SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados da Santa Casa de Misericórdia de São José do Rio Preto
Regente : Valdemar Mano Sanches
Dr Brunno Rosique Lara
Cicatrização das Feridas
Didaticamente divide-se o processo de cicatrização em três fases. Entretanto tais fases são dinâmicas, numa etapa
podemos encontrar elementos que compõem as outras duas. Tais fases são:
- Inicial ou inflamatória aguda;
- Proliferativa ou de fibroplasia;
- Maturação ou contração da ferida.
Fase Inicial ou Inflamatória Aguda
Inicia-se imediatamente após o ferimento. Ocorre um aumento da tensão intravascular, conseqüente à retração do
coágulo, que se forma pela ruptura do capilar.
Em seguida aparecem os elementos celulares, como em qualquer reação inflamatória aguda, porém com detalhes próprios
do processo de cicatrização, ou seja, a reação inflamatória nos ferimentos cirúrgicos está intimamente relacionada à alteração da
permeabilidade capilar e ao movimento de leucócitos em direção à ferida. Há, portanto, uma resposta vascular e uma resposta
celular.
Resposta Vascular
Composta fundamentalmente do aumento da permeabilidade capilar, principalmente das pequenas vênulas, que emúltima
análise, é o fator desencadeante de todos os fenômenos subseqüentes, sendo promovida por mediadores bioquímicos.
Com a destruição celular ocorre a descarboxilação da histidina com a liberação de histamina.
A histamina promove o aumento da permeabilidade capilar, sendo coadjuvada pela serotonina, em menor quantidade.
Este aumento de permeabilidade é devido ao afastamento das células endoteliais, criando espaços entre as mesmas, permitindo a
saída de plasma e de algumas células.
Tanto a histamina, quanto a serotonina, têm ação efêmera (30 min); entretanto, com a degradação enzimática da
albumina, localmente, forma-se um polipeptídio denominado leucotaxina cujo efeito sobre a permeabilidade capilar é mais
duradouro.
Após a lesão, as células locais remanescentes têm aumento da atividade das fosfolipases presentes na membrana,
promovendo a hidrólise dos fosfolipídios convertendo-os emácidos graxos insaturados compredominância do ácido araquidônico,
que sob a ação de uma ciclo-oxigênase, transforma-se em prostaglandinas.
As prostaglandinas promovem efetivo aumento da permeabilidade capilar. Algumas prostaglandinas específicas são
responsáveis pela proliferação celular, após ferimentos, estimulando os processos de mitose e, ainda, nas mesmas situações, têm
comprovada ação quimiotáxica sobre os polimorfonucleares e monócitos.
Resposta Celular
Conseqüente ao aumento da permeabilidade capilar, há saída de plasma e eritrócitos. Há também movimentação ativa de
leucócitos, principalmente neutrófilos e monócitos, que se dirigem para o local do ferimento, constituindo o exsudato inflama tório.
Os neutrófilos têm vida média muito curta e rapidamente sofrem degeneração gordurosa e lise, colaborando, frequentemente coma
formação de serosidade, comcaracterística purulenta, sementretanto, envolver contaminação bacteriana.
Os monócitos circulantes, que ao nível de tecido inflamatório correspondem aos macrófagos, constituem um complexo –
monócito/macrófago – que é considerado o mediador celular da cicatrização. Agem como células fagocitárias, completando a
limpeza local, e coordenam a migração e ação dos fibroblastos e da angiogênese, através de fatores de crescimento, como TNF-α,
FGF, TGF-β.
Fase de Proliferação ou Fibroplasia
Inicia-se três a quatro dias após o ferimento e é caracterizada, fundamentalmente, pela presença de grande quantidade de
fibroblastos e menor quantidade de mastócitos.
Fibroblatos: Sua origem, na cicatrização, é um assunto controverso. Independente das teorias vigentes, a fibroplasia,
ocorre da seguinte maneira:
Exsudato (rico em fibrinogênio) → fibrina → rede de fibrina → depósito de fibroblastos.
Essa migração de fibroblastos é acompanhada de neoformação capilar. A neoângiogenese é estimulada pela interação
entre prostaglandinas e o complexo monócito/macrófago. Dessa maneira, se formam botões endoteliais cujas células proliferam
constituindo cordões que se dispõem, sinuosamente, intermeando-se com os fibroblastos. Seqüencialmente, estes cordões se
canalizam formando uma rede capilar por onde circula o sangue.
Os vasos neoformados associados aos fibroblastos e seus produtos formamo tecido de granulação.
Cerca de 30% dos fibroblastos do tecido de granulação diferenciam-se numa população celular específica cujo
comportamento é semelhante ao das células musculares lisas. Estes miofibroblastos conferem a capacidade contrátil ao tecido de
granulação, por conseguinte, reduzem a área cruenta da ferida nos processos de cicatrização por segunda intenção.
Mastócitos: Apresentam-se em pequena quantidade no tecido conjuntivo de cicatricial, aglomerando-se particularmente
em torno dos capilares neoformados. Sua função na cicatrização não é bem definida.
Fase de Maturação ou de Contração da Ferida
Essa fase é caracterizada pela migração e proliferação das células epiteliais remanescentes nas bordas da ferida. Há, no
local, uma redução da quantidade de colágeno às custas de dois mecanismos: ou por diminuição de síntese , ou por destruição
graças à ação de uma colagenase produzida no tecido de granulação. Os capilares neoformados estabilizamseu desenvolvimento.
Todos esses eventos, cujo início é de seis a oito dias após a sutura da feriada e conclusão é de oito a doze meses após a les ão,
correspondemà maturação cicatricial em termos de síntese do colágeno, consolidação endotelial e estabilização do epitélio.
Epitelização
Consiste na reparação cutânea; trata-se, portanto, de epidermização.
A epiderme consiste essencialmente de duas camadas, uma mais profunda que é o “stratum Malpighii” (germinativa,
espinhosa e granulosa) e a outra mais superficial que é o “stratumcorneum”.
Sabe-se que a migração das células epiteliais começa a partir das margens da ferida e tratando-se de feridas cirúrgicas
cutâneas, têm início dois a três dias após a agressão. Ao mesmo tempo que migram, as células epiteliais sofrem hiperplasia e
hipertrofia em todas as camadas, comexceção da camada basal.
Atualmente se sabe que a hipertrofia e a hiperplasia epitelial são controladas por um complexo bioquímico denominado
“Chalona”.
Uma vez epitelizada a ferida, cessam a hipertrofia e a hiperplasia. As camadas mais profundas se estratificam, enquanto a
camada mais superficial queratiniza-se.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Cirurgia plástica, queimados e cicatrização de feridas

Patologia 03 inflamação aguda - med resumos - arlindo netto
Patologia 03   inflamação aguda - med resumos - arlindo nettoPatologia 03   inflamação aguda - med resumos - arlindo netto
Patologia 03 inflamação aguda - med resumos - arlindo nettoJucie Vasconcelos
 
Eletroterapia aplicada ao tratamento da flacidez tissular e muscular - Edduc
Eletroterapia aplicada ao tratamento da flacidez tissular e muscular - EdducEletroterapia aplicada ao tratamento da flacidez tissular e muscular - Edduc
Eletroterapia aplicada ao tratamento da flacidez tissular e muscular - Edducedduc
 
Processos imunologicos e patologicos inflamacao
Processos imunologicos e patologicos inflamacaoProcessos imunologicos e patologicos inflamacao
Processos imunologicos e patologicos inflamacaoAlexis Lousada
 
Db301 un4 inflam_aguda
Db301 un4 inflam_agudaDb301 un4 inflam_aguda
Db301 un4 inflam_agudabiomedicassia
 
Apostila - Módulo II - Unidade II – Indução Percutânea de Colágeno por Microl...
Apostila - Módulo II - Unidade II – Indução Percutânea de Colágeno por Microl...Apostila - Módulo II - Unidade II – Indução Percutânea de Colágeno por Microl...
Apostila - Módulo II - Unidade II – Indução Percutânea de Colágeno por Microl...LuisGonzagaAraujoLui
 
Simp 2 biologia_ferida_cicatrizacao
Simp 2 biologia_ferida_cicatrizacaoSimp 2 biologia_ferida_cicatrizacao
Simp 2 biologia_ferida_cicatrizacaoThais Rebeca Soave
 
Desfecho da inflamação aguda
Desfecho da inflamação agudaDesfecho da inflamação aguda
Desfecho da inflamação agudaNathalia Fuga
 
Inflamação crônica (reparo)
Inflamação crônica (reparo)Inflamação crônica (reparo)
Inflamação crônica (reparo)FAMENE 2018.2b
 
FERIDAS E CURATIVOS 1.pdf.pdf
FERIDAS E CURATIVOS 1.pdf.pdfFERIDAS E CURATIVOS 1.pdf.pdf
FERIDAS E CURATIVOS 1.pdf.pdfnayaraGomes40
 
Reação inflamatória
Reação inflamatóriaReação inflamatória
Reação inflamatóriaGyl Souza
 
2014916 195915 inflamação+aguda+e+crônica
2014916 195915 inflamação+aguda+e+crônica2014916 195915 inflamação+aguda+e+crônica
2014916 195915 inflamação+aguda+e+crônicaCaroline Leite
 
Cicatriz Fases e Questões.pptx
Cicatriz Fases e Questões.pptxCicatriz Fases e Questões.pptx
Cicatriz Fases e Questões.pptxBrunno Rosique
 
Cicatrização e reparo
Cicatrização e reparoCicatrização e reparo
Cicatrização e reparoNathalia Fuga
 
Aparelho reprodutor feminino
Aparelho reprodutor femininoAparelho reprodutor feminino
Aparelho reprodutor femininoJorge Rubens
 

Semelhante a Cirurgia plástica, queimados e cicatrização de feridas (20)

Inflamação
InflamaçãoInflamação
Inflamação
 
Patologia 03 inflamação aguda - med resumos - arlindo netto
Patologia 03   inflamação aguda - med resumos - arlindo nettoPatologia 03   inflamação aguda - med resumos - arlindo netto
Patologia 03 inflamação aguda - med resumos - arlindo netto
 
Eletroterapia aplicada ao tratamento da flacidez tissular e muscular - Edduc
Eletroterapia aplicada ao tratamento da flacidez tissular e muscular - EdducEletroterapia aplicada ao tratamento da flacidez tissular e muscular - Edduc
Eletroterapia aplicada ao tratamento da flacidez tissular e muscular - Edduc
 
Processos imunologicos e patologicos inflamacao
Processos imunologicos e patologicos inflamacaoProcessos imunologicos e patologicos inflamacao
Processos imunologicos e patologicos inflamacao
 
Db301 un4 inflam_aguda
Db301 un4 inflam_agudaDb301 un4 inflam_aguda
Db301 un4 inflam_aguda
 
Apostila - Módulo II - Unidade II – Indução Percutânea de Colágeno por Microl...
Apostila - Módulo II - Unidade II – Indução Percutânea de Colágeno por Microl...Apostila - Módulo II - Unidade II – Indução Percutânea de Colágeno por Microl...
Apostila - Módulo II - Unidade II – Indução Percutânea de Colágeno por Microl...
 
Simp 2 biologia_ferida_cicatrizacao
Simp 2 biologia_ferida_cicatrizacaoSimp 2 biologia_ferida_cicatrizacao
Simp 2 biologia_ferida_cicatrizacao
 
2. intr. inflamação
2. intr. inflamação2. intr. inflamação
2. intr. inflamação
 
Apresentação 3.pptx
Apresentação 3.pptxApresentação 3.pptx
Apresentação 3.pptx
 
Desfecho da inflamação aguda
Desfecho da inflamação agudaDesfecho da inflamação aguda
Desfecho da inflamação aguda
 
Inflamação crônica (reparo)
Inflamação crônica (reparo)Inflamação crônica (reparo)
Inflamação crônica (reparo)
 
FERIDAS E CURATIVOS 1.pdf.pdf
FERIDAS E CURATIVOS 1.pdf.pdfFERIDAS E CURATIVOS 1.pdf.pdf
FERIDAS E CURATIVOS 1.pdf.pdf
 
Reação inflamatória
Reação inflamatóriaReação inflamatória
Reação inflamatória
 
Embriologia médica
Embriologia médicaEmbriologia médica
Embriologia médica
 
2014916 195915 inflamação+aguda+e+crônica
2014916 195915 inflamação+aguda+e+crônica2014916 195915 inflamação+aguda+e+crônica
2014916 195915 inflamação+aguda+e+crônica
 
Cicatriz Fases e Questões.pptx
Cicatriz Fases e Questões.pptxCicatriz Fases e Questões.pptx
Cicatriz Fases e Questões.pptx
 
Cicatrização e reparo
Cicatrização e reparoCicatrização e reparo
Cicatrização e reparo
 
Texto unidade 1
Texto   unidade 1Texto   unidade 1
Texto unidade 1
 
Alterações do corpo da mulher durante a gestação
Alterações do corpo da mulher durante a gestaçãoAlterações do corpo da mulher durante a gestação
Alterações do corpo da mulher durante a gestação
 
Aparelho reprodutor feminino
Aparelho reprodutor femininoAparelho reprodutor feminino
Aparelho reprodutor feminino
 

Mais de Brunno Rosique

Mais de Brunno Rosique (20)

Anestesia Ambulatorial
Anestesia Ambulatorial Anestesia Ambulatorial
Anestesia Ambulatorial
 
Onfaloplastia.pdf
Onfaloplastia.pdfOnfaloplastia.pdf
Onfaloplastia.pdf
 
Tumores cutâneos.ppt
Tumores cutâneos.pptTumores cutâneos.ppt
Tumores cutâneos.ppt
 
Lipoabdominoplastia
Lipoabdominoplastia Lipoabdominoplastia
Lipoabdominoplastia
 
Abdominoplastia.doc
Abdominoplastia.docAbdominoplastia.doc
Abdominoplastia.doc
 
ABDOMINOPLASTY.ppt
ABDOMINOPLASTY.pptABDOMINOPLASTY.ppt
ABDOMINOPLASTY.ppt
 
Abdominoplastia
 Abdominoplastia  Abdominoplastia
Abdominoplastia
 
Lipoabdominoplastia - Técnica Saldanha
Lipoabdominoplastia - Técnica SaldanhaLipoabdominoplastia - Técnica Saldanha
Lipoabdominoplastia - Técnica Saldanha
 
Excisão Fusiforme.PDF
Excisão Fusiforme.PDFExcisão Fusiforme.PDF
Excisão Fusiforme.PDF
 
CBC com Margem.pdf
CBC com Margem.pdfCBC com Margem.pdf
CBC com Margem.pdf
 
Guia de Neoplasia de Pele
Guia de Neoplasia de Pele Guia de Neoplasia de Pele
Guia de Neoplasia de Pele
 
CARCINOMA BASOCELULAR .ppt
CARCINOMA BASOCELULAR .pptCARCINOMA BASOCELULAR .ppt
CARCINOMA BASOCELULAR .ppt
 
Queimaduras - atendimento.doc
Queimaduras - atendimento.docQueimaduras - atendimento.doc
Queimaduras - atendimento.doc
 
Queimaduras- Tratamento .doc
Queimaduras- Tratamento .docQueimaduras- Tratamento .doc
Queimaduras- Tratamento .doc
 
Queimaduras.doc
Queimaduras.docQueimaduras.doc
Queimaduras.doc
 
Queimadura Química.ppt
Queimadura Química.pptQueimadura Química.ppt
Queimadura Química.ppt
 
Lesões elétricas.doc
Lesões elétricas.docLesões elétricas.doc
Lesões elétricas.doc
 
Prova 2004 Cirurgia Plástica
Prova 2004 Cirurgia Plástica Prova 2004 Cirurgia Plástica
Prova 2004 Cirurgia Plástica
 
Prova 2005 Cirurgia Plástica
Prova 2005 Cirurgia Plástica Prova 2005 Cirurgia Plástica
Prova 2005 Cirurgia Plástica
 
Prova Cirurgia Plástica
Prova Cirurgia Plástica Prova Cirurgia Plástica
Prova Cirurgia Plástica
 

Último

Fisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestivFisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestivProfessorThialesDias
 
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesTerapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesFrente da Saúde
 
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxcuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxMarcosRicardoLeite
 
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannRegiane Spielmann
 
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaUso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaFrente da Saúde
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptxLEANDROSPANHOL1
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...DL assessoria 31
 
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdfInteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdfMedTechBiz
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptDaiana Moreira
 
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptxAPRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptxSESMTPLDF
 
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdfMichele Carvalho
 

Último (11)

Fisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestivFisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestiv
 
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesTerapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
 
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxcuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
 
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
 
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaUso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
 
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdfInteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
 
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptxAPRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
 
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
 

Cirurgia plástica, queimados e cicatrização de feridas

  • 1. Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados da Santa Casa de Misericórdia de São José do Rio Preto Regente : Valdemar Mano Sanches Dr Brunno Rosique Lara Cicatrização das Feridas Didaticamente divide-se o processo de cicatrização em três fases. Entretanto tais fases são dinâmicas, numa etapa podemos encontrar elementos que compõem as outras duas. Tais fases são: - Inicial ou inflamatória aguda; - Proliferativa ou de fibroplasia; - Maturação ou contração da ferida. Fase Inicial ou Inflamatória Aguda Inicia-se imediatamente após o ferimento. Ocorre um aumento da tensão intravascular, conseqüente à retração do coágulo, que se forma pela ruptura do capilar. Em seguida aparecem os elementos celulares, como em qualquer reação inflamatória aguda, porém com detalhes próprios do processo de cicatrização, ou seja, a reação inflamatória nos ferimentos cirúrgicos está intimamente relacionada à alteração da permeabilidade capilar e ao movimento de leucócitos em direção à ferida. Há, portanto, uma resposta vascular e uma resposta celular. Resposta Vascular Composta fundamentalmente do aumento da permeabilidade capilar, principalmente das pequenas vênulas, que emúltima análise, é o fator desencadeante de todos os fenômenos subseqüentes, sendo promovida por mediadores bioquímicos. Com a destruição celular ocorre a descarboxilação da histidina com a liberação de histamina. A histamina promove o aumento da permeabilidade capilar, sendo coadjuvada pela serotonina, em menor quantidade. Este aumento de permeabilidade é devido ao afastamento das células endoteliais, criando espaços entre as mesmas, permitindo a saída de plasma e de algumas células. Tanto a histamina, quanto a serotonina, têm ação efêmera (30 min); entretanto, com a degradação enzimática da albumina, localmente, forma-se um polipeptídio denominado leucotaxina cujo efeito sobre a permeabilidade capilar é mais duradouro. Após a lesão, as células locais remanescentes têm aumento da atividade das fosfolipases presentes na membrana, promovendo a hidrólise dos fosfolipídios convertendo-os emácidos graxos insaturados compredominância do ácido araquidônico, que sob a ação de uma ciclo-oxigênase, transforma-se em prostaglandinas. As prostaglandinas promovem efetivo aumento da permeabilidade capilar. Algumas prostaglandinas específicas são responsáveis pela proliferação celular, após ferimentos, estimulando os processos de mitose e, ainda, nas mesmas situações, têm comprovada ação quimiotáxica sobre os polimorfonucleares e monócitos. Resposta Celular Conseqüente ao aumento da permeabilidade capilar, há saída de plasma e eritrócitos. Há também movimentação ativa de leucócitos, principalmente neutrófilos e monócitos, que se dirigem para o local do ferimento, constituindo o exsudato inflama tório. Os neutrófilos têm vida média muito curta e rapidamente sofrem degeneração gordurosa e lise, colaborando, frequentemente coma formação de serosidade, comcaracterística purulenta, sementretanto, envolver contaminação bacteriana. Os monócitos circulantes, que ao nível de tecido inflamatório correspondem aos macrófagos, constituem um complexo – monócito/macrófago – que é considerado o mediador celular da cicatrização. Agem como células fagocitárias, completando a limpeza local, e coordenam a migração e ação dos fibroblastos e da angiogênese, através de fatores de crescimento, como TNF-α, FGF, TGF-β.
  • 2. Fase de Proliferação ou Fibroplasia Inicia-se três a quatro dias após o ferimento e é caracterizada, fundamentalmente, pela presença de grande quantidade de fibroblastos e menor quantidade de mastócitos. Fibroblatos: Sua origem, na cicatrização, é um assunto controverso. Independente das teorias vigentes, a fibroplasia, ocorre da seguinte maneira: Exsudato (rico em fibrinogênio) → fibrina → rede de fibrina → depósito de fibroblastos. Essa migração de fibroblastos é acompanhada de neoformação capilar. A neoângiogenese é estimulada pela interação entre prostaglandinas e o complexo monócito/macrófago. Dessa maneira, se formam botões endoteliais cujas células proliferam constituindo cordões que se dispõem, sinuosamente, intermeando-se com os fibroblastos. Seqüencialmente, estes cordões se canalizam formando uma rede capilar por onde circula o sangue. Os vasos neoformados associados aos fibroblastos e seus produtos formamo tecido de granulação. Cerca de 30% dos fibroblastos do tecido de granulação diferenciam-se numa população celular específica cujo comportamento é semelhante ao das células musculares lisas. Estes miofibroblastos conferem a capacidade contrátil ao tecido de granulação, por conseguinte, reduzem a área cruenta da ferida nos processos de cicatrização por segunda intenção. Mastócitos: Apresentam-se em pequena quantidade no tecido conjuntivo de cicatricial, aglomerando-se particularmente em torno dos capilares neoformados. Sua função na cicatrização não é bem definida. Fase de Maturação ou de Contração da Ferida Essa fase é caracterizada pela migração e proliferação das células epiteliais remanescentes nas bordas da ferida. Há, no local, uma redução da quantidade de colágeno às custas de dois mecanismos: ou por diminuição de síntese , ou por destruição graças à ação de uma colagenase produzida no tecido de granulação. Os capilares neoformados estabilizamseu desenvolvimento. Todos esses eventos, cujo início é de seis a oito dias após a sutura da feriada e conclusão é de oito a doze meses após a les ão, correspondemà maturação cicatricial em termos de síntese do colágeno, consolidação endotelial e estabilização do epitélio. Epitelização Consiste na reparação cutânea; trata-se, portanto, de epidermização. A epiderme consiste essencialmente de duas camadas, uma mais profunda que é o “stratum Malpighii” (germinativa, espinhosa e granulosa) e a outra mais superficial que é o “stratumcorneum”. Sabe-se que a migração das células epiteliais começa a partir das margens da ferida e tratando-se de feridas cirúrgicas cutâneas, têm início dois a três dias após a agressão. Ao mesmo tempo que migram, as células epiteliais sofrem hiperplasia e hipertrofia em todas as camadas, comexceção da camada basal. Atualmente se sabe que a hipertrofia e a hiperplasia epitelial são controladas por um complexo bioquímico denominado “Chalona”. Uma vez epitelizada a ferida, cessam a hipertrofia e a hiperplasia. As camadas mais profundas se estratificam, enquanto a camada mais superficial queratiniza-se.