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Relato de Caso                                                                                                                      ISSN 0100-6991
Vol. 33 - Nº 5, Set. / Out. 2006                                    Menin et al.                                   Pancreatite Aguda Biliar na Infância


PANCREATITE AGUDA BILIAR NA INFÂNCIA
ACUTE GALLSTONE PANCREATITIS IN CHILDHOOD

                                           Flavio Augusto Menin1; Alexandre Petreca2; Roni Leonardo Teixeira, ACBC- SP2


INTRODUÇÃO                                                                      mais exames laboratoriais normais. Ficou então, internada até
                                                                                o dia da operação.
           A pancreatite é uma entidade clínica pouco freqüen-                           Foi submetida à vídeocolecistectomia com
te na infância. Diferente dos adultos, as causas mais comuns                    colangiografia intra-operatoria, sem intercorrências. Teve alta
em crianças incluem as infecções virais, por ascaris,                           no 1° dia do pós-operatório, fazendo acompanhamento
medicamentosas, traumas e anomalias estruturais. Assim, a                       ambulatorial por um período de 12 meses, com alta em seguida.
litíase biliar é incomum como causa de pancreatite entre as
crianças1.                                                                      DISCUSSÃO

RELATO DE CASO                                                                          A pancreatite aguda biliar é rara entre crianças (6
                                                                                -12%), sendo as causas mais comuns, parte de doenças
           Menina, parda, 10 anos de idade, longilinea, pesan-
do 47Kg, com inicio de quadro de dor abdominal de forte
intensidade e vômitos há 10 horas, admitida na emergência
pediátrica, quando então, ao exame físico, apresentava-se
corada, afebril e anictérica, com dor à palpação abdominal
profunda, principalmente em andar superior, sem sinais de
irritação peritoneal. Não apresenta historia pregressa de ex-
posição a drogas, icterícia, eliminação de ascaris, vermifugação
recente, parotidite recente, trauma abdominal, episódios
álgicos anteriores ou hemopatia familiar.
           O hemograma apresentava-se com17500 leucócitos
(normal – 10 mil), com predomínio de segmentados (85%) sem
desvio à esquerda, amilase - 923g/dl, cálcio- 8.4mg/100ml, lípase
– 526 mUI/ml, TGO – 26 mUI/ml, TGP – 32 mUI/ml e bilirrubinas
total (0,6) e frações (direta – 0,4 e indireta – 0,2) normais. A ultra-
                                                                                Figura 1 - Colelitíase e colédoco de calibre aumentado (0,4 cm).
sonografia mostrou colelitíase, colédoco com calibre nos limi-
tes superiores da normalidade (0,4 cm) (Figura 1) e pâncreas
aumentado de volume (Figura 2). A tomografia abdominal com
contraste oral apresentou pâncreas de contornos normais e
dimensões aumentadas com parênquima discretamente hete-
rogêneo, mas sem sinais de isquemia e/ou necrose (Figura 3).
Eletroforese de hemoglobinas sem alterações.
           Foi instituído jejum, hidratação venosa,
antibioticoterapia e analgesia, sendo encaminhada para a
unidade semi - intensiva. No 3° dia de internação apresentou
melhora clínica, com queda da amilase (79g/dl), sendo
introduzida dieta leve hipogordurosa. No 7°dia de internação
teve alta hospitalar, com a operação programada
(vídeocolecistectomia) para 18 dias depois. No 11° dia após a
alta, a criança apresentou nova crise de dor abdominal, de
menor intensidade em relação ‘a primeira, apresentando alte-                    Figura 2 - Ultrassonografia mostrando pâncreas de dimensões au-
ração somente dos níveis de amilase (459g/dl), sendo os de-                     mentadas e ecotextura discretamente heterogênea.

1. Professor Colaborador da Disciplina de Cirurgia Pediátrica do Departamento de Pediatria e Cirurgia Pediátrica, da Faculdade de Medicina de São
   Jose do Rio Preto– SP.
2. Ex - Residente em Cirurgia Pediátrica do Hospital de Base da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – SP.
Recebido em 28-05-2005
Aceito para publicação em 30-06-2005
Fonte de financiamento: nenhum
Conflito de interesses: nenhuma
Trabalho realizado no Hospital de Base da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - SP.
                                                                          341
Menin et al.                                            Pancreatite Aguda Biliar na Infância                                   Rev. Col. Bras. Cir.


                                                                                      Como a apresentação clínica pode ser diversa e sutil,
                                                                             é necessário considerar o diagnóstico diferencial de pancreatite
                                                                             aguda na infância nestes casos. A amilase sérica está elevada
                                                                             em 83-90% dos casos, além da lípase que persiste aumentada
                                                                             por um período maior, em relação à amilase 1 .
                                                                                      Os estudos radiológicos são acurados no diagnóstico
                                                                             de pancreatite. A ultrassonografia tem uma acurácia de aproxi-
                                                                             madamente 80% para pancreatite biliar. Já a tomografia
                                                                             computadorizada faz confirmação diagnóstica em 90% dos ca-
                                                                             sos, além de analisar, em detalhes, o aumento focal ou difuso da
                                                                             glândula, bem como presença de processo inflamatório e/ou de
                                                                             abscessos, e estruturas adjacentes3. A colangiopancreatografia
                                                                             endoscópica retrógrada (CPRE) tem sido usada em larga escala
                                                                             entre os adultos, no entanto, este procedimento vem sendo
Figura 3 - Estudo tomográfico apresentando pâncreas de dimen-                adotado como modalidade terapêutica entre as crianças, onde,
sões aumentadas com borramento da gordura peripancreática e                  com mãos experientes, traz grandes benefícios à pacientes com
líquido livre em cavidade.                                                   pancreatite biliar e/ou colangite 4.
                                                                                      A ressonância magnética colangiopancreatográfica
multisistêmicas (35%) tais como infecções virais, síndrome                   é considerada equivalente à CPRE, para o diagnóstico da
hemolítico urêmicas, choque hipovolêmico e/ou séptico;                       pancreatite e das doenças da árvore biliar, com sensibilidade
idiopática (30%); e trauma (25%). Alguns fatores predis-                     em torno de 71-100%, além de ser inócuo em relação à CPRE,
põem à litíase na infância, tais como doença hemolítica                      porém, desvantajoso pelo alto custo 5.
crônica, obesidade, fibrose cística, ressecção ileal e do-                            O tratamento de escolha do nosso serviço para litíase
ença hepática crônica. Em crianças, mais de 70 % dos ca-                     biliar é a colecistectomia vídeolaparoscópica, com
sos são cálculos pigmentados e 15 à 20% são de colesterol                    colangiografia intra-operatoria, prevenindo episódios recor-
puro 2 .                                                                     rentes de dor, icterícia e pancreatite. A presença de cálculos
         A apresentação clínica da pancreatite biliar aguda na               nos ductos biliares, nestes pacientes, está em torno de 2-6%,
infância mostra uma menor incidência da forma grave do que                   em vigência de icterícia e/ou pancreatite.
nos adultos, especialmente em grupos bem jovens. A dor ab-                            O tempo de seguimento pós – operatório destes pa-
dominal, que pode ser difusa, é mais freqüente de forma bran-                cientes, é determinado pelo aparecimento de complicações,
da (80%), seguido por vômitos em 50% dos casos 2.                            que, por ventura, este doente possa apresentar 1 ,3,5.


        ABSTRACT

        Acute pancreatitis is an uncommon condition in childhood. Gallstones rarely cause pancreatitis in children. Instead, the leading
        causes of pancreatitis tend to be trauma, infecctions, drugs, congenital disorders. One rare case of acute gallstone pancreatitis
        in children is described, showing the diagnosis clinical/radiologic and surgery treatment (videocolecistectomy) (Rev. Col. Bras.
        Cir. 2006; 33(5): 341-342).

        Key words: Pancreatitis; Acute, diseases; Gallstones; Child.




REFERÊNCIAS                                                                  Como citar este artigo:
                                                                             Menin FA, Petreca A, Teixeira RL. Pancreatite aguda biliar na infân-
1. Calatayud GA, Bermejo F, Morales JL. Pancreatitis aguda en la             cia: relato de caso. Rev Col Bras Cir. [periódico na Internet] 2006
   infancia. Rev Esp Enferm Dig. 2003; 95(1):40-4.                           Set-Out;33(5). Disponível em URL: www.scielo.br/rcbc
2. Sutton R, Cheslyn-Curtis S. Acute gallstone pancreatitis in
   childhood. Ann R Coll Surg Engl. 2001; 83(6):406-8.
3. Goh SK, Chui CH, Jacobsen AS. Childhood acute pancreatitis in             Endereço para correspondência:
   a children¢s hospital. Singapore Med J; 2003; 44(9):453-6.                Roni Leonardo Teixeira
4. Yachha SK, Chetri K, Saraswat VA. Management of childhood                 Av. Tarumas, 2639- apto. 06
   pancreatic disorders: a multidisciplinary approach.J Pediatr              Res. Dona Sula
   Gastroenterol Nutr. 2003; 36(2):206-12.                                   Jd. Maringá 2
5. Jackson WD. Pancreatitis: etiology, diagnosis, and management.            78550-000 – SINOP – MT
   Curr Opin Pediatr. 2001; 13(5):447-51.                                    E-mail: ronileonardo@zipmail.com.br




                                                                       342

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  • 1. Relato de Caso ISSN 0100-6991 Vol. 33 - Nº 5, Set. / Out. 2006 Menin et al. Pancreatite Aguda Biliar na Infância PANCREATITE AGUDA BILIAR NA INFÂNCIA ACUTE GALLSTONE PANCREATITIS IN CHILDHOOD Flavio Augusto Menin1; Alexandre Petreca2; Roni Leonardo Teixeira, ACBC- SP2 INTRODUÇÃO mais exames laboratoriais normais. Ficou então, internada até o dia da operação. A pancreatite é uma entidade clínica pouco freqüen- Foi submetida à vídeocolecistectomia com te na infância. Diferente dos adultos, as causas mais comuns colangiografia intra-operatoria, sem intercorrências. Teve alta em crianças incluem as infecções virais, por ascaris, no 1° dia do pós-operatório, fazendo acompanhamento medicamentosas, traumas e anomalias estruturais. Assim, a ambulatorial por um período de 12 meses, com alta em seguida. litíase biliar é incomum como causa de pancreatite entre as crianças1. DISCUSSÃO RELATO DE CASO A pancreatite aguda biliar é rara entre crianças (6 -12%), sendo as causas mais comuns, parte de doenças Menina, parda, 10 anos de idade, longilinea, pesan- do 47Kg, com inicio de quadro de dor abdominal de forte intensidade e vômitos há 10 horas, admitida na emergência pediátrica, quando então, ao exame físico, apresentava-se corada, afebril e anictérica, com dor à palpação abdominal profunda, principalmente em andar superior, sem sinais de irritação peritoneal. Não apresenta historia pregressa de ex- posição a drogas, icterícia, eliminação de ascaris, vermifugação recente, parotidite recente, trauma abdominal, episódios álgicos anteriores ou hemopatia familiar. O hemograma apresentava-se com17500 leucócitos (normal – 10 mil), com predomínio de segmentados (85%) sem desvio à esquerda, amilase - 923g/dl, cálcio- 8.4mg/100ml, lípase – 526 mUI/ml, TGO – 26 mUI/ml, TGP – 32 mUI/ml e bilirrubinas total (0,6) e frações (direta – 0,4 e indireta – 0,2) normais. A ultra- Figura 1 - Colelitíase e colédoco de calibre aumentado (0,4 cm). sonografia mostrou colelitíase, colédoco com calibre nos limi- tes superiores da normalidade (0,4 cm) (Figura 1) e pâncreas aumentado de volume (Figura 2). A tomografia abdominal com contraste oral apresentou pâncreas de contornos normais e dimensões aumentadas com parênquima discretamente hete- rogêneo, mas sem sinais de isquemia e/ou necrose (Figura 3). Eletroforese de hemoglobinas sem alterações. Foi instituído jejum, hidratação venosa, antibioticoterapia e analgesia, sendo encaminhada para a unidade semi - intensiva. No 3° dia de internação apresentou melhora clínica, com queda da amilase (79g/dl), sendo introduzida dieta leve hipogordurosa. No 7°dia de internação teve alta hospitalar, com a operação programada (vídeocolecistectomia) para 18 dias depois. No 11° dia após a alta, a criança apresentou nova crise de dor abdominal, de menor intensidade em relação ‘a primeira, apresentando alte- Figura 2 - Ultrassonografia mostrando pâncreas de dimensões au- ração somente dos níveis de amilase (459g/dl), sendo os de- mentadas e ecotextura discretamente heterogênea. 1. Professor Colaborador da Disciplina de Cirurgia Pediátrica do Departamento de Pediatria e Cirurgia Pediátrica, da Faculdade de Medicina de São Jose do Rio Preto– SP. 2. Ex - Residente em Cirurgia Pediátrica do Hospital de Base da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – SP. Recebido em 28-05-2005 Aceito para publicação em 30-06-2005 Fonte de financiamento: nenhum Conflito de interesses: nenhuma Trabalho realizado no Hospital de Base da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - SP. 341
  • 2. Menin et al. Pancreatite Aguda Biliar na Infância Rev. Col. Bras. Cir. Como a apresentação clínica pode ser diversa e sutil, é necessário considerar o diagnóstico diferencial de pancreatite aguda na infância nestes casos. A amilase sérica está elevada em 83-90% dos casos, além da lípase que persiste aumentada por um período maior, em relação à amilase 1 . Os estudos radiológicos são acurados no diagnóstico de pancreatite. A ultrassonografia tem uma acurácia de aproxi- madamente 80% para pancreatite biliar. Já a tomografia computadorizada faz confirmação diagnóstica em 90% dos ca- sos, além de analisar, em detalhes, o aumento focal ou difuso da glândula, bem como presença de processo inflamatório e/ou de abscessos, e estruturas adjacentes3. A colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (CPRE) tem sido usada em larga escala entre os adultos, no entanto, este procedimento vem sendo Figura 3 - Estudo tomográfico apresentando pâncreas de dimen- adotado como modalidade terapêutica entre as crianças, onde, sões aumentadas com borramento da gordura peripancreática e com mãos experientes, traz grandes benefícios à pacientes com líquido livre em cavidade. pancreatite biliar e/ou colangite 4. A ressonância magnética colangiopancreatográfica multisistêmicas (35%) tais como infecções virais, síndrome é considerada equivalente à CPRE, para o diagnóstico da hemolítico urêmicas, choque hipovolêmico e/ou séptico; pancreatite e das doenças da árvore biliar, com sensibilidade idiopática (30%); e trauma (25%). Alguns fatores predis- em torno de 71-100%, além de ser inócuo em relação à CPRE, põem à litíase na infância, tais como doença hemolítica porém, desvantajoso pelo alto custo 5. crônica, obesidade, fibrose cística, ressecção ileal e do- O tratamento de escolha do nosso serviço para litíase ença hepática crônica. Em crianças, mais de 70 % dos ca- biliar é a colecistectomia vídeolaparoscópica, com sos são cálculos pigmentados e 15 à 20% são de colesterol colangiografia intra-operatoria, prevenindo episódios recor- puro 2 . rentes de dor, icterícia e pancreatite. A presença de cálculos A apresentação clínica da pancreatite biliar aguda na nos ductos biliares, nestes pacientes, está em torno de 2-6%, infância mostra uma menor incidência da forma grave do que em vigência de icterícia e/ou pancreatite. nos adultos, especialmente em grupos bem jovens. A dor ab- O tempo de seguimento pós – operatório destes pa- dominal, que pode ser difusa, é mais freqüente de forma bran- cientes, é determinado pelo aparecimento de complicações, da (80%), seguido por vômitos em 50% dos casos 2. que, por ventura, este doente possa apresentar 1 ,3,5. ABSTRACT Acute pancreatitis is an uncommon condition in childhood. Gallstones rarely cause pancreatitis in children. Instead, the leading causes of pancreatitis tend to be trauma, infecctions, drugs, congenital disorders. One rare case of acute gallstone pancreatitis in children is described, showing the diagnosis clinical/radiologic and surgery treatment (videocolecistectomy) (Rev. Col. Bras. Cir. 2006; 33(5): 341-342). Key words: Pancreatitis; Acute, diseases; Gallstones; Child. REFERÊNCIAS Como citar este artigo: Menin FA, Petreca A, Teixeira RL. Pancreatite aguda biliar na infân- 1. Calatayud GA, Bermejo F, Morales JL. Pancreatitis aguda en la cia: relato de caso. Rev Col Bras Cir. [periódico na Internet] 2006 infancia. Rev Esp Enferm Dig. 2003; 95(1):40-4. Set-Out;33(5). Disponível em URL: www.scielo.br/rcbc 2. Sutton R, Cheslyn-Curtis S. Acute gallstone pancreatitis in childhood. Ann R Coll Surg Engl. 2001; 83(6):406-8. 3. Goh SK, Chui CH, Jacobsen AS. Childhood acute pancreatitis in Endereço para correspondência: a children¢s hospital. Singapore Med J; 2003; 44(9):453-6. Roni Leonardo Teixeira 4. Yachha SK, Chetri K, Saraswat VA. Management of childhood Av. Tarumas, 2639- apto. 06 pancreatic disorders: a multidisciplinary approach.J Pediatr Res. Dona Sula Gastroenterol Nutr. 2003; 36(2):206-12. Jd. Maringá 2 5. Jackson WD. Pancreatitis: etiology, diagnosis, and management. 78550-000 – SINOP – MT Curr Opin Pediatr. 2001; 13(5):447-51. E-mail: ronileonardo@zipmail.com.br 342