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Paramahansa
YOGANANDA
O ROMANCE
COM DEUS
Como perceber Deus na vida diária
Volume II
UNIVERSALISMO
Dedicado pela Self-Realization Fellowship
à nossa amada presidente
SRI DAYA MATA
cuja fiel devoção demonstrada ao registrar as
palavras de seu guru para a posteridade preservou
para nós e para as eras vindouras a sabedoria libertadora
e o amor divino de Paramahansa Yogananda
O Legado Espiritual de
Paramahansa Yogananda
Todos os seus escritos, conferências e palestras informais
Paramahansa Yogananda fundou a Self-Realization Fellowship em 1920, para
disseminar seus ensinamentos em escala mundial e preservar-lhes a pureza e a
integridade para futuras gerações. Conferencista e escritor prolífico, desde seus
primeiros anos nos Estados Unidos ele produziu um compêndio reputado e
volumoso sobre a ciência da meditação iogue, a arte da vida equilibrada e a
unidade fundamental de todas as grandes religiões. Hoje, esse legado espiritual,
único e extenso, mantém-se vivo, inspirando milhões de buscadores da verdade
no mundo inteiro.
De acordo com os desejos expressos do grande mestre, a Self-Realization
Fellowship tem dado prosseguimento à permanente tarefa de divulgar e manter
sempre publicadas “As Obras Completas de Paramahansa Yogananda”, que
incluem não apenas as edições finais de todos os livros que ele publicou em
vida, mas também muitos novos títulos que permaneciam inéditos na época de
seu falecimento, em 1952, ou que durante anos foram publicados em série, mas
de forma incompleta, na revista da Self-Realization Fellowship, e ainda centenas
de conferências e palestras informais profundamente inspiradoras, que foram
gravadas, mas não impressas, antes de sua morte.
Paramahansa Yogananda pessoalmente escolheu e instruiu seus discípulos
imediatos que dirigem o Conselho de Publicações da Self-Realization Fellowship
e lhes deu diretrizes específicas para a preparação e publicação de seus
ensinamentos. Os membros do Conselho de Publicações da SRF (monges e
monjas que fizeram votos vitalícios de renúncia e serviço altruísta) zelam por
essas diretrizes como um patrimônio sagrado, a fim de que a mensagem
universal desse bem-amado instrutor de todo o mundo se mantenha viva com a
força e a autenticidade originais.
O emblema da Self-Realization Fellowship (mostrado na página anterior) foi
criado por Paramahansa Yogananda para identificar a sociedade sem fins
lucrativos que ele fundou como a fonte autorizada de seus ensinamentos. O
nome e o emblema da SRF aparecem em todas as publicações e gravações da
Self-Realization Fellowship, garantindo ao leitor que o trabalho vem da
organização fundada por Paramahansa Yogananda e transmite seus
ensinamentos do modo como ele próprio idealizou.
SELF-REALIZATION FELLOWSHIP
Sumário
Prefácio
Introdução
1 — Como Cultivar o Amor Divino
2 — A Origem e a Natureza da Criação Cósmica em uma Nova Perspectiva
3 — A Prática Científica da Religião
4 — Como Encontrar a Alegria na Vida
5 — O Que É o Destino?
6 — O Fim do Mundo
7 — Religião: Como e Por Quê
8 — A Amplitude da Consciência Espiritual
9 — A Mente: Repositório de Poder Infinito
10 — Por Que o Mal Faz Parte da Criação Divina
11 — O Mistério de Mahatma Gandhi
12 — Magnetismo: o Poder Inerente à Alma
13 — Mobília Psicológica
14 — O Potencial Desconhecido da Memória
15 — Como Harmonizar Métodos de Cura Física, Mental e Espiritual
16 — O Poder da Mente Pode Ajudar a Ganhar ou Perder Peso
17 — Como Trabalhar Sem Fadiga
18 — Como Se Livrar das Preocupações
19 — Se Deus Está Livre de Karma, Por Que Nós Não Estamos?
20 — A Arte Iogue de Superar a Consciência Mortal e a Morte
21 — Como os Sentimentos Mascaram a Alma
22 — O Ideal Iogue da Renúncia É Para Todos
23 — “Com Tudo O Que Possuis Adquire o Entendimento”
24 — A Crítica
25 — Onde Está Jesus Agora e O Que Está Fazendo?
26 — As Almas Reencarnam?
27 — Para Onde Foram Nossos Entes Queridos?
28 — Reflexões Sobre o Amor
29 — O Conhecido e o Desconhecido
30 — Como Controlar o Destino
31 — Hóspedes Bons e Maus
32 — Como Ficar Livre dos Maus Hábitos
33 — O Jardim das Qualidades em Flor
34 — Cristianismo Oriental e Cristianismo Ocidental
35 — Um Mundo Sem Fronteiras
36 — Conhecer a Deus É Amar a Todos
37 — Como Se Aproximar de Deus
38 — O Amante Cósmico
39 — Deus Pessoal e Impessoal
40 — Como Encontrar o Caminho da Vitória
41 — “Abençoado Sou Por Contemplá-Lo”
42 — Leve Deus com Você pela Vida
43 — A Aurora da Bem-Aventurança
44 — Responda ao Chamado de Cristo!
45 — Divina Comunhão com Deus e Cristo
46 — O Romance Eterno
47 — Uma Escritura de Amor
Paramahansa Yogananda: um iogue na vida e na morte
Objetivos e Ideais da Self-Realization Fellowship
Glossário
Prefácio
Este texto foi escrito por Sri Daya Mata, terceira presidente e líder espiritual da Self-
Realization Fellowship/Yogoda Satsanga Society of India, no lançamento de A
Eterna Busca do Homem, o primeiro volume de conferências e palestras informais
de Paramahansa Yogananda.
Quando vi Paramahansa Yogananda pela primeira vez, ele falava a um público
enlevado e numeroso em Salt Lake City. Foi em 1931. De pé, no fundo do
auditório lotado, quedei-me, alheia a tudo que ocorria ao meu redor, arrebatada
pelo conferencista e suas palavras. Todo o meu ser estava imerso na sabedoria
e no amor divino que jorravam em torrentes para minha alma e me inundavam o
coração e a mente. Só pude pensar: “Esse homem ama a Deus como eu sempre
desejei amá-Lo. Ele conhece Deus. A ele, eu seguirei.” E o fiz, a partir daquele
momento.
Sentindo o poder transfigurador de suas palavras em minha vida, nasceu em
mim, naqueles primeiros dias em companhia de Paramahansaji, o sentimento da
urgente necessidade de preservar sua mensagem para o mundo e para todos
os tempos. Tornou-se um privilégio para mim, sagrado e jubiloso, durante os
muitos anos em que permaneci ao seu lado, anotar conferências e aulas, além
de muitas conversas informais e palavras de aconselhamento pessoal — em
verdade, um tesouro imenso de extraordinária sabedoria e de amor por Deus.
Enquanto Gurudeva falava, a corrente de sua inspiração refletia-se
frequentemente na rapidez de seu discurso; ele podia falar durante minutos, sem
uma pausa, e continuar por uma hora. Enquanto as pessoas ouviam, fascinadas,
minha caneta voava! Ao tomar nota de suas palavras, eu sentia como se uma
graça especial descesse, convertendo instantaneamente a voz do Guru em
sinais taquigráficos sobre o papel. A transcrição desses caracteres tem sido uma
abençoada tarefa, continuada até hoje. Mesmo após tanto tempo — algumas de
minhas anotações têm mais de quarenta anos — quando começo a transcrevê-
las, encontro-as miraculosamente frescas na mente, como se tivessem sido
registradas ontem. Posso até ouvir, interiormente, as inflexões da voz de
Gurudeva em cada uma de suas frases,
Raramente o Mestre fazia alguma preparação, ainda que mínima, para suas
palestras; se preparo havia, consistia em uma ou duas anotações sobre fatos
concretos, rapidamente rabiscadas. Quase sempre, no carro, a caminho do
templo, ele perguntava casualmente a um de nós: “Qual é o meu tema de hoje?”
Concentrava-se no assunto e, a seguir, fazia a palestra de improviso, extraindo-
a de um reservatório interno de inspiração divina.
Os temas dos sermões de Gurudeva nos templos eram definidos e anunciados
antecipadamente. Às vezes, porém, ao começar a palestra, sua mente explorava
um veio inteiramente diferente. Independentemente de “o tema para hoje”, o
Mestre expressava as verdades que absorviam sua consciência naquele
momento, decantando uma sabedoria sem preço, em sequência ininterrupta,
que fluía da riqueza da própria experiência espiritual e da percepção intuitiva.
Quase sempre, ao término dos ofícios religiosos, várias pessoas aproximavam-
se dele para agradecer pelo esclarecimento de algum problema que as
perturbava, ou talvez por ter ele explicado algum conceito filosófico de particular
interesse.
Algumas vezes, enquanto falava, a consciência do Guru erguia-se a um nível tão
elevado que ele, momentaneamente, esquecia a audiência e conversava
diretamente com Deus; seu ser inteiro transbordava de alegria divina e amor
inebriante. Nesses excelsos estados de consciência, com a mente
completamente unida à Consciência Divina, ele percebia a Verdade em seu
interior e descrevia o que contemplava. Ocasionalmente, Deus lhe aparecia sob
a forma da Mãe Divina ou de algum outro aspecto; ora um de nossos grandes
Gurus, ora outros santos manifestavam-se em visão diante dele. Nessas
ocasiões, até a audiência sentia profundamente a bênção especial concedida a
todos os presentes. Durante uma das visitas de São Francisco de Assis, a quem
o Mestre muito amava, Gurudeva sentiu-se inspirado e compôs o belo poema
“Deus! Deus! Deus!”
O Bhagavad Gita descreve um mestre iluminado com estas palavras: “O Eu
Supremo fulgura como o Sol naqueles que, com a sabedoria, expulsaram a
ignorância” (V: 16). A radiação espiritual de Paramahansa Yogananda poderia
intimidar as pessoas, não fosse seu calor humano, sua ausência de artifícios e
sua tranquila humildade que imediatamente colocavam todos à vontade. Cada
ouvinte na plateia sentia que a palestra de Gurudeva era-lhe pessoalmente
dirigida. Uma das qualidades mais cativantes do Mestre era seu inteligente senso
de humor. Pelo relevo dado a uma frase, por um gesto ou expressão facial, ele
provocava uma reação positiva, em forma de gostosas gargalhadas, no
momento exato de enfatizar um ponto ou para relaxar seus ouvintes após longa
e intensa concentração em um tópico especialmente profundo.
Não é possível transmitir, nas páginas de um livro, o caráter singular e universal
da personalidade viva e amorosa de Paramahansa Yogananda. Mas,
humildemente, desejo que esta breve apresentação possibilite um vislumbre,
algo que possa enriquecer o prazer e a apreciação que o leitor encontrará nas
palestras que aparecem neste livro.
Ter visto meu Gurudeva em comunhão divina; ter ouvido as verdades profundas
e os transbordamentos devocionais de sua alma; tê-los registrado para os
tempos vindouros e poder agora partilhá-los com todos — grande é a minha
alegria! Possam as palavras sublimes do Mestre abrir, de par em par, as portas
de acesso à fé inabalável em Deus e aprofundar o amor por Aquele que é nosso
amado Pai, Mãe e Amigo Eterno.
DAYA MATA
Los Angeles, Califórnia
Maio de 1975
* * *
Por mais de meio século tenho tido, humildemente, a bênção e o privilégio de
participar e testemunhar o crescimento da missão de Kriya Yoga de
Paramahansa Yogananda. Vi o fogo do amor por Deus, que emanava de seu ser
e que incendiou meu coração, acender-se também em inúmeros outros
corações, concedendo a bênção de sua luz transformadora. Assim, é com
grande satisfação e alegria que a Self-Realization Fellowship apresenta O
Romance com Deus, o tão esperado volume subsequente de A Eterna Busca do
Homem.
“O romance com Deus é perfeito e duradouro”, disse Gurudeva, certa vez. Em
Paramahansaji, a glória e a doçura do relacionamento eterno com Deus
encontraram plena expressão. Os anos de empenho em seguir o seu exemplo
— vivendo de acordo com os ideais e os preceitos que ele ensinava — trouxeram
resposta a todos os desejos do meu coração. A promessa da primeira vibração
de amor divino que se espalhou por minha alma foi cumprida além de todas as
expectativas imagináveis.
O único desejo de Paramahansaji era ajudar os outros a experimentar Deus
como realidade consciente na vida. Muitas vezes ele derramou lágrimas de
compaixão por todos os filhos de Deus, orando ao Senhor das profundezas de
sua alma: “Que eu possa despertar o Teu amor em todos os corações”. O amor
divino é a resposta — a única resposta — que pode remover permanentemente
a dor do vazio de cada coração, cauterizando e curando todas as feridas de
separações, ódios e incompreensões que destroem a paz e a unidade neste belo
mundo criado por Deus. Que a chama desse amor divino se propague a partir
das páginas deste livro, atendendo à fervorosa oração de Paramahansaji e
despertando o amor divino em todo coração que tocar.
DAYA MATA
Los Angeles, Califórnia
19 de novembro 1975
Introdução
O maior romance que se pode ter é o romance com Deus. (...) Ele é o Amante e
nossa alma é o ser amado. Quando a alma encontra o maior Amante do universo,
inicia-se o romance eterno.
Paramahansa Yogananda
O Romance com Deus é um livro de palestras de Paramahansa Yogananda, cuja
própria vida foi um contínuo romance com o Divino. É, portanto, um livro sobre o
amor que Deus tem por cada uma das almas que Ele criou e sobre como nós,
almas encarnadas, podemos experimentar Sua amorosa presença na vida
diária.
A mensagem do autor possui apelo universal, pois qual o ser humano que nunca
ansiou pelo amor perfeito? O amor que não diminui nem com o tempo, nem com
a velhice, nem com a morte? Certamente, todos já desejaram experimentar a
satisfação duradoura e a perfeição de um relacionamento assim, mas a questão
tem sido sempre: “Será realmente possível?” Paramahansa Yogananda
corajosamente declara que sim, é possível. Por sua vida exemplar e seus
ensinamentos, ele prova que a plenitude interior e o amor que buscamos existem
sim e podem ser alcançados — em Deus. “O maior amor que se pode
experimentar é a comunhão com Deus”, declara, na palestra inicial de O
Romance com Deus. “O amor entre a alma e o Espírito é o amor perfeito, que
todos buscam.”
Paramahansaji não fala apenas a partir da teoria ou da teologia; suas palavras
fluem da experiência do amor e da sabedoria de Deus, numa abordagem
pragmática e inspiradora, de modo que “os que têm ouvidos para ouvir” também
podem descobrir, na vida, a Presença Divina que a todos satisfaz. Sua sabedoria
não é um elaborado estudo acadêmico; é o testemunho empírico de uma
personalidade espiritual dinâmica, cuja vida foi repleta de alegria interior e
realizações exteriores; um instrutor mundial que viveu o que pregou, um
Premavatar (encarnação do amor) cujo exclusivo desejo era o de compartilhar a
sabedoria e o amor divino com todos.
Paramahansa Yogananda nasceu em Gorakhpur, na Índia, em 5 de janeiro de
1893. Sua extraordinária infância indicava claramente que a vida dele estava
assinalada para um destino divino. Sua mãe, reconhecendo isso, incentivou os
nobres ideais e as aspirações espirituais do filho. Aos onze anos de idade
Paramahansaji perdeu a mãe, a quem amava mais que tudo no mundo. Este fato
consolidou sua resolução de encontrar Deus e de receber, do próprio Criador, o
amor divino pelo qual todo coração humano anseia.
Yoganandaji logo se tornou discípulo de um membro da linhagem de excelsos
gurus, à qual estava ligado desde o nascimento: o grande Jnanavatar
(encarnação da sabedoria) Swami Sri Yukteswar Giri. Os pais de Sri Yogananda
eram discípulos de Lahiri Mahasaya, guru de Sri Yukteswar. Quando
Paramahansaji ainda era bebê, no colo da mãe, Lahiri Mahasaya abençoou-o e
previu: “Mãezinha, seu filho será iogue. Como uma locomotiva espiritual, levará
muitas almas ao reino de Deus.” Lahiri Mahasaya era discípulo de Mahavatar
Babaji, o mestre imortal que reavivou, nesta era, a antiga ciência de Kriya Yoga.
Louvada por Krishna no Bhagavad Gita e por Patânjali nos Yoga Sutras, a Kriya
Yoga é uma técnica transcendente de meditação e uma arte de viver, que leva
à união da alma com Deus. Mahavatar Babaji revelou a sagrada Kriya a Lahiri
Mahasaya, que a transmitiu a Sri Yukteswar, que por sua vez a ensinou a
Paramahansa Yogananda.
Em 1920, quando Yogananda foi considerado pronto para iniciar a missão de
difundir ao mundo a ciência iogue de libertação da alma, Mahavatar Babaji falou-
lhe sobre a sagrada responsabilidade que ele teria pela frente: “Foi você quem
eu escolhi para difundir a mensagem da Kriya Yoga no Ocidente. Há muito tempo
encontrei seu guru Yukteswar num Kumbha Mela e lhe disse então que enviaria
você para ser treinado por ele. A Kriya Yoga, a técnica científica de realização
divina, terminará por difundir-se em todas as terras e ajudará a harmonizar as
nações por meio da percepção pessoal e transcendental que o ser humano terá
do Pai Infinito.”
Paramahansa Yogananda iniciou sua missão nos Estados Unidos como
delegado no Congresso Internacional de Liberais Religiosos que se realizou em
Boston em 1920. Durante mais de uma década, viajou por toda a extensão do
continente norte-americano, falando quase que diariamente para auditórios
lotados, nas principais cidades. Em 23 de janeiro de 1924, o jornal Los Angeles
Times noticiou: “O Philharmonic Auditorium apresenta o extraordinário
espetáculo de milhares (...) sendo informados uma hora antes da conferência de
que não poderiam entrar, já que o auditório de 3.000 lugares estava
completamente lotado. Swami Yogananda é a atração. Um hindu invadindo os
Estados Unidos para trazer Deus (...), pregando a essência da doutrina cristã.”
Foi uma grande revelação para o Ocidente saber que a Yoga — exposta de
modo tão eloquente e interpretada tão claramente por Sri Yogananda — é uma
ciência universal e, como tal, a verdadeira “essência” de todas as religiões
verdadeiras.
Em 1925, em Los Angeles, Paramahansa Yogananda fundou a sede central
internacional da Self-Realization Fellowship, associação por ele fundada em
1917 em seu país natal sob o nome de Yogoda Satsanga Society of India. Da
sede internacional, os ensinamentos do Guru são enviados para o mundo todo,
e também os numerosos livros que escreveu e as Lições da Self-Realization
Fellowship sobre a ciência de meditação Kriya Yoga e a arte da vida espiritual. 1
A obra do Guru é dirigida e continuada por membros da Ordem Monástica da
Self-Realization Fellowship, que Paramahansaji fundou para treinar aqueles que
levam sua obra adiante e preservam a integridade dela.
1. Os buscadores da Índia e dos territórios vizinhos recebem essas publicações da Yogoda
Satsanga Society of India.
No início da década de 1930, Paramahansaji foi gradualmente diminuindo o
número de conferências públicas. “Não estou interessado em multidões”, disse,
“e sim em almas que desejam sinceramente conhecer a Deus.” Passou a
concentrar seus esforços em palestras e aulas para quem se interessava
profundamente pela busca divina; na maioria das vezes, falava na sede central
e nos templos da própria Self-Realization Fellowship.
Várias vezes Paramahansa Yogananda fez esta predição: “Não morrerei no leito,
mas de pé, falando de Deus e da Índia”. Em 7 de março de 1952, a profecia se
realizou: em um banquete em homenagem a B. R. Sen, embaixador da Índia,
Paramahansaji foi orador convidado. Pronunciou um discurso emocionante,
concluindo com estas palavras do seu poema “My India” (“Minha Índia”): “Onde
o Ganges, as florestas, as cavernas do Himalaia e os homens sonham Deus —
santificado estou; meu corpo tocou esse solo!” Então, levantando os olhos,
entrou em mahasamadhi, a saída consciente do corpo físico feita por iogues
adiantados. Ele morreu como vivera, exortando todos a conhecer Deus.
O grande empenho do Guru enquanto viveu, no sentido de despertar as almas
para a Verdade única que é inerente a todas as religiões e a toda a vida, e sua
singular contribuição para promover a causa da harmonia e da compreensão
entre Oriente e Ocidente, receberam reconhecimento formal do governo indiano
em 7 de março de 1977, no vigésimo quinto aniversário da morte do Mestre.
Nessa data, a Índia lançou um selo comemorativo, homenageando o Guru com
as seguintes palavras: “Os ideais do amor por Deus e de serviço à humanidade
manifestaram-se plenamente na vida de Paramahansa Yogananda. (...) Embora
tenha passado fora da Índia a maior parte de sua vida, seu lugar é entre os
nossos grandes santos. Sua obra continua a crescer e a luzir cada vez mais,
levando pessoas de todos os recantos para o caminho da peregrinação em
busca do Espírito.”
Para quem tinha ligação pessoal com Paramahansa Yogananda, ficava claro
que sua grandeza não se limitava à imensa sabedoria dos ensinamentos que
transmitia; abrangia também o profundo amor e a solidária compreensão que
emanavam do seu ser. Uma doçura inexprimível marcava cada palavra, olhar e
gesto seu, e sabia-se, além de qualquer dúvida, que o seu amor não impunha
limites nem condições. Era óbvio que fraquezas e defeitos pessoais não
importavam a seus olhos, pois ele via, em cada alma, apenas um reflexo puro
de Deus.
Embora o tempo e o espaço hoje impeçam nossa participação pessoal nas
palestras de Paramahansa Yogananda, podemos receber a bênção de ler e
absorver suas palavras, agradecendo a Sri Daya Mata, terceira presidente da
Self-Realization Fellowship, por esta oportunidade. Nos primeiros anos de
ministério, as palavras de Paramahansa Yogananda foram registradas apenas
esporadicamente. Entretanto, em 1931, ao tornar-se sua discípula, Daya Mata
assumiu a tarefa sagrada de registrar fielmente todas as aulas e conferências do
Guru para as gerações vindouras. “Sentindo o poder transfigurador de suas
palavras em minha vida,” ela escreveu, “nasceu em mim, naqueles primeiros dias
em companhia de Paramahansaji, o sentimento da urgente necessidade de
preservar sua mensagem para o mundo e para todos os tempos.” Assim, é
graças aos dedicados esforços e à previdência de Sri Daya Mata que este livro
de palestras, O Romance com Deus, é publicado, em sequência ao primeiro
volume de palestras, A Eterna Busca do Homem.
Os textos que compõem este volume são, basicamente, conferências e aulas
realizadas nos templos da Self-Realization Fellowship e na sede central, em Los
Angeles. Alguns textos são de encontros informais ou satsangas com pequenos
grupos de discípulos, ou de serviços de meditação nos quais o Guru entrava em
comunhão extasiada com Deus, permitindo a todos os presentes um vislumbre
do bem-aventurado romance divino. Alguns escritos inspiradores também estão
incluídos aqui. Paramahansaji foi um autor muito produtivo: muitas vezes ele
usava o tempo livre para compor um novo cântico de amor a Deus, ou para
escrever um artigo que pudesse ajudar as pessoas a compreender certo aspecto
da verdade.
Como a maioria das palestras foi realizada para pessoas familiarizadas com os
ensinamentos da Self-Realization Fellowship, alguns esclarecimentos sobre a
terminologia e os conceitos filosóficos aqui usados podem servir de auxílio aos
leitores em geral. Com este fim, incluímos muitas notas de rodapé e um
glossário, que explicam certas palavras e termos filosóficos em sânscrito, bem
como informações sobre fatos, pessoas e lugares ligados à vida e obra de
Paramahansa Yogananda. Caso o leitor encontre um termo desconhecido, as
explicações do glossário podem ser de utilidade. Registre-se que as citações do
Bhagavad Gita neste volume, a menos que indicado de outra maneira, são de
traduções do sânscrito feitas por Paramahansa Yogananda, algumas vezes
literalmente e outras vezes em forma parafraseada. Na maioria das citações do
Gita nesta edição de O Romance com Deus, a versão utilizada é a definitiva,
apresentada por Paramahansaji em seus livros “A Yoga do Bhagavad Gita” (já
em português) e “God Talks With Arjuna: The Bhagavad Gita — Royal Science
of God-Realization” (publicado pela Self-Realization Fellowship em 1995), que
trazem, de sua própria autoria, a tradução completa e comentários abrangentes.
Nas palestras em que ele traduzia uma passagem do Gita com maior liberdade,
a fim de dar ênfase a um ponto específico, a paráfrase foi conservada e
mencionada como tal em nota de pé de página.
O Romance com Deus é o segundo volume da série de palestras e conferências
de Paramahansa Yogananda. Que este volume também represente o que o
primeiro volume representou para incontáveis leitores: um raio de luz divina no
caminho espiritual, trazendo inspiração, orientação e novo sentido à vida. “O
romance mais sublime é com o Infinito”, disse Paramahansaji. “Você não faz
ideia de como a vida pode ser bela. Quando repentinamente você descobre Deus
em toda a parte, quando Ele vem, fala com você e o guia, o romance de amor
divino começou.”
SELF-REALIZATION FELLOWSHIP
Los Angeles, Califórnia
Novembro de 1986
O Romance com Deus
1
Como Cultivar o Amor Divino
O mundo como um todo tem esquecido o verdadeiro significado da palavra amor.
Este sentimento tem sido tão desvirtuado e crucificado pelo ser humano que
pouquíssimas pessoas sabem o que é o verdadeiro amor. Assim como o óleo
está presente em todas as partes da azeitona, também o amor permeia todas as
partes da criação. Mas definir o amor é muito difícil, pela mesma razão que as
palavras não podem descrever plenamente o gosto de uma laranja. Você precisa
provar a fruta para sentir seu sabor. Assim é com o amor. Todos já provaram
alguma forma de amor no coração; portanto, sabem um pouco como é, mas
ainda não entenderam como desenvolvê-lo e purificá-lo, expandindo-o em amor
divino. No início da vida, existe uma centelha do amor de Deus na maioria dos
corações. Entretanto, esta centelha geralmente se perde, porque o homem não
sabe como cultivá-la.
Muitas pessoas nem acham necessário analisar o amor. Reconhecem-no como
o sentimento que têm por parentes, amigos ou outras pessoas por quem sintam
forte atração. Mas há muito mais além disso. O único modo que encontro para
descrever o amor é falar de seus efeitos. Se você pudesse sentir uma partícula
mínima do amor divino, seria tão grande sua alegria — tão arrebatadora — que
não conseguiria contê-la.
Pense bem no que estou dizendo. A satisfação do amor não está no sentimento
em si, e sim na alegria que traz. O amor dá alegria. Amamos o amor porque nos
dá essa felicidade tão inebriante. Assim, ele não é o ponto final: o final supremo
é a bem-aventurança. Deus é Sat-Chit-Ananda, a Bem-aventurança sempre-
existente, sempre-consciente e sempre-nova. Como almas, somos Sat-Chit-
Ananda individualizada. “Da Alegria viemos, na Alegria vivemos e temos nosso
ser, e na sagrada Alegria um dia nos dissolveremos novamente.” 1 Todas as
emoções divinas — amor, compaixão, coragem, autossacrifício, humildade —
não teriam sentido sem a alegria. Alegria significa júbilo, uma expressão da Bem-
aventurança suprema.
1. Taittiriya Upanishad 3-6-1.
No ser humano, a alegria origina-se no cérebro, no centro sutil de consciência
divina que os iogues denominam sahasrara, ou lótus de mil pétalas. Entretanto,
o genuíno sentimento de alegria não é experimentado na cabeça, e sim no
coração. Da sede da consciência divina no cérebro, a alegria desce para o centro
cardíaco, 2 e aí se manifesta. Essa alegria vem da bem-aventurança divina — o
atributo essencial e supremo do Espírito.
2. Chakra anahata, o centro dorsal sutil; sede dos sentimentos, centro do controle de vayu, o
elemento vibratório do ar, uma das manifestações da vibração criadora de Om. A vida e a
consciência do homem se perpetuam pela força e pela atividade na “árvore da vida”, cujo tronco
são os sete centros sutis localizados na coluna vertebral e no cérebro. Daí vem o poder para
desempenhar todas as funções e capacidades fisiológicas e psicológicas do ser humano. Devido
ao seu centro comum de origem, algumas experiências espirituais e psicológicas estão ligadas
a processos fisiológicos. Por exemplo, existe uma conexão definida entre a função fisiológica
cardíaca e o centro espiritual sutil do sentimento, localizado no coração. Trabalhando juntos, eles
expressam a grande emoção do amor, tanto humano quanto divino. (Ver chakras no glossário.)
Embora possa nascer em razão de certas condições externas, a alegria não está
sujeita a condições; frequentemente, aparece sem nenhuma causa material. Às
vezes, você acorda “andando nas nuvens” de tanta alegria, mas não sabe por
quê. E quando está no silêncio da meditação profunda, a alegria borbulha de seu
íntimo, sem ter sido despertada por estímulos externos. A alegria da meditação
é extasiante. Quem nunca entrou no silêncio da verdadeira meditação não
conhece a alegria pura.
Ficamos muito felizes quando satisfazemos um desejo; contudo, quando somos
jovens, muitas vezes sentimos uma felicidade repentina, como se viesse do
nada. A alegria se expressa sob certas condições, mas não é por elas criada.
Assim, quando alguém ganha mil dólares e exclama “Que felicidade!”, a condição
de receber mil dólares serviu apenas como o golpe de uma picareta para liberar
uma fonte de alegria do reservatório oculto de bem-aventurança interior. Da
mesma forma, na experiência humana, normalmente são necessários certos
fatos para trazer o júbilo à tona, mas a alegria em si é o estado perene da alma.
O amor também é inerente à alma, mas é secundário em relação à alegria; não
poderia existir amor sem alegria. Você consegue imaginar isso? Não, porque a
alegria vem junto com o amor. Quando falamos do sofrimento do amor não
correspondido, estamos falando de um anseio não realizado. A verdadeira
experiência de amar é sempre acompanhada da alegria.
A natureza universal do amor
No sentido universal, o amor é o poder divino de atração, que harmoniza, une e
vincula. Seu oposto é a força de repulsão, a energia cósmica que materializa a
criação a partir da consciência cósmica de Deus. A repulsão mantém todas as
formas em estado manifesto através de maya, o poder da ilusão, que divide,
diferencia e desarmoniza. A força de atração do amor contrapõe-se à repulsão
cósmica para harmonizar toda a criação e, finalmente, levá-la de volta a Deus.
Quem vive em sintonia com a primeira, alcança a harmonia com a natureza e
com seus semelhantes, sendo atraído para a reunião beatífica com Deus.
Neste mundo, amor pressupõe dualidade; nasce de uma troca ou sugestão de
sentimentos entre duas ou mais formas. Até os animais expressam certo tipo de
amor um pelo outro e pelos filhotes. Em muitas espécies, quando um
companheiro morre, em geral o outro também logo sucumbe. Mas é um amor
instintivo; os animais não são responsáveis por ele. Os seres humanos,
entretanto, possuem considerável autodeterminação consciente na
reciprocidade do amor.
No ser humano, o amor se expressa de várias formas. Encontramos amor entre
marido e mulher, pais e filhos, entre irmãos, entre amigos, patrão e empregado,
guru e discípulo — como Jesus e seus discípulos ou os grandes mestres da Índia
e seus chelas — e entre o devoto e Deus, a alma e o Espírito.
O amor é uma emoção universal, que se expressa de acordo com a natureza do
pensamento em que se move. Por isso, quando o amor passa pelo coração do
pai, a consciência paternal o traduz em amor paterno; quando passa pelo
coração da mãe, é traduzido em amor materno; e a consciência do amante
empresta ao amor universal ainda outra qualidade. Não é o instrumento físico, e
sim a consciência em que o amor se move que determina a qualidade do amor
expressado. Assim, um pai pode expressar amor materno, uma mãe pode
expressar amor amistoso, e um amante, amor divino.
Todo reflexo de amor vem do Amor Cósmico único; mas, ao expressar-se como
amor humano em variadas formas, ele possui sempre alguma imperfeição. A
mãe não sabe por que ama o filho; este não sabe por que ama sua mãe. Nenhum
dos dois sabe de onde vem o que sentem. É o amor de Deus que se manifesta
neles; e quando puro e altruísta, reflete esse amor. Assim, ao investigar o amor
humano, podemos aprender alguma coisa sobre o amor divino, pois no primeiro
vislumbramos o segundo.
O amor paterno se baseia na razão
O amor paterno nasce na sabedoria e baseia-se na razão. Predomina, na
consciência paterna, o pensamento: “Este é meu filho, a quem devo cuidar e
proteger”. Isso é feito com desprendimento; o amor é demonstrado tanto nas
coisas que o pai faz para agradar e instruir o filho quanto no atendimento das
necessidades deste. Mas o amor paterno é parcialmente instintivo, assim como
todas as formas de amor familiar; um pai não pode deixar de amar seu filho.
O amor materno é incondicional e se baseia no sentimento
O amor de mãe é mais amplo. Baseia-se mais no sentimento do que na razão.
O verdadeiro amor materno é incondicional. Pode-se dizer que, sob muitos
aspectos, é mais espiritual e, portanto, mais elevado do que a maioria das
expressões humanas de amor. Deus implantou no coração materno um amor
irrestrito, que independe do mérito ou comportamento do filho. Mesmo que este,
mais tarde, se torne um assassino, o amor da mãe continuará firme e imutável;
ao passo que o pai pode ser mais impaciente e menos inclinado a perdoar. O
amor incondicional materno talvez seja o que mais se aproxime da perfeição do
amor divino. A verdadeira mãe perdoa o filho quando ninguém mais o faz. Este
tipo de amor exemplifica o amor de Deus, que perdoa Seus filhos
independentemente dos pecados que tenham cometido. E quem, senão Deus,
poderia ter colocado esse amor no coração materno? No genuíno amor de mãe
Deus dá a prova incontestável de que nos ama incondicionalmente, além de
nossas maldades ou pecados.
O Espírito Divino não é um tirano. Sabe que nos colocou num mundo de ilusões;
conhece nossas dificuldades e lutas. Quando se considera pecador, o ser
humano apenas aumenta a escuridão interior de sua ignorância espiritual. É
melhor que tente corrigir-se apelando para a ajuda da Mãe Divina, e Nela
contemple o reflexo da infinitude do amor e do perdão de Deus.
Ontem à noite, enquanto meditava, cantei esta canção de amor à Divindade:
Ó Mãe Divina, sou Teu bebezinho, Teu indefeso bebê, secretamente
aninhado em Teu colo de imortalidade. Escondido em Teu colo, escaparei
para o céu. Abrigado em Teu colo, escaparei para o céu. Nenhum karma
pode me alcançar, pois sou Teu bebê, Teu bebezinho, Teu indefeso bebê.
Escondido em Teu colo, escaparei para o céu.
Assim deve ser nosso relacionamento com Deus, pois o amor da Mãe é o amor
Divino que a tudo perdoa.
O amor conjugal
Em sua forma ideal, o amor conjugal pode ser uma das maiores expressões do
sentimento humano. Foi o que Jesus indicou quando disse: “Portanto deixará o
homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher”. 3 Quando homem e mulher se amam
de modo verdadeiro e puro, estão em total harmonia de corpo, mente e alma.
Quando expressam seu amor da forma mais elevada, o resultado é uma união
perfeita. Mas este amor também tem uma imperfeição: pode ser manchado pelo
abuso do sexo, que eclipsa o amor divino. A natureza fez o impulso sexual muito
forte para que a criação pudesse continuar. Assim, o sexo tem seu lugar no
relacionamento conjugal; mas, se for o fator predominante no relacionamento, o
amor voará porta afora, sumindo completamente. Em seu lugar entrarão o
sentimento de posse, a familiaridade excessiva, o abuso e a perda da amizade
e da compreensão. Embora a atração sexual seja uma das condições que fazem
o amor nascer, o sexo em si não é amor. Sexo e amor estão tão distantes um do
outro quanto a lua e o sol. Só quando a qualidade transmutadora do verdadeiro
amor predomina no relacionamento é que o sexo se torna uma expressão de
amor. Os que vivem muito no plano sexual perdem o caminho e não conseguem
encontrar um relacionamento conjugal satisfatório. Só com o autodomínio,
quando o sexo não é a emoção dominante mas sim incidental ao amor, é que
marido e mulher podem conhecer o amor genuíno. No mundo moderno,
infelizmente, o amor é geralmente destruído pelo excesso de ênfase no aspecto
sexual.
3. Mateus 19:5.
Os que praticam a moderação natural — não forçada — em sua vida sexual
desenvolvem outras qualidades, mais duradouras, no relacionamento marido-
mulher: amizade, companheirismo, compreensão e amor mútuo. Madame
Amelita Galli-Curci 4 e seu marido Homer Samuels, por exemplo, são os maiores
amantes que conheci no Ocidente. Seu amor é lindíssimo, porque praticam os
ideais que mencionei. Quando se separam, mesmo que por pouco tempo,
aguardam ansiosamente o momento do reencontro, de estar juntos, de
compartilhar ideias e amor. Vivem um para o outro.
4. Soprano de fama mundial (1889-1963) que conheceu Paramahansa Yogananda nos primeiros
anos dele nos Estados Unidos. Ela e o marido tornaram-se dedicados membros da Self-
Realization Fellowship. Madame Galli-Curci escreveu o prefácio do livro Whispers from Eternity,
de Paramahansaji. (Ver pág. 58.)
O relacionamento entre Ella Wheeler Wilcox 5 e seu marido é outro belo exemplo
de amor conjugal. John Larkin, um de meus alunos, contou-me que nunca viu
nada igual àquele amor. Disse: “Cada vez que se veem, é como se revivessem
a alegria do primeiro encontro. São totalmente devotados um ao outro. Durante
três anos, depois que o marido morreu, o pensamento constante de Ella era
reunir-se a ele; então, faleceu pronunciando o nome dele.”
5. Poetisa americana (1850-1919).
Conheci um homem que possuía devoção altruísta semelhante. Amava tão
profundamente a esposa que seu amor se transformou em amor divino. Depois
que ela morreu, ele vagou durante anos, buscando um meio de revê-la. Por fim,
conseguiu. Acabou por encontrar Deus através do amor que tinha pela mulher.
Eis a história que me contou: em suas andanças após a morte da companheira,
ele encontrou um grande santo do Himalaia e convenceu-o a prometer dar
iniciação espiritual a ele e à esposa juntos. Feita a promessa, o santo perguntou:
“Onde está sua esposa?” Foi então que o marido contou que ela tinha morrido.
O santo, apesar disso, manteve a promessa de iniciá-los juntos. Deu instruções
para que o homem se sentasse e meditasse, e começou a invocar a presença
da mulher. De repente, ela apareceu e conversou longamente com o marido.
Então os dois se sentaram lado a lado e receberam a iniciação do santo. Depois
que este os abençoou, a mulher partiu. Daquele momento em diante, o marido
compreendeu que a amada forma que conhecera como esposa era, na verdade,
uma manifestação individualizada da consciência de Deus — como são todos os
seres humanos. O verdadeiro sentido do amor divino, inerente a toda relação
humana e por ela responsável, foi-lhe revelado. Foi uma experiência única e
verdadeira.
Mas o amor conjugal é enganador, e a maioria das pessoas sai do mundo com
o coração insatisfeito. Estas pessoas não procuraram o amor conjugal
corretamente. Atraídas principalmente por uma aparência agradável, procuram
a alma gêmea no cemitério das formas belas e bem vestidas, esquecendo que
um demônio pode morar ali. Não estou condenando homens e mulheres por
responderem à lei de atração criada por Deus; condeno a perversão desta
atração através da luxúria. Todo homem que olha a mulher como objeto de
desejo sexual e dela se aproveita para satisfazê-lo comete autodestruição: o
excesso de sexo prejudica o sistema nervoso e afeta o coração, acabando por
destruir a paz e a felicidade. A humanidade precisa perceber que a natureza
básica da alma é espiritual. Se homem e mulher se veem apenas como meio de
satisfazer a lascívia, cortejam a destruição da felicidade. Pouco a pouco, a paz
de espírito desaparece.
Abusar do sexo pode ser comparado a fazer um carro funcionar sem óleo; o
corpo não aguenta. Cada gota de essência vital perdida equivale à perda de oito
gotas de sangue. Mas o aspecto importante é aprender o autodomínio, o que se
consegue ao controlar e purificar a mente. Isso é muito superior a abster-se
fisicamente enquanto a mente fica ligada ao sexo. A mera repressão pode ser
nociva.
Homem e mulher devem ver-se como reflexos de Deus. Acho encantador
quando o marido chama a mulher de “mãe”, ou ela o chama de “pai”. Toda mulher
deve considerar o homem como um pai. Eu trato toda mulher como mãe. A meus
olhos, não é apenas uma mulher, mas uma expressão da Mãe Divina. É a Ela
que contemplo, e que me fala por intermédio da mulher.
As mulheres não devem tentar atrair os homens com seu “it”. 6 Devemos sempre
ter aparência agradável e está certo fazer-se atraente usando o bom gosto. Mas
é errado tentar, intencionalmente, atrair o sexo oposto por meio do apelo sexual.
A atração entre homem e mulher deve vir da alma. Quem tem controle do sexo
e não se exibe como símbolo sexual possui muito mais chances de atrair o tipo
certo de companheiro. Quantas garotas vêm a mim queixando-se de que os
rapazes, para saírem com elas, querem primeiro sexo! A experiência sexual é
perniciosa para a vida dos jovens. Na Índia, eles nunca se tocam nem se beijam
antes do casamento. O amor vem primeiro. Este deve ser o ideal. Quando dois
seres sentem incondicional atração mútua e são capazes de sacrificar-se um
pelo outro, estão verdadeiramente apaixonados. Só assim estão preparados
para um relacionamento íntimo no casamento. A mera possessividade não
serve. Quando um cônjuge tenta controlar o outro, demonstra não amar de
verdade. Mas quando os dois expressam carinho e uma constante preocupação
com a felicidade mútua, o amor torna-se divino. Em tal relacionamento, temos
um vislumbre de Deus.
6. Na época, termo usado para referir-se ao atrativo sexual de uma pessoa.
Muitas mulheres me dizem: “Meu marido não quer que eu me interesse por
assuntos espirituais”. Isto é ser extremamente egoísta. Se a esposa está
tentando ser mais espiritual, o marido deve cooperar. Ele não a perderá; pelo
contrário, receberá parte de sua virtude. O mesmo princípio se aplica à atitude
da mulher para com o marido. A melhor coisa que um cônjuge pode desejar ao
outro é a espiritualidade, pois o desenvolvimento da alma faz com que aflorem
qualidades divinas como compreensão, paciência, consideração e amor.
Contudo, devemos lembrar que o desejo de crescer espiritualmente não pode
ser imposto. Viva você o amor, e sua bondade inspirará a todos os seus entes
queridos.
Depois de alguns anos de casamento, milhares de maridos e mulheres se
perguntam: “Para onde foi nosso amor?” Foi queimado no altar do excesso
sexual, do egoísmo e da falta de respeito. Quando estas características entram
no relacionamento, o amor se transforma em cinzas. A mulher implica com o
homem quando ele tenta escravizá-la, ou quando ela acha que foi negligenciada.
Entretanto, a agressão verbal é um dos piores tratamentos que se pode infligir a
alguém. Diz-se que os oito centímetros da língua de uma mulher podem matar
um homem de um metro e oitenta de altura. Quando marido e mulher se
maltratam, destroem para sempre a felicidade a dois. O homem deve procurar
ver Deus na mulher, ajudando-a a perceber a natureza espiritual que possui.
Deve fazê-la sentir que não a quer simplesmente para satisfazer seus apetites
sexuais, e sim como companheira a quem respeita e vê como expressão do
Divino. E a mulher deve considerar o homem da mesma forma.
Outra atitude errada é ter medo do sexo oposto: a aversão anormal, assim como
a atração anormal, é uma atitude doentia. Com meu mestre, Swami Sri
Yukteswarji, 7 aprendi a não julgar a mulher como um instrumento criado para
enganar e destruir moralmente o homem, e sim como uma representante da
Divina Mãe do Universo. Quando o homem começar a enxergar a mulher como
símbolo materno, nela encontrará uma proteção amorosa jamais vista. Pela
graça de Deus, consegui mudar a consciência de muitos homens e mulheres
com o seguinte pensamento espiritual: todo homem deve considerar a mulher
como um símbolo da Mãe do Universo, e toda mulher deve considerar o homem
como um símbolo do Pai do Universo. Depois de conversar comigo, as pessoas
se retiravam com o sentimento de que a Mãe Divina e o Pai Celestial haviam
falado por meu intermédio, porque eu me dirigia a elas mergulhado na
consciência divina.
7. Guru de Paramahansa Yogananda. (Ver glossário.)
Se não existisse a atração sexual, não sei se haveria algum tipo de amor
conjugal. As pessoas comuns não teriam capacidade de sentir esse amor, mas
os que são espiritualmente desenvolvidos sim, pois a atração que sentem não
se baseia em sexo. Aqueles que cultivam as virtudes da alma sabem que o sexo
não tem nada a ver com o verdadeiro amor. Se você desenvolver o perfeito amor
da alma, começará a vislumbrar o Divino. Jesus Cristo manifestou esse amor,
que é puro, grandioso e magnífico, o qual também se expressou na vida de
muitos grandes santos.
O amor entre patrão e empregado
Os laços de amor entre patrão e empregado baseiam-se no benefício mútuo.
Quanto mais amabilidade e dinheiro o patrão der, mais o servidor o amará.
Quanto mais eficiente for o serviço prestado pelo empregado, mais consideração
ele receberá do patrão. Pode ser um relacionamento carinhoso, mas a motivação
básica é a segurança que um dá ao outro.
Amizade — o mais sublime relacionamento
entre os amores humanos
O relacionamento que existe entre amigos é o mais sublime dos amores
humanos. Por não existir compulsão, o amor entre amigos é puro. Escolhemos
livremente os amigos que amamos; não somos compelidos pelo instinto. O amor
que se manifesta na amizade pode existir entre homem e mulher, entre mulheres
e entre homens. Mas no amor da amizade não existe atração sexual. É preciso
ser celibatário e esquecer completamente o sexo quando se quer encontrar o
amor divino através da amizade; é então que esta nutre a cultivação do amor
divino. A amizade pura existiu entre santos e existe entre os que realmente
amam a Deus. Se você sentir o amor divino uma vez, nunca mais se separará
dele, pois não há nada igual em todo o universo.
O amor dá sem esperar nada em troca. Nunca penso em alguém em termos do
que aquela pessoa pode fazer por mim. E nunca dedicaria amor a alguém só por
ter feito alguma coisa por mim. Se não sentisse amor, não fingiria dá-lo, mas
conforme sinto, eu o dou. Aprendi essa sinceridade com meu Mestre. Talvez
existam pessoas que não me tenham amizade, mas sou amigo de todos,
inclusive de meus inimigos, pois no coração não tenho inimigos.
Amor não se ganha pedindo; é uma dádiva do coração do outro. Tenha certeza
do que sente quando disser “eu te amo” a alguém. Quando se dá amor, tem que
ser para sempre. Não porque você queira estar perto da pessoa amada, e sim
por querer a perfeição para aquela alma. Desejar perfeição ao ser amado e sentir
alegria pura pensando naquela alma é amor divino, e esse é o amor da
verdadeira amizade.
A amizade divina e incondicional entre guru e discípulo
O relacionamento entre guru e discípulo é a maior expressão do amor na
amizade. É amizade divina, incondicional, baseada em objetivo compartilhado e
único: o desejo de amar a Deus acima de todas as coisas. O discípulo desnuda
a alma para o mestre, e o mestre abre o coração para o discípulo. Não há
segredos entre eles. Mesmo em outras formas nobres de amizade existe às
vezes uma certa reserva. Mas a amizade do relacionamento guru-discípulo é
imaculada.
Neste mundo, não consigo imaginar nenhum outro relacionamento mais sublime
do que o vivido por mim com meu Mestre. A relação o guru-discípulo é o amor
em sua forma suprema. Certa vez, fui embora do ashram de meu Mestre
pensando que poderia ter mais êxito se buscasse Deus no Himalaia. Eu estava
enganado, e logo percebi que havia cometido um erro. Mesmo assim, quando
voltei, o Mestre me tratou como se eu nunca houvesse partido. Cumprimentou-
me como de hábito e, em vez de me censurar, disse calmamente: “Vamos ver o
que há para comer hoje”.
“Mas, Mestre”, eu perguntei, “não está zangado porque fui embora?”
“E por que estaria?” respondeu. “Não espero coisa alguma dos outros. Portanto,
suas ações não podem estar em oposição aos meus desejos. Não o usaria para
meus próprios fins; só a sua verdadeira felicidade me faz feliz.”
Quando ouvi isso, caí a seus pés e exclamei: “É a primeira vez que alguém me
ama de verdade!”
Se eu estivesse cuidando dos negócios de meu pai terreno e fugisse, ele ficaria
muito zangado. Quando recusei a oferta de um emprego bem remunerado, Papai
ficou sete dias sem falar comigo. Ele me deu o mais sincero amor paternal mas,
apesar disso, era um amor cego. Achava que o dinheiro me traria felicidade; mas
o dinheiro teria sido o túmulo da minha felicidade. Só mais tarde, depois que
fundei a escola de Ranchi, é que Papai cedeu e disse: “Estou contente porque
você não aceitou aquele emprego”.
Mas reparem na atitude de meu Mestre: embora eu tivesse fugido do ashram
para buscar Deus, o amor que o Guru tinha por mim continuou inalterado. Ele
nem me censurou. Todavia, em outras ocasiões, dizia claramente que eu estava
errado. Falava: “Se meu amor puder ser subornado para fazer concessões,
então não será amor. Se eu tiver que mudar meu comportamento com você por
medo de sua reação, isto não será amor verdadeiro. Tenho que poder falar
sinceramente. Pode ir embora quando quiser, mas enquanto estiver aqui,
chamarei sua atenção quando você errar, para seu próprio bem.” Nunca pensei
que alguém pudesse se interessar tanto por mim. Ele me amava por mim
mesmo. Queria a perfeição para mim; queria que eu fosse supremamente feliz.
Nisto estava a sua felicidade: queria que eu conhecesse Deus e que estivesse
com a Mãe Divina, por quem meu coração ansiava.
Não era amor divino o que meu Mestre expressava? Desejar, constantemente,
guiar-me na senda da bondade e do amor? Quando este tipo de amor se
desenvolve entre guru e discípulo, este não procura manipular o mestre; e nem
o mestre procura ter controle sobre o discípulo. A razão e o discernimento
supremo governam o relacionamento. Não há amor igual, e eu pude provar
desse amor graças a meu Mestre.
A sublime manifestação do amor divino em Bhagavan Krishna
Em sua vida, o Senhor Krishna expressou o amor puro na forma mais elevada.
Mostrou ao mundo que pode existir amor imaculado entre homem e mulher. É
impossível descrever corretamente sua vida ímpar para o público em geral, pois
ela transcendeu leis e padrões mundanos. Um dia, espero colocar no papel o
verdadeiro significado da vida de Krishna, pois ela tem sido incompreendida e
mal interpretada. Sua expressão de amor divino foi única no mundo.
Krishna teve muitas discípulas, mas Radha era a predileta. Cada discípula
pensava: “Krishna me ama mais do que às outras”. Todavia, como Krishna falava
muito em Radha, as outras ficavam enciumadas. Percebendo isso, Krishna
resolveu dar-lhes uma lição. Assim, certo dia, ele fingiu sentir uma terrível dor de
cabeça. As discípulas, aflitas, demonstraram grande preocupação com o
sofrimento do Mestre. Até que ele disse: “A dor só passará se uma de vocês ficar
sobre minha cabeça e massageá-la com os pés”. Horrorizadas, as devotas
exclamaram: “Não podemos fazer isto: tu és Deus, o Senhor do Universo. Seria
o maior dos sacrilégios ousar profanar tua forma tocando com nossos pés tua
cabeça sagrada.”
O Mestre fingiu que a dor aumentava; eis que Radha entra em cena. Correndo
para seu Senhor, perguntou: “Que posso fazer por ti?” Krishna repetiu o pedido
feito às outras devotas. Imediatamente, Radha o atendeu: a “dor” do Mestre
desapareceu e ele adormeceu. As outras discípulas, com raiva, arrastaram
Radha para longe da forma adormecida.
“Vamos matá-la”, ameaçaram.
“Mas por quê?”
“Como ousa pisar na cabeça do Mestre?”
“E daí?” protestou Radha. “Isso não o livrou da dor?”
“Por ato tão sacrílego, você irá para as profundezas do inferno.”
“Ah, é com isso que vocês se preocupam?”, disse Radha, sorrindo. “Com muita
alegria eu viveria lá para sempre se isso o fizesse feliz por um segundo.”
Então todas se curvaram a Radha. Compreenderam por que Krishna a favorecia,
pois só Radha esquecia de si mesma e pensava apenas no bem-estar do Mestre.
No entanto, por receber uma atenção especial, Radha começou a encher-se de
orgulho. Assim, certo dia, o Senhor Krishna disse: “Vamos sair juntos, às
escondidas”. Fazendo com que acreditasse que queria estar a sós com ela,
Krishna brincou com a vaidade de Radha, que se sentiu muito feliz e favorecida.
Percorreram uma boa distancia, mas Krishna não parecia disposto a parar.
Finalmente Radha, exausta, sugeriu: “Aqui é um bom lugar para sentar um
pouco”. Krishna olhou em volta, desinteressado, e disse: “Vamos procurar um
lugar melhor”. E continuaram caminhando, caminhando... Por fim, já sem forças,
Radha queixou-se: “Não aguento mais”. Krishna perguntou: “Muito bem, você
quer que eu a carregue?” Isso agradou muito à vaidade de Radha. Mas, assim
que ela pulou nas costas de Krishna — oh! — ele desapareceu, e ela caiu
desajeitadamente. Com o orgulho abalado, ela ajoelhou-se e humildemente
pediu: “Amado Senhor, errei em querer possuí-lo e controlá-lo. Perdoe-me, por
favor.” Krishna reapareceu e abençoou-a. Naquele dia, Radha aprendeu uma
grande lição. Fora um grave erro ver o Mestre como homem comum, passível de
ser seduzido e controlado por artimanhas femininas. Compreendeu que ele se
interessava pela alma da discípula, e não por sua forma física.
O perfeito amor entre a alma e o Espírito
O maior amor que se pode experimentar é a comunhão com Deus na meditação.
O amor entre a alma e o Espírito é o amor perfeito, que todos buscam. Quando
você medita, o amor aumenta. Milhões de emoções passam pelo coração. Se
aprender a controlar a atração sexual e o apego aos seres humanos,
empenhando-se em amar a todos e a meditar mais profundamente, surgirá em
sua vida um amor que jamais sonhou ser possível. É o amor que Krishna deu, o
amor que Jesus Cristo tinha por seus discípulos, o amor que ele tinha por Maria.
Marta trabalhava arduamente para o Mestre, mas sua mente estava nos
afazeres, e não em Jesus. Maria pensava mais no Mestre do que no trabalho.
Por isso Jesus disse: “Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada”. 8
Em outra ocasião, quando Maria trouxe unguento para ungir os pés de Jesus,
Judas comentou: “Por que não se vendeu esse unguento por trezentos denários
e não se deu aos pobres?” Cristo respondeu: “Porque os pobres sempre os
tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes”. 9 Jesus aceitou a devoção
de Maria, não para si mesmo, mas para o Espírito que nele habitava. E Maria,
ungindo os pés de Jesus, expressou seu amor por Deus. O fato de Maria pensar
primeiro em oferecer amor a Ele, que é o Mestre do Universo, e depois aos
outros, mostra seu discernimento. A Deus devemos mais amor do que a qualquer
outro ser. E não existe amor mais doce do que o amor que Ele dá aos que O
procuram.
8. Lucas 10:38-42.
9. João 12:2-8.
Então, por que passar todo o tempo buscando o temporário amor humano?
Todas as formas deste tipo de amor — conjugal, familiar, fraterno — têm becos
sem saída. O amor divino é o único perfeito. É Deus quem brinca de esconde-
esconde nos corredores dos corações, e talvez você possa achar, por trás dos
amores humanos menores, o amor divino, que a tudo satisfaz.
Portanto, ame a Deus, não por Suas dádivas, mas porque Ele pertence a você,
e o fez à Sua imagem — e assim O encontrará. Se meditar profundamente, você
receberá um amor que nenhuma linguagem humana pode descrever; conhecerá
o amor divino e será capaz de dar este amor puro aos outros.
Ontem à noite fui envolvido pelo amor de Deus. Dormi muito pouco, de tão
arrebatadora que foi a experiência. Nesta grande chama de amor contemplo
todos vocês. Sinto tanto amor por vocês! Em seus rostos, vejo o que está no
coração.
Na consciência dos que estão imersos no amor divino não há engano, limitação
de casta ou credo, nem fronteiras de qualquer espécie. Quando você sentir esse
amor, não verá diferença entre a flor e o animal, entre um ser humano e outro.
Comungará com a natureza inteira e amará por igual toda a humanidade.
Contemplando apenas uma raça — a dos filhos de Deus, seus irmãos divinos —
dirá: “Deus é meu Pai. Faço parte de Sua vasta família de seres humanos. Eu
os amo, pois são todos parte de mim. Também amo o irmão Sol, a irmã Lua e
todas as criaturas que meu Pai criou, em quem Sua vida flui.”
O verdadeiro amor é divino, e o divino amor é alegria. Quanto mais você meditar,
buscando a Deus ardentemente, mais sentirá esse amor no coração. Então
saberá que o amor é alegria e que a alegria é Deus.
2
A Origem e a Natureza
da Criação Cósmica
em uma Nova Perspectiva
Hoje explicarei a origem e natureza da criação cósmica em uma nova
perspectiva. A descrição que farei será diferente de tudo o que está nos livros.
Ela me vem do Infinito à medida que falo.
Todo o conhecimento passado, presente e futuro, em todos os ramos da ciência
e da arte, incluindo os mistérios dos átomos e a história do universo e dos seres
humanos, já existe no éter como vibrações da verdade. Essas vibrações nos
rodeiam e podemos contatá-las diretamente, através do poder intuitivo da alma,
que tudo sabe. Para descobrir qualquer verdade, só precisamos voltar a
consciência para o interior, para a alma, cuja onisciência está unida a Deus.
Quando as pessoas receptivas ouvem alguém expressar uma verdade, ela lhes
parece familiar. Sua primeira reação é: “Eu pensava isso mesmo!” A mente
apenas reconheceu uma verdade já sabida intuitivamente pela alma.
É dessa fonte que vêm todas as minhas conferências. Se eu tivesse que ler para
reunir os fatos e ideias das palestras, não sei o que faria! Leio muito pouco,
porque isso não me é necessário. Sei das verdades contidas num livro depois
de ler algumas páginas e sentir suas vibrações. 1
1. “Para aquele que conhece Brahman (o Espírito), todos os Vedas não têm mais utilidade do
que um reservatório quando há uma inundação vinda de todas as direções” (Bhagavad Gita
II:46).
As grandes almas que revelam profundas verdades espirituais à humanidade
recebem o conhecimento pela sintonia direta com as vibrações da verdade. Além
disso, também vibram no éter os conceitos de todas as invenções que o homem
já criou ou criará no futuro. Quando a concentração de um inventor é correta, ele
fica em harmonia para receber intuitivamente a vibração da ideia de seu invento.
Os descobridores dessas ideias podem dizer que inventaram isso ou aquilo, mas
na verdade não inventaram nada. Apenas revelaram o que já existia: o projeto
vibratório oculto no éter. 2
2. Um exemplo bem conhecido deste fenômeno, narrado por John J. O’Neill no livro Prodigal
Genius, é como o grande cientista e inventor Nikola Tesla (1856-1943) “descobriu” o princípio do
campo magnético giratório — daí inventando muitos dispositivos de corrente alternada e outras
invenções, sendo isso a base das usinas geradoras de energia e dos sistemas elétricos
industriais da atualidade. Em 1882, quando passeava e recitava poesias com um amigo num
parque de Budapeste, ao anoitecer, Tesla parou subitamente, como se estivesse em transe. Para
consternação do amigo, começou a falar de uma visão interior: “Observe. Observe como vou
revertê-lo”, disse várias vezes, com voz entusiasmada. O amigo achou que Tesla estivesse
doente, mas o grande inventor explicou, mais tarde, que realmente “via” um motor de corrente
alternada em funcionamento: “Resolvi o problema. Você não consegue vê-lo, bem aqui na minha
frente, funcionando quase silenciosamente? (...) Os homens não serão mais escravos dos
trabalhos pesados. Meu motor os libertará; fará o trabalho do mundo.” Nos meses seguintes,
Tesla continuou a elaborar os detalhes do projeto em sua mente, onde ficaram guardados por
seis anos, até ele poder dar-lhes aplicação prática.
O início do sonho cósmico
Para ter uma ideia de como Deus trouxe o universo à existência, imagine-se
adormecido e serenamente sonhando com um vasto espaço. Para onde quer
que olhe, você só vê espaço infinito, nada mais. Sente paz infinita e beatífica,
permeada por uma Inteligência onisciente. Assim era, até que essa Inteligência
suprema começou a refletir: “Há muito tempo tenho estado assim: sozinha, em
paz, absorta em minha própria bem-aventurança, consciência e sabedoria. Mas
agora sonharei um cosmos.”
Então a Inteligência Divina, que é o Espírito, começou a criar, conscientemente
formando ideias em manifestações oníricas. Dividiu Sua consciência,
diferenciando Seu poder de Sua natureza absoluta. Dividiu-Se em natureza
imanifesta como Espírito não-vibratório, e em natureza manifesta como energia
cósmica, consistindo de números infinitos de diferentes percepções vibratórias
ou processos do Seu pensamento.
Sabemos como funciona o pensamento. Quando pensamos num cavalo, não
vemos o objeto de nosso pensamento, mas se sonhamos com um cavalo,
contemplamos sua imagem, pois o pensamento é mais condensado. E quando
vemos um cavalo com os olhos físicos, nosso pensamento se condensa ainda
mais, em sintonia com as vibrações mais densas do pensamento de Deus, que
se manifestam em formas tangíveis aos sentidos.
Assim que o Espírito começou o sonho consciente e dividiu Sua inteligência, ou
poder de pensamento, em muitas coisas, a lei de dualidade, ou maya, passou a
existir. Quando, com a criação da dualidade, a consciência do Espírito separou-
Se, parte dessa consciência saiu do Espírito como força ativa inteligente, ansiosa
para expressar seu poder. Temos muitas ilustrações disso na natureza. Quando
uma semente de carvalho é plantada em solo fértil, começa a germinar,
crescendo e se expandindo até atingir a forma de uma frondosa árvore. Da
mesma maneira, quando a semente da consciência de Deus foi plantada no solo
da atividade por Sua vontade, uma vasta criação brotou.
Mas devemos lembrar que Deus está sonhando tudo isso; que a criação cósmica
nada mais é do que a condensação onírica dos pensamentos divinos. A primeira
diferenciação do Espírito foi a manifestação do pensamento puro. Depois veio a
luz, a luz cósmica, projetada para fora da semente-pensamento da consciência
do Espírito. Luz e consciência são a mesma coisa, embora a luz tenha maior
densidade. O pensamento de luz é mais sutil do que o sonho de luz, da mesma
forma que o pensamento de fogo é um conceito puramente mental, mas o sonho
de fogo é uma imagem perceptível.
Depois de ter criado a luz como sonho existencial, Deus contemplou o que havia
criado. “Bem”, pensou, “não é exatamente isso o que quero, tão somente luz
dispersa por todo o espaço cósmico. Deve haver algo mais tangível.” Então, deu
poderes à luz do sonho cósmico para que assumisse formas definidas. Aqui,
novamente, é preciso lembrar a ligação da palavra sonho com a criação. Se
removermos o conceito de sonho, a criação parecerá desesperantemente
mistificadora.
Assim, a luz onírica de Deus começou a brincar no território espacial do universo.
Esta luz é o tecido de toda a criação, que Deus começou a pensar, ou projetar,
num sistema específico: a luz mais sutil da força vital, que chamo de vitátrons, e
a condensação de vitátrons em luz atômica de prótons e elétrons, mais densa.
Deus deu a estes elementos uma força adicional, para que se organizassem em
átomos e moléculas. Com um pensamento ainda mais forte, fez com que átomos
e moléculas se condensassem em gases, calor, líquidos e sólidos — tudo criação
de Seu pensamento. As nebulosas, ou gases, vieram primeiro. Depois, Ele
começou a sonhar uma força muito poderosa nas nebulosas, e Sua vontade
comandou: “Que os gases se condensem para produzir calor, líquidos e sólidos”.
E assim foi feito, de acordo com Sua ideia-sonho. Deus elaborou um processo
de maya, ou ilusão, através do qual o ar, o fogo, a água e a terra pareceriam
diferentes, embora nenhuma diferença realmente existisse, a não ser nos
pensamentos de Sua consciência sonhadora. Então, Ele disse: “Agora,
comecemos a usufruir Minha criação onírica”.
A evolução da inteligência
Deus não quis que a matéria fosse diferente Dele Próprio. Por isso, impregnou-
a de inteligência onírica que, por um processo de evolução, despertaria
gradualmente, compreendendo que matéria e mente (as vibrações da ideia
divina) são uma só coisa. A primeira expressão da inteligência inata, na criação
material, é também a primeira porta por onde passa a matéria para escapar da
ilusão, ou maya, retornando à liberdade da consciência divina. Confinada em
elementos e minerais, a inteligência dorme. Assim, para que se manifestasse
uma expressão mais livre, a vida vegetal passou a existir. Da espuma formada
no mar, criaturas vivas surgiram na água e algumas gradativamente
desenvolveram a capacidade de viver em terra. O que parecia ser matéria inerte
começou a assumir forma viva.
Formas mais frágeis de vida eram indefesas diante das mais fortes e agressivas,
e da luta pela sobrevivência surgiu o processo de evolução para formas mais
elevadas, mais eficientes. A “lei do mais forte” parece uma lei terrível mas, em
última análise, não é. Os animais que matam uns aos outros são apenas
diferentes manifestações do pensamento de Deus. Enquanto aprisionados nas
formas, não entendem que são imagens mentais. Mas depois que o peixe
pequeno é morto pelo peixe grande, sua forma onírica se dissolve de novo na
consciência divina, e a centelha individualizada de Deus nele existente encarna
em outra forma de vida, de valor evolucionário superior ao da sua existência
anterior como peixe, dando à alma maior potencial de expressão.
Portanto, a morte é o modo pelo qual a matéria onírica volta à consciência divina,
libertando a alma que nela existe para o próximo passo na jornada progressiva
de volta a Deus. Assim, a morte é uma parte do processo de salvação. O ciclo
ascendente de inteligência, que evolui em instrumentos de expressão com um
potencial de eficiência cada vez maior, continua até atingir a forma suprema no
ser humano. Só este tem a capacidade de expressar sua divindade inata e de
tomar plena consciência de Deus, transcendendo o sonho divino de maya. 3
3. O corpo humano, com seus singulares centros ocultos na coluna vertebral e no cérebro (ver
chakras no glossário), foi uma criação especial de Deus para equipar a alma com um veículo
capaz de expressar seu potencial divino.
Reencarnação — uma série de sonhos dentro de um sonho
Quando pensamos que o mundo está cheio de mortes e que o nosso corpo
também terá de ser abandonado, o plano divino parece muito cruel. Fica difícil
imaginar um Deus misericordioso. Contudo, quando examinamos o processo da
morte com os olhos da sabedoria, percebemos que, em última instância, este
processo é tão somente um pensamento de Deus atravessando um pesadelo de
transformações para retornar à beatífica liberdade Nele. Em maior ou menor
grau, santos e pecadores ficam livres com a morte, segundo o mérito individual.
No mundo astral 4 sonhado pelo Senhor — a terra para onde vai a alma após a
morte — desfruta-se de uma liberdade jamais obtida na vida terrena. Portanto,
não lamente quem passa pela ilusão da morte, pois logo estará livre. Uma vez
fora da ilusão, a alma vê que a morte não é tão ruim assim. Percebe que a
mortalidade foi só um sonho, e alegra-se porque o fogo não pode queimá-la e a
água não pode afogá-la; está livre e em segurança. 5
4. O mundo astral é a esfera sutil, ou “céu”, por trás do mundo físico denso. (Ver glossário.)
5. “As armas não podem ferir a alma; o fogo não pode queimá-la; a água não pode molhá-la;
nem pode o vento ressecá-la. [...] A alma é imutável, tudo permeia, está perenemente tranquila
e inamovível — a mesma, eternamente. A alma é dita imponderável, não-manifestada e imutável.
Portanto, sabendo que é assim, não te deves lamentar” (Bhagavad Gita II:23-25).
Mas tal é a ilusão do desejo por coisas materiais que, depois de algum tempo
livre do corpo, a alma quer voltar à Terra. Mesmo sabendo que o corpo está
sujeito a problemas e doenças, os ilusórios desejos por experiências mundanas
obnubilam este conhecimento, enganando a consciência. Assim, depois de um
período carmicamente predeterminado no mundo astral, a alma renasce na
Terra. Quando chega a morte, mais uma vez a alma passa do denso sonho da
experiência terrena ao sutil sonho do plano astral, para ser de novo atraída a
este mundo. Vezes sem conta a alma retorna, até não desejar mais uma vida
terrena.
Nascimento e morte são portas através das quais passamos de um sonho a
outro. Você apenas viaja entre este grosseiro mundo terreno e o sutil mundo
astral, esses dois recintos de pesadelos e prazeres oníricos.
Assim, a reencarnação é uma série de sonhos dentro de um sonho: sonhos
individuais do ser humano dentro do sonho maior de Deus.
Alguém nasce na França como poderoso rei, governa por algum tempo e morre.
Pode renascer na Índia e, num carro de bois, ir meditar na floresta. Sua próxima
encarnação pode ser como bem-sucedido executivo americano; e quando
sonhar novamente a morte, pode reencarnar como devoto de Buda e passar a
vida num eremitério tibetano. Portanto, nunca odeie ninguém e não se apegue a
nenhuma nacionalidade, pois às vezes você é hindu e outras vezes francês,
inglês, americano ou tibetano. Que diferença faz? Cada existência é um sonho
dentro de outro, não é mesmo? Continuará você a passar indefeso por todas
essas ilusões e pelas dificuldades que elas criam? Cada nação acha justificados
os seus modos e considera seus costumes os melhores. Você vai continuar
nesta ilusão? Eu não. Pois a menos que a sabedoria impere, a reencarnação é
uma experiência muito problemática. Devemos evitar a reencarnação forçada,
por ser uma dolorosa continuação da ilusão onírica. Por quanto tempo você
passará pelas mudanças denominadas vida e morte? Até compreender
plenamente a natureza onírica da criação e, em Deus, despertar de todos os
pesadelos.
A vida é um sonho que não vale nossas lágrimas
Quanto mais vejo a vida, mais percebo que é um sonho. Encontrei segurança
superior na filosofia que agora lhes transmito. Compreendam que vocês vivem
única e exclusivamente pela graça de Deus. Se Ele retirasse Seu pensamento,
a manifestação física deixaria de existir. Este mundo é um lugar de sonhos, e
aqui estamos todos sonhando. A vida não é real; rimos e choramos na maior das
ilusões, e não vale a pena derramar lágrimas por isso. Dar realidade às
experiências terrenas é fazer um convite ao sofrimento indizível. Identificando
nossa consciência com o mundo, só veremos um lugar de padecimento. O que
nos livrará disso? Dinheiro? Não, nada material. O único caminho para a
libertação é conhecer Deus e perceber que Ele e nós somos uma só coisa, para
sempre. Lembre-se disso. Deus seria realmente muito cruel se este mundo fosse
real. Mas Ele sabe que, quando tivermos passado um número suficiente de
vezes pela fornalha do sofrimento e da morte, despertaremos e venceremos a
ilusão: perceberemos a Terra como um sonho divino, e não reencarnaremos
mais. No Bhagavad Gita, Deus fala por intermédio de Krishna, prometendo:
“Meus nobres devotos, tendo chegado a Mim (o Espírito), alcançaram o êxito
supremo; eles já não estão sujeitos a outros renascimentos nesta moradia do
sofrimento e da transitoriedade”. 6
6. VII:15.
Suponhamos que um homem seja atingido por uma bomba, morrendo
instantaneamente. No campo de batalha, ele estava paralisado pelo medo mas,
após a morte, percebe alegremente que está livre do medo e do túmulo corporal.
Mas não é necessário sofrer provações para chegar a esse conhecimento. É
melhor obter sabedoria pelo esforço espiritual consciente. E, se temos de
suportar testes, que seja com a atitude correta. Vejam o exemplo de Jesus: foi
pregado na cruz e teve de suportar aquele sonho de sofrimento. Mesmo assim,
antes de ser crucificado, disse: “Derrubai este templo, e em três dias o
levantarei”. 7 Ele sabia que o corpo, os pregos com que seria pregado na cruz e
até o processo da morte eram apenas sonhos. Por compreender isso, sabia que
podia recriar a vida em seu corpo-sonho. Não é um modo maravilhoso de encarar
a ilusão de vida e morte? É o único modo. Krishna iniciou sua revelação a Arjuna,
no Bhagavad Gita, exortando-o a lembrar a natureza transitória da matéria e a
natureza eterna Daquele que nela habita.
7. João 2:19.
Sonhamos nossas próprias limitações
A vida nos ensina a acreditar que ela é real. Você acha que precisa de comida e
sono diariamente e que sem isso vai morrer. Seus hábitos o obrigam a comer
todos os tipos de alimentos prejudiciais à saúde, como a carne; além de fumar,
beber e pensar que não pode passar sem essas coisas. Estamos todos
sonhando, loucamente, limitações diferentes em nossa consciência, e quando
escorregamos para o fosso do pesadelo de um comportamento errado,
passamos por maus bocados, até conseguir sair. Pense no tempo e esforço que
você gasta cuidando do corpo. E aonde isso o leva? Você sabia que, quanto
mais solícito for com o corpo, mais sofrimento terá? Se se identificar muito com
esta forma-sonho, estará desesperadamente afundado na ilusão.
Assim que atribuir realidade aos pensamentos-sonhos, de onde nasceram todas
as coisas criadas por Deus, a realidade-sonho começará a puni-lo com
sofrimento-sonho. Todavia, quando perceber que Deus é tudo no universo, nada
mais o ferirá. Se compreender que tanto a água quanto o corpo são sonhos
divinos, poderá caminhar sobre as águas como Jesus — pois uma forma-sonho
pode caminhar sobre outra. Desaparecerá a barreira de diferença entre líquidos
e sólidos, ou entre qualquer outra forma de matéria. Mas você tem que perceber
isso totalmente; tal poder não vem simplesmente com a imaginação.
Na Índia, há casos de pessoas que caminham sobre o fogo sem sofrer uma
queimadura sequer. Alguns dos principais cientistas da Inglaterra observaram
um menino que andou sobre oito metros de brasas ardentes. Um jornalista achou
que era tudo uma fraude e tentou imitar o feito, mas ficou seriamente queimado.
O menino, por meio de certos processos mentais, convencera sua mente de que
o fogo era apenas consciência e, portanto, não podia ferir o corpo, que também
é consciência.
O frio não lhe causará mal algum se acreditar que ele não pode afetá-lo. Mas,
se achar que vai ficar resfriado, é o que acontecerá. O fato é: você não está
colocando o controle mental em prática. Controlando a mente, experimentará a
verdade: o universo é uma ilusão. É por isso que os santos exigem que seus
seguidores disciplinem o corpo e não lhe deem demasiada atenção. O propósito
não é torturar o corpo, e sim poupar o discípulo de todas as dificuldades que o
assaltarão se acreditar que o conforto vem das coisas materiais. O bem-estar
vem da mente. Mude sua atitude mental e não sentirá desconforto.
É melhor simplificar a vida. Na Índia, vi santos que quase não se alimentam e
que vivem sob as mais rigorosas condições; entretanto, têm um corpo
maravilhosamente forte, muito mais forte do que o do americano médio, que é
bem alimentado e bem cuidado. Esses santos treinaram a mente a não depender
das coisas externas para ter saúde e contentamento.
O mundo exercita a nossa mente de maneira diversa. Faz com que nos
acostumemos a coisas em excesso e que passemos a pensar que não podemos
ser felizes sem elas. Simplifique a sua vida, e também a de seus filhos. Se não
o fizer, as experiências da vida lhes darão amargas lições de decepção.
Os ensinamentos da Self-Realization constituem uma filosofia de vida:
meditação correta, pensamento correto e vida correta. Eduque seus filhos nesta
filosofia. Não os mime, nem ensine, com maus exemplos, a se preocuparem
demais com o corpo e com desejos prejudiciais; dê-lhes uma boa formação. Por
que escravizá-los à ilusão? Dê-lhes a verdadeira liberdade: mantenha a
simplicidade na vida de seus filhos, ensinando a paz e a felicidade que vêm de
dentro. Faça o mesmo com sua própria vida. Não fique preso a nada. Esta
filosofia o salvará. Se estou sentado e a cadeira se quebra, isso não me afeta.
Procuro outra cadeira; não faz diferença.
Quando você se apega a alguma coisa, essa possessividade aprofunda a sua
ilusão. Um dia, será rudemente despertado e descobrirá que nada lhe pertence.
Não é tolice, portanto, estar preso a coisas que na verdade nunca foram suas?
Você deve agir como se estivesse cuidando de tudo só por um tempo, como a
empregada que mora na casa dos patrões, dela cuidando com dedicação,
fidelidade e lealdade, embora saiba que seu verdadeiro lar é outro.
Não leve a vida tão a sério
Este mundo é um lugar horrível. Aqui não há segurança. Mas o que fazer?
Precisamos parar de levar a vida tão a sério. A ilusão pode ser vencida se nos
aferrarmos a uma filosofia, pois aqui tudo é só um filme divino. Nós somos os
atores. Precisamos representar bem nosso papel, sem identificação muito
intensa com o drama. A meditação aponta o caminho para a liberdade interior; é
o único modo de perceber que o mundo é um sonho, que o cosmos inteiro foi
criado do pensamento de Deus. Portando, embora Ele tenha criado esta Terra-
sonho, também mostrou a saída.
Das coisas terríveis que acontecem no mundo, não existe nada que não possa
ser imitado num pesadelo. Você já passou por isso. Num sonho, se sua perna é
esmagada por um carro, o sofrimento parece tão real como se aquilo tivesse de
fato acontecido. Mas, ao acordar, você ri e diz: “Que bobagem! Foi só um
pesadelo.” É exatamente o que acontecerá quando você despertar em Deus. Ele
o sacudirá do pesadelo dizendo: “Qual é o problema? Você apenas sonhou o
sofrimento e a morte.” E Ele lhe mostrará a realidade. Esta experiência é dada,
no final, a todo ser humano. É maravilhosa!
A criação onírica de Deus não foi feita para nos amedrontar, e sim para nos
incitar a perceber, finalmente, sua irrealidade. Então, por que ter medo? Jesus
disse: “Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses?” 8 Entretanto, até
Jesus esqueceu, por um instante, sua natureza divina imutável quando clamou:
“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” 9 No entanto, Cristo logo
voltou a compreender que era filho de Deus e que jamais poderia ser destruído,
o que provou com sua ressurreição. Sua vida inteira foi uma prova de que ele
verdadeiramente ressuscitou do sepulcro da ilusão.
8. João 10:34.
9. Marcos 15:34.
Se você sabe intelectualmente que a vida é um sonho, mas ainda não percebeu
isso completamente e não encontrou Deus, você não está nem dentro nem fora
do mundo. É bem triste isso. Não continue enredado na ilusão. Faça um esforço
supremo para alcançar Deus. Falo de uma verdade prática, de senso prático;
dou-lhe uma filosofia que eliminará toda a consciência de sofrimento. Nada tema.
Se a morte vier, tudo bem. O que tiver que acontecer, acontecerá. Recuse-se a
ser intimidado pelo sonho. Afirme: “Não tenho medo de doença, pobreza ou
acidentes. Abençoa-me, Senhor, para que, quando me puseres à prova, eu
perceba que os testes têm natureza ilusória e seja vitorioso, agindo de modo
positivo e permanecendo interiormente unido a Ti.”
Na meditação desaparecem os sonhos ilusórios
A meditação é o esforço para entender e expressar a consciência pura que é o
reflexo, ou imagem, de Deus dentro de você. Acabe com a ilusão da consciência
corporal e das exigências físicas e mentais por “necessidades desnecessárias”.
Seja o mais simples possível; você ficará espantado ao ver como a vida pode
ser descomplicada e feliz. Portanto, liberte-se. Caso contrário, a morte o pegará
de surpresa e você aprenderá dolorosamente que está apegado e despreparado
para partir deste mundo. Contudo, se com meditação, vida e pensamento
corretos você puder correr para o Infinito, os sonhos de vida e morte
desaparecerão na alegria sempre-nova do Seu Ser eterno. Portanto, meditar é
morrer para o mundo sem morrer. É uma nova explicação que recebi do Senhor.
Ao meditar você faz, conscientemente, o mesmo que faz inconscientemente
todas as noites enquanto dorme. Quando olha para o corpo e pensa em suas
dores e penas, você diz: “O que é isto? É claro que vou acordar e ver que é tudo
um pesadelo!” A resposta vem todas as noites, durante o sono: o mundo onírico
e o corpo onírico, com suas dores e mágoas, desaparecem da tela da
consciência. Se a vida não fosse um sonho, você não poderia fugir dela, nem
mesmo no sono. Todas as noites, a consciência sai do corpo, lembrando-o de
que não é o corpo. E o que você experimenta inconscientemente quando dorme
pode experimentar conscientemente quando medita.
Sem adormecer nem perder a consciência, mantenha a mente calma e tranquila
em meditação profunda — exatamente como acontece no sono subconsciente,
sem sonhos — e entre no mundo mais sutil da superconsciência. Lá, o corpo é
esquecido e você usufrui da paz e bem-aventurança da alma, seu verdadeiro Eu,
e da união com Deus. No samadhi da meditação eu vivo esta venturosa
liberdade. E você também deve fazer o esforço, meditando, para elevar-se acima
da ilusão e conhecer sua verdadeira natureza. Se puder manter essa consciência
o tempo todo, na atividade e na meditação, não se deixando perturbar pelas
experiências ilusórias, estará acima do mundo onírico de Deus. O sonho terá
terminado para você. É por isso que o Senhor Krishna enfatizou que, se
quisermos liberdade no Espírito, precisamos manter a mente serena em todas
as situações: “Aquele a quem esses (contatos dos sentidos com seus objetos)
não podem agitar, que é tranquilo e imparcial na dor e no prazer, somente ele
está apto para alcançar a perenidade”. 10
10. Bhagavad Gita II:15.
Nunca fique mentalmente agitado
O treinamento que recebi de meu mestre, Sri Yukteswar, foi maravilhoso nesse
sentido. Acontecesse o que acontecesse, ele não aceitava desculpas quando eu
ficava mentalmente agitado. Eu costumava ir ao ashram e sentar-me a seus pés,
para meditar e ouvir sua sabedoria. Quando chegava perto da hora do trem que
me levaria de volta para casa, ele percebia meu desassossego e apenas sorria,
sem me dar licença de partir. No começo, eu não achava aquilo razoável. Mas,
depois de um período um tanto quanto tenso dessa disciplina, ele explicou: “Não
vejo com má vontade o fato de você aprontar-se a tempo de ir para a estação;
mas digo que não há necessidade de ficar inquieto. Por que permitir que a
agitação nervosa perturbe sua mente? Quando estiver comigo, esteja
naturalmente calmo, e quando a hora do trem chegar, prepare-se calmamente
para sair.” Ele me fez perder vários trens até que eu aprendesse a ser
calmamente ativo e ativamente calmo.
É isso mesmo que você também precisa aprender. Em vez de correr em estado
de agitação emocional para chegar a algum lugar e, uma vez lá, nada aproveitar
por estar inquieto, procure ser mais calmo. Não existe justificativa para a
agitação interior. Se você estiver sempre calmo, será também mais eficiente. E
se quiser despertar deste mundo de sonho cósmico, precisa agir com serenidade
— independentemente do que aconteça. Assim que a mente se inquietar,
golpeie-a com a vontade e ordene que se acalme. Não faça tempestade em copo
d’água por coisa alguma. Lembre-se: sempre que se preocupa, você intensifica
a ilusão cósmica em seu interior.
São seus próprios sonhos que atemorizam você
Em todas as experiências sensoriais, faça a anotação mental: “É um sonho”. Os
três sonhos que Deus fez mais fortes no homem são os prazeres do sexo, do
dinheiro e da bebida. Não lhes dê demasiada importância. Aprenda a viver
moderadamente e estará livre. Quanto mais força der a qualquer um desses
sonhos, tanto mais isso será um demônio a mantê-lo longe de Deus. Contudo,
se você quiser ser livre, nada poderá afastá-lo de Deus, nem mesmo as maiores
fraquezas que tiver. Lembre que os hábitos são apenas sonhos que você
alimentou e que o escravizam. Você pensa que não pode passar sem a bebida,
mas é a mente que o prende ao pensamento de beber. Elimine o pensamento e
o sonho terminará; você estará livre. Ninguém o mantém iludido, exceto você
mesmo, e só você pode se libertar. Não há maior inimigo nem melhor amigo do
que o próprio eu. Deus nos deu livre-arbítrio; podemos ficar na ilusão ou dela
sair. São seus próprios sonhos que o atemorizam.
Seriamente transtornado, um homem foi ter com Lahiri Mahasaya. 11 “Vejo
sempre a mão de um fantasma tentando me estrangular.”
11. Guru do guru de Paramahansa Yogananda e grande discípulo de Babaji, por meio de quem
o Mahavatar tornou conhecida a ciência da Kriya Yoga, para benefício dos buscadores de Deus
nesta era. (Ver glossário.)
Lahiri Mahasaya disse: “Você está assustado pelo próprio sonho.”
“Mas não é sonho”, replicou o homem. “Eu vejo o fantasma.”
“Mesmo assim, não é real; tudo é sonho”, completou Lahiri Mahasaya.
O homem acreditou nas palavras do Guru e ficou curado. Você também deve
usar a mente para mudar, para curar-se. Afirme sempre: “Nada pode me ferir.
Nada pode me abater.” Perceba que você é tão bom quanto o melhor dos
homens; tão forte quanto o mais forte. Acredite mais em si mesmo. Fortalecendo
a mente, ficará livre do pesadelo.
O poder da mente é ilimitado
Os feitos realizados pelos grandes santos podem ser milagres para nós, mas
não para eles. Quando você sabe que a mente é o poder que cria o universo,
não há nada que não possa fazer. Mas no começo não tente fazer coisas
“milagrosas”. A mente é tudo, mas enquanto você não aprender a usar este
poder, é tolice raciocinar: “Já que tudo é mente, pularei deste penhasco e nada
me acontecerá”. No entanto, você fará tudo aquilo que realmente convencer a
sua mente de que pode fazer. Uma vez que tudo é produto mental, tudo pode
ser controlado pela mente. À medida que desenvolver a força mental, terminará
por conseguir fazer qualquer coisa. Os grandes mestres já demonstraram isso.
Jesus curou doentes, ressuscitou os mortos e transformou água em vinho.
Krishna ergueu uma montanha inteira, suspendendo-a acima de seus devotos
para protegê-los de uma tempestade devastadora. Os avatares provaram que
tudo é mente. Não foi mera imaginação: eles sabiam, e puderam dizer: “Eu e
meu Pai somos um”. 12 E, assim como o Pai criou tudo de Seu sonho, os que
estão unidos a Ele podem fazer o mesmo. É assim que os seres divinos realizam
milagres.
12. João 10:30.
“Não sabeis que sois templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?”
13 Se você purificar e expandir a mente pela meditação, recebendo Deus na
consciência, também estará livre da ilusão de doenças, limitações e morte. Este
mundo não foi feito para ser um refúgio de paz, mas sim um lugar de sonhos —
pesadelos com ocasionais sonhos bons — do qual um dia vamos despertar e
voltar para a nossa mansão em Deus.
13. I Coríntios 3:16.
Só em Deus estamos livres da ilusão
Assim sendo, não se apegue aos efêmeros sonhos da vida. Viva para Deus e só
para Ele. É o único modo de ter liberdade e segurança neste mundo. Fora de
Deus não existe segurança; não importa aonde você vá, a ilusão sempre pode
atacá-lo. Liberte-se agora mesmo; perceba que é filho de Deus de modo que
possa livrar-se para sempre deste sonho ilusório. Medite regular e
profundamente, e um dia despertará em êxtase com Deus, vendo que é tolice as
pessoas pensarem que sofrem. Eles, você e eu — somos todos Espírito puro.
Krishna disse: “O irreal não pode existir. O real não pode deixar de existir. A
verdade definitiva dessas duas proposições é conhecida pelos homens de
sabedoria.” 14
14. Bhagavad Gita II:16.
Eu poderia fazer reuniões diárias com vocês aqui, mas isso não os ajudaria
necessariamente, a menos que ponham em prática o que ouvirem. Nestes
encontros aos domingos, talvez eu tenha contado mais do que vocês
aprenderiam em outro lugar durante toda a sua vida. Frequentando os serviços,
vocês saberão como romper as amarras da ilusão. Estudem as Lições da Self-
Realization Fellowship 15 em casa e pratiquem-nas fielmente. Cada ser humano
tem que fazer um esforço individual para voltar a Deus. Qualquer pessoa que
diga o contrário não fala a verdade. Deus pode ajudar e o guru também, mas só
se vocês mesmos se esforçarem para encontrar o Senhor. Vocês não
conseguirão ganhar dinheiro por ver os outros trabalharem; o trabalho tem que
ser feito pessoalmente. E somente o esforço pessoal para encontrar Deus é que
os levará até o Pai. Portanto, empenhem-se ao máximo agora. Reservem a noite
para meditar. Meditem com atenção total. Que as preces não sejam imitações
nem repetições mecânicas. Entreguem a alma a Deus. Então verão a sua vida
— cada minuto dela — transformar-se numa existência mágica.
15. Ver glossário.
3
A Prática Científica da Religião
Frequentemente se diz que existe um grande conflito entre ciência e religião. É
verdade que os cientistas veem com ceticismo a afirmação das escrituras de que
“o céu e a terra” foram criados em alguns dias. Partindo de estudos práticos
sobre a Terra e os céus, a ciência provou que a criação resulta de um longo
processo evolutivo e que, para citar só a Terra, a progressão de gases para
matéria, vida vegetal, animal e humana exigiu milhões de anos. Assim, há uma
enorme diferença entre as descobertas científicas e a interpretação literal dos
textos religiosos.
Uma das virtudes do verdadeiro cientista é ter a mente aberta. Trabalhando com
alguns dados, ele realiza experiências até descobrir princípios naturais
verificáveis e a forma como funcionam; então, entrega ao mundo o resultado das
suas pesquisas. E mostra-se sempre disposto a considerar e investigar em
profundidade qualquer nova evidência surgida. Foram os esforços dos
verdadeiros cientistas que resultaram na descoberta de todas as leis naturais já
utilizadas em benefício do homem. Gradualmente, estamos aprendendo a
empregar essas leis de modo cada vez mais amplo e prático; por exemplo, nas
inúmeras comodidades desfrutadas em nossos lares.
Os cientistas cooperam com Deus
Muitas vezes os cientistas são acusados de materialismo, pois contestam
crenças religiosas não comprovadas. Mas Deus não os condena por isso. As
divinas leis universais operam com justiça imparcial, independentemente das
crenças humanas. Neste sentido, Deus respeita as leis, e não as pessoas. Ele
nos deu livre-arbítrio e, se acatarmos Suas leis, colheremos os resultados
benéficos disso, quer O adoremos quer não. Um cientista cético pode explicar a
sua posição da seguinte maneira: “Apesar de não acreditar em Deus, procuro
fazer o que é certo. Se Deus existe, vai me recompensar ou castigar segundo o
respeito que tenho por Suas leis. E se não existe um Deus, certamente serei
beneficiado por estar obedecendo a leis que considero verdadeiras.”
Portanto, ateus ou não, e mesmo que seus esforços visem o ganho material, os
cientistas cujas pesquisas cada vez mais revelam as leis divinas estão, de
qualquer forma, cooperando com Ele para fazer bem ao mundo.
Crer é apenas o primeiro passo
A lei governa tudo no universo. Entretanto, a maioria das pessoas nunca tentou
aplicar as leis científicas de experimentação e pesquisa para testar as doutrinas
religiosas. Simplesmente acreditam, pensando ser impossível investigar e provar
os textos das escrituras. “Temos apenas que crer”, afirmam para si mesmas e
para os outros; e isso tem que ser aceito como suficiente, em religião. Mas a
Bíblia diz que “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova
das coisas que não se veem”. 1 Ter fé é diferente de crer, que é apenas o primeiro
passo. Se eu dissesse que atrás deste prédio há um enorme leão, você
provavelmente diria: “Não acredito. Como é possível?” Mas se eu insistisse:
“Sim, o leão está lá”, você acreditaria até o ponto em que sairia para investigar.
A crença foi necessária para fazê-lo verificar — mas, não vendo o leão, você
diria que eu estava inventando coisas! Igualmente, se quero persuadi-lo a fazer
uma experiência espiritual, você tem que acreditar em mim antes de executá-la.
Pode crer, pelo menos, até prova em contrário.
1. Hebreus 11:1.
A fé, entretanto, não pode ser contestada: é a convicção intuitiva da verdade,
não se abalando nem por evidências em contrário. A fé cura enfermos, ressuscita
mortos e cria novos universos. Jesus disse: “Se tiverdes fé como um grão de
mostarda, direis a este monte: passa daqui para acolá — e há de passar, e nada
vos será impossível”. 2
2. Mateus 17:20.
A ciência obedece à razão e está disposta a mudar suas conclusões à luz de
novos fatos. A ciência vê a religião com ceticismo apenas porque não fez
experiências nesse campo, embora em Harvard já se tenham iniciado tais
pesquisas. A psicologia experimental progrediu muito, empenhando-se ao
máximo para entender a essência do homem. Já inventamos máquinas capazes
de registrar as diferentes emoções humanas: diz-se que uma mentira pode ser
descoberta no detector de mentiras, por mais que a pessoa testada tente
escondê-la.
A Autorrealização é necessária para experimentar Deus
O conhecimento científico é construído sobre fatos. O campo da medicina está
bem desenvolvido, embora ainda nos falte descobrir a causa e a cura de certos
males. Mas o que a ciência sabe tem uma razoável margem de certeza porque
os vários fatores pertinentes foram testados; teorias são testadas e
comprovadas. Na religião é diferente. As pessoas recebem certos fatos e
verdades, e são instruídas a neles acreditar. Após certo tempo, quando a crença
não se realiza, começa a dúvida. A partir daí as pessoas peregrinam de uma
religião a outra em busca de provas. Ouve-se falar de Deus em igrejas e templos;
pode-se ler sobre Ele em livros; mas só se pode experimentar Deus por meio da
Autorrealização, conseguida com a prática de técnicas científicas definidas. Na
Índia, a religião se baseia em métodos científicos; o país se especializou em
realização, e os que querem conhecer Deus devem aprender com esses
métodos, que não são propriedade exclusiva dos indianos. Assim como a
eletricidade foi descoberta no Ocidente mas os indianos também a aproveitam,
a Índia descobriu os métodos para conhecer Deus, e o Ocidente deve disso se
beneficiar. Por meio da experimentação, a Índia provou as verdades religiosas.
No futuro, a religião será uma questão de experimentação no mundo inteiro; não
se baseará somente na crença.
Milhões de pessoas mudam de uma igreja a outra sem realmente acreditar, de
coração, no que ouviram a respeito de Deus. Dizem: “Eu rezo, mas na maiora
das vezes Ele não responde”. Entretanto, Deus está sempre consciente de nossa
existência. Sabe tudo sobre nós, embora continuemos a ignorá-Lo totalmente.
Esta é a causa das muitas dúvidas que permanecem na mente. Se Deus existe,
temos que poder conhecê-Lo. Por que simplesmente ler e ouvir debates a Seu
respeito sem nada saber por experiência pessoal?
Entretanto, há uma maneira definida para experimentar Deus. Qual?
Experimentar cientificamente as verdades religiosas e colocar em prática aquilo
em que acreditamos! É possível pôr a religião em prática, usá-la como ciência
que pode ser comprovada pela experimentação pessoal. A busca da Verdade é
a coisa mais maravilhosa do mundo. Em vez de ser simplesmente uma questão
de frequentar a igreja aos domingos, ou de fazer pujas, 3 a religião precisa ter
um lado prático. Aprenda a construir a vida em torno de ideais espirituais. Sem
aplicação prática, a religião tem pouco valor.
3. Ritual de adoração observado pelos hindus.
Um homem que possuía uma fazenda aqui perto era muito materialista. Eu
sempre insistia para que ele viesse a Encinitas, até que um dia ele aceitou.
Depois de visitar o local algumas vezes, ele me disse, com lágrimas nos olhos:
“Nunca pensei que houvesse um lugar onde o próprio ar fala tanto da presença
de Deus”. Como veem, a religião precisa ser prática; precisa criar uma mudança
— na consciência e no comportamento. Todos os que vêm aqui regularmente
mudam seu estilo de vida para melhor. São espiritualmente influenciados pelo
ambiente.
Assim, a religião precisa passar por testes, de modo a ser comprovada e a ter
aplicação prática. Muitas igrejas realizam grandes obras sociais mas não
ensinam como ter a prova pessoal de que Deus existe, nem a entrar em sintonia
com Ele.
A primeira experiência é o silêncio
A primeira experiência com a religião precisa começar com o silêncio. A maioria
das pessoas nunca reserva tempo para ficar em silêncio ou sentar calmamente
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O Legado Espiritual de Paramahansa Yogananda

  • 1. Paramahansa YOGANANDA O ROMANCE COM DEUS Como perceber Deus na vida diária Volume II UNIVERSALISMO
  • 2.
  • 3.
  • 4. Dedicado pela Self-Realization Fellowship à nossa amada presidente SRI DAYA MATA cuja fiel devoção demonstrada ao registrar as palavras de seu guru para a posteridade preservou para nós e para as eras vindouras a sabedoria libertadora e o amor divino de Paramahansa Yogananda
  • 5. O Legado Espiritual de Paramahansa Yogananda Todos os seus escritos, conferências e palestras informais Paramahansa Yogananda fundou a Self-Realization Fellowship em 1920, para disseminar seus ensinamentos em escala mundial e preservar-lhes a pureza e a integridade para futuras gerações. Conferencista e escritor prolífico, desde seus primeiros anos nos Estados Unidos ele produziu um compêndio reputado e volumoso sobre a ciência da meditação iogue, a arte da vida equilibrada e a unidade fundamental de todas as grandes religiões. Hoje, esse legado espiritual, único e extenso, mantém-se vivo, inspirando milhões de buscadores da verdade no mundo inteiro. De acordo com os desejos expressos do grande mestre, a Self-Realization Fellowship tem dado prosseguimento à permanente tarefa de divulgar e manter sempre publicadas “As Obras Completas de Paramahansa Yogananda”, que incluem não apenas as edições finais de todos os livros que ele publicou em vida, mas também muitos novos títulos que permaneciam inéditos na época de seu falecimento, em 1952, ou que durante anos foram publicados em série, mas de forma incompleta, na revista da Self-Realization Fellowship, e ainda centenas de conferências e palestras informais profundamente inspiradoras, que foram gravadas, mas não impressas, antes de sua morte. Paramahansa Yogananda pessoalmente escolheu e instruiu seus discípulos imediatos que dirigem o Conselho de Publicações da Self-Realization Fellowship e lhes deu diretrizes específicas para a preparação e publicação de seus ensinamentos. Os membros do Conselho de Publicações da SRF (monges e monjas que fizeram votos vitalícios de renúncia e serviço altruísta) zelam por essas diretrizes como um patrimônio sagrado, a fim de que a mensagem universal desse bem-amado instrutor de todo o mundo se mantenha viva com a força e a autenticidade originais. O emblema da Self-Realization Fellowship (mostrado na página anterior) foi criado por Paramahansa Yogananda para identificar a sociedade sem fins lucrativos que ele fundou como a fonte autorizada de seus ensinamentos. O nome e o emblema da SRF aparecem em todas as publicações e gravações da Self-Realization Fellowship, garantindo ao leitor que o trabalho vem da
  • 6. organização fundada por Paramahansa Yogananda e transmite seus ensinamentos do modo como ele próprio idealizou. SELF-REALIZATION FELLOWSHIP
  • 7. Sumário Prefácio Introdução 1 — Como Cultivar o Amor Divino 2 — A Origem e a Natureza da Criação Cósmica em uma Nova Perspectiva 3 — A Prática Científica da Religião 4 — Como Encontrar a Alegria na Vida 5 — O Que É o Destino? 6 — O Fim do Mundo 7 — Religião: Como e Por Quê 8 — A Amplitude da Consciência Espiritual 9 — A Mente: Repositório de Poder Infinito 10 — Por Que o Mal Faz Parte da Criação Divina 11 — O Mistério de Mahatma Gandhi 12 — Magnetismo: o Poder Inerente à Alma 13 — Mobília Psicológica 14 — O Potencial Desconhecido da Memória 15 — Como Harmonizar Métodos de Cura Física, Mental e Espiritual 16 — O Poder da Mente Pode Ajudar a Ganhar ou Perder Peso 17 — Como Trabalhar Sem Fadiga 18 — Como Se Livrar das Preocupações 19 — Se Deus Está Livre de Karma, Por Que Nós Não Estamos? 20 — A Arte Iogue de Superar a Consciência Mortal e a Morte 21 — Como os Sentimentos Mascaram a Alma 22 — O Ideal Iogue da Renúncia É Para Todos
  • 8. 23 — “Com Tudo O Que Possuis Adquire o Entendimento” 24 — A Crítica 25 — Onde Está Jesus Agora e O Que Está Fazendo? 26 — As Almas Reencarnam? 27 — Para Onde Foram Nossos Entes Queridos? 28 — Reflexões Sobre o Amor 29 — O Conhecido e o Desconhecido 30 — Como Controlar o Destino 31 — Hóspedes Bons e Maus 32 — Como Ficar Livre dos Maus Hábitos 33 — O Jardim das Qualidades em Flor 34 — Cristianismo Oriental e Cristianismo Ocidental 35 — Um Mundo Sem Fronteiras 36 — Conhecer a Deus É Amar a Todos 37 — Como Se Aproximar de Deus 38 — O Amante Cósmico 39 — Deus Pessoal e Impessoal 40 — Como Encontrar o Caminho da Vitória 41 — “Abençoado Sou Por Contemplá-Lo” 42 — Leve Deus com Você pela Vida 43 — A Aurora da Bem-Aventurança 44 — Responda ao Chamado de Cristo! 45 — Divina Comunhão com Deus e Cristo 46 — O Romance Eterno 47 — Uma Escritura de Amor Paramahansa Yogananda: um iogue na vida e na morte Objetivos e Ideais da Self-Realization Fellowship Glossário
  • 9. Prefácio Este texto foi escrito por Sri Daya Mata, terceira presidente e líder espiritual da Self- Realization Fellowship/Yogoda Satsanga Society of India, no lançamento de A Eterna Busca do Homem, o primeiro volume de conferências e palestras informais de Paramahansa Yogananda. Quando vi Paramahansa Yogananda pela primeira vez, ele falava a um público enlevado e numeroso em Salt Lake City. Foi em 1931. De pé, no fundo do auditório lotado, quedei-me, alheia a tudo que ocorria ao meu redor, arrebatada pelo conferencista e suas palavras. Todo o meu ser estava imerso na sabedoria e no amor divino que jorravam em torrentes para minha alma e me inundavam o coração e a mente. Só pude pensar: “Esse homem ama a Deus como eu sempre desejei amá-Lo. Ele conhece Deus. A ele, eu seguirei.” E o fiz, a partir daquele momento. Sentindo o poder transfigurador de suas palavras em minha vida, nasceu em mim, naqueles primeiros dias em companhia de Paramahansaji, o sentimento da urgente necessidade de preservar sua mensagem para o mundo e para todos os tempos. Tornou-se um privilégio para mim, sagrado e jubiloso, durante os muitos anos em que permaneci ao seu lado, anotar conferências e aulas, além de muitas conversas informais e palavras de aconselhamento pessoal — em verdade, um tesouro imenso de extraordinária sabedoria e de amor por Deus. Enquanto Gurudeva falava, a corrente de sua inspiração refletia-se frequentemente na rapidez de seu discurso; ele podia falar durante minutos, sem uma pausa, e continuar por uma hora. Enquanto as pessoas ouviam, fascinadas, minha caneta voava! Ao tomar nota de suas palavras, eu sentia como se uma graça especial descesse, convertendo instantaneamente a voz do Guru em sinais taquigráficos sobre o papel. A transcrição desses caracteres tem sido uma abençoada tarefa, continuada até hoje. Mesmo após tanto tempo — algumas de minhas anotações têm mais de quarenta anos — quando começo a transcrevê- las, encontro-as miraculosamente frescas na mente, como se tivessem sido registradas ontem. Posso até ouvir, interiormente, as inflexões da voz de Gurudeva em cada uma de suas frases, Raramente o Mestre fazia alguma preparação, ainda que mínima, para suas palestras; se preparo havia, consistia em uma ou duas anotações sobre fatos concretos, rapidamente rabiscadas. Quase sempre, no carro, a caminho do templo, ele perguntava casualmente a um de nós: “Qual é o meu tema de hoje?”
  • 10. Concentrava-se no assunto e, a seguir, fazia a palestra de improviso, extraindo- a de um reservatório interno de inspiração divina. Os temas dos sermões de Gurudeva nos templos eram definidos e anunciados antecipadamente. Às vezes, porém, ao começar a palestra, sua mente explorava um veio inteiramente diferente. Independentemente de “o tema para hoje”, o Mestre expressava as verdades que absorviam sua consciência naquele momento, decantando uma sabedoria sem preço, em sequência ininterrupta, que fluía da riqueza da própria experiência espiritual e da percepção intuitiva. Quase sempre, ao término dos ofícios religiosos, várias pessoas aproximavam- se dele para agradecer pelo esclarecimento de algum problema que as perturbava, ou talvez por ter ele explicado algum conceito filosófico de particular interesse. Algumas vezes, enquanto falava, a consciência do Guru erguia-se a um nível tão elevado que ele, momentaneamente, esquecia a audiência e conversava diretamente com Deus; seu ser inteiro transbordava de alegria divina e amor inebriante. Nesses excelsos estados de consciência, com a mente completamente unida à Consciência Divina, ele percebia a Verdade em seu interior e descrevia o que contemplava. Ocasionalmente, Deus lhe aparecia sob a forma da Mãe Divina ou de algum outro aspecto; ora um de nossos grandes Gurus, ora outros santos manifestavam-se em visão diante dele. Nessas ocasiões, até a audiência sentia profundamente a bênção especial concedida a todos os presentes. Durante uma das visitas de São Francisco de Assis, a quem o Mestre muito amava, Gurudeva sentiu-se inspirado e compôs o belo poema “Deus! Deus! Deus!” O Bhagavad Gita descreve um mestre iluminado com estas palavras: “O Eu Supremo fulgura como o Sol naqueles que, com a sabedoria, expulsaram a ignorância” (V: 16). A radiação espiritual de Paramahansa Yogananda poderia intimidar as pessoas, não fosse seu calor humano, sua ausência de artifícios e sua tranquila humildade que imediatamente colocavam todos à vontade. Cada ouvinte na plateia sentia que a palestra de Gurudeva era-lhe pessoalmente dirigida. Uma das qualidades mais cativantes do Mestre era seu inteligente senso de humor. Pelo relevo dado a uma frase, por um gesto ou expressão facial, ele provocava uma reação positiva, em forma de gostosas gargalhadas, no momento exato de enfatizar um ponto ou para relaxar seus ouvintes após longa e intensa concentração em um tópico especialmente profundo. Não é possível transmitir, nas páginas de um livro, o caráter singular e universal da personalidade viva e amorosa de Paramahansa Yogananda. Mas, humildemente, desejo que esta breve apresentação possibilite um vislumbre, algo que possa enriquecer o prazer e a apreciação que o leitor encontrará nas palestras que aparecem neste livro.
  • 11. Ter visto meu Gurudeva em comunhão divina; ter ouvido as verdades profundas e os transbordamentos devocionais de sua alma; tê-los registrado para os tempos vindouros e poder agora partilhá-los com todos — grande é a minha alegria! Possam as palavras sublimes do Mestre abrir, de par em par, as portas de acesso à fé inabalável em Deus e aprofundar o amor por Aquele que é nosso amado Pai, Mãe e Amigo Eterno. DAYA MATA Los Angeles, Califórnia Maio de 1975 * * * Por mais de meio século tenho tido, humildemente, a bênção e o privilégio de participar e testemunhar o crescimento da missão de Kriya Yoga de Paramahansa Yogananda. Vi o fogo do amor por Deus, que emanava de seu ser e que incendiou meu coração, acender-se também em inúmeros outros corações, concedendo a bênção de sua luz transformadora. Assim, é com grande satisfação e alegria que a Self-Realization Fellowship apresenta O Romance com Deus, o tão esperado volume subsequente de A Eterna Busca do Homem. “O romance com Deus é perfeito e duradouro”, disse Gurudeva, certa vez. Em Paramahansaji, a glória e a doçura do relacionamento eterno com Deus encontraram plena expressão. Os anos de empenho em seguir o seu exemplo — vivendo de acordo com os ideais e os preceitos que ele ensinava — trouxeram resposta a todos os desejos do meu coração. A promessa da primeira vibração de amor divino que se espalhou por minha alma foi cumprida além de todas as expectativas imagináveis. O único desejo de Paramahansaji era ajudar os outros a experimentar Deus como realidade consciente na vida. Muitas vezes ele derramou lágrimas de compaixão por todos os filhos de Deus, orando ao Senhor das profundezas de sua alma: “Que eu possa despertar o Teu amor em todos os corações”. O amor divino é a resposta — a única resposta — que pode remover permanentemente a dor do vazio de cada coração, cauterizando e curando todas as feridas de separações, ódios e incompreensões que destroem a paz e a unidade neste belo mundo criado por Deus. Que a chama desse amor divino se propague a partir das páginas deste livro, atendendo à fervorosa oração de Paramahansaji e despertando o amor divino em todo coração que tocar. DAYA MATA Los Angeles, Califórnia 19 de novembro 1975
  • 12. Introdução O maior romance que se pode ter é o romance com Deus. (...) Ele é o Amante e nossa alma é o ser amado. Quando a alma encontra o maior Amante do universo, inicia-se o romance eterno. Paramahansa Yogananda O Romance com Deus é um livro de palestras de Paramahansa Yogananda, cuja própria vida foi um contínuo romance com o Divino. É, portanto, um livro sobre o amor que Deus tem por cada uma das almas que Ele criou e sobre como nós, almas encarnadas, podemos experimentar Sua amorosa presença na vida diária. A mensagem do autor possui apelo universal, pois qual o ser humano que nunca ansiou pelo amor perfeito? O amor que não diminui nem com o tempo, nem com a velhice, nem com a morte? Certamente, todos já desejaram experimentar a satisfação duradoura e a perfeição de um relacionamento assim, mas a questão tem sido sempre: “Será realmente possível?” Paramahansa Yogananda corajosamente declara que sim, é possível. Por sua vida exemplar e seus ensinamentos, ele prova que a plenitude interior e o amor que buscamos existem sim e podem ser alcançados — em Deus. “O maior amor que se pode experimentar é a comunhão com Deus”, declara, na palestra inicial de O Romance com Deus. “O amor entre a alma e o Espírito é o amor perfeito, que todos buscam.” Paramahansaji não fala apenas a partir da teoria ou da teologia; suas palavras fluem da experiência do amor e da sabedoria de Deus, numa abordagem pragmática e inspiradora, de modo que “os que têm ouvidos para ouvir” também podem descobrir, na vida, a Presença Divina que a todos satisfaz. Sua sabedoria não é um elaborado estudo acadêmico; é o testemunho empírico de uma personalidade espiritual dinâmica, cuja vida foi repleta de alegria interior e realizações exteriores; um instrutor mundial que viveu o que pregou, um Premavatar (encarnação do amor) cujo exclusivo desejo era o de compartilhar a sabedoria e o amor divino com todos. Paramahansa Yogananda nasceu em Gorakhpur, na Índia, em 5 de janeiro de 1893. Sua extraordinária infância indicava claramente que a vida dele estava assinalada para um destino divino. Sua mãe, reconhecendo isso, incentivou os nobres ideais e as aspirações espirituais do filho. Aos onze anos de idade Paramahansaji perdeu a mãe, a quem amava mais que tudo no mundo. Este fato
  • 13. consolidou sua resolução de encontrar Deus e de receber, do próprio Criador, o amor divino pelo qual todo coração humano anseia. Yoganandaji logo se tornou discípulo de um membro da linhagem de excelsos gurus, à qual estava ligado desde o nascimento: o grande Jnanavatar (encarnação da sabedoria) Swami Sri Yukteswar Giri. Os pais de Sri Yogananda eram discípulos de Lahiri Mahasaya, guru de Sri Yukteswar. Quando Paramahansaji ainda era bebê, no colo da mãe, Lahiri Mahasaya abençoou-o e previu: “Mãezinha, seu filho será iogue. Como uma locomotiva espiritual, levará muitas almas ao reino de Deus.” Lahiri Mahasaya era discípulo de Mahavatar Babaji, o mestre imortal que reavivou, nesta era, a antiga ciência de Kriya Yoga. Louvada por Krishna no Bhagavad Gita e por Patânjali nos Yoga Sutras, a Kriya Yoga é uma técnica transcendente de meditação e uma arte de viver, que leva à união da alma com Deus. Mahavatar Babaji revelou a sagrada Kriya a Lahiri Mahasaya, que a transmitiu a Sri Yukteswar, que por sua vez a ensinou a Paramahansa Yogananda. Em 1920, quando Yogananda foi considerado pronto para iniciar a missão de difundir ao mundo a ciência iogue de libertação da alma, Mahavatar Babaji falou- lhe sobre a sagrada responsabilidade que ele teria pela frente: “Foi você quem eu escolhi para difundir a mensagem da Kriya Yoga no Ocidente. Há muito tempo encontrei seu guru Yukteswar num Kumbha Mela e lhe disse então que enviaria você para ser treinado por ele. A Kriya Yoga, a técnica científica de realização divina, terminará por difundir-se em todas as terras e ajudará a harmonizar as nações por meio da percepção pessoal e transcendental que o ser humano terá do Pai Infinito.” Paramahansa Yogananda iniciou sua missão nos Estados Unidos como delegado no Congresso Internacional de Liberais Religiosos que se realizou em Boston em 1920. Durante mais de uma década, viajou por toda a extensão do continente norte-americano, falando quase que diariamente para auditórios lotados, nas principais cidades. Em 23 de janeiro de 1924, o jornal Los Angeles Times noticiou: “O Philharmonic Auditorium apresenta o extraordinário espetáculo de milhares (...) sendo informados uma hora antes da conferência de que não poderiam entrar, já que o auditório de 3.000 lugares estava completamente lotado. Swami Yogananda é a atração. Um hindu invadindo os Estados Unidos para trazer Deus (...), pregando a essência da doutrina cristã.” Foi uma grande revelação para o Ocidente saber que a Yoga — exposta de modo tão eloquente e interpretada tão claramente por Sri Yogananda — é uma ciência universal e, como tal, a verdadeira “essência” de todas as religiões verdadeiras. Em 1925, em Los Angeles, Paramahansa Yogananda fundou a sede central internacional da Self-Realization Fellowship, associação por ele fundada em 1917 em seu país natal sob o nome de Yogoda Satsanga Society of India. Da sede internacional, os ensinamentos do Guru são enviados para o mundo todo,
  • 14. e também os numerosos livros que escreveu e as Lições da Self-Realization Fellowship sobre a ciência de meditação Kriya Yoga e a arte da vida espiritual. 1 A obra do Guru é dirigida e continuada por membros da Ordem Monástica da Self-Realization Fellowship, que Paramahansaji fundou para treinar aqueles que levam sua obra adiante e preservam a integridade dela. 1. Os buscadores da Índia e dos territórios vizinhos recebem essas publicações da Yogoda Satsanga Society of India. No início da década de 1930, Paramahansaji foi gradualmente diminuindo o número de conferências públicas. “Não estou interessado em multidões”, disse, “e sim em almas que desejam sinceramente conhecer a Deus.” Passou a concentrar seus esforços em palestras e aulas para quem se interessava profundamente pela busca divina; na maioria das vezes, falava na sede central e nos templos da própria Self-Realization Fellowship. Várias vezes Paramahansa Yogananda fez esta predição: “Não morrerei no leito, mas de pé, falando de Deus e da Índia”. Em 7 de março de 1952, a profecia se realizou: em um banquete em homenagem a B. R. Sen, embaixador da Índia, Paramahansaji foi orador convidado. Pronunciou um discurso emocionante, concluindo com estas palavras do seu poema “My India” (“Minha Índia”): “Onde o Ganges, as florestas, as cavernas do Himalaia e os homens sonham Deus — santificado estou; meu corpo tocou esse solo!” Então, levantando os olhos, entrou em mahasamadhi, a saída consciente do corpo físico feita por iogues adiantados. Ele morreu como vivera, exortando todos a conhecer Deus. O grande empenho do Guru enquanto viveu, no sentido de despertar as almas para a Verdade única que é inerente a todas as religiões e a toda a vida, e sua singular contribuição para promover a causa da harmonia e da compreensão entre Oriente e Ocidente, receberam reconhecimento formal do governo indiano em 7 de março de 1977, no vigésimo quinto aniversário da morte do Mestre. Nessa data, a Índia lançou um selo comemorativo, homenageando o Guru com as seguintes palavras: “Os ideais do amor por Deus e de serviço à humanidade manifestaram-se plenamente na vida de Paramahansa Yogananda. (...) Embora tenha passado fora da Índia a maior parte de sua vida, seu lugar é entre os nossos grandes santos. Sua obra continua a crescer e a luzir cada vez mais, levando pessoas de todos os recantos para o caminho da peregrinação em busca do Espírito.” Para quem tinha ligação pessoal com Paramahansa Yogananda, ficava claro que sua grandeza não se limitava à imensa sabedoria dos ensinamentos que transmitia; abrangia também o profundo amor e a solidária compreensão que emanavam do seu ser. Uma doçura inexprimível marcava cada palavra, olhar e gesto seu, e sabia-se, além de qualquer dúvida, que o seu amor não impunha limites nem condições. Era óbvio que fraquezas e defeitos pessoais não importavam a seus olhos, pois ele via, em cada alma, apenas um reflexo puro de Deus.
  • 15. Embora o tempo e o espaço hoje impeçam nossa participação pessoal nas palestras de Paramahansa Yogananda, podemos receber a bênção de ler e absorver suas palavras, agradecendo a Sri Daya Mata, terceira presidente da Self-Realization Fellowship, por esta oportunidade. Nos primeiros anos de ministério, as palavras de Paramahansa Yogananda foram registradas apenas esporadicamente. Entretanto, em 1931, ao tornar-se sua discípula, Daya Mata assumiu a tarefa sagrada de registrar fielmente todas as aulas e conferências do Guru para as gerações vindouras. “Sentindo o poder transfigurador de suas palavras em minha vida,” ela escreveu, “nasceu em mim, naqueles primeiros dias em companhia de Paramahansaji, o sentimento da urgente necessidade de preservar sua mensagem para o mundo e para todos os tempos.” Assim, é graças aos dedicados esforços e à previdência de Sri Daya Mata que este livro de palestras, O Romance com Deus, é publicado, em sequência ao primeiro volume de palestras, A Eterna Busca do Homem. Os textos que compõem este volume são, basicamente, conferências e aulas realizadas nos templos da Self-Realization Fellowship e na sede central, em Los Angeles. Alguns textos são de encontros informais ou satsangas com pequenos grupos de discípulos, ou de serviços de meditação nos quais o Guru entrava em comunhão extasiada com Deus, permitindo a todos os presentes um vislumbre do bem-aventurado romance divino. Alguns escritos inspiradores também estão incluídos aqui. Paramahansaji foi um autor muito produtivo: muitas vezes ele usava o tempo livre para compor um novo cântico de amor a Deus, ou para escrever um artigo que pudesse ajudar as pessoas a compreender certo aspecto da verdade. Como a maioria das palestras foi realizada para pessoas familiarizadas com os ensinamentos da Self-Realization Fellowship, alguns esclarecimentos sobre a terminologia e os conceitos filosóficos aqui usados podem servir de auxílio aos leitores em geral. Com este fim, incluímos muitas notas de rodapé e um glossário, que explicam certas palavras e termos filosóficos em sânscrito, bem como informações sobre fatos, pessoas e lugares ligados à vida e obra de Paramahansa Yogananda. Caso o leitor encontre um termo desconhecido, as explicações do glossário podem ser de utilidade. Registre-se que as citações do Bhagavad Gita neste volume, a menos que indicado de outra maneira, são de traduções do sânscrito feitas por Paramahansa Yogananda, algumas vezes literalmente e outras vezes em forma parafraseada. Na maioria das citações do Gita nesta edição de O Romance com Deus, a versão utilizada é a definitiva, apresentada por Paramahansaji em seus livros “A Yoga do Bhagavad Gita” (já em português) e “God Talks With Arjuna: The Bhagavad Gita — Royal Science of God-Realization” (publicado pela Self-Realization Fellowship em 1995), que trazem, de sua própria autoria, a tradução completa e comentários abrangentes. Nas palestras em que ele traduzia uma passagem do Gita com maior liberdade, a fim de dar ênfase a um ponto específico, a paráfrase foi conservada e mencionada como tal em nota de pé de página.
  • 16. O Romance com Deus é o segundo volume da série de palestras e conferências de Paramahansa Yogananda. Que este volume também represente o que o primeiro volume representou para incontáveis leitores: um raio de luz divina no caminho espiritual, trazendo inspiração, orientação e novo sentido à vida. “O romance mais sublime é com o Infinito”, disse Paramahansaji. “Você não faz ideia de como a vida pode ser bela. Quando repentinamente você descobre Deus em toda a parte, quando Ele vem, fala com você e o guia, o romance de amor divino começou.” SELF-REALIZATION FELLOWSHIP Los Angeles, Califórnia Novembro de 1986
  • 18. 1 Como Cultivar o Amor Divino O mundo como um todo tem esquecido o verdadeiro significado da palavra amor. Este sentimento tem sido tão desvirtuado e crucificado pelo ser humano que pouquíssimas pessoas sabem o que é o verdadeiro amor. Assim como o óleo está presente em todas as partes da azeitona, também o amor permeia todas as partes da criação. Mas definir o amor é muito difícil, pela mesma razão que as palavras não podem descrever plenamente o gosto de uma laranja. Você precisa provar a fruta para sentir seu sabor. Assim é com o amor. Todos já provaram alguma forma de amor no coração; portanto, sabem um pouco como é, mas ainda não entenderam como desenvolvê-lo e purificá-lo, expandindo-o em amor divino. No início da vida, existe uma centelha do amor de Deus na maioria dos corações. Entretanto, esta centelha geralmente se perde, porque o homem não sabe como cultivá-la. Muitas pessoas nem acham necessário analisar o amor. Reconhecem-no como o sentimento que têm por parentes, amigos ou outras pessoas por quem sintam forte atração. Mas há muito mais além disso. O único modo que encontro para descrever o amor é falar de seus efeitos. Se você pudesse sentir uma partícula mínima do amor divino, seria tão grande sua alegria — tão arrebatadora — que não conseguiria contê-la. Pense bem no que estou dizendo. A satisfação do amor não está no sentimento em si, e sim na alegria que traz. O amor dá alegria. Amamos o amor porque nos dá essa felicidade tão inebriante. Assim, ele não é o ponto final: o final supremo é a bem-aventurança. Deus é Sat-Chit-Ananda, a Bem-aventurança sempre- existente, sempre-consciente e sempre-nova. Como almas, somos Sat-Chit- Ananda individualizada. “Da Alegria viemos, na Alegria vivemos e temos nosso ser, e na sagrada Alegria um dia nos dissolveremos novamente.” 1 Todas as emoções divinas — amor, compaixão, coragem, autossacrifício, humildade — não teriam sentido sem a alegria. Alegria significa júbilo, uma expressão da Bem- aventurança suprema. 1. Taittiriya Upanishad 3-6-1. No ser humano, a alegria origina-se no cérebro, no centro sutil de consciência divina que os iogues denominam sahasrara, ou lótus de mil pétalas. Entretanto, o genuíno sentimento de alegria não é experimentado na cabeça, e sim no
  • 19. coração. Da sede da consciência divina no cérebro, a alegria desce para o centro cardíaco, 2 e aí se manifesta. Essa alegria vem da bem-aventurança divina — o atributo essencial e supremo do Espírito. 2. Chakra anahata, o centro dorsal sutil; sede dos sentimentos, centro do controle de vayu, o elemento vibratório do ar, uma das manifestações da vibração criadora de Om. A vida e a consciência do homem se perpetuam pela força e pela atividade na “árvore da vida”, cujo tronco são os sete centros sutis localizados na coluna vertebral e no cérebro. Daí vem o poder para desempenhar todas as funções e capacidades fisiológicas e psicológicas do ser humano. Devido ao seu centro comum de origem, algumas experiências espirituais e psicológicas estão ligadas a processos fisiológicos. Por exemplo, existe uma conexão definida entre a função fisiológica cardíaca e o centro espiritual sutil do sentimento, localizado no coração. Trabalhando juntos, eles expressam a grande emoção do amor, tanto humano quanto divino. (Ver chakras no glossário.) Embora possa nascer em razão de certas condições externas, a alegria não está sujeita a condições; frequentemente, aparece sem nenhuma causa material. Às vezes, você acorda “andando nas nuvens” de tanta alegria, mas não sabe por quê. E quando está no silêncio da meditação profunda, a alegria borbulha de seu íntimo, sem ter sido despertada por estímulos externos. A alegria da meditação é extasiante. Quem nunca entrou no silêncio da verdadeira meditação não conhece a alegria pura. Ficamos muito felizes quando satisfazemos um desejo; contudo, quando somos jovens, muitas vezes sentimos uma felicidade repentina, como se viesse do nada. A alegria se expressa sob certas condições, mas não é por elas criada. Assim, quando alguém ganha mil dólares e exclama “Que felicidade!”, a condição de receber mil dólares serviu apenas como o golpe de uma picareta para liberar uma fonte de alegria do reservatório oculto de bem-aventurança interior. Da mesma forma, na experiência humana, normalmente são necessários certos fatos para trazer o júbilo à tona, mas a alegria em si é o estado perene da alma. O amor também é inerente à alma, mas é secundário em relação à alegria; não poderia existir amor sem alegria. Você consegue imaginar isso? Não, porque a alegria vem junto com o amor. Quando falamos do sofrimento do amor não correspondido, estamos falando de um anseio não realizado. A verdadeira experiência de amar é sempre acompanhada da alegria. A natureza universal do amor No sentido universal, o amor é o poder divino de atração, que harmoniza, une e vincula. Seu oposto é a força de repulsão, a energia cósmica que materializa a criação a partir da consciência cósmica de Deus. A repulsão mantém todas as formas em estado manifesto através de maya, o poder da ilusão, que divide, diferencia e desarmoniza. A força de atração do amor contrapõe-se à repulsão cósmica para harmonizar toda a criação e, finalmente, levá-la de volta a Deus. Quem vive em sintonia com a primeira, alcança a harmonia com a natureza e com seus semelhantes, sendo atraído para a reunião beatífica com Deus.
  • 20. Neste mundo, amor pressupõe dualidade; nasce de uma troca ou sugestão de sentimentos entre duas ou mais formas. Até os animais expressam certo tipo de amor um pelo outro e pelos filhotes. Em muitas espécies, quando um companheiro morre, em geral o outro também logo sucumbe. Mas é um amor instintivo; os animais não são responsáveis por ele. Os seres humanos, entretanto, possuem considerável autodeterminação consciente na reciprocidade do amor. No ser humano, o amor se expressa de várias formas. Encontramos amor entre marido e mulher, pais e filhos, entre irmãos, entre amigos, patrão e empregado, guru e discípulo — como Jesus e seus discípulos ou os grandes mestres da Índia e seus chelas — e entre o devoto e Deus, a alma e o Espírito. O amor é uma emoção universal, que se expressa de acordo com a natureza do pensamento em que se move. Por isso, quando o amor passa pelo coração do pai, a consciência paternal o traduz em amor paterno; quando passa pelo coração da mãe, é traduzido em amor materno; e a consciência do amante empresta ao amor universal ainda outra qualidade. Não é o instrumento físico, e sim a consciência em que o amor se move que determina a qualidade do amor expressado. Assim, um pai pode expressar amor materno, uma mãe pode expressar amor amistoso, e um amante, amor divino. Todo reflexo de amor vem do Amor Cósmico único; mas, ao expressar-se como amor humano em variadas formas, ele possui sempre alguma imperfeição. A mãe não sabe por que ama o filho; este não sabe por que ama sua mãe. Nenhum dos dois sabe de onde vem o que sentem. É o amor de Deus que se manifesta neles; e quando puro e altruísta, reflete esse amor. Assim, ao investigar o amor humano, podemos aprender alguma coisa sobre o amor divino, pois no primeiro vislumbramos o segundo. O amor paterno se baseia na razão O amor paterno nasce na sabedoria e baseia-se na razão. Predomina, na consciência paterna, o pensamento: “Este é meu filho, a quem devo cuidar e proteger”. Isso é feito com desprendimento; o amor é demonstrado tanto nas coisas que o pai faz para agradar e instruir o filho quanto no atendimento das necessidades deste. Mas o amor paterno é parcialmente instintivo, assim como todas as formas de amor familiar; um pai não pode deixar de amar seu filho. O amor materno é incondicional e se baseia no sentimento O amor de mãe é mais amplo. Baseia-se mais no sentimento do que na razão. O verdadeiro amor materno é incondicional. Pode-se dizer que, sob muitos aspectos, é mais espiritual e, portanto, mais elevado do que a maioria das expressões humanas de amor. Deus implantou no coração materno um amor irrestrito, que independe do mérito ou comportamento do filho. Mesmo que este, mais tarde, se torne um assassino, o amor da mãe continuará firme e imutável;
  • 21. ao passo que o pai pode ser mais impaciente e menos inclinado a perdoar. O amor incondicional materno talvez seja o que mais se aproxime da perfeição do amor divino. A verdadeira mãe perdoa o filho quando ninguém mais o faz. Este tipo de amor exemplifica o amor de Deus, que perdoa Seus filhos independentemente dos pecados que tenham cometido. E quem, senão Deus, poderia ter colocado esse amor no coração materno? No genuíno amor de mãe Deus dá a prova incontestável de que nos ama incondicionalmente, além de nossas maldades ou pecados. O Espírito Divino não é um tirano. Sabe que nos colocou num mundo de ilusões; conhece nossas dificuldades e lutas. Quando se considera pecador, o ser humano apenas aumenta a escuridão interior de sua ignorância espiritual. É melhor que tente corrigir-se apelando para a ajuda da Mãe Divina, e Nela contemple o reflexo da infinitude do amor e do perdão de Deus. Ontem à noite, enquanto meditava, cantei esta canção de amor à Divindade: Ó Mãe Divina, sou Teu bebezinho, Teu indefeso bebê, secretamente aninhado em Teu colo de imortalidade. Escondido em Teu colo, escaparei para o céu. Abrigado em Teu colo, escaparei para o céu. Nenhum karma pode me alcançar, pois sou Teu bebê, Teu bebezinho, Teu indefeso bebê. Escondido em Teu colo, escaparei para o céu. Assim deve ser nosso relacionamento com Deus, pois o amor da Mãe é o amor Divino que a tudo perdoa. O amor conjugal Em sua forma ideal, o amor conjugal pode ser uma das maiores expressões do sentimento humano. Foi o que Jesus indicou quando disse: “Portanto deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher”. 3 Quando homem e mulher se amam de modo verdadeiro e puro, estão em total harmonia de corpo, mente e alma. Quando expressam seu amor da forma mais elevada, o resultado é uma união perfeita. Mas este amor também tem uma imperfeição: pode ser manchado pelo abuso do sexo, que eclipsa o amor divino. A natureza fez o impulso sexual muito forte para que a criação pudesse continuar. Assim, o sexo tem seu lugar no relacionamento conjugal; mas, se for o fator predominante no relacionamento, o amor voará porta afora, sumindo completamente. Em seu lugar entrarão o sentimento de posse, a familiaridade excessiva, o abuso e a perda da amizade e da compreensão. Embora a atração sexual seja uma das condições que fazem o amor nascer, o sexo em si não é amor. Sexo e amor estão tão distantes um do outro quanto a lua e o sol. Só quando a qualidade transmutadora do verdadeiro amor predomina no relacionamento é que o sexo se torna uma expressão de amor. Os que vivem muito no plano sexual perdem o caminho e não conseguem encontrar um relacionamento conjugal satisfatório. Só com o autodomínio, quando o sexo não é a emoção dominante mas sim incidental ao amor, é que marido e mulher podem conhecer o amor genuíno. No mundo moderno,
  • 22. infelizmente, o amor é geralmente destruído pelo excesso de ênfase no aspecto sexual. 3. Mateus 19:5. Os que praticam a moderação natural — não forçada — em sua vida sexual desenvolvem outras qualidades, mais duradouras, no relacionamento marido- mulher: amizade, companheirismo, compreensão e amor mútuo. Madame Amelita Galli-Curci 4 e seu marido Homer Samuels, por exemplo, são os maiores amantes que conheci no Ocidente. Seu amor é lindíssimo, porque praticam os ideais que mencionei. Quando se separam, mesmo que por pouco tempo, aguardam ansiosamente o momento do reencontro, de estar juntos, de compartilhar ideias e amor. Vivem um para o outro. 4. Soprano de fama mundial (1889-1963) que conheceu Paramahansa Yogananda nos primeiros anos dele nos Estados Unidos. Ela e o marido tornaram-se dedicados membros da Self- Realization Fellowship. Madame Galli-Curci escreveu o prefácio do livro Whispers from Eternity, de Paramahansaji. (Ver pág. 58.) O relacionamento entre Ella Wheeler Wilcox 5 e seu marido é outro belo exemplo de amor conjugal. John Larkin, um de meus alunos, contou-me que nunca viu nada igual àquele amor. Disse: “Cada vez que se veem, é como se revivessem a alegria do primeiro encontro. São totalmente devotados um ao outro. Durante três anos, depois que o marido morreu, o pensamento constante de Ella era reunir-se a ele; então, faleceu pronunciando o nome dele.” 5. Poetisa americana (1850-1919). Conheci um homem que possuía devoção altruísta semelhante. Amava tão profundamente a esposa que seu amor se transformou em amor divino. Depois que ela morreu, ele vagou durante anos, buscando um meio de revê-la. Por fim, conseguiu. Acabou por encontrar Deus através do amor que tinha pela mulher. Eis a história que me contou: em suas andanças após a morte da companheira, ele encontrou um grande santo do Himalaia e convenceu-o a prometer dar iniciação espiritual a ele e à esposa juntos. Feita a promessa, o santo perguntou: “Onde está sua esposa?” Foi então que o marido contou que ela tinha morrido. O santo, apesar disso, manteve a promessa de iniciá-los juntos. Deu instruções para que o homem se sentasse e meditasse, e começou a invocar a presença da mulher. De repente, ela apareceu e conversou longamente com o marido. Então os dois se sentaram lado a lado e receberam a iniciação do santo. Depois que este os abençoou, a mulher partiu. Daquele momento em diante, o marido compreendeu que a amada forma que conhecera como esposa era, na verdade, uma manifestação individualizada da consciência de Deus — como são todos os seres humanos. O verdadeiro sentido do amor divino, inerente a toda relação humana e por ela responsável, foi-lhe revelado. Foi uma experiência única e verdadeira.
  • 23. Mas o amor conjugal é enganador, e a maioria das pessoas sai do mundo com o coração insatisfeito. Estas pessoas não procuraram o amor conjugal corretamente. Atraídas principalmente por uma aparência agradável, procuram a alma gêmea no cemitério das formas belas e bem vestidas, esquecendo que um demônio pode morar ali. Não estou condenando homens e mulheres por responderem à lei de atração criada por Deus; condeno a perversão desta atração através da luxúria. Todo homem que olha a mulher como objeto de desejo sexual e dela se aproveita para satisfazê-lo comete autodestruição: o excesso de sexo prejudica o sistema nervoso e afeta o coração, acabando por destruir a paz e a felicidade. A humanidade precisa perceber que a natureza básica da alma é espiritual. Se homem e mulher se veem apenas como meio de satisfazer a lascívia, cortejam a destruição da felicidade. Pouco a pouco, a paz de espírito desaparece. Abusar do sexo pode ser comparado a fazer um carro funcionar sem óleo; o corpo não aguenta. Cada gota de essência vital perdida equivale à perda de oito gotas de sangue. Mas o aspecto importante é aprender o autodomínio, o que se consegue ao controlar e purificar a mente. Isso é muito superior a abster-se fisicamente enquanto a mente fica ligada ao sexo. A mera repressão pode ser nociva. Homem e mulher devem ver-se como reflexos de Deus. Acho encantador quando o marido chama a mulher de “mãe”, ou ela o chama de “pai”. Toda mulher deve considerar o homem como um pai. Eu trato toda mulher como mãe. A meus olhos, não é apenas uma mulher, mas uma expressão da Mãe Divina. É a Ela que contemplo, e que me fala por intermédio da mulher. As mulheres não devem tentar atrair os homens com seu “it”. 6 Devemos sempre ter aparência agradável e está certo fazer-se atraente usando o bom gosto. Mas é errado tentar, intencionalmente, atrair o sexo oposto por meio do apelo sexual. A atração entre homem e mulher deve vir da alma. Quem tem controle do sexo e não se exibe como símbolo sexual possui muito mais chances de atrair o tipo certo de companheiro. Quantas garotas vêm a mim queixando-se de que os rapazes, para saírem com elas, querem primeiro sexo! A experiência sexual é perniciosa para a vida dos jovens. Na Índia, eles nunca se tocam nem se beijam antes do casamento. O amor vem primeiro. Este deve ser o ideal. Quando dois seres sentem incondicional atração mútua e são capazes de sacrificar-se um pelo outro, estão verdadeiramente apaixonados. Só assim estão preparados para um relacionamento íntimo no casamento. A mera possessividade não serve. Quando um cônjuge tenta controlar o outro, demonstra não amar de verdade. Mas quando os dois expressam carinho e uma constante preocupação com a felicidade mútua, o amor torna-se divino. Em tal relacionamento, temos um vislumbre de Deus. 6. Na época, termo usado para referir-se ao atrativo sexual de uma pessoa.
  • 24. Muitas mulheres me dizem: “Meu marido não quer que eu me interesse por assuntos espirituais”. Isto é ser extremamente egoísta. Se a esposa está tentando ser mais espiritual, o marido deve cooperar. Ele não a perderá; pelo contrário, receberá parte de sua virtude. O mesmo princípio se aplica à atitude da mulher para com o marido. A melhor coisa que um cônjuge pode desejar ao outro é a espiritualidade, pois o desenvolvimento da alma faz com que aflorem qualidades divinas como compreensão, paciência, consideração e amor. Contudo, devemos lembrar que o desejo de crescer espiritualmente não pode ser imposto. Viva você o amor, e sua bondade inspirará a todos os seus entes queridos. Depois de alguns anos de casamento, milhares de maridos e mulheres se perguntam: “Para onde foi nosso amor?” Foi queimado no altar do excesso sexual, do egoísmo e da falta de respeito. Quando estas características entram no relacionamento, o amor se transforma em cinzas. A mulher implica com o homem quando ele tenta escravizá-la, ou quando ela acha que foi negligenciada. Entretanto, a agressão verbal é um dos piores tratamentos que se pode infligir a alguém. Diz-se que os oito centímetros da língua de uma mulher podem matar um homem de um metro e oitenta de altura. Quando marido e mulher se maltratam, destroem para sempre a felicidade a dois. O homem deve procurar ver Deus na mulher, ajudando-a a perceber a natureza espiritual que possui. Deve fazê-la sentir que não a quer simplesmente para satisfazer seus apetites sexuais, e sim como companheira a quem respeita e vê como expressão do Divino. E a mulher deve considerar o homem da mesma forma. Outra atitude errada é ter medo do sexo oposto: a aversão anormal, assim como a atração anormal, é uma atitude doentia. Com meu mestre, Swami Sri Yukteswarji, 7 aprendi a não julgar a mulher como um instrumento criado para enganar e destruir moralmente o homem, e sim como uma representante da Divina Mãe do Universo. Quando o homem começar a enxergar a mulher como símbolo materno, nela encontrará uma proteção amorosa jamais vista. Pela graça de Deus, consegui mudar a consciência de muitos homens e mulheres com o seguinte pensamento espiritual: todo homem deve considerar a mulher como um símbolo da Mãe do Universo, e toda mulher deve considerar o homem como um símbolo do Pai do Universo. Depois de conversar comigo, as pessoas se retiravam com o sentimento de que a Mãe Divina e o Pai Celestial haviam falado por meu intermédio, porque eu me dirigia a elas mergulhado na consciência divina. 7. Guru de Paramahansa Yogananda. (Ver glossário.) Se não existisse a atração sexual, não sei se haveria algum tipo de amor conjugal. As pessoas comuns não teriam capacidade de sentir esse amor, mas os que são espiritualmente desenvolvidos sim, pois a atração que sentem não se baseia em sexo. Aqueles que cultivam as virtudes da alma sabem que o sexo não tem nada a ver com o verdadeiro amor. Se você desenvolver o perfeito amor
  • 25. da alma, começará a vislumbrar o Divino. Jesus Cristo manifestou esse amor, que é puro, grandioso e magnífico, o qual também se expressou na vida de muitos grandes santos. O amor entre patrão e empregado Os laços de amor entre patrão e empregado baseiam-se no benefício mútuo. Quanto mais amabilidade e dinheiro o patrão der, mais o servidor o amará. Quanto mais eficiente for o serviço prestado pelo empregado, mais consideração ele receberá do patrão. Pode ser um relacionamento carinhoso, mas a motivação básica é a segurança que um dá ao outro. Amizade — o mais sublime relacionamento entre os amores humanos O relacionamento que existe entre amigos é o mais sublime dos amores humanos. Por não existir compulsão, o amor entre amigos é puro. Escolhemos livremente os amigos que amamos; não somos compelidos pelo instinto. O amor que se manifesta na amizade pode existir entre homem e mulher, entre mulheres e entre homens. Mas no amor da amizade não existe atração sexual. É preciso ser celibatário e esquecer completamente o sexo quando se quer encontrar o amor divino através da amizade; é então que esta nutre a cultivação do amor divino. A amizade pura existiu entre santos e existe entre os que realmente amam a Deus. Se você sentir o amor divino uma vez, nunca mais se separará dele, pois não há nada igual em todo o universo. O amor dá sem esperar nada em troca. Nunca penso em alguém em termos do que aquela pessoa pode fazer por mim. E nunca dedicaria amor a alguém só por ter feito alguma coisa por mim. Se não sentisse amor, não fingiria dá-lo, mas conforme sinto, eu o dou. Aprendi essa sinceridade com meu Mestre. Talvez existam pessoas que não me tenham amizade, mas sou amigo de todos, inclusive de meus inimigos, pois no coração não tenho inimigos. Amor não se ganha pedindo; é uma dádiva do coração do outro. Tenha certeza do que sente quando disser “eu te amo” a alguém. Quando se dá amor, tem que ser para sempre. Não porque você queira estar perto da pessoa amada, e sim por querer a perfeição para aquela alma. Desejar perfeição ao ser amado e sentir alegria pura pensando naquela alma é amor divino, e esse é o amor da verdadeira amizade. A amizade divina e incondicional entre guru e discípulo O relacionamento entre guru e discípulo é a maior expressão do amor na amizade. É amizade divina, incondicional, baseada em objetivo compartilhado e único: o desejo de amar a Deus acima de todas as coisas. O discípulo desnuda a alma para o mestre, e o mestre abre o coração para o discípulo. Não há segredos entre eles. Mesmo em outras formas nobres de amizade existe às
  • 26. vezes uma certa reserva. Mas a amizade do relacionamento guru-discípulo é imaculada. Neste mundo, não consigo imaginar nenhum outro relacionamento mais sublime do que o vivido por mim com meu Mestre. A relação o guru-discípulo é o amor em sua forma suprema. Certa vez, fui embora do ashram de meu Mestre pensando que poderia ter mais êxito se buscasse Deus no Himalaia. Eu estava enganado, e logo percebi que havia cometido um erro. Mesmo assim, quando voltei, o Mestre me tratou como se eu nunca houvesse partido. Cumprimentou- me como de hábito e, em vez de me censurar, disse calmamente: “Vamos ver o que há para comer hoje”. “Mas, Mestre”, eu perguntei, “não está zangado porque fui embora?” “E por que estaria?” respondeu. “Não espero coisa alguma dos outros. Portanto, suas ações não podem estar em oposição aos meus desejos. Não o usaria para meus próprios fins; só a sua verdadeira felicidade me faz feliz.” Quando ouvi isso, caí a seus pés e exclamei: “É a primeira vez que alguém me ama de verdade!” Se eu estivesse cuidando dos negócios de meu pai terreno e fugisse, ele ficaria muito zangado. Quando recusei a oferta de um emprego bem remunerado, Papai ficou sete dias sem falar comigo. Ele me deu o mais sincero amor paternal mas, apesar disso, era um amor cego. Achava que o dinheiro me traria felicidade; mas o dinheiro teria sido o túmulo da minha felicidade. Só mais tarde, depois que fundei a escola de Ranchi, é que Papai cedeu e disse: “Estou contente porque você não aceitou aquele emprego”. Mas reparem na atitude de meu Mestre: embora eu tivesse fugido do ashram para buscar Deus, o amor que o Guru tinha por mim continuou inalterado. Ele nem me censurou. Todavia, em outras ocasiões, dizia claramente que eu estava errado. Falava: “Se meu amor puder ser subornado para fazer concessões, então não será amor. Se eu tiver que mudar meu comportamento com você por medo de sua reação, isto não será amor verdadeiro. Tenho que poder falar sinceramente. Pode ir embora quando quiser, mas enquanto estiver aqui, chamarei sua atenção quando você errar, para seu próprio bem.” Nunca pensei que alguém pudesse se interessar tanto por mim. Ele me amava por mim mesmo. Queria a perfeição para mim; queria que eu fosse supremamente feliz. Nisto estava a sua felicidade: queria que eu conhecesse Deus e que estivesse com a Mãe Divina, por quem meu coração ansiava. Não era amor divino o que meu Mestre expressava? Desejar, constantemente, guiar-me na senda da bondade e do amor? Quando este tipo de amor se desenvolve entre guru e discípulo, este não procura manipular o mestre; e nem o mestre procura ter controle sobre o discípulo. A razão e o discernimento
  • 27. supremo governam o relacionamento. Não há amor igual, e eu pude provar desse amor graças a meu Mestre. A sublime manifestação do amor divino em Bhagavan Krishna Em sua vida, o Senhor Krishna expressou o amor puro na forma mais elevada. Mostrou ao mundo que pode existir amor imaculado entre homem e mulher. É impossível descrever corretamente sua vida ímpar para o público em geral, pois ela transcendeu leis e padrões mundanos. Um dia, espero colocar no papel o verdadeiro significado da vida de Krishna, pois ela tem sido incompreendida e mal interpretada. Sua expressão de amor divino foi única no mundo. Krishna teve muitas discípulas, mas Radha era a predileta. Cada discípula pensava: “Krishna me ama mais do que às outras”. Todavia, como Krishna falava muito em Radha, as outras ficavam enciumadas. Percebendo isso, Krishna resolveu dar-lhes uma lição. Assim, certo dia, ele fingiu sentir uma terrível dor de cabeça. As discípulas, aflitas, demonstraram grande preocupação com o sofrimento do Mestre. Até que ele disse: “A dor só passará se uma de vocês ficar sobre minha cabeça e massageá-la com os pés”. Horrorizadas, as devotas exclamaram: “Não podemos fazer isto: tu és Deus, o Senhor do Universo. Seria o maior dos sacrilégios ousar profanar tua forma tocando com nossos pés tua cabeça sagrada.” O Mestre fingiu que a dor aumentava; eis que Radha entra em cena. Correndo para seu Senhor, perguntou: “Que posso fazer por ti?” Krishna repetiu o pedido feito às outras devotas. Imediatamente, Radha o atendeu: a “dor” do Mestre desapareceu e ele adormeceu. As outras discípulas, com raiva, arrastaram Radha para longe da forma adormecida. “Vamos matá-la”, ameaçaram. “Mas por quê?” “Como ousa pisar na cabeça do Mestre?” “E daí?” protestou Radha. “Isso não o livrou da dor?” “Por ato tão sacrílego, você irá para as profundezas do inferno.” “Ah, é com isso que vocês se preocupam?”, disse Radha, sorrindo. “Com muita alegria eu viveria lá para sempre se isso o fizesse feliz por um segundo.” Então todas se curvaram a Radha. Compreenderam por que Krishna a favorecia, pois só Radha esquecia de si mesma e pensava apenas no bem-estar do Mestre. No entanto, por receber uma atenção especial, Radha começou a encher-se de orgulho. Assim, certo dia, o Senhor Krishna disse: “Vamos sair juntos, às escondidas”. Fazendo com que acreditasse que queria estar a sós com ela, Krishna brincou com a vaidade de Radha, que se sentiu muito feliz e favorecida. Percorreram uma boa distancia, mas Krishna não parecia disposto a parar.
  • 28. Finalmente Radha, exausta, sugeriu: “Aqui é um bom lugar para sentar um pouco”. Krishna olhou em volta, desinteressado, e disse: “Vamos procurar um lugar melhor”. E continuaram caminhando, caminhando... Por fim, já sem forças, Radha queixou-se: “Não aguento mais”. Krishna perguntou: “Muito bem, você quer que eu a carregue?” Isso agradou muito à vaidade de Radha. Mas, assim que ela pulou nas costas de Krishna — oh! — ele desapareceu, e ela caiu desajeitadamente. Com o orgulho abalado, ela ajoelhou-se e humildemente pediu: “Amado Senhor, errei em querer possuí-lo e controlá-lo. Perdoe-me, por favor.” Krishna reapareceu e abençoou-a. Naquele dia, Radha aprendeu uma grande lição. Fora um grave erro ver o Mestre como homem comum, passível de ser seduzido e controlado por artimanhas femininas. Compreendeu que ele se interessava pela alma da discípula, e não por sua forma física. O perfeito amor entre a alma e o Espírito O maior amor que se pode experimentar é a comunhão com Deus na meditação. O amor entre a alma e o Espírito é o amor perfeito, que todos buscam. Quando você medita, o amor aumenta. Milhões de emoções passam pelo coração. Se aprender a controlar a atração sexual e o apego aos seres humanos, empenhando-se em amar a todos e a meditar mais profundamente, surgirá em sua vida um amor que jamais sonhou ser possível. É o amor que Krishna deu, o amor que Jesus Cristo tinha por seus discípulos, o amor que ele tinha por Maria. Marta trabalhava arduamente para o Mestre, mas sua mente estava nos afazeres, e não em Jesus. Maria pensava mais no Mestre do que no trabalho. Por isso Jesus disse: “Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada”. 8 Em outra ocasião, quando Maria trouxe unguento para ungir os pés de Jesus, Judas comentou: “Por que não se vendeu esse unguento por trezentos denários e não se deu aos pobres?” Cristo respondeu: “Porque os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes”. 9 Jesus aceitou a devoção de Maria, não para si mesmo, mas para o Espírito que nele habitava. E Maria, ungindo os pés de Jesus, expressou seu amor por Deus. O fato de Maria pensar primeiro em oferecer amor a Ele, que é o Mestre do Universo, e depois aos outros, mostra seu discernimento. A Deus devemos mais amor do que a qualquer outro ser. E não existe amor mais doce do que o amor que Ele dá aos que O procuram. 8. Lucas 10:38-42. 9. João 12:2-8. Então, por que passar todo o tempo buscando o temporário amor humano? Todas as formas deste tipo de amor — conjugal, familiar, fraterno — têm becos sem saída. O amor divino é o único perfeito. É Deus quem brinca de esconde- esconde nos corredores dos corações, e talvez você possa achar, por trás dos amores humanos menores, o amor divino, que a tudo satisfaz.
  • 29. Portanto, ame a Deus, não por Suas dádivas, mas porque Ele pertence a você, e o fez à Sua imagem — e assim O encontrará. Se meditar profundamente, você receberá um amor que nenhuma linguagem humana pode descrever; conhecerá o amor divino e será capaz de dar este amor puro aos outros. Ontem à noite fui envolvido pelo amor de Deus. Dormi muito pouco, de tão arrebatadora que foi a experiência. Nesta grande chama de amor contemplo todos vocês. Sinto tanto amor por vocês! Em seus rostos, vejo o que está no coração. Na consciência dos que estão imersos no amor divino não há engano, limitação de casta ou credo, nem fronteiras de qualquer espécie. Quando você sentir esse amor, não verá diferença entre a flor e o animal, entre um ser humano e outro. Comungará com a natureza inteira e amará por igual toda a humanidade. Contemplando apenas uma raça — a dos filhos de Deus, seus irmãos divinos — dirá: “Deus é meu Pai. Faço parte de Sua vasta família de seres humanos. Eu os amo, pois são todos parte de mim. Também amo o irmão Sol, a irmã Lua e todas as criaturas que meu Pai criou, em quem Sua vida flui.” O verdadeiro amor é divino, e o divino amor é alegria. Quanto mais você meditar, buscando a Deus ardentemente, mais sentirá esse amor no coração. Então saberá que o amor é alegria e que a alegria é Deus.
  • 30. 2 A Origem e a Natureza da Criação Cósmica em uma Nova Perspectiva Hoje explicarei a origem e natureza da criação cósmica em uma nova perspectiva. A descrição que farei será diferente de tudo o que está nos livros. Ela me vem do Infinito à medida que falo. Todo o conhecimento passado, presente e futuro, em todos os ramos da ciência e da arte, incluindo os mistérios dos átomos e a história do universo e dos seres humanos, já existe no éter como vibrações da verdade. Essas vibrações nos rodeiam e podemos contatá-las diretamente, através do poder intuitivo da alma, que tudo sabe. Para descobrir qualquer verdade, só precisamos voltar a consciência para o interior, para a alma, cuja onisciência está unida a Deus. Quando as pessoas receptivas ouvem alguém expressar uma verdade, ela lhes parece familiar. Sua primeira reação é: “Eu pensava isso mesmo!” A mente apenas reconheceu uma verdade já sabida intuitivamente pela alma. É dessa fonte que vêm todas as minhas conferências. Se eu tivesse que ler para reunir os fatos e ideias das palestras, não sei o que faria! Leio muito pouco, porque isso não me é necessário. Sei das verdades contidas num livro depois de ler algumas páginas e sentir suas vibrações. 1 1. “Para aquele que conhece Brahman (o Espírito), todos os Vedas não têm mais utilidade do que um reservatório quando há uma inundação vinda de todas as direções” (Bhagavad Gita II:46). As grandes almas que revelam profundas verdades espirituais à humanidade recebem o conhecimento pela sintonia direta com as vibrações da verdade. Além disso, também vibram no éter os conceitos de todas as invenções que o homem já criou ou criará no futuro. Quando a concentração de um inventor é correta, ele fica em harmonia para receber intuitivamente a vibração da ideia de seu invento. Os descobridores dessas ideias podem dizer que inventaram isso ou aquilo, mas na verdade não inventaram nada. Apenas revelaram o que já existia: o projeto vibratório oculto no éter. 2
  • 31. 2. Um exemplo bem conhecido deste fenômeno, narrado por John J. O’Neill no livro Prodigal Genius, é como o grande cientista e inventor Nikola Tesla (1856-1943) “descobriu” o princípio do campo magnético giratório — daí inventando muitos dispositivos de corrente alternada e outras invenções, sendo isso a base das usinas geradoras de energia e dos sistemas elétricos industriais da atualidade. Em 1882, quando passeava e recitava poesias com um amigo num parque de Budapeste, ao anoitecer, Tesla parou subitamente, como se estivesse em transe. Para consternação do amigo, começou a falar de uma visão interior: “Observe. Observe como vou revertê-lo”, disse várias vezes, com voz entusiasmada. O amigo achou que Tesla estivesse doente, mas o grande inventor explicou, mais tarde, que realmente “via” um motor de corrente alternada em funcionamento: “Resolvi o problema. Você não consegue vê-lo, bem aqui na minha frente, funcionando quase silenciosamente? (...) Os homens não serão mais escravos dos trabalhos pesados. Meu motor os libertará; fará o trabalho do mundo.” Nos meses seguintes, Tesla continuou a elaborar os detalhes do projeto em sua mente, onde ficaram guardados por seis anos, até ele poder dar-lhes aplicação prática. O início do sonho cósmico Para ter uma ideia de como Deus trouxe o universo à existência, imagine-se adormecido e serenamente sonhando com um vasto espaço. Para onde quer que olhe, você só vê espaço infinito, nada mais. Sente paz infinita e beatífica, permeada por uma Inteligência onisciente. Assim era, até que essa Inteligência suprema começou a refletir: “Há muito tempo tenho estado assim: sozinha, em paz, absorta em minha própria bem-aventurança, consciência e sabedoria. Mas agora sonharei um cosmos.” Então a Inteligência Divina, que é o Espírito, começou a criar, conscientemente formando ideias em manifestações oníricas. Dividiu Sua consciência, diferenciando Seu poder de Sua natureza absoluta. Dividiu-Se em natureza imanifesta como Espírito não-vibratório, e em natureza manifesta como energia cósmica, consistindo de números infinitos de diferentes percepções vibratórias ou processos do Seu pensamento. Sabemos como funciona o pensamento. Quando pensamos num cavalo, não vemos o objeto de nosso pensamento, mas se sonhamos com um cavalo, contemplamos sua imagem, pois o pensamento é mais condensado. E quando vemos um cavalo com os olhos físicos, nosso pensamento se condensa ainda mais, em sintonia com as vibrações mais densas do pensamento de Deus, que se manifestam em formas tangíveis aos sentidos. Assim que o Espírito começou o sonho consciente e dividiu Sua inteligência, ou poder de pensamento, em muitas coisas, a lei de dualidade, ou maya, passou a existir. Quando, com a criação da dualidade, a consciência do Espírito separou- Se, parte dessa consciência saiu do Espírito como força ativa inteligente, ansiosa para expressar seu poder. Temos muitas ilustrações disso na natureza. Quando uma semente de carvalho é plantada em solo fértil, começa a germinar, crescendo e se expandindo até atingir a forma de uma frondosa árvore. Da mesma maneira, quando a semente da consciência de Deus foi plantada no solo da atividade por Sua vontade, uma vasta criação brotou.
  • 32. Mas devemos lembrar que Deus está sonhando tudo isso; que a criação cósmica nada mais é do que a condensação onírica dos pensamentos divinos. A primeira diferenciação do Espírito foi a manifestação do pensamento puro. Depois veio a luz, a luz cósmica, projetada para fora da semente-pensamento da consciência do Espírito. Luz e consciência são a mesma coisa, embora a luz tenha maior densidade. O pensamento de luz é mais sutil do que o sonho de luz, da mesma forma que o pensamento de fogo é um conceito puramente mental, mas o sonho de fogo é uma imagem perceptível. Depois de ter criado a luz como sonho existencial, Deus contemplou o que havia criado. “Bem”, pensou, “não é exatamente isso o que quero, tão somente luz dispersa por todo o espaço cósmico. Deve haver algo mais tangível.” Então, deu poderes à luz do sonho cósmico para que assumisse formas definidas. Aqui, novamente, é preciso lembrar a ligação da palavra sonho com a criação. Se removermos o conceito de sonho, a criação parecerá desesperantemente mistificadora. Assim, a luz onírica de Deus começou a brincar no território espacial do universo. Esta luz é o tecido de toda a criação, que Deus começou a pensar, ou projetar, num sistema específico: a luz mais sutil da força vital, que chamo de vitátrons, e a condensação de vitátrons em luz atômica de prótons e elétrons, mais densa. Deus deu a estes elementos uma força adicional, para que se organizassem em átomos e moléculas. Com um pensamento ainda mais forte, fez com que átomos e moléculas se condensassem em gases, calor, líquidos e sólidos — tudo criação de Seu pensamento. As nebulosas, ou gases, vieram primeiro. Depois, Ele começou a sonhar uma força muito poderosa nas nebulosas, e Sua vontade comandou: “Que os gases se condensem para produzir calor, líquidos e sólidos”. E assim foi feito, de acordo com Sua ideia-sonho. Deus elaborou um processo de maya, ou ilusão, através do qual o ar, o fogo, a água e a terra pareceriam diferentes, embora nenhuma diferença realmente existisse, a não ser nos pensamentos de Sua consciência sonhadora. Então, Ele disse: “Agora, comecemos a usufruir Minha criação onírica”. A evolução da inteligência Deus não quis que a matéria fosse diferente Dele Próprio. Por isso, impregnou- a de inteligência onírica que, por um processo de evolução, despertaria gradualmente, compreendendo que matéria e mente (as vibrações da ideia divina) são uma só coisa. A primeira expressão da inteligência inata, na criação material, é também a primeira porta por onde passa a matéria para escapar da ilusão, ou maya, retornando à liberdade da consciência divina. Confinada em elementos e minerais, a inteligência dorme. Assim, para que se manifestasse uma expressão mais livre, a vida vegetal passou a existir. Da espuma formada no mar, criaturas vivas surgiram na água e algumas gradativamente desenvolveram a capacidade de viver em terra. O que parecia ser matéria inerte começou a assumir forma viva.
  • 33. Formas mais frágeis de vida eram indefesas diante das mais fortes e agressivas, e da luta pela sobrevivência surgiu o processo de evolução para formas mais elevadas, mais eficientes. A “lei do mais forte” parece uma lei terrível mas, em última análise, não é. Os animais que matam uns aos outros são apenas diferentes manifestações do pensamento de Deus. Enquanto aprisionados nas formas, não entendem que são imagens mentais. Mas depois que o peixe pequeno é morto pelo peixe grande, sua forma onírica se dissolve de novo na consciência divina, e a centelha individualizada de Deus nele existente encarna em outra forma de vida, de valor evolucionário superior ao da sua existência anterior como peixe, dando à alma maior potencial de expressão. Portanto, a morte é o modo pelo qual a matéria onírica volta à consciência divina, libertando a alma que nela existe para o próximo passo na jornada progressiva de volta a Deus. Assim, a morte é uma parte do processo de salvação. O ciclo ascendente de inteligência, que evolui em instrumentos de expressão com um potencial de eficiência cada vez maior, continua até atingir a forma suprema no ser humano. Só este tem a capacidade de expressar sua divindade inata e de tomar plena consciência de Deus, transcendendo o sonho divino de maya. 3 3. O corpo humano, com seus singulares centros ocultos na coluna vertebral e no cérebro (ver chakras no glossário), foi uma criação especial de Deus para equipar a alma com um veículo capaz de expressar seu potencial divino. Reencarnação — uma série de sonhos dentro de um sonho Quando pensamos que o mundo está cheio de mortes e que o nosso corpo também terá de ser abandonado, o plano divino parece muito cruel. Fica difícil imaginar um Deus misericordioso. Contudo, quando examinamos o processo da morte com os olhos da sabedoria, percebemos que, em última instância, este processo é tão somente um pensamento de Deus atravessando um pesadelo de transformações para retornar à beatífica liberdade Nele. Em maior ou menor grau, santos e pecadores ficam livres com a morte, segundo o mérito individual. No mundo astral 4 sonhado pelo Senhor — a terra para onde vai a alma após a morte — desfruta-se de uma liberdade jamais obtida na vida terrena. Portanto, não lamente quem passa pela ilusão da morte, pois logo estará livre. Uma vez fora da ilusão, a alma vê que a morte não é tão ruim assim. Percebe que a mortalidade foi só um sonho, e alegra-se porque o fogo não pode queimá-la e a água não pode afogá-la; está livre e em segurança. 5 4. O mundo astral é a esfera sutil, ou “céu”, por trás do mundo físico denso. (Ver glossário.) 5. “As armas não podem ferir a alma; o fogo não pode queimá-la; a água não pode molhá-la; nem pode o vento ressecá-la. [...] A alma é imutável, tudo permeia, está perenemente tranquila e inamovível — a mesma, eternamente. A alma é dita imponderável, não-manifestada e imutável. Portanto, sabendo que é assim, não te deves lamentar” (Bhagavad Gita II:23-25). Mas tal é a ilusão do desejo por coisas materiais que, depois de algum tempo livre do corpo, a alma quer voltar à Terra. Mesmo sabendo que o corpo está
  • 34. sujeito a problemas e doenças, os ilusórios desejos por experiências mundanas obnubilam este conhecimento, enganando a consciência. Assim, depois de um período carmicamente predeterminado no mundo astral, a alma renasce na Terra. Quando chega a morte, mais uma vez a alma passa do denso sonho da experiência terrena ao sutil sonho do plano astral, para ser de novo atraída a este mundo. Vezes sem conta a alma retorna, até não desejar mais uma vida terrena. Nascimento e morte são portas através das quais passamos de um sonho a outro. Você apenas viaja entre este grosseiro mundo terreno e o sutil mundo astral, esses dois recintos de pesadelos e prazeres oníricos. Assim, a reencarnação é uma série de sonhos dentro de um sonho: sonhos individuais do ser humano dentro do sonho maior de Deus. Alguém nasce na França como poderoso rei, governa por algum tempo e morre. Pode renascer na Índia e, num carro de bois, ir meditar na floresta. Sua próxima encarnação pode ser como bem-sucedido executivo americano; e quando sonhar novamente a morte, pode reencarnar como devoto de Buda e passar a vida num eremitério tibetano. Portanto, nunca odeie ninguém e não se apegue a nenhuma nacionalidade, pois às vezes você é hindu e outras vezes francês, inglês, americano ou tibetano. Que diferença faz? Cada existência é um sonho dentro de outro, não é mesmo? Continuará você a passar indefeso por todas essas ilusões e pelas dificuldades que elas criam? Cada nação acha justificados os seus modos e considera seus costumes os melhores. Você vai continuar nesta ilusão? Eu não. Pois a menos que a sabedoria impere, a reencarnação é uma experiência muito problemática. Devemos evitar a reencarnação forçada, por ser uma dolorosa continuação da ilusão onírica. Por quanto tempo você passará pelas mudanças denominadas vida e morte? Até compreender plenamente a natureza onírica da criação e, em Deus, despertar de todos os pesadelos. A vida é um sonho que não vale nossas lágrimas Quanto mais vejo a vida, mais percebo que é um sonho. Encontrei segurança superior na filosofia que agora lhes transmito. Compreendam que vocês vivem única e exclusivamente pela graça de Deus. Se Ele retirasse Seu pensamento, a manifestação física deixaria de existir. Este mundo é um lugar de sonhos, e aqui estamos todos sonhando. A vida não é real; rimos e choramos na maior das ilusões, e não vale a pena derramar lágrimas por isso. Dar realidade às experiências terrenas é fazer um convite ao sofrimento indizível. Identificando nossa consciência com o mundo, só veremos um lugar de padecimento. O que nos livrará disso? Dinheiro? Não, nada material. O único caminho para a libertação é conhecer Deus e perceber que Ele e nós somos uma só coisa, para sempre. Lembre-se disso. Deus seria realmente muito cruel se este mundo fosse real. Mas Ele sabe que, quando tivermos passado um número suficiente de
  • 35. vezes pela fornalha do sofrimento e da morte, despertaremos e venceremos a ilusão: perceberemos a Terra como um sonho divino, e não reencarnaremos mais. No Bhagavad Gita, Deus fala por intermédio de Krishna, prometendo: “Meus nobres devotos, tendo chegado a Mim (o Espírito), alcançaram o êxito supremo; eles já não estão sujeitos a outros renascimentos nesta moradia do sofrimento e da transitoriedade”. 6 6. VII:15. Suponhamos que um homem seja atingido por uma bomba, morrendo instantaneamente. No campo de batalha, ele estava paralisado pelo medo mas, após a morte, percebe alegremente que está livre do medo e do túmulo corporal. Mas não é necessário sofrer provações para chegar a esse conhecimento. É melhor obter sabedoria pelo esforço espiritual consciente. E, se temos de suportar testes, que seja com a atitude correta. Vejam o exemplo de Jesus: foi pregado na cruz e teve de suportar aquele sonho de sofrimento. Mesmo assim, antes de ser crucificado, disse: “Derrubai este templo, e em três dias o levantarei”. 7 Ele sabia que o corpo, os pregos com que seria pregado na cruz e até o processo da morte eram apenas sonhos. Por compreender isso, sabia que podia recriar a vida em seu corpo-sonho. Não é um modo maravilhoso de encarar a ilusão de vida e morte? É o único modo. Krishna iniciou sua revelação a Arjuna, no Bhagavad Gita, exortando-o a lembrar a natureza transitória da matéria e a natureza eterna Daquele que nela habita. 7. João 2:19. Sonhamos nossas próprias limitações A vida nos ensina a acreditar que ela é real. Você acha que precisa de comida e sono diariamente e que sem isso vai morrer. Seus hábitos o obrigam a comer todos os tipos de alimentos prejudiciais à saúde, como a carne; além de fumar, beber e pensar que não pode passar sem essas coisas. Estamos todos sonhando, loucamente, limitações diferentes em nossa consciência, e quando escorregamos para o fosso do pesadelo de um comportamento errado, passamos por maus bocados, até conseguir sair. Pense no tempo e esforço que você gasta cuidando do corpo. E aonde isso o leva? Você sabia que, quanto mais solícito for com o corpo, mais sofrimento terá? Se se identificar muito com esta forma-sonho, estará desesperadamente afundado na ilusão. Assim que atribuir realidade aos pensamentos-sonhos, de onde nasceram todas as coisas criadas por Deus, a realidade-sonho começará a puni-lo com sofrimento-sonho. Todavia, quando perceber que Deus é tudo no universo, nada mais o ferirá. Se compreender que tanto a água quanto o corpo são sonhos divinos, poderá caminhar sobre as águas como Jesus — pois uma forma-sonho pode caminhar sobre outra. Desaparecerá a barreira de diferença entre líquidos e sólidos, ou entre qualquer outra forma de matéria. Mas você tem que perceber isso totalmente; tal poder não vem simplesmente com a imaginação.
  • 36. Na Índia, há casos de pessoas que caminham sobre o fogo sem sofrer uma queimadura sequer. Alguns dos principais cientistas da Inglaterra observaram um menino que andou sobre oito metros de brasas ardentes. Um jornalista achou que era tudo uma fraude e tentou imitar o feito, mas ficou seriamente queimado. O menino, por meio de certos processos mentais, convencera sua mente de que o fogo era apenas consciência e, portanto, não podia ferir o corpo, que também é consciência. O frio não lhe causará mal algum se acreditar que ele não pode afetá-lo. Mas, se achar que vai ficar resfriado, é o que acontecerá. O fato é: você não está colocando o controle mental em prática. Controlando a mente, experimentará a verdade: o universo é uma ilusão. É por isso que os santos exigem que seus seguidores disciplinem o corpo e não lhe deem demasiada atenção. O propósito não é torturar o corpo, e sim poupar o discípulo de todas as dificuldades que o assaltarão se acreditar que o conforto vem das coisas materiais. O bem-estar vem da mente. Mude sua atitude mental e não sentirá desconforto. É melhor simplificar a vida. Na Índia, vi santos que quase não se alimentam e que vivem sob as mais rigorosas condições; entretanto, têm um corpo maravilhosamente forte, muito mais forte do que o do americano médio, que é bem alimentado e bem cuidado. Esses santos treinaram a mente a não depender das coisas externas para ter saúde e contentamento. O mundo exercita a nossa mente de maneira diversa. Faz com que nos acostumemos a coisas em excesso e que passemos a pensar que não podemos ser felizes sem elas. Simplifique a sua vida, e também a de seus filhos. Se não o fizer, as experiências da vida lhes darão amargas lições de decepção. Os ensinamentos da Self-Realization constituem uma filosofia de vida: meditação correta, pensamento correto e vida correta. Eduque seus filhos nesta filosofia. Não os mime, nem ensine, com maus exemplos, a se preocuparem demais com o corpo e com desejos prejudiciais; dê-lhes uma boa formação. Por que escravizá-los à ilusão? Dê-lhes a verdadeira liberdade: mantenha a simplicidade na vida de seus filhos, ensinando a paz e a felicidade que vêm de dentro. Faça o mesmo com sua própria vida. Não fique preso a nada. Esta filosofia o salvará. Se estou sentado e a cadeira se quebra, isso não me afeta. Procuro outra cadeira; não faz diferença. Quando você se apega a alguma coisa, essa possessividade aprofunda a sua ilusão. Um dia, será rudemente despertado e descobrirá que nada lhe pertence. Não é tolice, portanto, estar preso a coisas que na verdade nunca foram suas? Você deve agir como se estivesse cuidando de tudo só por um tempo, como a empregada que mora na casa dos patrões, dela cuidando com dedicação, fidelidade e lealdade, embora saiba que seu verdadeiro lar é outro.
  • 37. Não leve a vida tão a sério Este mundo é um lugar horrível. Aqui não há segurança. Mas o que fazer? Precisamos parar de levar a vida tão a sério. A ilusão pode ser vencida se nos aferrarmos a uma filosofia, pois aqui tudo é só um filme divino. Nós somos os atores. Precisamos representar bem nosso papel, sem identificação muito intensa com o drama. A meditação aponta o caminho para a liberdade interior; é o único modo de perceber que o mundo é um sonho, que o cosmos inteiro foi criado do pensamento de Deus. Portando, embora Ele tenha criado esta Terra- sonho, também mostrou a saída. Das coisas terríveis que acontecem no mundo, não existe nada que não possa ser imitado num pesadelo. Você já passou por isso. Num sonho, se sua perna é esmagada por um carro, o sofrimento parece tão real como se aquilo tivesse de fato acontecido. Mas, ao acordar, você ri e diz: “Que bobagem! Foi só um pesadelo.” É exatamente o que acontecerá quando você despertar em Deus. Ele o sacudirá do pesadelo dizendo: “Qual é o problema? Você apenas sonhou o sofrimento e a morte.” E Ele lhe mostrará a realidade. Esta experiência é dada, no final, a todo ser humano. É maravilhosa! A criação onírica de Deus não foi feita para nos amedrontar, e sim para nos incitar a perceber, finalmente, sua irrealidade. Então, por que ter medo? Jesus disse: “Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses?” 8 Entretanto, até Jesus esqueceu, por um instante, sua natureza divina imutável quando clamou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” 9 No entanto, Cristo logo voltou a compreender que era filho de Deus e que jamais poderia ser destruído, o que provou com sua ressurreição. Sua vida inteira foi uma prova de que ele verdadeiramente ressuscitou do sepulcro da ilusão. 8. João 10:34. 9. Marcos 15:34. Se você sabe intelectualmente que a vida é um sonho, mas ainda não percebeu isso completamente e não encontrou Deus, você não está nem dentro nem fora do mundo. É bem triste isso. Não continue enredado na ilusão. Faça um esforço supremo para alcançar Deus. Falo de uma verdade prática, de senso prático; dou-lhe uma filosofia que eliminará toda a consciência de sofrimento. Nada tema. Se a morte vier, tudo bem. O que tiver que acontecer, acontecerá. Recuse-se a ser intimidado pelo sonho. Afirme: “Não tenho medo de doença, pobreza ou acidentes. Abençoa-me, Senhor, para que, quando me puseres à prova, eu perceba que os testes têm natureza ilusória e seja vitorioso, agindo de modo positivo e permanecendo interiormente unido a Ti.” Na meditação desaparecem os sonhos ilusórios A meditação é o esforço para entender e expressar a consciência pura que é o reflexo, ou imagem, de Deus dentro de você. Acabe com a ilusão da consciência
  • 38. corporal e das exigências físicas e mentais por “necessidades desnecessárias”. Seja o mais simples possível; você ficará espantado ao ver como a vida pode ser descomplicada e feliz. Portanto, liberte-se. Caso contrário, a morte o pegará de surpresa e você aprenderá dolorosamente que está apegado e despreparado para partir deste mundo. Contudo, se com meditação, vida e pensamento corretos você puder correr para o Infinito, os sonhos de vida e morte desaparecerão na alegria sempre-nova do Seu Ser eterno. Portanto, meditar é morrer para o mundo sem morrer. É uma nova explicação que recebi do Senhor. Ao meditar você faz, conscientemente, o mesmo que faz inconscientemente todas as noites enquanto dorme. Quando olha para o corpo e pensa em suas dores e penas, você diz: “O que é isto? É claro que vou acordar e ver que é tudo um pesadelo!” A resposta vem todas as noites, durante o sono: o mundo onírico e o corpo onírico, com suas dores e mágoas, desaparecem da tela da consciência. Se a vida não fosse um sonho, você não poderia fugir dela, nem mesmo no sono. Todas as noites, a consciência sai do corpo, lembrando-o de que não é o corpo. E o que você experimenta inconscientemente quando dorme pode experimentar conscientemente quando medita. Sem adormecer nem perder a consciência, mantenha a mente calma e tranquila em meditação profunda — exatamente como acontece no sono subconsciente, sem sonhos — e entre no mundo mais sutil da superconsciência. Lá, o corpo é esquecido e você usufrui da paz e bem-aventurança da alma, seu verdadeiro Eu, e da união com Deus. No samadhi da meditação eu vivo esta venturosa liberdade. E você também deve fazer o esforço, meditando, para elevar-se acima da ilusão e conhecer sua verdadeira natureza. Se puder manter essa consciência o tempo todo, na atividade e na meditação, não se deixando perturbar pelas experiências ilusórias, estará acima do mundo onírico de Deus. O sonho terá terminado para você. É por isso que o Senhor Krishna enfatizou que, se quisermos liberdade no Espírito, precisamos manter a mente serena em todas as situações: “Aquele a quem esses (contatos dos sentidos com seus objetos) não podem agitar, que é tranquilo e imparcial na dor e no prazer, somente ele está apto para alcançar a perenidade”. 10 10. Bhagavad Gita II:15. Nunca fique mentalmente agitado O treinamento que recebi de meu mestre, Sri Yukteswar, foi maravilhoso nesse sentido. Acontecesse o que acontecesse, ele não aceitava desculpas quando eu ficava mentalmente agitado. Eu costumava ir ao ashram e sentar-me a seus pés, para meditar e ouvir sua sabedoria. Quando chegava perto da hora do trem que me levaria de volta para casa, ele percebia meu desassossego e apenas sorria, sem me dar licença de partir. No começo, eu não achava aquilo razoável. Mas, depois de um período um tanto quanto tenso dessa disciplina, ele explicou: “Não vejo com má vontade o fato de você aprontar-se a tempo de ir para a estação;
  • 39. mas digo que não há necessidade de ficar inquieto. Por que permitir que a agitação nervosa perturbe sua mente? Quando estiver comigo, esteja naturalmente calmo, e quando a hora do trem chegar, prepare-se calmamente para sair.” Ele me fez perder vários trens até que eu aprendesse a ser calmamente ativo e ativamente calmo. É isso mesmo que você também precisa aprender. Em vez de correr em estado de agitação emocional para chegar a algum lugar e, uma vez lá, nada aproveitar por estar inquieto, procure ser mais calmo. Não existe justificativa para a agitação interior. Se você estiver sempre calmo, será também mais eficiente. E se quiser despertar deste mundo de sonho cósmico, precisa agir com serenidade — independentemente do que aconteça. Assim que a mente se inquietar, golpeie-a com a vontade e ordene que se acalme. Não faça tempestade em copo d’água por coisa alguma. Lembre-se: sempre que se preocupa, você intensifica a ilusão cósmica em seu interior. São seus próprios sonhos que atemorizam você Em todas as experiências sensoriais, faça a anotação mental: “É um sonho”. Os três sonhos que Deus fez mais fortes no homem são os prazeres do sexo, do dinheiro e da bebida. Não lhes dê demasiada importância. Aprenda a viver moderadamente e estará livre. Quanto mais força der a qualquer um desses sonhos, tanto mais isso será um demônio a mantê-lo longe de Deus. Contudo, se você quiser ser livre, nada poderá afastá-lo de Deus, nem mesmo as maiores fraquezas que tiver. Lembre que os hábitos são apenas sonhos que você alimentou e que o escravizam. Você pensa que não pode passar sem a bebida, mas é a mente que o prende ao pensamento de beber. Elimine o pensamento e o sonho terminará; você estará livre. Ninguém o mantém iludido, exceto você mesmo, e só você pode se libertar. Não há maior inimigo nem melhor amigo do que o próprio eu. Deus nos deu livre-arbítrio; podemos ficar na ilusão ou dela sair. São seus próprios sonhos que o atemorizam. Seriamente transtornado, um homem foi ter com Lahiri Mahasaya. 11 “Vejo sempre a mão de um fantasma tentando me estrangular.” 11. Guru do guru de Paramahansa Yogananda e grande discípulo de Babaji, por meio de quem o Mahavatar tornou conhecida a ciência da Kriya Yoga, para benefício dos buscadores de Deus nesta era. (Ver glossário.) Lahiri Mahasaya disse: “Você está assustado pelo próprio sonho.” “Mas não é sonho”, replicou o homem. “Eu vejo o fantasma.” “Mesmo assim, não é real; tudo é sonho”, completou Lahiri Mahasaya. O homem acreditou nas palavras do Guru e ficou curado. Você também deve usar a mente para mudar, para curar-se. Afirme sempre: “Nada pode me ferir. Nada pode me abater.” Perceba que você é tão bom quanto o melhor dos
  • 40. homens; tão forte quanto o mais forte. Acredite mais em si mesmo. Fortalecendo a mente, ficará livre do pesadelo. O poder da mente é ilimitado Os feitos realizados pelos grandes santos podem ser milagres para nós, mas não para eles. Quando você sabe que a mente é o poder que cria o universo, não há nada que não possa fazer. Mas no começo não tente fazer coisas “milagrosas”. A mente é tudo, mas enquanto você não aprender a usar este poder, é tolice raciocinar: “Já que tudo é mente, pularei deste penhasco e nada me acontecerá”. No entanto, você fará tudo aquilo que realmente convencer a sua mente de que pode fazer. Uma vez que tudo é produto mental, tudo pode ser controlado pela mente. À medida que desenvolver a força mental, terminará por conseguir fazer qualquer coisa. Os grandes mestres já demonstraram isso. Jesus curou doentes, ressuscitou os mortos e transformou água em vinho. Krishna ergueu uma montanha inteira, suspendendo-a acima de seus devotos para protegê-los de uma tempestade devastadora. Os avatares provaram que tudo é mente. Não foi mera imaginação: eles sabiam, e puderam dizer: “Eu e meu Pai somos um”. 12 E, assim como o Pai criou tudo de Seu sonho, os que estão unidos a Ele podem fazer o mesmo. É assim que os seres divinos realizam milagres. 12. João 10:30. “Não sabeis que sois templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” 13 Se você purificar e expandir a mente pela meditação, recebendo Deus na consciência, também estará livre da ilusão de doenças, limitações e morte. Este mundo não foi feito para ser um refúgio de paz, mas sim um lugar de sonhos — pesadelos com ocasionais sonhos bons — do qual um dia vamos despertar e voltar para a nossa mansão em Deus. 13. I Coríntios 3:16. Só em Deus estamos livres da ilusão Assim sendo, não se apegue aos efêmeros sonhos da vida. Viva para Deus e só para Ele. É o único modo de ter liberdade e segurança neste mundo. Fora de Deus não existe segurança; não importa aonde você vá, a ilusão sempre pode atacá-lo. Liberte-se agora mesmo; perceba que é filho de Deus de modo que possa livrar-se para sempre deste sonho ilusório. Medite regular e profundamente, e um dia despertará em êxtase com Deus, vendo que é tolice as pessoas pensarem que sofrem. Eles, você e eu — somos todos Espírito puro. Krishna disse: “O irreal não pode existir. O real não pode deixar de existir. A verdade definitiva dessas duas proposições é conhecida pelos homens de sabedoria.” 14 14. Bhagavad Gita II:16.
  • 41. Eu poderia fazer reuniões diárias com vocês aqui, mas isso não os ajudaria necessariamente, a menos que ponham em prática o que ouvirem. Nestes encontros aos domingos, talvez eu tenha contado mais do que vocês aprenderiam em outro lugar durante toda a sua vida. Frequentando os serviços, vocês saberão como romper as amarras da ilusão. Estudem as Lições da Self- Realization Fellowship 15 em casa e pratiquem-nas fielmente. Cada ser humano tem que fazer um esforço individual para voltar a Deus. Qualquer pessoa que diga o contrário não fala a verdade. Deus pode ajudar e o guru também, mas só se vocês mesmos se esforçarem para encontrar o Senhor. Vocês não conseguirão ganhar dinheiro por ver os outros trabalharem; o trabalho tem que ser feito pessoalmente. E somente o esforço pessoal para encontrar Deus é que os levará até o Pai. Portanto, empenhem-se ao máximo agora. Reservem a noite para meditar. Meditem com atenção total. Que as preces não sejam imitações nem repetições mecânicas. Entreguem a alma a Deus. Então verão a sua vida — cada minuto dela — transformar-se numa existência mágica. 15. Ver glossário.
  • 42. 3 A Prática Científica da Religião Frequentemente se diz que existe um grande conflito entre ciência e religião. É verdade que os cientistas veem com ceticismo a afirmação das escrituras de que “o céu e a terra” foram criados em alguns dias. Partindo de estudos práticos sobre a Terra e os céus, a ciência provou que a criação resulta de um longo processo evolutivo e que, para citar só a Terra, a progressão de gases para matéria, vida vegetal, animal e humana exigiu milhões de anos. Assim, há uma enorme diferença entre as descobertas científicas e a interpretação literal dos textos religiosos. Uma das virtudes do verdadeiro cientista é ter a mente aberta. Trabalhando com alguns dados, ele realiza experiências até descobrir princípios naturais verificáveis e a forma como funcionam; então, entrega ao mundo o resultado das suas pesquisas. E mostra-se sempre disposto a considerar e investigar em profundidade qualquer nova evidência surgida. Foram os esforços dos verdadeiros cientistas que resultaram na descoberta de todas as leis naturais já utilizadas em benefício do homem. Gradualmente, estamos aprendendo a empregar essas leis de modo cada vez mais amplo e prático; por exemplo, nas inúmeras comodidades desfrutadas em nossos lares. Os cientistas cooperam com Deus Muitas vezes os cientistas são acusados de materialismo, pois contestam crenças religiosas não comprovadas. Mas Deus não os condena por isso. As divinas leis universais operam com justiça imparcial, independentemente das crenças humanas. Neste sentido, Deus respeita as leis, e não as pessoas. Ele nos deu livre-arbítrio e, se acatarmos Suas leis, colheremos os resultados benéficos disso, quer O adoremos quer não. Um cientista cético pode explicar a sua posição da seguinte maneira: “Apesar de não acreditar em Deus, procuro fazer o que é certo. Se Deus existe, vai me recompensar ou castigar segundo o respeito que tenho por Suas leis. E se não existe um Deus, certamente serei beneficiado por estar obedecendo a leis que considero verdadeiras.” Portanto, ateus ou não, e mesmo que seus esforços visem o ganho material, os cientistas cujas pesquisas cada vez mais revelam as leis divinas estão, de qualquer forma, cooperando com Ele para fazer bem ao mundo.
  • 43. Crer é apenas o primeiro passo A lei governa tudo no universo. Entretanto, a maioria das pessoas nunca tentou aplicar as leis científicas de experimentação e pesquisa para testar as doutrinas religiosas. Simplesmente acreditam, pensando ser impossível investigar e provar os textos das escrituras. “Temos apenas que crer”, afirmam para si mesmas e para os outros; e isso tem que ser aceito como suficiente, em religião. Mas a Bíblia diz que “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem”. 1 Ter fé é diferente de crer, que é apenas o primeiro passo. Se eu dissesse que atrás deste prédio há um enorme leão, você provavelmente diria: “Não acredito. Como é possível?” Mas se eu insistisse: “Sim, o leão está lá”, você acreditaria até o ponto em que sairia para investigar. A crença foi necessária para fazê-lo verificar — mas, não vendo o leão, você diria que eu estava inventando coisas! Igualmente, se quero persuadi-lo a fazer uma experiência espiritual, você tem que acreditar em mim antes de executá-la. Pode crer, pelo menos, até prova em contrário. 1. Hebreus 11:1. A fé, entretanto, não pode ser contestada: é a convicção intuitiva da verdade, não se abalando nem por evidências em contrário. A fé cura enfermos, ressuscita mortos e cria novos universos. Jesus disse: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: passa daqui para acolá — e há de passar, e nada vos será impossível”. 2 2. Mateus 17:20. A ciência obedece à razão e está disposta a mudar suas conclusões à luz de novos fatos. A ciência vê a religião com ceticismo apenas porque não fez experiências nesse campo, embora em Harvard já se tenham iniciado tais pesquisas. A psicologia experimental progrediu muito, empenhando-se ao máximo para entender a essência do homem. Já inventamos máquinas capazes de registrar as diferentes emoções humanas: diz-se que uma mentira pode ser descoberta no detector de mentiras, por mais que a pessoa testada tente escondê-la. A Autorrealização é necessária para experimentar Deus O conhecimento científico é construído sobre fatos. O campo da medicina está bem desenvolvido, embora ainda nos falte descobrir a causa e a cura de certos males. Mas o que a ciência sabe tem uma razoável margem de certeza porque os vários fatores pertinentes foram testados; teorias são testadas e comprovadas. Na religião é diferente. As pessoas recebem certos fatos e verdades, e são instruídas a neles acreditar. Após certo tempo, quando a crença não se realiza, começa a dúvida. A partir daí as pessoas peregrinam de uma religião a outra em busca de provas. Ouve-se falar de Deus em igrejas e templos; pode-se ler sobre Ele em livros; mas só se pode experimentar Deus por meio da
  • 44. Autorrealização, conseguida com a prática de técnicas científicas definidas. Na Índia, a religião se baseia em métodos científicos; o país se especializou em realização, e os que querem conhecer Deus devem aprender com esses métodos, que não são propriedade exclusiva dos indianos. Assim como a eletricidade foi descoberta no Ocidente mas os indianos também a aproveitam, a Índia descobriu os métodos para conhecer Deus, e o Ocidente deve disso se beneficiar. Por meio da experimentação, a Índia provou as verdades religiosas. No futuro, a religião será uma questão de experimentação no mundo inteiro; não se baseará somente na crença. Milhões de pessoas mudam de uma igreja a outra sem realmente acreditar, de coração, no que ouviram a respeito de Deus. Dizem: “Eu rezo, mas na maiora das vezes Ele não responde”. Entretanto, Deus está sempre consciente de nossa existência. Sabe tudo sobre nós, embora continuemos a ignorá-Lo totalmente. Esta é a causa das muitas dúvidas que permanecem na mente. Se Deus existe, temos que poder conhecê-Lo. Por que simplesmente ler e ouvir debates a Seu respeito sem nada saber por experiência pessoal? Entretanto, há uma maneira definida para experimentar Deus. Qual? Experimentar cientificamente as verdades religiosas e colocar em prática aquilo em que acreditamos! É possível pôr a religião em prática, usá-la como ciência que pode ser comprovada pela experimentação pessoal. A busca da Verdade é a coisa mais maravilhosa do mundo. Em vez de ser simplesmente uma questão de frequentar a igreja aos domingos, ou de fazer pujas, 3 a religião precisa ter um lado prático. Aprenda a construir a vida em torno de ideais espirituais. Sem aplicação prática, a religião tem pouco valor. 3. Ritual de adoração observado pelos hindus. Um homem que possuía uma fazenda aqui perto era muito materialista. Eu sempre insistia para que ele viesse a Encinitas, até que um dia ele aceitou. Depois de visitar o local algumas vezes, ele me disse, com lágrimas nos olhos: “Nunca pensei que houvesse um lugar onde o próprio ar fala tanto da presença de Deus”. Como veem, a religião precisa ser prática; precisa criar uma mudança — na consciência e no comportamento. Todos os que vêm aqui regularmente mudam seu estilo de vida para melhor. São espiritualmente influenciados pelo ambiente. Assim, a religião precisa passar por testes, de modo a ser comprovada e a ter aplicação prática. Muitas igrejas realizam grandes obras sociais mas não ensinam como ter a prova pessoal de que Deus existe, nem a entrar em sintonia com Ele. A primeira experiência é o silêncio A primeira experiência com a religião precisa começar com o silêncio. A maioria das pessoas nunca reserva tempo para ficar em silêncio ou sentar calmamente