SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 15
Baixar para ler offline
0
UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA –
UNAMA/SERUNIDADE ACADÊMICA DE
PÓS-GRADUAÇÃO
DOUTORADO EM COMUNICAÇÃO, LINGUAGEM E CULTURA
CLEUMA ROBERTA DE SOUZA MARINHO
A FORMAÇÃO DA CRIANÇA SURDA A PARTIR DA LITERATURA EM
LÍNGUADE SINAIS
BELÉM
2022
0
CLEUMA ROBERTA DE SOUZA MARINHO
A FORMAÇÃO DA CRIANÇA SURDA A PARTIR DA LITERATURA EM
LÍNGUADE SINAIS
Artigo apresentado como requisito final para
obtenção de nota na disciplina: Estudos
Avançados em Comunicação Linguagens e
Cultura pelo Curso de Doutorado em
Comunicação, Linguagens e Cultura da
Universidade da Amazônia – UNAMA
Orientador(a): Profa Dra. Ana D’Arc Azevedo e
Profa Dra. Márcia Nunes
BELÉM
2022
3
A FORMAÇÃO DA CRIANÇA SURDA A PARTIR DA LITERATURA
EM LÍNGUA DE SINAIS
Cleuma Roberta de Souza Marinho
1
Ana D’Arc Azevedo
2
Marcia Cristina Ribeiro Nunes3
RESUMO: O presente estudo buscou entender a importância da formação da criança
surda a partir da literatura em língua de sinais, tendo como problema inicial
compreender: Qual a importância da formação da criança surda a partir da literatura
em língua de sinais. Como objetivo geral, este trabalho buscou a compreender a
alfabetização deste surdo em sua língua materna, que é a LIBRAS. Os objetivos
específicos traçados buscaram apontar os benefícios da literatura em língua de sinais
para a formação do indivíduo surdo, e ainda identificar de que forma os livros infantis
podem desenvolver a criança surda na sua primeira língua, apresentando os pontos
que fazem com que seja uma experiência interdisciplinar. Para realizar este estudo,
foi necessário entender a caracterização do indivíduo surdo e seu processo de
aprendizagem, o desenvolvimento da criança através da literatura, além de entender
o que é literatura surda e qual a influência dela na formação da criança surda. Esta
pesquisa se deu a partir de fonte bibliográfica e exploratória, e apresenta cunho
qualitativo, foram embasados nos conceitos de Literatura e Literatura surda de autores
como Silvia Cocello e Marta Morgado e nos fundamentos de código e linguagem com
Eduardo Jacob (2007) e Linguagem e interdisciplinaridade de Fiorin (2009), que deram
suporte ao debate. Os resultados revelaram a literatura surda é de fundamental
importância ao desenvolvimento da criança surda pois desenvolve seu senso crítico e
faz com que seja inserida na sua cultura e passe a valorizar e usar sua primeira língua
que é a língua de sinais.
Palavras chave: Língua de sinais. Literatura. Interdisciplinaridade.Linguagem.
Surdez
1 INTRODUÇÃO
A língua de sinais para o surdo é sua primeira língua, apesar disso a
alfabetização desses indivíduos é realizada com livros em língua portuguesa, que em
1
Cleuma Roberta Marinho, doutoranda do PPGLCC Universidade da Amazônia (UNAMA). E-mail:
cleumamrinho@yahoo.com.
2
Prof. Ana D’Arc Azevedo, professora do PPGLCC Universidade da Amazônia (UNAMA),Doutora em
EducaçãoCurrículo pela Pontifícia Universidade Católica (PUCSP) (2011).
3
Marcia Cristina Ribeiro Gonçalves Nunes , professora do PPGLCC Universidade da Amazônia
(UNAMA), Doutora em História pela Universidade Federal
Pós-Doutoranda em Arquitetura na Universidade de Lisboa. Pós-Doutoranda em Arquitetura na
do Pará (UFPA).
4
muitos casos, não é de domínio destes sujeitos. Apesar de haver legislação que o
ampara para que seja alfabetizado em sua língua, são escassos materiais com que
se possa trabalhar de maneira efetiva o desenvolvimento da criança surda.
Em geral, o primeiro contato da criança ouvinte com a literatura é feita de forma
oral, é nesse momento, através da voz dos pais ou dos avós que elas conhecem os
contos de fada, anedotas, história inventadas, místicas,folclóricas ou passagens da
bíblia, por exemplo. A criança então, pode a partir daí, estabelecer uma ponte com o
imaginário, fazer suas próprias versões, descobrir o mundo através de histórias
contadas e recontadas, pode-se conhecer sentimentos, lugares e emoções.
Porém, para o surdo ocorre de maneira diferente, ele não tem a faculdade da
audição, e para a maioria deles, que nascem em famílias de ouvintes, isso é pior, pois
não conseguem na primeira infância, estabelecer comunicação com seus pares. A
literatura então dificilmente entra na vida das crianças surdas por meio das famílias,
já que a maioria delas não domina a língua de sinais. Apenas aqueles que estão
inseridos em comunidades surdas, ou que mantem contato com alguém que
conheça a língua de sinais temacesso as primeiras histórias contadas. Por isso, o
imaginário, tão importante nesta fase, acaba não sendo bem desenvolvida, a
percepção das crianças precisa do estímulo através da literatura.
O presente artigo tem a seguinte questão problema: Qual a importância da
formação da criança surda a partir da literatura em língua de sinais, apresentando
como hipóteses: Quais os benefícios da literatura em língua de sinais para a formação
do indivíduo surdo? De que forma os livros infantis podem desenvolver a criança surda
na sua língua materna?
Dessa forma tem como objetivo geral: analisar a importância da formação da
criança surda a partir da literatura em língua de sinais, e como objetivos específicos
apontar os benefícios da literatura em língua de sinais para a formação do indivíduo
surdo, e ainda identificar de que forma os livros infantis podem desenvolver a criança
surda na sua língua materna.
O estudo se deu a partir de busca eletrônica em bancos de dissertações,teses
procurados nas bases de dados Scielo, Google Acadêmico e livros disponíveis para a
comercialização em sites de livrarias como Saraiva e Culturacom o intuito de conhecer
o acervo disponível para venda de livros infantis voltados para crianças surdas, bem
5
como os trabalhos de pesquisas sobre o tema pesquisado
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo, onde
buscou-se verificar o acervo disponível sobre a literatura surda infantil disponível
tanto em níveis científicos quanto pra uso direto com os discentesnas escolas.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 A CARACTERIZAÇÃO DO INDIVÍDUO SURDO E SEU PROCESSO DE
APRENDIZAGEM
A surdez se caracteriza pela deficiência do sentido da audição, provocando
alterações na recepção e enunciação de mensagens com o uso da fala. Nessa
perspectiva Santos, C.; Lima, P; Rossi (2003, p.71) enfatizam que “A audição é o meio
pelo qual o indivíduo entra em contato com o mundo sonoro e com as estruturas da
língua que possibilitam o desenvolvimento de um código estruturado, próprio da
espécie humana.” Por isso, como os demais sentidos, o da audição tem primordial
importância no desenvolvimento do ser dentro da sua individualidade e da sociedade.
O surdo então apresenta uma maneira distinta de aprender e faz o uso de
linguagem própria para a comunicação. A aprendizagem do surdo se dá por padrões
diferentes, mediante sua peculiaridade, assim, compreende-se que a primeira língua
do surdo é a língua de sinais. A criança ouvinte estabelece seus valores culturais no
momento de nascer, por meio da linguagem oral, já por meio da língua de sinais, se
colocadas em contato com pessoas fluentes na Língua Portuguesa e a LIBRAS, que
se caracteriza pela “forma de comunicação e expressão em que o sistema linguístico
de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria constituem sistema
linguístico”. (BRASIL, 2002). A compreesão disso perpassa pelo que se entende por
código, ou a língua em si, sobre isso Jacob (2007, p.03) diz que,
A capacidade de processar a informação em códigos é condição da vida. Para
Luhmann (2005:38) o código é formado de dois lados, o interno e o externo,
entre eles há uma distinção, uma diferença condutora que determina as
operações que pertencem ao sistema e aquelas que ocorrem no ambiente
externo a ele.
Quando se trata de linguagem, o código a ser usado é o primeiro que deve ser
inserido na vida da criança, a língua materna deve ser desenvolvida para que aspectos
ideias e pensamentos se organizem. Para Fiorin (2008, p.29),
6
A linguagem é onipresente na vida de todos os homens. Cerca-nos desde o
despertar da consciência, ainda no berço; segue-nos durante toda a nossa
vida, em todos os nossos atos, e acompanhanos até na hora da morte. Sem
ela, não se pode organizar o mundo do trabalho, pois é ela que permite a
cooperação entre os seres humanos e a troca de informações e experiências.
Sem ela, o homem não pode conhecer-se nem conhecer o mundo. Sem ela
não se exerce a cidadania, porque ela possibilita infl uenciar e ser infl
uenciado. Sem ela não se pode aprender.
Desta forma, existem diferentes perspectivas assumidas em relação ao papel
da linguagem no processo de aprendizagem do indivíduo surdo, pois esta está
intrinsecamente ligada à organização do pensamento. Assim, verifica-se que,
As possibilidades de desenvolvimento da criança surda foram muitas vezes
abordadas, no campo da psicologia, debates sobre as relações entre
pensamento e linguagem. (...)Sem um domínio consistente da linguagem,
faltava-lhe uma fonte essencial de estruturação simbólica e eram reduzidas a
flexibilidade e mobilidade de seu pensamento (CAQUETE APUD GÓES,
2012, p. 29),
É importante considerar a língua materna do surdo, a Língua de Sinais, já que
a organização do pensamento necessita de uma linguagem para ser estabelecida,
então a partir do momento em que entra em contato com a linguagem que pode se
expressar, o surdo então, tem o canal para receber todo tipo de informação.
2.2 O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA ATRAVÉS DA LITERATURA: UMA
EXPERIÊNCIA INTERDISCPLINAR
Segundo Fiorim (2008, p.45), a linguagem é multiforme, portanto a
interdisciplinaridade é de sua natureza, daí a importância de se fazer a análise do
caráter interdisciplinar da linguagem com a literatua. O desenvolvimento da linguagem
favorece “a cooperação entre os seres humanos e a troca de informações e
experiências. Sem ela, o homem não pode conhecer-se nem conhecer o mundo.
(FIORIN, 2008, p.29).
Existem vários entrelaçamentos entre a linguistica e a lietratura, desta forma,
pode-se perceber a interseção da literatuta com a linguística, que é a area da
linguagem, pois para Fiorin (2008, 38) “A interdisciplinaridade pressupõe uma
convergência, uma complementaridade, o que significa, de um lado, a transferência
de conceitos teóricos e de metodologias e, de outro, a combinação de áreas.”
Nesse viés, passa-se a analisar então o desenvolvimento da leitura, que é uma
das principais preocupações na alfabetização de crianças é estimulado mesmo antes
7
das primeiras letras na fase de contação de histórias, e a relação direta que apresenta
no que rege a aquisição de uma linguagem, um código para compreendê-la. O início
desta alfabetização começa antes mesmo da decodificação do código da letrado. Para
Silva (1988, p.21) “A criança lê o mundo que a rodeia muito antes de um aprendizado
sistemático da leitura e da escrita. Esse aspecto é percebido facilmente quando da
leitura de histórias, livros sobre assuntos específicos (...)”.
A partir disso, pode-se compreender que ler não está apenas relacionado a
textos escritos, vários formatos e linguagens podem apresentar diferentes tipos de
texto. Jacob (2007, p.04) diz que “O texto é uma representação, um simulacro do
mundo a partir de um sistema de signos.”
Baudrillard apud Jacob (1995: 196) afirma que o processo de significação é
imediatamente sistemático: o signo nunca existe fora de um código e de uma língua.
Desta forma, pode se afirmar que todo sujeito ao significar, produz um ato de
interpretação, um entre muitos possíveis, ato que marca sua subjetividade e significa
sua relação com o mundo.
Desta forma, permite à criança, estabelecer a conexão entre o que escutou e o
que vivencia. Vivemos em um mundo povoado de signos, edevemos então saber
interagir com esses signos (símbolos, ícones e índices). Neste sentido para Colello
(2004, p.13)
Conquistar a linguagem significa (ou deveria significar) conhecer os seus
elementos básicos, o seu funcionamento e as suas dimensões, possibilitando
o ‘livre trânsito’ entre os diversos modos de atualização bem como o
estreitamento de laços entre a expressão e a ideia. (...)É o que ocorre
quando a oralidade, a comunicação gestual e a interpretação das imagens
passam a representar o segundo plano do que se convencionou chamar de
alfabetização.
Em relação à linguística, pode dizer que, o livro quando é lido a uma criança dá
a possibilidade a ela de fazer relação entre a língua escrita e a falada e a fazer a
relação entre o som, repetição das letras, as pausas da pontuação e aentonação,
passando então a parafrasear e a contar a história ouvida ao seu modo.
2.3 A LITERATURA SURDA
8
O conceito de literatura é abrangente, assim como o é o conceito de literatura
surda, por esta razão, há de se conceituar neste estudo, a literatura surda como:
A tradução de memórias de vivências que atravessam gerações alocando
identidade, tradição ao povo surdo. Diferentes gêneros são explorados,
criados, adaptados, traduzidos. Poesia, história de surdos, piadas, literatura
infantil, clássicos, fábulas, contos, romances, lendas e outras manifestações
culturais enriquecem tanto surdos quanto ouvintes que a elas têm acesso.
(FELÍCIO, 2014, p. 23).
Por apresentar uma maneira diferente de aprender e uma língua própria, o
surdo tem a necessidade de ter acesso ao acervo de livros que estejam em sua língua
materna, a língua de sinais. Porém, existe hoje no país, escassez na oferta de material
didático voltado a este público, pois todo o material impresso está em língua
portuguesa, tornando o acesso ao conteúdo deste material difícil ao educando surdo por
este, em muitos casos, não ter o domínio da língua portuguesa. Existe então a necessidade
de se utilizar em ambientes educacionais voltados aos surdos a literatura surda.
Mas afinal, o que é literatura surda? Pode-se caracterizar a literatura surda
como àquela que se atribui ao surdo pelo surdo, algo que se desprende da imagem
do ouvinte, assumindo de fato, o desafio da escrita da sua história. Traz à luz aquele
surdo alienado para o surdo consciente, dono de suas próprias manifestações
pessoais e experiência visual. Pode ser classificada como um dos artefatos visuais do
povo surdo. (STROBEL, 2008).
As produções da literatura surda são então materiais em livros de papel ou
ainda vídeos, que se produzidos por surdos e segundo Karnopp (2010), podem ser
considerados como elemento da literatura surda. Assim como as histórias são criadas
e recriadas através dos tempos e adaptadas às culturas as quais são inseridas,
também a comunidade surda usa deste recurso para expressar sua cultura, transmitir
seus valores, registrar suas lutas e apreciar um bom momento de prosa.
Por ser um indivíduo visual, ou seja, que utiliza a função viso-espacial para
representar sua língua, a mídia é de fundamental importância para o surdo, e a
presença do surdo adulto que faz o uso da língua de sinais é primordial para a
produção de literatura para crianças surdas. Para Morgado (2011, p. 152),
Uma literatura de qualidade deverá, neste caso, ser produzida por adultos
surdos fluentes em LGP, que são os modelos fundamentais na vida da
criança surda. Deste modo, o contato é positivo e frequente com produtos
culturais de qualidade, fomenta o conhecimento das estruturas linguísticas, o
9
saber acerca do mundo. Assim, a criança é estimulada a pensar, agir, fazer,
ter consciência, tornar-se uma pessoa normal e ganhar autoestima.
O ideal de educação para a criança surda é aquela onde aprende emsua
língua materna, porém ainda não é a realidade das escolas brasileiras, pois a maioria
das crianças surdas nascem em família de ouvintes e tem pouco acesso ou quase
nenhum à língua de sinais até a idade escolar.
2.4 O SURDO E SUA RELAÇÃO COM A LITERATURA NA INFÂNCIA
As histórias em língua de sinais são muito importantes para o desenvolvimento
das crianças surdas, o acesso à sua cultura e primeira língua na infância é o que vai
fazê-lo pensar, agir e ter consciência enquanto sujeito surdo. Desta forma, poderá
entender sua identidade e cultura, fazendo com que as valorize. Neste sentido, a
literatura surda contribui para ampliar o imaginário e a fantasia da criança surda, numa
experiência visual. No entanto, segundo Azevedo (2006) apud Morgado (2001, p.
152),
Para as crianças surdas, os livros estão na segunda língua, logo a criança
necessita de adquirir a primeira língua para poder dar sentido à segunda e,
consequentemente, aos livros. A literatura dos livros é fundamental para as
crianças surdas, para que elas possam desenvolver a língua portuguesa,
necessitam de ter contato com a língua materna, praticá-la, e a literatura é
uma fonte rica para desenvolver as competências linguísticas da criança. É
fundamental estimular nos alunos o desenvolvimento de competência que
lhes possibilite a aprendizagem do saber na língua e pela língua.
Sendo assim, o gênero literário infantil, quando em língua de sinais, propiciará
à criança construir o seu próprio conhecimento, seus conceitos através de sua língua.
Segundo Azevedo (2006) apud Morgado (2011, p. 154) “para uma criança surda, cujas
oportunidades são limitadas no mundo de ouvinte, é fundamental que lhe seja
transmitida o máximo de literatura para quese possa desenvolver o mais possível”
Para que o trabalho realmente dê resultado, o ambiente deve prover a presença
de um adulto que seja fluente em língua de sinais, mas além disso, que seja um surdo
com habilidade em gênero literário e artes, é importante queo lúdico esteja presente,
e que a criança possa vivenciar esse momento de fantasia e aprendizagem.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
10
O problema do artigo e seus objetivos direcionaram o estudo para a realização
de uma pesquisa de cunho exploratória, tendo uma abordagem qualitativa. Quanto à
técnica de coleta de dados, apresenta característica de pesquisa bibliográfica. Para
Lakatos e Marconi (2001, p. 183), a pesquisa bibliográfica,
[...] abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema estudado,
desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas,
monografias, teses, materiais cartográficos, etc. [...] e sua finalidade é colocar
o pesquisador em contato direto com tudo oque foi escrito, dito ou filmado
sobre determinado assunto [...]
O estudo foi realizado para analisar a importância da formação da criança surda
a partir da literatura em língua de sinais, para tanto buscou verificar as publicações
em língua de sinais disponíveis ao público infantil, bem como produções científicas
que se relacionam ao tema, pois desta forma se configura em fundamento teórico para
enriquecer o objeto do mesmo. Para a coleta de dados, buscou-se fazer uma revisão
sistemática a partir da busca eletrônica em bancos de dissertações, teses procurados
nas bases de dados Scielo, Google Acadêmico e livros disponíveis para a
comercialização em sites de livrarias como on-line.
Quanto as análises de dados, estas foram feitas a partir da análise dos
conteúdos encontrados, de acordo com levantamento realizado a respeito das
publicações e pesquisas sobre o a literatura surda voltada para a criançasurda.
Os dados coletados e as respectivas analises e discussões seguem nos tópicos a
seguir.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este estudo visou analisar a importância da formação da criança surda a partir
da literatura em língua de sinais, levando em consideração a compreensão dos
benefícios da literatura em língua de sinais para a formação do indivíduo surdo, e a
identificação da forma que os livros infantis podem desenvolver a criança surda na
sua língua materna. Neste sentido, seguem abaixo os resultados e análises sobre o
estudo realizado.
4.1 PESQUISA SOBRE PUBLICAÇÕES EM LÍNGUA DE SINAIS VOLTADOS AO
PÚBLICO INFANTIL
11
Com base na proposta exposta, sobre a pesquisa de escritores literatura surda
e literatura surda em língua de sinais para crianças, foram encontrados02 artigos no
banco de dados Sicielo, O primeiro sob o título Literatura Surda e Ensino
Fundamental: resgates culturais a partir de um módulo tradutório com especificidades
visuais. E o segundo um dossiê de Educação Bilíngue para Surdos – políticas e
Práticas, sob o título Por que precisamos de poesiasinalizada em educação bilíngue.
No banco de dados do Google Acadêmico foi encontrado 1 Tese de doutorado,
intitulado Circulação da Literatura Surda no Brasil: análise de produções em
comunidades surdas – Qualificação da Tese de doutorado, de 2013 e dois artigos, um
com o título Análise dos Livros de Literatura Infantil Cinderela Surda e Rapunzel Surda
focalizando os sentidos produzidos sobre identidades e diferenças (2006) e o outro
intitulado Literatura Surda: produçõesculturais de surdos em língua de sinais (2013).
Por outro lado, a pesquisa realizada nos sites de duas das editoras brasileiras,
não foi possível encontrar resultados de publicações de livros em língua de sinais para
o público infantil para venda, com os descritores acima mencionados. Porém, em
buscas feitas no site de busca Google com os descritores livros infantis em língua de
sinais, foi possível encontrar as seguintes publicações para crianças surdas,
adaptadas em língua de sinais.
Figura 1 - Capas dos livros: Cinderela Surda e Rapunzel Surda
Fonte: www.libras.ufsc.br
Os livros Cinderela Surda e Rapunzel Surda são os primeiros livros de
literatura infantil do Brasil escritos em língua de sinais (SignWriting), além de serem
versões dos tradicionais contos que inserem elementos da cultura e identidade surda.
Essas releituras inéditas das histórias são acompanhadas da escrita de sinais,
ilustrações e uma versão em português. Voltadas para o público surdo infantil, as
obras são o resultado da pesquisa desenvolvida por Lodenir Becker Karnopp,
Caroline Hessel e Fabiano Rosa, intitulada “Letramento e surdez: uma abordagem
12
linguística e cultural”. O objetivo principal das edições é divulgar a língua escrita de
sinais e incentivar as escolas a implantar essa disciplina.
Figura 2- Capa dos livros: A cigarra surda e as formigas e O Caçador de Sons
Fonte: www.libras.ufsc.br
A cigarra surda e as formigas escrita por duas professoras de surdos,
Carmen Oliveira e Jaqueline Boldo, uma ouvinte e outra surda,respectivamente
– apresenta como tema a importância da amizade entre surdos e ouvintes, e
trata do respeito às diferenças.
O Caçador de Sons do autor Newton Alvim é um livro semibiográfico e
aborda o universo de um garoto surdo que procura conquistar seu espaço. O
estilo claro e lírico emociona e faz pensar.
As publicações apresentadas, são exemplos de algumas obras já
disponíveis para o público surdo infantil. São história que trazem o surdo como
personagem principal, fazendo com que as crianças consigam se ver dentro
delas, pois está dentro de sua realidade. Os autores também têm a
preocupação de usar a língua de sinais em algumas delas, propiciando ao leitor
surdo iniciante, fazer sua própria leitura acerca da obra, e posteriormente
elaborar suas análises.
4.2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
As buscas por publicações direcionadas à Literatura surda resultaramem
algumas publicações entre teses e artigos científicos que abordam o tema. Apesar de
terem sido encontradas em ampla escala estudos realizados acerca do tema, o
acervo disponível para aquisição de livros em língua de sinais parao trabalho com
criança surda ainda apresenta escassez, os dois sites deeditoras pesquisados, não
13
dispõe de oferta deste tipo de produto, e levando emconsideração a necessidade da
utilização desse material para o desenvolvimento da criança surda, essa falta de oferta
produz a carência do trabalho desenvolvido com leitura em língua de sinais.
Como resultado foram encontrados 3 artigos que abordam a temática Literatura
Surda e Livros em Língua de Sinais. Uma Tese de Doutorado e um Dossiê. As
publicações de livros infantis encontrados, nenhum era para comercialização, no site
Google, eram apenas apresentados, porém nos sites das Editoras Saraiva e Cultura,
foram encontradas diversas publicações, mas oacervo ainda é restrito e não possui
ampla distribuição. Geralmente são publicações individuais de baixa tiragem com
vendas locais.
A escassez de material desenvolvido para o trabalho com crianças surdas
apresenta uma preocupante defasagem na educação desses educandos. Sabe-se
que o material didático adaptado é um direito do indivíduo surdo desde a legislação nº
10.436/2002, quando ocorreu o reconhecimento dalíngua de sinais.
Por ser um grupo que apresenta características próprias, com língua, cultura e
identidade, há de se trabalhar desde a infância esses aspectos que serão tão
importantes ao desenvolvimento deste indivíduo enquanto sujeito quese respeita e se
aceita dentro de suas diferenças. Saback e Patrocínio (2013, p. 131) afirmam que,
Dessa forma, o exercício de auto representação destes sujeitos passa a
ser duplamente político e engajado, além de formar uma compreensão
própria para sua vivência, tal compreensão é utilizada como um veículo
disciplinar e formador de seus pares. A literatura, neste caso, emerge como
veículo de um discurso pedagógico e conscientizador do leitor.
Apesar de terem sido encontradas algumas publicações voltado ao público
infantil, o mercado ainda é tímido, sem a oferta em grande escala e sem grandes
clássicos adaptados para que se possa fazer a leitura em língua de sinais.
Desta forma como contribuição teórico e prática faz-se necessário quese
amplie as produções literárias, não só voltadas ao público infantil, mas também para
os surdos adultos. O desenvolvimento da leitura é um privilégio que precisa ser
estendido a esse público, pois desenvolve a criticidade, o debate e a discussão. Há
de se preocupar com as demandas marginalizadas, acomunidade surda é grande e já
apresenta certa representatividade, por isso deve ser enxergada com a importância
que se apresenta.
5 CONCLUSÃO
14
A literatura surda é de fundamental importância ao desenvolvimento da criança
surda pois desenvolve seu senso crítico e faz com que seja inserida na sua cultura e
passe a valorizar e usar sua primeira língua que é a língua de sinais. Ao se fazer a
verificação desta importância, o problema elencado neste artigo foi confirmado, pois
a leitura é capaz de modificar a maneira como o surdo se vê, essa postura deve ser
estimulada ainda na infância e influencia demaneira positiva na formação da criança
surda.
Diante dos específicos traçados, entre eles, compreender os benefícios da
literatura em língua de sinais para a formação do indivíduo surdo, e identificar de que
forma os livros infantis podem desenvolver a criança surda nasua língua materna,
ainda foi possivel perceber o caráter interdisciplinar deste evento.
Ficou evidente, ao término da pesquisa, que apesar de ser de sumaimportância
a literatura surda, para o desenvolvimento da criança surda, ainda existe uma grande
falta de interesse das editoras em comercializar ou incentivar sua produção. Pois nas
editoras consultas, nenhuma tinha disponívelexemplares em língua de sinais para
venda. As poucas produções existentes, principalmente voltadas ao público infantil,
foram encontradas em sites debusca e não eram comercializados, pois tinham uma
tiragem baixa e eram produzidos por escritores ou pesquisadores independentes em
sua maioria.
As produções devem ser feitas preferencialmente por surdos adultos e com
domínio da Língua de sinais, pois é uma literatura do surdo para o surdo, sem a
interferência do ouvinte, com o ponto de vista do próprio indivíduo, suas percepções
e interpretações.
Apesar de haver muitas pesquisas relacionadas ao tema Literatura Surda, e de
existir legislação que ampare o sujeito surdo em ser alfabetizado em sua língua, ainda
há muito o que fazer, a busca por reconhecimento e melhorias a uma educação de
qualidade a esses indivíduos ainda está longede acabar, eles se organizam em
comunidades e estudam e almejam mais espaço dentro da sociedade, mas isso só irá
acontecer quando seus direitos e cultura forem respeitados.
REFERÊNCIAS
COCELLO, Silvia M. Gasparin. Alfabetização em questão. 2. Ed. revisada e
15
ampliada. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004.
FERRARA, Lucrécia D’Alessio, Org. Espaços Comunicantes, Anna Blume, 2007.
FIORIN, José Luiz. Linguagem e Interdiscplinaridade. Disponível
em:http//doi.org/10.1590/s1517-106X2008000100003. Acesso em: 15 jul. 2022.
GÓES, M. C. R. Linguagem, surdez e educação. 4 ed. Revista Campinas, SP:
Autores Associados, 2012.
KARNOPP, Lodenir. Produções culturais de surdos: análise da literatura surda.
2010. Disponível em:<http://www2.ufpel.edu.br/fae/caduc/downloads/n36/07.pdf>
Acesso em: 15 jul. 2022.
Literatura Visual disponível
em:<http://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/literatura
Visual/scos/cap15284/17.html > Acesso em: 15 jul. 2022.
MORGADO, Marta. Literatura em língua gestual. In: KARNOPP, Lodenir;
KLEIN, Madalena; LUNARDI-LAZZARIN, Márcia Lise. CULTURA SURDA: Na
contemporaneidade negociações, intercorrências e provocações. Canoas:Ulbra,
2011. p. 151-171.
SISTO, Celso. Textos e pretextos sobre a arte de contar histórias.
Chapecó: Argos, 2001.
SILVA, Maria Alice S. Construindo a leitura e a escrita: Reflexões sobre
umaprática alternativa em alfabetização. Disponível em:
<https://escritadesinais.wordpress.com/2010/08/30/cinderela%C2%A0surda-e-
rapunzel-surda/>Acesso em: 15 jul. 2022.
SANTOS, C.; LIMA, P; ROSSI, P.; Surdez: Detecção e diagnóstico. In: SILVA, R.
I.;
SILVA, Sandra Maria Gonçalves Fernandes da. Classes Bilíngues para alunos
surdos em escolas inclusivas – Modelo de Referência em Pernambuco.
Monografia – (Curso de Especialização). Faculdade de Santa Helena, Recife,
2009. p.64.
SACKS, O. Vendo vozes: uma jornada pelo mundo dos surdos. Rio de Janeiro:
Imago, 1998.
STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. 3. ed.
Florianópolis: Editora UFSC, 2013. p.146.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a A importância da literatura em LIBRAS para a formação da criança surda

A CONTRIBUIÇÃO DOS CLÁSSICOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
A CONTRIBUIÇÃO DOS CLÁSSICOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃOA CONTRIBUIÇÃO DOS CLÁSSICOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
A CONTRIBUIÇÃO DOS CLÁSSICOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃOJusemara
 
Perspectivas educativas
Perspectivas educativasPerspectivas educativas
Perspectivas educativasysabello7
 
Slides_-_Bilinguiiiiiiismo_e_Libras.pptx
Slides_-_Bilinguiiiiiiismo_e_Libras.pptxSlides_-_Bilinguiiiiiiismo_e_Libras.pptx
Slides_-_Bilinguiiiiiiismo_e_Libras.pptxLucasBrando77
 
SIGNWRITING SYMPOSIUM PRESENTATION 18: The Vision of the Deaf About SignWriti...
SIGNWRITING SYMPOSIUM PRESENTATION 18: The Vision of the Deaf About SignWriti...SIGNWRITING SYMPOSIUM PRESENTATION 18: The Vision of the Deaf About SignWriti...
SIGNWRITING SYMPOSIUM PRESENTATION 18: The Vision of the Deaf About SignWriti...SignWriting For Sign Languages
 
Alfabetização dos surdo
Alfabetização dos surdoAlfabetização dos surdo
Alfabetização dos surdoPriscila Macedo
 
Capi¦ütulo 7
Capi¦ütulo 7Capi¦ütulo 7
Capi¦ütulo 7Patikaka
 
Educação da criança surda
Educação da criança surdaEducação da criança surda
Educação da criança surdaLidiana Freire
 
Eliane-educação_bilingue
Eliane-educação_bilingue Eliane-educação_bilingue
Eliane-educação_bilingue Tânia Sampaio
 
Emilia ferreira nega o letramento
Emilia ferreira nega o letramentoEmilia ferreira nega o letramento
Emilia ferreira nega o letramentoVaz Neto
 
Apresentação ELUNEAL.pptx
Apresentação ELUNEAL.pptxApresentação ELUNEAL.pptx
Apresentação ELUNEAL.pptxSueliGodoi6
 
Promoção da literacia emergente
Promoção da literacia emergentePromoção da literacia emergente
Promoção da literacia emergenteMaria Aldina Alves
 
PROJETO INTERDISCIPLINAR TEORIA E PRÁTICA ALFA
PROJETO INTERDISCIPLINAR TEORIA E PRÁTICA ALFAPROJETO INTERDISCIPLINAR TEORIA E PRÁTICA ALFA
PROJETO INTERDISCIPLINAR TEORIA E PRÁTICA ALFAplanejarparaeducar
 

Semelhante a A importância da literatura em LIBRAS para a formação da criança surda (20)

A CONTRIBUIÇÃO DOS CLÁSSICOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
A CONTRIBUIÇÃO DOS CLÁSSICOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃOA CONTRIBUIÇÃO DOS CLÁSSICOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
A CONTRIBUIÇÃO DOS CLÁSSICOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
 
Programa educação bilingue2
Programa educação bilingue2Programa educação bilingue2
Programa educação bilingue2
 
Perspectivas educativas
Perspectivas educativasPerspectivas educativas
Perspectivas educativas
 
Slides_-_Bilinguiiiiiiismo_e_Libras.pptx
Slides_-_Bilinguiiiiiiismo_e_Libras.pptxSlides_-_Bilinguiiiiiiismo_e_Libras.pptx
Slides_-_Bilinguiiiiiiismo_e_Libras.pptx
 
SIGNWRITING SYMPOSIUM PRESENTATION 18: The Vision of the Deaf About SignWriti...
SIGNWRITING SYMPOSIUM PRESENTATION 18: The Vision of the Deaf About SignWriti...SIGNWRITING SYMPOSIUM PRESENTATION 18: The Vision of the Deaf About SignWriti...
SIGNWRITING SYMPOSIUM PRESENTATION 18: The Vision of the Deaf About SignWriti...
 
Alfabetização dos surdo
Alfabetização dos surdoAlfabetização dos surdo
Alfabetização dos surdo
 
Práticas Pedagógicas Inclusivas: Refletindo sobre o aluno surdo
Práticas Pedagógicas Inclusivas: Refletindo sobre o aluno surdoPráticas Pedagógicas Inclusivas: Refletindo sobre o aluno surdo
Práticas Pedagógicas Inclusivas: Refletindo sobre o aluno surdo
 
Apresentação sobre profissional surdo
Apresentação sobre profissional surdoApresentação sobre profissional surdo
Apresentação sobre profissional surdo
 
PROFESSOR-PORTUGUES-9º-ANO.pdf
PROFESSOR-PORTUGUES-9º-ANO.pdfPROFESSOR-PORTUGUES-9º-ANO.pdf
PROFESSOR-PORTUGUES-9º-ANO.pdf
 
Da fala a_escrita
Da fala a_escritaDa fala a_escrita
Da fala a_escrita
 
Da fala a_escrita
Da fala a_escritaDa fala a_escrita
Da fala a_escrita
 
Capi¦ütulo 7
Capi¦ütulo 7Capi¦ütulo 7
Capi¦ütulo 7
 
Educação da criança surda
Educação da criança surdaEducação da criança surda
Educação da criança surda
 
Eliane EducaçãO BilingüE
Eliane EducaçãO BilingüEEliane EducaçãO BilingüE
Eliane EducaçãO BilingüE
 
Eliane-educação_bilingue
Eliane-educação_bilingue Eliane-educação_bilingue
Eliane-educação_bilingue
 
Emilia ferreira nega o letramento
Emilia ferreira nega o letramentoEmilia ferreira nega o letramento
Emilia ferreira nega o letramento
 
Apresentação ELUNEAL.pptx
Apresentação ELUNEAL.pptxApresentação ELUNEAL.pptx
Apresentação ELUNEAL.pptx
 
Mcoliveira ativ3
Mcoliveira ativ3Mcoliveira ativ3
Mcoliveira ativ3
 
Promoção da literacia emergente
Promoção da literacia emergentePromoção da literacia emergente
Promoção da literacia emergente
 
PROJETO INTERDISCIPLINAR TEORIA E PRÁTICA ALFA
PROJETO INTERDISCIPLINAR TEORIA E PRÁTICA ALFAPROJETO INTERDISCIPLINAR TEORIA E PRÁTICA ALFA
PROJETO INTERDISCIPLINAR TEORIA E PRÁTICA ALFA
 

Mais de JOSADNILTONFERREIRA

3 DIA SLIDES CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM.ppt
3 DIA SLIDES CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM.ppt3 DIA SLIDES CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM.ppt
3 DIA SLIDES CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM.pptJOSADNILTONFERREIRA
 
1 DIA SLIDES APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA AUSUBEL.ppt
1 DIA SLIDES APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA AUSUBEL.ppt1 DIA SLIDES APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA AUSUBEL.ppt
1 DIA SLIDES APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA AUSUBEL.pptJOSADNILTONFERREIRA
 
4 DIA SLIDES DIDÁTICA -1NIVEIS_DE_PLAJ - Cópia.ppt
4 DIA SLIDES DIDÁTICA -1NIVEIS_DE_PLAJ - Cópia.ppt4 DIA SLIDES DIDÁTICA -1NIVEIS_DE_PLAJ - Cópia.ppt
4 DIA SLIDES DIDÁTICA -1NIVEIS_DE_PLAJ - Cópia.pptJOSADNILTONFERREIRA
 
APRESENTAÇÃO A HISTÓRIA DA SUPERVISÃO ESCOLAR NO BRASIL.ppt
APRESENTAÇÃO A HISTÓRIA DA SUPERVISÃO ESCOLAR NO BRASIL.pptAPRESENTAÇÃO A HISTÓRIA DA SUPERVISÃO ESCOLAR NO BRASIL.ppt
APRESENTAÇÃO A HISTÓRIA DA SUPERVISÃO ESCOLAR NO BRASIL.pptJOSADNILTONFERREIRA
 
2ª aula Plano de aula.pptPLANEJAMENTO JOSÉ
2ª aula Plano de aula.pptPLANEJAMENTO JOSÉ2ª aula Plano de aula.pptPLANEJAMENTO JOSÉ
2ª aula Plano de aula.pptPLANEJAMENTO JOSÉJOSADNILTONFERREIRA
 
2ª aula Plano de aula.pptDIDÁTICACONTEMPORANEO
2ª aula Plano de aula.pptDIDÁTICACONTEMPORANEO2ª aula Plano de aula.pptDIDÁTICACONTEMPORANEO
2ª aula Plano de aula.pptDIDÁTICACONTEMPORANEOJOSADNILTONFERREIRA
 
1 Ativ. O ENFERMEIRO E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE - UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO.pdf
1 Ativ. O  ENFERMEIRO E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE - UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO.pdf1 Ativ. O  ENFERMEIRO E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE - UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO.pdf
1 Ativ. O ENFERMEIRO E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE - UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO.pdfJOSADNILTONFERREIRA
 
PME - FICHA DE MONITORAMENTO META 13 VERSÃO FINAL.pdf
PME - FICHA DE MONITORAMENTO META 13 VERSÃO FINAL.pdfPME - FICHA DE MONITORAMENTO META 13 VERSÃO FINAL.pdf
PME - FICHA DE MONITORAMENTO META 13 VERSÃO FINAL.pdfJOSADNILTONFERREIRA
 
RESENHA Lima Barreto - a razão diligente no Diário do hospício.pdf
RESENHA Lima Barreto - a razão diligente no Diário do hospício.pdfRESENHA Lima Barreto - a razão diligente no Diário do hospício.pdf
RESENHA Lima Barreto - a razão diligente no Diário do hospício.pdfJOSADNILTONFERREIRA
 
A ESCOLA COMO INSTRUMENTO COLONIZADOR.pdf
A ESCOLA COMO INSTRUMENTO COLONIZADOR.pdfA ESCOLA COMO INSTRUMENTO COLONIZADOR.pdf
A ESCOLA COMO INSTRUMENTO COLONIZADOR.pdfJOSADNILTONFERREIRA
 
A crítica social e a experiência estética na literatura.docx
A crítica social e a experiência estética na literatura.docxA crítica social e a experiência estética na literatura.docx
A crítica social e a experiência estética na literatura.docxJOSADNILTONFERREIRA
 
(LEJEUNE, 2008, p. 27, grifos do autor)..pdf
(LEJEUNE, 2008, p. 27, grifos do autor)..pdf(LEJEUNE, 2008, p. 27, grifos do autor)..pdf
(LEJEUNE, 2008, p. 27, grifos do autor)..pdfJOSADNILTONFERREIRA
 
APRESENTAÇÃO 2 orientaoeducacional-slide2-120321163148-phpapp01 (1).pdf
APRESENTAÇÃO 2 orientaoeducacional-slide2-120321163148-phpapp01 (1).pdfAPRESENTAÇÃO 2 orientaoeducacional-slide2-120321163148-phpapp01 (1).pdf
APRESENTAÇÃO 2 orientaoeducacional-slide2-120321163148-phpapp01 (1).pdfJOSADNILTONFERREIRA
 

Mais de JOSADNILTONFERREIRA (14)

3 DIA SLIDES CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM.ppt
3 DIA SLIDES CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM.ppt3 DIA SLIDES CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM.ppt
3 DIA SLIDES CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM.ppt
 
1 DIA SLIDES APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA AUSUBEL.ppt
1 DIA SLIDES APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA AUSUBEL.ppt1 DIA SLIDES APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA AUSUBEL.ppt
1 DIA SLIDES APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA AUSUBEL.ppt
 
4 DIA SLIDES DIDÁTICA -1NIVEIS_DE_PLAJ - Cópia.ppt
4 DIA SLIDES DIDÁTICA -1NIVEIS_DE_PLAJ - Cópia.ppt4 DIA SLIDES DIDÁTICA -1NIVEIS_DE_PLAJ - Cópia.ppt
4 DIA SLIDES DIDÁTICA -1NIVEIS_DE_PLAJ - Cópia.ppt
 
APRESENTAÇÃO A HISTÓRIA DA SUPERVISÃO ESCOLAR NO BRASIL.ppt
APRESENTAÇÃO A HISTÓRIA DA SUPERVISÃO ESCOLAR NO BRASIL.pptAPRESENTAÇÃO A HISTÓRIA DA SUPERVISÃO ESCOLAR NO BRASIL.ppt
APRESENTAÇÃO A HISTÓRIA DA SUPERVISÃO ESCOLAR NO BRASIL.ppt
 
2ª aula Plano de aula.pptPLANEJAMENTO JOSÉ
2ª aula Plano de aula.pptPLANEJAMENTO JOSÉ2ª aula Plano de aula.pptPLANEJAMENTO JOSÉ
2ª aula Plano de aula.pptPLANEJAMENTO JOSÉ
 
2ª aula Plano de aula.pptDIDÁTICACONTEMPORANEO
2ª aula Plano de aula.pptDIDÁTICACONTEMPORANEO2ª aula Plano de aula.pptDIDÁTICACONTEMPORANEO
2ª aula Plano de aula.pptDIDÁTICACONTEMPORANEO
 
1 Ativ. O ENFERMEIRO E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE - UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO.pdf
1 Ativ. O  ENFERMEIRO E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE - UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO.pdf1 Ativ. O  ENFERMEIRO E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE - UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO.pdf
1 Ativ. O ENFERMEIRO E A EDUCAÇÃO EM SAÚDE - UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO.pdf
 
PME - FICHA DE MONITORAMENTO META 13 VERSÃO FINAL.pdf
PME - FICHA DE MONITORAMENTO META 13 VERSÃO FINAL.pdfPME - FICHA DE MONITORAMENTO META 13 VERSÃO FINAL.pdf
PME - FICHA DE MONITORAMENTO META 13 VERSÃO FINAL.pdf
 
1 AULA CLEUMA.ppt
1 AULA CLEUMA.ppt1 AULA CLEUMA.ppt
1 AULA CLEUMA.ppt
 
RESENHA Lima Barreto - a razão diligente no Diário do hospício.pdf
RESENHA Lima Barreto - a razão diligente no Diário do hospício.pdfRESENHA Lima Barreto - a razão diligente no Diário do hospício.pdf
RESENHA Lima Barreto - a razão diligente no Diário do hospício.pdf
 
A ESCOLA COMO INSTRUMENTO COLONIZADOR.pdf
A ESCOLA COMO INSTRUMENTO COLONIZADOR.pdfA ESCOLA COMO INSTRUMENTO COLONIZADOR.pdf
A ESCOLA COMO INSTRUMENTO COLONIZADOR.pdf
 
A crítica social e a experiência estética na literatura.docx
A crítica social e a experiência estética na literatura.docxA crítica social e a experiência estética na literatura.docx
A crítica social e a experiência estética na literatura.docx
 
(LEJEUNE, 2008, p. 27, grifos do autor)..pdf
(LEJEUNE, 2008, p. 27, grifos do autor)..pdf(LEJEUNE, 2008, p. 27, grifos do autor)..pdf
(LEJEUNE, 2008, p. 27, grifos do autor)..pdf
 
APRESENTAÇÃO 2 orientaoeducacional-slide2-120321163148-phpapp01 (1).pdf
APRESENTAÇÃO 2 orientaoeducacional-slide2-120321163148-phpapp01 (1).pdfAPRESENTAÇÃO 2 orientaoeducacional-slide2-120321163148-phpapp01 (1).pdf
APRESENTAÇÃO 2 orientaoeducacional-slide2-120321163148-phpapp01 (1).pdf
 

Último

INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorEdvanirCosta
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSOLeloIurk1
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxApresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxLusGlissonGud
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfHELENO FAVACHO
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfTutor de matemática Ícaro
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaHELENO FAVACHO
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfHELENO FAVACHO
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMHELENO FAVACHO
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTailsonSantos1
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesFabianeMartins35
 

Último (20)

INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxApresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 

A importância da literatura em LIBRAS para a formação da criança surda

  • 1. 0 UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA/SERUNIDADE ACADÊMICA DE PÓS-GRADUAÇÃO DOUTORADO EM COMUNICAÇÃO, LINGUAGEM E CULTURA CLEUMA ROBERTA DE SOUZA MARINHO A FORMAÇÃO DA CRIANÇA SURDA A PARTIR DA LITERATURA EM LÍNGUADE SINAIS BELÉM 2022
  • 2. 0 CLEUMA ROBERTA DE SOUZA MARINHO A FORMAÇÃO DA CRIANÇA SURDA A PARTIR DA LITERATURA EM LÍNGUADE SINAIS Artigo apresentado como requisito final para obtenção de nota na disciplina: Estudos Avançados em Comunicação Linguagens e Cultura pelo Curso de Doutorado em Comunicação, Linguagens e Cultura da Universidade da Amazônia – UNAMA Orientador(a): Profa Dra. Ana D’Arc Azevedo e Profa Dra. Márcia Nunes BELÉM 2022
  • 3. 3 A FORMAÇÃO DA CRIANÇA SURDA A PARTIR DA LITERATURA EM LÍNGUA DE SINAIS Cleuma Roberta de Souza Marinho 1 Ana D’Arc Azevedo 2 Marcia Cristina Ribeiro Nunes3 RESUMO: O presente estudo buscou entender a importância da formação da criança surda a partir da literatura em língua de sinais, tendo como problema inicial compreender: Qual a importância da formação da criança surda a partir da literatura em língua de sinais. Como objetivo geral, este trabalho buscou a compreender a alfabetização deste surdo em sua língua materna, que é a LIBRAS. Os objetivos específicos traçados buscaram apontar os benefícios da literatura em língua de sinais para a formação do indivíduo surdo, e ainda identificar de que forma os livros infantis podem desenvolver a criança surda na sua primeira língua, apresentando os pontos que fazem com que seja uma experiência interdisciplinar. Para realizar este estudo, foi necessário entender a caracterização do indivíduo surdo e seu processo de aprendizagem, o desenvolvimento da criança através da literatura, além de entender o que é literatura surda e qual a influência dela na formação da criança surda. Esta pesquisa se deu a partir de fonte bibliográfica e exploratória, e apresenta cunho qualitativo, foram embasados nos conceitos de Literatura e Literatura surda de autores como Silvia Cocello e Marta Morgado e nos fundamentos de código e linguagem com Eduardo Jacob (2007) e Linguagem e interdisciplinaridade de Fiorin (2009), que deram suporte ao debate. Os resultados revelaram a literatura surda é de fundamental importância ao desenvolvimento da criança surda pois desenvolve seu senso crítico e faz com que seja inserida na sua cultura e passe a valorizar e usar sua primeira língua que é a língua de sinais. Palavras chave: Língua de sinais. Literatura. Interdisciplinaridade.Linguagem. Surdez 1 INTRODUÇÃO A língua de sinais para o surdo é sua primeira língua, apesar disso a alfabetização desses indivíduos é realizada com livros em língua portuguesa, que em 1 Cleuma Roberta Marinho, doutoranda do PPGLCC Universidade da Amazônia (UNAMA). E-mail: cleumamrinho@yahoo.com. 2 Prof. Ana D’Arc Azevedo, professora do PPGLCC Universidade da Amazônia (UNAMA),Doutora em EducaçãoCurrículo pela Pontifícia Universidade Católica (PUCSP) (2011). 3 Marcia Cristina Ribeiro Gonçalves Nunes , professora do PPGLCC Universidade da Amazônia (UNAMA), Doutora em História pela Universidade Federal Pós-Doutoranda em Arquitetura na Universidade de Lisboa. Pós-Doutoranda em Arquitetura na do Pará (UFPA).
  • 4. 4 muitos casos, não é de domínio destes sujeitos. Apesar de haver legislação que o ampara para que seja alfabetizado em sua língua, são escassos materiais com que se possa trabalhar de maneira efetiva o desenvolvimento da criança surda. Em geral, o primeiro contato da criança ouvinte com a literatura é feita de forma oral, é nesse momento, através da voz dos pais ou dos avós que elas conhecem os contos de fada, anedotas, história inventadas, místicas,folclóricas ou passagens da bíblia, por exemplo. A criança então, pode a partir daí, estabelecer uma ponte com o imaginário, fazer suas próprias versões, descobrir o mundo através de histórias contadas e recontadas, pode-se conhecer sentimentos, lugares e emoções. Porém, para o surdo ocorre de maneira diferente, ele não tem a faculdade da audição, e para a maioria deles, que nascem em famílias de ouvintes, isso é pior, pois não conseguem na primeira infância, estabelecer comunicação com seus pares. A literatura então dificilmente entra na vida das crianças surdas por meio das famílias, já que a maioria delas não domina a língua de sinais. Apenas aqueles que estão inseridos em comunidades surdas, ou que mantem contato com alguém que conheça a língua de sinais temacesso as primeiras histórias contadas. Por isso, o imaginário, tão importante nesta fase, acaba não sendo bem desenvolvida, a percepção das crianças precisa do estímulo através da literatura. O presente artigo tem a seguinte questão problema: Qual a importância da formação da criança surda a partir da literatura em língua de sinais, apresentando como hipóteses: Quais os benefícios da literatura em língua de sinais para a formação do indivíduo surdo? De que forma os livros infantis podem desenvolver a criança surda na sua língua materna? Dessa forma tem como objetivo geral: analisar a importância da formação da criança surda a partir da literatura em língua de sinais, e como objetivos específicos apontar os benefícios da literatura em língua de sinais para a formação do indivíduo surdo, e ainda identificar de que forma os livros infantis podem desenvolver a criança surda na sua língua materna. O estudo se deu a partir de busca eletrônica em bancos de dissertações,teses procurados nas bases de dados Scielo, Google Acadêmico e livros disponíveis para a comercialização em sites de livrarias como Saraiva e Culturacom o intuito de conhecer o acervo disponível para venda de livros infantis voltados para crianças surdas, bem
  • 5. 5 como os trabalhos de pesquisas sobre o tema pesquisado A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo, onde buscou-se verificar o acervo disponível sobre a literatura surda infantil disponível tanto em níveis científicos quanto pra uso direto com os discentesnas escolas. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 A CARACTERIZAÇÃO DO INDIVÍDUO SURDO E SEU PROCESSO DE APRENDIZAGEM A surdez se caracteriza pela deficiência do sentido da audição, provocando alterações na recepção e enunciação de mensagens com o uso da fala. Nessa perspectiva Santos, C.; Lima, P; Rossi (2003, p.71) enfatizam que “A audição é o meio pelo qual o indivíduo entra em contato com o mundo sonoro e com as estruturas da língua que possibilitam o desenvolvimento de um código estruturado, próprio da espécie humana.” Por isso, como os demais sentidos, o da audição tem primordial importância no desenvolvimento do ser dentro da sua individualidade e da sociedade. O surdo então apresenta uma maneira distinta de aprender e faz o uso de linguagem própria para a comunicação. A aprendizagem do surdo se dá por padrões diferentes, mediante sua peculiaridade, assim, compreende-se que a primeira língua do surdo é a língua de sinais. A criança ouvinte estabelece seus valores culturais no momento de nascer, por meio da linguagem oral, já por meio da língua de sinais, se colocadas em contato com pessoas fluentes na Língua Portuguesa e a LIBRAS, que se caracteriza pela “forma de comunicação e expressão em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria constituem sistema linguístico”. (BRASIL, 2002). A compreesão disso perpassa pelo que se entende por código, ou a língua em si, sobre isso Jacob (2007, p.03) diz que, A capacidade de processar a informação em códigos é condição da vida. Para Luhmann (2005:38) o código é formado de dois lados, o interno e o externo, entre eles há uma distinção, uma diferença condutora que determina as operações que pertencem ao sistema e aquelas que ocorrem no ambiente externo a ele. Quando se trata de linguagem, o código a ser usado é o primeiro que deve ser inserido na vida da criança, a língua materna deve ser desenvolvida para que aspectos ideias e pensamentos se organizem. Para Fiorin (2008, p.29),
  • 6. 6 A linguagem é onipresente na vida de todos os homens. Cerca-nos desde o despertar da consciência, ainda no berço; segue-nos durante toda a nossa vida, em todos os nossos atos, e acompanhanos até na hora da morte. Sem ela, não se pode organizar o mundo do trabalho, pois é ela que permite a cooperação entre os seres humanos e a troca de informações e experiências. Sem ela, o homem não pode conhecer-se nem conhecer o mundo. Sem ela não se exerce a cidadania, porque ela possibilita infl uenciar e ser infl uenciado. Sem ela não se pode aprender. Desta forma, existem diferentes perspectivas assumidas em relação ao papel da linguagem no processo de aprendizagem do indivíduo surdo, pois esta está intrinsecamente ligada à organização do pensamento. Assim, verifica-se que, As possibilidades de desenvolvimento da criança surda foram muitas vezes abordadas, no campo da psicologia, debates sobre as relações entre pensamento e linguagem. (...)Sem um domínio consistente da linguagem, faltava-lhe uma fonte essencial de estruturação simbólica e eram reduzidas a flexibilidade e mobilidade de seu pensamento (CAQUETE APUD GÓES, 2012, p. 29), É importante considerar a língua materna do surdo, a Língua de Sinais, já que a organização do pensamento necessita de uma linguagem para ser estabelecida, então a partir do momento em que entra em contato com a linguagem que pode se expressar, o surdo então, tem o canal para receber todo tipo de informação. 2.2 O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA ATRAVÉS DA LITERATURA: UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCPLINAR Segundo Fiorim (2008, p.45), a linguagem é multiforme, portanto a interdisciplinaridade é de sua natureza, daí a importância de se fazer a análise do caráter interdisciplinar da linguagem com a literatua. O desenvolvimento da linguagem favorece “a cooperação entre os seres humanos e a troca de informações e experiências. Sem ela, o homem não pode conhecer-se nem conhecer o mundo. (FIORIN, 2008, p.29). Existem vários entrelaçamentos entre a linguistica e a lietratura, desta forma, pode-se perceber a interseção da literatuta com a linguística, que é a area da linguagem, pois para Fiorin (2008, 38) “A interdisciplinaridade pressupõe uma convergência, uma complementaridade, o que significa, de um lado, a transferência de conceitos teóricos e de metodologias e, de outro, a combinação de áreas.” Nesse viés, passa-se a analisar então o desenvolvimento da leitura, que é uma das principais preocupações na alfabetização de crianças é estimulado mesmo antes
  • 7. 7 das primeiras letras na fase de contação de histórias, e a relação direta que apresenta no que rege a aquisição de uma linguagem, um código para compreendê-la. O início desta alfabetização começa antes mesmo da decodificação do código da letrado. Para Silva (1988, p.21) “A criança lê o mundo que a rodeia muito antes de um aprendizado sistemático da leitura e da escrita. Esse aspecto é percebido facilmente quando da leitura de histórias, livros sobre assuntos específicos (...)”. A partir disso, pode-se compreender que ler não está apenas relacionado a textos escritos, vários formatos e linguagens podem apresentar diferentes tipos de texto. Jacob (2007, p.04) diz que “O texto é uma representação, um simulacro do mundo a partir de um sistema de signos.” Baudrillard apud Jacob (1995: 196) afirma que o processo de significação é imediatamente sistemático: o signo nunca existe fora de um código e de uma língua. Desta forma, pode se afirmar que todo sujeito ao significar, produz um ato de interpretação, um entre muitos possíveis, ato que marca sua subjetividade e significa sua relação com o mundo. Desta forma, permite à criança, estabelecer a conexão entre o que escutou e o que vivencia. Vivemos em um mundo povoado de signos, edevemos então saber interagir com esses signos (símbolos, ícones e índices). Neste sentido para Colello (2004, p.13) Conquistar a linguagem significa (ou deveria significar) conhecer os seus elementos básicos, o seu funcionamento e as suas dimensões, possibilitando o ‘livre trânsito’ entre os diversos modos de atualização bem como o estreitamento de laços entre a expressão e a ideia. (...)É o que ocorre quando a oralidade, a comunicação gestual e a interpretação das imagens passam a representar o segundo plano do que se convencionou chamar de alfabetização. Em relação à linguística, pode dizer que, o livro quando é lido a uma criança dá a possibilidade a ela de fazer relação entre a língua escrita e a falada e a fazer a relação entre o som, repetição das letras, as pausas da pontuação e aentonação, passando então a parafrasear e a contar a história ouvida ao seu modo. 2.3 A LITERATURA SURDA
  • 8. 8 O conceito de literatura é abrangente, assim como o é o conceito de literatura surda, por esta razão, há de se conceituar neste estudo, a literatura surda como: A tradução de memórias de vivências que atravessam gerações alocando identidade, tradição ao povo surdo. Diferentes gêneros são explorados, criados, adaptados, traduzidos. Poesia, história de surdos, piadas, literatura infantil, clássicos, fábulas, contos, romances, lendas e outras manifestações culturais enriquecem tanto surdos quanto ouvintes que a elas têm acesso. (FELÍCIO, 2014, p. 23). Por apresentar uma maneira diferente de aprender e uma língua própria, o surdo tem a necessidade de ter acesso ao acervo de livros que estejam em sua língua materna, a língua de sinais. Porém, existe hoje no país, escassez na oferta de material didático voltado a este público, pois todo o material impresso está em língua portuguesa, tornando o acesso ao conteúdo deste material difícil ao educando surdo por este, em muitos casos, não ter o domínio da língua portuguesa. Existe então a necessidade de se utilizar em ambientes educacionais voltados aos surdos a literatura surda. Mas afinal, o que é literatura surda? Pode-se caracterizar a literatura surda como àquela que se atribui ao surdo pelo surdo, algo que se desprende da imagem do ouvinte, assumindo de fato, o desafio da escrita da sua história. Traz à luz aquele surdo alienado para o surdo consciente, dono de suas próprias manifestações pessoais e experiência visual. Pode ser classificada como um dos artefatos visuais do povo surdo. (STROBEL, 2008). As produções da literatura surda são então materiais em livros de papel ou ainda vídeos, que se produzidos por surdos e segundo Karnopp (2010), podem ser considerados como elemento da literatura surda. Assim como as histórias são criadas e recriadas através dos tempos e adaptadas às culturas as quais são inseridas, também a comunidade surda usa deste recurso para expressar sua cultura, transmitir seus valores, registrar suas lutas e apreciar um bom momento de prosa. Por ser um indivíduo visual, ou seja, que utiliza a função viso-espacial para representar sua língua, a mídia é de fundamental importância para o surdo, e a presença do surdo adulto que faz o uso da língua de sinais é primordial para a produção de literatura para crianças surdas. Para Morgado (2011, p. 152), Uma literatura de qualidade deverá, neste caso, ser produzida por adultos surdos fluentes em LGP, que são os modelos fundamentais na vida da criança surda. Deste modo, o contato é positivo e frequente com produtos culturais de qualidade, fomenta o conhecimento das estruturas linguísticas, o
  • 9. 9 saber acerca do mundo. Assim, a criança é estimulada a pensar, agir, fazer, ter consciência, tornar-se uma pessoa normal e ganhar autoestima. O ideal de educação para a criança surda é aquela onde aprende emsua língua materna, porém ainda não é a realidade das escolas brasileiras, pois a maioria das crianças surdas nascem em família de ouvintes e tem pouco acesso ou quase nenhum à língua de sinais até a idade escolar. 2.4 O SURDO E SUA RELAÇÃO COM A LITERATURA NA INFÂNCIA As histórias em língua de sinais são muito importantes para o desenvolvimento das crianças surdas, o acesso à sua cultura e primeira língua na infância é o que vai fazê-lo pensar, agir e ter consciência enquanto sujeito surdo. Desta forma, poderá entender sua identidade e cultura, fazendo com que as valorize. Neste sentido, a literatura surda contribui para ampliar o imaginário e a fantasia da criança surda, numa experiência visual. No entanto, segundo Azevedo (2006) apud Morgado (2001, p. 152), Para as crianças surdas, os livros estão na segunda língua, logo a criança necessita de adquirir a primeira língua para poder dar sentido à segunda e, consequentemente, aos livros. A literatura dos livros é fundamental para as crianças surdas, para que elas possam desenvolver a língua portuguesa, necessitam de ter contato com a língua materna, praticá-la, e a literatura é uma fonte rica para desenvolver as competências linguísticas da criança. É fundamental estimular nos alunos o desenvolvimento de competência que lhes possibilite a aprendizagem do saber na língua e pela língua. Sendo assim, o gênero literário infantil, quando em língua de sinais, propiciará à criança construir o seu próprio conhecimento, seus conceitos através de sua língua. Segundo Azevedo (2006) apud Morgado (2011, p. 154) “para uma criança surda, cujas oportunidades são limitadas no mundo de ouvinte, é fundamental que lhe seja transmitida o máximo de literatura para quese possa desenvolver o mais possível” Para que o trabalho realmente dê resultado, o ambiente deve prover a presença de um adulto que seja fluente em língua de sinais, mas além disso, que seja um surdo com habilidade em gênero literário e artes, é importante queo lúdico esteja presente, e que a criança possa vivenciar esse momento de fantasia e aprendizagem. 3 MATERIAIS E MÉTODOS
  • 10. 10 O problema do artigo e seus objetivos direcionaram o estudo para a realização de uma pesquisa de cunho exploratória, tendo uma abordagem qualitativa. Quanto à técnica de coleta de dados, apresenta característica de pesquisa bibliográfica. Para Lakatos e Marconi (2001, p. 183), a pesquisa bibliográfica, [...] abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema estudado, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, materiais cartográficos, etc. [...] e sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo oque foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto [...] O estudo foi realizado para analisar a importância da formação da criança surda a partir da literatura em língua de sinais, para tanto buscou verificar as publicações em língua de sinais disponíveis ao público infantil, bem como produções científicas que se relacionam ao tema, pois desta forma se configura em fundamento teórico para enriquecer o objeto do mesmo. Para a coleta de dados, buscou-se fazer uma revisão sistemática a partir da busca eletrônica em bancos de dissertações, teses procurados nas bases de dados Scielo, Google Acadêmico e livros disponíveis para a comercialização em sites de livrarias como on-line. Quanto as análises de dados, estas foram feitas a partir da análise dos conteúdos encontrados, de acordo com levantamento realizado a respeito das publicações e pesquisas sobre o a literatura surda voltada para a criançasurda. Os dados coletados e as respectivas analises e discussões seguem nos tópicos a seguir. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Este estudo visou analisar a importância da formação da criança surda a partir da literatura em língua de sinais, levando em consideração a compreensão dos benefícios da literatura em língua de sinais para a formação do indivíduo surdo, e a identificação da forma que os livros infantis podem desenvolver a criança surda na sua língua materna. Neste sentido, seguem abaixo os resultados e análises sobre o estudo realizado. 4.1 PESQUISA SOBRE PUBLICAÇÕES EM LÍNGUA DE SINAIS VOLTADOS AO PÚBLICO INFANTIL
  • 11. 11 Com base na proposta exposta, sobre a pesquisa de escritores literatura surda e literatura surda em língua de sinais para crianças, foram encontrados02 artigos no banco de dados Sicielo, O primeiro sob o título Literatura Surda e Ensino Fundamental: resgates culturais a partir de um módulo tradutório com especificidades visuais. E o segundo um dossiê de Educação Bilíngue para Surdos – políticas e Práticas, sob o título Por que precisamos de poesiasinalizada em educação bilíngue. No banco de dados do Google Acadêmico foi encontrado 1 Tese de doutorado, intitulado Circulação da Literatura Surda no Brasil: análise de produções em comunidades surdas – Qualificação da Tese de doutorado, de 2013 e dois artigos, um com o título Análise dos Livros de Literatura Infantil Cinderela Surda e Rapunzel Surda focalizando os sentidos produzidos sobre identidades e diferenças (2006) e o outro intitulado Literatura Surda: produçõesculturais de surdos em língua de sinais (2013). Por outro lado, a pesquisa realizada nos sites de duas das editoras brasileiras, não foi possível encontrar resultados de publicações de livros em língua de sinais para o público infantil para venda, com os descritores acima mencionados. Porém, em buscas feitas no site de busca Google com os descritores livros infantis em língua de sinais, foi possível encontrar as seguintes publicações para crianças surdas, adaptadas em língua de sinais. Figura 1 - Capas dos livros: Cinderela Surda e Rapunzel Surda Fonte: www.libras.ufsc.br Os livros Cinderela Surda e Rapunzel Surda são os primeiros livros de literatura infantil do Brasil escritos em língua de sinais (SignWriting), além de serem versões dos tradicionais contos que inserem elementos da cultura e identidade surda. Essas releituras inéditas das histórias são acompanhadas da escrita de sinais, ilustrações e uma versão em português. Voltadas para o público surdo infantil, as obras são o resultado da pesquisa desenvolvida por Lodenir Becker Karnopp, Caroline Hessel e Fabiano Rosa, intitulada “Letramento e surdez: uma abordagem
  • 12. 12 linguística e cultural”. O objetivo principal das edições é divulgar a língua escrita de sinais e incentivar as escolas a implantar essa disciplina. Figura 2- Capa dos livros: A cigarra surda e as formigas e O Caçador de Sons Fonte: www.libras.ufsc.br A cigarra surda e as formigas escrita por duas professoras de surdos, Carmen Oliveira e Jaqueline Boldo, uma ouvinte e outra surda,respectivamente – apresenta como tema a importância da amizade entre surdos e ouvintes, e trata do respeito às diferenças. O Caçador de Sons do autor Newton Alvim é um livro semibiográfico e aborda o universo de um garoto surdo que procura conquistar seu espaço. O estilo claro e lírico emociona e faz pensar. As publicações apresentadas, são exemplos de algumas obras já disponíveis para o público surdo infantil. São história que trazem o surdo como personagem principal, fazendo com que as crianças consigam se ver dentro delas, pois está dentro de sua realidade. Os autores também têm a preocupação de usar a língua de sinais em algumas delas, propiciando ao leitor surdo iniciante, fazer sua própria leitura acerca da obra, e posteriormente elaborar suas análises. 4.2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS As buscas por publicações direcionadas à Literatura surda resultaramem algumas publicações entre teses e artigos científicos que abordam o tema. Apesar de terem sido encontradas em ampla escala estudos realizados acerca do tema, o acervo disponível para aquisição de livros em língua de sinais parao trabalho com criança surda ainda apresenta escassez, os dois sites deeditoras pesquisados, não
  • 13. 13 dispõe de oferta deste tipo de produto, e levando emconsideração a necessidade da utilização desse material para o desenvolvimento da criança surda, essa falta de oferta produz a carência do trabalho desenvolvido com leitura em língua de sinais. Como resultado foram encontrados 3 artigos que abordam a temática Literatura Surda e Livros em Língua de Sinais. Uma Tese de Doutorado e um Dossiê. As publicações de livros infantis encontrados, nenhum era para comercialização, no site Google, eram apenas apresentados, porém nos sites das Editoras Saraiva e Cultura, foram encontradas diversas publicações, mas oacervo ainda é restrito e não possui ampla distribuição. Geralmente são publicações individuais de baixa tiragem com vendas locais. A escassez de material desenvolvido para o trabalho com crianças surdas apresenta uma preocupante defasagem na educação desses educandos. Sabe-se que o material didático adaptado é um direito do indivíduo surdo desde a legislação nº 10.436/2002, quando ocorreu o reconhecimento dalíngua de sinais. Por ser um grupo que apresenta características próprias, com língua, cultura e identidade, há de se trabalhar desde a infância esses aspectos que serão tão importantes ao desenvolvimento deste indivíduo enquanto sujeito quese respeita e se aceita dentro de suas diferenças. Saback e Patrocínio (2013, p. 131) afirmam que, Dessa forma, o exercício de auto representação destes sujeitos passa a ser duplamente político e engajado, além de formar uma compreensão própria para sua vivência, tal compreensão é utilizada como um veículo disciplinar e formador de seus pares. A literatura, neste caso, emerge como veículo de um discurso pedagógico e conscientizador do leitor. Apesar de terem sido encontradas algumas publicações voltado ao público infantil, o mercado ainda é tímido, sem a oferta em grande escala e sem grandes clássicos adaptados para que se possa fazer a leitura em língua de sinais. Desta forma como contribuição teórico e prática faz-se necessário quese amplie as produções literárias, não só voltadas ao público infantil, mas também para os surdos adultos. O desenvolvimento da leitura é um privilégio que precisa ser estendido a esse público, pois desenvolve a criticidade, o debate e a discussão. Há de se preocupar com as demandas marginalizadas, acomunidade surda é grande e já apresenta certa representatividade, por isso deve ser enxergada com a importância que se apresenta. 5 CONCLUSÃO
  • 14. 14 A literatura surda é de fundamental importância ao desenvolvimento da criança surda pois desenvolve seu senso crítico e faz com que seja inserida na sua cultura e passe a valorizar e usar sua primeira língua que é a língua de sinais. Ao se fazer a verificação desta importância, o problema elencado neste artigo foi confirmado, pois a leitura é capaz de modificar a maneira como o surdo se vê, essa postura deve ser estimulada ainda na infância e influencia demaneira positiva na formação da criança surda. Diante dos específicos traçados, entre eles, compreender os benefícios da literatura em língua de sinais para a formação do indivíduo surdo, e identificar de que forma os livros infantis podem desenvolver a criança surda nasua língua materna, ainda foi possivel perceber o caráter interdisciplinar deste evento. Ficou evidente, ao término da pesquisa, que apesar de ser de sumaimportância a literatura surda, para o desenvolvimento da criança surda, ainda existe uma grande falta de interesse das editoras em comercializar ou incentivar sua produção. Pois nas editoras consultas, nenhuma tinha disponívelexemplares em língua de sinais para venda. As poucas produções existentes, principalmente voltadas ao público infantil, foram encontradas em sites debusca e não eram comercializados, pois tinham uma tiragem baixa e eram produzidos por escritores ou pesquisadores independentes em sua maioria. As produções devem ser feitas preferencialmente por surdos adultos e com domínio da Língua de sinais, pois é uma literatura do surdo para o surdo, sem a interferência do ouvinte, com o ponto de vista do próprio indivíduo, suas percepções e interpretações. Apesar de haver muitas pesquisas relacionadas ao tema Literatura Surda, e de existir legislação que ampare o sujeito surdo em ser alfabetizado em sua língua, ainda há muito o que fazer, a busca por reconhecimento e melhorias a uma educação de qualidade a esses indivíduos ainda está longede acabar, eles se organizam em comunidades e estudam e almejam mais espaço dentro da sociedade, mas isso só irá acontecer quando seus direitos e cultura forem respeitados. REFERÊNCIAS COCELLO, Silvia M. Gasparin. Alfabetização em questão. 2. Ed. revisada e
  • 15. 15 ampliada. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004. FERRARA, Lucrécia D’Alessio, Org. Espaços Comunicantes, Anna Blume, 2007. FIORIN, José Luiz. Linguagem e Interdiscplinaridade. Disponível em:http//doi.org/10.1590/s1517-106X2008000100003. Acesso em: 15 jul. 2022. GÓES, M. C. R. Linguagem, surdez e educação. 4 ed. Revista Campinas, SP: Autores Associados, 2012. KARNOPP, Lodenir. Produções culturais de surdos: análise da literatura surda. 2010. Disponível em:<http://www2.ufpel.edu.br/fae/caduc/downloads/n36/07.pdf> Acesso em: 15 jul. 2022. Literatura Visual disponível em:<http://www.libras.ufsc.br/colecaoLetrasLibras/eixoFormacaoEspecifica/literatura Visual/scos/cap15284/17.html > Acesso em: 15 jul. 2022. MORGADO, Marta. Literatura em língua gestual. In: KARNOPP, Lodenir; KLEIN, Madalena; LUNARDI-LAZZARIN, Márcia Lise. CULTURA SURDA: Na contemporaneidade negociações, intercorrências e provocações. Canoas:Ulbra, 2011. p. 151-171. SISTO, Celso. Textos e pretextos sobre a arte de contar histórias. Chapecó: Argos, 2001. SILVA, Maria Alice S. Construindo a leitura e a escrita: Reflexões sobre umaprática alternativa em alfabetização. Disponível em: <https://escritadesinais.wordpress.com/2010/08/30/cinderela%C2%A0surda-e- rapunzel-surda/>Acesso em: 15 jul. 2022. SANTOS, C.; LIMA, P; ROSSI, P.; Surdez: Detecção e diagnóstico. In: SILVA, R. I.; SILVA, Sandra Maria Gonçalves Fernandes da. Classes Bilíngues para alunos surdos em escolas inclusivas – Modelo de Referência em Pernambuco. Monografia – (Curso de Especialização). Faculdade de Santa Helena, Recife, 2009. p.64. SACKS, O. Vendo vozes: uma jornada pelo mundo dos surdos. Rio de Janeiro: Imago, 1998. STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. 3. ed. Florianópolis: Editora UFSC, 2013. p.146.