Seminário apresentado como parte de avaliação do estágio em Pediatria módulo de Medicina Tropical.
Conteúdo: Etiologia, epidemiologia, fisiopatologia, quadro clínico, classificação de risco, tratamento e profilaxia.
Dengue - Epidemiologia, Fisiopatologia, Evolução e Tratamento.
1. Preceptores: Dra. Fernanda Mathias
Dra. Vanine Lima
Dra. Simone Batemarco
Dr. Marcos Fernandes
Residente: Dr. Davi Santiago
Interno: Italo Felipe Alves Antunes
Universidade Federal do Amazonas
Faculdade de Medicina
Estágio em Saúde da Criança
Módulo de Medicina Tropical
DENGUE
2. Sumário
17/10/2017Dengue2
O vírus da Dengue
O vetor: Aedes aegypti
Ciclo da doença
Epidemiologia
Fisiopatologia comum e das próximas infecções
Quadro clínico, sinais de alarme e choque
Diagnóstico clínico e exames laboratoriais
Tratamento
Profilaxia
Referências
3. Introdução
Principais famílias das Arboviroses
17/10/20173 Dengue
Bunyaviridae
Febre
Oropouche
Flaviviridae
Dengue
Febre
Amarela
Vírus Zika
Togaviridae
Chikungunya
Mayaro
4. Introdução
Vírus da Dengue
17/10/20174 Dengue
Família: Flaviviridae
Gênero: Flavivirus
Vírus RNA – fita única
4 sorotipos: DENV-1, 2, 3 e 4.
Todos podem causar doença grave.
Imunidade permanente ao sorotipo causador da
doença.
Imunidade cruzada: temporária e parcial a outros
sorotipos.
Teoria de Halstead
5. Introdução
Principal vetor: Aedes aegypti
17/10/2017Dengue5
Família: Culicidae.
Mosquito fêmea infectada.
Hábitos diurnos.
Ambiente urbano.
Vive até 45 dias.
Depósito de ovos
em água limpa ou suja.
Fonte: http://www.brasil.gov.br/saude/2010/03/ciclo_da_dengue/view
6. Introdução
Epidemia de Dengue X Aedes aegypti
17/10/2017Dengue6
Áreas infestadas pelo Aedes aegypti
Áreas infestadas pelo Ae. aegypti e com recente epidemia de dengue
Fonte: https://www.cdc.gov/dengue/epidemiology/index.html
9. Epidemiologia
Sazonalidade Dengue x Precipitação
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Fonte: COSTA, Isabelle Matos Pinheiro and CALADO, Daniela Cristina.
Incidência dos casos de dengue (2007-2013) e distribuição sazonal de culicídeos (2012-2013) em Barreiras, Bahia
10. Epidemiologia 2006 – 2016
Número de casos absolutos
17/10/2017Dengue10
2011: Sorotipo 4
12. Epidemiologia 2017 (até setembro)
Número de casos prováveis - Brasil
17/10/2017Dengue12
Amazonas: 3.413
Brasil: 219.040
Óbitos até Setembro:
Amazonas: 2
Brasil: 88
13. Patogênese
Princípios gerais
17/10/2017Dengue13
Fêmea infectada durante hematofagia.
Homem:
Incubação 3-15 dias (média 6 dias)
Transmissibilidade: 1 dia antes até 5 dias depois da
febre.
Viremias:
Replicação viral em monócitos de linfonodos locais ou
células musculares
Replicação viral em monócitos no sangue e
disseminação.
Citocinas pró inflamatórias: TNF-a e IL-6.
Resposta imunológica: humoral (IgM e IgG) e celular
(Linfócito T CD8+) já na primeira semana de doença.
Intensa mialgia
Febre
Vasodilatação: exantema.
14. Patogênese – Segunda infecção
Teoria de Halstead
17/10/2017Dengue14
Extravasa
mento de
plasma
citólise
Produção de citocinas
Ativação da via
complemento
Célula endotelial
ativação
Monócito
infectado
Linfócito T específico
Entrada direta
Amplificação
mediada por Acs
Complexo Ag-Ac
Vírus dengue
Acs específicos
Lactente
s
15. Patogênese – Dengue grave
Teoria de multicausalidade
17/10/2017Dengue15
Fatores
Ambientais
Dengue
Grave
Fatores do
Hospedeiro
Fatores
Virais
•Densidade vetorial
•Densidade populacional
•Suscetíveis
•Circulação viral
•Sorotipo
•Cepa
•Seqüência
•Infecção Secundária
•Doença de base
•Sexo
•Idade
•Etnia
•Genética
16. Quadro clínico e classificações
17/10/2017Dengue16
Febre indiferenciada
Dengue clássica
Dengue hemorrágica
Síndrome do choque da dengue
OMS e MS preconiza desde 2009 que estes termos
sejam abandonados e que a Dengue seja tratada
como uma doença única e dinâmica.
17. Quadro clínico
1 - Fase febril
17/10/2017Dengue17
Febre alta 39º a 40ºC, início súbito, duração entre 2
– 7d.
Fraqueza muscular
Cefaleia
Dor retrorbitária
Mialgia
Artralgia
TGI: anorexia, náuseas, vômitos e diarreia.
Exantema macolopapular
Febre + 2 comemorativos
Atenção: plaquetopenia pode ocororrer
em todas as fases da evolução da doença.
19. Quadro clínico
2 - Fase crítica – extravasamento plasmático
17/10/2017Dengue19
História prévia de infecção por um sorotipo diferente.
Surge entre o 3º e 7º dia de doença.
Sinais de alarmes:
Dor abdominal intensa
Vômitos persistentes
Hipotensão
Hepatomegalia > 2cm do RCD
Sangramento de mucosas
Letargia ou irritabilidade
Ascite, derrame pleural ou pericárdico.
Aumento progressivo do hematócrito (hemoconcentração).
Hipoalbuminemia
22. Quadro clínico
2 - Fase crítica – choque circulatório
17/10/2017Dengue22
Choque circulatório – 24 a 48h após ext. plasmático
Taquicardia
Extremidades frias
Pulso fraco e filiforme
Enchimento capilar lento <2s
PA convergente (<20mmHg)
Taquipnéia
Oligúria (<1,5mL/Kg/h)
Hipotensão
Cianose
Insuficiência respiratória
Sangramento Grave
23. Quadro clínico
3 - Fase de recuperação (convalescência)
17/10/2017Dengue23
Dentro de 5 a 7 dias, com o tratamento adequado:
Reabsorção de liquido extravasado para o
extravascular.
Melhora do estado clínico.
24. Quadro clínico
Fases da doença
17/10/2017Dengue24 Fonte: WHO, Adaptado de: Yip WCL. Dengue haemorrhagic fever:
current approaches to management. Medical Progress, October 1980
25. Quadro clínico especiais
17/10/2017Dengue25
Crianças menores de dois anos:
Choro persistente
Fraqueza
Irritabilidade
Gestante
Alterações fisiológicas sobrepõem à doença
Risco de hemorragias obstétricas
Valorizar contexto
clinicoepidemiológico
29. Tratamento
17/10/2017Dengue29
Não há droga específica contra o vírus da dengue.
Sintomáticos
Analgésicos
Antitérmicos
Antieméticos
Antipruriginosos
Hidratação
SRO – casos brandos
EV – casos graves
ATENÇÃO: evitar o uso salicilatos e demais
AINEs pelo risco de sangramento causado pela
inibição plaquetária!
33. Tratamento
Critérios de alta hospitalar
17/10/2017Dengue33
Ausência de febre nas ultimas 48h sem antitérmico.
Melhora visível de quadro clínico
Hematócrito normal e estável por 24h
Plaquetas em ascensão e acima de 50.000
Estabilização hemodinâmica durante 48h.
34. Profilaxia
17/10/2017Dengue34
Controle vetor Aedes aegypti
Ações individuais e coletivas.
Erradicação de criadouros peridomiciliar.
Uso de inseticidas ambientas (UVB) é incapaz sozinho.
Vacina: Dengvaxia
Vírus vivo recombinante atenuado.
3 doses subcutânea (0, 6 e 12 meses)
Vírus é uma cepa do vírus da Febre Amarela.
Proteção contra os 4 sorotipos da Dengue
60% evita um novo episódio.
95% redução de formas graves.
35. REFERÊNCIAS
Site da Fundação de Medicina Tropical – acesso dia 13/10/2017, às 19:32.
http://www.fmt.am.gov.br/layout2011/downloads.asp
Portal da Saúde, SUS. Dados epidemiológico da Dengue – Ministério da Saúde, acesso em
15/10/2017, às 19:08. http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/situacao-epidemiologica-dados-
dengue
Boletim Epidemiológico Secretaria de Vigilância em Saúde − Ministério da Saúde Volume 48, N° 29 -
2017 ISSN 2358-9450. Acesso em 15/10/2017, às 21:00.
http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/15/2017-028-Monitoramento-dos-casos-
de-dengue--febre-de-chikungunya-e-febre-pelo-virus-Zika-ate-a-Semana-Epidemiologica-35.pdf
Portal A Crítica – Sorotipo tipo 1 é identificado na ZS e ZO de Manaus. Notícia de 05/08/2016.
Acesso em 15/10/2017 às 23:08. http://www.acritica.com/channels/manaus/news/sorotipo-1-do-virus-
da-dengue-e-identificada-zona-oeste-e-centro-oeste-de-manaus
Distribuição Global da Dengue, Acesso em 15/10/2017 às 23:54 - https://caring.ridpest.com/the-
geographical-distribution-of-dengue-fever/
National Center for Emerging and Zoonotic Infectious Diseases (NCEZID). Acesso em 16/10/2017,
às 00:31. https://www.cdc.gov/dengue/epidemiology/index.html
COSTA, Isabelle Matos Pinheiro and CALADO, Daniela Cristina. Incidência dos casos de dengue
(2007-2013) e distribuição sazonal de culicídeos (2012-2013) em Barreiras, Bahia. Epidemiol. Serv.
Saúde [online]. 2016, vol.25, n.4, pp.735-744. ISSN 2237-9622. http://dx.doi.org/10.5123/s1679-
49742016000400007
Ciclo da dengue. Governo do Brasil. Acesso em 16/10/2017 às 01:05.
http://www.brasil.gov.br/saude/2010/03/ciclo_da_dengue/view
Tratamento da Dengue – MS. Acesso em 16/10/2017 às 20:50.
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/tratamento-dengue
17/10/201735 Dengue
Notificação compulsória ao SINAN (Sistema de informação de agravos de notificações)
Ordem de virulência: 2, 3, 4, 1.
Tbm transmite febre amarela, zika, e chikunguina
Ovos viáveis por até 1 ano
3 estágios de larva, 1 estágio de popa e mosquito.
Clima tropical.
Pobreza, falta de saneamento básico, urbanização, alta densidade populacional...
2,5 bilhões de pessoas estão em risco de sofrer dengue.
50 milhões de casos de infecção por dengue esperados todos os anos.
Dengue ocorre como endemia em nosso meio
Epidemias recorrentes intercalados ao longo dos anos associado à novos sorotipos e precipitação
DENV 3 isolado em 2002
Epidemia de 2002 – Primeiro ano do mandato de Lula
Pra fechar a epidemiologia, os dados mais atuais até setembro/2017
Pessoas que tenham sofrido uma infecção por dengue desenvolvem anticorpos que podem neutralizar o vírus da dengue do mesmo sorotipo (homólogos)
Em uma infecção subsequente, os anticorpos heterólogos pré-existentes formam complexos com os novos sorotipos de vírus que estão causando a infecção, mas não neutralizam o novo vírus
A amplificação dependente de anticorpos é o processo no qual determinadas cepas do vírus do dengue, complexadas com anticorpos não-neutralizantes, podem invadir um grande número de células mononucleares, aumentando assim a produção do vírus
Os monócitos infectados liberam mediadores vasoativos resultando em alteração da permeabilidade vascular e manifestações hemorrágicas maiores que caracterizam a FHD e o SCD
Lactentes herdam IgG antidengue da mãe por via transplaccentária, que são passivos e caem até o 9º mês. Uma infecção até pelo mesmo sorotipo pode desencadear o fenômeno de Haltead.
Recentemente, foi descrito a teoria do gene NS-1: neutralizam o glicocálice que aumenta a permeabilidade vascular.
Teoria de viremia: 2, 3, 4, 1
Implantação nacional de nova classificação a partir de 2014 e notificação compulsória ao SINAN.
A forma oligo ou assintomática pode ser confundida com uma virose ou gastroenterite.
Mialgia: febre quebra ossos.
Diarreia branda: pastosas 4x/dia. Diferente das enteroviroses.
Exantema: pode ser pruriginoso. Não poupa mãos. 36-48h.
Plaquetopenia: consumo periférico por imunocomplexos do complemento e posteriomente por surgimento de CIVD (coag. Intravasc. Disseminada)
Dengue como uma doença única, complexa e que pode evoluir para quadro clínico piores.
Sinais de alarmarme: derrame pleural, gengivorragia
Atenção: lesões de órgãos específicos podem causar: liberação de enzimas cardíacas, aumento de transaminases, alargamento do TAP/INR
Atenção à hiperhidratação!!! HAS, Edema agudo de pulmão...
Crianças: ausência de queixas de dor intensa: cefaleia, mialgia, artralgia.
Gestante: frequência cardíaca elevada atribuída à gestação ou a dengue?
1º trim: abortamento
3º trim: parto prematuro
Baixo peso ao nascer em qualquer período da gestação
Até 5º dia: métodos que identifique o vírus ou suas partículas:
Pesquisa de antígeno viral NS-1, isolamento viral, PCR amplificação de vírus.
Após 6º dia:
ELISA – Sorologia IgM (recente) antidengue. IgG revelam apenas contato prévio com a dengue, sem função diagnóstica em reinfecções. SÓ O IgM NEGATIVO DESCARTA O DIAGNÓSTICO.
Arboviroses: zika e chikungunya.
Considerar o hemograma inicial: leucocitose com desvio à esquerda: INFEC. ORIGEM BACTERIANA
Meningococemia: equimoses desde o primeiro dia de sintoma.
Icterícia: malária, leptospirose, hepatite viral, febre amarela.
Balapiravir era promissor, mas não demonstrou benefícios no tratamento clínico com humanos.
Preferir paracetamol.
Vacina contraindicado em grávidas, imunossuprimidos... Vírus vivo atenuado.