O documento classifica e descreve os principais tipos de antibióticos. A classificação é feita quimicamente, de acordo com o espectro de ação e efeito sobre microrganismos. Os antibióticos atuam interferindo na síntese da parede celular bacteriana, permeabilidade da membrana ou replicação do DNA. A parede celular varia entre bactérias gram-positivas e gram-negativas, afetando a ação dos antibióticos.
Classificação e mecanismos de ação dos antibióticos
1. CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS
CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA
São divididos em 4 grupos:
AMINOGLICOSÍDEOS – agem de modo idêntico, tendo efeito bactericida, atuando
principalmente sobre os bacilos gram-negativos,
POLIÊNICOS – agem sobre fungos, pelo mesmo mecanismo fungicida.
TETRACICLINAS – são antibióticosbacteriostáticos,agindodamesmamaneiracomespectrode
ação idêntico
MACROLÍDEOS – têm efeito bacteriostático sobre os mesmos germes.
O cloranfenicol e tianfenicol são similares quanto ao efeito e espectro de atividade. Já em
relação às penicilinas e às cefalosporinas, o espectro de ação não é semelhante entre os
diversoscomponentesdogrupo,emobratodassejambactericidassobre os germes sensíveis,
agindopelomesmomodo.Fogemàregra geral as polimixinas, a tirotricina, a vancomicina e a
bacitracina, que têm espectro e mecanismos de ação diferentes entre si.
O segundo ponto de importância do agrupamento de antibióticos segundo a constituição
química refere-se ao fato de em alguns grupos, existir resistência cruzada entre os seus
constituintes. Tal fato ocorre entre os macrolídeos, as tetraciclinas, as cefalosporinas da
primeira geração, o cloranfenicol e o tianfenicol. Em relação a outros antibióticos, isso não
ocorre,porque as substâncias de um mesmo grupo podem apresentar determinados radicais
na fórmulaestrutural que modificamopontode ação do mecanismode resistênciabacteriana,
principalmente quando de natureza enzimática.
Ex: A penicilina G e a oxacilina ante o estafilococo produtor de penicilinase.
Este germe é resistenteaação da penicilinaG,porque a enzimapor ele produzida age sobre o
anel beta-lactâmico, transformando a penicilina em ácido peniciloico, desprovido de ação
antimicrobiana, já a oxacilina apresenta ação bactericida sobre o mesmo germe, porque a
pencilinase não é capaz de romper o referido anel, neste caso protegido por um radical mais
complexoe ligadomaissolidamente.Outroexemplo é dado pelo grupo dos aminoglicosídeos
no qual, devido à existência de vários mecanismos de resistência, é imprevisível julgar a
ocorrência ou não da resistência cruzada.
O conhecimentodaresistênciacruzadaentre antibióticosé de importânciaparaque se evite a
terapêuticaassociadade duas drogas do mesmo grupo químico ou a substituição, em caso de
resistência,de umantibióticoporoutroque sofreráo mesmomecanismode resistência.Desse
modo,quandoestiverindicadaaassociação, não se deverá usar nunca eritromicina associada
à espiramicina ou a outro macrolídeo, no caso de ocorrer resistência à sulfadiazina, não
adianta substituí-la por outra sulfa, ainda que de eliminação mais lenta. O mesmo fato
2. ocorrerá entre as tetraciclinas, em que a resistência a uma delas representa, geralmente,
resistência a todo grupo químico.
Outra consequência do conhecimento da sensibilidade ou resistência dos germes a
antibióticosde ummesmogrupoestána avaliaçãodafidedignidadede umantibiograma.Num
antibiograma de confiança, a sensibilidade mostrada para o cloranfenicol deve ser a mesma
que para o tianfenicol. O mesmo ocorre, em geral, entre os macrolídeos (com exceção dos
modernos macrolídeos (com exceção dos modernos macrolídeos, como a claritromicina e a
azitromicina), as tetraciclínas, as celosporinas da primeira geração e as polimixinas.
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O ESPECTRO DE AÇÃO
Os agentessobre osquaisatuamos antibióticossãoasbactérias,as algas,os protozoários e os
fungos.Asbactérias,porsua vez,podemserdivididasem seis grandes grupos: gram +, gram -,
micobactérias, riquétsias, espiroquetas e atípicos (micoplasmas, legionelas e clamídias). Os
antibióticospodementãoserclassificadosde acordocoma ação predominante sobre cadaum
destes grupos. Na utilização de um antibiótico diante de um determinado microrganismo,
torna-se necessário o conhecimento da sensibilidade deste germe, devendo-se estar ciente
das limitações possíveis devidas à resistência microbiana. É principalmente para os
microganismos que apresentem grande variabilidade de resistência que está indicada a
determinaçãoinvitrodasensibilidade aosantibióticos,conseguidapormeio do antibiograma.
CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O EFEITO SOBRE OS MICRORGANISMOS
Segundo a ação, os antibióticos são classificados em bactericidas e bacteriostáticos
- BACTERICIDAS – são aqueles que provocam alterações incompatíveis com a sobrevida
bacteriana.
- BACTERIOSTÁTICOS – são os que inibem o crescimento e a reprodução bacteriana sem
provocar sua morte imediata, sendo reversível o efeito, uma vez retirada a droga.
MECANISMOS DE AÇÃO DOS ANTIMICROBIANOS
A ação bactericida ou bacteriostática é determinada por mecanismos de ação primários ou
secundários das drogas sobre o agente microbiano e são variáveis com a concentração do
antibiótico no meio em que se encontra o germe e a sensibilidade do microrganismo.
O mecanismo de ação das drogas antimicrobianas, compreendendo os antibióticos e os
quimioterápicosantimicrobianos(sulfonamidase quinolonas),é exercidoessencialmente por:
interferência na síntese da parede celular, alterações na permeabilidade da membrana
citoplasmática, interferência na replicação do cromossomo, alterações na síntese proteica,
inibição da síntese de ácidos nucleicos, interferência em processos metabólicos.
ANTIMICROBIANOS QUE INTERFEREMNA SÍNTESE DA PAREDE CELULAR
A parede celular ou membrana externa das bactérias (exceto micoplasmas), assim como as
leveduras e plantas, é uma estrutura que envolve a membrana citoplasmática. A parede
3. celular é que dá a forma à bactéria (coco, bacilo, espirilo). É uma estrutura vital para a
sobrevivência das bactérias no meio líquido, considerando que o meio interno bacteriano é
hipertônico. Bactérias sem parede sofrem lise osmótica. As formas L de bactérias,
eventualmenteencontradasemprocessosinfecciosos, correspondem a bactérias sem parede
que conseguem sobreviver devido às condições de maior osmolaridade do meio em que se
situam (ex: vias urinárias, secreção bronquiectasias).
Alémdaimportânciana manutençãodahipertonicidade internadabactéria,aparede celularé
necessária à reprodução binária normal da célula, que se inicia pela formação de um septo a
partir dela.
A constituiçãodaparede celulardifere de acordo com o tipo de bactéria (seja gram positiva –
cocos e bacilos,oubacilogram negativo).Todasapresentamemcomum o PEPTIDOGLICANO –
um polímero mucopeptídeo complexo, rígido, formado por monômeros formados pelos
açúcares aminados N-acetilglicosamina e ácido N-acetilmurâmico, ligados por pontes de
aminoácidos.
Nas GRAM POSITIVAS – a parede celular é uma estrutura simples, formada por uma espessa
camada do peptidoglicano, o qual se situa imediatamente por fora da membrana
citoplasmática. Sua composição é de cerca de 60% mucopeptídeo além de ácidos teicoicos,
ribonucleato de magnésio e carboidratos.
Nos bacilos GRAM NEGATIVOS – parede celular mais complexa, 10% de peptidoglicano que
forma uma camada basal sobre a qual se encontra uma camada externa composta por
lipopolissacarídeos, fosfolipídios e proteínas.
Em ambos os tipos, externamente à parede celular encontra-se a CÁPSULA (estrutura
macromolecular).
A constituição da parede, variável com o tipo de microrganismo, origina diferenças na
permeabilidade às drogas, que devem penetrar na célula para atingir seu local de ação.
Exemplos:
POLIMIXINA B – atua na membrana citoplasmática das bactérias, situada internamente à
parede celular, no entanto, este antibiótico não tem ação sobre os germes gram positivos,
principalmente porqueé retidopelacamadade ribonucleatode magnésiopresente na parede
destesmicrorganismos.Elaage sobre osbacilosgram negativos, desprovidos deste elemento
em sua parede celular.
DROGAS COMBAIXA LIPOSSOLUBILIDADE– temmaiordificuldade em agir sobre germes gram
negativos,ricosemlipídiosnasuaparede. Ex: PENICILINA G – em baixas concentrações, não é
capaz de atravessaras camadas superficiaisdaparede celular dos bacilos gram negativos para
atuar em seu receptor, inibindo a formação do mucopeptídeo. A AMPICILINA – pode agir em
tais microrganismos por ser mais lipossolúvel.
A face mais exterior da membrana externa dos bacilos gram negativos é formada por
lipopolissacarídeos, que correspondem às endotoxinas desses germes. Sua fração lipídica é
4. responsável pelo efeito tóxico e sua fração polissacarídica constitui o antígeno somático, ou
antígeno O. Atravessando a estrutura da membrana externa dos bacilos gram-negativos,
encontram-se proteínas denominadas porinas, dispostas de modo a formar túneis ou poros
através dos quais moléculas de tamanho apropriado podem passar do meio exterior para o
espaço periplásmico.
Em uma bactériaematividade biológica,istoé,crescendoe se reproduzindo, a parede celular
estáconstantemente sendo destruída e sintetizada, de modo a permitir que as células-filhas
sejamcompostas por esta estrutura vital. Nas células em crescimento normal, estabelece-se
um equilíbrio entre a síntese e a lise, sendo esta lise produzida por enzimas autolíticas
(hidrolases). Este equilíbrio permite que a divisão celular se dê sem que ocorra destruição
celular,pois,àmedidaque se abrempertuitosnacamada basal da parede,novassubunidades
dissacarídios-peptídicas são formadas e interligadas, preenchendo os espaços formados na
parede de célula em divisão. Entretanto, se, numa bactéria em reprodução, ocorrer uma
inibição da síntese de constituintes da nova parede, rompe-se o equilíbrio, continuando a
destruição da parede anterior. Com isso, a parede celular exixtente tonra-se defeituosa, ou
mesmo desaparece, sucedendo a lese osmóstica bacteriana, resultante da maior pressão
osmótica no interior da célula.
PEPTIDOGLICANO –é o constituinte fundamental daestruturadaparede celular das bactérias.
Os açúcares aminados que o compõem, a N-acetilglucosamina e o ácido N-acetilmurâmico,
dispõem-se de forma alternada, formando longas cadeias que são ligadas por cadeias
peptídicasque se entrecruzam.Sãoestas pontes cruzadas que asseguram a rigidez da parede
celular.A biossíntese dosconstituintesdaparede celular,bem como sua ligação para formar a
longa cadeia polissacarídica e aas pontes peptídicas, é catalisada por diferentes enzimas.
Sendoo peptidoglicano o principal elemento que configura a rigidez da parede, responsável
pela manutenção da maior pressão interna nas bactérias. É o que ocorre com penicilinas,
cefalosporinas, fofomicina, vancomicina, e outros glicopeptídeos, bacitracina e ciclosserina,
antibióticosque inibemasíntese da parede celular, por agirem em várias etapas da formação
do mucopeptídeo, geralmente por mecanismos competitivo e inibitório, com enzimas que
participam desta síntese.
- FOSFOMICINA – inibe a enzima piruviltransferase, que participa da formação do ácido
acetilmurâmico.
- CICLOSSERINA - compete comenzimasque ligamospeptídeosformadores da parede celular
- GLICOPEPTÍDEOS (VANCOMICINA E TEICOPLANINA) – interrompem o alongamento do
peptidoglicano por formarem complexos com peptídeos precursores, funcionando como
antagonistas competitivos da polimerização da cadeia peptidoglicana.
Por ação dos glicopeptídeos e da bactracina, ocorre o acúmulo dos precusosres do
peptidoglicanonointeriorounoespaçoperiplasmático.Estes antibióticos atuam também, de
maneira secundaria, sobre a membrana citoplasmática alterando sua permeabilidade, e, por
isso, são altamente tóxicos para as células de mamíferos.
5. BETALACTÂMICOS – inibem a catalisação das transiglicosidases, que polimerizam (ou
transglicolisação) para formar a longa cadeia polissacarídica.
TRANSPEPTIDAÇÃO – é a reação que proporciona a rigidez e a barreira osmótica da parede
celular. A biossíntese do peptidoglicano se completa pela união das cadeias polissacarídicas
por meio da ligação entrecruzada das cadeias pentapeptídicas de uma molécula com a de
outra, formando um polímero mucocomplexo em forma de rede (o peptidoglicano), que
proporciona a rigidez e a barreira osmótica da parede celular.
A reação de transpeptidaçãoé catalisadaportranspeptidases,havendotambémaparticipação
de carboxipeptidadese de endopeptidases – É PRINCIPALMENTE NESTA FASE QUE ATUAMOS
BETA-LACTÂMICOS(PENICILINAS,CELOSPORINAS,CABAPENEMAS,MONOBACTÂMICOS).Aose
ligarem de maneira irreversível ao seu receptor de ação, às proteínas ligadoras de penicilina
PBPs(penicillin-bindingproteins),inibindosuaação.Estas proteínassituam-se na face externa
da membranacitoplasmáticae têmatividade enzimáticade tansglicosidades,transpeptidases,
carbopeptidase e endopeptidases,participandode maneira fundamental na terceira etapa da
biossíntese das novas moléculas de peptidoglicano e sua incorporação no peptidoglicano
preexistentenaparede céluladabactériaemmultiplicação.Dessamaneira,ocorre adivisãoda
célulabacteriana,formaçãode septosentre asbactériasfilhase seualongamento.AsPBPsdas
bactérias variam em número, características de sua formação química e afinidade pelos
antibióticos beta-lactâmicos, de acordo com a espécie bacteriana.
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