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OSHO
O CIPRESTE
NO JARDIM
UNIVERSALISMO
Sumário
Introdução
Capítulo 1 — 29 de maio, sábado
Capítulo 2 — 5 de junho, sábado
Capítulo 3 — 6 de junho, domingo
Capítulo 4 — 7 de junho, segunda
Capítulo 5 — 8 de junho, terça
Capítulo 6 — 9 de junho, quarta
Capítulo 7 — 10 de junho, quinta
Capítulo 8 — 11 de junho, sexta
Capítulo 9 — 12 de junho, sábado
Capítulo 10 — 13 de junho, domingo
Capítulo 11 — 14 de junho, segunda
Capítulo 12 — 15 de junho, terça
Capítulo 13 — 16 de junho, quarta
Capítulo 14 — 17 de junho, quinta
Capítulo 15 — 18 de junho, sexta
Capítulo 16 — 19 de junho, sábado
Capítulo 17 — 20 de junho, domingo
Capítulo 18 — 21 de junho, segunda
Capítulo 19 — 22 de junho, terça
Capítulo 20 — 23 de junho, quarta
Capítulo 21 — 24 de junho, quinta
Capítulo 22 — 26 de junho, sábado
Capítulo 23 — 27 de junho, domingo
DIÁRIO DE DARSHAN
Poona, Índia 29 de maio/27 de junho 1976
Introdução
Algo absolutamente fenomenal está acontecendo no ashram de Rajneesh em
Poona, Índia. A cada dia, sem muito alarde, mais e mais visitantes de todos os
tipos e idades, afluem aos pés do mestre iluminado, Bhagwan Shree Rajneesh.
Seria impossível caracterizar o tipo de indivíduos que encontram seu caminho
através de tantos milhares de quilômetros, só para ver por si mesmos quem é, o
que é, esse homem incrível. Ao contrário dos devotos de tantos outros sábios,
mestres perfeitos e gurus que têm invadido o ocidente, há uma indiscutível
ausência de semelhança nessa coleção de pessoas.
Neste e em outros diários de darshan, você encontrará poetas, donas de casa,
psiquiatras, carpinteiros, músicos, arquitetos, homens de negócio, políticos
radicais, sacerdotes, professores, até mesmo um marquês inglês e uma
prostituta parisiense. Cada um tem um problema diferente, uma estória diversa
para contar, um caminho diferente atrás de si, e a maioria toca os pés do mestre,
em entrega. A todos Bhagwan responde com um grau de percepção, de
sabedoria terrena e de desenvolvimento pessoal não encontrados em nenhum
líder vivo, religioso ou não, nos dias de hoje.
Para muitos desses buscadores, esse é fim de uma longa jornada e, para todos
aqueles que vestem a roupa laranja e a ‘mala’ de ‘sannyas’ ou discípulo, é o
começo de uma outra viagem, muito mais perigosa e excitante, ao espaço
interior da consciência pura.
O que está acontecendo em Poona pode bem ser a vanguarda da ‘quarta
revolução’, há muito anunciada: a revolução na consciência. Ninguém pode
deixar de se impressionar com a crescente presença aqui de um grande número
de psiquiatras, psicólogos, terapeutas e outros anteriormente envolvidos no
movimento de crescimento humano. Para maioria deles, a meditação e a
orientação de um mestre era inevitável, o único passo possível.
Será registrado como uma das mais belas ironias da história que a ciência da
psicologia tenha retornado ao mesmo solo no qual o seu nome está enraizado.
No próprio Bhagwan, um ex-professor de psicologia e filosofia, o círculo é
completado e uma nova revolução começa.
Ousadamente original é a tarefa de síntese que ele tomou em suas mãos, mas
mesmo assim são os que, dos que leram qualquer um dos seus duzentos e
cinquenta seis livros ou ouviram as suas palestras, iriam negar que ele é capaz
dela. Ninguém precisa forçar a sua visão para ver Bhagwan assumir uma posição
ao lado de três outros revolucionários — Copérnico, Darwin e Freud.
Cada um dele foi um oráculo que destruiu uma ilusão do gênero humano e abriu
a porta para mais novas e mais penetrantes concepções do universo interior.
Cada um deles usou as descobertas do seu predecessor, dando, porém, um
salto qualitativo em áreas mais audaciosas e inexploradas.
Aqueles cuja visão é mais religiosa, que o vêem como um novo Buda ou um
outro Jesus, podem dizer que Bhagwan é o salto qualitativo, feito carne, a
incorporação das mais altas aspirações do homem até agora. Leia e seja seu
próprio juiz.
Sw. Anand Deepesh
1
29 de maio, sábado
Dervesha, um saniasin que estava retornando à Dinamarca, disse que
estava se sentindo ‘bem’ consigo mesmo.
BHAGWAN Estar bem não é o suficiente... sinta-se afortunado. ‘Bem’ não é uma
palavra muito extasiante; é morna. Sinta-se afortunado — e isso é uma questão
de sentimentos. Você se transforma no que for que sinta. A responsabilidade é
sua.
Se você não está se sentindo ótimo, é porque criou isso no passado. Se você se
sente miserável, é obra sua. Este é o significado quando dizemos na Índia: “É
seu próprio karma.” ‘Karma’ significa sua própria ação. É o que você fez para si
mesmo.
E uma vez que você compreende que é você quem o faz, pode abandoná-lo.
Depende de você; ninguém o está forçando a sentir-se desse modo. A escolha
é sua. Você é que escolheu assim — talvez inconscientemente, talvez por razões
sutis que, na hora, lhe pareceram boas, mas que depois se revelaram amargas;
de qualquer modo, foi você quem escolheu.
É duro quando é dito que foi você quem escolheu sua miséria, porque o consolo
de que é outra pessoa quem a está criando lhe é tirado; nem mesmo isto lhe é
permitido. Mas se você compreender, isso será uma grande liberdade. Então,
dependerá de você. Se você quiser conservar sua miséria, a conservará. Se
quiser abandoná-la, não será forçado a conservá-la nem por um único momento.
Há alguns dias, eu estava lendo uma narrativa das memórias de Bennett. Ele foi
um dos mais antigos discípulos de Gurdjieff; foi quem permaneceu por mais
tempo com Gurdjieff. Ele conta que, certo dia, havia trabalhado realmente duro
— Gurdjieff costumava forçar as pessoas a trabalharem o mais arduamente
possível; até quase ao ponto delas caírem de exaustão. Bennett havia trabalhado
muito e estava justamente pensando em ir descansar quando Gurdjieff lhe deu
mais uma tarefa para fazer — ir à floresta e cortar lenha.
Isso era quase impossível. Ele não conseguia nem andar! Estava tão cansado e
com tanto sono que achou que cairia em algum lugar do caminho. Mas quando
Gurdjieff lhe disse para ir, ele teve que ir. Esse era um profundo compromisso
entre Gurdjieff e seus discípulos — tudo o que ele dissesse deveria ser feito. Ele
era ditatorial. E este é o único jeito de trabalhar; não existe outro. Se a pessoa
for clemente, nada acontecerá.
Assim, Bennett foi, mesmo contra a sua vontade, arrastando de algum modo a
si mesmo. Enquanto estava cortando a lenha, de repente, teve um grande
satori... uma grande energia precipitou-se sobre ele. Todo o cansaço foi-se
embora e ele se sentiu mais vivo do que jamais se havia sentido em toda a sua
vida. Estava tão vivo e vital quanto se tivesse descansado por muitos dias.
Sentia-se tão animado, feliz e vibrante que uma idéia veio à sua mente: que
nessa imensa energia, qualquer coisa que ele desejasse aconteceria
imediatamente.
Assim, ele disse para si mesmo: “Deixe-me sentir tristeza”, e imediatamente ficou
muito triste, como se o mundo todo tivesse se tornado escuro; ficou cercado pela
escuridão. Sentiu-se escorregando num inferno. Era inacreditável — em apenas
um momento!
Imediatamente, resolveu tirar a si mesmo dessa situação e disse: “Deixe-me ser
feliz” e novamente estava feliz. Desse modo, ele experimentou todas as
emoções — a raiva, o amor, a compaixão, o ciúme. Bastava que uma idéia
viesse à sua mente e todo o seu ser se transformava nela.
Nesse dia, ele percebeu o que os mestres sempre estiveram dizendo: que é você
quem cria toda as suas emoções — seu inferno e seu céu; seu amor e seu ódio.
Mas, se você não compreende que são criações suas, permanece na prisão.
Uma vez que você compreende que a decisão é sua, por que vai optar pelo “estar
bem”? Estar bem não é muito. Desse modo, sua vida nunca será repleta de
música, dança e celebração. Estando apenas bem, como você celebrará?
Estando apenas bem, como você amará? Por que ser tão miserável?
Mas existem muitas pessoas que estão engasgadas no bem-estar. Elas
perderam toda a energia apenas por causa das suas idéias. O estar bem é assim
como uma pessoa que não está doente, mas que também não está saudável;
está mais ou menos. Você não pode chamá-la de doente nem de saudável. Ela
está justamente no meio desses dois estados. Não está doente de modo a ser
hospitalizada, mas também não está viva e saudável. Ela não pode celebrar. Isto
é o que significa estar bem.
Portanto, abandone isso. Se for muito difícil para você sentir-se afortunado,
sugiro que pelo menos se sinta miserável. Já será alguma coisa; pelo menos,
haverá energia. Você poderá chorar e soluçar. Talvez não consiga rir, mas as
lágrimas serão possíveis. Até mesmo isto será vida. Mas estar bem é muito frio.
Seja miserável ou feliz... e já que é uma questão de escolha, por que escolher a
miséria quando pode escolher a felicidade?
De volta à sua casa, continue a meditar — pelo menos uma meditação por dia.
E esta será a sua meditação de todos os momentos: lembrar-se de se sentir
afortunado. Se você conseguir isso, quando voltar na próxima vez, muito será
possível.
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SAT PRIYA (uma jovem mulher americana) Estive no Nepal por dois
meses. Quando saí daqui após o Dia da Iluminação, senti-me aberta e
muito bem. Então, essa energia transformou-se e eu me senti muito
medrosa, muito paranóica. ainda estou sentindo medo das pessoas, medo
de estar perto delas.
Pode acontecer algumas vezes de, ao se sentir repentinamente aberta, você
começar a sentir o medo chegando. Abertura é vulnerabilidade. Quando você
está aberta, sente que algo errado pode penetrá-la ao mesmo tempo. Isto não é
apenas um sentimento, é uma possibilidade.
É por isso que as pessoas são fechadas. Quando você abre a porta para o
amigo, o inimigo também pode entrar. As pessoas muito espertas fecharam suas
portas. Para evitar o inimigo, elas não abrem a porta nem para os amigos. Mas
então suas vidas tornam-se mortas.
O que é o inimigo? Você disse que o inimigo também pode entrar?
É apenas uma idéia; a idéia de que algo errado pode entrar em você. Não existe
nada que possa acontecer, porque basicamente não temos nada a perder — e
o que temos não pode ser perdido. O que pode ser perdido não vale a pena
guardar. Quando esta compreensão torna-se tácita, a pessoa permanece aberta.
Deixe que o vento entre, deixe que o sol entre — tudo é bem-vindo. Quando você
se sentir harmoniosa para viver com o coração aberto, nunca mais se fechará.
Mas um pequeno tempo deve ser dado para que isso aconteça. Você foi embora
imediatamente após o Dia da Iluminação, portanto deve ter se sentido muito
aberta. Isto pode acontecer nesses dias. É por isso que insisto para que as
pessoas fiquem aqui nessa época. Você pode entrar na onda e alguma coisa
pode se abrir. Mas então você precisa manter essa abertura, do contrário se
fechará novamente.
Apenas o medo deve ser temido, nada mais. E as pessoas não têm medo do
medo; elas têm medo de mil e uma coisas. Mas o medo é o único inimigo, porque
com o medo você começa a ficar aleijado. Você pára de se mover, de se
expandir, de se conectar, de se relacionar, por causa do medo. Quem sabe? —
algo pode sair errado.
Você não ama as pessoas, porque isto será um compromisso, um envolvimento;
então, você se mantém à parte, permanece distante — nunca vai muito para
dentro de modo que não possa sair. Mas então você nunca chega a tocar
qualquer íntimo, nunca chega a tocar o coração de ninguém. Se você não
permitir que alguém toque o seu coração, como será capaz de tocar o de
alguém? Assim, as pessoas conservam-se protegidas, defensivas.
Posso ver que até mesmo os amantes estão se defendendo. Depois, eles
choram e se lamentam porque nada está acontecendo. Eles fecharam todas as
janelas e estão se sufocando. Nenhuma luz nova está entrando e é quase
impossível viver, mas ainda assim eles continuam se arrastando de algum modo.
Eles não se abrem porque o ar fresco parece ser perigoso. Ele traz mensagens
de fora e isto perturba o seu padrão. Você vive numa cela fechada e qualquer
coisa de fora a deixa apreensiva, com a sensação de que terá de mudar seu
padrão de comportamento. Um hóspede chegou e agora você terá de mudar a
sua rotina. Terá de arrumar uma cama para ele; terá de compartilhar. O medo
surge.
Portanto, durante algum tempo, apenas permaneça alerta. Quando você se
sentir aberta, tente desfrutar disso. Esses momentos são raros. Nesses
momentos, mova-se para fora a fim de que possa ter uma experiência de
abertura. Quando a experiência existir sólida em suas mãos, você poderá
abandonar o medo. Poderá dizer que ele é absurdo. Verá que estar aberta é um
tesouro enorme que você esteve perdendo desnecessariamente. E esse tesouro
é tal que ninguém pode roubá-lo. Quanto mais você o compartilha, mais ele
cresce. Quanto mais aberta você está, mais você é. A pessoa torna-se
enraizada, com os pés na terra.
Pense numa árvore. Você pode trazer a árvore para dentro de casa e, de um
certo modo, ela estará protegida; o vento não soprará tão fortemente sobre ela.
Quando as tempestades estiverem furiosas lá fora, ela estará fora de perigo. Mas
não haverá nenhum desafio; tudo estará protegido. Você poderá colocar a árvore
numa estufa, mas pouco a pouco ela começará a se tornar pálida, não será
verde. Alguma coisa no seu interior começará a morrer — porque o desafio dá
forma à vida.
Os ventos fortes que açoitam não são, na realidade, inimigos. Eles a ajudam a
integrar-se. Parece que eles vão desenraizá-la, mas lutando com eles você se
torna mais enraizada. Você aprofunda suas raízes, de modo que a tempestade
não possa atingi-las nem destruí-las. O sol está muito quente e parece que ele
queimará a árvore, mas então ela suga mais água para se proteger do sol e fica
cada vez mais verde. Lutando com as forças naturais, ela atinge uma alma
verdadeira.
A alma só surge através do combate.
Quando as coisas são muito fáceis, você começa a se dispersar. Pouco a pouco,
você se desintegra, porque a integração deixa de ser necessária. Você se torna
igual a uma criança mimada. Portanto, quando isso acontecer, viva
corajosamente. E eu estou aqui.
Esse é o único motivo para eu estar aqui — para ajudá-la a ser corajosa, para
inspirá-la nos momentos em que, se estivesse sozinha, se fecharia; para
empurrá-la em direções nas quais voluntariamente você não iria... para empurrá-
la além de si mesma e ajudá-la a expandir seus limites a fim de que, pouco a
pouco, comece a acalentar a liberdade. Então, um dia virá no qual você
abandonará todos os limites e simplesmente se moverá no céu aberto.
Mm? Tente isso!
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Veena esteve no darshan na semana passada, dizendo que se sentia
fechada a tudo — ao Bhagwan, à meditação.
Bhagwan sugeriu que o problema de fato estava no seu relacionamento
amoroso, mas que ela não queria ver isso e que estava jogando a
responsabilidade em outras coisas. Ele disse para Veena meditar a
respeito disso por uma semana...
VEENA (tranquilamente) Agora entendo o que você quis dizer. Eu não o
amo (o homem com quem ela estava vivendo).
Certo. Você pôde ver algo — e isto é ótimo. Muito pode acontecer. Você
observou mais alguma coisa?
Um monte! Mas a principal é que me dei conta da minha confusão, de
como eu sei pouco a respeito de para onde estou indo e do que estou
fazendo. Tive vislumbres do quanto estou fechada.
Mas me sinto melhor desde o último darshan.
Muito bom... você me parece bem. Toda visão interior, mesmo que seja difícil de
aceitar, ajuda. Mesmo que vá contra sua natureza, também ajuda. Mesmo que
deixe o ego estilhaçado, ajuda. A visão interior é o único amigo. A pessoa deve
estar preparada para ver qualquer fato, sem justificar ou racionalizar de algum
modo. Você fez bem... Estou feliz.
A partir da visão interior, muitas coisas acontecem. Se você não ama uma
pessoa e continua fingindo que ama, nunca será capaz de amar, porque estará
contando com alguma coisa que não existe. Quando o primeiro discernimento
da questão é perdido, você começa a ficar perturbada e confusa. Muitos
problemas passam a existir sem solução visível, porque desde o primeiro passo
uma verdade não foi aceita. Então, você começa a falsificar seu próprio ser.
Existem muitas pessoas com muitos problemas, mas esses problemas não são
reais. Noventa e nove por cento dos problemas são falsos. Se eles não são
solucionados, você fica em dificuldade, se eles são solucionados, nada
acontece, porque eles não são reais. Quando você soluciona algum problema
falso, logo cria outros. Portanto, a primeira coisa é penetrar no problema real e
ver como ele é.
Ver o falso como falso é o início da visão capaz de ver a verdade como verdade.
Ver que o falso é falso é estar no caminho. Então a pessoa pode ver o que é
verdadeiro.
Se você vê que não há amor, o problema dá uma reviravolta total. Então a
questão não é a outra pessoa. A questão básica é você mesmo. Por que você
não consegue amar? Isto pode se tornar um auto-crescimento. Então, você tem
de encontrar meios de amar. A questão não é a outra pessoa — porque você
pode mudar de pessoa, mas continuará igual. Continuará fazendo o mesmo jogo.
O problema real é: por que o amor não está florescendo em você?
Uma vez que você compreende isto, a questão certa foi apanhada em flagrante
e as coisas começam a mudar. Continue observando o ponto e sempre que vir
que está fazendo algo contra o amor, abandone isso; não o faça. Este é o
começo. É difícil amar no começo, mas se pudermos abandonar os atos não
amorosos, isto será uma grande ajuda.
Nós não amamos. Mas este não é o único problema. Nós desamamos: movemos
uma energia negativa.
Assim, em primeiro lugar, comece abandonando qualquer coisa que sinta como
não-amorosa: qualquer atitude, qualquer palavra que você tem usado por hábito
e que agora, de repente você sente que é cruel — que não é amorosa, que não
é terna. Abandone isso! Sinta-se arrependida por tê-la usado. Esteja sempre
pronta para dizer: “Sinto muito.”
Muito poucas pessoas são capazes de dizer “sinto muito”. Mesmo quando
parecem estar dizendo isso, não estão. Pode ser apenas uma formalidade social.
Dizer realmente “sinto muito” é uma grande compreensão. Você está dizendo
que fez alguma coisa errada — e não está apenas tentando ser polida. Você está
se retratando de alguma coisa. Está se retratando de um ato que estava
cometendo. Está se retratando de uma palavra que pronunciou.
Retrate-se do desamor e verá muito mais fatos — esta não é realmente uma
questão de como amar. É apenas uma questão de como não amar. É
exatamente como uma nascente coberta de pedras e rochas. Você remove as
pedras e a nascente começa a fluir. Ela existe.
Todo coração tem amor, porque o coração não pode existir sem ele. Ele é a
própria pulsação da vida.
Ninguém pode existir sem amor; isto é impossível. É uma verdade básica que
todo mundo tem amor — tem a capacidade de amar e ser amado. Mas algumas
pedras — uma educação errada, atitudes erradas, astúcia, esperteza e mil e uma
coisas — estão bloqueando o caminho.
Retire, os atos desamorosos, as palavras desamorosas, os gestos desamorosos
e então, de repente, você achará a si mesmo com uma disposição muito
amorosa. Muitos momentos virão nos quais, de repente, você verá que alguma
coisa está borbulhando — é o amor, apenas um vislumbre. Pouco a pouco, esses
momentos tornar-se-ão mais longos. Assim, por um mês, tente isto, mm? Ótimo,
Veena.
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Devika, o que você me conta?
DEVIKA (uma mulher americana, normalmente viva e expansiva) Sinto
que à medida que a minha energia se volta para dentro, torna-se cada vez
mais baixa. E sinto que estou me pondo no meu próprio caminho; que
estou tropeçando em meu ser.
Não vejo da mesma forma que você. Essa energia não é baixa. Está se movendo
com uma velocidade baixa, mas ela não é uma energia baixa.
Você esteve se movendo numa velocidade louca. Durante toda a sua vida, você
esteve fazendo coisas; manipulando, manobrando, agindo, máscula. É por isso
que eu lhe disse para relaxar, para não fazer nada e deixar as coisas
acontecerem. Queria que você se tornasse feminina. Queria que você se
tornasse passiva, relaxada.
Quando uma pessoa que viveu com uma disposição ativa começa a tornar-se
passiva, sente isto como sendo uma energia baixa. Chamando-a de energia
baixa você a está condenando. A mente ativa diz: “O que você está fazendo?
Está simplesmente morrendo! Tome conta de si mesma e torne-se a ativista que
sempre foi. Aja — não seja uma observadora. Desse jeito, você acabará
morrendo!”
Eu sabia que isso iria acontecer a você um dia. Quando a energia realmente se
move devagar, é sentida pela velha mente ativa como se fosse uma energia
baixa. É apenas um movimento vagaroso... um rio fluindo tão vagarosamente
que você não pode nem sentir que está fluindo.
Um rio pouco profundo faz muito barulho. Um rio profundo não faz barulho. Se o
rio é realmente profundo, você não pode nem perceber que ele está se movendo.
O movimento é muito, muito vagaroso, muito sutil, muito silencioso, sem nenhum
barulho.
Isso é o que está acontecendo: a energia está se movendo vagarosamente. Mas
você a compara com o seu passado, daí o problema. Se você puder permanecer
nesse humor e abandonar o julgamento, um ser totalmente novo surgirá de você.
Então eu lhe direi para tornar-se ativa novamente. Mas a pessoa só deve ser
ativa depois de ter chegado à passividade; antes disso, não. Então você poderá
fazer muitas coisas e mesmo assim permanecer uma não-fazedora.
A isso é que Lao Tzu dá o nome de “ação através da não-ação”. Você age, mas
não há nenhum agente. Não há nenhum anseio de agir. Você age simplesmente
porque é necessário. A vida necessita e você faz.
Assim, não vejo isso como um problema; ou melhor, vejo como uma solução,
mas compreendo sua dificuldade. Se alguém vive num grau de intensidade muito
alto, o tempo todo no mercado, com barulho, barulho e barulho, ao entrar num
espaço mais silencioso, sente quase como se estivesse num cemitério.
Eu vivi numa casa fora da cidade. O bangalô pertencia a um amigo muito rico,
mas ninguém vivia lá porque era tão silencioso, tão solitário que as pessoas
pensavam que devia haver fantasmas por ali; o lugar era chamado de bangalô-
fantasma.
Eu disse ao meu amigo que gostaria de viver lá. Ele me disse: “Você ficou louco?
Ninguém quer viver lá!” Mas eu disse: “Eu irei. Não fique preocupado! Apenas
me dê a chave.”
Era um lugar realmente belo... num pequeno lago com uma grande floresta e
montanhas ao seu redor; e ficava a dez milhas da cidade. Vivi lá por alguns
meses e, pouco a pouco, meu amigo e sua esposa começaram a vir me ver,
porque perceberam que não havia fantasmas por lá e que a casa não era mal
assombrada nem possuída.
Eles resolveram mudar-se para lá comigo e eu disse que estava bem, porque o
lugar era grande. Ele foram, mas a mulher não conseguiu viver lá. Eles tinham
vivido sempre no centro da cidade. Ela me disse: “Isto é tão morto! Não posso
viver aqui, não consigo dormir à noite.”
Eles costumavam viver exatamente no centro da cidade e o tráfego continuava
durante quase toda a noite. Eles estavam acostumados a viver no barulho, assim
quando foram para esse lugar silencioso não conseguiram dormir. Ficaram
perturbados — perturbados pelo silêncio. Eu tentei convencer a mulher de que
era um belo lugar, mas eles tiveram que voltar para a cidade.
Gostaria que você continuasse relaxando por mais alguns dias. Pare de
condenar, pare de julgar e comece e desfrutar dessa energia. É um estado raro
de bênção — esse silêncio, esse estado de movimento vagaroso que, para você,
se parece com a tristeza.
Nós não vemos os fatos: estamos sempre comparando. É por isso que não
percebemos muitas coisas. Por uma semana, simplesmente olhe para isso do
jeito que é. Não compare e nem dê nomes. Não chame de energia baixa nem de
tristeza. Por que se preocupar com rotulações? Seja já o que for, deixe que seja
assim. Simplesmente observe.
Estamos muito viciados em palavras. Se uma pedra estiver jogada e alguém
disser: “Um diamante!” imediatamente você ficará interessada. A pedra estava
lá jogada, antes de ter sido dita alguma coisa, mas então não era um diamante,
porque ninguém havia dito nada.
Agora, de repente, alguém diz: “Um diamante!” e a palavra repercute em seu
coração. Imediatamente, a pedra — que talvez não seja um diamante — passa
a ter valor. A palavra deu esse valor a ela.
Esta é uma das coisas básicas que uma pessoa que busca deve compreender:
não permitir que as palavras distorçam a visão. Do contrário, a percepção é
contaminada, a clareza perdida e sua consciência torna-se poluída. Não dê
permissão às palavras. Simplesmente desfrute do que for que esteja
acontecendo.
Você parece muito silenciosa, mas posso ver em seu silêncio que, no fundo,
você pensa que isso é tristeza. Seu rosto não demonstra silêncio, mas sim
tristeza. Posso ver isso. Por dentro, no fundo do seu coração, há um silêncio,
mas em seu rosto ele se transforma em tristeza. Entre os dois — o coração e o
rosto — em algum lugar, a mente está interpretando. Você parece triste. Você
deveria parecer silenciosa, mas está interpretando.
Se você está se sentindo triste, então desfrute dessa tristeza. O que pode ser
feito? Ela está aí, então por que não desfrutar dela? Cante uma triste canção ou
dance algo triste. Se você sentir que é uma energia baixa, deixe que seja uma
energia baixa. Deite-se e olhe para as estrelas... descanse, não se mova.
Respire vagarosamente, mova-se vagarosamente.
Não tente mudar coisa alguma, de jeito nenhum, por sete dias, e depois venha
me contar o que aconteceu. Nesses sete dias, nenhuma interpretação, nenhum
comentário, nenhum julgamento, nenhuma comparação, seja ela qual for. Viva
como se estivesse se movendo num mundo onde você não conhece nada, assim
não poderá rotular nada. Tudo é estranho, assim você tem simplesmente que
observar as coisas acontecendo.
Após sete dias, eu lhe pedirei uma descrição, não um julgamento. Você terá de
fazer uma descrição para mim. Se a energia está se movendo baixa... eu digo
que essa energia está se movendo devagar; você diz que a energia está baixa.
Seja lá o que for, simplesmente a descreva após sete dias.
Existe uma estória muito famosa sobre um Mestre Zen, Chou Chou. Um monge
perguntou a ele: “O que é uma verdadeira religião?”
Era uma noite de lua cheia e a lua estava surgindo... O mestre permaneceu
silencioso por um longo tempo; não disse nada. Então, de repente, ele voltou a
si e disse: “Olhe para o cipreste no jardim.” Uma linda brisa fresca estava
soprando e brincando com o cipreste e a lua acabara de aparecer acima dos
galhos. Estava lindo, inacreditável... quase impossível que pudesse ser tão lindo.
Mas o monge disse: “Esta não foi a minha pergunta. Eu não estava perguntando
sobre o cipreste no jardim, nem sobre a lua ou sua beleza. Minha pergunta não
tem nada a ver com isso. Estou perguntando o que é uma verdadeira religião.
Você se esqueceu da minha pergunta?”
O mestre novamente permaneceu silencioso por um longo tempo. Então
novamente voltou a si e disse: “Olhe para o cipreste no jardim.”
A verdadeira religião consiste no aqui e agora. O fato deste momento é o que a
verdadeira religião é.
Assim, se você está sentindo tristeza, então esse é o cipreste no jardim. Olhe
para ele... apenas olhe para ele. Não há nada mais a ser feito. O próprio olhar
revelará muitos mistérios. Abrirá muitas portas. Então, por sete dias, olhe para o
cipreste no jardim e, qualquer que seja o cipreste, nesse determinado momento,
olhe para ele. Tente, mm? Ótimo.
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Hari, o que você tem para me dizer?
CHAITANYA HARI (saniasin alemão, compositor das músicas usadas nas
meditações do ashram) Eu vim porque estou me sentindo muito tenso com
você. Nas palestras pela manhã, sinto apenas tensão, fechamento e
nenhum amor. Gostaria de acabar com isto.
Quando você começou a sentir essa tensão?
Nas últimas semanas ou dias.
Durante o dia, sinto-me bem aberto, mas durante a palestra, sinto que não
tenho nenhum amor e sento-me lá como se estivesse dormindo. Percebo
que não o vejo de modo algum e não o ouço absolutamente.
Compreendo... Não tente fazer nada a esse respeito; simplesmente espere. Um
dia, isso explodirá por si mesmo. Se você fizer alguma coisa, isso poderá explodir
antes da hora e você não ganhará muito. Deixe amadurecer.
Essa tensão é como uma gravidez. Por nove meses, a criança tem de crescer
no útero da mãe. Se a criança nascer antes da hora, permanecerá sempre fraca
e sua saúde estará em perigo. Essa tensão é uma gravidez espiritual. Portanto,
não faça nada.
Pela manhã, desfrute disso. É exatamente como uma mulher quando está
grávida: ela sente o estômago enjoado e a respiração fica difícil. Não consegue
digerir bem a comida; sente náuseas e algumas vezes vomita. Ela se sente
incômoda, mas mesmo assim feliz, porque está carregando uma vida nova. Ela
está prestes a se tornar mãe.
Assim, isso será difícil e você sentirá muitas vezes vontade de ficar livre, mas
isto será um aborto. E se você ficar muito ansioso, poderá ter um aborto
acidental. Portanto, não laça nada; proteja esse estado. Essa tensão é boa. Ela
se tornará cada vez mais intensa e será quase como um fogo queimando em
você. Ela estará implodindo e acontecerá cada vez mais amiúde. Tornar-se-á
quase insuportável, mas você tem de suportar isso e suportar alegremente.
Um dia, ela começará a explodir — mas então será um renascimento. Quando o
momento certo chegar, isso vai acontecer. Assim, esqueça tudo a respeito. Não
se deve estar muito consciente dessas coisas, do contrário a própria consciência
torna-se um distúrbio.
E tenho tido esse grande sonho de ficar iluminado. Toda vez que leio algo
sobre você, de um lado isto me ajuda, e, de outro, alimenta este sonho —
de obter alguma coisa e alcançar a meta.
Mm, aceite isso. Esse sonho também é bom. A menos que você sonhe, como se
tornará iluminado? Antes da pessoa tornar-se iluminada, ela tem de sonhar
muitas coisas!
Muito bom (sorrindo). Sonhe bem... e torne esses sonhos mais coloridos e
musicais!
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Agita, uma saniasin indiana, disse que estava consciente dos sentimentos
de raiva que estavam vindo à tona em relação a seu marido. E ela também
veio dizer ao Bhagwan que estava indo para os Estados Unidos por um
curto período.
Acho que isso não é realmente raiva; é alguma outra coisa. Você tem sempre
reprimido a raiva. Tem estado refreando as coisas por causa do medo. Você está
se tornando mais verdadeira, mais autêntica. Quando alguém se torna mais
verdadeiro, muitos problemas surgem.
É por isso que as pessoas são falsas. Elas são falsas por causa da própria
esperteza. O marido está dizendo alguma coisa e a mulher permanece
controlada, porque do contrário, será muito arriscado e já existem muitos
problemas. Por que criar mais? A pessoa simplesmente engole tudo.
Mas isso não é bom, porque a torna falsa. E se você não puder ficar com raiva
de seu marido, o amor desaparecerá — porque quando uma emoção
desaparece, a outra também desaparece; elas existem juntas.
Quando você medita, pouco a pouco torna-se verdadeira. E algumas vezes,
quando você estiver com raiva, dirá que está com raiva. É claro que ele se sentirá
ofendido, porque não esperava por isso, mas não se preocupe. Diga
simplesmente que agora você será verdadeira, sincera, e que qualquer coisa
que esteja lhe acontecendo, você dirá. Diga para si mesma que não continuará
se reprimindo — custe o que custar.
Não estou lhe dizendo para ficar com raiva. Estou dizendo que quando a raiva
existir, não a esconda. Quando o amor existir, não o esconda também. Você
tornar-se-á mais raivosa, mais amorosa, mais briguenta, mais terna — tudo junto.
Uma pessoa autêntica está viva, e tudo que acontece, ela permite que aconteça.
É arriscado — é por isso que as pessoas tornam-se não-autênticas. É menos
arriscado, mas então a vida perde todo o significado. A pessoa fica simplesmente
se arrastando, aguentando-se de algum modo.
Por três meses, você estará na América e isto será bom. Assim, por três meses
seja verdadeira e viva. Será mais fácil estar viva na América do que na Índia. A
Índia é tão morta e permaneceu morta por tanto tempo que é muito difícil tornar-
se verdadeiro, fluido, autêntico, aqui. Na América será mais fácil para você
tornar-se real, autêntica, fluida. Esqueça todas as tolices que têm sido
condicionadas em sua mente. Depois, volte e, aconteça o que acontecer, encare.
Estou aqui para ajudá-la a encarar a realidade.
Não estou aqui para ajudá-la a se ajustar com todos os tipos de coisas. Não sou
a favor dos ajustamentos. Se algo está se tornando feio entre duas pessoas e é
impossível chegar a um relacionamento amoroso, é melhor a separação. Por
que um ficar aleijando o outro? Por que um ficar destruindo a vida do outro? Isso
é muito, muito ruim. Não é compaixão — é assassinato.
Se eu não posso viver com alguém sem que todas as vinte e quatro horas fiquem
envenenadas, então estou envenenando a pessoa e será um gesto de amizade
me retirar. Assim, não serei envenenado e o outro também não. Chegue a um
relacionamento de amor ou separe-se. Nenhum relacionamento é um fim em si
mesmo.
O amor é a finalidade.
Se o relacionamento estiver satisfazendo-a, ótimo. Se ele estiver destruindo o
amor, não tem nenhum sentido.
Esses três meses serão de muita ajuda. Medite e seja livre. Tente tornar-se uma
pessoa por seu próprio direito. A mulher indiana perdeu a personalidade. Ela
nunca pensa em termos de sua própria vida. Pensa em termos de esposa, de
filha, de irmã, e todos esses tipos de coisas. Mas ela nunca pensa em termos de
ser uma pessoa — e esta é a coisa mais básica.
A primeira coisa a pensar é que você é uma pessoa por seu próprio direito. É
claro que você é uma mãe, mas isto é secundário. Você é uma esposa, mas isto
é secundário. Você é uma irmã, uma filha, mas essas coisas são secundárias. A
coisa básica é que você é uma pessoa com valor intrínseco, um fim em si
mesmo. Nada disso pode ser sacrificado; essa personalidade não pode ser
sacrificada por nada. E tudo pode ser sacrificado por essa personalidade. Você
terá de ser corajosa.
Não estou dizendo para você se separar. Se o amor puder florescer... Ele pode
florescer. Mas não evite nada. Leve em conta a situação inteira. Ao voltar, fale
com seu marido. Coloque todas as cartas na mesa; não esconda nada. Diga que
a situação é esta: ou nós nos amamos e vivemos juntos, ou então, que sentido
há nisso? Por que devemos levar isso adiante?
Vá e medite. Depois, falaremos a esse respeito. Não há nada com o que se
preocupar, mm?
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SURENDRA (baterista australiano) Estou indo embora segunda-feira. E
queria lhe dizer que recebi muito do grupo de música, o qual tem sido
fantástico.
Existe uma outra coisa: Costumo usar o I Ching e tenho curiosidade em
saber se há alguma coisa de errado com esse tipo de coisa.
Você pode continuar a usá-lo, mm? Não há nada de errado nisso, porque não
há nada de certo também (risada). É apenas um jogo. Se você gosta disso, pode
jogar. O certo e o errado são relevantes quando alguma coisa é real, mas quando
é apenas um jogo, ele está certo se você se alegra com ele. Se você sente que
ajuda, está certo. Em si mesmo, ele não tem nenhum significado; é absurdo.
Mas ele pode lhe servir e você pode encontrar caminhos através dele. Isso
apenas demonstra que você não está claro a respeito dos seus próprios
caminhos e precisa de alguma ajuda para encontrá-los. O I Ching torna isso mais
fácil. Você pode jogar a responsabilidade sobre ele. Pode dizer que o I Ching
decidiu assim e que agora você tem de fazer desse modo. Talvez fosse difícil
para você decidir fazer de um jeito ou de outro e isso teria criado muito conflito
em você. Agora, o I Ching decidiu e você confia nele. Decidir torna-se mais fácil;
sua vida fica um pouco mais calma. O I Ching funciona como um óleo lubrificante.
Mas, no final, a pessoa tem que sair de todos os jogos. A vida é sua — por que
deixar que uma pessoa que escreveu um livro há cinco mil anos a decida por
você? É melhor decidir por si próprio. Mesmo que você erre e se perca, ainda
assim será melhor decidir por si próprio. E se você não se perder e tiver uma
vida mais bem sucedida através do I Ching, então também isto não será bom
porque você estará se descartando da responsabilidade. E através da
responsabilidade, a pessoa cresce.
Tome a responsabilidade em suas mãos. Estes são meios de evitá-la. Uma
pessoa a joga em Deus, outra no karma, uma outra no destino, outra ainda no I
Ching, mas as pessoas continuam jogando-a sobre os outros.
Uma pessoa torna-se espiritual quando toma toda a responsabilidade em seus
próprios ombros.
A responsabilidade é imensa e seus ombros são fracos, isto eu sei. Mas quando
você aceita a responsabilidade, eles se tornam mais fortes. Não há outro jeito
deles crescerem e tornarem-se fortes. Se você joga e se sente bem, não há nada
de errado nisso. Mas devo dizer que não há nada de certo também. É apenas
um jogo... divirta-se com ele.
Um jogo da mente?
Um jogo da mente. E um dia você terá de deixá-lo.
Ele não é um uso constante. É apenas para certas decisões.
Sim, sempre que está sentindo dificuldade para decidir, quando está sentindo
que é demais decidir por si mesmo, você decide com o I Ching. Você pode decidir
jogando uma moeda, será a mesma coisa. Mas este jogo não é tão digno de
confiança, porque o I Ching tem autoridade — é uma tradição de cinco mil anos
— e tantos intérpretes disseram que tudo nele é belo, que está perfeitamente
certo. Quando você joga uma moeda, sabe que é você quem a está jogando.
Penso que é a fascinação — o fato dele ter cinco mil anos de idade.
Sim, o passado dá muito significado. Mas o momento que está sendo decidido
está aqui e agora e você o está decidindo pelo passado. Isso está basicamente
errado. Não o decida pelo passado, não o decida pelo futuro. Decida-o
exatamente agora. Responda no momento. Isto é o que é responsabilidade.
Encare cada momento e decida.
Uma moça diz que gostaria de se casar com você. Aí você fica em dúvida se
deve dizer sim ou não e então vai ao I Ching. Você está se esquivando da
responsabilidade. Se alguma coisa sair errada, a culpa será do I Ching; se sair
certa, foi o I Ching quem resolveu — mas você está se esquivando.
Este não é o caminho do crescimento espiritual. Se você quiser dizer não, diga
não. Se quiser dizer sim, diga sim. Se não puder decidir, diga os dois: sim e não.
Você pode dizer que é assim que você se sente: cinquenta por cento sim e
cinquenta por cento não (risada) — que é assim que você está, mm? Mas seja
verdadeiro.
Guarde isto com você (Bhagwan dá a Surendra uma pequena caixa de
madeira, que é usualmente dada às pessoas que estão indo embora para
que se lembrem dele). Isto é um I Ching! (muita risada).
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O grupo de música Nadam estava no darshan nessa noite. O grupo tem
se encontrado todas as noites, com exceção dos dez dias de campo,
durante mais ou menos duas horas, no pátio de meditação Radha.
Formado, pela primeira vez, há alguns meses, o grupo vem se
consolidando aos poucos. No momento, ele consiste de dez saniasins que
tocam instrumentos variados — tambura, guitarra, tambores, flautas,
acordeão, bandolim — e de alguns cantores. Outros saniasins são
convidados para participar cantando e dançando.
Bhagwan diz que antevê o grupo de música sendo muito grande um dia e
que a música será uma atividade na qual todos no ashram ficarão
envolvidos. “Música é meditação e é sagrada.”
A música auxilia-o a entrar em harmonia consigo mesmo. Se você estiver
realmente envolvido pela música exterior, ela o colocará em contato com a
música interior. Fique totalmente possuído, como se você não estivesse lá e
fosse apenas um veículo para algo desconhecido, para algo do além.
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Nessa noite, após o grupo ter se apresentado, Kabir, o líder, disse a
Bhagwan que eles haviam sentido uma dificuldade enquanto estavam
praticando.
KABIR Quando estamos nos preparando para compor a música, há um
momento no qual ficamos com a sensibilidade realmente aberta e
vulnerável. Se nesse momento há alguém por ali um pouco distante do
grupo, ou se um dançarino começa a fazer uma cartarse, fica difícil estar
completamente aberto.
Quando há energia catártica ao redor, fica difícil; uma perturbação, um
conflito acontecem. Sentimos que estamos em busca de uma
sensibilidade muito sutil e isso faz com que ela se perca.
Mm, compreendo.
Isso só é possível com um grupo permanente. Pessoas novas estão vindo e elas
não são capazes de serem tão sensíveis no começo. Mas tente.
Mais tarde, poderemos fazer duas coisas. Durante uma hora, apenas o grupo
permanente poderá participar; depois, os outros terão permissão para participar
por mais uma hora. Assim, na realidade, vocês terão dois grupos — um
permanente e outro ocasional. Com o grupo ocasional sempre haverá alguma
dificuldade. Mas as pessoas que estão trabalhando juntas todos os dias
começarão a se sentir parte do coletivo, assim nada será desviado e ninguém
sairá de sintonia. Mas para isso uma intimidade muito profunda e um longo
trabalho serão necessários.
Daqui a seis meses, quando você estiver com um grupo de trinta pessoas
permanentes, faremos os dois grupos. O grupo permanente será a base e os
outros poderão chegar nele. Mas, por enquanto, haverá essa dificuldade.
Quando dizemos para as pessoas serem espontâneas, algumas delas
imediatamente pensam que isso significa fazer catarse, que ser espontâneo
significa ser catártico.
Organize o grupo de modo que algumas pessoas que estão vivendo no ashram
e que ficarão aqui permanentemente — vinte ou trinta — formem a base. Você
pode ter vinte no grupo e dez que dancem. Se trinta pessoas estiverem
trabalhando em harmonia, será difícil que um recém-chegado fique fora de
sintonia. A energia do grupo funcionará como um vórtice e o recém-chegado será
puxado para dentro.
Mas pouco a pouco as coisas se acomodarão. Está tudo indo bem... ótimo, Kabir.
2
5 de junho, sábado
ANURODHA (um saniasin francês, estudante de ciências políticas).
Experimentei alguma coisa muito estranha após o Grupo de Iluminação
Intensiva. Senti que estava desconectado comigo mesmo — eu estava
aqui e meu corpo estava lá embaixo. Foi muito assustador. Comi um
sanduiche e isso me fez sentir melhor, mas foi uma sensação muito
estranha.
BHAGWAN Na primeira vez que isso acontece é sempre muito estranho, porque
você não pode fazer uma idéia do que é. Seja lá o que for que aconteça,
podemos ter uma idéia da coisa apenas se já tivemos algum contato com essa
experiência no passado. Mas quando acontece pela primeira vez, você não tem
nenhum passado. Não tem qualquer conhecimento a respeito. Ou melhor, não
tem qualquer mente a respeito. Assim, quando acontece, de repente todo o seu
mecanismo mental pára. Não pode funcionar. Tudo é tão novo para ele que não
consegue digerir. E isso o assusta, porque apenas o que você já conhece não é
assustador.
É por isso que a morte é tão assustadora — porque nós não conhecemos nada
sobre ela e não podemos conhecê-la antes que aconteça. Daí todo o medo da
morte. Se houvesse algum meio de conhecer algo sobre ela, de experimentá-la
um pouquinho, então o medo desapareceria. Na verdade, a meditação é um jeito
de experimentar a morte antes que ela aconteça.
Isso foi o que aconteceu quando você sentiu seu corpo separado de si mesmo.
Num único momento de ruptura, toda a conexão foi perdida. Você ficou
desconectado; nenhuma ponte existia entre você e seu corpo. Isto é tremendo,
terrível. Um medo terrificante surge.
Você fez bem em comer alguma coisa. Isto auxilia, porque no momento em que
a comida entra no corpo você pode reconectar-se consigo mesmo. A comida ou
uma mulher que possa tocá-lo amorosamente podem auxiliar. A mulher será
melhor do que a comida. É comida com alguma coisa mais. Se uma mulher puder
tocá-lo amorosamente, imediatamente você ficará reconectado. É através da
mulher, através do útero da mulher, que você se conecta com o corpo pela
primeira vez.
Se houver alguma mulher perto de você na próxima vez em que isso acontecer,
diga a ela para segurá-lo. Se não for possível, então comer será bom também.
Mas algumas vezes pode acontecer do corpo não ser capaz de receber a
comida. Você pode sentir náuseas ou vontade de vomitar. Isto é possível, porque
o corpo não está com nenhuma disposição para comer. O corpo está no limiar
da morte e você está tentando comer alguma coisa. Isto é contraditório. Respirar
profundamente é bom porque também o reconecta.
Quando a criança nasce do útero, a primeira coisa que tem de fazer é respirar
profundamente. Se dentro de três minutos ela não tiver chorado e respirado,
estará morta, porque o corpo não pode viver por mais de três minutos sem
respirar.
Assim, numa experiência como essa, você está desconectado, como se
estivesse nascendo novamente. Portanto, o choro, a respiração, a comida,
podem ser usados — leite será o melhor, leite morno. Ele o reconectará
novamente com a mãe.
Mas tente permanecer nesse momento terrificante por um pouco mais de tempo.
Não tenha pressa, porque se tiver, perderá muitas coisas que podem acontecer
através disso. Quando a sensação se tornar demais e você não puder mais
tolerá-la, quando sentir que esse será o último momento da sua vida, quando
sentir que está morrendo e ficando aterrorizado de um modo insuportável, então
use qualquer estratégia para trazer a si mesmo de volta ao corpo. Se não puder
fazer nada, comece a correr e saltar
Toda atividade necessita que você esteja conectado com o corpo. É por isso que
os meditadores de todo o mundo têm insistido para que a pessoa se sente
silenciosamente, sem movimentar o corpo — porque nesse estado sem
movimento é mais fácil para a alma e o corpo se separarem, se desconectarem.
Quando você está fazendo alguma coisa, é difícil se desconectar. A ação não é
possível sem que você e seu corpo estejam juntos, mas a inação é.
Da próxima vez em que isso acontecer, tente ficar por mais tempo. Não há nada
a temer. Será uma experiência imensamente valiosa e, pouco a pouco, você verá
a beleza disso. Quanto mais você a experimentar mais a desejará. Logo ela se
tornará uma bênção.
Uma vez que você consiga permanecer no corpo, mas desconectado dele, a
meditação acontece. Este é o primeiro satori. Muitas horas poderão passar, mas
você não sentirá a passagem do tempo. Mas isto só acontece quando o medo já
desapareceu e sua mente tornou-se aclimatada à nova experiência, quando ela
não está mais assustada e sim curiosa. Sua mente ficará tão interessada que
desejará saber mais a respeito disso e o medo será transformado numa
testemunha do que está acontecendo.
Pouco a pouco, entre cada vez mais nisso, e se você começar a sentir que ficará
louco, absorva essa loucura também aos poucos. Muitas pessoas têm ficado
loucas. Se estão trabalhando sem um mestre e sem saber o que fazer, elas
acabam se conduzindo a coisas que não conseguem manejar e podem ficar
loucas. Depois, é muito difícil trazê-las de volta porque essa loucura não é
comum. Não é como uma neurose ou psicose. A psiquiatria não ajudará em
nada, porque essa loucura não está abaixo da mente normal. Ela está acima da
mente normal. É uma ruptura e não um colapso.
E uma ruptura pode ser enlouquecedora. A corrente pode ser forte demais e sua
preparação para isso não ser suficiente. Talvez você seja capaz de suportar
apenas uma corrente de cem volts e não uma de mil volts, então um fusível
estoura ou alguma coisa queima.
Portanto, não carregue demais. Permaneça alerta e entre na experiência cada
vez mais. Um dia, se você puder atravessar tudo isso, chegará um momento no
qual sentirá que tudo está girando, tornando-se louco, ilógico, absurdo, mas você
atravessará; continuará testemunhando. De repente, tudo voltará ao lugar
novamente. Outra vez haverá ordem, o caos desaparecerá e você terá
atravessado a loucura.
Isto é satori: entrar na loucura e mesmo assim não estar louco. É arriscado, mas
tudo o que vale a pena é arriscado.
É como um túnel. Você passa pela escuridão, mas sabe que mais cedo ou mais
tarde sairá dela. Lembre-se de mim sempre que estiver nisso e vá um pouco
mais adiante no túnel. Um dia, o túnel acabará. Você estará no céu aberto — e
este será um novo céu, um novo espaço que você nunca conheceu antes.
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(Para um recém-chegado, um terapeuta de Primal da América). Há alguma coisa
que você gostaria de dizer?
CARL Apenas que eu me sinto realmente honrado por estar aqui.
Então torne-se um saniasin! Pelo que você está esperando?
Não estou seguro de poder me render. Há tanta coisa em mim que ainda
não se rendeu.
Eu sei... todo o mundo se agarra a essa parte que nunca está pronta para se
render. Se você esperar pelo momento no qual estará totalmente pronto, terá de
esperar para sempre, porque a mente nunca é total. Esta é a própria natureza
da mente. Ela não pode ser total, porque quando é total desaparece.
A totalidade é a morte da mente. É um suicídio.
A mente existe na tensão entre poios opostos. É, na realidade, uma tensão entre
contradições. Uma parte diz para fazer isto e a outra fica dizendo continuamente
para não fazer. É assim que a mente funciona. Ela existe entre a tese e a antítese
e nunca permite que uma síntese aconteça.
Mesmo que você sinta algumas vezes que a síntese aconteceu, esse momento
torna-se tese e antítese novamente. Esta é a dialética da mente. Ela tem de criar
o oposto continuamente.
Se o oposto não existir, a mente simplesmente não poderá funcionar. É
exatamente como os dois pedais de uma bicicleta. Um desce, o outro sobe; um
sobe, o outro desce. É assim que se mantém o movimento da bicicleta. Uma vez
que você compreende isto, tem de saltar fora a despeito da parte que diz não.
O sim nunca será total. Ele tem de aceitar o não e absorvê-lo. E esta é a beleza
do sim: ele pode absorver o não também. Então o sim torna-se muito forte. Pense
nisto deste modo: se não houver nenhum não em você, mas apenas sim, esse
sim será impotente. Ele não terá nenhuma energia, porque não terá nenhum
desafio. Se o sim existir apesar do não, então ele será poderoso, haverá energia.
Nunca tente matar o não, do contrário você perderá toda a energia. Perderá todo
sabor, todo entusiasmo, toda possibilidade de crescer. O sim não tem que ser
total — de um certo modo, ele tem de absorver o não também. Tem que
compreender o não — senti-lo, ouvi-lo e absorvê-lo, porque ninguém pode viver
em um não. Tem-se que viver com um sim, porque sim significa vida e não,
significa morte.
Mas pode-se usar o não para definir o sim. Então ele é belo. Torna-se um fundo
com uma figura; torna-se uma gestalt. O não torna-se o fundo, o escuro, e o sim
torna-se uma lâmpada, uma chama — a figura. O não deixa de estar contra o
sim. Na verdade, ele realça o sim, dá um contraste, dá vida.
É por isso que à noite as estrelas são tão belas. Durante o dia, elas desaparecem
porque há apenas luz e o pano de fundo não existe.
Portanto, não gostaria de uma rendição total, porque ela seria morta. Prefiro uma
rendição que não seja total, mas sim muito criativa, que use o não para definir o
sim. Assim, você terá uma visão mais bonita. E nunca estará contra si mesmo.
Senão, você sempre estará tentando abandonar essa parte do não — e ela é
você!
Desse modo é que todas as religiões têm aleijado a humanidade. Elas fazem de
alguma coisa o inimigo. Algumas vezes, dizem que o sexo é o inimigo e então,
as pessoas tentam abandonar o sexo. Outras vezes, dizem que o amor é o
inimigo e então, as pessoas tentam tornar-se não amorosas, frias, porque o amor
traz o apego. Algumas vezes, elas exigem rendição total. Então o que você fará
com a parte do não que está viva, palpitando e protestando? Ela é o que lhe dá
vida.
Nunca tente abandoná-la; ou melhor, tente usá-la numa síntese mais alta. Tente
usá-la numa criatividade maior. Torne-a parte de uma harmonia mais elevada,
porque ela é necessária na orquestra; dá contraste. Assim, quando você se
rende apesar do não, a rendição é mais viva. E este é o único modo de se render.
Se alguém esperar até sentir-se total, verá que isto nunca acontecerá, porque a
totalidade é apenas um ideal; nunca é real. Não pode nunca ser real, porque no
momento em que se torna real você cai morto.
É por isso que no Oriente dizemos que sempre que uma pessoa torna-se total,
esta é a sua última vida. Ela nunca mais voltará, porque chegou à morte
suprema. Isto é o que significa nirvana. Buda não voltará porque chegou a uma
síntese tão total que agora nada está faltando. Perfeição é morte. A pessoa tem
que desaparecer.
Este mundo existe para o imperfeito. Este mundo existe em dialética.
Portanto, não tente; do contrário, isto será uma repressão. Aceite essa parte
negativa. Eu a aceito. Quando dou o sannyas às pessoas, eu sei disso e não
estou pensando que a rendição delas é total. Elas estão se arriscando. Pode ser
que no máximo 51 por cento do ser delas estejam dizendo sim e 49 por cento
estejam dizendo não, mas isto é suficiente. Eu digo que é suficiente. Não há
necessidade alguma dos 99 ou 100 por cento. Esse tipo de pureza é impossível.
Portanto, não espere por isso, mm? Está pronto? (risada. Carl concorda,
sorrindo, vencido desde a primeira frase). Feche seus olhos e se alguma coisa
acontecer no corpo, permita...
Venha aqui! (Bhagwan coloca a mala por sobre a cabeça de Carl). Não fique
preocupado com essa parte negativa. Eu tomarei conta dela!
E este será o seu nome: Swami Purnananda. Ele significa ‘bênção perfeita’.
Agora, você entendeu o truque? (muita risada).
PURNANANDA (rindo) É incrível!
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Devika, o que você me conta?
A Devika havia sido dito para voltar após sete dias de observação de
qualquer coisa que acontecesse com ela sem julgamentos ou qualquer
esforço de sua parte para mudar a situação, apenas ‘olhando para o
cipreste’. (Veja o darshan do dia 29 de maio).
DEVIKA Primeiro, aconteceu uma grande ação e muito trabalho. Então,
me tornei muito clara a respeito do meu problema e de como programo
as coisas. Então, tudo se tornou mais fácil.
Muito bem. Você está com uma aparência muito tranquila. Agora esqueça tudo
isso e seja simplesmente natural. Deixe que as coisas aconteçam como
aconterem. Isto tem sido bom. Agora, apenas flua!
O curso de meditação Vipassana é um exercício de consciência de si
mesmo e de visão interior. Paritosh, o líder do grupo, descreve-o assim:
O ponto principal do Vipassana é simplesmente ver o que é, seja lá o que
for. Não há nada de especial que deva acontecer. Não há sucesso, nem
fracasso. Observamos a entrada e a saída do ar no corpo, o que provoca
um efeito tranquilizante. Isto ocasiona várias coisas, mas principalmente
faz com que permaneçamos no aqui e agora”.
“Você se concentra na respiração enquanto nada mais acontece. Mas no
momento em que algo acontece — medo, sensações no corpo,
pensamentos, sons da rua — e quebra a sua concentração, você vai para
isso. Sentindo, ouvindo, olhando — seja o que for — e permanecendo
com essas coisas enquanto estão presentes. No momento em que
desaparecem, você volta. O estado no qual você entra é de uma
tranquilidade alerta.
Apesar do toque com o bastão não ser tradicionalmente usado no
Vipassana, ele foi introduzido aqui como um meio de ajudar a elevar a
energia das pessoas. Pradeepa, a pessoa que maneja o bastão, tem a
tarefa, durante os dez dias do curso, de tornar alertas as pessoas que
parecem estar cochilando ou perdendo-se em fantasias. Bhagwan sugeriu
em darshans anteriores que as pessoas que recebessem a batida do
bastão — que na realidade é apenas um leve toque — deveriam se curvar
em atitude de respeito e gratidão, em reconhecimento à ajuda recebida
através dele.
O dia é dividido basicamente em uma hora de meditação na posição
sentada, intercalada com meia-hora de meditação caminhando. Existe
uma hora à noite em que as pessoas podem consultar Paritosh
individualmente para tratar de seus problemas. Afora esse, não há
nenhum outro horário durante o curso inteiro no qual se possa conversar.
As refeições e os banhos também são considerados parte dos exercícios
de atenção e meditação. Enquanto uma refeição principal é servida, mais
o café da manhã e um lanche leve à noitinha, as xícaras de chá são
fornecidas o tempo todo, de acordo com a tradição budista.
Até o momento, o centro Vipassana do ashram ainda não está pronto e
os grupos têm acontecido fora do ashram. Mas para este grupo foram
encontradas acomodações dentro do ashram.
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Paritosh, alguma coisa para me contar?
PARITOSH Este foi o primeiro grupo dentro do ashram e isto foi muito
bom. O grupo foi bastante apoiado por toda parte.
Nos dois últimos grupos nós estivemos tentando, sem sucesso, fazer
alguma coisa a respeito da postura das pessoas. Neste grupo, Champa
tirou fotos dos participantes e nós pudemos mostrar a eles suas próprias
imagens, então eles interessados em suas posturas e se esforçaram mais
para se corrigir.
Você acha que seria bom fazer isso em todos os grupos?
Não, não há necessidade. Isso pode ajudar mas é contra a atmosfera do
Vipassana, na qual a pessoa deve confiar em sua própria intuição.
Até mesmo um espelho pode enganar. Na verdade, quando sua fotografia é
tirada, até mesmo isso pode mudá-lo. É muito difícil tirar uma foto que seja
natural. Quando você vai para o espelho, não é a mesma pessoa; e quando olha
para ele, também não é a mesma pessoa. Há uma mudança sutil, porque você
pode observar a si mesmo, e a observação modifica o observador. Você começa
a se enganar; começa a se ver de um modo que não é. Você pode manipular a
si mesmo.
É por isso que o espelho é tão adorado. Ele o ajuda a manipular seu próprio
corpo. Mas assim você está olhando a si mesmo do lado de fora, e a atitude do
Vipassana é da pessoa se sentir pelo lado de dentro. A foto é uma coisa
extrovertida.
Assim, é melhor falar com eles e deixar que vejam por dentro como estão se
sentando, como o corpo está se sentindo, o que a linguagem do corpo está
dizendo, onde há pressão ou tensão, se estão relaxados ou não. Ensine-os a
sentirem pelo lado de dentro.
Na verdade, os monges budistas não têm permissão para se olhar no espelho,
porque olhar no espelho significa estar preparando para os outros.
Você está tomando banho e, de repente, percebe que alguém o está observando
pelo buraco da fechadura. Você não é mais a mesma pessoa: você muda. Nós
vivemos através dos reflexos — e fotografia é um reflexo.
Há uma outra coisa que tem acontecido em todos os grupos. As pessoas
têm dito que a atenção delas está sendo atraída para este ponto
(indicando o terceiro olho) e eu não sei o que está acontecendo.
No começo, pensei que isso era apenas romantismo. Mas tem acontecido
sempre com uma ou duas pessoas em cada grupo. Dharmananda sentiu
isso neste grupo.
Venha aqui, Dharmananda. (dirigindo-se a Pradeepa) Seu bastão! (Risos. E
dirigindo-se a Dharmananda) Feche seus olhos e sinta a tensão no terceiro olho.
Traga toda a tensão que puder para ele, como se o terceiro olho estivesse quase
em fogo, queimando.
Dharmananda, um saniasin australiano, com cabelos desalinhados,
sentou-se diante do Bhagwan com os olhos fechados. Quando Bhagwan
começou a falar, ele franziu seus olhos e contorceu o rosto de um modo
tenso, começando a respirar profundamente...
Esqueça-se de todo o corpo e lembre-se apenas do terceiro olho. Intensifique
isso... não tenha medo... torne-o o mais tenso possível.
Bhagwan colocou a ponta do bastão gentilmente no terceiro olho de
Dharmananda, pressionando por alguns minutos. Depois, disse para
Dharmananda relaxar.
Abra seus olhos...
(para Paritosh) Isto acontece a um ou dois por cento das pessoas. Sempre que
acontecer, diga para alguém fazer isso. Pradeepa pode fazer. Instrua a pessoa
para que se concentre no terceiro olho, do modo mais tenso possível e então,
pressione o terceiro olho por um ou dois minutos. Depois, diga a ela para fazer
com que a tensão fique o mais focada possível num só ponto, a fim de que o
corpo torne-se absorto nele e, de repente, mande-a relaxar.
Se a pessoa sentir que esse fato se repete, então faça isso todos os dias — o
que ajudará imensamente — principalmente às pessoas que sentem a energia
surgindo aí.
Todas as pessoas são diferentes de muitos modos. Por exemplo, Dharmananda,
em sua vida anterior, fez alguma meditação que trabalhou no centro do terceiro
olho, e isto foi feito muito profundamente. Seja o que for que você tenha no
passado, começará a funcionar novamente se a oportunidade certa surgir. Seu
terceiro olho poderá ser facilmente aberto.
Mas só faça isso se a pessoa comentar que isso está acontecendo com ela. A
mesma coisa pode acontecer nos outros centros também. Se alguém sentir uma
tensão muito torto no umbigo, faça a mesma coisa aí também. Essa sensação
aparecerá principalmente nesses dois centros.
Há alguma conexão entre este ponto (indicando o hara-umbigo) e o fato
de por muita atenção aqui? (indicando o terceiro olho).
Sim, há uma conexão. Esses são os dois poios e estão intimamente
relacionados. Há dois tipos de pessoas. A maior delas sentirá mais tensão no
umbigo do que no terceiro olho.
A análise yogue divide as pessoas em dois tipos: as do hara e as do terceiro
olho. Existem mais pessoas do tipo hara, porque o terceiro olho só começa a
funcionar quando a pessoa já esteve trabalhando nele. O funcionamento natural
é no umbigo.
Pradeepa, você tem alguma coisa a dizer?
PRADEEPA (a manejadora do bastão) Apenas que hoje fizemos a
primeira posição sentada do Zazen. Havia cerca de vinte e três pessoas
e fizemos isso por uma hora.
Isso é muito bom. Logo desenvolveremos um grupo de Zazen.
O grupo Zazen que está se encontrando diariamente por uma hora,
durante seis dias, é um pouco diferente do Vipassana, visto que não tem
nenhum efeito tranquilizante. A pessoa senta-se apenas e fica
observando fixamente, o mais alerta possível, um ponto de referência
imóvel na parede.
Quando os pensamentos e as distrações externas surgem — ao contrário
do Vipassana, no qual a pessoa registra tudo o que está acontecendo e
persiste nisso até que acabe — no Zazen que está sendo praticado aqui,
a pessoa fica simplesmente consciente do que está acontecendo, mas
não explora isso. O objetivo é estar totalmente alerta e não deixar nada
passar por você desapercebidamente.
Embora Zazen na verdade signifique “sentar-se silenciosamente sem
fazer nada”, inicialmente algum esforço é necessário. Se você relaxar
desde o começo, nada poderá trazê-lo de volta a si mesmo; portanto, no
começo é preciso um esforço.
“O Zazen é muito puro. Você fica apenas sentado. Não há nenhum
interesse em iluminação, nenhum interesse em mudança”.
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Você também estava no grupo? O que você tem para me contar?
SAMADHI (uma participante do Vipassana). Essa meditação foi algo
muito inédito e novo para mim. Tive uma experiência, Bhagwan, de ir bem
para dentro de mim mesma e sentir meu centro. Então, por alguns
momentos, fiquei desconectada com o corpo e com as emoções e tive
dificuldade para me reconectar. Mais tarde, isso tornou-se mais fácil.
Descobri que quero ficar em contato com isso e tenho medo de me perder
se sair para um relacionamento com as pessoas ou para alguma
atividade. Não sei se devo continuar me movendo para dentro de mim
mesma ou me voltar para fora e perder esse espaço interior.
Essa dificuldade surge, mas não crie qualquer conflito ou dualidade. Não pense
nessas duas coisas como sendo inimigas uma da outra; elas não são. Mas se
você começar a pensar desse modo — que esse se perder é contra o espaço
que algumas vezes você vem a sentir e viver — então criará uma ansiedade
muito grande em si mesma. E essa ansiedade será apenas uma interpretação
errônea feita por você.
Estar perdido faz parte do ritmo. Quanto mais perdida você ficar, mais
profundamente voltará para si mesma. O espaço ficará mais vazio, mais
profundo, se você se mover para bem longe.
Portanto, saia de si o máximo que puder — assim voltará para dentro do modo
mais profundo possível. Isto sempre acontece proporcionalmente. Se você andar
três passos para fora, andará três passos para dentro, Se caminhar três milhas
para fora, caminhará três milhas para dentro. Se você for para o mais longínquo
canto da existência, irá para o âmago mais profundo de seu ser.
Este é um dos pontos básicos para o qual quero contribuir. As religiões têm
sempre criado problemas, porque acham que se você for demais para fora, ficará
incapaz de retornar para dentro, ou se perderá. Por isso, as pessoas ficam com
medo e começam a evitar os relacionamentos, o trabalho. Começam a condenar
tudo o que é extrovertido, terreno, deste mundo. Começam a se guardar em seu
espaço interno. Você pode permanecer nele, mas, desse modo, o espaço interno
ficará muito superficial, porque o pêndulo tem que oscilar para ambos os lados.
Se você quiser que o pêndulo fique sempre à direita, mais cedo ou mais tarde
não conseguirá mais mantê-lo aí, porque quando ele vai para a direita, tem de
voltar para a esquerda. Quanto maior for o balanço, melhor. Portanto, fique no
balanço!
Bhagwan continuou dizendo que através do movimento para os opostos,
a profundidade vem mais facilmente. Disse que se você ficar praticando o
sono o dia inteiro a fim de dormir melhor à noite, verá que não conseguirá
dormir de modo algum.
O sono vem mais facilmente e é mais profundo quando a pessoa entra o
mais totalmente possível na outra polaridade, no trabalho. Bhagwan disse
que esse medo de se perder no mundo exterior vem para todos os que
foram muito profundamente para dentro, mas que as coisas exteriores não
devem ser vistas como distrações.
Nada é uma distração: esta é a minha mensagem. Todo fator de distração deve
ser usado de um modo criativo.
Portanto, quando você estiver perdida, fique tão completamente perdida que, ao
voltar para casa, realmente volte para casa. E nunca crie conflitos com qualquer
ritmo da vida. Todos os ritmos apenas parecem opostos, mas são
complementares — yin e yang, energia masculina e feminina, exterior e interior.
Por isso, assim está ótimo... seu crescimento tem sido muito uniforme durante
esse tempo que você tem estado aqui.
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Você tem alguma coisa para me contar?
SATYAMITRA (um ex-carpinteiro vindo da Austrália) Tive momentos
muito bons no grupo. Foi muito forte para mim. Atualmente, estou me
sentindo melhor ficando mais dentro de mim mesmo do que indo para fora
com as pessoas. Isso é bom para mim?
Sim, neste momento, isso é bom. Esse estado não será permanente, mas agora
alguma coisa está vindo à tona. Quanto mais tempo você der para o interior,
melhor. Dentro de alguns dias você estará livre para mover-se. Este é apenas
um período transitório. Neste momento, você se ajudará mais se não se misturar
demais com as pessoas.
E continue fazendo Zazen em grupo ou sozinho. Quando você sentir que não há
nenhum problema e que pode ir encontrar-se com as pessoas e relacionar-se,
não o evite; mova-se.
Essa situação é exatamente como a de alguém que esteve doente e está se
recuperando. Ele precisa descansar mais do que normalmente. Alguma coisa
nova está vindo à tona e é muito frágil. Se você se mover no mundo, ela poderá
ser perturbada. Quando você se tornar seguro dela, quando sentir que a possui,
quando puder ir para o mundo e voltar para casa novamente sem problemas,
então mova-se e faça tudo o que tiver vontade.
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Outra saniasin, Arupa, que fez o grupo Vipassana, disse que seu
estômago havia ficado muito distendido pelo ar e que isto havia
acontecido quando ela estava respirando de um modo superficial.
Bhagwan sugeriu que o Rolfing (Integração Estrutural) poderia ajudá-la, e
que, assim como muitas pessoas. Arupa havia aprendido a respirar
superficialmente desde a infância, numa tentativa de controlar os
sentimentos. Por fazer isso, uma faixa de ar havia se formado perto do
diafrágma, tornando o corpo dividido. O Rolfing é uma massagem muito
profunda que está disponível aqui por intermédio de um saniasin treinado
por Ida Rolf nos Estados Unidos, que vem desde então praticando-a
extensivamente na América e em Londres. Dois outros saniasins também
o estão auxiliando com a técnica.
Prageet descreve como o Rolfing funciona: “Ao olhar para uma pessoa
que está deprimida, você pode ver que a aparência física dela é
deprimida, comprimida, arrasada. Foi descoberto que não existe muita
diferença entre a estrutura, o funcionamento, o comportamento da pessoa
e a sua personalidade. De algum modo, parecem estar amarrados juntos.
Assim, frequentemente, quando você está trabalhando com uma pessoa
e ela começa a ficar mais ereta, também começa a se sentir melhor. À
medida que ela se liberta da tensão física, liberta-se também do ‘stress’
psicológico. Bhagwan falou a respeito do benefício de se trabalhar através
dos dois grupos e do Rolfing. Uma vez que os padrões foram identificados
e retirados da mente, eles precisam, muitas vezes, ser trabalhados no
nível corporal também. Bhagwan disse que a respiração superficial
tornou-se um hábito...
Agora, ela já entrou na sua musculatura. O Rolfing a ajudará imensamente. E
diga a Prageet para ser duro, porque esta é a única forma da musculatura ser
mudada. Ela é a estrutura de uma vida inteira e o trabalho será doloroso, mas
permita-o.
Depois de dez sessões, quando você começar a respirar naturalmente, por pelo
menos vinte e um dias continuamente lembre-se de respirar de um modo natural
— do contrário, poderá voltar para o velho padrão. Após vinte e um dias, você
nunca mais cairá na velha faixa, porque terá um outro fluxo de vida. O corpo todo
estará vibrando.
E tudo está indo bem.
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Como foi o grupo?
NISHANT (um ex-professor de aparência amarrada) Fazendo os dois
últimos grupos — Iluminação Intensiva e Vipassana — senti um monte de
emoções de homem e criança, mas observei que não senti nenhuma
emoção feminina.
Não há nada com o que se preocupar a esse respeito. As emoções da criança
logo se tornarão femininas; simplesmente espere. Você tem reprimido a mulher
de tal modo que ela não pode vir à superfície diretamente. Ela está sendo trazida
à tona através da criança.
Você já observou que sempre que ama uma mulher começa a chamá-la por
nomes carinhosos que indicam a infância? O rosto de uma mulher é mais como
o da criança e ela mantém essa infantilidade até morrer. Ela não tem barba nem
bigode e é mais suave, é mais como uma criança.
Você reprimiu sua parte feminina tão profundamente que esta não pode encará-
lo diretamente agora. Ela está vindo através de um meio; está vindo através da
criança. A criança é a mulher. Logo você verá uma mudança chegando e a
criança se tornará uma mulher.
As mulheres são infantis — esta é sua beleza e sua vivacidade. Uma mulher de
verdade, de algum modo, nunca amadurece, continua conservando alguma
coisa da virgindade, da pureza e inocência da criança. Uma vez que a mulher se
torna madura, sua face começa a ficar feia. Ela se torna esperta e velhaca.
Assim, essa criança é apenas um símbolo. Quando o inconsciente é reprimido
demais, ele só pode se comunicar através de símbolos. Por exemplo: num
sonho, se você quiser matar seu pai, matará seu tio, não seu pai — porque o tio
se parece com o pai, mas não é o pai. Matar o pai, até mesmo num sonho, é
difícil, então, você mata o tio.
Nosso censor está tão enraizado em nós e temos reprimido tantas coisas que
até a mente inconsciente precisa de alguma vestimenta, de alguma máscara. Do
contrário, até mesmo em sonho sua mão levará uma palmada. O que você está
fazendo? Matando seu pai? Este é o ato mais criminoso do mundo!
Todas as sociedades pensam que o patricídio — o assassinato do pai — é o pior
crime que um homem pode cometer. Por que todas as sociedades pensam
assim? Pode ser porque, se houvesse permissão, muitas crianças gostariam de
matar seus pais. Essa idéia surge naturalmente porque o pai tenta discipliná-lo,
proibi-lo, dar ordens — assim ele se parece com o inimigo. É muito difícil para
qualquer criança não pensar em matar o pai. Você cresce, mas a idéia continua
por dentro.
Certamente o patricídio é um dos atos mais criminosos, porque o pai lhe deu a
vida e você o mata. Ele lhe deu a vida e você lhe dá a morte,
Bhagwan disse que, quando criança, se alguém é um menino e é
condenado por fazer alguma coisa de menina, essa atitude de
condenação torna-se parte da pessoa no seu crescimento e o lado
feminino fica cada vez mais reprimido...
Assim, uma parte sofre, porque cada homem e cada mulher são ambos: homem
e mulher. Essa parte feminina está tentando se comunicar com você. Ela tem
medo de que você não a aceite, então ela toma forma de criança. Aceite-a,
permita-a.
Quanto mais você permitir essas emoções, mais cedo chegará o dia no qual a
criança desaparecerá e a mulher virá. Esta será uma grande experiência, um
satori — quando sua mulher interior e o homem se encontrarem e você se tornar,
pela primeira vez, indivisível. Até agora, você está dividido em duas partes.
Quando elas se encontrarem e houver um orgasmo interno entre essas duas
energias, você se tornará um, indivisível, sem divisões.
Portanto, permita. Isto está sendo muito bom!
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Alguma coisa a seu respeito?
PUJARIN (uma saniasin portoriquenha, cheia de vida) Tive uma
experiência muito boa nesse grupo. Mas, no sétimo dia, eu estava sentada
meditando e nesta parte do meu cérebro (indicando o lado direito)
realmente senti sua presença de um modo muito forte e quis lhe
agradecer.
Mas comecei a sentir o lado direito da minha mente como se estivesse
em fogo e o lado esquerdo ficou realmente caótico. Tentei permitir que os
pensamentos viessem tão caoticamente quanto quisessem, mas desde
que o grupo terminou sinto como se estivesse ficando louca. Os
pensamentos estão indo muito depressa e em ambas as direções.
Mm, mm... feche um olho (indicando o olho esquerdo de Pujarin) e abra o outro.
Ótimo.
Pradeepa, venha aqui. Fique de pé atrás dela e pressione seus olhos. Pressione
devagar e profundamente... pressione um pouco mais... um pouco mais.
(para Pujarin) Ótimo. Agora relaxe.
Pujarin começou a ficar mais tensa à medida que Pradeepa pressionava.
Ela abriu seus olhos, piscando um pouco.
Você pode sentar-se silenciosamente, sozinha, e pressionar seus próprios olhos.
Pressione os globos oculares até começar a ver luzes. Não machuque os olhos;
apenas pressione. Continue observando essas luzes.
Isso acalmará muitas coisas. Faça isso por quatro ou cinco minutos —
pressionando os olhos — então relaxe por cinco minutos e novamente pressione-
os. Faça isso por quarenta minutos e então borrife água fria neles. Feche seus
olhos e sinta o frescor.
Faça isso por quinze dias e depois venha me dizer como está. Os dois lados da
sua mente estão funcionando separadamente. Com todo o mundo acontece isso,
mas quando a meditação toca profundamente, a separação e a diferença ficam
exageradas.
Esse exercício acalmará muitas coisas no seu cérebro e você se sentirá unida e
sã. Então lhe darei uma meditação.
Mas isto é bom. Está bem, Pujarin.
3
6 de junho, domingo
MADHAVA DEVA (um quiroprático americano) Percebi que tenho uma
tendência de não me relacionar muito com você no nível físico, nem de
escrever um monte de cartas a respeito de pequenos acontecimentos.
E sinto que há uma linha sutil no momento em que isso chega a um ponto
no qual meu ego pode estar me pregando uma peça e me fazendo pensar
que posso fazer alguma coisa. Eu sei que não posso fazer realmente
nada; não sou eu que posso fazer alguma coisa, mas apenas tenho de
estar aqui mesmo o tempo todo.
Existe mais alguma coisa que eu possa fazer para me entregar a você?
Sinto-o mais como um símbolo do que como uma entidade.
BHAGWAN Absolutamente certo.
Não quero deixar de aproveitar nada enquanto estiver aqui. Há alguma
orientação ou alguma coisa que você esteja vendo para mim?
A única coisa que pode ser feita é permitir, deixar acontecer. Não há nada para
ser feito positivamente e nada pode ser feito. Mas negativamente você pode
fazer muito.
É quase como se você estivesse sentado em um quarto com as portas fechadas;
o sol surgiu, belos ventos estão soprando e a fragrância está sendo espalhada
pelos ventos, mas você está num quarto fechado. Os ventos estão batendo na
porta, os raios do sol estão batendo na porta, mas você está sentado num quarto
fechado; você não os ouve. A batida é muito sutil. Mesmo que ela fosse muito
forte, você estaria muito envolvido e preocupado consigo mesmo para escutá-la.
O sol não pode entrar à força. Ele não pode coagi-lo. Ele espera. Se você abrir
a porta, ele entrará.
Portanto, quando eu digo que muito pode ser feito negativamente, isto significa
que você pode deixar acontecer, pode deixá-lo entrar. Pode permitir que ele
entre. Pode abrir a porta e ele entrará. Se você não abrir a porta, haverá sol, mas
ele não estará disponível para você. Porém, se ele não estiver presente, você
não poderá trazê-lo. É por isso que eu digo que positivamente nada pode ser
feito. Mas a luz existe; você não precisa produzi-la. A energia existe.
O total está envolvendo-o. Você vive na totalidade assim como o peixe vive no
oceano. Nada há para ser feito. Você precisa apenas se abrir.
Portanto, na verdade, não é um esforço. Ou melhor, é mais um não-esforço. É
passivo. Você não deve ser agressivo com o todo, porque a parte não pode de
modo algum conquistar o todo; é impossível. A parte pode apenas permitir que
o todo a desarme, a inunde, a atravesse de uma ponta à outra... a fim de
preencher você, que é parte, a fim de que você seja absorvido pelo todo. Um
esforço passivo é necessário.
E você está absolutamente certo. Eu não sou uma entidade nem uma pessoa.
Nunca pense em mim como uma pessoa ou entidade, mas apenas como um
símbolo. Você tem de aprender o ABC da rendição comigo. Uma vez aprendido,
poderá ir por si mesmo. Então, você se moverá na totalidade. Eu posso ser, no
máximo, uma passagem para você aprender como se render. No começo, será
difícil sem símbolo. Isto é possível, mas muito, muito difícil e o ego pode fazer
muito mais truques.
Assim, isso é tudo o que você tem a fazer. Não precisa no relacionar comigo
fisicamente, nem escrever cartas ou vir ao darshan com mais frequência. Este
não é o ponto, absolutamente. Apenas não permita que o ego se interponha
entre eu e você, só isso. E isso você pode fazer em qual lugar, em qualquer parte
do mundo, em qualquer planeta, porque isto tem a ver com você, não comigo.
Eu sou apenas simbólico. Sentado em seu quarto, você pode se lembrar de mim
e a lembrança se tornará imensamente penetrante se o ego não estiver se
interpondo, se a porta não estiver fechada.
Lembrando-se de mim, pouco a pouco você me esquecerá e começará a se
lembrar de algo que é o todo, o total. O símbolo tem de ser esquecido, mas age
como um elo.
Justamente hoje eu estava lendo uma estória... Um avião espatifou-se e uma
jovem morreu, mas ela não pôde compreender o que havia acontecido. Isto
acontece em muitos acidentes; esta estória é significativa.
Quando você morre de repente, sem estar pensando a respeito da morte, não
pode acreditar no que aconteceu porque você ainda está aqui. O corpo espesso
desaparece, mas o corpo sutil continua, e ele é exatamente igual, é uma réplica.
Ou ao contrário: o corpo espesso é uma réplica do corpo sutil. Você continua
sentindo o campo de energia do mesmo modo. Você vê suas mãos — só que
mais belas. Você sente seu corpo — só que mais vivo.
Assim, a mulher não pôde acreditar no que havia acontecido. A única coisa da
qual ela se lembrava era de que estava indo para Londres, assim esse desejo a
puxou para lá. Ela flutuou sobre Londres, mas não conseguia acreditar nisso. Ela
nunca havia visto essa cidade tão bela; ela sempre a havia achado horrível.
Agora, ela estava incrivelmente bonita — psicodélica, com muitas cores. Até o
Tâmisa, que ela sempre havia achado tão feio, sujo e poluído, uma rede de
esgotos da cidade inteira, parecia muito belo.
Ela foi para a ponte do Tâmisa, mas não pôde ver ninguém. Muitas pessoas
estavam passando, mas ela não podia vê-las, porque quando você perde seu
corpo espesso não pode ver o corpo espesso dos outros. É difícil, porque nós só
vemos aquilo que somos. Assim, a ponte parecia estar completamente vazia.
Havia casas, mas estavam todas vazias. Ela ficou um pouco amedrontada. O
que teria acontecido a essa cidade?
Então, de repente, seu marido passou pela ponte. Ela pôde vê-lo porque ele
havia sido o único homem que ela amara e esse amor permaneceu como um
elo. Por causa do amor, ela pôde ver o corpo espesso do marido. Então, quando
ela pôde vê-lo, lembrou-se de sua casa, de seu cachorro, dos amigos do seu
marido e, aos poucos, pôde ver cada vez mais pessoas. O marido funcionou
como um elo, de modo que, pouco a pouco, toda a cidade foi repovoada.
Eu funciono para você apenas como um elo. Por meu intermédio, se a rendição
acontecer, seu mundo interior será povoado pelo todo. Será difícil para você ver
o todo diretamente. Através de mim, isso será possível. Portanto, eu sou um
símbolo e sua rendição a mim é simbólica. Ela está direcionada para o todo por
meu intermédio. Eu sou, no máximo, um instrumento, uma ponte para ser
atravessada. Não faça de mim seu lar.
Está tudo indo bem. Apenas lembre-se de uma coisa: não ajude o ego de modo
algum. E sempre que você vir que o ego está demais, venha me ver, do contrário
não há necessidade. Você pode vir para que eu o empurre um pouco para o
lado. Isso é tudo o que há para ser feito. Empurre o ego para o lado, abra a porta
e tudo acontecerá.
Nada especificamente existe para ser feito. Ou melhor, isso é uma espécie de
anulação. Anule o ego, só isso. Tudo está indo bem... Estou feliz!
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Pragyan, um saniasin alemão, pediu a Bhagwan para lhe explicar
novamente o significado do nome de seu filho — Agaya.
Significa aquilo que não pode ser cantado. A felicidade que não pode ser
cantada; é algo tão profundo que você não pode exprimir... a felicidade
inexprimível.
PRAGYAN Este é o seu desejo ou a sua promessa?
Acontecerá. Meu desejo é minha promessa.
Pragyan perguntou a Bhagwan se ele e a mulher com quem estava
vivendo deveriam se casar quando ela obtivesse o divórcio de seu marido.
Primeiro, deixe que o divórcio aconteça e depois venha aqui. Vocês já estão
casados, portanto o casamento será formal. Você pode fazer isso mais tarde se
ela quiser.
Não tenha pressa, porque algumas vezes o fato de se casar, muda a qualidade
do relacionamento. As pessoas começam a tomar o outro como certo; esta é a
dificuldade do casamento. Sem o casamento, vocês são amantes e o amor é
mais fluido, mais fluente. Por você não ter o outro garantido, tem de renovar seu
amor a cada momento.
Uma vez casado, uma vez que o amor tornou-se legal, uma vez que a lei entrou
no amor, a lógica também entra; economia e a política entram no amor. O amor
é um fenômeno privado entre duas pessoas e o casamento é uma relação social.
Quando a sociedade entra, ele se torna público.
Então há problemas, porque mais cedo ou mais tarde começa a pensar em
termos de passado, não em termos de futuro. Então você é um marido e ela é
uma esposa. Você tem certos papéis e esses papéis ficam tão fixos que as
pessoas são esquecidas; apenas os papéis permanecem. Então há a
responsabilidade de ser um marido e um pai, de ser uma esposa e uma mãe. Há
deveres a cumprir, mas a alegria, a brincadeira são perdidas.
Assim, não tenha pressa. Primeiro, venham aqui juntos.
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Kabir, o que você me diz do grupo?
O Tathata é um grupo de vinte e duas horas, com o propósito da pessoa
aceitar totalmente a si mesma, porque a menos que alguém possa se
aceitar, não pode aceitar aos outros.
Tathata significa “tal como é”. Significa estar com o fato, sem qualquer
avaliação a favor ou contra.
“Se você estiver com raiva, então fique com raiva e não julgue se isso é
bom ou mau. Se você conseguir aceitar a raiva sem qualquer julgamento,
sentirá uma profunda liberdade a partir disso. A raiva será liberada e uma
grande tensão irá embora com ela. Acontece o mesmo com todas as
emoções”.
“A repressão não deve ser permitida. A expressão não deve ser forçada.
Isto é o que a palavra tathata significa”.
Kabir disse que viu no grupo como funciona a harmonia que vem através
dos conflitos.
Toda a estrutura do Tathata é concebida de modo a forçar o negativo a vir à tona.
Quando o negativo é liberado na superfície, o positivo aparece. Você não precisa
criá-lo. Precisa apenas de abrir caminho para ele. O negativo se vai, o caminho
está aberto. O negativo abandona o espaço interno e esse espaço vazio
simplesmente atrai o positivo. Você não tem de fazer mais nada.
É assim como se uma semente estivesse na terra com uma pedra colocada
sobre si, de modo a não deixá-la brotar. Você remove a pedra e imediatamente
a semente começa a brotar. Ela estava pronta para brotar, mas não havia
caminho para ela; a pedra estava no caminho. Assim, a raiva, o ódio, o ciúme, a
possessividade — todas as negatividades são como pedras impedindo a
passagem da sua semente positiva. Remova-as e as sementes brotarão.
Você não precisa se preocupar com a semente. Todo o seu esforço deve ser
colocado na remoção das pedras — portanto, concentre-se nisso. Se você
começar a se preocupar com a semente, seu esforço ficará dividido e você estará
fraco para remover a pedra. Sua mente irá para a semente — para a sua
germinação, seu florescimento, sua fragrância. Você não estará total na remoção
da pedra. Se metade da pedra for removida, a metade restante ainda será
suficiente para destruir a semente.
Até mesmo uma única gota de veneno é suficiente para torná-lo triste, para
deixá-lo doente, para matá-lo. Portanto, todo o seu esforço deve ser para extrair
todos os venenos do sistema. Continue forçando... é por isso que eu digo que
você tem de ser duro.
A suavidade não será de nenhuma ajuda. As pedras não darão ouvidos à
suavidade. Você tem de ser quase como um fantasma, assombrando-as. Elas
têm de ser agitadas de um tal modo que todos os seus mecanismos de defesa
sejam quebrados. Você tem de socá-las com força porque todas elas têm
conchas ao seu redor. E a raiva delas não está à mostra. Por cima da raiva há
uma personalidade, um caráter uma estrutura que protege a raiva. Você tem de
ser duro para destruir essa estrutura. Tem de trazê-las para um estado de
descaracterização. Só então elas revelarão sua realidade.
E uma vez iniciado esse processo, continue empurrando; não relaxe. E não se
preocupe com o positivo. Ele virá. Seja duro! Muito bem, Kabir.
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Alguma coisa para contar? Como foi o grupo para você?
DIVYNANDA Sim, eu gostei dele. Eu passei os dez últimos anos no
Canadá, trabalhando como médico em clínica geral e anestesia. Não sei
se devo voltar para isso ou ficar aqui.
É bom continuar o trabalho e continuar trabalhando em si mesmo lado a lado. É
sempre bom estar no mundo. Nunca seja um escapista, porque fugir não irá
ajudar. O melhor jeito é trabalhar no mundo, mas não se perder nele. Trabalhe
por cinco ou seis horas e depois esqueça-se completamente do trabalho. Dê pelo
menos duas horas para o seu crescimento interior, algumas horas para os seus
relacionamentos, para o amor, para as crianças, os amigos, a sociedade.
Sua profissão deve ser apenas uma parte da sua vida. Ela não deve sobrepor-
se a todas as dimensões da sua vida, como normalmente acontece. Um médico
torna-se médico quase vinte e quatro horas por dia. Ele pensa nisso, ele fala
sobre isso. Até quando está comendo é um médico. Enquanto está fazendo amor
com sua mulher, é um médico. Assim, isso é uma loucura, uma insanidade.
Para evitar isso, as pessoas fogem. Então elas se tornam saniasins durante vinte
e quatro horas por dia. Novamente estão fazendo o mesmo erro — o erro de
estar em alguma coisa por vinte e quatro horas.
Todo o meu esforço é para ajudá-lo a estar no mundo e ainda assim ser um
saniasin.
É claro que será mais difícil, porque haverá mais desafios e situações. É mais
fácil ser um médico ou um saniasin. Será difícil ser ambos, porque isso trará
muitas situações contraditórias. Mas a pessoa cresce quando há situações
contraditórias. No tumulto, nesse choque de contradições, a integridade nasce.
Você se torna mais centrado.
Minha sugestão é que você volte, mas com esta decisão: trabalhar por seis ou
oito horas e, então, nas dezesseis horas restantes não ser um médico de modo
algum. Use essas dezesseis horas para outras coisas: para o sono, para a
música, a poesia, a meditação, o amor, ou apenas para ficar à toa.
Isto também é necessário. Se uma pessoa torna-se muito sábia e não pode ficar
à toa, ela se torna pesada, sombria, séria. Ela perde a vida.
Assim, um homem sábio tem de ser tão sábio que se permita um pouco de tolice
também. Esta é a maior sabedoria: usar a tolice como parte da vida a fim de
poder rir — não apenas dos outros, mas de si mesmo também; a fim de poder
brincar sem pensar em nenhum proveito, sem nenhum motivo; a fim de poder
simplesmente se relacionar com as pessoas sem nenhuma razão. Você pode
fazer muitas coisas que não sejam econômicas ou políticas; coisas que sejam
feitas apenas por prazer.
A pessoa deve permanecer criança também. Se você puder encontrar um velho
catando pedrinhas na praia, então ele compreendeu a vida. Se ele ainda puder
se alegrar catando conchinhas como uma criança, com reverência e admiração,
maravilhado e surpreso como se tivesse encontrado tesouros, então ele é
realmente sábio. Ele amadureceu.
A maturidade verdadeira sempre conserva alguma coisa infantil, e um homem
realmente sábio sempre permanece disponível para as tolices também.
Assim, minha sugestão é que você fique aqui o tempo que quiser, e depois vá.
Ao voltar, continue na sua profissão um saniasin. Ande de laranja e deixe que as
pessoas riam. Você pode rir com elas também.
A vida deve ser multi-dimensional; então ela é rica. Ser médico é monótono; ser
político é monótono. Apenas um tom, uma nota que eles ficam repetindo,
repetindo, repetindo. Assim, busque, descubra, investigue novos campos e torne
a vida a mais rica possível.
A vida deve ter muitas cores, como um arco-íris. Todas as cores devem estar
presentes. Uma pessoa só pode ver Deus quando se torna igual a um arco-íris,
com todas as cores absorvidas — sem nada sacrificado, nada excluído, tudo
incluído.
Sempre que você puder vir aqui, venha e depois volte. Mais tarde, poderá
finalmente se assentar aqui, mas aqui também terá de ser um médico, mm?
Ótimo!
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Anatta disse que gostou do grupo, mas que, antes de iniciá-lo, havia se
sentido negativa durante algum tempo, fechada para as pessoas ao seu
redor.
Bhagwan perguntou-lhe desde quando não se relacionava com alguém
amorosamente e ela respondeu: “Desde Outubro”.
E você ainda não está sentindo vontade de se relacionar?
ANATTA Agora estou. Por muito tempo não senti vontade.
Porque é isso o que está sendo necessário agora. Isto é o que a está tornando
fechada.
Mas eu não estou sentindo nada por ninguém. Eu simplesmente não sinto.
Talvez você não esteja permitindo que isso aconteça, porque parece que você
está feliz com o ‘não’.
Isto será uma dificuldade — porque um relacionamento não é algo que possa
acontecer do nada. Você precisa, pelo menos, ajudá-lo a acontecer. Este não é
o som que pode ser criado com uma só mão batendo palma. Ambas as mãos
são necessárias. Se a pessoa, no fundo, não o estiver querendo, ela não o
permitirá. Você pode sempre jogar a responsabilidade nos outros: que ninguém
está se aproximando de você, ou que não há ninguém com quem valha a pena
se preocupar, e que você não sente nada por ninguém, então o que pode fazer?
Mas essas coisas estão intimamente relacionadas. Se você se mover, começará
a sentir. Se você sentir, se moverá mais. Uma coisa vai ajudando a outra, e é
preciso começar de algum lugar.
Minha sugestão é que você encontre alguém. O mundo está cheio de pessoas
lindas que estão disponíveis. Todo mundo está buscando, procurando amor,
portanto não vejo como isso pode não acontecer. Apenas esteja disponível. Seja
um pouco mais expansiva, aberta, do contrário não acontecerá.
Com a meditação, há uma necessidade profunda de amor. São como duas asas
e você não pode voar com uma asa só. Se a meditação está indo bem, de
repente, você vê que o amor está faltando. Se o amor está indo bem, de repente
você sente que a meditação está faltando. Se nada está indo bem, então está
certo. A pessoa se acomoda em sua própria tristeza, em seu fechamento. Mas
agora, por causa do grupo, uma asa começou a se mover. Você se sentiu muito
positiva no grupo, porque a meditação funcionou e algumas catarses
aconteceram. Agora a outra asa é necessária.
Assim, encontre alguém. Você já se inscreveu para outros grupos? (Anatta
balançou sua cabeça, negando). Primeiro, encontre um amado. Deixe que esse
seja o seu grupo agora, e depois veremos. E quando você encontrar alguém,
traga-o aqui!
...............................................................................................................................
Uma saniasin das Filipinas, Ram Bharta, disse que estava cursando a
faculdade de direito, mas que se sentia dividida porque gostaria de
permanecer aqui e abandonar seus estudos, mas não queria contrariar
sua mãe, por quem estava fazendo o curso.
O que eu sinto é que a pessoa deveria ouvir sempre seu próprio coração.
Nenhuma outra consideração é significativa.
A vida é sua. Se você não quer estudar direito, então não estude. Quando você
entra em alguma coisa que não gosta, toda a sua vida é perturbada. A pessoa
pode arrumar um jeito de persuadir o pai e a mãe; isto não é muito difícil. Mas
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  • 2. Sumário Introdução Capítulo 1 — 29 de maio, sábado Capítulo 2 — 5 de junho, sábado Capítulo 3 — 6 de junho, domingo Capítulo 4 — 7 de junho, segunda Capítulo 5 — 8 de junho, terça Capítulo 6 — 9 de junho, quarta Capítulo 7 — 10 de junho, quinta Capítulo 8 — 11 de junho, sexta Capítulo 9 — 12 de junho, sábado Capítulo 10 — 13 de junho, domingo Capítulo 11 — 14 de junho, segunda Capítulo 12 — 15 de junho, terça Capítulo 13 — 16 de junho, quarta Capítulo 14 — 17 de junho, quinta Capítulo 15 — 18 de junho, sexta Capítulo 16 — 19 de junho, sábado Capítulo 17 — 20 de junho, domingo Capítulo 18 — 21 de junho, segunda Capítulo 19 — 22 de junho, terça Capítulo 20 — 23 de junho, quarta Capítulo 21 — 24 de junho, quinta
  • 3. Capítulo 22 — 26 de junho, sábado Capítulo 23 — 27 de junho, domingo
  • 4. DIÁRIO DE DARSHAN Poona, Índia 29 de maio/27 de junho 1976
  • 5. Introdução Algo absolutamente fenomenal está acontecendo no ashram de Rajneesh em Poona, Índia. A cada dia, sem muito alarde, mais e mais visitantes de todos os tipos e idades, afluem aos pés do mestre iluminado, Bhagwan Shree Rajneesh. Seria impossível caracterizar o tipo de indivíduos que encontram seu caminho através de tantos milhares de quilômetros, só para ver por si mesmos quem é, o que é, esse homem incrível. Ao contrário dos devotos de tantos outros sábios, mestres perfeitos e gurus que têm invadido o ocidente, há uma indiscutível ausência de semelhança nessa coleção de pessoas. Neste e em outros diários de darshan, você encontrará poetas, donas de casa, psiquiatras, carpinteiros, músicos, arquitetos, homens de negócio, políticos radicais, sacerdotes, professores, até mesmo um marquês inglês e uma prostituta parisiense. Cada um tem um problema diferente, uma estória diversa para contar, um caminho diferente atrás de si, e a maioria toca os pés do mestre, em entrega. A todos Bhagwan responde com um grau de percepção, de sabedoria terrena e de desenvolvimento pessoal não encontrados em nenhum líder vivo, religioso ou não, nos dias de hoje. Para muitos desses buscadores, esse é fim de uma longa jornada e, para todos aqueles que vestem a roupa laranja e a ‘mala’ de ‘sannyas’ ou discípulo, é o começo de uma outra viagem, muito mais perigosa e excitante, ao espaço interior da consciência pura. O que está acontecendo em Poona pode bem ser a vanguarda da ‘quarta revolução’, há muito anunciada: a revolução na consciência. Ninguém pode deixar de se impressionar com a crescente presença aqui de um grande número de psiquiatras, psicólogos, terapeutas e outros anteriormente envolvidos no movimento de crescimento humano. Para maioria deles, a meditação e a orientação de um mestre era inevitável, o único passo possível. Será registrado como uma das mais belas ironias da história que a ciência da psicologia tenha retornado ao mesmo solo no qual o seu nome está enraizado. No próprio Bhagwan, um ex-professor de psicologia e filosofia, o círculo é completado e uma nova revolução começa. Ousadamente original é a tarefa de síntese que ele tomou em suas mãos, mas mesmo assim são os que, dos que leram qualquer um dos seus duzentos e
  • 6. cinquenta seis livros ou ouviram as suas palestras, iriam negar que ele é capaz dela. Ninguém precisa forçar a sua visão para ver Bhagwan assumir uma posição ao lado de três outros revolucionários — Copérnico, Darwin e Freud. Cada um dele foi um oráculo que destruiu uma ilusão do gênero humano e abriu a porta para mais novas e mais penetrantes concepções do universo interior. Cada um deles usou as descobertas do seu predecessor, dando, porém, um salto qualitativo em áreas mais audaciosas e inexploradas. Aqueles cuja visão é mais religiosa, que o vêem como um novo Buda ou um outro Jesus, podem dizer que Bhagwan é o salto qualitativo, feito carne, a incorporação das mais altas aspirações do homem até agora. Leia e seja seu próprio juiz. Sw. Anand Deepesh
  • 7. 1 29 de maio, sábado Dervesha, um saniasin que estava retornando à Dinamarca, disse que estava se sentindo ‘bem’ consigo mesmo. BHAGWAN Estar bem não é o suficiente... sinta-se afortunado. ‘Bem’ não é uma palavra muito extasiante; é morna. Sinta-se afortunado — e isso é uma questão de sentimentos. Você se transforma no que for que sinta. A responsabilidade é sua. Se você não está se sentindo ótimo, é porque criou isso no passado. Se você se sente miserável, é obra sua. Este é o significado quando dizemos na Índia: “É seu próprio karma.” ‘Karma’ significa sua própria ação. É o que você fez para si mesmo. E uma vez que você compreende que é você quem o faz, pode abandoná-lo. Depende de você; ninguém o está forçando a sentir-se desse modo. A escolha é sua. Você é que escolheu assim — talvez inconscientemente, talvez por razões sutis que, na hora, lhe pareceram boas, mas que depois se revelaram amargas; de qualquer modo, foi você quem escolheu. É duro quando é dito que foi você quem escolheu sua miséria, porque o consolo de que é outra pessoa quem a está criando lhe é tirado; nem mesmo isto lhe é permitido. Mas se você compreender, isso será uma grande liberdade. Então, dependerá de você. Se você quiser conservar sua miséria, a conservará. Se quiser abandoná-la, não será forçado a conservá-la nem por um único momento. Há alguns dias, eu estava lendo uma narrativa das memórias de Bennett. Ele foi um dos mais antigos discípulos de Gurdjieff; foi quem permaneceu por mais tempo com Gurdjieff. Ele conta que, certo dia, havia trabalhado realmente duro — Gurdjieff costumava forçar as pessoas a trabalharem o mais arduamente possível; até quase ao ponto delas caírem de exaustão. Bennett havia trabalhado muito e estava justamente pensando em ir descansar quando Gurdjieff lhe deu mais uma tarefa para fazer — ir à floresta e cortar lenha.
  • 8. Isso era quase impossível. Ele não conseguia nem andar! Estava tão cansado e com tanto sono que achou que cairia em algum lugar do caminho. Mas quando Gurdjieff lhe disse para ir, ele teve que ir. Esse era um profundo compromisso entre Gurdjieff e seus discípulos — tudo o que ele dissesse deveria ser feito. Ele era ditatorial. E este é o único jeito de trabalhar; não existe outro. Se a pessoa for clemente, nada acontecerá. Assim, Bennett foi, mesmo contra a sua vontade, arrastando de algum modo a si mesmo. Enquanto estava cortando a lenha, de repente, teve um grande satori... uma grande energia precipitou-se sobre ele. Todo o cansaço foi-se embora e ele se sentiu mais vivo do que jamais se havia sentido em toda a sua vida. Estava tão vivo e vital quanto se tivesse descansado por muitos dias. Sentia-se tão animado, feliz e vibrante que uma idéia veio à sua mente: que nessa imensa energia, qualquer coisa que ele desejasse aconteceria imediatamente. Assim, ele disse para si mesmo: “Deixe-me sentir tristeza”, e imediatamente ficou muito triste, como se o mundo todo tivesse se tornado escuro; ficou cercado pela escuridão. Sentiu-se escorregando num inferno. Era inacreditável — em apenas um momento! Imediatamente, resolveu tirar a si mesmo dessa situação e disse: “Deixe-me ser feliz” e novamente estava feliz. Desse modo, ele experimentou todas as emoções — a raiva, o amor, a compaixão, o ciúme. Bastava que uma idéia viesse à sua mente e todo o seu ser se transformava nela. Nesse dia, ele percebeu o que os mestres sempre estiveram dizendo: que é você quem cria toda as suas emoções — seu inferno e seu céu; seu amor e seu ódio. Mas, se você não compreende que são criações suas, permanece na prisão. Uma vez que você compreende que a decisão é sua, por que vai optar pelo “estar bem”? Estar bem não é muito. Desse modo, sua vida nunca será repleta de música, dança e celebração. Estando apenas bem, como você celebrará? Estando apenas bem, como você amará? Por que ser tão miserável? Mas existem muitas pessoas que estão engasgadas no bem-estar. Elas perderam toda a energia apenas por causa das suas idéias. O estar bem é assim como uma pessoa que não está doente, mas que também não está saudável; está mais ou menos. Você não pode chamá-la de doente nem de saudável. Ela está justamente no meio desses dois estados. Não está doente de modo a ser hospitalizada, mas também não está viva e saudável. Ela não pode celebrar. Isto é o que significa estar bem. Portanto, abandone isso. Se for muito difícil para você sentir-se afortunado, sugiro que pelo menos se sinta miserável. Já será alguma coisa; pelo menos, haverá energia. Você poderá chorar e soluçar. Talvez não consiga rir, mas as
  • 9. lágrimas serão possíveis. Até mesmo isto será vida. Mas estar bem é muito frio. Seja miserável ou feliz... e já que é uma questão de escolha, por que escolher a miséria quando pode escolher a felicidade? De volta à sua casa, continue a meditar — pelo menos uma meditação por dia. E esta será a sua meditação de todos os momentos: lembrar-se de se sentir afortunado. Se você conseguir isso, quando voltar na próxima vez, muito será possível. ............................................................................................................................... SAT PRIYA (uma jovem mulher americana) Estive no Nepal por dois meses. Quando saí daqui após o Dia da Iluminação, senti-me aberta e muito bem. Então, essa energia transformou-se e eu me senti muito medrosa, muito paranóica. ainda estou sentindo medo das pessoas, medo de estar perto delas. Pode acontecer algumas vezes de, ao se sentir repentinamente aberta, você começar a sentir o medo chegando. Abertura é vulnerabilidade. Quando você está aberta, sente que algo errado pode penetrá-la ao mesmo tempo. Isto não é apenas um sentimento, é uma possibilidade. É por isso que as pessoas são fechadas. Quando você abre a porta para o amigo, o inimigo também pode entrar. As pessoas muito espertas fecharam suas portas. Para evitar o inimigo, elas não abrem a porta nem para os amigos. Mas então suas vidas tornam-se mortas. O que é o inimigo? Você disse que o inimigo também pode entrar? É apenas uma idéia; a idéia de que algo errado pode entrar em você. Não existe nada que possa acontecer, porque basicamente não temos nada a perder — e o que temos não pode ser perdido. O que pode ser perdido não vale a pena guardar. Quando esta compreensão torna-se tácita, a pessoa permanece aberta. Deixe que o vento entre, deixe que o sol entre — tudo é bem-vindo. Quando você se sentir harmoniosa para viver com o coração aberto, nunca mais se fechará. Mas um pequeno tempo deve ser dado para que isso aconteça. Você foi embora imediatamente após o Dia da Iluminação, portanto deve ter se sentido muito aberta. Isto pode acontecer nesses dias. É por isso que insisto para que as pessoas fiquem aqui nessa época. Você pode entrar na onda e alguma coisa pode se abrir. Mas então você precisa manter essa abertura, do contrário se fechará novamente. Apenas o medo deve ser temido, nada mais. E as pessoas não têm medo do medo; elas têm medo de mil e uma coisas. Mas o medo é o único inimigo, porque com o medo você começa a ficar aleijado. Você pára de se mover, de se
  • 10. expandir, de se conectar, de se relacionar, por causa do medo. Quem sabe? — algo pode sair errado. Você não ama as pessoas, porque isto será um compromisso, um envolvimento; então, você se mantém à parte, permanece distante — nunca vai muito para dentro de modo que não possa sair. Mas então você nunca chega a tocar qualquer íntimo, nunca chega a tocar o coração de ninguém. Se você não permitir que alguém toque o seu coração, como será capaz de tocar o de alguém? Assim, as pessoas conservam-se protegidas, defensivas. Posso ver que até mesmo os amantes estão se defendendo. Depois, eles choram e se lamentam porque nada está acontecendo. Eles fecharam todas as janelas e estão se sufocando. Nenhuma luz nova está entrando e é quase impossível viver, mas ainda assim eles continuam se arrastando de algum modo. Eles não se abrem porque o ar fresco parece ser perigoso. Ele traz mensagens de fora e isto perturba o seu padrão. Você vive numa cela fechada e qualquer coisa de fora a deixa apreensiva, com a sensação de que terá de mudar seu padrão de comportamento. Um hóspede chegou e agora você terá de mudar a sua rotina. Terá de arrumar uma cama para ele; terá de compartilhar. O medo surge. Portanto, durante algum tempo, apenas permaneça alerta. Quando você se sentir aberta, tente desfrutar disso. Esses momentos são raros. Nesses momentos, mova-se para fora a fim de que possa ter uma experiência de abertura. Quando a experiência existir sólida em suas mãos, você poderá abandonar o medo. Poderá dizer que ele é absurdo. Verá que estar aberta é um tesouro enorme que você esteve perdendo desnecessariamente. E esse tesouro é tal que ninguém pode roubá-lo. Quanto mais você o compartilha, mais ele cresce. Quanto mais aberta você está, mais você é. A pessoa torna-se enraizada, com os pés na terra. Pense numa árvore. Você pode trazer a árvore para dentro de casa e, de um certo modo, ela estará protegida; o vento não soprará tão fortemente sobre ela. Quando as tempestades estiverem furiosas lá fora, ela estará fora de perigo. Mas não haverá nenhum desafio; tudo estará protegido. Você poderá colocar a árvore numa estufa, mas pouco a pouco ela começará a se tornar pálida, não será verde. Alguma coisa no seu interior começará a morrer — porque o desafio dá forma à vida. Os ventos fortes que açoitam não são, na realidade, inimigos. Eles a ajudam a integrar-se. Parece que eles vão desenraizá-la, mas lutando com eles você se torna mais enraizada. Você aprofunda suas raízes, de modo que a tempestade não possa atingi-las nem destruí-las. O sol está muito quente e parece que ele queimará a árvore, mas então ela suga mais água para se proteger do sol e fica cada vez mais verde. Lutando com as forças naturais, ela atinge uma alma verdadeira.
  • 11. A alma só surge através do combate. Quando as coisas são muito fáceis, você começa a se dispersar. Pouco a pouco, você se desintegra, porque a integração deixa de ser necessária. Você se torna igual a uma criança mimada. Portanto, quando isso acontecer, viva corajosamente. E eu estou aqui. Esse é o único motivo para eu estar aqui — para ajudá-la a ser corajosa, para inspirá-la nos momentos em que, se estivesse sozinha, se fecharia; para empurrá-la em direções nas quais voluntariamente você não iria... para empurrá- la além de si mesma e ajudá-la a expandir seus limites a fim de que, pouco a pouco, comece a acalentar a liberdade. Então, um dia virá no qual você abandonará todos os limites e simplesmente se moverá no céu aberto. Mm? Tente isso! ............................................................................................................................... Veena esteve no darshan na semana passada, dizendo que se sentia fechada a tudo — ao Bhagwan, à meditação. Bhagwan sugeriu que o problema de fato estava no seu relacionamento amoroso, mas que ela não queria ver isso e que estava jogando a responsabilidade em outras coisas. Ele disse para Veena meditar a respeito disso por uma semana... VEENA (tranquilamente) Agora entendo o que você quis dizer. Eu não o amo (o homem com quem ela estava vivendo). Certo. Você pôde ver algo — e isto é ótimo. Muito pode acontecer. Você observou mais alguma coisa? Um monte! Mas a principal é que me dei conta da minha confusão, de como eu sei pouco a respeito de para onde estou indo e do que estou fazendo. Tive vislumbres do quanto estou fechada. Mas me sinto melhor desde o último darshan. Muito bom... você me parece bem. Toda visão interior, mesmo que seja difícil de aceitar, ajuda. Mesmo que vá contra sua natureza, também ajuda. Mesmo que deixe o ego estilhaçado, ajuda. A visão interior é o único amigo. A pessoa deve estar preparada para ver qualquer fato, sem justificar ou racionalizar de algum modo. Você fez bem... Estou feliz. A partir da visão interior, muitas coisas acontecem. Se você não ama uma pessoa e continua fingindo que ama, nunca será capaz de amar, porque estará
  • 12. contando com alguma coisa que não existe. Quando o primeiro discernimento da questão é perdido, você começa a ficar perturbada e confusa. Muitos problemas passam a existir sem solução visível, porque desde o primeiro passo uma verdade não foi aceita. Então, você começa a falsificar seu próprio ser. Existem muitas pessoas com muitos problemas, mas esses problemas não são reais. Noventa e nove por cento dos problemas são falsos. Se eles não são solucionados, você fica em dificuldade, se eles são solucionados, nada acontece, porque eles não são reais. Quando você soluciona algum problema falso, logo cria outros. Portanto, a primeira coisa é penetrar no problema real e ver como ele é. Ver o falso como falso é o início da visão capaz de ver a verdade como verdade. Ver que o falso é falso é estar no caminho. Então a pessoa pode ver o que é verdadeiro. Se você vê que não há amor, o problema dá uma reviravolta total. Então a questão não é a outra pessoa. A questão básica é você mesmo. Por que você não consegue amar? Isto pode se tornar um auto-crescimento. Então, você tem de encontrar meios de amar. A questão não é a outra pessoa — porque você pode mudar de pessoa, mas continuará igual. Continuará fazendo o mesmo jogo. O problema real é: por que o amor não está florescendo em você? Uma vez que você compreende isto, a questão certa foi apanhada em flagrante e as coisas começam a mudar. Continue observando o ponto e sempre que vir que está fazendo algo contra o amor, abandone isso; não o faça. Este é o começo. É difícil amar no começo, mas se pudermos abandonar os atos não amorosos, isto será uma grande ajuda. Nós não amamos. Mas este não é o único problema. Nós desamamos: movemos uma energia negativa. Assim, em primeiro lugar, comece abandonando qualquer coisa que sinta como não-amorosa: qualquer atitude, qualquer palavra que você tem usado por hábito e que agora, de repente você sente que é cruel — que não é amorosa, que não é terna. Abandone isso! Sinta-se arrependida por tê-la usado. Esteja sempre pronta para dizer: “Sinto muito.” Muito poucas pessoas são capazes de dizer “sinto muito”. Mesmo quando parecem estar dizendo isso, não estão. Pode ser apenas uma formalidade social. Dizer realmente “sinto muito” é uma grande compreensão. Você está dizendo que fez alguma coisa errada — e não está apenas tentando ser polida. Você está se retratando de alguma coisa. Está se retratando de um ato que estava cometendo. Está se retratando de uma palavra que pronunciou.
  • 13. Retrate-se do desamor e verá muito mais fatos — esta não é realmente uma questão de como amar. É apenas uma questão de como não amar. É exatamente como uma nascente coberta de pedras e rochas. Você remove as pedras e a nascente começa a fluir. Ela existe. Todo coração tem amor, porque o coração não pode existir sem ele. Ele é a própria pulsação da vida. Ninguém pode existir sem amor; isto é impossível. É uma verdade básica que todo mundo tem amor — tem a capacidade de amar e ser amado. Mas algumas pedras — uma educação errada, atitudes erradas, astúcia, esperteza e mil e uma coisas — estão bloqueando o caminho. Retire, os atos desamorosos, as palavras desamorosas, os gestos desamorosos e então, de repente, você achará a si mesmo com uma disposição muito amorosa. Muitos momentos virão nos quais, de repente, você verá que alguma coisa está borbulhando — é o amor, apenas um vislumbre. Pouco a pouco, esses momentos tornar-se-ão mais longos. Assim, por um mês, tente isto, mm? Ótimo, Veena. ............................................................................................................................... Devika, o que você me conta? DEVIKA (uma mulher americana, normalmente viva e expansiva) Sinto que à medida que a minha energia se volta para dentro, torna-se cada vez mais baixa. E sinto que estou me pondo no meu próprio caminho; que estou tropeçando em meu ser. Não vejo da mesma forma que você. Essa energia não é baixa. Está se movendo com uma velocidade baixa, mas ela não é uma energia baixa. Você esteve se movendo numa velocidade louca. Durante toda a sua vida, você esteve fazendo coisas; manipulando, manobrando, agindo, máscula. É por isso que eu lhe disse para relaxar, para não fazer nada e deixar as coisas acontecerem. Queria que você se tornasse feminina. Queria que você se tornasse passiva, relaxada. Quando uma pessoa que viveu com uma disposição ativa começa a tornar-se passiva, sente isto como sendo uma energia baixa. Chamando-a de energia baixa você a está condenando. A mente ativa diz: “O que você está fazendo? Está simplesmente morrendo! Tome conta de si mesma e torne-se a ativista que sempre foi. Aja — não seja uma observadora. Desse jeito, você acabará morrendo!” Eu sabia que isso iria acontecer a você um dia. Quando a energia realmente se move devagar, é sentida pela velha mente ativa como se fosse uma energia
  • 14. baixa. É apenas um movimento vagaroso... um rio fluindo tão vagarosamente que você não pode nem sentir que está fluindo. Um rio pouco profundo faz muito barulho. Um rio profundo não faz barulho. Se o rio é realmente profundo, você não pode nem perceber que ele está se movendo. O movimento é muito, muito vagaroso, muito sutil, muito silencioso, sem nenhum barulho. Isso é o que está acontecendo: a energia está se movendo vagarosamente. Mas você a compara com o seu passado, daí o problema. Se você puder permanecer nesse humor e abandonar o julgamento, um ser totalmente novo surgirá de você. Então eu lhe direi para tornar-se ativa novamente. Mas a pessoa só deve ser ativa depois de ter chegado à passividade; antes disso, não. Então você poderá fazer muitas coisas e mesmo assim permanecer uma não-fazedora. A isso é que Lao Tzu dá o nome de “ação através da não-ação”. Você age, mas não há nenhum agente. Não há nenhum anseio de agir. Você age simplesmente porque é necessário. A vida necessita e você faz. Assim, não vejo isso como um problema; ou melhor, vejo como uma solução, mas compreendo sua dificuldade. Se alguém vive num grau de intensidade muito alto, o tempo todo no mercado, com barulho, barulho e barulho, ao entrar num espaço mais silencioso, sente quase como se estivesse num cemitério. Eu vivi numa casa fora da cidade. O bangalô pertencia a um amigo muito rico, mas ninguém vivia lá porque era tão silencioso, tão solitário que as pessoas pensavam que devia haver fantasmas por ali; o lugar era chamado de bangalô- fantasma. Eu disse ao meu amigo que gostaria de viver lá. Ele me disse: “Você ficou louco? Ninguém quer viver lá!” Mas eu disse: “Eu irei. Não fique preocupado! Apenas me dê a chave.” Era um lugar realmente belo... num pequeno lago com uma grande floresta e montanhas ao seu redor; e ficava a dez milhas da cidade. Vivi lá por alguns meses e, pouco a pouco, meu amigo e sua esposa começaram a vir me ver, porque perceberam que não havia fantasmas por lá e que a casa não era mal assombrada nem possuída. Eles resolveram mudar-se para lá comigo e eu disse que estava bem, porque o lugar era grande. Ele foram, mas a mulher não conseguiu viver lá. Eles tinham vivido sempre no centro da cidade. Ela me disse: “Isto é tão morto! Não posso viver aqui, não consigo dormir à noite.” Eles costumavam viver exatamente no centro da cidade e o tráfego continuava durante quase toda a noite. Eles estavam acostumados a viver no barulho, assim quando foram para esse lugar silencioso não conseguiram dormir. Ficaram
  • 15. perturbados — perturbados pelo silêncio. Eu tentei convencer a mulher de que era um belo lugar, mas eles tiveram que voltar para a cidade. Gostaria que você continuasse relaxando por mais alguns dias. Pare de condenar, pare de julgar e comece e desfrutar dessa energia. É um estado raro de bênção — esse silêncio, esse estado de movimento vagaroso que, para você, se parece com a tristeza. Nós não vemos os fatos: estamos sempre comparando. É por isso que não percebemos muitas coisas. Por uma semana, simplesmente olhe para isso do jeito que é. Não compare e nem dê nomes. Não chame de energia baixa nem de tristeza. Por que se preocupar com rotulações? Seja já o que for, deixe que seja assim. Simplesmente observe. Estamos muito viciados em palavras. Se uma pedra estiver jogada e alguém disser: “Um diamante!” imediatamente você ficará interessada. A pedra estava lá jogada, antes de ter sido dita alguma coisa, mas então não era um diamante, porque ninguém havia dito nada. Agora, de repente, alguém diz: “Um diamante!” e a palavra repercute em seu coração. Imediatamente, a pedra — que talvez não seja um diamante — passa a ter valor. A palavra deu esse valor a ela. Esta é uma das coisas básicas que uma pessoa que busca deve compreender: não permitir que as palavras distorçam a visão. Do contrário, a percepção é contaminada, a clareza perdida e sua consciência torna-se poluída. Não dê permissão às palavras. Simplesmente desfrute do que for que esteja acontecendo. Você parece muito silenciosa, mas posso ver em seu silêncio que, no fundo, você pensa que isso é tristeza. Seu rosto não demonstra silêncio, mas sim tristeza. Posso ver isso. Por dentro, no fundo do seu coração, há um silêncio, mas em seu rosto ele se transforma em tristeza. Entre os dois — o coração e o rosto — em algum lugar, a mente está interpretando. Você parece triste. Você deveria parecer silenciosa, mas está interpretando. Se você está se sentindo triste, então desfrute dessa tristeza. O que pode ser feito? Ela está aí, então por que não desfrutar dela? Cante uma triste canção ou dance algo triste. Se você sentir que é uma energia baixa, deixe que seja uma energia baixa. Deite-se e olhe para as estrelas... descanse, não se mova. Respire vagarosamente, mova-se vagarosamente. Não tente mudar coisa alguma, de jeito nenhum, por sete dias, e depois venha me contar o que aconteceu. Nesses sete dias, nenhuma interpretação, nenhum comentário, nenhum julgamento, nenhuma comparação, seja ela qual for. Viva como se estivesse se movendo num mundo onde você não conhece nada, assim
  • 16. não poderá rotular nada. Tudo é estranho, assim você tem simplesmente que observar as coisas acontecendo. Após sete dias, eu lhe pedirei uma descrição, não um julgamento. Você terá de fazer uma descrição para mim. Se a energia está se movendo baixa... eu digo que essa energia está se movendo devagar; você diz que a energia está baixa. Seja lá o que for, simplesmente a descreva após sete dias. Existe uma estória muito famosa sobre um Mestre Zen, Chou Chou. Um monge perguntou a ele: “O que é uma verdadeira religião?” Era uma noite de lua cheia e a lua estava surgindo... O mestre permaneceu silencioso por um longo tempo; não disse nada. Então, de repente, ele voltou a si e disse: “Olhe para o cipreste no jardim.” Uma linda brisa fresca estava soprando e brincando com o cipreste e a lua acabara de aparecer acima dos galhos. Estava lindo, inacreditável... quase impossível que pudesse ser tão lindo. Mas o monge disse: “Esta não foi a minha pergunta. Eu não estava perguntando sobre o cipreste no jardim, nem sobre a lua ou sua beleza. Minha pergunta não tem nada a ver com isso. Estou perguntando o que é uma verdadeira religião. Você se esqueceu da minha pergunta?” O mestre novamente permaneceu silencioso por um longo tempo. Então novamente voltou a si e disse: “Olhe para o cipreste no jardim.” A verdadeira religião consiste no aqui e agora. O fato deste momento é o que a verdadeira religião é. Assim, se você está sentindo tristeza, então esse é o cipreste no jardim. Olhe para ele... apenas olhe para ele. Não há nada mais a ser feito. O próprio olhar revelará muitos mistérios. Abrirá muitas portas. Então, por sete dias, olhe para o cipreste no jardim e, qualquer que seja o cipreste, nesse determinado momento, olhe para ele. Tente, mm? Ótimo. ............................................................................................................................... Hari, o que você tem para me dizer? CHAITANYA HARI (saniasin alemão, compositor das músicas usadas nas meditações do ashram) Eu vim porque estou me sentindo muito tenso com você. Nas palestras pela manhã, sinto apenas tensão, fechamento e nenhum amor. Gostaria de acabar com isto. Quando você começou a sentir essa tensão? Nas últimas semanas ou dias. Durante o dia, sinto-me bem aberto, mas durante a palestra, sinto que não
  • 17. tenho nenhum amor e sento-me lá como se estivesse dormindo. Percebo que não o vejo de modo algum e não o ouço absolutamente. Compreendo... Não tente fazer nada a esse respeito; simplesmente espere. Um dia, isso explodirá por si mesmo. Se você fizer alguma coisa, isso poderá explodir antes da hora e você não ganhará muito. Deixe amadurecer. Essa tensão é como uma gravidez. Por nove meses, a criança tem de crescer no útero da mãe. Se a criança nascer antes da hora, permanecerá sempre fraca e sua saúde estará em perigo. Essa tensão é uma gravidez espiritual. Portanto, não faça nada. Pela manhã, desfrute disso. É exatamente como uma mulher quando está grávida: ela sente o estômago enjoado e a respiração fica difícil. Não consegue digerir bem a comida; sente náuseas e algumas vezes vomita. Ela se sente incômoda, mas mesmo assim feliz, porque está carregando uma vida nova. Ela está prestes a se tornar mãe. Assim, isso será difícil e você sentirá muitas vezes vontade de ficar livre, mas isto será um aborto. E se você ficar muito ansioso, poderá ter um aborto acidental. Portanto, não laça nada; proteja esse estado. Essa tensão é boa. Ela se tornará cada vez mais intensa e será quase como um fogo queimando em você. Ela estará implodindo e acontecerá cada vez mais amiúde. Tornar-se-á quase insuportável, mas você tem de suportar isso e suportar alegremente. Um dia, ela começará a explodir — mas então será um renascimento. Quando o momento certo chegar, isso vai acontecer. Assim, esqueça tudo a respeito. Não se deve estar muito consciente dessas coisas, do contrário a própria consciência torna-se um distúrbio. E tenho tido esse grande sonho de ficar iluminado. Toda vez que leio algo sobre você, de um lado isto me ajuda, e, de outro, alimenta este sonho — de obter alguma coisa e alcançar a meta. Mm, aceite isso. Esse sonho também é bom. A menos que você sonhe, como se tornará iluminado? Antes da pessoa tornar-se iluminada, ela tem de sonhar muitas coisas! Muito bom (sorrindo). Sonhe bem... e torne esses sonhos mais coloridos e musicais! ............................................................................................................................... Agita, uma saniasin indiana, disse que estava consciente dos sentimentos de raiva que estavam vindo à tona em relação a seu marido. E ela também veio dizer ao Bhagwan que estava indo para os Estados Unidos por um
  • 18. curto período. Acho que isso não é realmente raiva; é alguma outra coisa. Você tem sempre reprimido a raiva. Tem estado refreando as coisas por causa do medo. Você está se tornando mais verdadeira, mais autêntica. Quando alguém se torna mais verdadeiro, muitos problemas surgem. É por isso que as pessoas são falsas. Elas são falsas por causa da própria esperteza. O marido está dizendo alguma coisa e a mulher permanece controlada, porque do contrário, será muito arriscado e já existem muitos problemas. Por que criar mais? A pessoa simplesmente engole tudo. Mas isso não é bom, porque a torna falsa. E se você não puder ficar com raiva de seu marido, o amor desaparecerá — porque quando uma emoção desaparece, a outra também desaparece; elas existem juntas. Quando você medita, pouco a pouco torna-se verdadeira. E algumas vezes, quando você estiver com raiva, dirá que está com raiva. É claro que ele se sentirá ofendido, porque não esperava por isso, mas não se preocupe. Diga simplesmente que agora você será verdadeira, sincera, e que qualquer coisa que esteja lhe acontecendo, você dirá. Diga para si mesma que não continuará se reprimindo — custe o que custar. Não estou lhe dizendo para ficar com raiva. Estou dizendo que quando a raiva existir, não a esconda. Quando o amor existir, não o esconda também. Você tornar-se-á mais raivosa, mais amorosa, mais briguenta, mais terna — tudo junto. Uma pessoa autêntica está viva, e tudo que acontece, ela permite que aconteça. É arriscado — é por isso que as pessoas tornam-se não-autênticas. É menos arriscado, mas então a vida perde todo o significado. A pessoa fica simplesmente se arrastando, aguentando-se de algum modo. Por três meses, você estará na América e isto será bom. Assim, por três meses seja verdadeira e viva. Será mais fácil estar viva na América do que na Índia. A Índia é tão morta e permaneceu morta por tanto tempo que é muito difícil tornar- se verdadeiro, fluido, autêntico, aqui. Na América será mais fácil para você tornar-se real, autêntica, fluida. Esqueça todas as tolices que têm sido condicionadas em sua mente. Depois, volte e, aconteça o que acontecer, encare. Estou aqui para ajudá-la a encarar a realidade. Não estou aqui para ajudá-la a se ajustar com todos os tipos de coisas. Não sou a favor dos ajustamentos. Se algo está se tornando feio entre duas pessoas e é impossível chegar a um relacionamento amoroso, é melhor a separação. Por que um ficar aleijando o outro? Por que um ficar destruindo a vida do outro? Isso é muito, muito ruim. Não é compaixão — é assassinato.
  • 19. Se eu não posso viver com alguém sem que todas as vinte e quatro horas fiquem envenenadas, então estou envenenando a pessoa e será um gesto de amizade me retirar. Assim, não serei envenenado e o outro também não. Chegue a um relacionamento de amor ou separe-se. Nenhum relacionamento é um fim em si mesmo. O amor é a finalidade. Se o relacionamento estiver satisfazendo-a, ótimo. Se ele estiver destruindo o amor, não tem nenhum sentido. Esses três meses serão de muita ajuda. Medite e seja livre. Tente tornar-se uma pessoa por seu próprio direito. A mulher indiana perdeu a personalidade. Ela nunca pensa em termos de sua própria vida. Pensa em termos de esposa, de filha, de irmã, e todos esses tipos de coisas. Mas ela nunca pensa em termos de ser uma pessoa — e esta é a coisa mais básica. A primeira coisa a pensar é que você é uma pessoa por seu próprio direito. É claro que você é uma mãe, mas isto é secundário. Você é uma esposa, mas isto é secundário. Você é uma irmã, uma filha, mas essas coisas são secundárias. A coisa básica é que você é uma pessoa com valor intrínseco, um fim em si mesmo. Nada disso pode ser sacrificado; essa personalidade não pode ser sacrificada por nada. E tudo pode ser sacrificado por essa personalidade. Você terá de ser corajosa. Não estou dizendo para você se separar. Se o amor puder florescer... Ele pode florescer. Mas não evite nada. Leve em conta a situação inteira. Ao voltar, fale com seu marido. Coloque todas as cartas na mesa; não esconda nada. Diga que a situação é esta: ou nós nos amamos e vivemos juntos, ou então, que sentido há nisso? Por que devemos levar isso adiante? Vá e medite. Depois, falaremos a esse respeito. Não há nada com o que se preocupar, mm? ............................................................................................................................... SURENDRA (baterista australiano) Estou indo embora segunda-feira. E queria lhe dizer que recebi muito do grupo de música, o qual tem sido fantástico. Existe uma outra coisa: Costumo usar o I Ching e tenho curiosidade em saber se há alguma coisa de errado com esse tipo de coisa. Você pode continuar a usá-lo, mm? Não há nada de errado nisso, porque não há nada de certo também (risada). É apenas um jogo. Se você gosta disso, pode jogar. O certo e o errado são relevantes quando alguma coisa é real, mas quando
  • 20. é apenas um jogo, ele está certo se você se alegra com ele. Se você sente que ajuda, está certo. Em si mesmo, ele não tem nenhum significado; é absurdo. Mas ele pode lhe servir e você pode encontrar caminhos através dele. Isso apenas demonstra que você não está claro a respeito dos seus próprios caminhos e precisa de alguma ajuda para encontrá-los. O I Ching torna isso mais fácil. Você pode jogar a responsabilidade sobre ele. Pode dizer que o I Ching decidiu assim e que agora você tem de fazer desse modo. Talvez fosse difícil para você decidir fazer de um jeito ou de outro e isso teria criado muito conflito em você. Agora, o I Ching decidiu e você confia nele. Decidir torna-se mais fácil; sua vida fica um pouco mais calma. O I Ching funciona como um óleo lubrificante. Mas, no final, a pessoa tem que sair de todos os jogos. A vida é sua — por que deixar que uma pessoa que escreveu um livro há cinco mil anos a decida por você? É melhor decidir por si próprio. Mesmo que você erre e se perca, ainda assim será melhor decidir por si próprio. E se você não se perder e tiver uma vida mais bem sucedida através do I Ching, então também isto não será bom porque você estará se descartando da responsabilidade. E através da responsabilidade, a pessoa cresce. Tome a responsabilidade em suas mãos. Estes são meios de evitá-la. Uma pessoa a joga em Deus, outra no karma, uma outra no destino, outra ainda no I Ching, mas as pessoas continuam jogando-a sobre os outros. Uma pessoa torna-se espiritual quando toma toda a responsabilidade em seus próprios ombros. A responsabilidade é imensa e seus ombros são fracos, isto eu sei. Mas quando você aceita a responsabilidade, eles se tornam mais fortes. Não há outro jeito deles crescerem e tornarem-se fortes. Se você joga e se sente bem, não há nada de errado nisso. Mas devo dizer que não há nada de certo também. É apenas um jogo... divirta-se com ele. Um jogo da mente? Um jogo da mente. E um dia você terá de deixá-lo. Ele não é um uso constante. É apenas para certas decisões. Sim, sempre que está sentindo dificuldade para decidir, quando está sentindo que é demais decidir por si mesmo, você decide com o I Ching. Você pode decidir jogando uma moeda, será a mesma coisa. Mas este jogo não é tão digno de confiança, porque o I Ching tem autoridade — é uma tradição de cinco mil anos — e tantos intérpretes disseram que tudo nele é belo, que está perfeitamente certo. Quando você joga uma moeda, sabe que é você quem a está jogando.
  • 21. Penso que é a fascinação — o fato dele ter cinco mil anos de idade. Sim, o passado dá muito significado. Mas o momento que está sendo decidido está aqui e agora e você o está decidindo pelo passado. Isso está basicamente errado. Não o decida pelo passado, não o decida pelo futuro. Decida-o exatamente agora. Responda no momento. Isto é o que é responsabilidade. Encare cada momento e decida. Uma moça diz que gostaria de se casar com você. Aí você fica em dúvida se deve dizer sim ou não e então vai ao I Ching. Você está se esquivando da responsabilidade. Se alguma coisa sair errada, a culpa será do I Ching; se sair certa, foi o I Ching quem resolveu — mas você está se esquivando. Este não é o caminho do crescimento espiritual. Se você quiser dizer não, diga não. Se quiser dizer sim, diga sim. Se não puder decidir, diga os dois: sim e não. Você pode dizer que é assim que você se sente: cinquenta por cento sim e cinquenta por cento não (risada) — que é assim que você está, mm? Mas seja verdadeiro. Guarde isto com você (Bhagwan dá a Surendra uma pequena caixa de madeira, que é usualmente dada às pessoas que estão indo embora para que se lembrem dele). Isto é um I Ching! (muita risada). ............................................................................................................................... O grupo de música Nadam estava no darshan nessa noite. O grupo tem se encontrado todas as noites, com exceção dos dez dias de campo, durante mais ou menos duas horas, no pátio de meditação Radha. Formado, pela primeira vez, há alguns meses, o grupo vem se consolidando aos poucos. No momento, ele consiste de dez saniasins que tocam instrumentos variados — tambura, guitarra, tambores, flautas, acordeão, bandolim — e de alguns cantores. Outros saniasins são convidados para participar cantando e dançando. Bhagwan diz que antevê o grupo de música sendo muito grande um dia e que a música será uma atividade na qual todos no ashram ficarão envolvidos. “Música é meditação e é sagrada.” A música auxilia-o a entrar em harmonia consigo mesmo. Se você estiver realmente envolvido pela música exterior, ela o colocará em contato com a música interior. Fique totalmente possuído, como se você não estivesse lá e fosse apenas um veículo para algo desconhecido, para algo do além. ............................................................................................................................... Nessa noite, após o grupo ter se apresentado, Kabir, o líder, disse a
  • 22. Bhagwan que eles haviam sentido uma dificuldade enquanto estavam praticando. KABIR Quando estamos nos preparando para compor a música, há um momento no qual ficamos com a sensibilidade realmente aberta e vulnerável. Se nesse momento há alguém por ali um pouco distante do grupo, ou se um dançarino começa a fazer uma cartarse, fica difícil estar completamente aberto. Quando há energia catártica ao redor, fica difícil; uma perturbação, um conflito acontecem. Sentimos que estamos em busca de uma sensibilidade muito sutil e isso faz com que ela se perca. Mm, compreendo. Isso só é possível com um grupo permanente. Pessoas novas estão vindo e elas não são capazes de serem tão sensíveis no começo. Mas tente. Mais tarde, poderemos fazer duas coisas. Durante uma hora, apenas o grupo permanente poderá participar; depois, os outros terão permissão para participar por mais uma hora. Assim, na realidade, vocês terão dois grupos — um permanente e outro ocasional. Com o grupo ocasional sempre haverá alguma dificuldade. Mas as pessoas que estão trabalhando juntas todos os dias começarão a se sentir parte do coletivo, assim nada será desviado e ninguém sairá de sintonia. Mas para isso uma intimidade muito profunda e um longo trabalho serão necessários. Daqui a seis meses, quando você estiver com um grupo de trinta pessoas permanentes, faremos os dois grupos. O grupo permanente será a base e os outros poderão chegar nele. Mas, por enquanto, haverá essa dificuldade. Quando dizemos para as pessoas serem espontâneas, algumas delas imediatamente pensam que isso significa fazer catarse, que ser espontâneo significa ser catártico. Organize o grupo de modo que algumas pessoas que estão vivendo no ashram e que ficarão aqui permanentemente — vinte ou trinta — formem a base. Você pode ter vinte no grupo e dez que dancem. Se trinta pessoas estiverem trabalhando em harmonia, será difícil que um recém-chegado fique fora de sintonia. A energia do grupo funcionará como um vórtice e o recém-chegado será puxado para dentro. Mas pouco a pouco as coisas se acomodarão. Está tudo indo bem... ótimo, Kabir.
  • 23. 2 5 de junho, sábado ANURODHA (um saniasin francês, estudante de ciências políticas). Experimentei alguma coisa muito estranha após o Grupo de Iluminação Intensiva. Senti que estava desconectado comigo mesmo — eu estava aqui e meu corpo estava lá embaixo. Foi muito assustador. Comi um sanduiche e isso me fez sentir melhor, mas foi uma sensação muito estranha. BHAGWAN Na primeira vez que isso acontece é sempre muito estranho, porque você não pode fazer uma idéia do que é. Seja lá o que for que aconteça, podemos ter uma idéia da coisa apenas se já tivemos algum contato com essa experiência no passado. Mas quando acontece pela primeira vez, você não tem nenhum passado. Não tem qualquer conhecimento a respeito. Ou melhor, não tem qualquer mente a respeito. Assim, quando acontece, de repente todo o seu mecanismo mental pára. Não pode funcionar. Tudo é tão novo para ele que não consegue digerir. E isso o assusta, porque apenas o que você já conhece não é assustador. É por isso que a morte é tão assustadora — porque nós não conhecemos nada sobre ela e não podemos conhecê-la antes que aconteça. Daí todo o medo da morte. Se houvesse algum meio de conhecer algo sobre ela, de experimentá-la um pouquinho, então o medo desapareceria. Na verdade, a meditação é um jeito de experimentar a morte antes que ela aconteça. Isso foi o que aconteceu quando você sentiu seu corpo separado de si mesmo. Num único momento de ruptura, toda a conexão foi perdida. Você ficou desconectado; nenhuma ponte existia entre você e seu corpo. Isto é tremendo, terrível. Um medo terrificante surge. Você fez bem em comer alguma coisa. Isto auxilia, porque no momento em que a comida entra no corpo você pode reconectar-se consigo mesmo. A comida ou uma mulher que possa tocá-lo amorosamente podem auxiliar. A mulher será melhor do que a comida. É comida com alguma coisa mais. Se uma mulher puder tocá-lo amorosamente, imediatamente você ficará reconectado. É através da
  • 24. mulher, através do útero da mulher, que você se conecta com o corpo pela primeira vez. Se houver alguma mulher perto de você na próxima vez em que isso acontecer, diga a ela para segurá-lo. Se não for possível, então comer será bom também. Mas algumas vezes pode acontecer do corpo não ser capaz de receber a comida. Você pode sentir náuseas ou vontade de vomitar. Isto é possível, porque o corpo não está com nenhuma disposição para comer. O corpo está no limiar da morte e você está tentando comer alguma coisa. Isto é contraditório. Respirar profundamente é bom porque também o reconecta. Quando a criança nasce do útero, a primeira coisa que tem de fazer é respirar profundamente. Se dentro de três minutos ela não tiver chorado e respirado, estará morta, porque o corpo não pode viver por mais de três minutos sem respirar. Assim, numa experiência como essa, você está desconectado, como se estivesse nascendo novamente. Portanto, o choro, a respiração, a comida, podem ser usados — leite será o melhor, leite morno. Ele o reconectará novamente com a mãe. Mas tente permanecer nesse momento terrificante por um pouco mais de tempo. Não tenha pressa, porque se tiver, perderá muitas coisas que podem acontecer através disso. Quando a sensação se tornar demais e você não puder mais tolerá-la, quando sentir que esse será o último momento da sua vida, quando sentir que está morrendo e ficando aterrorizado de um modo insuportável, então use qualquer estratégia para trazer a si mesmo de volta ao corpo. Se não puder fazer nada, comece a correr e saltar Toda atividade necessita que você esteja conectado com o corpo. É por isso que os meditadores de todo o mundo têm insistido para que a pessoa se sente silenciosamente, sem movimentar o corpo — porque nesse estado sem movimento é mais fácil para a alma e o corpo se separarem, se desconectarem. Quando você está fazendo alguma coisa, é difícil se desconectar. A ação não é possível sem que você e seu corpo estejam juntos, mas a inação é. Da próxima vez em que isso acontecer, tente ficar por mais tempo. Não há nada a temer. Será uma experiência imensamente valiosa e, pouco a pouco, você verá a beleza disso. Quanto mais você a experimentar mais a desejará. Logo ela se tornará uma bênção. Uma vez que você consiga permanecer no corpo, mas desconectado dele, a meditação acontece. Este é o primeiro satori. Muitas horas poderão passar, mas você não sentirá a passagem do tempo. Mas isto só acontece quando o medo já desapareceu e sua mente tornou-se aclimatada à nova experiência, quando ela não está mais assustada e sim curiosa. Sua mente ficará tão interessada que
  • 25. desejará saber mais a respeito disso e o medo será transformado numa testemunha do que está acontecendo. Pouco a pouco, entre cada vez mais nisso, e se você começar a sentir que ficará louco, absorva essa loucura também aos poucos. Muitas pessoas têm ficado loucas. Se estão trabalhando sem um mestre e sem saber o que fazer, elas acabam se conduzindo a coisas que não conseguem manejar e podem ficar loucas. Depois, é muito difícil trazê-las de volta porque essa loucura não é comum. Não é como uma neurose ou psicose. A psiquiatria não ajudará em nada, porque essa loucura não está abaixo da mente normal. Ela está acima da mente normal. É uma ruptura e não um colapso. E uma ruptura pode ser enlouquecedora. A corrente pode ser forte demais e sua preparação para isso não ser suficiente. Talvez você seja capaz de suportar apenas uma corrente de cem volts e não uma de mil volts, então um fusível estoura ou alguma coisa queima. Portanto, não carregue demais. Permaneça alerta e entre na experiência cada vez mais. Um dia, se você puder atravessar tudo isso, chegará um momento no qual sentirá que tudo está girando, tornando-se louco, ilógico, absurdo, mas você atravessará; continuará testemunhando. De repente, tudo voltará ao lugar novamente. Outra vez haverá ordem, o caos desaparecerá e você terá atravessado a loucura. Isto é satori: entrar na loucura e mesmo assim não estar louco. É arriscado, mas tudo o que vale a pena é arriscado. É como um túnel. Você passa pela escuridão, mas sabe que mais cedo ou mais tarde sairá dela. Lembre-se de mim sempre que estiver nisso e vá um pouco mais adiante no túnel. Um dia, o túnel acabará. Você estará no céu aberto — e este será um novo céu, um novo espaço que você nunca conheceu antes. ............................................................................................................................... (Para um recém-chegado, um terapeuta de Primal da América). Há alguma coisa que você gostaria de dizer? CARL Apenas que eu me sinto realmente honrado por estar aqui. Então torne-se um saniasin! Pelo que você está esperando? Não estou seguro de poder me render. Há tanta coisa em mim que ainda não se rendeu. Eu sei... todo o mundo se agarra a essa parte que nunca está pronta para se render. Se você esperar pelo momento no qual estará totalmente pronto, terá de
  • 26. esperar para sempre, porque a mente nunca é total. Esta é a própria natureza da mente. Ela não pode ser total, porque quando é total desaparece. A totalidade é a morte da mente. É um suicídio. A mente existe na tensão entre poios opostos. É, na realidade, uma tensão entre contradições. Uma parte diz para fazer isto e a outra fica dizendo continuamente para não fazer. É assim que a mente funciona. Ela existe entre a tese e a antítese e nunca permite que uma síntese aconteça. Mesmo que você sinta algumas vezes que a síntese aconteceu, esse momento torna-se tese e antítese novamente. Esta é a dialética da mente. Ela tem de criar o oposto continuamente. Se o oposto não existir, a mente simplesmente não poderá funcionar. É exatamente como os dois pedais de uma bicicleta. Um desce, o outro sobe; um sobe, o outro desce. É assim que se mantém o movimento da bicicleta. Uma vez que você compreende isto, tem de saltar fora a despeito da parte que diz não. O sim nunca será total. Ele tem de aceitar o não e absorvê-lo. E esta é a beleza do sim: ele pode absorver o não também. Então o sim torna-se muito forte. Pense nisto deste modo: se não houver nenhum não em você, mas apenas sim, esse sim será impotente. Ele não terá nenhuma energia, porque não terá nenhum desafio. Se o sim existir apesar do não, então ele será poderoso, haverá energia. Nunca tente matar o não, do contrário você perderá toda a energia. Perderá todo sabor, todo entusiasmo, toda possibilidade de crescer. O sim não tem que ser total — de um certo modo, ele tem de absorver o não também. Tem que compreender o não — senti-lo, ouvi-lo e absorvê-lo, porque ninguém pode viver em um não. Tem-se que viver com um sim, porque sim significa vida e não, significa morte. Mas pode-se usar o não para definir o sim. Então ele é belo. Torna-se um fundo com uma figura; torna-se uma gestalt. O não torna-se o fundo, o escuro, e o sim torna-se uma lâmpada, uma chama — a figura. O não deixa de estar contra o sim. Na verdade, ele realça o sim, dá um contraste, dá vida. É por isso que à noite as estrelas são tão belas. Durante o dia, elas desaparecem porque há apenas luz e o pano de fundo não existe. Portanto, não gostaria de uma rendição total, porque ela seria morta. Prefiro uma rendição que não seja total, mas sim muito criativa, que use o não para definir o sim. Assim, você terá uma visão mais bonita. E nunca estará contra si mesmo. Senão, você sempre estará tentando abandonar essa parte do não — e ela é você!
  • 27. Desse modo é que todas as religiões têm aleijado a humanidade. Elas fazem de alguma coisa o inimigo. Algumas vezes, dizem que o sexo é o inimigo e então, as pessoas tentam abandonar o sexo. Outras vezes, dizem que o amor é o inimigo e então, as pessoas tentam tornar-se não amorosas, frias, porque o amor traz o apego. Algumas vezes, elas exigem rendição total. Então o que você fará com a parte do não que está viva, palpitando e protestando? Ela é o que lhe dá vida. Nunca tente abandoná-la; ou melhor, tente usá-la numa síntese mais alta. Tente usá-la numa criatividade maior. Torne-a parte de uma harmonia mais elevada, porque ela é necessária na orquestra; dá contraste. Assim, quando você se rende apesar do não, a rendição é mais viva. E este é o único modo de se render. Se alguém esperar até sentir-se total, verá que isto nunca acontecerá, porque a totalidade é apenas um ideal; nunca é real. Não pode nunca ser real, porque no momento em que se torna real você cai morto. É por isso que no Oriente dizemos que sempre que uma pessoa torna-se total, esta é a sua última vida. Ela nunca mais voltará, porque chegou à morte suprema. Isto é o que significa nirvana. Buda não voltará porque chegou a uma síntese tão total que agora nada está faltando. Perfeição é morte. A pessoa tem que desaparecer. Este mundo existe para o imperfeito. Este mundo existe em dialética. Portanto, não tente; do contrário, isto será uma repressão. Aceite essa parte negativa. Eu a aceito. Quando dou o sannyas às pessoas, eu sei disso e não estou pensando que a rendição delas é total. Elas estão se arriscando. Pode ser que no máximo 51 por cento do ser delas estejam dizendo sim e 49 por cento estejam dizendo não, mas isto é suficiente. Eu digo que é suficiente. Não há necessidade alguma dos 99 ou 100 por cento. Esse tipo de pureza é impossível. Portanto, não espere por isso, mm? Está pronto? (risada. Carl concorda, sorrindo, vencido desde a primeira frase). Feche seus olhos e se alguma coisa acontecer no corpo, permita... Venha aqui! (Bhagwan coloca a mala por sobre a cabeça de Carl). Não fique preocupado com essa parte negativa. Eu tomarei conta dela! E este será o seu nome: Swami Purnananda. Ele significa ‘bênção perfeita’. Agora, você entendeu o truque? (muita risada). PURNANANDA (rindo) É incrível! ............................................................................................................................... Devika, o que você me conta? A Devika havia sido dito para voltar após sete dias de observação de
  • 28. qualquer coisa que acontecesse com ela sem julgamentos ou qualquer esforço de sua parte para mudar a situação, apenas ‘olhando para o cipreste’. (Veja o darshan do dia 29 de maio). DEVIKA Primeiro, aconteceu uma grande ação e muito trabalho. Então, me tornei muito clara a respeito do meu problema e de como programo as coisas. Então, tudo se tornou mais fácil. Muito bem. Você está com uma aparência muito tranquila. Agora esqueça tudo isso e seja simplesmente natural. Deixe que as coisas aconteçam como aconterem. Isto tem sido bom. Agora, apenas flua! O curso de meditação Vipassana é um exercício de consciência de si mesmo e de visão interior. Paritosh, o líder do grupo, descreve-o assim: O ponto principal do Vipassana é simplesmente ver o que é, seja lá o que for. Não há nada de especial que deva acontecer. Não há sucesso, nem fracasso. Observamos a entrada e a saída do ar no corpo, o que provoca um efeito tranquilizante. Isto ocasiona várias coisas, mas principalmente faz com que permaneçamos no aqui e agora”. “Você se concentra na respiração enquanto nada mais acontece. Mas no momento em que algo acontece — medo, sensações no corpo, pensamentos, sons da rua — e quebra a sua concentração, você vai para isso. Sentindo, ouvindo, olhando — seja o que for — e permanecendo com essas coisas enquanto estão presentes. No momento em que desaparecem, você volta. O estado no qual você entra é de uma tranquilidade alerta. Apesar do toque com o bastão não ser tradicionalmente usado no Vipassana, ele foi introduzido aqui como um meio de ajudar a elevar a energia das pessoas. Pradeepa, a pessoa que maneja o bastão, tem a tarefa, durante os dez dias do curso, de tornar alertas as pessoas que parecem estar cochilando ou perdendo-se em fantasias. Bhagwan sugeriu em darshans anteriores que as pessoas que recebessem a batida do bastão — que na realidade é apenas um leve toque — deveriam se curvar em atitude de respeito e gratidão, em reconhecimento à ajuda recebida através dele. O dia é dividido basicamente em uma hora de meditação na posição sentada, intercalada com meia-hora de meditação caminhando. Existe uma hora à noite em que as pessoas podem consultar Paritosh individualmente para tratar de seus problemas. Afora esse, não há nenhum outro horário durante o curso inteiro no qual se possa conversar. As refeições e os banhos também são considerados parte dos exercícios
  • 29. de atenção e meditação. Enquanto uma refeição principal é servida, mais o café da manhã e um lanche leve à noitinha, as xícaras de chá são fornecidas o tempo todo, de acordo com a tradição budista. Até o momento, o centro Vipassana do ashram ainda não está pronto e os grupos têm acontecido fora do ashram. Mas para este grupo foram encontradas acomodações dentro do ashram. .............................................................................................................................. Paritosh, alguma coisa para me contar? PARITOSH Este foi o primeiro grupo dentro do ashram e isto foi muito bom. O grupo foi bastante apoiado por toda parte. Nos dois últimos grupos nós estivemos tentando, sem sucesso, fazer alguma coisa a respeito da postura das pessoas. Neste grupo, Champa tirou fotos dos participantes e nós pudemos mostrar a eles suas próprias imagens, então eles interessados em suas posturas e se esforçaram mais para se corrigir. Você acha que seria bom fazer isso em todos os grupos? Não, não há necessidade. Isso pode ajudar mas é contra a atmosfera do Vipassana, na qual a pessoa deve confiar em sua própria intuição. Até mesmo um espelho pode enganar. Na verdade, quando sua fotografia é tirada, até mesmo isso pode mudá-lo. É muito difícil tirar uma foto que seja natural. Quando você vai para o espelho, não é a mesma pessoa; e quando olha para ele, também não é a mesma pessoa. Há uma mudança sutil, porque você pode observar a si mesmo, e a observação modifica o observador. Você começa a se enganar; começa a se ver de um modo que não é. Você pode manipular a si mesmo. É por isso que o espelho é tão adorado. Ele o ajuda a manipular seu próprio corpo. Mas assim você está olhando a si mesmo do lado de fora, e a atitude do Vipassana é da pessoa se sentir pelo lado de dentro. A foto é uma coisa extrovertida. Assim, é melhor falar com eles e deixar que vejam por dentro como estão se sentando, como o corpo está se sentindo, o que a linguagem do corpo está dizendo, onde há pressão ou tensão, se estão relaxados ou não. Ensine-os a sentirem pelo lado de dentro. Na verdade, os monges budistas não têm permissão para se olhar no espelho, porque olhar no espelho significa estar preparando para os outros.
  • 30. Você está tomando banho e, de repente, percebe que alguém o está observando pelo buraco da fechadura. Você não é mais a mesma pessoa: você muda. Nós vivemos através dos reflexos — e fotografia é um reflexo. Há uma outra coisa que tem acontecido em todos os grupos. As pessoas têm dito que a atenção delas está sendo atraída para este ponto (indicando o terceiro olho) e eu não sei o que está acontecendo. No começo, pensei que isso era apenas romantismo. Mas tem acontecido sempre com uma ou duas pessoas em cada grupo. Dharmananda sentiu isso neste grupo. Venha aqui, Dharmananda. (dirigindo-se a Pradeepa) Seu bastão! (Risos. E dirigindo-se a Dharmananda) Feche seus olhos e sinta a tensão no terceiro olho. Traga toda a tensão que puder para ele, como se o terceiro olho estivesse quase em fogo, queimando. Dharmananda, um saniasin australiano, com cabelos desalinhados, sentou-se diante do Bhagwan com os olhos fechados. Quando Bhagwan começou a falar, ele franziu seus olhos e contorceu o rosto de um modo tenso, começando a respirar profundamente... Esqueça-se de todo o corpo e lembre-se apenas do terceiro olho. Intensifique isso... não tenha medo... torne-o o mais tenso possível. Bhagwan colocou a ponta do bastão gentilmente no terceiro olho de Dharmananda, pressionando por alguns minutos. Depois, disse para Dharmananda relaxar. Abra seus olhos... (para Paritosh) Isto acontece a um ou dois por cento das pessoas. Sempre que acontecer, diga para alguém fazer isso. Pradeepa pode fazer. Instrua a pessoa para que se concentre no terceiro olho, do modo mais tenso possível e então, pressione o terceiro olho por um ou dois minutos. Depois, diga a ela para fazer com que a tensão fique o mais focada possível num só ponto, a fim de que o corpo torne-se absorto nele e, de repente, mande-a relaxar. Se a pessoa sentir que esse fato se repete, então faça isso todos os dias — o que ajudará imensamente — principalmente às pessoas que sentem a energia surgindo aí. Todas as pessoas são diferentes de muitos modos. Por exemplo, Dharmananda, em sua vida anterior, fez alguma meditação que trabalhou no centro do terceiro olho, e isto foi feito muito profundamente. Seja o que for que você tenha no
  • 31. passado, começará a funcionar novamente se a oportunidade certa surgir. Seu terceiro olho poderá ser facilmente aberto. Mas só faça isso se a pessoa comentar que isso está acontecendo com ela. A mesma coisa pode acontecer nos outros centros também. Se alguém sentir uma tensão muito torto no umbigo, faça a mesma coisa aí também. Essa sensação aparecerá principalmente nesses dois centros. Há alguma conexão entre este ponto (indicando o hara-umbigo) e o fato de por muita atenção aqui? (indicando o terceiro olho). Sim, há uma conexão. Esses são os dois poios e estão intimamente relacionados. Há dois tipos de pessoas. A maior delas sentirá mais tensão no umbigo do que no terceiro olho. A análise yogue divide as pessoas em dois tipos: as do hara e as do terceiro olho. Existem mais pessoas do tipo hara, porque o terceiro olho só começa a funcionar quando a pessoa já esteve trabalhando nele. O funcionamento natural é no umbigo. Pradeepa, você tem alguma coisa a dizer? PRADEEPA (a manejadora do bastão) Apenas que hoje fizemos a primeira posição sentada do Zazen. Havia cerca de vinte e três pessoas e fizemos isso por uma hora. Isso é muito bom. Logo desenvolveremos um grupo de Zazen. O grupo Zazen que está se encontrando diariamente por uma hora, durante seis dias, é um pouco diferente do Vipassana, visto que não tem nenhum efeito tranquilizante. A pessoa senta-se apenas e fica observando fixamente, o mais alerta possível, um ponto de referência imóvel na parede. Quando os pensamentos e as distrações externas surgem — ao contrário do Vipassana, no qual a pessoa registra tudo o que está acontecendo e persiste nisso até que acabe — no Zazen que está sendo praticado aqui, a pessoa fica simplesmente consciente do que está acontecendo, mas não explora isso. O objetivo é estar totalmente alerta e não deixar nada passar por você desapercebidamente. Embora Zazen na verdade signifique “sentar-se silenciosamente sem fazer nada”, inicialmente algum esforço é necessário. Se você relaxar desde o começo, nada poderá trazê-lo de volta a si mesmo; portanto, no começo é preciso um esforço.
  • 32. “O Zazen é muito puro. Você fica apenas sentado. Não há nenhum interesse em iluminação, nenhum interesse em mudança”. ............................................................................................................................... Você também estava no grupo? O que você tem para me contar? SAMADHI (uma participante do Vipassana). Essa meditação foi algo muito inédito e novo para mim. Tive uma experiência, Bhagwan, de ir bem para dentro de mim mesma e sentir meu centro. Então, por alguns momentos, fiquei desconectada com o corpo e com as emoções e tive dificuldade para me reconectar. Mais tarde, isso tornou-se mais fácil. Descobri que quero ficar em contato com isso e tenho medo de me perder se sair para um relacionamento com as pessoas ou para alguma atividade. Não sei se devo continuar me movendo para dentro de mim mesma ou me voltar para fora e perder esse espaço interior. Essa dificuldade surge, mas não crie qualquer conflito ou dualidade. Não pense nessas duas coisas como sendo inimigas uma da outra; elas não são. Mas se você começar a pensar desse modo — que esse se perder é contra o espaço que algumas vezes você vem a sentir e viver — então criará uma ansiedade muito grande em si mesma. E essa ansiedade será apenas uma interpretação errônea feita por você. Estar perdido faz parte do ritmo. Quanto mais perdida você ficar, mais profundamente voltará para si mesma. O espaço ficará mais vazio, mais profundo, se você se mover para bem longe. Portanto, saia de si o máximo que puder — assim voltará para dentro do modo mais profundo possível. Isto sempre acontece proporcionalmente. Se você andar três passos para fora, andará três passos para dentro, Se caminhar três milhas para fora, caminhará três milhas para dentro. Se você for para o mais longínquo canto da existência, irá para o âmago mais profundo de seu ser. Este é um dos pontos básicos para o qual quero contribuir. As religiões têm sempre criado problemas, porque acham que se você for demais para fora, ficará incapaz de retornar para dentro, ou se perderá. Por isso, as pessoas ficam com medo e começam a evitar os relacionamentos, o trabalho. Começam a condenar tudo o que é extrovertido, terreno, deste mundo. Começam a se guardar em seu espaço interno. Você pode permanecer nele, mas, desse modo, o espaço interno ficará muito superficial, porque o pêndulo tem que oscilar para ambos os lados. Se você quiser que o pêndulo fique sempre à direita, mais cedo ou mais tarde não conseguirá mais mantê-lo aí, porque quando ele vai para a direita, tem de
  • 33. voltar para a esquerda. Quanto maior for o balanço, melhor. Portanto, fique no balanço! Bhagwan continuou dizendo que através do movimento para os opostos, a profundidade vem mais facilmente. Disse que se você ficar praticando o sono o dia inteiro a fim de dormir melhor à noite, verá que não conseguirá dormir de modo algum. O sono vem mais facilmente e é mais profundo quando a pessoa entra o mais totalmente possível na outra polaridade, no trabalho. Bhagwan disse que esse medo de se perder no mundo exterior vem para todos os que foram muito profundamente para dentro, mas que as coisas exteriores não devem ser vistas como distrações. Nada é uma distração: esta é a minha mensagem. Todo fator de distração deve ser usado de um modo criativo. Portanto, quando você estiver perdida, fique tão completamente perdida que, ao voltar para casa, realmente volte para casa. E nunca crie conflitos com qualquer ritmo da vida. Todos os ritmos apenas parecem opostos, mas são complementares — yin e yang, energia masculina e feminina, exterior e interior. Por isso, assim está ótimo... seu crescimento tem sido muito uniforme durante esse tempo que você tem estado aqui. ............................................................................................................................... Você tem alguma coisa para me contar? SATYAMITRA (um ex-carpinteiro vindo da Austrália) Tive momentos muito bons no grupo. Foi muito forte para mim. Atualmente, estou me sentindo melhor ficando mais dentro de mim mesmo do que indo para fora com as pessoas. Isso é bom para mim? Sim, neste momento, isso é bom. Esse estado não será permanente, mas agora alguma coisa está vindo à tona. Quanto mais tempo você der para o interior, melhor. Dentro de alguns dias você estará livre para mover-se. Este é apenas um período transitório. Neste momento, você se ajudará mais se não se misturar demais com as pessoas. E continue fazendo Zazen em grupo ou sozinho. Quando você sentir que não há nenhum problema e que pode ir encontrar-se com as pessoas e relacionar-se, não o evite; mova-se. Essa situação é exatamente como a de alguém que esteve doente e está se recuperando. Ele precisa descansar mais do que normalmente. Alguma coisa
  • 34. nova está vindo à tona e é muito frágil. Se você se mover no mundo, ela poderá ser perturbada. Quando você se tornar seguro dela, quando sentir que a possui, quando puder ir para o mundo e voltar para casa novamente sem problemas, então mova-se e faça tudo o que tiver vontade. ............................................................................................................................... Outra saniasin, Arupa, que fez o grupo Vipassana, disse que seu estômago havia ficado muito distendido pelo ar e que isto havia acontecido quando ela estava respirando de um modo superficial. Bhagwan sugeriu que o Rolfing (Integração Estrutural) poderia ajudá-la, e que, assim como muitas pessoas. Arupa havia aprendido a respirar superficialmente desde a infância, numa tentativa de controlar os sentimentos. Por fazer isso, uma faixa de ar havia se formado perto do diafrágma, tornando o corpo dividido. O Rolfing é uma massagem muito profunda que está disponível aqui por intermédio de um saniasin treinado por Ida Rolf nos Estados Unidos, que vem desde então praticando-a extensivamente na América e em Londres. Dois outros saniasins também o estão auxiliando com a técnica. Prageet descreve como o Rolfing funciona: “Ao olhar para uma pessoa que está deprimida, você pode ver que a aparência física dela é deprimida, comprimida, arrasada. Foi descoberto que não existe muita diferença entre a estrutura, o funcionamento, o comportamento da pessoa e a sua personalidade. De algum modo, parecem estar amarrados juntos. Assim, frequentemente, quando você está trabalhando com uma pessoa e ela começa a ficar mais ereta, também começa a se sentir melhor. À medida que ela se liberta da tensão física, liberta-se também do ‘stress’ psicológico. Bhagwan falou a respeito do benefício de se trabalhar através dos dois grupos e do Rolfing. Uma vez que os padrões foram identificados e retirados da mente, eles precisam, muitas vezes, ser trabalhados no nível corporal também. Bhagwan disse que a respiração superficial tornou-se um hábito... Agora, ela já entrou na sua musculatura. O Rolfing a ajudará imensamente. E diga a Prageet para ser duro, porque esta é a única forma da musculatura ser mudada. Ela é a estrutura de uma vida inteira e o trabalho será doloroso, mas permita-o. Depois de dez sessões, quando você começar a respirar naturalmente, por pelo menos vinte e um dias continuamente lembre-se de respirar de um modo natural — do contrário, poderá voltar para o velho padrão. Após vinte e um dias, você nunca mais cairá na velha faixa, porque terá um outro fluxo de vida. O corpo todo estará vibrando.
  • 35. E tudo está indo bem. ............................................................................................................................... Como foi o grupo? NISHANT (um ex-professor de aparência amarrada) Fazendo os dois últimos grupos — Iluminação Intensiva e Vipassana — senti um monte de emoções de homem e criança, mas observei que não senti nenhuma emoção feminina. Não há nada com o que se preocupar a esse respeito. As emoções da criança logo se tornarão femininas; simplesmente espere. Você tem reprimido a mulher de tal modo que ela não pode vir à superfície diretamente. Ela está sendo trazida à tona através da criança. Você já observou que sempre que ama uma mulher começa a chamá-la por nomes carinhosos que indicam a infância? O rosto de uma mulher é mais como o da criança e ela mantém essa infantilidade até morrer. Ela não tem barba nem bigode e é mais suave, é mais como uma criança. Você reprimiu sua parte feminina tão profundamente que esta não pode encará- lo diretamente agora. Ela está vindo através de um meio; está vindo através da criança. A criança é a mulher. Logo você verá uma mudança chegando e a criança se tornará uma mulher. As mulheres são infantis — esta é sua beleza e sua vivacidade. Uma mulher de verdade, de algum modo, nunca amadurece, continua conservando alguma coisa da virgindade, da pureza e inocência da criança. Uma vez que a mulher se torna madura, sua face começa a ficar feia. Ela se torna esperta e velhaca. Assim, essa criança é apenas um símbolo. Quando o inconsciente é reprimido demais, ele só pode se comunicar através de símbolos. Por exemplo: num sonho, se você quiser matar seu pai, matará seu tio, não seu pai — porque o tio se parece com o pai, mas não é o pai. Matar o pai, até mesmo num sonho, é difícil, então, você mata o tio. Nosso censor está tão enraizado em nós e temos reprimido tantas coisas que até a mente inconsciente precisa de alguma vestimenta, de alguma máscara. Do contrário, até mesmo em sonho sua mão levará uma palmada. O que você está fazendo? Matando seu pai? Este é o ato mais criminoso do mundo! Todas as sociedades pensam que o patricídio — o assassinato do pai — é o pior crime que um homem pode cometer. Por que todas as sociedades pensam assim? Pode ser porque, se houvesse permissão, muitas crianças gostariam de matar seus pais. Essa idéia surge naturalmente porque o pai tenta discipliná-lo, proibi-lo, dar ordens — assim ele se parece com o inimigo. É muito difícil para
  • 36. qualquer criança não pensar em matar o pai. Você cresce, mas a idéia continua por dentro. Certamente o patricídio é um dos atos mais criminosos, porque o pai lhe deu a vida e você o mata. Ele lhe deu a vida e você lhe dá a morte, Bhagwan disse que, quando criança, se alguém é um menino e é condenado por fazer alguma coisa de menina, essa atitude de condenação torna-se parte da pessoa no seu crescimento e o lado feminino fica cada vez mais reprimido... Assim, uma parte sofre, porque cada homem e cada mulher são ambos: homem e mulher. Essa parte feminina está tentando se comunicar com você. Ela tem medo de que você não a aceite, então ela toma forma de criança. Aceite-a, permita-a. Quanto mais você permitir essas emoções, mais cedo chegará o dia no qual a criança desaparecerá e a mulher virá. Esta será uma grande experiência, um satori — quando sua mulher interior e o homem se encontrarem e você se tornar, pela primeira vez, indivisível. Até agora, você está dividido em duas partes. Quando elas se encontrarem e houver um orgasmo interno entre essas duas energias, você se tornará um, indivisível, sem divisões. Portanto, permita. Isto está sendo muito bom! ............................................................................................................................... Alguma coisa a seu respeito? PUJARIN (uma saniasin portoriquenha, cheia de vida) Tive uma experiência muito boa nesse grupo. Mas, no sétimo dia, eu estava sentada meditando e nesta parte do meu cérebro (indicando o lado direito) realmente senti sua presença de um modo muito forte e quis lhe agradecer. Mas comecei a sentir o lado direito da minha mente como se estivesse em fogo e o lado esquerdo ficou realmente caótico. Tentei permitir que os pensamentos viessem tão caoticamente quanto quisessem, mas desde que o grupo terminou sinto como se estivesse ficando louca. Os pensamentos estão indo muito depressa e em ambas as direções. Mm, mm... feche um olho (indicando o olho esquerdo de Pujarin) e abra o outro. Ótimo. Pradeepa, venha aqui. Fique de pé atrás dela e pressione seus olhos. Pressione devagar e profundamente... pressione um pouco mais... um pouco mais.
  • 37. (para Pujarin) Ótimo. Agora relaxe. Pujarin começou a ficar mais tensa à medida que Pradeepa pressionava. Ela abriu seus olhos, piscando um pouco. Você pode sentar-se silenciosamente, sozinha, e pressionar seus próprios olhos. Pressione os globos oculares até começar a ver luzes. Não machuque os olhos; apenas pressione. Continue observando essas luzes. Isso acalmará muitas coisas. Faça isso por quatro ou cinco minutos — pressionando os olhos — então relaxe por cinco minutos e novamente pressione- os. Faça isso por quarenta minutos e então borrife água fria neles. Feche seus olhos e sinta o frescor. Faça isso por quinze dias e depois venha me dizer como está. Os dois lados da sua mente estão funcionando separadamente. Com todo o mundo acontece isso, mas quando a meditação toca profundamente, a separação e a diferença ficam exageradas. Esse exercício acalmará muitas coisas no seu cérebro e você se sentirá unida e sã. Então lhe darei uma meditação. Mas isto é bom. Está bem, Pujarin.
  • 38. 3 6 de junho, domingo MADHAVA DEVA (um quiroprático americano) Percebi que tenho uma tendência de não me relacionar muito com você no nível físico, nem de escrever um monte de cartas a respeito de pequenos acontecimentos. E sinto que há uma linha sutil no momento em que isso chega a um ponto no qual meu ego pode estar me pregando uma peça e me fazendo pensar que posso fazer alguma coisa. Eu sei que não posso fazer realmente nada; não sou eu que posso fazer alguma coisa, mas apenas tenho de estar aqui mesmo o tempo todo. Existe mais alguma coisa que eu possa fazer para me entregar a você? Sinto-o mais como um símbolo do que como uma entidade. BHAGWAN Absolutamente certo. Não quero deixar de aproveitar nada enquanto estiver aqui. Há alguma orientação ou alguma coisa que você esteja vendo para mim? A única coisa que pode ser feita é permitir, deixar acontecer. Não há nada para ser feito positivamente e nada pode ser feito. Mas negativamente você pode fazer muito. É quase como se você estivesse sentado em um quarto com as portas fechadas; o sol surgiu, belos ventos estão soprando e a fragrância está sendo espalhada pelos ventos, mas você está num quarto fechado. Os ventos estão batendo na porta, os raios do sol estão batendo na porta, mas você está sentado num quarto fechado; você não os ouve. A batida é muito sutil. Mesmo que ela fosse muito forte, você estaria muito envolvido e preocupado consigo mesmo para escutá-la. O sol não pode entrar à força. Ele não pode coagi-lo. Ele espera. Se você abrir a porta, ele entrará. Portanto, quando eu digo que muito pode ser feito negativamente, isto significa que você pode deixar acontecer, pode deixá-lo entrar. Pode permitir que ele entre. Pode abrir a porta e ele entrará. Se você não abrir a porta, haverá sol, mas
  • 39. ele não estará disponível para você. Porém, se ele não estiver presente, você não poderá trazê-lo. É por isso que eu digo que positivamente nada pode ser feito. Mas a luz existe; você não precisa produzi-la. A energia existe. O total está envolvendo-o. Você vive na totalidade assim como o peixe vive no oceano. Nada há para ser feito. Você precisa apenas se abrir. Portanto, na verdade, não é um esforço. Ou melhor, é mais um não-esforço. É passivo. Você não deve ser agressivo com o todo, porque a parte não pode de modo algum conquistar o todo; é impossível. A parte pode apenas permitir que o todo a desarme, a inunde, a atravesse de uma ponta à outra... a fim de preencher você, que é parte, a fim de que você seja absorvido pelo todo. Um esforço passivo é necessário. E você está absolutamente certo. Eu não sou uma entidade nem uma pessoa. Nunca pense em mim como uma pessoa ou entidade, mas apenas como um símbolo. Você tem de aprender o ABC da rendição comigo. Uma vez aprendido, poderá ir por si mesmo. Então, você se moverá na totalidade. Eu posso ser, no máximo, uma passagem para você aprender como se render. No começo, será difícil sem símbolo. Isto é possível, mas muito, muito difícil e o ego pode fazer muito mais truques. Assim, isso é tudo o que você tem a fazer. Não precisa no relacionar comigo fisicamente, nem escrever cartas ou vir ao darshan com mais frequência. Este não é o ponto, absolutamente. Apenas não permita que o ego se interponha entre eu e você, só isso. E isso você pode fazer em qual lugar, em qualquer parte do mundo, em qualquer planeta, porque isto tem a ver com você, não comigo. Eu sou apenas simbólico. Sentado em seu quarto, você pode se lembrar de mim e a lembrança se tornará imensamente penetrante se o ego não estiver se interpondo, se a porta não estiver fechada. Lembrando-se de mim, pouco a pouco você me esquecerá e começará a se lembrar de algo que é o todo, o total. O símbolo tem de ser esquecido, mas age como um elo. Justamente hoje eu estava lendo uma estória... Um avião espatifou-se e uma jovem morreu, mas ela não pôde compreender o que havia acontecido. Isto acontece em muitos acidentes; esta estória é significativa. Quando você morre de repente, sem estar pensando a respeito da morte, não pode acreditar no que aconteceu porque você ainda está aqui. O corpo espesso desaparece, mas o corpo sutil continua, e ele é exatamente igual, é uma réplica. Ou ao contrário: o corpo espesso é uma réplica do corpo sutil. Você continua sentindo o campo de energia do mesmo modo. Você vê suas mãos — só que mais belas. Você sente seu corpo — só que mais vivo.
  • 40. Assim, a mulher não pôde acreditar no que havia acontecido. A única coisa da qual ela se lembrava era de que estava indo para Londres, assim esse desejo a puxou para lá. Ela flutuou sobre Londres, mas não conseguia acreditar nisso. Ela nunca havia visto essa cidade tão bela; ela sempre a havia achado horrível. Agora, ela estava incrivelmente bonita — psicodélica, com muitas cores. Até o Tâmisa, que ela sempre havia achado tão feio, sujo e poluído, uma rede de esgotos da cidade inteira, parecia muito belo. Ela foi para a ponte do Tâmisa, mas não pôde ver ninguém. Muitas pessoas estavam passando, mas ela não podia vê-las, porque quando você perde seu corpo espesso não pode ver o corpo espesso dos outros. É difícil, porque nós só vemos aquilo que somos. Assim, a ponte parecia estar completamente vazia. Havia casas, mas estavam todas vazias. Ela ficou um pouco amedrontada. O que teria acontecido a essa cidade? Então, de repente, seu marido passou pela ponte. Ela pôde vê-lo porque ele havia sido o único homem que ela amara e esse amor permaneceu como um elo. Por causa do amor, ela pôde ver o corpo espesso do marido. Então, quando ela pôde vê-lo, lembrou-se de sua casa, de seu cachorro, dos amigos do seu marido e, aos poucos, pôde ver cada vez mais pessoas. O marido funcionou como um elo, de modo que, pouco a pouco, toda a cidade foi repovoada. Eu funciono para você apenas como um elo. Por meu intermédio, se a rendição acontecer, seu mundo interior será povoado pelo todo. Será difícil para você ver o todo diretamente. Através de mim, isso será possível. Portanto, eu sou um símbolo e sua rendição a mim é simbólica. Ela está direcionada para o todo por meu intermédio. Eu sou, no máximo, um instrumento, uma ponte para ser atravessada. Não faça de mim seu lar. Está tudo indo bem. Apenas lembre-se de uma coisa: não ajude o ego de modo algum. E sempre que você vir que o ego está demais, venha me ver, do contrário não há necessidade. Você pode vir para que eu o empurre um pouco para o lado. Isso é tudo o que há para ser feito. Empurre o ego para o lado, abra a porta e tudo acontecerá. Nada especificamente existe para ser feito. Ou melhor, isso é uma espécie de anulação. Anule o ego, só isso. Tudo está indo bem... Estou feliz! ............................................................................................................................... Pragyan, um saniasin alemão, pediu a Bhagwan para lhe explicar novamente o significado do nome de seu filho — Agaya. Significa aquilo que não pode ser cantado. A felicidade que não pode ser cantada; é algo tão profundo que você não pode exprimir... a felicidade inexprimível.
  • 41. PRAGYAN Este é o seu desejo ou a sua promessa? Acontecerá. Meu desejo é minha promessa. Pragyan perguntou a Bhagwan se ele e a mulher com quem estava vivendo deveriam se casar quando ela obtivesse o divórcio de seu marido. Primeiro, deixe que o divórcio aconteça e depois venha aqui. Vocês já estão casados, portanto o casamento será formal. Você pode fazer isso mais tarde se ela quiser. Não tenha pressa, porque algumas vezes o fato de se casar, muda a qualidade do relacionamento. As pessoas começam a tomar o outro como certo; esta é a dificuldade do casamento. Sem o casamento, vocês são amantes e o amor é mais fluido, mais fluente. Por você não ter o outro garantido, tem de renovar seu amor a cada momento. Uma vez casado, uma vez que o amor tornou-se legal, uma vez que a lei entrou no amor, a lógica também entra; economia e a política entram no amor. O amor é um fenômeno privado entre duas pessoas e o casamento é uma relação social. Quando a sociedade entra, ele se torna público. Então há problemas, porque mais cedo ou mais tarde começa a pensar em termos de passado, não em termos de futuro. Então você é um marido e ela é uma esposa. Você tem certos papéis e esses papéis ficam tão fixos que as pessoas são esquecidas; apenas os papéis permanecem. Então há a responsabilidade de ser um marido e um pai, de ser uma esposa e uma mãe. Há deveres a cumprir, mas a alegria, a brincadeira são perdidas. Assim, não tenha pressa. Primeiro, venham aqui juntos. ............................................................................................................................... Kabir, o que você me diz do grupo? O Tathata é um grupo de vinte e duas horas, com o propósito da pessoa aceitar totalmente a si mesma, porque a menos que alguém possa se aceitar, não pode aceitar aos outros. Tathata significa “tal como é”. Significa estar com o fato, sem qualquer avaliação a favor ou contra. “Se você estiver com raiva, então fique com raiva e não julgue se isso é bom ou mau. Se você conseguir aceitar a raiva sem qualquer julgamento, sentirá uma profunda liberdade a partir disso. A raiva será liberada e uma grande tensão irá embora com ela. Acontece o mesmo com todas as emoções”.
  • 42. “A repressão não deve ser permitida. A expressão não deve ser forçada. Isto é o que a palavra tathata significa”. Kabir disse que viu no grupo como funciona a harmonia que vem através dos conflitos. Toda a estrutura do Tathata é concebida de modo a forçar o negativo a vir à tona. Quando o negativo é liberado na superfície, o positivo aparece. Você não precisa criá-lo. Precisa apenas de abrir caminho para ele. O negativo se vai, o caminho está aberto. O negativo abandona o espaço interno e esse espaço vazio simplesmente atrai o positivo. Você não tem de fazer mais nada. É assim como se uma semente estivesse na terra com uma pedra colocada sobre si, de modo a não deixá-la brotar. Você remove a pedra e imediatamente a semente começa a brotar. Ela estava pronta para brotar, mas não havia caminho para ela; a pedra estava no caminho. Assim, a raiva, o ódio, o ciúme, a possessividade — todas as negatividades são como pedras impedindo a passagem da sua semente positiva. Remova-as e as sementes brotarão. Você não precisa se preocupar com a semente. Todo o seu esforço deve ser colocado na remoção das pedras — portanto, concentre-se nisso. Se você começar a se preocupar com a semente, seu esforço ficará dividido e você estará fraco para remover a pedra. Sua mente irá para a semente — para a sua germinação, seu florescimento, sua fragrância. Você não estará total na remoção da pedra. Se metade da pedra for removida, a metade restante ainda será suficiente para destruir a semente. Até mesmo uma única gota de veneno é suficiente para torná-lo triste, para deixá-lo doente, para matá-lo. Portanto, todo o seu esforço deve ser para extrair todos os venenos do sistema. Continue forçando... é por isso que eu digo que você tem de ser duro. A suavidade não será de nenhuma ajuda. As pedras não darão ouvidos à suavidade. Você tem de ser quase como um fantasma, assombrando-as. Elas têm de ser agitadas de um tal modo que todos os seus mecanismos de defesa sejam quebrados. Você tem de socá-las com força porque todas elas têm conchas ao seu redor. E a raiva delas não está à mostra. Por cima da raiva há uma personalidade, um caráter uma estrutura que protege a raiva. Você tem de ser duro para destruir essa estrutura. Tem de trazê-las para um estado de descaracterização. Só então elas revelarão sua realidade. E uma vez iniciado esse processo, continue empurrando; não relaxe. E não se preocupe com o positivo. Ele virá. Seja duro! Muito bem, Kabir. ...............................................................................................................................
  • 43. Alguma coisa para contar? Como foi o grupo para você? DIVYNANDA Sim, eu gostei dele. Eu passei os dez últimos anos no Canadá, trabalhando como médico em clínica geral e anestesia. Não sei se devo voltar para isso ou ficar aqui. É bom continuar o trabalho e continuar trabalhando em si mesmo lado a lado. É sempre bom estar no mundo. Nunca seja um escapista, porque fugir não irá ajudar. O melhor jeito é trabalhar no mundo, mas não se perder nele. Trabalhe por cinco ou seis horas e depois esqueça-se completamente do trabalho. Dê pelo menos duas horas para o seu crescimento interior, algumas horas para os seus relacionamentos, para o amor, para as crianças, os amigos, a sociedade. Sua profissão deve ser apenas uma parte da sua vida. Ela não deve sobrepor- se a todas as dimensões da sua vida, como normalmente acontece. Um médico torna-se médico quase vinte e quatro horas por dia. Ele pensa nisso, ele fala sobre isso. Até quando está comendo é um médico. Enquanto está fazendo amor com sua mulher, é um médico. Assim, isso é uma loucura, uma insanidade. Para evitar isso, as pessoas fogem. Então elas se tornam saniasins durante vinte e quatro horas por dia. Novamente estão fazendo o mesmo erro — o erro de estar em alguma coisa por vinte e quatro horas. Todo o meu esforço é para ajudá-lo a estar no mundo e ainda assim ser um saniasin. É claro que será mais difícil, porque haverá mais desafios e situações. É mais fácil ser um médico ou um saniasin. Será difícil ser ambos, porque isso trará muitas situações contraditórias. Mas a pessoa cresce quando há situações contraditórias. No tumulto, nesse choque de contradições, a integridade nasce. Você se torna mais centrado. Minha sugestão é que você volte, mas com esta decisão: trabalhar por seis ou oito horas e, então, nas dezesseis horas restantes não ser um médico de modo algum. Use essas dezesseis horas para outras coisas: para o sono, para a música, a poesia, a meditação, o amor, ou apenas para ficar à toa. Isto também é necessário. Se uma pessoa torna-se muito sábia e não pode ficar à toa, ela se torna pesada, sombria, séria. Ela perde a vida. Assim, um homem sábio tem de ser tão sábio que se permita um pouco de tolice também. Esta é a maior sabedoria: usar a tolice como parte da vida a fim de poder rir — não apenas dos outros, mas de si mesmo também; a fim de poder brincar sem pensar em nenhum proveito, sem nenhum motivo; a fim de poder simplesmente se relacionar com as pessoas sem nenhuma razão. Você pode
  • 44. fazer muitas coisas que não sejam econômicas ou políticas; coisas que sejam feitas apenas por prazer. A pessoa deve permanecer criança também. Se você puder encontrar um velho catando pedrinhas na praia, então ele compreendeu a vida. Se ele ainda puder se alegrar catando conchinhas como uma criança, com reverência e admiração, maravilhado e surpreso como se tivesse encontrado tesouros, então ele é realmente sábio. Ele amadureceu. A maturidade verdadeira sempre conserva alguma coisa infantil, e um homem realmente sábio sempre permanece disponível para as tolices também. Assim, minha sugestão é que você fique aqui o tempo que quiser, e depois vá. Ao voltar, continue na sua profissão um saniasin. Ande de laranja e deixe que as pessoas riam. Você pode rir com elas também. A vida deve ser multi-dimensional; então ela é rica. Ser médico é monótono; ser político é monótono. Apenas um tom, uma nota que eles ficam repetindo, repetindo, repetindo. Assim, busque, descubra, investigue novos campos e torne a vida a mais rica possível. A vida deve ter muitas cores, como um arco-íris. Todas as cores devem estar presentes. Uma pessoa só pode ver Deus quando se torna igual a um arco-íris, com todas as cores absorvidas — sem nada sacrificado, nada excluído, tudo incluído. Sempre que você puder vir aqui, venha e depois volte. Mais tarde, poderá finalmente se assentar aqui, mas aqui também terá de ser um médico, mm? Ótimo! ............................................................................................................................... Anatta disse que gostou do grupo, mas que, antes de iniciá-lo, havia se sentido negativa durante algum tempo, fechada para as pessoas ao seu redor. Bhagwan perguntou-lhe desde quando não se relacionava com alguém amorosamente e ela respondeu: “Desde Outubro”. E você ainda não está sentindo vontade de se relacionar? ANATTA Agora estou. Por muito tempo não senti vontade. Porque é isso o que está sendo necessário agora. Isto é o que a está tornando fechada. Mas eu não estou sentindo nada por ninguém. Eu simplesmente não sinto.
  • 45. Talvez você não esteja permitindo que isso aconteça, porque parece que você está feliz com o ‘não’. Isto será uma dificuldade — porque um relacionamento não é algo que possa acontecer do nada. Você precisa, pelo menos, ajudá-lo a acontecer. Este não é o som que pode ser criado com uma só mão batendo palma. Ambas as mãos são necessárias. Se a pessoa, no fundo, não o estiver querendo, ela não o permitirá. Você pode sempre jogar a responsabilidade nos outros: que ninguém está se aproximando de você, ou que não há ninguém com quem valha a pena se preocupar, e que você não sente nada por ninguém, então o que pode fazer? Mas essas coisas estão intimamente relacionadas. Se você se mover, começará a sentir. Se você sentir, se moverá mais. Uma coisa vai ajudando a outra, e é preciso começar de algum lugar. Minha sugestão é que você encontre alguém. O mundo está cheio de pessoas lindas que estão disponíveis. Todo mundo está buscando, procurando amor, portanto não vejo como isso pode não acontecer. Apenas esteja disponível. Seja um pouco mais expansiva, aberta, do contrário não acontecerá. Com a meditação, há uma necessidade profunda de amor. São como duas asas e você não pode voar com uma asa só. Se a meditação está indo bem, de repente, você vê que o amor está faltando. Se o amor está indo bem, de repente você sente que a meditação está faltando. Se nada está indo bem, então está certo. A pessoa se acomoda em sua própria tristeza, em seu fechamento. Mas agora, por causa do grupo, uma asa começou a se mover. Você se sentiu muito positiva no grupo, porque a meditação funcionou e algumas catarses aconteceram. Agora a outra asa é necessária. Assim, encontre alguém. Você já se inscreveu para outros grupos? (Anatta balançou sua cabeça, negando). Primeiro, encontre um amado. Deixe que esse seja o seu grupo agora, e depois veremos. E quando você encontrar alguém, traga-o aqui! ............................................................................................................................... Uma saniasin das Filipinas, Ram Bharta, disse que estava cursando a faculdade de direito, mas que se sentia dividida porque gostaria de permanecer aqui e abandonar seus estudos, mas não queria contrariar sua mãe, por quem estava fazendo o curso. O que eu sinto é que a pessoa deveria ouvir sempre seu próprio coração. Nenhuma outra consideração é significativa. A vida é sua. Se você não quer estudar direito, então não estude. Quando você entra em alguma coisa que não gosta, toda a sua vida é perturbada. A pessoa pode arrumar um jeito de persuadir o pai e a mãe; isto não é muito difícil. Mas