Manuel António Pina foi um escritor português galardoado com o Prémio Camões. Publicou obras de poesia e literatura infantil com um estilo único que misturava nonsense e reflexão filosófica. Suas obras exploraram temas como a liberdade e a crítica social através de histórias imaginativas e do uso do humor. Muitas de suas obras foram adaptadas para teatro e cinema.
3. MANUEL ANTONIO PINA
1. Vida e Obra
“ (…) Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra. Entre 1971 e 2001 foi jornalista profissional no Jornal de
Notícias (Porto), onde desempenhou igualmente funções de editor e chefe de redacção. Além do JN, tem ainda
colaboração dispersa por outros órgãos de comunicação, entre imprensa escrita, rádio e televisão. (…) A obra de
Manuel António Pina consegue uma forte coesão, mantendo em ambos os registos – o da poesia e o da chamada
«literatura para a infância» – aquilo que já foi classificado como «um discurso de invulgar criatividade e de constante
desafio à inteligência do leitor», qualquer que seja a sua idade.
Como poeta, a sua obra revela um cariz simultaneamente sentido e reflexivo, de tom irónico e pendor filosofante, na
qual é apontada uma tendência nietzschiana para alcançar «uma segunda e mais perigosa inocência». Como autor
de literatura para a infância, a sua obra tem um lugar à parte no panorama nacional, mercê de um nonsense de
tradição anglo-saxónica (onde poderemos detectar a herança de Lewis Carroll) que brinca, inteligente e seriamente,
com as palavras e os conceitos, num jogo de imaginação sem tréguas.
Tem ainda uma relação estreita com o teatro, tendo sido, em 1982, bolseiro do Centro Internacional de Teatro de
Berlim junto do Grips Theater (Berlim). Até ao momento, foram feitas mais de duas dezenas de produções teatrais
baseadas em textos seus, por várias companhias teatrais do país, tal como vários programas de ficção e
entretenimento para a televisão, entre os quais uma série infantil de doze episódios («Histórias com Pés e Cabeça»,
1979/80). Foi aliás, desde 1994, autor de vários guiões para séries de ficção paraTV.
Também ao cinema a sua obra foi adaptada: por José Carvalho, em 1980 («Uma História de Letras», a partir de um
conto de O Têpluquê); e por João Botelho, em 1999 («Se a Memória Existe», filme sobre texto integral de O Tesouro).
Em video está editada uma «Pequena Antologia Poética de Manuel António Pina» (1998). Foram ainda editados
vários discos com textos seus musicados, nomeadamente «O Inventão», «O Bando dos Gambozinos», «O Beco» e
«A Casa do Silêncio»(…).
Colaborou ou está representado em diversas publicações colectivas e antologias (…) integrou as representações
oficiais da literatura portuguesa na Feira do Livro de Frankfurt (1997), no Salão do Livro de Paris (2000) e no Salão do
Livro de Genève (2001). Em 1997 foi poeta residente convidado da cidade de Villeneuve-sur-Lot (França) e, em 2001,
foi agraciado com a Medalha de Ouro de Mérito da Câmara Municipal do Porto. Fez parte da carteira de itinerâncias
da DGLB, na qualidade de líder de comunidades de leitores em Bibliotecas Municipais. Manuel António Pina está
traduzido e publicado em Espanha, Dinamarca e na Bulgária, com o apoio da DGLB, e recebeu vários prémios. Em
2011 foi distinguido com o Prémio Camões. Faleceu no Porto em 19 de Outubro de 2012.”
4. Manuel António Pina
“(…) É necessária uma literatura suficientemente visceral e dissolvente, uma literatura de
resistência que mantenha desperta a lucidez da liberdade no meio dos valores com que a
família, a escola e o meio naturalmente a irão conformando. Acho igualmente que é
possível, pela literatura também, pôr ao alcance das crianças e dos jovens, instrumentos
ou exemplos de subversão e crítica da ordem social (e literária) dominante que é
naturalmente aquela para cuja perpetuação a educação tenderá. “
(Pina, 1977)
5. Não é a vida teatro, tanto quanto o
teatro é a vida?
(Manuel António Pina)
6. “Ainda assim, [o teatro] é um género que combina com as crianças, a infância é
toda teatral, dramática»
(Manuel António Pina)
A História está cheia de histórias de reis e rainhas, mas estas são verdadeiramente insólitas! Numa,
um Rei está constipado e não consegue governar, o Natal acontece em maio, a Galinha dá a missa
do Galo e o Peru, coitado, despede-se da família antes da Ceia…. O uso do nonsense serve para
aproximar o publico e faze lo refletir. Nesta história o humor é usado como elemento desintegrador
de estereótipos, figuras e papeis sociais rígidos. Podemos interpretar nestas linhas, que nem sempre
o pré estabelecido impera, dando se lugar à igualdade de oportunidades e ao mérito.
Essa capacidade cada vez mais fugaz para descrever um Portugal que tem de ser conhecido aos
pedaços e, talvez, ser consertado aos pedaços. A realidade conseguia doer através dos seus olhos
felinos, sentado, enfrentando o declínio de um país que descreveu na sua obra, impressão digital
desse olhar único que emprestava às palavras.
1. História com reis, rainhas, bobos, bombeiros e galinhas
7. “Ainda assim, [o teatro] é um género que combina com as crianças, a infância é
toda teatral, dramática»
(Manuel António Pina)
1. História com reis, rainhas, bobos, bombeiros e galinhas