2. APANHADO
HISTÓRICO
Desde a mais remota antiguidade o
homem buscou formas de se
comunicar com a divindade; isto em
todos os povos; seja através de
danças, músicas, usando elementos
da natureza como flores, plantas,
animais, frutas, etc. É uma
tendência inata no homem. O ser
humano gosta de celebrações:
celebramos aniversários,
casamentos, bodas, formaturas,
vitórias conquistadas, etc. Tudo isto
acontece também,
espontaneamente, no campo da fé,
para se comunicar com Deus que se
revela ao homem
3. As Sagradas Escrituras nos mostram que desde o
Antigo Testamento o povo judeu celebrava
ricamente a Liturgia. Deus estabeleceu uma
Aliança com esse povo, através de Noé, Abraão,
Isaac, Jacó, Moisés, Davi, dos Profetas, etc…
E esse povo respondia então a Deus mediante
um culto de louvor e de adoração, de maneira
rica e muito criteriosa. A tribo de Levi, os
levitas, foi escolhida por Deus para prestarem os
serviços religiosos. Daí saía os sacerdotes. Nesta
Aliança Deus propõe ao povo as suas Leis a
serem observadas, e, em contrapartida promete
ao povo caminhar com ele, socorrê-lo e libertá-
lo em suas necessidades.
4. A Liturgia do Antigo Testamento foi a
forma que o povo encontrou para dar a
sua resposta a Deus e celebrar a sua
presença. Assim, o povo ia ao Templo,
que Jesus tanto valorizou, à sinagoga, e
mesmo em família, para orar e ouvir a
sua Palavra, e celebrar o seu Deus, o
qual escolheu Israel como a sua Esposa. A
Lei e os Profetas, os Salmos e os demais
livros sapienciais tiveram grande
importância nestas celebrações, e ainda
tem hoje. O próprio Jesus cantou os
Salmos na última Ceia. Veja algumas
citações que se referem à liturgia:
“Moisés aspergiu com sangue a Tenda e
todos os utensílios do culto (liturgia)”
(Hb 9,21). “Completados os dias do seu
ministério (liturgia), Zacarias voltou para
casa” (Lc 1,23). “Celebravam eles (os
primeiros discípulos) a liturgia em honra
do Senhor” (At 13,2).
5. VATICANO II
Por ocasião do Movimento
Litúrgico do início deste século
o termo LITURGIA será usado
com grande força, sendo que o
Concílio Vaticano II o
consagrará nos seus diversos
documentos, em especial na
Constituição sobre a Liturgia
Sacrosanctum Concilium,
entendendo sempre por
«Liturgia» “o exercício do
sacerdócio de Jesus Cristo”
(SC 7), ou o “cume em direção
ao qual se dirige toda a ação
da Igreja e, ao mesmo tempo,
a fonte da qual sai toda a sua
força” (SC 10).
6. LEX ORANDI, LEX CREDENDI
A fé da Igreja é anterior à fé do fiel, que é convidado a
aderir a ela.
Quando a Igreja celebra os sacramentos, confessa a fé
recebida dos apóstolos.
Daí o adágio antigo: lex orandi, lex credendi ("a lei da
oração é a lei da fé") segundo Próspero de Aquitânia
[século V). A lei da oração é a lei da fé, ou seja: a Igreja
traduz em sua profissão de fé aquilo que expressa em
sua oração. A liturgia é um elemento constitutivo da
santa e viva Tradição.
7. No início data história está a vontade de
Deus de “salvar e fazer chegar ao
conhecimento da verdade todas as pessoas
humanas”. Para conseguir isso, Deus
acompanha toda a história, particularmente
do seu povo eleito, comunicando-se com ele
sobretudo pelos profetas, mas finalmente
por seu próprio Filho.
A vontade de Deus de salvar a humanidade,
seu eterno plano de salvação, que é a fonte
de toda a história que chega a seu ponto
culminante na páscoa do seu Filho,
revelando assim que é um Deus de amor.
Este é o grande mistério da fé que
celebramos na liturgia.
8. No mistério pascal toda a
Trindade está envolvida.
O Filho se entrega na
obediência filial ao Pai ao
seu projeto salvífico por
meio da força do Espírito
Santo. Além disso, foi do seu
lado aberto na cruz que
nasceu o sacramento de toda
a Igreja (SC n.5). É esse
sacramento que é celebrado.
O mistério pascal é para a
liturgia o seu fulcro.
9. Numa perspectiva cristológica e
eclesiológica, para
a Sacrosanctum Concilium a
liturgia é fruto de um mandato
do Senhor.
Da mesma forma que Cristo foi
enviado pelo Pai, de igual modo
ele enviou os apóstolos não
somente para pregar o Evangelho
e anunciar o mistério pascal, mas
para também levarem a efeito o
que anunciavam, isto é, a OBRA
de SALVAÇÃO através do
Sacrifício, que é a eucaristia, e
dos demais sacramentos. Por
conta disso a Igreja nunca deixou
de se reunir para a celebração do
mistério pascal (SCn.6).
10. «Esta obra da redenção humana e da
glorificação perfeita de Deus, cujo
prelúdio foram as magníficas obras
divinas operadas no povo do Antigo
Testamento, realizou-a Cristo Senhor,
principalmente pelo mistério pascal da
sua bem-aventurada paixão,
Ressurreição dos mortos e gloriosa
ascensão, em que, "morrendo, destruiu a
morte e ressuscitando restaurou a vida".
Efetivamente, foi do lado de Cristo
adormecido na cruz que nasceu "o
sacramento admirável de toda a Igreja"»
(2). É por isso que, na liturgia, a Igreja
celebra principalmente o mistério
pascal, pelo qual Cristo realizou a obra
da nossa salvação. (CIC 1067)
11. Assim, para celebrar bem a
Liturgia é preciso ter uma
profunda noção do que é o
Cristianismo; o conhecimento da
história da salvação, da obra de
Cristo e da missão da Igreja. Sem
isto a Liturgia não pode ser bem
compreendida e amada, e pode
se transformar em ritos vazios.
Podemos dizer que o último
tempo da história da salvação – o
tempo de Cristo e da Igreja – é o
tempo da Liturgia, uma vez que
ela torna presente a obra
redentora de Cristo pela
celebração dos Sacramentos.
Assim, somos também nós
participantes da história da
salvação. A Liturgia é a própria
história da salvação em exercício,
já que nela se celebra (torna
presente) tudo o que Deus
realizou ao longo dos séculos para
salvar os homens.
12. Toda ação litúrgica é, essencialmente,
anamnética, epiclética e doxológica. A
dimensão anamnética é aquela do
memorial, na qual nós nos recordamos
das maravilhas operadas por Deus na
história da salvação, sobretudo do
mistério pascal de Cristo. O próprio
Senhor nos mandou fazer memória de
sua entrega na cruz (cf. Lc 22,19; 1Cor
11,25). A dimensão epiclética é aquela
invocatória, onde o Espírito Santo se faz
presente para atualizar no hoje aquilo
que recordamos sob seu poder. Jesus
nos disse que o Espirito Santo viria para
nos recordar e nos ensinar todas as
coisas (cf. Jo 16,13-15). A dimensão
doxológica é aquela da glorificação que
fazemos de Deus por sermos alcançados
pela sua salvação. A meta da vida cristã
é reconhecer o amor e a misericórdia
que nos vêm de Deus (cf. 2Cor 9,15; Ef
1,12).
13. Na liturgia da Igreja, Deus Pai é bendito e
adorado como fonte de todas as bênçãos da
criação e da salvação, com que nos abençoou no
seu Filho, para nos dar o Espírito da adoção
filial.
A obra de Cristo na liturgia é sacramental,
porque o seu mistério de salvação torna-se ali
presente pelo poder do seu Espírito Santo;
porque o seu corpo, que é a Igreja, é como que
o sacramento (sinal e instrumento) no qual o
Espírito Santo dispensa o mistério da salvação;
e porque, através das suas ações litúrgicas, a
Igreja peregrina participa já, por antecipação,
na liturgia do céu.
A missão do Espírito Santo na liturgia da Igreja
é preparar a assembleia para o encontro com
Cristo, lembrar e manifestar Cristo à fé da
assembleia, tornar presente e atualizar a obra
salvífica de Cristo pelo seu poder
transformante e fazer frutificar o dom da
comunhão na Igreja.
14. Por isso, afirmou o Vaticano II que “toda a
celebração litúrgica, como obra de Cristo
sacerdote e de seu corpo que é a Igreja, é ação
sagrada por excelência, cuja eficácia, no
mesmo título e grau, não é igualada por
nenhuma outra ação da Igreja” (SC,7). (CIC
§1070).
A liturgia é obra do Cristo total, cabeça e
corpo. O nosso Sumo-Sacerdote celebra-a sem
cessar na liturgia celeste, com a Santa Mãe de
Deus, os Apóstolos, todos os santos e a
multidão dos seres humanos que já entraram
no Reino.
A celebração litúrgica comporta sinais e
símbolos que se referem à criação (luz, água,
fogo), à vida humana (lavar, tingir; partir o
pão) e à história da salvação (ritos da Páscoa).
Inseridos no mundo da fé e assumidos pela
força do Espírito Santo, estes elementos
cósmicos, estes ritos humanos, estes gestos
memoriais de Deus, tornam-se portadores da
ação salvadora e santificadora de Cristo.
15. O caráter comunitário está implícito no
modo de se pensar a vida litúrgica. Não se
celebra isolado da comunidade. Em outras
palavras, a dimensão cristológica da
liturgia está na celebração do mistério
pascal. Já a dimensão eclesiológica aponta
que esse mistério celebrado é feito em
comunidade.
as ações litúrgicas não são ações privadas,
mas celebrações da Igreja, que é o
sacramento da unidade, isto é, o povo
santo, unido e ordenado sob a direção do
Bispo. É por isso que a Igreja ensina que
uma celebração comunitária, com
assistência e participação ativa dos fiéis,
deve ser preferida à celebração individual
ou quase privada (cf. SC, 27 e CIC §1140).
Por tudo isso, a celebração litúrgica
precisa ser muito bem preparada: as
leituras bem feitas, sem erros e falhas; a
música bem ensaiada e adequada, as
vestes litúrgicas bem cuidadas, a igreja
bem arrumada, os fiéis dispostos.
16. A liturgia tende a fortalecer nos
fiéis a:
experiência de Deus,
o caminho da solidariedade com
os sofredores e
a comunhão com os irmãos, haja
vista que a páscoa de Jesus
revela esses três aspectos.
17. “O gesto litúrgico não é autêntico
se não implica um compromisso de
caridade, um esforço sempre
renovado para ter os sentimentos
de Jesus Cristo e uma continua
conversão” (9,3). Logo em seguida
lemos no documento de Medellin:
“Na hora atual de nossa América
Latina, como em todos os tempos,
celebração litúrgica coroa e
comporta um compromisso com a
realidade humana (…) precisamente
porque toda a criação está inserida
no desígnio salvador” (9,4).
“Na liturgia terrena, antegozando,
participamos da liturgia celeste,
que se celebra na Cidade Santa de
Jerusalém, para a qual, peregrinos,
nos encaminhamos” (SC 8).
18. ORIENTAÇÕES GERAIS PARA
MISSAS E CELEBRAÇÕES DA
PALAVRA
AMBIENTE:
Seja ele a capela, igreja, algum salão ou
casa particular (comunidade que não tem
local próprio), deve ser limpo, ornamentado
com flores naturais (nunca artificiais!), com
simplicidade e bom gosto. O exagero
sempre prejudica; por isso, que os arranjos
sejam discretos. Valorize-se a Mesa da
Palavra com enfeites bonitos. Jamais
coloque-se flores ou outro enfeite qualquer
sobre a Mesa da Celebração (nem mesmo o
Missal), porque ela é sinal do próprio Cristo
que reúne seu povo e oferece o sacrifício de
Sua vida pela nossa salvação. Seja
providenciado para as velas um suporte ou
coluna a parte, ao lado da mesa da
celebração, evitando colocá-las em cima da
mesa. Imagens do padroeiro ou outros
santos, nunca sejam colocados sobre a mesa
da celebração, mas em locais apropriados.
Não tem sentido colocar duas ou mais
imagens do mesmo santo (ex: duas imagens
de Maria).
19. SÍMBOLOS:
Quando usar símbolos, sejam eles
visíveis a todos e de acordo com a
celebração do dia. Se algum cartaz,
flâmula ou faixa forem usados na
celebração, sejam feitos com letras
grandes e bem legíveis. Na medida
do possível, os símbolos sejam
verdadeiros e não de "faz de conta"
(ex: correntes de papel)
VESTES:
Quem exerce alguma função dentro
da celebração precisa estar vestido
decentemente; por isso se fazem
necessárias às vestes litúrgicas.
Quando for solicitar ajuda a alguma
pessoa para entrar com algum
símbolo, tomar o cuidado de
observar se a mesma está vestida
com roupas adequadas. As vestes
não servem apenas para melhorar o
visual do proclamador, mas,
principalmente, para destacar a
dignidade do ministério e o valor da
Palavra de Deus.
20. COMPORTAMENTO:
O local da celebração é local da alegria, da
acolhida e também o lugar de silêncio e
respeito. Todos devem se comportar
dignamente. Evitar conversas em alta voz,
risadas. Isto vale principalmente para quem
está à frente dos trabalhos daquela celebração.
É importante prestar atenção no modo como
sentar. Que as equipes responsáveis peia
celebração providenciem tudo que for
necessário com antecedência para evitar os
"corre-corres" e atropelos de ultima hora.
CANTOS:
Cada momento da Celebração Eucarística tem
o seu "espírito" próprio. Cada momento da
liturgia exige um tipo de expressão musical,
cada canção tem uma função muito especial.
Uma boa escolha de cantos ajuda a assembleia
a celebrar e participar melhor da Missa ou
Celebração da Palavra. Os Músicos não podem
apenas "tocar na liturgia", mas “tocar a
Liturgia”, pois é um serviço e uma oração. Os
instrumentos terão a função de unir, incentivar
e apoiar o canto litúrgico. Não deverão cobrir
as vozes, dificultando a compreensão da letra
da música. Ao escolher os cantos,
especialmente os de abertura e comunhão,
tenha-se por base os textos bíblicos do dia e o
fio condutor da celebração.
21. REUNIR TODOS OS RESPONSÁVEIS PELA
CELEBRAÇÃO: EQUIPE DE CELEBRAÇÃO
E CANTORES
A celebração litúrgica não pode ser
como uma "colcha de retalhos", onde
cada um faz o que quer, como quer. Ela
é uma unidade e todos os responsáveis
pela sua realização precisam estar em
harmonia e dar harmonia ao conjunto da
celebração. Portanto, todos devem
preparar juntos a celebração, com
bastante antecedência: equipe de
liturgia, proclamadores, ministros,
dirigentes, cantores etc.
- PEDIR AS LUZES DO ESPÍRITO SANTO
É o Espírito Santo que conduz todo o
trabalho e nos leva a louvar ao Pai, por
Cristo. Ele nos dá sabedoria e
discernimento. No início da reunião, a
equipe invoque as luzes do Santo
Espírito.
22. LOCALIZAR OS TEXTOS BÍBLICOS
DA CELEBRAÇÃO E AS ORAÇÕES
PRÓPRIAS
(no Missal, no folheto ou na
Liturgia Diária) São os textos da
Palavra de Deus que dão a direção
da celebração do dia. Um bom
resumo da liturgia do dia pode ser
encontrado na oração da coleta
(antes da liturgia da Palavra) e nas
outras orações. Vale a pena
consultá-las. É bom ficar atento a
possíveis mudanças no calendário
litúrgico, como festas de santos, dia
do padroeiro ou outras solenidades,
que tem leituras próprias e devem
substituir as leituras comuns do dia.
Jamais usem a liturgia diária ou
folheto durante a celebração, mas
somente para prepará-la.
23. LER ATENTAMENTE OS TEXTOS,
ESPECIALMENTE O EVANGELHO
Que o grupo leia com atenção os textos
bíblicos, várias vezes, retire as ideias
principais e faça, na partilha, um resumo
da mensagem do dia. Perceba a ligação
clara e direta do Evangelho com a Primeira
Leitura e desta com o seu respectivo Salmo
Responsorial.
DEFINIR, COM O GRUPO, O FIO CONDUTOR
DA CELEBRAÇÃO
Fio condutor é a ideia central que dará
rumo a celebração. Tudo está baseado nele:
pedidos de perdão, preces, reflexão da
Palavra, criatividades, cantos... Ele poderá
ou não ser colocado em uma faixa ou
cartaz, a critério do grupo. Todos os
envolvidos na celebração precisam estar em
sintonia com o fio condutor, para que se
fale uma "linguagem" só.
24. DECIDIR, EM GRUPO, OS DESTAQUES DA
CELEBRAÇÃO
Estando o grupo ciente do fio condutor, passa-
se a definição dos momentos fortes da
celebração, levando em conta a realidade da
comunidade e o tempo litúrgico. São pensados,
aqui, o momento penitencial, a liturgia da
Palavra, a recordação da vida ou outras
criatividades. Importa lembrar que liturgia
bem preparada não é aquela "cheia de coisas",
com um "congestionamento" de atividades. O
grupo tenha bom senso para que um momento
da celebração não ofusque outro.
DIVIDIR AS TAREFAS
Em um trabalho em grupo, cada um deve
assumir suas responsabilidades, para que o
trabalho não pese a ninguém e evite-se a
centralização ou manipulação da liturgia. É
necessário que as tarefas sejam dividas e cada
um cuide da sua parte, com zelo e
compromisso, pois um leve descuido
prejudicará toda a celebração. Isso favorece
uma boa organização e evita os “desfiles" da
equipe no momento da celebração.
25. AVALIAR A CELEBRAÇÃO,
LOGO EM SEGUIDA A SUA
REALIZAÇÃO
Rever o que foi feito sempre
ajuda a corrigir futuras falhas.
É muito proveitoso que a
equipe de celebração e os
responsáveis pela liturgia
avaliem tudo pós a
celebração, com sinceridade,
correção fraterna e muito
respeito.