástica, antes, havia um tipo de isonomia nas igrejas, com pouca
20
SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre
a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed.
Raboni, 5º edição 2009, pág 67.
21
SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre
a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed.
Raboni, 5º edição 2009, pág 65.
22
SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre
a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed.
Raboni, 5º edição 2009, pág 41.
23
BELLITO, Christopher M. História dos 21 Concílios da Igreja, Tradução Cláudio Queiroz de Godói,
ed. Loyola, 2º edição São Paulo 2014, da pág 34.
9
influência do bispo de Jerusalém ou de Roma, a partir de Nicéia, começou a ser
formada uma direção episcopal, com um governo centralizado, confirmados pelos
cânones, conforme nos conta Alberigo; “Graças a elas, com o tempo foi se formando
uma constituição eclesiástica universal, que superou definitivamente o isolamento de
cada comunidade local, com o seu bispo”.24
Nos idos de 380, o Imperador Teodósio transformou o cristianismo na
religião oficial e convocou o segundo concílio ecumênico, chamado Constantinopla I,
que tinha como objetivo resolver os assuntos pendentes de Nicéia. Houve também
um acréscimo ao credo niceno, que preconiza a congregação cristã, conforme
registro do Catecismo Católico: “Creio na igreja, una, santa, católica e apostólica”.25
Durante esses primeiros quatro séculos, houve muitas transformações na
história do cristianismo; entre elas; a forma de culto, a formação canônica do novo
testamento, a administração eclesiástica e na Ceia do Senhor, consoante citações
anteriores, houve a sacralização dos elementos.
Foi uma época de perseguições, que geraram muito sofrimento, mas com
uma guinada surpreendente, onde a igreja foi transformada na religião oficial do
Império. Nessa transição para a idade média, já como religião oficial, o cristianismo
se encontrava em uma posição privilegiada. Esse conforto, porém, aumentava a
responsabilidade da igreja perante aos fiéis, pois era a soberana entre as demais
religiões, que passaram a ser de certa forma, clandestinas.
3 A IDADE MÉDIA
24
ALBERIGO, Giuseppe, História dos Concílios Ecumênicos, Tradução, José Maria de Almeida, ed.
Paulus, 1º edição 1995, 6º reimpressão 2015, São Paulo1995, pág 38, 1º parágrafo.
25
CATECISMO da Igreja Católica, ed. Revisada conforme o texto oficial em Latim, edições Loyola,
ed. Vozes, Brasília 1998, pág 59.
10
A Idade Média abrange um período de aproximadamente dez séculos,
tendo sido iniciada no quinto século com a queda do império romano, são muitas as
histórias desse milênio; entre elas, estão; o surgimento do islamismo, epidemias
(sendo a peste negra a mais temida), as cruzadas, monarcas históricos, que foram
considerados protetores da igreja, tal como Carlos Magno, Isabel de Castela e
Fernando de Aragão. Mas, contudo, a mais relevante para o nossa pesquisa, a
história eclesiástica, descrita por vários escritores e pelos concílios, que foram pelo
menos dezesseis, durante esse período (553 até 1512).
Um dos acontecimentos mais impactantes da igreja no período medieval
foi a ruptura entre o oriente e o ocidente, isso se deu início no concílio de Éfeso com
a diferença teológica acerca da cristologia, Segundo Bellitto de um lado estava
Nestório, defensor da tese que “Maria era a mãe apenas do Jesus humano”,26
enquanto Cirilo, porta voz do papa e opositor a Nestório, alegava que “O
nestorianismo dividia Jesus ao meio ao negar que o Jesus humano e o Jesus divino
era uma só pessoa”.27
Cirilo deu início aos trabalhos do concílio e condenou
Nestório, antes da chegada da maioria dos bispos orientais. Dois anos depois, esses
problemas foram resolvidos com uma trégua e a confirmação da condenação de
Nestório.
Em 867, mais uma rachadura no já tribulado relacionamento entre os
ocidentais e orientais; Fócio e Inácio disputavam quem seria o patriarca da igreja do
oriente e o papa Nicolau I interferiu na disputa e conferiu a Inácio o cargo, isso
causou uma revolta em alguns de Constantinopla, considerando uma intervenção
indevida do papa. Ainda muitas outras controvérsias ocorreriam entre as duas
lideranças, ambas listavam seus motivos e o rompimento acabou ocorrendo em
1054, dando novos ares a história do cristianismo.
No final da Idade Média, além do cisma do oriente, a igreja enfrentava
alguns problemas; o papa já não gozava de tanta simpatia, talvez pela influência
sobre os monarcas e o poder de veto nos concílios. Somando-se a isso, o comércio
das relíquias que foram difundidas através das histórias (ou estórias) de restos
mortais dos mártires e da cruz do calvário, formaram grande descontentamento nos
26
BELLITO, Christopher M. História dos 21 Concílios da Igreja, Tradução Cláudio Queiroz de Godói,
ed. Loyola, 2º edição São Paulo 2014, da pág 39.
27
BELLITO, Christopher M. História dos 21 Concílios da Igreja, Tradução Cláudio Queiroz de Godói,
ed. Loyola, 2º edição São Paulo 2014, pág 40.
11
leigos e até de alguns clérigos, que se rebelaram tal e qual; Pedro Val (Valdenses),
John Huss e Wicleff, dando a tônica do que estaria por vir.
3.1 A Ceia na Idade Média
Os elementos da Ceia do Senhor conforme relatado anteriormente, já eram
objetos de adoração, pois, os líderes eclesiásticos entendiam que após a
consagração, o pão era substituído pelo corpo de Cristo e o vinho, pelo seu sangue.
Segundo Schneider, surgiram novas práticas na liturgia; a primeira foi a genuflexão
(ação de dobrar o joelho ou os joelhos) “No ocidente, o gesto de se prostrar e se
ajoelhar antes de receber o Corpo do Senhor se observava nos ambientes
monásticos já a partir do século VI, mais tarde esse gesto divulgou-se ainda mais”28
outra prática mencionada por Schneider fora a forma como o pão era distribuído: “No
fim da era patrística, o costume de receber a sagrada comunhão diretamente na
boca tornou-se, pois, uma praxe já difundida e quase universal”.29
O Monge e Sacerdote, João Damasceno, que viveu entre os anos de 676 e
749, é mencionado em Dominus Est (É o Senhor), confirmando a sacralização do
elemento eucarístico “Do mesmo modo o, pão da Comunhão não é simples pão,
mas pão unido com a divindade”,30
outro importante relato com perguntas retóricas,
é de Francisco de Assis, citado em Dominus Est (É o Senhor), “Se abandona nas
nossas mãos e que todos os dias O temos e O recebemos em nossa boca? Quiçá
nos esquecemos que um dia seremos nós que cairemos nas suas mãos?”,31
dando a
entender que, pelo menos o frade, celebrava a eucaristia diariamente.
A partir de 1188, surgiram romances sobre o cálice da Ceia do Senhor;
Baigent, em seu livro intitulado Santo Graal e a Linhagem Sagrada, mencionam
algumas dessas narrativas, entre elas: “Afirmava-se que ele era a taça da última
28
SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre
a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed.
Raboni, 5º edição 2009, pág 34, 2º parágrafo.
29
SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre
a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed.
Raboni, 5º edição 2009, pág 34, 3º parágrafo.
30
SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre
a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed.
Raboni, 5º edição 2009, pág 59, 2º parágrafo.
31
SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre
a sagrada comunhão, ed. Raboni 5º edição, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor
Fonseca da Silva, 2009, pág 65, 3º parágrafo.
12
ceia, na qual José de Arimatéia mais tarde colheu o sangue de Jesus”.32
Em outra
oportunidade, o autor relata que, Maria Madalena teria levado o cálice para
Marselha; “Segundo outras narrativas, o cálice foi levado por Madalena à França. No
século IV, lendas descreviam Madalena partindo da Terra Santa e atracando em
Marselha, onde suas supostas relíquias são ainda veneradas”.33
Em 1215 foi realizado o concílio de Latrão IV, onde surgiu a palavra
transubstanciação e o dever da páscoa, conforme Bellitto menciona:
Bellito (2014, págs. 81 e 82)
O concílio de Latrão IV empregou uma palavra relativamente nova,
‘transubstanciação’, para descrever a antiga doutrina de que o pão e o vinho
se transformavam no corpo e o sangue de Jesus. Um cânone posterior
exigia a observação do célebre ‘dever da Páscoa’, ou seja, todos os cristãos
e cristãs deveriam comungar pelo menos a cada Páscoa, bem como
confessar os seus pecados no mínimo uma vez por ano.
.
Em meados do século XV, mas precisamente em 1453, houve um
acontecimento chamado milagre de Turim, segundo dom Bosco; uma hóstia (tipo de
pão) foi roubada junto com outros pertences da igreja, os saques tinham sido
colocados sobre um jumento, ao chegarem a um determinado local (Turim), o
jumento empacou, rompeu-se o pacote que continham os objetos roubados e a
hóstia resplandecente flutuou no ar e isso provocou um solene pedido do povo “ficai
conosco, Ó Senhor”.34
Nesse local foi levantada a igreja do corpo de Deus e o
arcebispo Luiz Franzoni determinou que a hóstia ficasse exposta a veneração
pública.
No final daquele século, a liturgia eucarística havia ganhado uma posição
relevante, se não era a principal, pelo menos figurava entre as doutrinas cristãs mais
populares. A Ceia chegou a ser retratada pelo mestre renascentista Leonardo da
Vinci, que chegou a ser investigado pelo santo ofício, órgão que era responsável
pela condenação ou absolvição de supostas heresias. Na investigação realizada
pelo Inquisidor Padre Agustín Leyre foi constatado detalhes que, certamente
32
BAIGENT, Michael; LEIGH, Richard e LINCOLN, Henry, O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, Ed.
Nova Fronteira, Tradução Nadir Ferrari, 1982, pág 291.
33
BAIGENT, Michael; LEIGH, Richard e LINCOLN, Henry, O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, Ed.
Nova Fronteira, Tradução Nadir Ferrari, 1982, pág 291 e 292.
34
BOSCO, Dom, História Eclesiástica, ed. Coleção P. S. S. 1946, capítulo VI, pág 203.
13
passaram despercebidos até os dias de hoje pelo grande público, que tivera a
oportunidade de visualizar a obra.
Entre os pormenores, Leyre descobriu que; padres, uma mulher e o busto
de Platão, serviram de modelo na Última Ceia. Um bibliotecário que representou
Judas Iscariotes, teria se enforcado; essas pessoas eram escolhidas por Leonardo,
que buscava traçar uma semelhança com os personagens da Ceia:
Sierra (2014, pág. 208)
Foi o caolho quem esclareceu suas dúvidas: não havia sido só o
bibliotecário o que posara para Judas. Outros frades, como Gilberto, haviam
se deixado retratar por ele, fazendo as vezes de apóstolos. O germano
encarnara Felipe e mas também Bartolomeu, os dois Tiagos ou André
tinham rostos cedidos pelos frades. Até o próprio Benedetto se prestara a
ser retratado como Tomé.
Consta ainda, que a imagem do apóstolo Simão na Última Ceia; foi
supostamente retratado pelo busto de Platão e Elena Crivelle foi a modelo que
Leonardo utilizou para retocar o apóstolo João conforme o próprio da Vinci relata no
livro de Sierra, “Está bem prior não negarei, Mas, antes que se zangue comigo, deve
saber que só utilizei a garota para dar certos retoques ao discípulo amado”35
Um
dos resultados da investigação de Padre Leyre, levou a descoberta que; Leonardo
da Vinci era um líder da heresia heterodoxa conhecida como Cátaro, conforme
descreve “Só me resta explicar porque vim para cá, o Egito, para escrever estas
linhas. E porque jamais denunciei a existência de uma comunidade de perfeitos
(cátaros) em Concorezzo, vinculada ao mestre Leonardo”.36
Assim ficou caracterizada a Ceia no fim da Idade Média; algumas histórias,
lendas, supertições e adoração aos elementos; que surgiram, por consequência da
suposta transubstanciação no pão e vinho.
.
4 O SURGIMENTO DO PROTESTANTISMO
35
SIERRA, Javier, A Ceia Secreta, ed. Planeta, São Paulo, Tradução, Sandra Martha Dolinsky, 2014,
pág 287, 1º parágrafo.
36
SIERRA, Javier, A Ceia Secreta, Tradução, Sandra Martha Dolinsky, ed. Planeta, São Paulo, 2014,
pág 308, 3º parágrafo.
14
Em quase mil e quinhentos anos de cristianismo, a igreja passou pelas
seguintes etapas; crescimento, perseguição, período de paz, até culminar no mais
surpreendente de todos, que foi a de ser declarada como a religião oficial do
império. Mesmo após a queda do império no ocidente, a igreja continuou tendo
muita influência entre os soberanos. Mas, ao que parecem, os fiéis e até alguns do
clero, não estavam satisfeitos com o rumo e as doutrinas que foram enxertadas na
igreja. Os aborrecimentos resultaram no cisma e a consequente divisão entre a
igreja do ocidente e oriente, após esse incidente; insurgentes como; Pedro Val
(Valdenses), João Huss, Wicleff e o mais bem sucedido de todos, Martin Lutero,
transformaram a história da igreja. Lutero, professor de teologia, elaborou um
documento e no dia 31 de outubro de 1517, anexou na porta da igreja do castelo de
Wittemberg; eram 95 teses; além disso; solicitava uma discussão sobre o enunciado.
As principais demandas que se fundamentaram o até então, monge, foram:
1) A salvação só poderia ser alcançada, através do arrependimento e pesar,
sendo que, esses procedimentos não poderiam ser confundidos com o
sacramento da punição.
2) Os cânones (estatutos papais) que delegavam poderes aos papas e
sacerdotes eram ineficazes, pois quem os criou, foram os próprios líderes
eclesiásticos. .
3) A venda de relíquias em troca de indulgências, para livrar a ‘alma’ do
purgatório, onde padeciam os familiares ou parentes que já haviam falecidos,
era uma exploração, pois o papa ou qualquer sacerdote eram impotentes
para penitenciar ou salvar quem já estivesse morto.
A imprensa de Gutenberg, que tinha sido inventada há um século, foi de
suma importância na divulgação do mais novo insurgente e de seus ideais, a venda
de relíquias caiu a ponto de Roma tomar uma atitude contra Lutero. Por não ter se
desculpado pelo que fez, o monge foi excomungado, conforme conta Canuto; “Mais
a partir daquele momento, seria considerado um herege e um fora-da-lei. Lutero foi
excomungado”.37
Contando com o apoio de adeptos a sua teologia, que era embasado apenas
nas escrituras (sola Scriptura), Lutero e os seus, formaram uma nova igreja,
mudando de forma definitiva a face do cristianismo. O espírito reformista se
37
CANUTO, Manoel, A fé Protestante, Ed. Os Puritanos, São Paulo, 2012, pág. 14, 2º parágrafo.
15
espalhou, surgiram; João Calvino e Ulrich Zwínglio que impulsionaram o
protestantismo na França e na Suíça respectivamente. A Inglaterra, possuidor de um
vasto Império na época da reforma, tivera em Henrique VIII e posteriormente na
rainha Elizabeth I, os protagonistas no rompimento com o papado. A partir de então,
o protestantismo não parou de crescer, talvez pelo acesso as escrituras e a
pregação no idioma nativo, o que contagiou a população europeia. Ainda no velho
continente, a reforma da reforma tem nome, são os Anabatistas; por conflitavam
com algumas doutrinas dos reformistas, enfrentaram grande oposição, conforme nos
revela Carroll “Em Zurique depois de muitas disputas entre Zwínglio e os
Anabatistas, o Senado promulgou uma lei, segundo a qual, aquele que se atrevesse
a batizar alguém que tivesse sido batizado antes, na infância, fosse afogado!”,38
mas
a nova doutrina de batizar apenas adultos, independente de sua religião de origem,
veio a ser o grande legado herdado pelas igrejas evangélicas (ramificações do
protestantismo) dos Anabatistas. Quanto a palavra evangélica, talvez tenha sido
pronunciada pela primeira vez de forma separatista de Roma, pelo reformador
alemão: “Isso que nem queremos ser papista, mas evangélico”.39
Em 2013 já existiam no mundo cerca de novecentos milhões de evangélicos,
conforme matéria da revista Mensageiro da Paz “Hoje, estima-se que haja cerca de
630 milhões de pentecostais no mundo, o que já representaria 70% de todos os
protestantes do planeta (atualmente em torno de 900 milhões).”.40
4.1 A Ceia no Protestantismo
Logo após a Dieta de Augsburgo, quando foram permitidos aos protestantes
de professarem a sua fé, Lutero percebeu que houve certo descaso pela Ceia, essa
reação inconsciente (ou não), pode ter sido causada pelas ordenanças papais antes
da reforma. Lutero exortou aos seus líderes para que deixassem de preguiça e
trabalhassem evangelizando e ensinando acerca do sacramento, mas, sem forçar ou
obrigar, como faziam os papas. O reformista alemão considerava a Ceia um dos
sacramentos e que a partir da consagração, os elementos “são o verdadeiro corpo e
38
CARROLL, James Milton, O Rasto de Sangue, ed. Palavra Prudente, Tradutor Paul Hatcher, 2007,
págs. 10 a 15.
39
LUTERO, Martim; Eucaristia - Louvor e Dádiva, adaptação do texto Rui J. Bender, ed. Sinodal, co
ed. Concórdia, Rio Grande do Sul, 2001, pág 27.
40
MATÉRIA DE CAPA, Pentecostalismo manterá Protestantismo Vivo, Mensageiro da Paz da editora
CPAD, 27 de Dezembro de 2012, Capa e páginas 4 e 5.
16
sangue do nosso Senhor Jesus Cristo para ser comido e bebido por nós, cristãos,
sob o pão e o vinho. Este sacramento foi instituído pelo próprio Cristo”.41
Lutero se
posicionava de forma contrária em relação às observâncias romanas que ele próprio
vivenciou na celebração da Ceia, como por exemplo; procissões, adornos, venda do
sacramento tanto para vivos, quanto para mortos e inclusive o examinar-se; pois ao
citar Paulo, Lutero afirma que o apóstolo estava se referindo especificamente à
comunidade de Coríntios “Meu caro, você não vê contra que Paulo estava falando?
Contra aqueles que se atiravam sobre o sacramento feito porcos e faziam dele uma
comilança para o corpo”.42
Já Calvino, acreditava que os elementos materiais
nutritivos, são símbolos da nutrição espiritual, conforme nos revela Ursinus:
Ursinus (2005, pág. 62)
A água do batismo não se transforma no sangue de Cristo nem tira os
pecados. Ela é somente um sinal divino e uma garantia disso. Igualmente o
pão da santa ceia não se transforma no próprio corpo de Cristo, mesmo que
seja chamado “corpo de Cristo”, conforme a natureza e o uso dos
sacramentos.
Na Suíça, Ulrich Zwínglio tinha uma teologia referente à ceia, diferente dos
demais reformistas, como nos conta Santos “A presença de Cristo na Ceia dava-se
através da comunidade presente na celebração, ou seja, a transubstanciação ocorria
não nos elementos (pão e vinho), mas na congregação reunida”.43
Conforme foram surgindo as diferentes denominações evangélicas
originadas do protestantismo, a Ceia passou a ser celebrada conforme os pais da
reforma ensinaram. Alguns seguiram a forma de Lutero, outros de Calvino, alguns
ainda de Henrique VIII e ainda havia que se identificasse com a direção de Zwínglio.
5 NOSSOS DIAS
Nesse último capítulo, vamos falar sobre os dias atuais, hoje, o mundo
cristão se divide basicamente nas seguintes vertentes; a igreja católica, ortodoxa e
as evangélicas, que são ramificações do protestantismo.
41
LUTERO, Martim; Catecismo Menor, ed. Sinodal, São Paulo 1995.
42
LUTERO, Martim; Eucaristia - Louvor e Dádiva, adaptação do texto Rui J. Bender, ed. Sinodal, co
ed. Concórdia, Rio Grande do Sul, 2001, pág 58, 2º parágrafo.
43
SANTOS, Roberto dos Reis, A Santa Ceia, ed. CPAD, 2005, 5º impressão, 2016; pág 55.
17
A igreja romana e ortodoxa, pouco mudaram em relação ao final da Idade
Média, o que não podemos dizer o mesmo em relação aos evangélicos, isso se
formos comparar com os primeiros reformistas. Alguns evangélicos atuais diferem
em alguns pontos dos seus progenitores; a maioria das igrejas passaram a batizar
apenas os adultos, algumas observam a guarda do sábado, entre elas estão; a
Adventista e a Batista do Sétimo Dia e outra ainda, bastante conhecida pela
distância de algumas doutrinas da Reforma é a Testemunha de Jeová, que apesar
de acreditar que Jesus é o messias, discorda em relação a divindade do filho do
homem. Quanto a Ceia, vamos detalhar como celebram algumas vertentes do
cristianismo nos dias atuais.
5.1 A Ceia na Igreja Católica Romana
Conforme o catecismo da igreja Católica Romana e Alberigo, a celebração da ceia
perfazem algumas das seguintes ordenanças:
a) “O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício: É
uma só e mesma vítima, é o mesmo que oferece agora pelo ministério dos
sacerdotes, que se oferece a si mesmo então na cruz”.44
b) “Só os Sacerdotes validamente ordenados podem presidir a Eucaristia e
consagrar o pão e o vinho para que se tornem o Corpo e o Sangue do
Senhor”.45
c) “Por meio da consagração opera-se a transubstanciação, do pão e do vinho
no Corpo e no sangue de Cristo”. 46
d) “Enquanto sacrifício, a Eucaristia é também oferecida em reparação dos
pecados dos vivos e dos defuntos, e para obter de Deus benefícios espirituais
e temporais”47
44
CATECISMO da Igreja Católica, ed. Revisada conforme o texto oficial em Latim, edições Loyola,
ed. Vozes, Brasília 1998, págs. 376 e 377, vers. 1367.
45
CATECISMO da Igreja Católica, ed. Revisada conforme o texto oficial em Latim, edições Loyola,
ed. Vozes, Brasília 1998, pág 390, vers. 1411.
46
CATECISMO da Igreja Católica, ed. Revisada conforme o texto oficial em Latim, edições Loyola,
ed. Vozes, Brasília 1998, pág 390, vers. 1413.
47
CATECISMO da Igreja Católica, ed. Revisada conforme o texto oficial em Latim, edições Loyola,
ed. Vozes, Brasília 1998, pág 390, vers. 1414.
18
e) “A respeito da comunhão, o concílio afirma que a comunhão sob a espécie do
pão é completa, mas não feche a porta para concessão, pelo Papa da
comunhão com o cálice”.48
5.2 A Ceia na Igreja Luterana
A igreja Luterana celebra a Ceia, de acordo com o Catecismo de Lutero e/ou A
Confissão de Augsburgo, conforme descrito:
a) “É o verdadeiro corpo e sangue do nosso Senhor Jesus Cristo, para ser
comido e bebido por nós cristãos, sob o pão e o vinho”.49
b) “Da ordem eclesiástica se ensina que sem chamada regular, ninguém deve
publicamente ensinar ou pregar ou administrar os sacramentos da igreja”.50
5.3 A Ceia na Igreja Presbiteriana
A igreja Presbiteriana é a continuidade da doutrina calvinista e observa a seguinte
liturgia da ceia, que Ursinus nos revela:
- Em relação aos ímpios e incrédulos:
a) “Por isso, a igreja cristã tem a obrigação, conforme o mandamento de Cristo
e seus apóstolos, de excluir tais pessoas pelas chaves do reino dos céus, até
que demonstrem arrependimento”51
- Acrescentando ao que já fora mencionado anteriormente, em relação ao pão e o
vinho:
b) “Ele nos quer ensinar que seu corpo crucificado e seu sangue derramado são
o verdadeiro alimento e bebida de nossa alma, para a vida eterna, assim
como pão e vinho mantém a vida temporária”52
48
ALBERIGO, Giuseppe, História dos Concílios Ecumênicos, ed. Paulus, 1º edição 1995, 6º
reimpressão 2015, São Paulo Tradução, José Maria de Almeida 1995, pág 344.
49
LUTERO, Martim; Catecismo Menor, ed. Sinodal, São Paulo 1995, pág. 23.
50
AUGSBURG,Confissão de, Edição Comemorativa (1530-2005), editoras; Sindal, Concórdia e
Encontro Publicações, Porto Alegre, Tradução; Arnaldo Schuler, 2005, Artigo XIV, pág 16.
51
URSINUS, Zacarias e OLIVIANUS, Gaspar, Padrões doutrinários da Igreja Reformada, Confissão
Belga e Catecismo de Heidelberg, Tradução, Missão Reformada do Brasil, Ed. Cultura Cristã pág 63.
52
URSINUS, Zacarias e OLIVIANUS, Gaspar, Padrões doutrinários da Igreja Reformada, Confissão
Belga e Catecismo de Heidelberg, Tradução, Missão Reformada do Brasil, Ed. Cultura Cristã pág 62.
19
- Quanto a missa da Igreja Católica:
c) “A missa, então, no fundo, não é outra coisa senão a negação do único
sacrifício e sofrimento de Cristo e uma idolatria abominável”.53
5.4 A Ceia das Testemunhas de Jeová.
A ceia na Igreja dos testemunhas de Jeová difere das demais denominações cristãs,
segundo a Torre de Vigia, através de seu livro entitulado; O Que a Bíblia nos Ensina;
a celebração segue a seguinte ordem:
:
a) “Essa Ceia substituiu a Páscoa judaica e, portanto, deve ser celebrada
apenas uma vez por ano”.54
b) “Assim, tanto o pão como o vinho são apenas símbolos”.55
_
Quem deve comer do pão e beber do vinho?
c) “Apenas os que estão no novo pacto (os cento e quarenta e quatro mil) isto é,
aqueles que tem a esperança de ir para o céu, devem comer do pão e beber
do vinho”.56
Quanto aos que tem esperança de viver para sempre no paraíso
da terra: “Eles obedecem a ordem de Jesus e assistem a Ceia do senhor,
mas comparecem como observadores respeitosos, não como participantes do
pão e do vinho”.57
5.5 A Ceia nas demais Igrejas Evangélicas
A celebração da Ceia na maioria das igrejas evangélicas tradicionais e
pentecostais, segundo Downing, se dão da seguinte forma:
a) “Devem participar da Ceia do Senhor, somente os crentes que foram
batizados e, são membros dessa assembleia local e mantêm uma
53
URSINUS, Zacarias e OLIVIANUS, Gaspar, Padrões doutrinários da Igreja Reformada, Confissão
Belga e Catecismo de Heidelberg, Tradução, Missão Reformada do Brasil, Ed. Cultura Cristã pág 63.
54
O QUE A BÍBLIA REALMENTE ENSINA, Ed. Watchtower bible and Tract Society of Pennsylvania e
Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, Cesário Lange, São Paulo, 2015, págs. 206.
55
O QUE A BÍBLIA REALMENTE ENSINA, Ed. Watchtower bible and Tract Society of Pennsylvania e
Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, Cesário Lange, São Paulo, 2015, págs. 207.
56
O QUE A BÍBLIA REALMENTE ENSINA, Ed. Watchtower bible and Tract Society of Pennsylvania e
Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, Cesário Lange, São Paulo, 2015, págs. 207.
57
O QUE A BÍBLIA REALMENTE ENSINA, Ed. Watchtower bible and Tract Society of Pennsylvania e
Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, Cesário Lange, São Paulo, 2015, págs. 208.
20
caminhada ordenada”.58
e ainda;
(Downing, 2008, pág. 305)
“Esta observância é simbólica e memorial, e de forma alguma é um
sacramento ou ‘meios visíveis da graça’ de tal forma que a igreja participa
de Cristo literalmente como no Romanismo, ou misticamente como no
Luteranismo e tradição Reformada”.
A forma de celebrar a Ceia, conforme o manual da igreja Adventista do
Sétimo Dia, deve ser:
(Manual da Igreja Adventista, 2015, pág. 129)
A cerimônia deve ser sempre uma experiência solene, mas nunca sombria.
Erros foram corrigidos, pecados foram perdoados e a fé reafirmada. É
tempo para celebração. Que a música seja vibrante e alegre. A cerimônia
deve terminar em tom vibrante, com uma apresentação musical ou canto
congregacional, seguido pela despedida.
Quanto, ao (s) dia (s) a ser (em) celebrada a Ceia, difere conforme a
denominação cristã. Entre as inúmeras existentes; A Assembléia de Deus de
Vassouras, conforme a reformulação do seu regimento interno, a Ceia do Senhor a
celebra semanalmente, conforme consta:
a) “A Santa Ceia do Senhor será celebrada todos os Domingos, das 19h às
21h, conforme o costume da Igreja Bíblica Primitiva [Atos 20.7]”.59
CONCLUSÃO
O desenvolvimento do presente trabalho possibilitou uma análise de como a
Ceia do Senhor foi instituida, de que forma passou a ser celebrada e como está
sendo ministrada. Isso foi possível, após traçar um paralelo entre a historiografia da
igreja com a da Ceia. Santos apud Mário Rehfeldt, relata o tipo de celebração que
havia no início da comunidade cristã.
58
DOWNING, William R., Um Catecismo Batista, ed. Publicações P.I.R.S. Tradutor Hiriate Luiz
Fontouro, 2008, pág. 311.
59
REGIMENTO Interno da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, CNPJ nº 04.045.052/0001-35, São
Paulo, 2010.
21
Na igreja antiga, a Santa Ceia constituiu o ponto ciulminante do culto
cristão. É no momento da celebração da ceia que se reavalia a unidade e a
comunhão crista. É por essa razão, é que a celebração da ceia sucedia a
festa do amor durante os primeiros anos da igreja. Realizava-se a ceia com
o pão e o vinho utilizado na festa do amor, onde os membros partilhavam os
alimentos que traziam, numa verdadeira festa de amor e confraternização,
celebrando a comunhão horizontal profetizada por João “Se andarmos na
luz, como Ele está na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o
sanfue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado”(1 João 1;
7).60
Após esse período, a ceia passou a ser celebrada conforme as circunstância
e características de cada cidade; em certos locais as reuniões eram relizadas de
forma desorganizada, em outros de forma mais tímida, isso devido a perseguição.
Mas, o que de mais relevante podemos ressaltar foram a quantidade de preceitos
enxertados na celebração da Ceia. Com o acontecimento da reforma protestante,
houve mudanças significativas nas doutrinas eclesiásticas e inclusive na celebração
da Ceia. Isso foi alvo de controvérsias e consequentemente muitos debates entre
seus membros, na tentativa de realizar a ordenança mais voltada aos princípios
bíblicos.
As ferramentas utilizadas para o trabalho foram as referências bibliográfica,
eletrônica e revistas; em especial; a Bíblia e os livros dos seguintes autores:
Alberigo, Bellito, Calvino, Eusébio, Lutero e Schneider, que me possibilitaram um
apanhado de registros históricos, que me fizeram compreender os acréssimos e as
mudanças da liturgia da ceia, desde a sua instituição até os dias atuais.
Sendo uma das principais ordenanças do cristianismo, é necessário que
haja uma maior reflexão e um estudo mais detalhado sobre o assunto, permitindo
aos membros de suas respectivas denominações cristãs, estarem concientes da
forma de celebração, cada vez mais próxima da idealizada quando foi instituida.
O objetivo da pesquisa que tinha por finalidade entender o porque das
diferentes formas de celebração da ceia, fora alcançado, na medida que fatos
históricos foram revelados, respondendo os questionamentos das lacunas deixadas
através do tempo. Que a igreja cristã, independente da denominação, volte a realizar
a Ceia conforme os primeiros cristãos, que celebravam da forma que o seu
idealizador determinou.
60
SANTOS, Roberto dos Reis, A Santa Ceia, ed. CPAD, 2005, 5º impressão, 2016; pág 55.
22
REFERENCIAS
ALBERIGO, Giuseppe, História dos Concílios Ecumênicos, ed. Paulus, 1º edição
1995, 6º reimpressão 2015, São Paulo Tradução, José Maria de Almeida 1995.
AUGSBURG, Confissão de, Edição Comemorativa (1530-2005), editoras; Sindal,
Concórdia e Encontro Publicações, Porto Alegre, Tradução; Arnaldo Schuler, 2005.
BAIGENT, Michael; LEIGH, Richard e LINCOLN, Henry, O Santo Graal e a
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A História da Ceia do Senhor

  • 1. FAECAD FACULDADE EVANGÉLICA DE TECNOLOGIA, CIÊNCIAS E BIOTECNOLOGIA. LUIZ HENRIQUE CARVALHO DA SILVA A HISTÓRIA E LITURGIA DA CEIA DO SENHOR: DESDE A SUA INSTITUIÇÃO ATÉ OS NOSSOS DIAS RIO DE JANEIRO/RJ 2017
  • 2. FAECAD FACULDADE EVANGÉLICA DE TECNOLOGIA, CIÊNCIAS E BIOTECNOLOGIA. LUIZ HENRIQUE CARVALHO DA SILVA A HISTÓRIA E LITURGIA DA CEIA DO SENHOR: DESDE A SUA INSTITUIÇÃO ATÉ OS NOSSOS DIAS Trabalho de conclusão de curso, apresentado a Faecad Faculdade Evangélica Tecnologia, Ciência e Biotecnologia, como exigência parcial para obtenção de título de bacharel em Teologia. Orientador: Professor Germano Soares Silva RIO DE JANEIRO/RJ 2017
  • 3. Dedico ao Senhor Jesus a realização desse trabalho. Também lhe sou grato, por ter orientado aos meus familiares a me apoiarem sempre que necessário em especial, ao meu filho Lucas.
  • 4. A HISTÓRIA E LITURGIA DA CEIA DO SENHOR: DESDE A SUA INSTITUIÇÃO ATÉ OS NOSSOS DIAS LUIZ HENRIQUE CARVALHO DA SILVA• RESUMO Esse trabalho visa relatar a história existente na celebração da Ceia do Senhor, desde a sua instituição, revelada nos versículos dos evangelhos, até os dias atuais. Buscando respostas, para entendermos as teologias desenvolvidas, durante o período que proporcionou as diferentes formas de celebração da ceia, nas igrejas que se intitulam cristãs. Objetivando levar aos cristãos a refletirem e buscarem realizar a ceia conforme a intenção daquele que a instituiu. O trabalho foi realizado de forma cronológica, tendo como objetivo a determinação das datas dos eventos revelados por teólogos, líderes eclesiásticos, historiadores; através da bibliografia e órgãos oficiais das igrejas, conforme referências. O resultado da pesquisa revela que; conforme as circunstâncias e a localidade foram inseridos preceitos que tornaram a Ceia em uma liturgia diferente daquela que o fundador do cristianismo prescreveu. PALAVRAS CHAVES: COMUNHÃO, EUCARISTIA, PÃO, SACRAMENTO E VINHO. ∗ Silva, Luiz Henrique Carvalho. Email: lhcsuiz@gmail.com Trabalho de conclusão de curso, apresentado a Faecad, para exigência parcial para obtenção de título de Bacharel em Teologia.
  • 5. THE HISTORY AND LITURGY OF THE LORD'S SUPPER: FROM YOUR INSTITUTION TO OUR DAYS LUIZ HENRIQUE CARVALHO DA SILVA∗ ABSTRACT This work aims to relate the history of the celebration of the Lord's Supper, from its institution revealed in the verses of the Gospels to the present day. Looking for answers, to understand the theologies developed during the period that provided, the different forms of celebration of the supper in churches that call themselves Christians. Aiming to lead Christians to reflect and seek to perform the supper according to the intention of the one who instituted it. The work was carried out in a chronological way, aiming at determining the dates of events revealed by theologians, ecclesiastical leaders, historians; Through the bibliography and official bodies of the churches, according to references. The result of the research reveals that; According to circumstances and locality, precepts were inserted which made the Supper in a liturgy different from that which the founder of Christianity prescribes. KEY WORDS: COMMUNION, EUCHARIST, BREAD, SACRAMENTO AND WINE. SUMÁRIO  Silva, Luiz Henrique Carvalho. Email: lhcsuiz@gmail.com Completion of course work, presented to Faecad, for partial requirement to obtain a Bachelor's degree in Theology.
  • 6. 1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................1 2 DO PRIMEIRO AO QUARTO SÉCULO....................................................................3 2.1 A Instituição da Ceia...........................................................................................3 3 A IDADE MÉDIA........................................................................................................9 4 O SURGIMENTO DO PROTESTANTISMO............................................................13 5 NOSSOS DIAS.........................................................................................................16 5.1 A Ceia na Igreja Católica Romana ....................................................................17 Conforme o catecismo da igreja Católica Romana e Alberigo, a celebração da ceia perfazem algumas das seguintes ordenanças:.......................................................17 5.3 A Ceia na Igreja Presbiteriana...........................................................................18 5.4 A Ceia das Testemunhas de Jeová...................................................................19 5.5 A Ceia nas demais Igrejas Evangélicas............................................................19 CONCLUSÃO.............................................................................................................20 REFERENCIAS...........................................................................................................22
  • 7. 1 1 INTRODUÇÃO A Ceia do Senhor foi o nome que o apóstolo Paulo deu a ordenança feita por Jesus, na noite anterior a sua crucificação, esse sacramento também é conhecido por eucaristia ou santa ceia. O fundador do cristianismo nasceu na Judéia e nesse período, existiam pelo menos, dois calendários; o romano, tendo como referência a suposta fundação de Roma, pelos irmãos Rômulo e Remo e o judaico, que se baseia nas escrituras do Tanakh, também conhecido como; Antigo Testamento. Além da diferente contagem do tempo, no local em que Jesus nasceu, haviam pelo menos três idiomas que eram pronunciados na Judéia; o hebraico, aramaico e o grego. Yeshua Ben Yosef, que pronunciado no grego soa Iêsous e que mais tarde foi transliterado para Jesus, do qual o mundo ocidental o conhece, deu início a um movimento que veio a se chamar cristianismo, que significa; doutrina dos cristãos, a palavra cristão, foi transliterada do latim Christianos, que significa seguidores de Cristo, já a palavra Cristo é uma pronúncia escrita de Christos.. Levando-se em conta os calendários já citados e os registros dos evangelhos; Jesus celebrou a ceia na páscoa judaica com os seus discípulos no ano de 783 A. U. C. (Ab Urbcondita), segundo a contagem romana, ou pelo calendário judaico, no ano de 3790, que supõe ser o ano de 30 ou 33 D. C., da era cristã, calendário esse inventado em 525 D. C. ou 1278 A. U. C., por Denis, o Exíguo, a pedido do papa João I. Essas datas são aproximadas, pois não podemos precisar o ano, devido à escassez de documentos da época e as diferentes opiniões dos pesquisadores. Retornando ao tema motivador desse trabalho, se levar em consideração, que um pedido do Senhor Jesus é uma ordenança, então, a Ceia do Senhor passa a ser uma doutrina que os seus seguidores devem realizar. Com o crescimento da comunidade messiânica, houve a necessidade de organizar essa doutrina e consequentemente, começaram a vir os questionamentos; Quem poderia participar? Seriam apenas os membros batizados? Quando devemos celebrar? Todos os dias? Uma vez por semana, mês ou ano? Devemos beber vinho ou suco de uva? Enfim, não são poucos as dúvidas a respeito de como e quando realizar a ceia, além disso, há incertezas também quanto ao seu significado; É apenas uma lembrança? Um simbolismo? Existe algo a ver com a páscoa instituída no Egito quando o povo de Israel esteve escravo? O que parecia ser apenas uma simples instrução ordenada
  • 8. 2 pelo fundador do cristianismo, passou a ser algo amplamente discutido. Muitas igrejas que hoje se autodenominam cristãs realizam a Ceia de formas diferentes. Sobre o período abordado, destacam–se na literatura os trabalhos de Alberigo (1995), Bellito (2014), Bíblia (2007), Carroll (2007), Catecismo (1998), Eusébio (1999), Lutero (2001), Ryle (1900), Santos (2005), Schneider (2009), Sierra (2014), Stern (2008) e Ursinus (1999), que serão relatadas através de uma cronologia, divididas em capítulos, na seguinte ordem; Do primeiro ao quarto século, Idade Média, Surgimento do protestantismo e Nossos dias. O trabalho tem o objetivo de conhecer as liturgias criadas acerca da Ceia e suas consequências, para que possamos aprender com os fatos dessa inebriante história e contribuir para a realização do sacramento, conforme a ordenança de seu idealizador.
  • 9. 3 2 DO PRIMEIRO AO QUARTO SÉCULO 2.1 A Instituição da Ceia Na noite anterior a sua morte, segundo a narrativa do evangelho de Lucas, o Senhor Jesus celebrava a páscoa com seus discípulos, em certo momento, tomou um pão e o repartiu dizendo: “Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós”.1 Essa ordenança, por mais simples que pareça, é motivo de discussões e posicionamentos diferentes entre as denominações cristãs, por esse motivo, seria bom detalharmos os episódios da Ceia, que antecederam a sua crucificação. A primeira questão que percebemos, é que a última ceia ocorreu na Páscoa judaica e que provavelmente, essa festividade fosse a mais importante registrada no Antigo Testamento, pois simboliza dentre outras coisas; o fim de um cativeiro e a passagem para a formação de uma nova nação. Conforme relata o livro de Êxodo “Este dia vos será por memorial e os celebrarei como solenidade ao Senhor; nas vossas gerações o celebrarei por estatuto perpétuo”.2 Mesmo em diferentes proporções, podemos notar a similaridade entre os símbolos e os significados de ambas as festividades; a começar pela liberdade que o Messias proporciona e a emancipação da escravidão no Egito; outra relevante semelhança é o cordeiro que João Batista citou “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”3 , fazendo uma alusão ao cordeiro sem defeito da Páscoa, e por fim, em ambas as ocasiões, Deus, na pessoa do Pai e do Filho, determinou ao seu povo, que essas celebrações fossem realizadas como ordenança perpétua. 1 LUCAS; Bíblia em português, A Bíblia de Estudo Anotada Expandida: Antigo e Novo Testamento, Charles C. Ryrie, ed. rev. e expandida, ed. Mundo cristão, SBB, São Paulo, Tradução do texto Bíblico: João Ferreira de Almeida, 2007, cap. 22; vers. de 19 e 20, págs. 1011 e 1012. 2 ÊXODO, Bíblia em português, A Bíblia de Estudo Anotada Expandida: Antigo e Novo Testamento, Charles C. Ryrie – ed. rev. e expandida – ed. Mundo cristão, SBB, São Paulo, Tradução do texto Bíblico: João Ferreira de Almeida, 2007.cap.12; vers.14, pág 72. 3 JOÃO, Bíblia em português A Bíblia de Estudo Anotada Expandida: Antigo e Novo Testamento, Charles C. Ryrie, edição rev. e expandida, ed. Mundo cristão, SBB, São Paulo, Tradução do texto Bíblico: João Ferreira de Almeida, 2007, cap. 1, vers. 29, pág 1021.
  • 10. 4 O segundo acontecimento na ceia a chamar nossa atenção, foi o repartir do pão, essa tradição é mencionada em duas ocasiões; a primeira é de Stern apud Shulam “isso pode ter sido um banquete celebratório que acompanha um mandamento”.4 A outra menção é do catecismo da igreja católica, que confirma essa possível tradição quando diz “este rito, próprio da refeição judaica foi utilizado por Jesus, quando abençoava e distribuía o pão como presidente da mesa”.5 Logo após a distribuição dos elementos, o Senhor Jesus disse que; eles eram ‘o seu corpo e o seu sangue’, se referindo ao pão e o fruto da vide. Ele não poderia ter dito isso de forma literal, pois Ele estava vivo. Esse gesto deve ser interpretado de forma simbólica e que o façam em memória; isso enfatiza a ideia da necessidade, de que, seus discípulos sempre estivessem em comunhão com Ele, observando os seus ensinamentos e confiando plenamente n’Ele. Nas palavras de Jesus, não encontramos uma data ou dia específico para a realização da Ceia, nenhuma norma quanto a celebração ser; diária ou por quantas vezes na semana, mês, ou até mesmo ao ano. Aparentemente, Jesus deixou a critério de seus seguidores a época que deveria ser celebrada, também nada menciona sobre acepção ou não de pessoas, mesmo porque Judas Iscariotes participou da última ceia. A única observância a ser feita era que; fosse realizada a distribuição do pão e do vinho, simbolizando o seu corpo e o seu sangue, em sua memória. 2.2 A Ceia da Igreja Primitiva Outro registro da ceia no novo testamento acontece aproximadamente vinte anos após o Senhor Jesus ter instituído a Ceia, isso ocorreu através do apóstolo Paulo, em uma carta, repreendendo a postura da igreja em Corinto “Porque, ao comerdes, cada um toma antecipadamente, sua própria ceia; e há quem tenha fome, ao passo que há também quem se embriague”.6 Não nos cabe aqui fazer um julgamento dos cristãos de Corinto, mas o apóstolo percebeu a necessidade de 4 STERN, David H. Comentário judaico do novo testamento, ed. Atos, São Paulo, Tradutores: Regina Aranha, Lena Aranha, Valéria Lamim, Pedro Bianco, Marson Guedes, Edinael Rocha e Célia Clavello, 2008. Comentário do cap. 26, versículo 2, segundo parágrafo, Pág 102. 5 CATECISMO da Igreja Católica, ed. Revisada conforme o texto oficial em Latim, edições Loyola, ed. Vozes, Brasília 1998, pág 366. 6 1 CORÍNTIOS, Bíblia em português, A Bíblia de Estudo Anotada Expandida: Antigo e Novo Testamento, Charles C. Ryrie – ed. rev. e expandida – ed. Mundo cristão, SBB, São Paulo, Tradução do texto Bíblico: João Ferreira de Almeida, 2007.cap. 11, vers. 21, pág. 1120.
  • 11. 5 orientar essa comunidade e isso nos deixou o legado de como os cristãos devem participar, em outras palavras; realizar a ceia na comunidade, no momento em que todos os membros estivessem presentes, repartindo o pão, distribuindo o fruto da videira sem acepção de pessoas e com o respeito devido pelo significado da celebração. A orientação do apóstolo foi o último registro da Ceia nas escrituras. 2.3 Registros da Ceia à margem das Escrituras Fora do Cânon, Novo Testamentário, existem registros da Ceia; o autor Roberto Santos apud Plínio, que entre os anos 97 a 109 d. C. “os cristão se reuniam antes do amanhecer, participando de uma refeição em comum”,7 já o livro História Eclesiástico, que conta a história do cristianismo desde o primeiro até o quarto século, também se encontram alguns registros sobre a Ceia; No século dois, um grupo chamado ebionitas “também observavam o sábado e outras disciplinas dos judeus, exatamente como eles, mas por outro lado, também celebravam os dias do Senhor como nós, para comemorar sua ressurreição”.8 Isso pode sugerir que a Ceia era celebrada semanalmente. Ainda no século dois, o historiador Eusébio nos revela que na época do imperador Antonino Vero, os cristãos de Lion e da Gália, foram perseguidos, torturados e assassinados, sendo que uma das acusações que faziam, eram de que os cristãos praticavam ceias canibais, o historiador revela que em sua defesa, Bíblias tinha dito “Como, disse ela, pessoas como essas poderiam devorar crianças, se consideram impróprio provar até mesmo o sangue de animais irracionais”,9 pois, de forma errônea, a população era persuadida a crer que comiam o corpo de um defunto. No final do século dois, ainda em História Eclesiástica, é registrada uma divergência sobre os que praticavam o Quartodecimanismo, ou seja, aqueles que observavam a páscoa conforme a tradição judaica em objeção aos bispos que associavam a páscoa ao domingo, dia da ressurreição do Messias. Para evitar uma possível inimizade entre o bispo Victor de Roma e o quartodecimanista Polícatres, Eusébio nos conta que Irineu foi o intermediador, e esclarece já ter existido essa 7 SANTOS, Roberto dos Reis, A Santa Ceia, 5º impr., ed. CPAD, Rio de Janeiro, 2005, pág 58 e 59. 8 EUSÉBIO, História eclesiástica, ed. CPAD, Tradução, Lucy Iamakami (livros 1 a 8) e Luís Aron de Macedo (livros 9 e 10), Rio de Janeiro, 1999, livro 3, cap. XXVII, pág.106. 9 EUSÉBIO, História eclesiástica, ed. CPAD, Tradução, Lucy Iamakami (livros 1 a 8) e Luís Aron de Macedo (livros 9 e 10), Rio de Janeiro, 1999, livro 5, cap. I, pág.161 e 162.
  • 12. 6 pequena divergência entre Aniceto e Policarpo, mas que eles viviam em paz, como relata “Mas os próprios presbíteros diante de vós, que não o observavam, enviaram a eucaristia àqueles da igreja que o observavam”10 e ainda em outro trecho desse texto “Aniceto cedeu a Policarpo, sem dúvida por respeito, ofício de consagrar; e se separaram em paz, ficando toda a igreja em paz; tanto os que observavam quantos aos que não, mantendo a paz”.11 Isso vem a demonstrar que a igreja tinha como práxis, utilizar a eucaristia para selar a paz e confirmar que não havia ficado rugas entre os irmãos. Outro fato digno de registro foi à comunhão de leigo, que era uma celebração da eucaristia diferente para quem estivesse retornando ao caminho, isso ocorreu entre os anos de 251 e 258 da era cristã, sobre isso, Eusébio cita Dionísio “Um desses, não muito depois, voltou a sua igreja, lamentando e confessando o erro, com quem também comungamos como leigo”.12 Esse tipo de comunhão pode ser a mesma mencionada por Schneider “Aos leigos, portanto, começou a se distribuir o pão eucarístico (embebido no vinho consagrado, nos ritos orientais) diretamente na boca”.13 Ainda nesse período, Novato, autor da heresia cátaro, obrigava aos fiéis a jurar–lhe fidelidade na hora da Ceia, só permitindo participar os que prestassem o juramento, conforme registrado em História Eclesiástica “Jura a mim, pelo corpo e sangue do nosso salvador Jesus Cristo que jamais me deixarás nem te voltarás para Cornélio”.14 Em Antioquia, também no início do terceiro século, ocorreu algo, que nos revela alguns dos pensamentos que os cristãos tinham acerca dos elementos da ceia; um ancião que percebeu ter chegado a sua hora de morrer, pediu ao seu neto que chamasse o presbítero, como o clérigo não pode acompanhar o menino, deu lhe uma porção da eucaristia (possivelmente um pedaço de pão) e lhe disse para umedecer em algum líquido e gotejar na boca do ancião, o menino obedeceu e após receber as gotas, o homem que jazia, veio a falecer. Dionísio de Alexandria, citado por Eusébio se posiciona em relação ao acontecido, com uma 10 EUSÉBIO, História eclesiástica, ed. CPAD, Tradução, Lucy Iamakami (livros 1 a 8) e Luís Aron de Macedo (livros 9 e 10), Rio de Janeiro, 1999, livro 5, cap. XXIV, da pág.194. 11 EUSÉBIO, História eclesiástica, ed. CPAD, Tradução, Lucy Iamakami (livros 1 a 8) e Luís Aron de Macedo (livros 9 e 10), Rio de Janeiro, 1999, livro 5, cap. XXIV, da pág.195. 12 EUSÉBIO, História eclesiástica, ed. CPAD, Tradução, Lucy Iamakami (livros 1 a 8) e Luís Aron de Macedo (livros 9 e 10), Rio de Janeiro, 1999, livro 6, cap. XLIII, pág. 244. 13 SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed. Raboni, 5º edição 2009.pág 59 4º parágrafo e pág. 60, 1º parágrafo. 14 EUSÉBIO, História eclesiástica, ed. CPAD, Tradução, Lucy Iamakami (livros 1 a 8) e Luís Aron de Macedo (livros 9 e 10), Rio de Janeiro, 1999, livro 6, cap. XLIII, pág.245.
  • 13. 7 pergunta retórica: “Não foi ele, portanto, evidentemente preservado e não continuou vivendo até ser absolvido e seus pecados serem removidos, para ser reconhecido como crente pelos muitos bons atos que teria feito?”,15 evidenciando, quanto ‘O Grande’, como era cognominado, considerava a eucaristia de suma importância para o perdão dos pecados. No bispado romano de Sixto, aproximadamente em 257 da era comum, novamente Eusébio menciona Dionísio, que nos revela: “Pois a alguém que tivera o hábito de ouvir ações de graça, e repetir o amém, e postar-se a mesa, e estender a mão para receber os elementos sagrados”16 , sugerindo assim a forma que os cristãos participavam da chamada eucaristia; de pé (postando-se) a mesa, pronunciando o amém e estendendo as suas mãos para receber o elemento. Entre o segundo e terceiro século, já existia certa adoração aos elementos, alguns pais da igreja; compartilhavam do mesmo cuidado e veneração acerca do pão ou do vinho; Schneider cita alguns deles, começando por Tertuliano “Sofremos angústia a fim de que nada do Cálice e do pão caia no chão”,17 quanto à Orígenes “Recebendo o corpo do Senhor, sabeis como deveis guarda-Lo com todo cuidado e veneração, a fim de que não caia sequer um fragmento no chão e não se perca algo do dom consagrado”,18 quanto a que Cirilo menciona, o autor de Dominus Est revela, “Não deverias cuidar, com cautela e vigilância ainda maior, a fim de que nada e sequer uma migalha do Corpo do Senhor possa cair no chão, porque é muito mais precioso do que o ouro ou pedras preciosas?”.19 Dando prosseguimento aos registros da era patrística por Schneider, temos João Crisóstomo, arcebispo de Constantinopla, que era um dos mais cuidadosos quanto à liturgia da Ceia, o arcebispo expressou exortações acerca do pão e de quem poderia participar da comunhão: “Vamos com a devida modéstia ao encontro 15 EUSÉBIO, História eclesiástica, ed. CPAD, Tradução, Lucy Iamakami (livros 1 a 8) e Luís Aron de Macedo (livros 9 e 10), Rio de Janeiro, 1999, livro 6, cap. XLIV, pág.247. 16 EUSÉBIO, História eclesiástica, ed. CPAD, Tradução, Lucy Iamakami (livros 1 a 8) e Luís Aron de Macedo (livros 9 e 10), Rio de Janeiro, 1999, livro 7, cap. IX, pág.254. 17 SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed. Raboni, 5º edição 2009, pág. 48.. 18 SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed. Raboni, 5º edição 2009, pág. 48. 19 SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed. Raboni, 5º edição 2009, págs. 47 e 48.
  • 14. 8 do rei dos céus. E ao receber esta hóstia santa e imaculada, beijemo-La”20 e ainda; “Mesmo se alguém, por ignorância, se aproximar para receber a Comunhão, impede-o, não temas. Teme a Deus, não o homem”.21 Entre o final do século IV e o início do século V, Agostinho, citado por Schneider, orienta aos cristãos que, adorem o elemento antes de participarem da ceia “Ninguém coma aquela Carne, se antes não a adorou. Pecamos se não a adorarmos”.22 Essas transcrições sugerem a ideia de que, até o início do quinto século, os elementos da ceia, pelo menos para alguns líderes, eram sacros. 2.4 A Igreja única, santa, católica e apostólica. Além do que já foi mencionada sobre a Ceia, a igreja cristã nesse período, adicionou novas práticas em seu dia a dia, tal e qual; o arrependimento (penitência), o surgimento de imagens, a páscoa ‘cristã’, a escola catequética, o nome papa (que significa pai) e também a construção das igrejas de grande amplidão. No início do IV século, os cristãos são agraciados com o edito de tolerância, logo após a suposta conversão do Imperador Constantino em 312, destarte, experimentam um período de paz. Com a momentânea tranquilidade, a igreja pode lidar e tentar resolver alguns assuntos internos, tal como; algumas diferenças teológicas. Para equacionar as questões, Constantino patrocinou um encontro (concílio), o evento contou com aproximadamente 318 bispos e o assunto mais discutido foi sobre a divindade de Jesus, segundo Bellito, ela foi questionada por Ário que; “havia sustentado que Jesus não era eterno nem incriado como Deus Pai”.23 Esse foi o primeiro concílio conhecido por ecumênico, que além de discutir posições teológicas, deixou um legado importante na história da igreja; construindo uma nova forma de administração eclesiástica, antes, havia um tipo de isonomia nas igrejas, com pouca 20 SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed. Raboni, 5º edição 2009, pág 67. 21 SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed. Raboni, 5º edição 2009, pág 65. 22 SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed. Raboni, 5º edição 2009, pág 41. 23 BELLITO, Christopher M. História dos 21 Concílios da Igreja, Tradução Cláudio Queiroz de Godói, ed. Loyola, 2º edição São Paulo 2014, da pág 34.
  • 15. 9 influência do bispo de Jerusalém ou de Roma, a partir de Nicéia, começou a ser formada uma direção episcopal, com um governo centralizado, confirmados pelos cânones, conforme nos conta Alberigo; “Graças a elas, com o tempo foi se formando uma constituição eclesiástica universal, que superou definitivamente o isolamento de cada comunidade local, com o seu bispo”.24 Nos idos de 380, o Imperador Teodósio transformou o cristianismo na religião oficial e convocou o segundo concílio ecumênico, chamado Constantinopla I, que tinha como objetivo resolver os assuntos pendentes de Nicéia. Houve também um acréscimo ao credo niceno, que preconiza a congregação cristã, conforme registro do Catecismo Católico: “Creio na igreja, una, santa, católica e apostólica”.25 Durante esses primeiros quatro séculos, houve muitas transformações na história do cristianismo; entre elas; a forma de culto, a formação canônica do novo testamento, a administração eclesiástica e na Ceia do Senhor, consoante citações anteriores, houve a sacralização dos elementos. Foi uma época de perseguições, que geraram muito sofrimento, mas com uma guinada surpreendente, onde a igreja foi transformada na religião oficial do Império. Nessa transição para a idade média, já como religião oficial, o cristianismo se encontrava em uma posição privilegiada. Esse conforto, porém, aumentava a responsabilidade da igreja perante aos fiéis, pois era a soberana entre as demais religiões, que passaram a ser de certa forma, clandestinas. 3 A IDADE MÉDIA 24 ALBERIGO, Giuseppe, História dos Concílios Ecumênicos, Tradução, José Maria de Almeida, ed. Paulus, 1º edição 1995, 6º reimpressão 2015, São Paulo1995, pág 38, 1º parágrafo. 25 CATECISMO da Igreja Católica, ed. Revisada conforme o texto oficial em Latim, edições Loyola, ed. Vozes, Brasília 1998, pág 59.
  • 16. 10 A Idade Média abrange um período de aproximadamente dez séculos, tendo sido iniciada no quinto século com a queda do império romano, são muitas as histórias desse milênio; entre elas, estão; o surgimento do islamismo, epidemias (sendo a peste negra a mais temida), as cruzadas, monarcas históricos, que foram considerados protetores da igreja, tal como Carlos Magno, Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Mas, contudo, a mais relevante para o nossa pesquisa, a história eclesiástica, descrita por vários escritores e pelos concílios, que foram pelo menos dezesseis, durante esse período (553 até 1512). Um dos acontecimentos mais impactantes da igreja no período medieval foi a ruptura entre o oriente e o ocidente, isso se deu início no concílio de Éfeso com a diferença teológica acerca da cristologia, Segundo Bellitto de um lado estava Nestório, defensor da tese que “Maria era a mãe apenas do Jesus humano”,26 enquanto Cirilo, porta voz do papa e opositor a Nestório, alegava que “O nestorianismo dividia Jesus ao meio ao negar que o Jesus humano e o Jesus divino era uma só pessoa”.27 Cirilo deu início aos trabalhos do concílio e condenou Nestório, antes da chegada da maioria dos bispos orientais. Dois anos depois, esses problemas foram resolvidos com uma trégua e a confirmação da condenação de Nestório. Em 867, mais uma rachadura no já tribulado relacionamento entre os ocidentais e orientais; Fócio e Inácio disputavam quem seria o patriarca da igreja do oriente e o papa Nicolau I interferiu na disputa e conferiu a Inácio o cargo, isso causou uma revolta em alguns de Constantinopla, considerando uma intervenção indevida do papa. Ainda muitas outras controvérsias ocorreriam entre as duas lideranças, ambas listavam seus motivos e o rompimento acabou ocorrendo em 1054, dando novos ares a história do cristianismo. No final da Idade Média, além do cisma do oriente, a igreja enfrentava alguns problemas; o papa já não gozava de tanta simpatia, talvez pela influência sobre os monarcas e o poder de veto nos concílios. Somando-se a isso, o comércio das relíquias que foram difundidas através das histórias (ou estórias) de restos mortais dos mártires e da cruz do calvário, formaram grande descontentamento nos 26 BELLITO, Christopher M. História dos 21 Concílios da Igreja, Tradução Cláudio Queiroz de Godói, ed. Loyola, 2º edição São Paulo 2014, da pág 39. 27 BELLITO, Christopher M. História dos 21 Concílios da Igreja, Tradução Cláudio Queiroz de Godói, ed. Loyola, 2º edição São Paulo 2014, pág 40.
  • 17. 11 leigos e até de alguns clérigos, que se rebelaram tal e qual; Pedro Val (Valdenses), John Huss e Wicleff, dando a tônica do que estaria por vir. 3.1 A Ceia na Idade Média Os elementos da Ceia do Senhor conforme relatado anteriormente, já eram objetos de adoração, pois, os líderes eclesiásticos entendiam que após a consagração, o pão era substituído pelo corpo de Cristo e o vinho, pelo seu sangue. Segundo Schneider, surgiram novas práticas na liturgia; a primeira foi a genuflexão (ação de dobrar o joelho ou os joelhos) “No ocidente, o gesto de se prostrar e se ajoelhar antes de receber o Corpo do Senhor se observava nos ambientes monásticos já a partir do século VI, mais tarde esse gesto divulgou-se ainda mais”28 outra prática mencionada por Schneider fora a forma como o pão era distribuído: “No fim da era patrística, o costume de receber a sagrada comunhão diretamente na boca tornou-se, pois, uma praxe já difundida e quase universal”.29 O Monge e Sacerdote, João Damasceno, que viveu entre os anos de 676 e 749, é mencionado em Dominus Est (É o Senhor), confirmando a sacralização do elemento eucarístico “Do mesmo modo o, pão da Comunhão não é simples pão, mas pão unido com a divindade”,30 outro importante relato com perguntas retóricas, é de Francisco de Assis, citado em Dominus Est (É o Senhor), “Se abandona nas nossas mãos e que todos os dias O temos e O recebemos em nossa boca? Quiçá nos esquecemos que um dia seremos nós que cairemos nas suas mãos?”,31 dando a entender que, pelo menos o frade, celebrava a eucaristia diariamente. A partir de 1188, surgiram romances sobre o cálice da Ceia do Senhor; Baigent, em seu livro intitulado Santo Graal e a Linhagem Sagrada, mencionam algumas dessas narrativas, entre elas: “Afirmava-se que ele era a taça da última 28 SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed. Raboni, 5º edição 2009, pág 34, 2º parágrafo. 29 SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed. Raboni, 5º edição 2009, pág 34, 3º parágrafo. 30 SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre a sagrada comunhão, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, ed. Raboni, 5º edição 2009, pág 59, 2º parágrafo. 31 SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est (É o Senhor), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre a sagrada comunhão, ed. Raboni 5º edição, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, 2009, pág 65, 3º parágrafo.
  • 18. 12 ceia, na qual José de Arimatéia mais tarde colheu o sangue de Jesus”.32 Em outra oportunidade, o autor relata que, Maria Madalena teria levado o cálice para Marselha; “Segundo outras narrativas, o cálice foi levado por Madalena à França. No século IV, lendas descreviam Madalena partindo da Terra Santa e atracando em Marselha, onde suas supostas relíquias são ainda veneradas”.33 Em 1215 foi realizado o concílio de Latrão IV, onde surgiu a palavra transubstanciação e o dever da páscoa, conforme Bellitto menciona: Bellito (2014, págs. 81 e 82) O concílio de Latrão IV empregou uma palavra relativamente nova, ‘transubstanciação’, para descrever a antiga doutrina de que o pão e o vinho se transformavam no corpo e o sangue de Jesus. Um cânone posterior exigia a observação do célebre ‘dever da Páscoa’, ou seja, todos os cristãos e cristãs deveriam comungar pelo menos a cada Páscoa, bem como confessar os seus pecados no mínimo uma vez por ano. . Em meados do século XV, mas precisamente em 1453, houve um acontecimento chamado milagre de Turim, segundo dom Bosco; uma hóstia (tipo de pão) foi roubada junto com outros pertences da igreja, os saques tinham sido colocados sobre um jumento, ao chegarem a um determinado local (Turim), o jumento empacou, rompeu-se o pacote que continham os objetos roubados e a hóstia resplandecente flutuou no ar e isso provocou um solene pedido do povo “ficai conosco, Ó Senhor”.34 Nesse local foi levantada a igreja do corpo de Deus e o arcebispo Luiz Franzoni determinou que a hóstia ficasse exposta a veneração pública. No final daquele século, a liturgia eucarística havia ganhado uma posição relevante, se não era a principal, pelo menos figurava entre as doutrinas cristãs mais populares. A Ceia chegou a ser retratada pelo mestre renascentista Leonardo da Vinci, que chegou a ser investigado pelo santo ofício, órgão que era responsável pela condenação ou absolvição de supostas heresias. Na investigação realizada pelo Inquisidor Padre Agustín Leyre foi constatado detalhes que, certamente 32 BAIGENT, Michael; LEIGH, Richard e LINCOLN, Henry, O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, Ed. Nova Fronteira, Tradução Nadir Ferrari, 1982, pág 291. 33 BAIGENT, Michael; LEIGH, Richard e LINCOLN, Henry, O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, Ed. Nova Fronteira, Tradução Nadir Ferrari, 1982, pág 291 e 292. 34 BOSCO, Dom, História Eclesiástica, ed. Coleção P. S. S. 1946, capítulo VI, pág 203.
  • 19. 13 passaram despercebidos até os dias de hoje pelo grande público, que tivera a oportunidade de visualizar a obra. Entre os pormenores, Leyre descobriu que; padres, uma mulher e o busto de Platão, serviram de modelo na Última Ceia. Um bibliotecário que representou Judas Iscariotes, teria se enforcado; essas pessoas eram escolhidas por Leonardo, que buscava traçar uma semelhança com os personagens da Ceia: Sierra (2014, pág. 208) Foi o caolho quem esclareceu suas dúvidas: não havia sido só o bibliotecário o que posara para Judas. Outros frades, como Gilberto, haviam se deixado retratar por ele, fazendo as vezes de apóstolos. O germano encarnara Felipe e mas também Bartolomeu, os dois Tiagos ou André tinham rostos cedidos pelos frades. Até o próprio Benedetto se prestara a ser retratado como Tomé. Consta ainda, que a imagem do apóstolo Simão na Última Ceia; foi supostamente retratado pelo busto de Platão e Elena Crivelle foi a modelo que Leonardo utilizou para retocar o apóstolo João conforme o próprio da Vinci relata no livro de Sierra, “Está bem prior não negarei, Mas, antes que se zangue comigo, deve saber que só utilizei a garota para dar certos retoques ao discípulo amado”35 Um dos resultados da investigação de Padre Leyre, levou a descoberta que; Leonardo da Vinci era um líder da heresia heterodoxa conhecida como Cátaro, conforme descreve “Só me resta explicar porque vim para cá, o Egito, para escrever estas linhas. E porque jamais denunciei a existência de uma comunidade de perfeitos (cátaros) em Concorezzo, vinculada ao mestre Leonardo”.36 Assim ficou caracterizada a Ceia no fim da Idade Média; algumas histórias, lendas, supertições e adoração aos elementos; que surgiram, por consequência da suposta transubstanciação no pão e vinho. . 4 O SURGIMENTO DO PROTESTANTISMO 35 SIERRA, Javier, A Ceia Secreta, ed. Planeta, São Paulo, Tradução, Sandra Martha Dolinsky, 2014, pág 287, 1º parágrafo. 36 SIERRA, Javier, A Ceia Secreta, Tradução, Sandra Martha Dolinsky, ed. Planeta, São Paulo, 2014, pág 308, 3º parágrafo.
  • 20. 14 Em quase mil e quinhentos anos de cristianismo, a igreja passou pelas seguintes etapas; crescimento, perseguição, período de paz, até culminar no mais surpreendente de todos, que foi a de ser declarada como a religião oficial do império. Mesmo após a queda do império no ocidente, a igreja continuou tendo muita influência entre os soberanos. Mas, ao que parecem, os fiéis e até alguns do clero, não estavam satisfeitos com o rumo e as doutrinas que foram enxertadas na igreja. Os aborrecimentos resultaram no cisma e a consequente divisão entre a igreja do ocidente e oriente, após esse incidente; insurgentes como; Pedro Val (Valdenses), João Huss, Wicleff e o mais bem sucedido de todos, Martin Lutero, transformaram a história da igreja. Lutero, professor de teologia, elaborou um documento e no dia 31 de outubro de 1517, anexou na porta da igreja do castelo de Wittemberg; eram 95 teses; além disso; solicitava uma discussão sobre o enunciado. As principais demandas que se fundamentaram o até então, monge, foram: 1) A salvação só poderia ser alcançada, através do arrependimento e pesar, sendo que, esses procedimentos não poderiam ser confundidos com o sacramento da punição. 2) Os cânones (estatutos papais) que delegavam poderes aos papas e sacerdotes eram ineficazes, pois quem os criou, foram os próprios líderes eclesiásticos. . 3) A venda de relíquias em troca de indulgências, para livrar a ‘alma’ do purgatório, onde padeciam os familiares ou parentes que já haviam falecidos, era uma exploração, pois o papa ou qualquer sacerdote eram impotentes para penitenciar ou salvar quem já estivesse morto. A imprensa de Gutenberg, que tinha sido inventada há um século, foi de suma importância na divulgação do mais novo insurgente e de seus ideais, a venda de relíquias caiu a ponto de Roma tomar uma atitude contra Lutero. Por não ter se desculpado pelo que fez, o monge foi excomungado, conforme conta Canuto; “Mais a partir daquele momento, seria considerado um herege e um fora-da-lei. Lutero foi excomungado”.37 Contando com o apoio de adeptos a sua teologia, que era embasado apenas nas escrituras (sola Scriptura), Lutero e os seus, formaram uma nova igreja, mudando de forma definitiva a face do cristianismo. O espírito reformista se 37 CANUTO, Manoel, A fé Protestante, Ed. Os Puritanos, São Paulo, 2012, pág. 14, 2º parágrafo.
  • 21. 15 espalhou, surgiram; João Calvino e Ulrich Zwínglio que impulsionaram o protestantismo na França e na Suíça respectivamente. A Inglaterra, possuidor de um vasto Império na época da reforma, tivera em Henrique VIII e posteriormente na rainha Elizabeth I, os protagonistas no rompimento com o papado. A partir de então, o protestantismo não parou de crescer, talvez pelo acesso as escrituras e a pregação no idioma nativo, o que contagiou a população europeia. Ainda no velho continente, a reforma da reforma tem nome, são os Anabatistas; por conflitavam com algumas doutrinas dos reformistas, enfrentaram grande oposição, conforme nos revela Carroll “Em Zurique depois de muitas disputas entre Zwínglio e os Anabatistas, o Senado promulgou uma lei, segundo a qual, aquele que se atrevesse a batizar alguém que tivesse sido batizado antes, na infância, fosse afogado!”,38 mas a nova doutrina de batizar apenas adultos, independente de sua religião de origem, veio a ser o grande legado herdado pelas igrejas evangélicas (ramificações do protestantismo) dos Anabatistas. Quanto a palavra evangélica, talvez tenha sido pronunciada pela primeira vez de forma separatista de Roma, pelo reformador alemão: “Isso que nem queremos ser papista, mas evangélico”.39 Em 2013 já existiam no mundo cerca de novecentos milhões de evangélicos, conforme matéria da revista Mensageiro da Paz “Hoje, estima-se que haja cerca de 630 milhões de pentecostais no mundo, o que já representaria 70% de todos os protestantes do planeta (atualmente em torno de 900 milhões).”.40 4.1 A Ceia no Protestantismo Logo após a Dieta de Augsburgo, quando foram permitidos aos protestantes de professarem a sua fé, Lutero percebeu que houve certo descaso pela Ceia, essa reação inconsciente (ou não), pode ter sido causada pelas ordenanças papais antes da reforma. Lutero exortou aos seus líderes para que deixassem de preguiça e trabalhassem evangelizando e ensinando acerca do sacramento, mas, sem forçar ou obrigar, como faziam os papas. O reformista alemão considerava a Ceia um dos sacramentos e que a partir da consagração, os elementos “são o verdadeiro corpo e 38 CARROLL, James Milton, O Rasto de Sangue, ed. Palavra Prudente, Tradutor Paul Hatcher, 2007, págs. 10 a 15. 39 LUTERO, Martim; Eucaristia - Louvor e Dádiva, adaptação do texto Rui J. Bender, ed. Sinodal, co ed. Concórdia, Rio Grande do Sul, 2001, pág 27. 40 MATÉRIA DE CAPA, Pentecostalismo manterá Protestantismo Vivo, Mensageiro da Paz da editora CPAD, 27 de Dezembro de 2012, Capa e páginas 4 e 5.
  • 22. 16 sangue do nosso Senhor Jesus Cristo para ser comido e bebido por nós, cristãos, sob o pão e o vinho. Este sacramento foi instituído pelo próprio Cristo”.41 Lutero se posicionava de forma contrária em relação às observâncias romanas que ele próprio vivenciou na celebração da Ceia, como por exemplo; procissões, adornos, venda do sacramento tanto para vivos, quanto para mortos e inclusive o examinar-se; pois ao citar Paulo, Lutero afirma que o apóstolo estava se referindo especificamente à comunidade de Coríntios “Meu caro, você não vê contra que Paulo estava falando? Contra aqueles que se atiravam sobre o sacramento feito porcos e faziam dele uma comilança para o corpo”.42 Já Calvino, acreditava que os elementos materiais nutritivos, são símbolos da nutrição espiritual, conforme nos revela Ursinus: Ursinus (2005, pág. 62) A água do batismo não se transforma no sangue de Cristo nem tira os pecados. Ela é somente um sinal divino e uma garantia disso. Igualmente o pão da santa ceia não se transforma no próprio corpo de Cristo, mesmo que seja chamado “corpo de Cristo”, conforme a natureza e o uso dos sacramentos. Na Suíça, Ulrich Zwínglio tinha uma teologia referente à ceia, diferente dos demais reformistas, como nos conta Santos “A presença de Cristo na Ceia dava-se através da comunidade presente na celebração, ou seja, a transubstanciação ocorria não nos elementos (pão e vinho), mas na congregação reunida”.43 Conforme foram surgindo as diferentes denominações evangélicas originadas do protestantismo, a Ceia passou a ser celebrada conforme os pais da reforma ensinaram. Alguns seguiram a forma de Lutero, outros de Calvino, alguns ainda de Henrique VIII e ainda havia que se identificasse com a direção de Zwínglio. 5 NOSSOS DIAS Nesse último capítulo, vamos falar sobre os dias atuais, hoje, o mundo cristão se divide basicamente nas seguintes vertentes; a igreja católica, ortodoxa e as evangélicas, que são ramificações do protestantismo. 41 LUTERO, Martim; Catecismo Menor, ed. Sinodal, São Paulo 1995. 42 LUTERO, Martim; Eucaristia - Louvor e Dádiva, adaptação do texto Rui J. Bender, ed. Sinodal, co ed. Concórdia, Rio Grande do Sul, 2001, pág 58, 2º parágrafo. 43 SANTOS, Roberto dos Reis, A Santa Ceia, ed. CPAD, 2005, 5º impressão, 2016; pág 55.
  • 23. 17 A igreja romana e ortodoxa, pouco mudaram em relação ao final da Idade Média, o que não podemos dizer o mesmo em relação aos evangélicos, isso se formos comparar com os primeiros reformistas. Alguns evangélicos atuais diferem em alguns pontos dos seus progenitores; a maioria das igrejas passaram a batizar apenas os adultos, algumas observam a guarda do sábado, entre elas estão; a Adventista e a Batista do Sétimo Dia e outra ainda, bastante conhecida pela distância de algumas doutrinas da Reforma é a Testemunha de Jeová, que apesar de acreditar que Jesus é o messias, discorda em relação a divindade do filho do homem. Quanto a Ceia, vamos detalhar como celebram algumas vertentes do cristianismo nos dias atuais. 5.1 A Ceia na Igreja Católica Romana Conforme o catecismo da igreja Católica Romana e Alberigo, a celebração da ceia perfazem algumas das seguintes ordenanças: a) “O sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício: É uma só e mesma vítima, é o mesmo que oferece agora pelo ministério dos sacerdotes, que se oferece a si mesmo então na cruz”.44 b) “Só os Sacerdotes validamente ordenados podem presidir a Eucaristia e consagrar o pão e o vinho para que se tornem o Corpo e o Sangue do Senhor”.45 c) “Por meio da consagração opera-se a transubstanciação, do pão e do vinho no Corpo e no sangue de Cristo”. 46 d) “Enquanto sacrifício, a Eucaristia é também oferecida em reparação dos pecados dos vivos e dos defuntos, e para obter de Deus benefícios espirituais e temporais”47 44 CATECISMO da Igreja Católica, ed. Revisada conforme o texto oficial em Latim, edições Loyola, ed. Vozes, Brasília 1998, págs. 376 e 377, vers. 1367. 45 CATECISMO da Igreja Católica, ed. Revisada conforme o texto oficial em Latim, edições Loyola, ed. Vozes, Brasília 1998, pág 390, vers. 1411. 46 CATECISMO da Igreja Católica, ed. Revisada conforme o texto oficial em Latim, edições Loyola, ed. Vozes, Brasília 1998, pág 390, vers. 1413. 47 CATECISMO da Igreja Católica, ed. Revisada conforme o texto oficial em Latim, edições Loyola, ed. Vozes, Brasília 1998, pág 390, vers. 1414.
  • 24. 18 e) “A respeito da comunhão, o concílio afirma que a comunhão sob a espécie do pão é completa, mas não feche a porta para concessão, pelo Papa da comunhão com o cálice”.48 5.2 A Ceia na Igreja Luterana A igreja Luterana celebra a Ceia, de acordo com o Catecismo de Lutero e/ou A Confissão de Augsburgo, conforme descrito: a) “É o verdadeiro corpo e sangue do nosso Senhor Jesus Cristo, para ser comido e bebido por nós cristãos, sob o pão e o vinho”.49 b) “Da ordem eclesiástica se ensina que sem chamada regular, ninguém deve publicamente ensinar ou pregar ou administrar os sacramentos da igreja”.50 5.3 A Ceia na Igreja Presbiteriana A igreja Presbiteriana é a continuidade da doutrina calvinista e observa a seguinte liturgia da ceia, que Ursinus nos revela: - Em relação aos ímpios e incrédulos: a) “Por isso, a igreja cristã tem a obrigação, conforme o mandamento de Cristo e seus apóstolos, de excluir tais pessoas pelas chaves do reino dos céus, até que demonstrem arrependimento”51 - Acrescentando ao que já fora mencionado anteriormente, em relação ao pão e o vinho: b) “Ele nos quer ensinar que seu corpo crucificado e seu sangue derramado são o verdadeiro alimento e bebida de nossa alma, para a vida eterna, assim como pão e vinho mantém a vida temporária”52 48 ALBERIGO, Giuseppe, História dos Concílios Ecumênicos, ed. Paulus, 1º edição 1995, 6º reimpressão 2015, São Paulo Tradução, José Maria de Almeida 1995, pág 344. 49 LUTERO, Martim; Catecismo Menor, ed. Sinodal, São Paulo 1995, pág. 23. 50 AUGSBURG,Confissão de, Edição Comemorativa (1530-2005), editoras; Sindal, Concórdia e Encontro Publicações, Porto Alegre, Tradução; Arnaldo Schuler, 2005, Artigo XIV, pág 16. 51 URSINUS, Zacarias e OLIVIANUS, Gaspar, Padrões doutrinários da Igreja Reformada, Confissão Belga e Catecismo de Heidelberg, Tradução, Missão Reformada do Brasil, Ed. Cultura Cristã pág 63. 52 URSINUS, Zacarias e OLIVIANUS, Gaspar, Padrões doutrinários da Igreja Reformada, Confissão Belga e Catecismo de Heidelberg, Tradução, Missão Reformada do Brasil, Ed. Cultura Cristã pág 62.
  • 25. 19 - Quanto a missa da Igreja Católica: c) “A missa, então, no fundo, não é outra coisa senão a negação do único sacrifício e sofrimento de Cristo e uma idolatria abominável”.53 5.4 A Ceia das Testemunhas de Jeová. A ceia na Igreja dos testemunhas de Jeová difere das demais denominações cristãs, segundo a Torre de Vigia, através de seu livro entitulado; O Que a Bíblia nos Ensina; a celebração segue a seguinte ordem: : a) “Essa Ceia substituiu a Páscoa judaica e, portanto, deve ser celebrada apenas uma vez por ano”.54 b) “Assim, tanto o pão como o vinho são apenas símbolos”.55 _ Quem deve comer do pão e beber do vinho? c) “Apenas os que estão no novo pacto (os cento e quarenta e quatro mil) isto é, aqueles que tem a esperança de ir para o céu, devem comer do pão e beber do vinho”.56 Quanto aos que tem esperança de viver para sempre no paraíso da terra: “Eles obedecem a ordem de Jesus e assistem a Ceia do senhor, mas comparecem como observadores respeitosos, não como participantes do pão e do vinho”.57 5.5 A Ceia nas demais Igrejas Evangélicas A celebração da Ceia na maioria das igrejas evangélicas tradicionais e pentecostais, segundo Downing, se dão da seguinte forma: a) “Devem participar da Ceia do Senhor, somente os crentes que foram batizados e, são membros dessa assembleia local e mantêm uma 53 URSINUS, Zacarias e OLIVIANUS, Gaspar, Padrões doutrinários da Igreja Reformada, Confissão Belga e Catecismo de Heidelberg, Tradução, Missão Reformada do Brasil, Ed. Cultura Cristã pág 63. 54 O QUE A BÍBLIA REALMENTE ENSINA, Ed. Watchtower bible and Tract Society of Pennsylvania e Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, Cesário Lange, São Paulo, 2015, págs. 206. 55 O QUE A BÍBLIA REALMENTE ENSINA, Ed. Watchtower bible and Tract Society of Pennsylvania e Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, Cesário Lange, São Paulo, 2015, págs. 207. 56 O QUE A BÍBLIA REALMENTE ENSINA, Ed. Watchtower bible and Tract Society of Pennsylvania e Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, Cesário Lange, São Paulo, 2015, págs. 207. 57 O QUE A BÍBLIA REALMENTE ENSINA, Ed. Watchtower bible and Tract Society of Pennsylvania e Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, Cesário Lange, São Paulo, 2015, págs. 208.
  • 26. 20 caminhada ordenada”.58 e ainda; (Downing, 2008, pág. 305) “Esta observância é simbólica e memorial, e de forma alguma é um sacramento ou ‘meios visíveis da graça’ de tal forma que a igreja participa de Cristo literalmente como no Romanismo, ou misticamente como no Luteranismo e tradição Reformada”. A forma de celebrar a Ceia, conforme o manual da igreja Adventista do Sétimo Dia, deve ser: (Manual da Igreja Adventista, 2015, pág. 129) A cerimônia deve ser sempre uma experiência solene, mas nunca sombria. Erros foram corrigidos, pecados foram perdoados e a fé reafirmada. É tempo para celebração. Que a música seja vibrante e alegre. A cerimônia deve terminar em tom vibrante, com uma apresentação musical ou canto congregacional, seguido pela despedida. Quanto, ao (s) dia (s) a ser (em) celebrada a Ceia, difere conforme a denominação cristã. Entre as inúmeras existentes; A Assembléia de Deus de Vassouras, conforme a reformulação do seu regimento interno, a Ceia do Senhor a celebra semanalmente, conforme consta: a) “A Santa Ceia do Senhor será celebrada todos os Domingos, das 19h às 21h, conforme o costume da Igreja Bíblica Primitiva [Atos 20.7]”.59 CONCLUSÃO O desenvolvimento do presente trabalho possibilitou uma análise de como a Ceia do Senhor foi instituida, de que forma passou a ser celebrada e como está sendo ministrada. Isso foi possível, após traçar um paralelo entre a historiografia da igreja com a da Ceia. Santos apud Mário Rehfeldt, relata o tipo de celebração que havia no início da comunidade cristã. 58 DOWNING, William R., Um Catecismo Batista, ed. Publicações P.I.R.S. Tradutor Hiriate Luiz Fontouro, 2008, pág. 311. 59 REGIMENTO Interno da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, CNPJ nº 04.045.052/0001-35, São Paulo, 2010.
  • 27. 21 Na igreja antiga, a Santa Ceia constituiu o ponto ciulminante do culto cristão. É no momento da celebração da ceia que se reavalia a unidade e a comunhão crista. É por essa razão, é que a celebração da ceia sucedia a festa do amor durante os primeiros anos da igreja. Realizava-se a ceia com o pão e o vinho utilizado na festa do amor, onde os membros partilhavam os alimentos que traziam, numa verdadeira festa de amor e confraternização, celebrando a comunhão horizontal profetizada por João “Se andarmos na luz, como Ele está na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sanfue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado”(1 João 1; 7).60 Após esse período, a ceia passou a ser celebrada conforme as circunstância e características de cada cidade; em certos locais as reuniões eram relizadas de forma desorganizada, em outros de forma mais tímida, isso devido a perseguição. Mas, o que de mais relevante podemos ressaltar foram a quantidade de preceitos enxertados na celebração da Ceia. Com o acontecimento da reforma protestante, houve mudanças significativas nas doutrinas eclesiásticas e inclusive na celebração da Ceia. Isso foi alvo de controvérsias e consequentemente muitos debates entre seus membros, na tentativa de realizar a ordenança mais voltada aos princípios bíblicos. As ferramentas utilizadas para o trabalho foram as referências bibliográfica, eletrônica e revistas; em especial; a Bíblia e os livros dos seguintes autores: Alberigo, Bellito, Calvino, Eusébio, Lutero e Schneider, que me possibilitaram um apanhado de registros históricos, que me fizeram compreender os acréssimos e as mudanças da liturgia da ceia, desde a sua instituição até os dias atuais. Sendo uma das principais ordenanças do cristianismo, é necessário que haja uma maior reflexão e um estudo mais detalhado sobre o assunto, permitindo aos membros de suas respectivas denominações cristãs, estarem concientes da forma de celebração, cada vez mais próxima da idealizada quando foi instituida. O objetivo da pesquisa que tinha por finalidade entender o porque das diferentes formas de celebração da ceia, fora alcançado, na medida que fatos históricos foram revelados, respondendo os questionamentos das lacunas deixadas através do tempo. Que a igreja cristã, independente da denominação, volte a realizar a Ceia conforme os primeiros cristãos, que celebravam da forma que o seu idealizador determinou. 60 SANTOS, Roberto dos Reis, A Santa Ceia, ed. CPAD, 2005, 5º impressão, 2016; pág 55.
  • 28. 22 REFERENCIAS ALBERIGO, Giuseppe, História dos Concílios Ecumênicos, ed. Paulus, 1º edição 1995, 6º reimpressão 2015, São Paulo Tradução, José Maria de Almeida 1995. AUGSBURG, Confissão de, Edição Comemorativa (1530-2005), editoras; Sindal, Concórdia e Encontro Publicações, Porto Alegre, Tradução; Arnaldo Schuler, 2005. BAIGENT, Michael; LEIGH, Richard e LINCOLN, Henry, O Santo Graal e a Linhagem Sagrada, Ed. Nova Fronteira, Tradução Nadir Ferrari,1982. BBC HISTÓRIA, Idade Média, São Paulo, ed. Tríada, número 4, 1993.
  • 29. 23 BELLITO, Christopher M. História dos 21 Concílios da Igreja, ed. Loyola, 2º edição, São Paulo, Tradução Cláudio Queiroz de Godói, 2014. BÍBLIA. Português A Bíblia de Estudo Anotada Expandida: Antigo e Novo Testamento, edição expandida / Charles C. Ryrie – ed. rev. e expandida – ed. Mundo cristão, SBB, São Paulo, Tradução do texto Bíblico: João Ferreira de Almeida, 2007. BÍBLIA. Português Bíblia Judaica Completa: o Tanakh ( AT ) e a B’ rit Hadashah ( N T ), ed. Vida, São Paulo, Tradução do original para o inglês David H. Stern, do inglês para o português Rogério Portela e Celso Eronides Fernandes, 2010. BOSCO, Dom, História Eclesiástica, ed. Coleção P. S. S. Tradução desconhecido 1946. CANUTO, Manoel, A Fé Protestante, ed. Os Puritanos, editoração eletrônica Heraldo Almeida, São Paulo, 2012. CARROLL, James Milton, O Rasto de Sangue, ed. Palavra Prudente, Tradutor Paul Hatcher, 2007. CATECISMO da Igreja Católica, ed. Revisada conforme o texto oficial em Latim, edições Loyola, ed. Vozes, Brasília 1998. COMFORT, Philip Wesley (editor), A Origem da Bíblia, ed. CPAD 7º edição, Tradução, Luís Aron de Macedo, Rio de janeiro, 2008. DICIO, Dicionário On Line de Português, Disponível em:<https://www.dicio.com.br/, >Acesso em 07/04/2017. DOWNING, William R., Um Catecismo Batista, ed. Publicações P.I.R.S. Tradutor Hiriate Luiz Fontouro, 2008 EUSÉBIO, História eclesiástica, ed. CPAD, Tradução, Lucy Iamakami (livros 1 a 8) e Luís Aron de Macedo (livros 9 e 10), Rio de Janeiro, 1999. GOOGLE Tradutor, Disponível em:<https://translate.google.com.br/?hl=pt- BR&tab=wT.>Acesso em 07/04/2017.
  • 30. 24 LUTERO, Martim; As 95 teses e a Essência da Igreja, ed. Vida Livros, Tradutor Carlos Caldas, São Paulo 1995. ______; Catecismo Menor, ed. Sinodal, São Paulo 1995. ______; Eucaristia - Louvor e Dádiva, adaptação do texto Rui J. Bender, ed. Sinodal, co ed. Concórdia, Rio Grande do Sul, 2001. MAISONAVE, Fabiano, Biblioteca, Como Se Conta os anos, Uol, Disponível em:< http://www1.uol.com.br/bibliot/linhadotempo/contandoanos.htm> Acesso em 11/04/2017. MANUAL da Igreja Adventista do Sétimo Dia, ed. Casa Publicadora Brasileira, Tradução Raniere Sales, São Paulo, 2015. MATÉRIA DE CAPA, Pentecostalismo manterá Protestantismo Vivo, Mensageiro da Paz da editora CPAD, 27 de Dezembro de 2012. O QUE A BÍBLIA REALMENTE ENSINA, ed. Watchtower bible and Tract Society of Pennsylvania e Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, Cesário Lange, São Paulo, 2015. PÉRYSSON, Nogueira, História Fácil, Como foi Criado o Calendário Cristão, Disponível em:<http://histfacil.blogspot.com.br/2010/12/como-foi-criado-o-calendario- cristao.html, 2010.>Acesso em 03/12/2016. PT. CHABAD.ORG, Conversor de Data Civil/Judaica, Disponível em:<http://pt.chabad.org/calendar/1000year_cdo/aid/900173/jewish/Conversor-de- Data.htm,>Acesso em 22/03/2017. RAYMANN, Alcir, CHRIST, Bruno Edgar, CHRIST, Jairo Henrique, WEIRICH, Paulo Proske, LUDKE, Reinaldo Martim, ZIMMER, Rudi, Igreja Evangélica Luterana do Brasil, Posicionamentos Oficiais, Auxílio de Pessoas Leigas na Distribuição da Santa Ceia, 2014, Disponível em:< http://www.ielb.org.br/home/.> Acesso em 22/03/2017. REGIMENTO Interno da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, CNPJ nº 04.045.052/0001-35, São Paulo, 2010.
  • 31. 25 RYLE, John Charles; A Ceia do Senhor, Projeto Ryle de 1877, Tradução Eduardo Henrique Chagas, republicado em 1900. SANTOS, Roberto dos Reis, A Santa Ceia, 5º impressão, ed. CPAD, Rio de Janeiro, 2005. SCHNEIDER, Athanasius, Dominus Est ( É o Senhor ), Reflexão de um bispo da Ásia Central sobre a sagrada comunhão, ed. Raboni 5º edição, Tradução, Nuno Manuel Castello Branco Bastos e Nestor Fonseca da Silva, 2009. SIERRA, Javier, A Ceia Secreta, ed. Planeta, São Paulo, Tradução, Sandra Martha Dolinsky, 2014. SINÔNIMOS.Com.Br, Disponível em:<https://www.sinonimos.com.br/,>Acesso em 07/04/2017. SPROUL, R. C., O que é a Ceia do Senhor, ed. Fiel, Tradução, Francisco Welington Ferreira, 2014. STERN, David H. Comentário judaico do novo testamento, ed. Atos, São Paulo, Tradutores: Regina Aranha, Lena Aranha, Valéria Lamim, Pedro Bianco, Marson Guedes, Edinael Rocha e Célia Clavello, 2008. URSINUS, Zacarias e BRÉS, Guido, Confissão Belga e Catecismo de Heidelberg, Ed. Cultura Cristã, Tradução, Missão Reformada no Brasil, 2º edição São Paulo 2005. WIESKE, Kenneth, Sacramentos, o que é que eu tenho a ver com isso?Ed. Os Puritanos, Recife, 2012.
  • 32. 26
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