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HAZRAT INAYAT KHAN
A MENSAGEM
SUFI-II
A Saúde
Confissões
O Morto Vivo
UNIVERSALISMO
Sumário
O MOVIMENTO SUFI
Objetivos do Sufi
O Mensageiro
Que é um Sufi
O Emblema Sufi
O Objetivo do Movimento Sufi
A Tradição do Sufismo
Mensagem Sufi
Máximas Sufis
Característicos do Sufi
Pensamentos do Sufi
A SAÚDE
CONFISSÕES
Capítulo I – As primeiras fases de minha vida
Capítulo II – Meus estudos das religiões
Capítulo III – Início de minha excursão pela Índia
Capítulo IV – Meu interesse pelo Sufismo
Capítulo V – Minha iniciação no Sufismo
Capítulo VI – Minha viagem ao Ocidente
Capítulo VII – Oriente e Ocidente
Capítulo VIII – Treinamento Oriental
O MORTO VIVO
O Movimento Sufi
Uma doutrina e uma prática da mais estreita e sincera fraternidade entre os
homens, e da mais universal adoração ao Supremo Ser, por meio de uma ordem,
ou escola para iniciação, treino e aperfeiçoamento, naquele sentido, de todas as
almas que desejem buscar a verdade e o caminho para Deus, sem distinção de
igrejas, confissões ou escolas filosóficas, – eis o que é o Movimento Sufi,
originado no Oriente e, espalhando-se hoje por todo o mundo, e de que
procuramos dar aqui uma sucinta idéia, ou definição.
Objetivos do Sufi
1. Realizar e espalhar o conhecimento da unidade, a religião do Amor e da
Sabedoria, de maneira que as inclinações das fés e das crenças possam de si
mesmas fenecer, o coração humano possa inundar-se de amor e possa
erradicar-se toda ira causada pelas distinções e diferenças.
2. Descobrir a luz e a força latente no homem, o segredo de toda religião, a força
do misticismo, e a essência da filosofia, sem interferir nos costumes, ou crença.
3. Ajudar a trazer os dois pólos opostos, o Oriente e o Ocidente, intimamente
unidos pelo intercâmbio do pensamento e dos ideais, de modo que a fraternidade
universal possa formar-se por si mesma, e o homem possa encontrar-se com o
homem além dos estreitos limites nacionais e raciais.
O Mensageiro
Pir-O-Murshid Inayat Khan, o iniciador do Movimento Sufi, e fundador da
respectiva Ordem, nasceu em Baroda, Índia do Sul, a 5 de julho de 1882. Suas
qualidades excepcionais, talentos artísticos e atitudes espirituais eram evidentes
desde os primeiros anos de sua mocidade. Seus poemas são inspirados e tocam
ao sublime. Músico, tornou-se famoso em toda a Índia, tanto como compositor
quanto como cantor, e foi honrado pelos potentados com títulos, jóias e dinheiro.
Estudou música, poesia, filosofia, religião comparada e misticismo com os
maiores mestres da sua terra, e então, sentindo comandá-lo, no seu íntimo, a
força impulsiva do Divino, correspondeu à exortação do seu Senhor, “Na verdade
tu és abençoado por Allah, o mais Misericordioso e Compassivo Deus; segue
meu Filho, junta o Oriente com o Ocidente, dá ao mundo a Divina Mensagem de
Amor, Harmonia e Beleza”.
Pir-O-Murshid Inayat Khan, alma verdadeiramente iluminada e mística, deixou a
sua terra natal em 1910, e viajou pela Europa e Estados Unidos da América,
recebendo constantemente a Divina Inspiração e Revelação, que ele
interpretava em linguagem humana e ofertava ao mundo. Os seus ensinamentos
incorporam a riqueza do saber que tem sido entesourado no Oriente durante
séculos, satisfazem a fome espiritual de toda alma e formam um treino seguro e
sistemático a respeito do desenvolvimento da consciência no rumo dessa
compreensão da Presença de Deus, que é a meta da humanidade.
Pir-O-Murshid Inayat Khan fundou e organizou o Movimento Sufi e deu-lhe
completa intuição em todos os seus cinco ramos de atividade. Depois,
conhecendo que a sua Missão tinha sido cumprida, obedeceu ao Chamado de
Retorno e voltou para a Índia, no fim de 1926.
Depois de fazer uma série de conferências na Universidade de Delhi, capital da
Índia Inglesa, e de ser reconhecido pelo Chefe dos Sufis na Índia, Shaikh Nizami
como seu Mestre, de todos os Sufis, conheceu que a tarefa da sua vida estava
completa. Mais tarde, como predissera, passou alguns dias no estado de êxtase,
conhecido como Samadhi e finalmente deixou o seu corpo físico a 5 de fevereiro
de 1927. Seus restos mortais jazem numa tumba entre dois Santos Sufis, em
Delhi.
Que é um Sufi?
Que é um Sufi? – É aquele que não se separa dos outros pela opinião ou dogma,
e que percebe ser o coração como o Sacrário de Deus.
Que deseja ele? – Remover o falso eu, e descobrir dentro dele Deus.
Que ensina ele? – Felicidade.
Que procura ele? – Iluminação.
Que enxerga ele? – Harmonia.
Que outorga ele? – Amor a todas as coisas criadas.
Que obtém ele? – Uma força maior do amor.
Que perde ele? – O egoísmo.
Que acha ele? – Deus.
O Emblema Sufi
O Emblema do Movimento Sufi – um coração alado – simboliza os seus ideais.
O coração é tomado em ambos os sentidos, o celeste e o terreno. Como o centro
do ser de uma pessoa, é um receptáculo na terra, do Espírito Divino, e se eleva
ao Reino do Céu quando corresponde ao Espírito de Deus, que eternamente
procura guiar a humanidade. A elevação do coração é indicada pelas asas
abertas, e estas representam, respectivamente, desprendimento e
independência; desprendimento dos gozos mundanos e da arbitrária opinião, e
independência na consciência do Amor, da Sabedoria e do Poder de Deus.
O Crescente no coração simboliza correspondência; é o coração
correspondendo ao Espírito de Deus, que se levanta. O Crescente é o símbolo
da correspondência, porque vai ficando mais cheio, correspondendo mais e mais
ao sol. A luz, que se vê na lua crescente, é a luz do sol, e, aumentando
correspondentemente, se torna ela cheia da luz do sol. Semelhantemente, a
alma nobilitada sempre se torna uma expressão mais plena das qualidades
divinas.
A Estrela no centro do Coração representa a centelha Divina, que se reflete no
coração humano com amor, e, pela virtude do sopro Divino, pode ser soprada
até que se levante uma chama para iluminar o caminho da vida de uma pessoa.
O Objetivo do Movimento Sufi
O objetivo do Movimento Sufi é trabalhar em prol da unidade. Seu objetivo
principal é atrair a humanidade, hoje dividida em tantos setores diferentes, para
que os homens se aproximem cada vez mais e compreendam mais
profundamente a vida. É uma preparação para um serviço de âmbito mundial,
usando três caminhos principais: um dos caminhos é a compreensão filosófica
da vida, outro é estabelecer uma fraternidade entre raças, nações e crenças, e
o terceiro caminho é satisfazer a mais premente necessidade do mundo, a
religião para os dias atuais. Sua finalidade é dar à humanidade aquela religião
natural, que sempre foi a religião dela: respeitar todas as crenças, todas as
escrituras e todos os mestres. A Mensagem Sufi é um eco da eterna mensagem
divina, que sempre foi transmitida e sempre será dada ao mundo para iluminar
a humanidade. Não é uma nova religião, é a mesma mensagem dada à
humanidade. É a continuação da mesma religião antiga, que sempre existiu e
sempre existirá, uma religião que pertence a todos os mestres e a todas as
escrituras. É a continuação de todas as grandes religiões que existiram no
mundo em épocas diferentes e é uma unificação de todas elas, o que constitui e
constituiu sempre o desejo de todos os profetas.
O Movimento Sufi é composto de pessoas que possuem o mesmo ideal de servir
a Deus e à humanidade, ideal esse que impele os Sufis a devotar uma parte, ou
a vida inteira, ao serviço da humanidade, levando-a ao caminho da Verdade. O
Movimento Sufi é formado de grupos, cujos membros pertencem a todas as
religiões e, portanto, professam religiões diferentes. Todos são benvindos ao
Movimento Sufi, quer sejam Cristãos, Budistas, Parsis, Muçulmanos, etc. Não se
indaga sobre a fé ou crença de ninguém. Cada um pode continuar a frequentar
a sua igreja, a ter sua religião ou credo. Não se obriga ninguém a acreditar em
um credo ou dogma em particular. Há liberdade de pensamento. É dada uma
orientação pessoal para trilhar o caminho, quer sobre os problemas da vida
exterior, quer sobre os problemas da vida interior.
Os que fazem parte da escola esotérica do Movimento Sufi recebem, além da
orientação pessoal, ensinamentos que são transmitidos somente àqueles que
estão preparados para recebê-los. Há sutilezas de idéias, de idéias espirituais,
morais ou filosóficas, que não podem ser transmitidas imediatamente a qualquer
pessoa, mas que são transmitidas gradativamente àqueles que se mostram
suficientemente compenetrados para enveredar no caminho da Verdade.
Entretanto, todos aqueles que desejarem pesquisar a Verdade devem se lembrar
de uma coisa: o primeiro passo no caminho da Verdade é ser verdadeiro para
consigo mesmo.
O culto do Movimento Sufi é chamado “Adoração Universal”, porque nesse culto
são reverenciados todos os cultos: do Cristão, do Muçulmano, do Hebreu, do
Zoroastriano, do Budista, do Hindu. Assim, pois, quem quer a bênção de Jesus
Cristo receberá essa bênção do altar, os que procuram a bênção de Moisés
receberão a sua bênção, os que desejam a bênção de Buda também a recebem
de Buda, e assim sucessivamente, mas aqueles que procuram a bênção de
todos os grandes Profetas que vieram ao mundo em épocas diferentes, esses
recebem uma bênção global, a bênção de todos os Profetas.
O Movimento Sufi não interfere no ideal de ninguém nem na devoção que cada
um tem ao seu Mestre. Seria isso um absurdo tão grande como se pensássemos
que uma criança pode amar mais a mãe de uma outra criança do que a sua
própria mãe. Tem alguém o direito de comparar e colocar em determinado lugar
os grandes Mestres ou as Escrituras? Ninguém. Onde podemos colocar o nosso
ideal é na devoção de nosso coração ao ideal que adoramos e isso é assunto
que só a nós diz respeito. Ninguém pode interferir.
Certa vez algumas meninas brincavam e diziam: “Minha mãe é a melhor das
mães”, ao que outras retrucavam: “Não, a minha mãe é a melhor”. Todas
apresentavam argumentos, mas uma delas, que tinha mais sabedoria do que as
outras, disse: “Não é nada disso, o que é adorável é a mãe, seja ela a sua mãe
ou a minha mãe”.
Interfere o Movimento Sufi na devoção das pessoas aos seus Mestres? Nunca,
mas convida as almas a ver que a fonte e a meta de todas as sabedorias é uma
só, e que todas as bênçãos que as almas almejam vêm da mesma fonte, pois a
verdade é que existe uma só e única fonte.
Na “Adoração Universal” os Sufis colocam no altar as Escrituras de todas as
religiões enumeradas acima e colocam também velas representando essas
religiões. As diversas velas acesas significam nossa adesão aos diferentes
Mestres, religiões e escrituras, que ensinaram que existe somente uma luz,
embora existam muitas lâmpadas. Não são as lâmpadas que devem entrar
primeiramente na mente e sim a luz. É essa luz que deve ser levada em primeiro
lugar ao coração.
Jesus Cristo trouxe ao mundo o ensinamento da religião da unidade. Os
ensinamentos de Moisés e os esforços de Maomé tiveram o mesmo objetivo.
Tudo que Buda ensinou, o que Krishna pregou, pode ser resumido no seguinte:
existe uma só luz, que é a luz divina, e a direção apontada por essa luz é o
caminho que deve ser trilhado pela humanidade.
Embora o ideal Sufi seja expresso de muitas maneiras, os Sufis adoram também
o ideal do “sem forma”. A forma serve para ajudar os que precisam ver a forma,
pois nossa educação é baseada realmente em nomes e formas. Se não
existissem nomes e formas, não teríamos aprendido a conhecer as coisas, mas
a finalidade da forma é apenas uma questão do que está atrás da forma. É
sempre a mesma e única verdade que existe atrás de todas as religiões.
Portanto, o cerimonial do culto Sufi não deixa também de ser um ensinamento,
mas todo Sufi é livre de usar ou não usar uma forma. Um Sufi não fica limitado
a forma alguma. As formas são usadas pelo Sufi, mas as formas não o
aprisionam.
No Movimento Sufi não existe sacerdócio no sentido comum da palavra. O
sacerdócio é apenas para o cerimonial e para preencher as funções que um
sacerdote sempre exerce na vida cotidiana. Os que recebem as ordens no
Movimento Sufi são chamados “Sirajs” e “Cherags”. Não há distinção entre o
elemento masculino e feminino. A alma que se mostrar digna será ordenada.
Constitui isso um exemplo para o mundo, mostrando que em todos os lugares –
na igreja, na escola, no Parlamento ou na corte – a mulher e o homem juntos é
que contribuem para uma evolução completa. O Sufi é ao mesmo tempo um
sacerdote, um pregador, um mestre e um aluno de todas as almas que encontra
pelo mundo.
As preces Sufi “Saum” e “Salat” não são preces feitas pelo homem. São preces
enviadas do Alto, foram transmitidas da mesma forma que, em cada período de
reconstrução espiritual da humanidade, foram transmitidas as demais preces.
Essas preces têm poder e trazem bênçãos, especialmente para aqueles que
crêem.
O que representa uma prece verdadeira? Louvor a Deus. Qual é o significado da
palavra louvor? Apreço, abrir o coração cada vez mais à beleza divina
representada na manifestação. Nunca seremos bastante gratos. Devemos
ensinar às crianças e aos nossos empregados a ter apreço, não para nosso
próprio benefício, mas para que eles se beneficiem do ensinamento de que
devem dar valor e apreciar as coisas. Se isso não Ihes for ensinado, privá-lo-
emos de uma grande virtude, pois a alegria e a felicidade estão no apreço a
determinadas coisas ou certas condições. A prece treina a alma para dar maior
apreço à bondade de Deus.
A prece pode ser feita em silêncio, mas como a natureza de sensação é
psicológica, se recitarmos as palavras da prece em voz alta faremos com que
elas penetrem no “Akasha” do corpo, a parte etérea do corpo, e atinjam o plano
interior do nosso ser. Assim sendo, as preces repetidas em voz alta têm sobre a
alma um efeito maior do que uma prece recitada em silêncio. A prece é dada ao
homem para que se beneficie dela e não para beneficiar Deus.
A ação da prece também é psicológica, porque produz em cada átomo do nosso
corpo, imagens do pensamento que está atrás da prece. Cada átomo do corpo
reza, até as células do sangue oram. Todo ser do homem se transforma numa
prece. Assim, os movimentos que acompanham as preces têm uma ação
psicológica. A cada movimento que fazemos ao dizer as preces, segue-se uma
espécie de projeção, que fica impressa em cada átomo do nosso corpo. Nossa
circulação é afetada e todo nosso ser é afetado pela circulação, até a nossa pele.
A Tradição do Sufismo
Pir-O-Murshid Inayat Khan definiu o Sufismo como a filosofia do Amor, da
Harmonia e da Beleza. É um reconhecido caminho místico da devoção, tem
existido no Oriente há mais de um milhar de anos, mas a sua tradição pode ser
rastreada pelo menos até o tempo de Abraão, o pai de quatro grandes religiões,
e que foi ele mesmo iniciado no antigo culto religioso do Egito. A Confraria dos
Essêneos, existente ao tempo de Jesus, era indubitavelmente Sufi. No sentido
verdadeiro da palavra, o Sufismo tem existido desde o nascimento da raça
humana e todos os grandes Mensageiros, Profetas, Santos e Mestres hão sido
Sufis. Neste aspecto ideal, o Senhor Buda foi mais um Sufi do que um Budista,
justamente como o Senhor Jesus foi um Sufi antes que um Cristão, porque
ambos tornaram realidade a bênção da Consciência de Deus e apontaram o
caminho dela para os outros seguirem. No seu mais profundo aspecto, o Sufismo
corresponde àquela Companhia de todas as almas iluminadas, que formam a
corporação do Mestre, o Espírito de Guia, a que se referem os Místicos Cristãos
como a Igreja Oculta, iluminada pela Luz de Cristo, que governa e dirige todas
as formas exteriores de religião. Cada época do mundo tem visto almas
iluminadas, e assim como é impossível limitar a sabedoria a nenhum período,
lugar ou povo, assim também é impossível datar ou localizar a origem do
Sufismo.
Mensagem Sufi
A Mensagem de Deus tem sido enviada à terra aonde quer que o clamor da
humanidade chegue a um certo ponto, e tem sido outorgada numa forma
apropriada às necessidades do tempo; mas, em essência, é a mesma
eternamente. “Deus fala a seus filhos através dos lábios do homem”. Seus
Mensageiros Divinos têm sido muitos, e incluem Rama, que trouxe a Mensagem
da Sabedoria; Buda, com a Mensagem da Compaixão; Zoroastro deu a
Mensagem da Pureza; Moisés, a Mensagem da Lei; Cristo foi portador da
Mensagem do Sacrifício de Si Mesmo, e Maomé deu a Mensagem da Unidade.
A Mensagem da Verdade Divina surgiu para o Mundo Ocidental em 1910 com
Pir-O-Murshid Inayat Khan. Ele incorporou numa forma moderna e universal a
Essência da Verdade e Sabedoria dos Místicos Sufis do Oriente, e profetizou
que o Sufismo se tornaria a Religião e Filosofia das futuras gerações. Em si
mesmo, o Sufismo não é um culto novo, posto que sua clara exposição da
Verdade Divina e da natureza imortal do homem constitui uma Revelação para
o mundo.
A Mensagem Sufi é a resposta Divina ao clamor humano da hora presente por
Paz, Amor e Felicidade, e estes ele os dá pela concepção de Deus imanente,
não distante, mas presente, dentro do coração de cada indivíduo.
Ele não traz novas teorias, ou doutrinas, para se adicionarem àquelas já
existentes, que atrapalham a mente humana. O de que o mundo precisa hoje é
a mensagem de Amor, Harmonia e Beleza, cuja ausência é a única tragédia da
vida. A Mensagem Sufi não dá uma nova lei, mas desperta na humanidade o
espírito de fraternidade, com tolerância da parte de cada um para com a religião
do outro, com perdão de cada um para a falta do outro; ensina a plenitude de
pensamento e a consideração, de maneira a criar e manter a harmonia na vida.
Ensina a servir e ser útil, o que pode, somente, fazer frutífera a vida no mundo,
e em que reside a satisfação de cada alma.
O Movimento Sufi tem crescido rapidamente durante os últimos anos, sendo hoje
uma organização internacional com a sua sede em Genebra.
Máximas Sufis
Espiritualidade quer dizer coração afinado; não podemos obtê-la nem por estudo
nem por devoção.
Uma perda mundana por vezes se torna um ganho espiritual.
O caminho do Sufi é gozar a vida, e no entanto manter-se acima dela; viver no
mundo, e não se deixar ganhar por ele.
Aprender a lição de como viver é mais importante do que todo e qualquer treino
psíquico, ou de ocultismo.
A Sabedoria não está nas palavras, mas na compreensão.
Uma Alma é tão grande quanto o círculo da sua influência.
De entre as conchas de um coração partido emerge a alma rediviva.
Deus fala ao profeta na sua língua Divina e o profeta interpreta-o na linguagem
do homem.
A alma de Cristo é a luz do Universo.
O que nos faz felizes, ou infelizes, não é a nossa situação na vida, mas a nossa
atitude para com a vida.
A felicidade é nosso direito inato; cada alma procura a felicidade, finalmente
descobre que não existe em parte alguma felicidade, exceto em Deus.
Quanto mais temos em vista os sentimentos dos outros, mais harmonia e
felicidade podemos criar.
Para uma alma vigilante, o Dia do Juízo não vem depois da morte, mas hoje
mesmo.
Nas esferas da consciência, a alma do homem e o espírito de Deus se encontram
e se tornam um.
A alma iluminada encontra seu caminho nas trevas, tanto no interior como fora
de si mesma.
A vida é a principal coisa a considerar, e a vida verdadeira é a vida interior, a
exata compreensão de Deus.
Fazer de Deus uma realidade é o verdadeiro objeto da adoração.
A Alma chega a um estado de realização onde a Vida toda se torna uma visão
sublime da Imanência de Deus.
Na verdade, aquele que busca o mundo herdará o mundo, mas a alma que
procura Deus alcançará a Presença de Deus.
“A verdadeira espiritualidade não é necessariamente uma fé, ou crença fixa – é
o enobrecimento da alma pelo elevar-se acima das barreiras da vida material”.
Característicos do Sufi
– Qual é a religião do Sufi? – A vida natural.
– Qual é a maneira do Sufi – A simplicidade.
– Qual é a meta do Sufi? – A exata compreensão de si mesmo.
– Qual é o caminho do Sufi? – A amizade.
– Qual é a arte do Sufi? – A humildade.
– Qual é o condão do Sufi? – A personalidade.
– Qual é a moral do Sufi? – A beneficência.
– Qual é a atitude do Sufi? – O perdão.
– Qual é o ideal do Sufi? – O homem.
– Qual é do Sufi o bem-amado? – Deus.
Pensamentos do Sufi
1. Existe um Deus, o Eterno, o Ser único; ninguém existe senão Ele.
2. Existe Um Mestre, o Espírito-Guia de todas as almas, que permanentemente
conduz os que o seguem para a Luz.
3. Existe um livro santo, o sagrado manuscrito da natureza, a única escritura que
pode iluminar o leitor.
4. Existe uma religião, o indesviável progresso na direção retilínea para o ideal,
que preenche o objetivo da existência de toda alma.
5. Existe uma lei, a lei da reciprocidade, que pode ser observada por uma
consciência sem egoísmo conjuntamente com um senso de vigilante justiça.
6. Existe uma fraternidade, a fraternidade humana, que une os filhos da terra,
indiscriminadamente, de Deus, na Paternidade.
7. Existe uma moral, o amor que rebenta da negação do egoísmo, e floresce em
obras de beneficência.
8. Existe um objeto de louvor, a beleza, que levanta o coração dos seus
adoradores através de todos os aspectos, do Visto, para o Não-visto.
9. Existe uma verdade, o verdadeiro conhecimento da nossa entidade, interna e
externa, o que é a essência da sabedoria.
10. Existe um caminho, o aniquilamento do falso eu no real, que levanta o moral
para a imortalidade, na qual reside toda a perfeição.
A SAÚDE
A Saúde
I
A doença é uma desarmonia, desarmonia física ou desarmonia mental, atuando
uma sobre a outra. Qual é a causa da desarmonia? A falta de tom e de ritmo.
Como pode ser isso interpretado na terminologia física? O tom é o “prana”, a
vida, a energia; o ritmo é a circulação, a regularidade, regularidade nas
pulsações da cabeça, do pulso e na circulação do sangue pelas veias. Em
sentido físico, a falta de circulação quer dizer congestão e falta de “prana” ou
vida, ou energia significa fraqueza. Essas duas coisas atraem moléstias e são
as causas das moléstias. Em sentido mental, ritmo é a ação da mente, quer
esteja a mente ativa com pensamentos harmônicos ou com pensamentos
desarmônicos, quer esteja a mente forte, firme e estável ou esteja fraca.
Se alguém continua a pensar em idéias harmoniosas, o resultado é o regular
batimento do pulso e a boa circulação do sangue. Se for quebrada a harmonia
do pensamento, a mente então tornar-se-á congesta. Perde-se a memória,
advém a depressão e o que se vê é só escuridão. A dúvida, a suspeita, a
desconfiança e todas as formas de angústia e desespero vêm quando a mente
se acha assim congestionada. Conserva-se o “prana”, a vida ou energia da
mente, quando ela pode se estabilizar em pensamentos harmoniosos. Aí, então,
a mente pode equilibrar seus pensamentos, não pode ser facilmente agitada, e
a dúvida e a confusão não podem sobrecarregá-la. Seja moléstia nervosa, seja
desordem mental, seja enfermidade física, todos os diferentes aspectos da
insanidade têm na sua raiz uma causa e essa é a desarmonia.
O corpo que uma vez ficou desarmônico, torna-se um receptáculo de influências
desarmoniosas, de átomos desarmônicos. Participa deles sem o saber e o
mesmo se dá com o espírito. Portanto, o corpo que já está com falta de saúde é
mais suscetível de apanhar uma doença do que o corpo que está perfeitamente
são. Assim também o espírito, que já tem consigo uma desordem, é mais
suscetível de apanhar toda sugestão de desordem e, neste caminho, vai de mal
a pior.
É coisa comprovada pelos cientistas de todos os tempos que cada elemento atrai
o mesmo elemento. Assim, é natural que doença atraia doença. Em poucas
palavras, desarmonia atrai desarmonia, enquanto que harmonia atrai harmonia.
É comum vermos em nossa vida cotidiana uma pessoa que não está sentindo
nada, apenas está fisicamente fraca, ou cuja vida não está regular, ser sempre
suscetível de apanhar moléstias. Vemos também uma pessoa que tem
constantemente idéias desarmônicas sentir-se muito facilmente ofendida, não
demorar muito em ficar ofendida e uma pequena coisa e outra acolá fá-la irritada,
porque a irritação já está com ela, precisa justamente de um pequeno toque para
transformar-se em uma irritação mais profunda.
A par disto, a harmonia do corpo e do espírito depende da vida externa da
pessoa, do alimento que ingere, do meio em que vive, das pessoas com quem
se encontra, do trabalho que faz, do clima em que vive. Sem dúvida, sob as
mesmas condições, pode uma pessoa estar mal e outra estar bem. A razão é
que uma está em harmonia com o alimento que come, com o tempo em que vive,
com a gente a que se reúne, com as condições que a cercam. A outra revolta-
se contra o alimento que ingere, contra a gente com que vive, contra as
condições que a cercam, contra a época em que tem de viver. O único motivo é
que tal pessoa não está em harmonia e os mesmos resultados ela colhe e
experimenta em todas as coisas na sua vida: desordem e doença daí resultam.
Esta idéia pode ser muito bem demonstrada pelo método atual chamado auto-
hemoterapia usado pelos médicos, de inocular a pessoa com o mesmo elemento
que a faz doente. Não há melhor demonstração desta idéia do que a prática da
inoculação. Esta coloca a pessoa em harmonia com aquilo que é oposto à sua
natureza.
Se compreendermos este princípio, poderemos inocular-nos com tudo que não
se harmonizar conosco e a que estamos continuamente expostos e de que não
há meio de fugirmos.
O lenhador, em regra, não apanha insolação. O marinheiro não se resfria
facilmente. A razão é que o lenhador se fez à prova de sol, enquanto que o
marinheiro se fez à prova d’água. Em resumo, a primeira lição em matéria de
saúde é compreender este princípio: que a moléstia nada mais é do que
desarmonia e que o segredo da saúde está na harmonia.
II
A desordem no tom e a irregularidade no ritmo são as principais causas de toda
moléstia. A explicação dessa desordem do tom é que há um determinado tom
em que a vida está vibrando através de todo o corpo, através de cada canal do
corpo, e esse tom é um tom particular, continuamente vibrante, em cada pessoa.
Quando os místicos dizem que toda pessoa tem a sua nota não se referem à
nota do piano, é a nota que se processa como um tom, como um respirar. Mas,
se uma pessoa não toma o devido cuidado consigo mesma e se deixa influenciar
por qualquer vento que sopre, vive, como a água no mar, para cima e para baixo,
perturbada pelo ar.
O estado normal do homem é quando usa a sua capacidade de manter-se firme
através do temor, da alegria e da ansiedade e não se deixa arrastar de um lado
para outro como um farrapo de papel, a cada sopro de vento. Deve resistir a tudo
e ficar firme, de pé, no meio de todas essas influências.
Pode alguém argumentar: “Não está a água sujeita a influências tanto quanto o
rochedo?” O homem não foi feito para ser um rochedo, nem água. Tem tudo em
si, é o fruto de toda a criação, deve estar sempre apto a mostrar sua evolução
mantendo seu equilíbrio.
Uma pessoa capaz de num momento regozijar-se e logo a seguir se sentir
deprimida, muda suas maneiras e não pode manter aquele tom que lhe dá o
equilíbrio e que é o segredo da saúde.
São poucos os que sabem que não é o prazer nem o fazer-se alegre que
redundará em saúde! Ao contrário, a vida de clubes, como é hoje conhecida, dá
prazer num dia mas nos torna enfermos com o passar dos tempos, porque não
nos pode dar o equilíbrio necessário.
Quando alguém se torna sensível a cada pequena coisa com que se depara na
vida, muda a nota do seu tom. Soa uma outra nota, com a qual não está o seu
corpo acostumado e isso causa toda sorte de moléstia. Desespero excessivo e
excessiva alegria, todas as coisas em excesso devem ser evitadas. Há naturezas
que sempre buscam os extremos, precisam ter uma alegria, um divertimento, em
tal excesso que acabam se sentindo cansadas ou têm um colapso de tristeza e
desespero. Entre essas pessoas é que vamos encontrar os continuamente
sujeitos a doenças.
Se um instrumento não é conservado no tom apropriado, se é tocado por todos
que chegam e nele todos põem a mão, logo fica desafinado. Ora, o corpo
também é um instrumento, um instrumento que Deus fez para o Seu divino
objetivo. Logo, se ele for mantido afinado e não deixarmos que suas cordas se
afrouxem, esse instrumento se torna o veículo da harmonia para a qual criou
Deus o homem.
Como devemos manter esse instrumento afinado? Em primeiro lugar as cordas
requerem limpeza, sejam elas de tripa ou de arame de aço. Os pulmões e as
veias no corpo também requerem limpeza. É isso que os mantêm prontos para
exercer suas funções.
Como limpá-los? Pelo cuidado na dieta, pela sobriedade, pela respiração
apropriada e correta. Não é somente água e areia que se usam para a limpeza,
o melhor meio de limpar são o ar e as propriedades contidas no ar, propriedades
que inspiramos. Logo, se soubermos conservar limpos esses canais com o
auxílio da respiração, isto garantirá a nossa saúde. É isto que mantém o tom, a
nota própria de cada pessoa, livre de perturbações. Quando uma pessoa está
vibrando a sua própria nota de acordo com a sua evolução particular, ela passa
a ser ela mesma, está afinada no tom para que foi feita, no tom em que deve
estar o no qual naturalmente se sente confortável.
Falemos agora do ritmo: há um ritmo da pulsação, o batimento do pulso na
cabeça e no coração. Toda vez que o ritmo desse batimento é perturbado, causa
todas as moléstias porque perturba o mecanismo que está em andamento, a
ordem, que depende da regularidade do ritmo. Se uma pessoa repentinamente
ouve falar de alguma coisa que lhe causa temor, o ritmo se quebra, a pulsação
muda. Cada choque que recebe quebra o seu ritmo. Muitas vezes nota-se que,
embora tenha sido bem-sucedida uma operação, deixa ela uma cicatriz às vezes
por toda a vida. Uma vez quebrado o ritmo, é mais difícil endireitá-lo.
Se o ritmo se perdeu, deve ser restabelecido com grande sabedoria. Um súbito
esforço para reconquistar o ritmo pode fazer com que ele se perca ainda mais.
Se o ritmo se fez demasiado lento ou apressado demais, pode ser que o
quebremos ao tentar fazê-lo voltar à sua condição regular, ou nos quebremos a
nós mesmos. Há um processo gradual que deve ser usado sabiamente: se o
ritmo se tornou demasiadamente apressado, deve ser gradualmente
reconduzido à condição normal. Se está demasiadamente vagaroso, deve ser
gradualmente aumentado, ser mais ligeiro. Para fazermos isso é preciso ter
paciência e força de vontade. Por exemplo, quando se afina um violino
sabiamente não se torce a cravelha de uma vez levando-a logo ao tom próprio,
porque, em primeiro lugar isto é impossível e a corda poderia se quebrar. Embora
seja diminuta a diferença no tom, podemos levar a corda ao lugar próprio
afinando o instrumento gradualmente, poupando esforço e completando a
afinação.
A gentileza, quando falamos dela moralmente, é coisa diversa, mas a gentileza
é também necessária na ação e no movimento. Em cada movimento que se faz,
em cada passo que se dá, deve haver ritmo. Por exemplo, se quiserem procurar,
encontrarão muitos casos de pessoas que fazem movimentos disparatados e
que nunca podem se sentir bem, porque seu ritmo não está correto e é por isso
que a moléstia continua. Pode ser que não se encontre nenhuma doença em tais
pessoas mas, ainda assim, pelo simples fato de seus movimentos não estarem
em ritmo, manter-se-ão fora de ordem. A regularidade nos hábitos, na ação, no
repouso, no comer, no beber, no sentar, no andar, em tudo, nos dá esse ritmo,
que é necessário e completa a música da vida.
Alguém perguntou a Babur, o imperador mogol, que reinou durante um século,
qual era o segredo da sua longa vida no meio do torvelinho em que vivia e ele
respondeu: “Regularidade na vida”.
Quando o ritmo e o tom de uma criança estão desordenados, o tratamento que
a mãe lhe pode oferecer, às vezes inconscientemente, não o podem dar os
médicos num milhar de anos. A canção que a mãe canta, embora insignificante,
vem das profundezas do seu coração, traz consigo a força curativa. A criança
fica boa num momento. As carícias da mãe, suas palmadinhas, produzem melhor
efeito no filho do que qualquer remédio, quando seu ritmo se perturba, quando
seu tom não está bem. A mãe sente-se inclinada a fazer mimos à criança, mesmo
sem o saber distintamente, quando ela se acha fora do ritmo e a cantar para ela
quando se acha fora do tom.
Quando chegamos à parte mental do nosso ser, tal mecanismo é ainda mais
delicado que o nosso corpo. Há também um tom, cada ser tem um tom diferente
de acordo com a sua evolução. Cada um de nós se sente em boa saúde quando
estamos vibrando a nossa própria nota, mas se essa nota não se ajusta ao nosso
próprio tom, sentimos logo falta de conforto, vindo-nos daí toda sorte de moléstia.
Toda expressão de medo, de rancor, alegria e paixão que venha quebrar a
continuidade desse tom, interfere com a saúde pessoal. Atrás do pensamento
está o sentimento e o sentimento é que sustenta o nosso tom. O pensamento
está na superfície. Os místicos trabalham especialmente para manter a
continuidade desse tom.
Era costume nos tempos antigos em lugar de usarem um órgão nas igrejas,
usarem um tom em que se afinavam quatro ou cinco pessoas, de lábios
fechados, entoando-o conjuntamente. Foi grande a minha impressão quando
ouvi esse tom novamente, quando vim da Índia à Rússia, numa das suas igrejas.
O segredo de manter continuamente o toque de sino que as igrejas vêm
mantendo em todos os tempos, e ainda hoje existe, é que o sino não é apenas
para chamar ao templo o povo, é também para afiná-lo no respectivo tom, para
sugestionar que “Existe um tom latente em vós, afinai-vos com ele”. Se essa
afinação não for feita e a pessoa se livra da moléstia, permanecerá ainda a
fraqueza. Uma cura exterior não é cura se a pessoa não está curada
mentalmente. Se o espírito não está curado, a marca da moléstia permanece
nele e o ritmo da mente se quebra.
Quando a mente de uma pessoa marcha numa velocidade mais rápida ou numa
velocidade mais lenta do que deve ser, ou se segue um pensamento atrás do
outro e continua pensando em mil coisas em cinco minutos, embora se trate de
um intelectual, não pode manter-se em condições normais. Quando uma pessoa
se apodera de um pensamento e fixa-se nele, ao invés de fazer progressos
apega-se à depressão, aos temores, aos desapontamentos e isso a faz enferma.
A irregularidade do ritmo da mente é a causa da desordem mental. Isso não quer
dizer que o ritmo da mente de uma pessoa deve ser igual ao de outra, não, o
ritmo de cada pessoa é peculiar a ela mesma.
Acompanhando-me um dia um discípulo, sentia às vezes enorme desconforto
porque não podia andar tão devagar quanto eu. Sendo uma pessoa simples e
franca, disse-me isso, mas em resposta eu lhe disse: “É um andar majestoso”. A
razão era que o seu ritmo era diferente, não podia ele sentir-se confortável num
outro ritmo, devia galopar mais e mais para sentir-se bem. Assim, uma pessoa,
pode sentir o que lhe dá desconforto em tudo que faz. Se não o sente, mostra
isso que não dá atenção ao seu próprio ser. A sabedoria está em nos
compreendermos a nós mesmos. Se pudermos sustentar o ritmo próprio do
nosso espírito, será isso bastante para mantermos a nossa boa saúde.
As moléstias mentais são mais sutis do que as físicas e conquanto não tenham
sido as doenças mentais até agora inteiramente descobertas, quando o forem
vamos ver que todas as enfermidades externas têm conexão com as moléstias
mentais. A mente e o corpo estão ambos face-a-face. O corpo reflete sua ordem
ou desordem sobre a mente, refletindo a mente, ao mesmo tempo, sua harmonia
ou desarmonia sobre o corpo. Por este motivo é que vemos muitas pessoas
enfermas exteriormente sofrendo também de alguma doença da mente e muito
raramente acharemos um caso em que uma pessoa esteja mentalmente
enferma e fisicamente em boas condições.
Aconteceu-me um dia ir ao asilo de loucos em Nova York e os médicos
gentilmente puseram diante de mim diferentes crânios mostrando as diversas
cavidades no cérebro e os sinais de depressão que teria causado a loucura no
indivíduo. Há sempre no corpo físico um sinal disso. Pode ser um sofrimento
aparente ou alguma depressão atrás dele, ainda não conhecida, entretanto.
Perguntei aos médicos: “Desejaria saber se a cavidade ocasionava a loucura ou
se a loucura produzia a cavidade?”. O argumento deles era que a cavidade
produzia a loucura, mas não é sempre assim, a desordem mental nem sempre
é causada pela cavidade no cérebro, pois o ser interior tem uma influência maior
sobre o ser físico do que tem o corpo físico sobre as existências mentais. Não é
sempre que a mente causa moléstias físicas. Muitas vezes assim é, porém nem
sempre. Algumas vezes, do plano físico a moléstia vai para o plano mental e
algumas vezes a moléstia vai do plano mental para o plano físico. Há muitas
causas mas, numa palavra, se existe uma causa geral, é a falta daquela música
por nós chamada ordem. Não mostra isso que o homem é um músico e que a
vida é música? A fim de representarmos nosso papel da melhor forma, o que
podemos fazer é, unicamente, conservar nosso tom e ritmo no ponto próprio. Aí
está o cumprimento do objetivo da nossa vida.
III
Movimento é vida e quietude é morte. No movimento está a significação da vida
e na quietude vemos o sinal da morte.
Olhando-se de um ponto de vista metafísico, existe uma quietude? Não, mas
existe aquilo que chamamos não-movimento ou, pelo menos, ausência de
movimento que é de qualquer forma por nós perceptível, quer aos nossos olhos
e ouvidos, quer em forma de sensação ou vibração. O movimento que não é
perceptível por nós denominamos quietude. O vocábulo vida usamo-lo somente
em conexão com a existência perceptível, cujo movimento percebemos.
Portanto, em relação à saúde física, o movimento é a coisa principal,
regulamentação do movimento, do seu ritmo na pulsação e na circulação do
sangue.
A causa da morte vamos encontrá-la na falta de movimento. Todos os diferentes
aspectos das moléstias têm de ser buscados numa congestão. Toda
enfermidade é causada por congestão e a congestão é causada pela falta de
movimento. Há partes do corpo em que as veias, os nervos, estão pregados à
pele e aí não há livre circulação. Surgem assim todas as doenças. As moléstias
externas dessa espécie chamamos doenças de pele. Quando isto se opera
internamente, manifesta-se em forma de um certo mal-estar. Um médico pode
apresentar mil razões diferentes como causa de moléstias diferentes, mas esta
é a causa única e central de cada moléstia e de todas as doenças: falta de
movimento, que é de fato a falta de vida. O mecanismo do corpo humano é feito
para operar de acordo com um certo ritmo e é mantido por um movimento rítmico
perpétuo. O centro dessa corrente perpétua de vida é a respiração. Os diferentes
remédios que o homem tem descoberto, em todos os tempos, trazem às vezes
a cura temporária para os que sofrem, mas nem sempre curam os doentes, pois
a causa da moléstia permanece inexplorada. Atrás de cada enfermidade, vamos
encontrar a causa: alguma irregularidade na vida, a vida não natural, seja na
alimentação, no beber, na ação ou no repouso.
A morte é uma transformação, que vem porque o corpo tornou-se inapto para
sustentar o que chamamos alma. O corpo tem uma certa soma de magnetismo,
que é o sinal de seu perfeito equilíbrio instável. Quando, por causa de moléstia,
perde o corpo subitamente ou gradualmente esse magnetismo, pela força do
qual sustenta a alma, perde ele, por assim dizer, irremediavelmente, suas garras
sobre aquilo que estava sustentando: a alma. Esta perda de garras é conhecida
com o nome de morte.
Geralmente, obedece isso a um processo gradual. Manifesta-se primeiro uma
pequena dor, uma pequena enfermidade, um pequeno desconforto – a pessoa
não nota isso – os quais, com o tempo, crescem até se tornarem uma grave
moléstia. Muitas vezes são as moléstias mantidas pelos doentes sem saberem
eles que as estão mantendo, precisamente pela sua ignorância do próprio
estado, pela sua negligência a respeito de si mesmos. O maior número dos
pacientes deixa ao médico a tarefa de estudar o seu estado. Não sabem o que
sofrem, do princípio ao fim da moléstia. Como no tempo antigo, em que os
crentes ingênuos confiavam no padre para mandá-los ao céu, ou para outra
parte, assim também, hoje, o doente se entrega às mãos do médico.
Pode alguém, de aguda observação, imaginar que exista alguém, além dele
mesmo, que seja capaz de saber a respeito da sua pessoa tanto quanto pode
ele mesmo saber, se quiser? É isso um defeito? Não, é um hábito. É uma espécie
de negligência da parte das pessoas não pensar no seu próprio estado e precisar
que o médico lhes diga como vão de saúde. O sofrimento está na própria pessoa,
esta pode ser o melhor juiz da sua vida. É a pessoa mesma que pode descobrir
a causa atrás da sua moléstia, porque melhor conhece a sua própria vida.
Inúmeras pessoas vivendo assim, na ignorância das suas próprias condições de
vida, ficam na dependência de alguém que tenha estudado a ciência lá por fora.
O próprio médico não pode socorrer convenientemente a pessoa se esta não
souber claramente qual o seu estado. O conhecimento exato que a própria
pessoa tenha da sua moléstia é que a torna capaz de dar ao médico uma idéia
correta.
Se houver um pequeno furo num vestido, se não o repararmos acabará por se
romper facilmente e se tornará um rasgão. Assim acontece com a saúde. Se
alguma coisa houver nela um pouco irregular e não lhe dermos atenção,
permitiremos que se torne cada dia pior, acarretando mais cedo a morte, o que
de outra maneira poderia ter sido evitado.
Eis a questão: “É necessário então que pensemos em nosso corpo e em nosso
estado de saúde?” Sim, contanto que não fiquemos obsedados por nós mesmos.
Se alguém pensar tanto em sua saúde que se torne obsedado por isso,
trabalhará contra si mesmo. Certamente não estará agindo corretamente, porque
disso não advirá nenhum auxílio. Se alguém se apiedar de si próprio e disser:
“Ó, como estou doente, como isso é terrível! Chegarei a ficar bom?” Essa
impressão agirá como uma espécie de lenha para o fogo: a pessoa estará
alimentando sua moléstia com a idéia da própria moléstia. Mas, por outro lado,
se alguém se tornar tão negligente de si mesmo que diga: “Ó, isto não é nada,
não passa afinal de contas de uma ilusão”, será incapaz de manter este
pensamento quando o sofrimento aumentar.
É tão necessário a pessoa cuidar de si mesma quanto esquecer-se da própria
moléstia. A doença chega a uma pessoa às ocultas, como penetra o ladrão na
casa, silenciosamente. Ele trabalha sem o conhecimento dos que nela moram e
rouba-lhes os melhores tesouros. Que a pessoa se mantenha em guarda contra
isso não é desaconselhável, contanto que não se ponha todo o tempo a
contemplar a própria moléstia.
Podemos perguntar: “Vale a pena estar vivo? Por que não devemos dar cabo
desta vida? Que vale ela afinal de contas?” Mas isso é uma idéia anormal, uma
pessoa de corpo e alma normais não pensará de tal maneira. Quando essa idéia
cresce, chega até à loucura, levando muita gente a se suicidar. A aspiração
natural de cada alma é desejar viver, desejar uma vida em perfeita saúde, fazer
o melhor da sua vinda a este mundo.
Nem Deus nem a pessoa têm prazer com o desejo de morte, porque a morte não
pertence à pessoa. É uma espécie de agitação, uma revolta que sobe ao
pensamento de alguém, que dirá então: “Prefiro a morte à vida”. Ter desejo de
viver e no entanto viver uma vida de sofrimento, não é também uma coisa
prudente. Se a sabedoria vale alguma coisa, não devemos poupar esforço algum
para chegar a um regular estado de saúde.
IV
Nos tempos antigos, pensava o povo que toda moléstia era causada por um
espírito de moléstia. Havia um espírito conhecido para cada espécie de moléstia
e acreditava-se que aquele particular espírito trazia aquela determinada
moléstia. Os curandeiros faziam tentativas para curar cada paciente que lhes
chegava com uma doença e obtinham sucesso em fazer com que ficassem bons.
Hoje, esse espírito de moléstia assumiu uma feição material, pois os médicos
agora declaram que toda enfermidade tem um germe, um micróbio. Dia a dia,
um micróbio novo é descoberto através de uma nova invenção e se todo dia um
novo micróbio for descoberto, até o fim do mundo inúmeros micróbios serão
descobertos e haverá inúmeras enfermidades. Afinal será difícil achar um
homem são, porque deve haver algum micróbio, se não de uma velha moléstia,
de uma doença recentemente descoberta.
Se existe um mundo de inúmeras vidas, mostrará ele sempre inúmeras vidas.
Cada vida tendo sua força, construtiva ou destrutiva, deverá mostrar, mesmo
num micróbio, essa força e assim essa descoberta de micróbios prosseguirá com
o aumento de moléstias, pois evitar que os micróbios existam nem sempre está
no poder do homem. O homem algumas vezes destruirá os micróbios mas, por
vezes, achará que cada micróbio destruído produzirá de volta muitos outros
micróbios.
Que é a vida? Cada átomo dela está vivendo, chamem esse átomo de rádium,
eléctron, ou um germe, um micróbio. Os povos antigos pensavam que se tratava
de espíritos, de seres vivos, já que desconheciam a ciência que hoje distingue
esses espíritos na forma de micróbios. Entretanto, parece que os antigos
curandeiros tinham um maior poder de apreensão sobre as moléstias, porque
não viam somente o micróbio exterior, mas o micróbio no seu próprio espírito.
Destruindo o micróbio, não destruíam somente o micróbio exterior, mas o
micróbio na forma do espírito, do germe, e o mais interessante é que, a fim de
expulsar aquele espírito que eles pensavam ter se apossado do doente,
queimavam ou punham diante dele certas drogas, que ainda hoje provam poder
destruir os germes de moléstias.
Cada providência que os médicos tomarem para evitar que os germes de
moléstias sobrevenham, a despeito de todo sucesso obtido, haverá um maior
fracasso, pois mesmo se o germe for destruído ele existe, sua família existe em
algum lugar. Além disso, o corpo que uma vez abrigou um certo germe, tornou-
se um receptáculo do mesmo germe. Se o médico destruir o germe de moléstia
do corpo de um indivíduo, isso não quer dizer que o destruirá do universo.
Este problema, portanto, deve ser visto de um outro ponto de vista. É que tudo
que existe no mundo objetivo tem sua parte viva e uma parte mais importante
existe no subjetivo e essa parte, que está no subjetivo é sustentada pela crença
do enfermo. Enquanto o enfermo acreditar que está doente, está sustentando
essa parte da moléstia que se acha no subjetivo. Não só isso, mesmo se forem
mil vezes destruídos os germes do seu corpo, seriam ali criados, porque a fonte
da qual surgem os germes está na sua crença, não no seu corpo, como a fonte
de toda a criação está dentro, não fora.
O tratamento do exterior de várias de tais moléstias é justamente como podar a
planta pelo tronco, ficando as raízes na terra. Estando a raiz da moléstia na parte
subjetiva do ser humano, para extirpar essa moléstia deve-se arrancar a raiz,
tirando fora a crença da moléstia mesmo antes do germe externo ser destruído.
O germe da moléstia não pode existir sem a força, sem o alento, que ele recebe
da parte subjetiva do ser da pessoa e uma vez destruída a fonte de seu alimento,
a cura, então, é segura.
São muito poucos os que podem sustentar um pensamento. Muitos, porém, são
sustentados por um pensamento. Se tal coisa tão simples como seja sustentar
um pensamento fosse comandada, a vida toda seria comandada.
Uma vez que a pessoa mete na cabeça o pensamento “eu estou doente” e o vê
confirmado pelo médico, então, sua crença é regada à semelhança de uma
planta: seu refletir constante nisso, caindo sobre sua doença como o sol, faz com
que a planta cresça. Não seria, pois, exagero dizer-se que, consciente ou
inconscientemente, o enfermo é o jardineiro de sua própria doença.
Temos agora a questão: “É, pois, acertado não pensar em micróbios? Se um
médico descobre um e no-lo mostra, não lhe devemos dar crédito?” Não
podemos deixar de acreditar nele, se chegamos até ao ponto de fazer que o
micróbio nos seja mostrado pelo médico. Ajudais o médico a nisto acreditar e
agora estais a pensar: “Devo ou não acreditar nisto?”. Não podemos deixar de
crer numa coisa que nos foi mostrada, que se põe diante de nós.
Indubitavelmente se nos elevarmos acima disso, teremos então tocado a
realidade, quando nos elevamos acima dos fatos.
“Não é iludir a si mesmo negar os fatos?” Não é iludir-se mais do que já se está
iludido. Os próprios fatos são ilusões. Elevar-se acima dessa ilusão é tornar-se
a pessoa capaz de tocar a realidade. Enquanto o cérebro estiver encharcado
com os fatos, estará mais e mais absorvido, cada dia mais, no labirinto da vida,
tornando a vida mais confusa do que nunca para o homem.
É, por conseguinte, o que o Mestre ensinou: “Procurai primeiro o reino de Deus”,
o que significa: “Elevai-vos primeiro acima dos fatos e, lançando sobre os fatos
a luz vereis os fatos numa luz mais clara”. Isto não quer dizer que devemos
fechar os olhos para os fatos, significa somente “Olhar para cima primeiro e
então, quando os vossos olhos estiverem carregados com a Luz Divina e quando
lançardes a vista sobre o mundo dos fatos, tereis uma visão muito mais clara, a
visão da realidade.”
Não há falta nenhuma de honestidade se negardes o fato da moléstia. Não é
hipocrisia se o negardes primeiro a vós mesmos, é apenas uma ajuda, pois
existem muitas coisas na vida que existem porque são sustentadas por vosso
conhecimento da sua existência. Iludida pelos fatos aparentes exteriormente, a
pessoa as mantém no pensamento como uma crença, mas negando-as a pessoa
as arranca fora. Não poderão existir se forem privadas do sustento que nós lhes
damos, do qual dependem para existir.
V
Pelo que acabamos de dizer não se compreenda que o fato dos germes existirem
deve ser de todo ignorado, porque não é possível ignorar alguma coisa que se
vê. Além disso, não se entenda que a descoberta de micróbios não tem sido útil
aos médicos, que podem assim melhor atender seus doentes. Mas, ao mesmo
tempo, pode alguém se tornar demasiado sensível para com os germes, pode
exagerar a idéia de germes, fazendo a idéia maior do que a realidade. Uma
coisa, porém, se nota: há pessoas suscetíveis a apanhar esses germes, a se
tornarem suas vítimas, e outras pessoas os assimilam e assim os destroem. Em
outras palavras, uma pessoa é destruída pelos germes e há outras que destroem
os germes.
Dizem que se apanham moléstias contagiosas porque os micróbios de uma
pessoa passam para outra na respiração, no ar, em tudo, mas nem sempre são
os micróbios, é muitas vezes a impressão. Quando uma pessoa vai ver um amigo
que apanhou um resfriado e pensa: “Tenho medo de pegar a doença” já,
certamente, a apanhou. Desde que ficou amedrontado e se impressionou com
ela, apanhou-a. Nem sempre é necessário que os germes do resfriado tenham
passado de uma pessoa para outra por meio da respiração. A impressão que a
pessoa recebeu pode criá-las, porque atrás de toda a criação está a força.
Vemos, às vezes, que quanto mais uma pessoa tem medo de uma coisa, mais
é perseguida por ela, porque inconscientemente concentra-se nela.
Existem germes e impurezas, mas há também elementos para purificá-las. Os
cinco elementos – a terra, a água, o fogo, o ar e o éter – de que falam os místicos,
não só formam os germes como também os destroem, se soubéssemos usar
esses cinco elementos para purificar nosso corpo e nossa mente. Assim como
para as plantas crescerem há necessidade do sol e da água, assim também uma
pessoa precisa dos cinco elementos para manter-se em perfeita saúde. Ela
respira esses cinco elementos segundo a sua capacidade de respirar. Mas, por
meio da respiração, cada um de nós não atrai as mesmas propriedades. Pela
respiração cada um atrai elementos de acordo com a sua constituição particular.
Um atrai mais o elemento fogo ao respirar, outro atrai o elemento água e ainda
um outro atrai mais o elemento terra. Algumas vezes uma pessoa recebe um
elemento de que não precisa. Além disso, as correntes do sol têm uma força
curativa maior do que outra coisa qualquer. A pessoa que sabe respirar bem,
que sabe atrair para seu corpo as correntes do sol, pode manter o corpo isento
de qualquer espécie de impureza. Nenhum micróbio destruidor pode existir se
as correntes do sol puderem tocar todas as partes do corpo situadas no seu
interior e isto é feito pela respiração. Os lugares da terra não expostos ao sol,
não tocados pelo ar, ficam úmidos. Lá se criam várias pequenas vidas, nascem
ali os germes destruidores e o ar, nesses lugares, torna-se denso. Se isto é
verdade, então o corpo também necessita do sol e do ar. Os pulmões, intestinos,
veias e vasos do corpo, todos precisam do sol e do ar, que penetra no seu interior
pela perfeita via da respiração e até a mente é beneficiada, porque a própria
mente é composta de cinco elementos, os elementos no seu estado mais
refinado.
O descanso e o repouso, assim como a ação e o movimento, devem ter um certo
equilíbrio, um certo ritmo. Se não há equilíbrio entre a atividade e o repouso,
então a respiração também não é perfeita. O nosso grande erro é que, a cada
pequeno incômodo, a primeira coisa em que pensamos é no médico. Nunca
paramos para pensar: “Qual a causa do que estou sentindo? Tenho sido ativo
demais, demasiado preguiçoso? Não tenho tido cuidado com a minha dieta, com
o meu sono? Não tenho respirado todos os elementos necessários para manter
funcionando este mecanismo do corpo e mente?” Aterrorizado, a cada moléstia
corre o homem primeiramente ao médico. Enquanto a moléstia não aparece
diante dele, não se importa se ela está crescendo internamente, sem que ele se
aperceba dela. Ela pode crescer durante um longo tempo, durante anos, e o
homem, absorvido nas suas atividades exteriores, nunca pensa que, no seu
corpo, está dando morada ao seu maior inimigo. Muitas vezes, portanto, a
moléstia é causada pela negligência.
Há outros, todavia, que se tornam demasiadamente cuidadosos, não pensam
em nada mais do que em sua moléstia. A primeira pergunta que fazem é: “Como
ficarei bom?” Pensando em sua enfermidade, fornecem eles uma espécie de
lenha para esse fogo da moléstia, que vem do seu pensamento, conservando-o
a arder sem saber que é pelo seu esforço inconsciente que a moléstia se mantém
viva. A fim de conservar a saúde em perfeita ordem, devemos manter um
equilíbrio entre o corpo e a mente, entre a atividade e o repouso. O que ajuda
mais do que qualquer remédio é o ponto de vista psicológico da pessoa sobre a
própria saúde.
Lembro-me que fui ver uma enferma que sofria de uma doença havia mais de
vinte anos e tinha perdido toda esperança de melhorar. Vários médicos haviam
sido consultados, muitos e diferentes tratamentos haviam sido experimentados.
Uma simples coisa disse-lhe eu que fizesse. Não lhe ensinei nenhuma prática
especial mas apenas uma pequena coisa simples para fazer pela manhã e à
noite. Com grande surpresa dos parentes, começou ela a mover as mãos e as
pernas, o que se pensava a princípio ser impossível, e isso lhes deu uma grande
esperança, pois jamais pensaram que uma doente que havia estado sempre na
cama pudesse fazer aquilo. Para a enferma foi também uma grande surpresa.
Poucos dias depois fui vê-la e perguntei aos que a cercavam: “Como vai
passando a enferma?” Responderam: “Vai melhorando muito. Nunca teríamos
pensado que esta pessoa viesse a mover as mãos e as pernas, é a coisa mais
admirável. Não podemos, porém, fazê-la acreditar agora, depois de vinte anos
de sofrimento, que ficará boa. Esta moléstia deixou sobre ela uma impressão tal
que julga ser uma coisa natural para ela e que ficar boa é um sonho, uma
irrealidade”. Isto me deu a idéia de que, vivendo uma pessoa num determinado
estado, após um longo tempo esse estado se torna seu amigo,
inconscientemente. Ela não sabe disso, pode pensar que precisa sair desse
estado, mas há alguma parte do seu ser que está mantendo sua enfermidade
precisamente a mesma.
Um dia, recordando esta peculiaridade da natureza humana, perguntei a uma
pessoa que me fora trazida para curar-se de uma obsessão, há quanto tempo
tal obsessão lhe aparecera. Explicou-me como era horrível a obsessão, quão
terrível era a vida para ela. Ouvi durante meia hora tudo que me disse contra a
obsessão mas, recordando-me desta parte curiosa da natureza humana,
perguntei à doente: “Você não pensa realmente em dizer que precisa livrar-se
desse espírito? Se eu tivesse tal espírito, conservá-lo-ia. Depois de todos estes
anos durante os quais você o teve, parece injusto e muito cruel querer livrar-se
dele. Se esse espírito não se interessasse por você, não estaria com você todos
estes anos. É fácil neste mundo a uma pessoa passar tanto tempo com alguém?
Este espírito é muito fiel”. Então disse-me ela: “Não desejo realmente livrar-me
dele”. Achei muita graça de ver como precisava essa pessoa de simpatia e
auxílio, porém não queria livrar-se do espírito. Não era o espírito que estava
obsedando essa pessoa, mas a pessoa que estava obsedando o espírito!
As personalidades psíquicas estão mais sujeitas a moléstias, porque são mais
suscetíveis às vibrações densas, especialmente aquelas inclinadas a sessões
espíritas. Seu corpo fica tão suscetível a qualquer espécie de moléstia e também
a obsessões que elas, verdadeiramente falando, se preparam para receber bem,
em seu espírito, um outro espírito.
VI
A ciência médica tem avançado nos tempos modernos e, assim, os diferentes
males e moléstias são melhor classificados. A cada moléstia singular dá-se um
certo nome e, desta maneira, mesmo se a pessoa sente um pequeno mal-estar,
depois do exame pelo médico se lhe diz o nome da moléstia que tem. Pode a
moléstia ser do tamanho de um torrão de areia, faz-se dela uma montanha. Não
há maior infortúnio do que ouvir de um médico que apanhamos uma doença
perigosa cujo nome é apavorante. Que acontece então? Tal nome sendo
impresso no coração do homem, cria o mesmo elemento, e por fim vê o homem
na verdade alguma coisa do que lhe disse o médico. Assim, se isto na verdade
acontece, a impressão que as palavras de uma cartomante causa sobre uma
pessoa, em muitos casos, faz com que se realize a sua predição. A cartomante
nem sempre é uma santa, nem sempre é uma clarividente, que vê o que diz ter
visto, pode ser apenas uma pessoa imaginativa. Disse algo e causou uma
impressão no consulente e este acaba imaginando que a coisa se verificou.
Assim, podemos avaliar a impressão que pode causar um médico, que é
autorizado pelas autoridades médicas, e no qual todos depositam imediatamente
grande confiança, mesmo que esteja ele enganado no achar a verdadeira
moléstia, porque dificilmente, numa centena de médicos, há um que tenha a
força de penetrar na verdadeira natureza e caráter de uma doença. Depois de
ver uma centena de enfermos é que ele pode, acerca de um, dizer corretamente
a natureza e caráter da sua enfermidade. Que grande perigo existe, pois, em
alguém ficar impressionado a respeito de sua doença no começo do seu mal por
uma observação, certa ou errada, feita pelo médico! Entre os antigos somente
os médicos sabiam os nomes das moléstias. Não era permitido ao facultativo
dizer ao paciente qual a doença que tinha, porque, de um ponto de vista
psicológico, estaria fazendo mal. Não se tratava apenas de uma ciência médica,
havia, ligada a isso, uma idéia psicológica.
Inúmeros casos testemunhei de pessoas que vieram a mim apavoradas por
alguma coisa que o médico lhes tinha dito. Talvez não estivessem sofrendo nada
ou tivessem uma pequena moléstia, talvez não tivessem atinado com o que
tinham, mas mesmo assim tais pessoas estavam apavoradas. Se o doente é
imaginoso tem então um campo vasto para sua imaginação. Cada coisa que não
está bem atribui a algo que ouviu do médico, relaciona cada passagem de sua
vida com aquela observação particular. Na vida, como nós a vivemos neste
mundo, com tantas coisas que temos a fazer, tantas responsabilidades caindo
sobre nós, no lar e no mundo exterior, com a labuta que se reflete sobre nós pela
nossa vida na terra – é natural que tenhamos fisicamente nossos altos e baixos.
Às vezes estamos cansados, às vezes precisamos de um repouso, às vezes
devemos jejuar um dia, um dia não há inclinação alguma para o alimento. Se
atribuirmos todas essas pequeninas coisas a uma doença de que o médico falou
um dia, estaremos certamente alimentando a nossa moléstia, porque a raiz da
moléstia está na mente e se tal raiz for regada todo o tempo pelo intelecto e pelo
sentimento, a doença então se tornará afinal uma realidade.
Quando volvemos a vista para o mundo cirúrgico, notamos que, sem dúvida,
maravilhosas operações estão sendo feitas e que a humanidade tem recebido
extraordinário auxílio mediante operações cirúrgicas. Entretanto, isto ainda é
experimental e mais de um século, talvez, será preciso para que amadureça a
cirurgia. Está agora justamente na infância. O primeiro impulso de um cirurgião
é olhar um caso de um só ponto de vista e pensar que o caso pode ser resolvido
pela cirurgia. Não tem ele outra idéia na mente, não perde tempo em pensar que
possa existir uma outra possibilidade. Se é um cirurgião sábio emite palavras de
confiança, ainda que saiba que a operação é uma experiência. Está lidando com
um ser humano, não com um pedaço de madeira ou uma pedra, que podem ser
cortados e sobre eles algo pode ser gravado. É uma pessoa de sentimento, é
uma alma que está experimentando a vida através de todos os seus átomos,
uma alma que não é feita para o bisturi. O paciente tem de passar por esta
experiência, temendo a morte, preferindo a vida à morte. Muitas vezes o que
acontece é que o que era considerado errado antes da operação, depois da
operação não é mais julgado assim. Sem dúvida alguma coisa prejudicial pode
ocorrer porque a operação foi executada. Uma operação não é algo que se finda
com ela, é alguma coisa que age sobre os nervos e depois sobre o espírito do
homem e daí uma reação sobre a vida do indivíduo. Não é comum ver-se que,
depois de uma operação, toda a vida de uma pessoa ficou marcada por ela?
Deixou uma certa pressão sobre os nervos, uma certa perturbação no espírito.
Os cuidados do cirurgião continuam somente até que o paciente esteja bem,
aparentemente bem. Que dizer, porém, do efeito posterior a isso no espírito da
pessoa, na sua mente, a reação sobre a sua vida? O operador não o sabe, não
é assunto de sua alçada.
Cura significa uma cura completa por dentro e por fora. Com isto não se quer
dizer que a cirurgia não tenha um lugar no esquema da vida: é a parte mais
importante do campo médico mas, se possível, deve ser evitada quando puder
sê-lo, não se deve correr para ela levianamente. Uma pessoa moça, com força
e energia, pensa: “Uma operação? Eu posso me submeter a ela” mas, uma vez
feita, fica uma impressão por toda a vida.
A intuição é uma herança do homem e a intuição é a base de toda ciência. Nos
tempos de hoje, quando a ciência é considerada um estudo feito através de
livros, deixa-se de lado o papel que a intuição deve desempenhar. Se no mundo
médico fosse introduzido o desenvolvimento da intuição, se muitos facultativos
se ocupassem na procura de remédios para evitar operações, certamente fariam
uma obra verdadeiramente grande.
É engraçado que, no tempo em que a operação de apendicite começou a ser
conhecida nos Estados Unidos, era moda entre a gente rica fazer aquela
operação, porque passar alguns dias em casa era muito agradável. Começaram
os médicos a escolher os doentes de apendicite entre aqueles que tinham meios
de ficar em casa por alguns dias e descansar. Todo mundo perguntava: “Você já
fez a operação?” “Sim, já fiz” respondiam. Era precisamente um divertimento.
Falemos agora do uso das drogas. Qualquer médico, depois da experiência
obtida ao longo de sua vida, notou que, muitas vezes precisou prescrever drogas
e embora pensasse ter curado naquele momento o doente, verificou que o efeito
subsequente das drogas foi, em certos casos, tão depressivo que criou uma
grande confusão no cérebro e na mente do doente a ponto de muitas vezes
arruinar a sua vida. Tenho visto muitas pessoas, depois de um tratamento
médico de sua moléstia, se acostumar com as drogas, tendo feito do seu corpo
uma espécie de receptáculo para elas. Vivem a poder de drogas e não podem
mais viver sem elas. Para digerir qualquer alimento precisam tomar alguma
coisa, para dormir devem tomar algo, para se sentirem animadas precisam de
outra droga. Assim, quando as coisas naturais da vida – como digerir um
alimento, estar alegre e animado, dormir confortavelmente – que constituem
bênçãos naturais, dependem de um estimulante exterior, de coisas materiais,
como pode uma pessoa dizer que está em boa saúde? Para poder estar bem
hoje toma uma droga e amanhã sente-se pior.
Quando aprendemos que o corpo humano é um instrumento criado por Deus
para sua própria experiência, então, é um erro permitir que este corpo se torne
impróprio para o uso do Espírito Divino pelo uso de drogas e remédios. Não quer
isto dizer que o remédio não é necessário. O remédio tem seu lugar, até as
drogas são necessárias quando há necessidade de usá-las, mas quando usa-se
uma droga para pequenas coisas que podem ser curadas por outros meios, a
saúde afinal escapa de nossas mãos e mesmo as drogas não nos podem dar o
descanso que precisamos. O melhor remédio é uma dieta pura, alimentos
nutritivos, ar fresco, regularidade no agir e no repousar, clareza de pensamento,
pureza de sentimento e confiança no Ser Perfeito, com o Qual estamos ligados
e Cuja expressão nós somos. Esta é a essência da saúde. Quanto mais tivermos
isto em mente mais perfeita e segura será a nossa saúde.
Conheci uma pessoa a quem um médico tinha examinado e diagnosticado que
havia de morrer dentro de três meses. Sem dúvida que se tal pessoa fosse
imaginativa, teria sido vítima daquela impressão, mas veio a mim e disse: “Que
insensatez! Morrer dentro de três meses! Eu não estou para morrer nem daqui a
trezentos anos!” E, com grande surpresa nossa, dentro de três meses o médico
morreu e o dito homem foi quem me trouxe a notícia. Devemos aprender a
respeitar o ser humano e compreender que uma alma humana está acima do
nascimento e da morte, que uma alma humana tem consigo um Espírito Divino
e que todas as moléstias, dores e sofrimentos são apenas provações e
experiências. A alma humana está acima disso e devemos tentar elevá-la acima
das moléstias.
Atrás de tudo há movimento, vibração. O que produz um certo movimento das
partículas da matéria é vibração. A vibração é sentida por nós, imaginamo-la
pelos nossos sentidos como um certo movimento de partículas de matéria, mas
a vibração em si mesma é um movimento. Por conseguinte, o poder da palavra
é mais forte do que qualquer medicamento ou qualquer outra sorte de
tratamento, de uma operação, porque a palavra causa certas vibrações em
nosso corpo, na atmosfera, em nosso redor, efetuando com isso uma cura, que
nada mais pode realizar. Quando vemos uma pessoa de boa saúde e uma outra
padecendo de alguma doença e pensamos no estado da sua pulsação e da
circulação do seu sangue, acharemos que atrás de tudo há um movimento, há
uma vibração, que está em andamento. Numa pessoa, cuja vibração se acha em
perfeito estado, há saúde, noutra pessoa, cuja vibração não está em condições
regulares, há moléstia.
Aconteceu que um médico, na América do Norte, pensou nisso. A diferença é
somente que um cientista, quando pensa em tal coisa, mesmo que lhe venha
isso por intuição, ele o investiga partindo da base da montanha para o cume. É
muito difícil escalar a montanha, acontecendo muitas vezes que, antes de
escalar a montanha, sua vida se finda. O médico morreu. A sua idéia foi muito
boa. Conquanto não tivesse ele chegado ao segredo, a sua idéia, como idéia,
inspirou muitos médicos nos Estados Unidos e no mundo e criou um grande
excitamento no mundo médico! Mas, como dizem os místicos: “Procurai primeiro
o Reino de Deus e todas as outras coisas se vos ajuntarão”. É esse um outro
caminho. Não é partir da base para o cume que é tão difícil, é o escalar, é atingir
primeiro o cume, e depois tudo se torna fácil. Quem está no topo da montanha é
fácil dali mover-se para onde quiser, não é preciso tanta energia, não é estafante.
Avícena1, o grande médico dos tempos antigos, em cujas descobertas se
baseou a ciência medieval, foi um Sufi que costumava ficar em meditação e por
intuição escrevia as receitas. Ultimamente um médico descobriu o grande
tesouro deixado por Avicena para a ciência médica e escreveu um livro
interpretando em língua moderna as idéias desse grande médico.
1. Foi, de fato, Avicena (Ibn-Sina) um grande médico e filósofo árabe, que viveu de 980 a 1037
da era cristã, cognominado, ao fim de sua vida, o “Príncipe dos médicos”. Escreveu, entre outras
obras, o “Canon da Medicina” e “Ach Chafa, uma enciclopédia das ciências filosóficas. A sua
filosofia era uma mistura da peripatética e de teorias orientais. É considerado pelos historiadores
uma das figuras mais notáveis do Oriente, pela extensão dos seus conhecimentos e atividades
do seu espírito. (N. do T.)
VII
A causa da maioria dos casos de moléstia física ou mental é o esgotamento
nervoso. Nem todos sabem até que ponto se deve usar a força nervosa na vida
cotidiana e até que ponto se deve controlá-la. Muitas vezes uma pessoa boa,
gentil, amável, afetuosa gasta sua energia em atender a solicitações de todos os
lados e, assim, continuamente dando energia, acaba com os nervos perturbados
e enfraquecidos. A mesma pessoa que antes era gentil, delicada e polida, acaba
não conseguindo mais manter sua delicadeza porque, uma vez esgotadas as
suas reservas de energia, não lhe resta mais nenhum controle, nenhuma força
de resignação, nenhuma paciência para aceitar e enfrentar as coisas com
facilidade. Fica então irritável, perturbada, cansada e desgostosa com as coisas,
essa mesma pessoa que antes demonstrou ser boa e gentil. Muitas vezes isso
nada mais é do que chamamos abuso de bondade, pois nem sempre o
esgotamento corresponde às exigências da vida cotidiana. É o estado de
equilíbrio do nosso corpo e mente que corresponde satisfatoriamente às
exigências da vida. Há pessoas que, algumas vezes, se apaixonam tanto por
uma coisa ou falam continuamente que gastam todas as energias. Essa paixão
pode crescer a tal ponto que, mesmo se elas tiverem perdido grande energia,
ainda assim acharão satisfação em despender mais energia ainda. Na presença
de tais pessoas as outras se sentem deprimidas, porque gastaram a pequena
energia que possuíam, não lhes ficando energia alguma e sobrevindo a irritação.
O esforço que vieram fazendo recai sobre as outras pessoas, tornando-as
nervosas também.
A fraqueza dos nervos não é somente a causa de moléstias físicas, mas pode
levar à loucura. Há uma causa principal por trás das moléstias físicas, como
também por trás das moléstias mentais: é a supertensão dos nervos, o
esgotamento nervoso. Aquele cujos nervos estão exaustos, a despeito de toda
virtude e bondade, boa vontade e desejo de acertar, para surpresa sua agirá
erradamente, porque perdeu a autodisciplina. Seus altos ideais não lhe servem
de nada, pois ele mesmo não se pertence. Sua posição social, seu saber, sua
atitude, sua moral, tudo se mostrará fútil na ausência da força nervosa, que
mantém o homem apto e em condições de fazer tudo que lhe é próprio fazer
neste mundo.
A falta de sobriedade também causa esgotamento nervoso. Todas as bebidas
alcoólicas, pois, e as coisas intoxicantes, consomem a energia dos nervos,
devoram-na. Podemos perguntar porque acha uma pessoa prazer em tais coisas
e a resposta é que aí está outra vez uma paixão, um excitamento dos nervos.
Qualquer coisa que produza por um momento uma intoxicação, que excita os
nervos, faz uma pessoa sentir-se, por assim dizer, mais alegre por um momento,
mas fica dependente de alguma coisa do exterior e a reação vem quando cessa
o efeito do intoxicante. Sente-se então duas vezes mais fraca e exausta do que
antes e exige uma dupla dose da droga ou do álcool para que se sinta tão alegre
como já se sentira. Assim vai seguindo, prosseguindo sempre até que nenhum
poder mais terá sobre a sua mente e corpo, tornando-se escrava daquilo que
toma. Pensa que está vivendo quando está sob a ação do intoxicante e sente-
se miserável noutras ocasiões. Aquele estado de intoxicação torna-se o seu
mundo, seu céu, seu paraíso, sua vida. Todos os excessos, nas paixões, nas
ansiedades, na vida sensual e nos divertimentos, roubam uma pessoa de sua
energia, de sua força e da vitalidade de seus nervos.
É bom saber que todo efeito criado na voz, na palavra, no canto, é criado pela
força nervosa. Todo o mistério do magnetismo está nos nervos. Todo o mistério
do sucesso de um homem público, de um artista no palco ou no salão de
concerto, está na sua força nervosa. O sucesso do causídico, do advogado no
foro, está na sua força nervosa. Um bom tribuno do foro, que tenha feito um
nome, possui sempre essa força, que é um magnetismo. Por conseguinte, uma
pessoa mostra sua saúde física e mental desenvolvendo essa influência, que se
expressa pela força nervosa e que tenha influência sobre todas as coisas.
A energia dá mais força à pessoa, a fraqueza causa maior fraqueza. O estado
perfeito dos nervos habilita a pessoa impressionar os outros. Uma pessoa com
os nervos esgotados, mesmo que esteja com a razão, não pode impressionar
uma outra, porque detrás de si nenhuma força existe. E assim, mesmo que esteja
certa, não saberá o que fazer, não tem forças para avançar, para firmar-se no
próprio direito.
O sistema existente hoje de manter os doentes fechados nos hospitais, nos
asilos, equivale a fazê-los cativos da moléstia. A atmosfera do lugar e a própria
idéia de estar no hospital faz a pessoa sentir-se doente e assim é a vida nos
asilos. Por mais eficiente que seja o tratamento, dá uma impressão de que a
pessoa se acha fora de seu juízo, de que alguma coisa está errada na sua mente,
e a atmosfera que a rodeia, toda ela sugere a mesma coisa. Além disso, mais
delicado seria da parte da sociedade, da família, se o doente pudesse ficar
entregue aos cuidados de amigos ou parentes nos momentos de suas
dificuldades. Poderiam ser muito mais socorridos do que colocados em lugares
onde não podem pensar em nada mais do que na própria moléstia. Eu mesmo
tenho visto muitos casos de doentes entregues aos cuidados de parentes e
amigos, os quais têm sido muito melhor tratados do que se estivessem aos
cuidados de um hospital.
Alguém, entretanto, pode dizer que os tratamentos médicos requerem um lugar
apropriado, onde há de tudo além do médico para cuidar dos enfermos e que
esse é o único meio pelo qual, nas grandes cidades, tais casos podem ser
tratados. Sim, é verdade, e ninguém pode ajudar se a situação for difícil, mas,
onde se pode remediar deve-se tentar remediar.
As moléstias nervosas muitas vezes são tratadas por remédios. Não há remédio
no mundo que possa fazer bem aos nervos, porque os nervos são a parte mais
natural do ser humano. São eles a parte do ser humano que está ligada com o
mundo físico e com o mundo mental, a parte central do nosso ser, e não há
melhor remédio para os nervos do que a natureza, uma vida de repouso e
descanso, quieta, com respiração adequada e apropriada alimentação, com
alguém para tratar do doente com sabedoria. Pela compreensão da lei do meio
ambiente e das influências climáticas, pela compreensão das influências que têm
as pessoas sobre tal doente, podemos curá-lo.
A energia nervosa é uma espécie de bateria para todo o mecanismo da mente e
do corpo. Para o mecanismo da mente, portanto, a limpeza do mecanismo
nervoso e o bom estado de funcionamento do mecanismo nervoso é que nos
habilita a tornar claro para nós mesmos o nosso pensamento ou conservar o
nosso pensamento, imaginar, pensar, ou recordar. Quando o sistema nervoso
não está limpo, não podemos guardar as coisas na mente, concebê-las na
mente, ou manter um pensamento, e todas as diferentes condições da desordem
mental começam a aparecer. Os Iogis chamam centros ao sistema nervoso
dentro do corpo. Os diferentes centros são os pontos do sistema nervoso, os
centros através dos quais experimentamos a intuição, sentimos e observamos
com agudeza.
A questão agora é saber onde adquirir a energia nervosa e como adquiri-la.
Nosso corpo e nossa mente são uma bateria dessa força, são feitos dela, nós
somos essa força. O magnetismo do ser humano é muito maior do que qualquer
outra coisa no mundo. Nenhuma jóia, gema, flor ou fruto, nada no mundo, possui
a magia que tem um ser humano, caso ele saiba a maneira de retê-la e como
manter-se nesse estado. Com todas as descobertas científicas do radium e dos
eléctrons e todos os diferentes átomos, não há nenhum átomo no mundo que
seja mais radiante do que os átomos de que se compõe o corpo humano, átomos
que, não somente são atrativos para a vista humana, mas também atraem toda
a criação para o ser humano. O cavalo serve o homem, o camelo carrega sua
carga, o tigre rende-se ao homem, o elefante marcha sob seu comando, mas,
quando o homem perde o próprio espírito, então é precisamente como se
perdesse o sal. Diz a Bíblia: “Vós sois o sal da terra e quando o sal tiver perdido
o seu sabor, com que será a terra salgada?” Quando o próprio corpo do homem,
seu próprio espírito, são mais radiantes do que qualquer outra coisa, então nada
mais há que lhe possa dar mais espírito. É ele mesmo o espírito.
VIII
Perguntamos a nós mesmos até que ponto o espírito tem poder sobre a matéria
e a resposta é que, sendo a matéria a consequência do espírito, o espírito tem
inteiro poder sobre a matéria. Tornamo-nos pessimistas depois de haver
experimentado a força do pensamento para a nossa cura ou para a cura dos
outros e falhamos. Começamos então a pensar que não é o espírito que pode
socorrer, é alguma coisa exterior. Não significa isso, por um momento, que as
coisas exteriores não tenham efeito algum, mas que o espírito possui todo o
poder para curar uma pessoa de qualquer moléstia.
Sem dúvida, a fim de curar as moléstias o espírito deve alcançar um estado tão
elevado que lhe permita efetuar uma cura perfeita. Nos tempos que correm, uma
pessoa imagina que o espírito nasce da matéria. Pelo estudo biológico, começa-
se a imaginar que primeiro existiu a matéria, em seguida ela evoluiu, até que no
homem ela se desenvolveu e brotou como inteligência, como inteligência
humana, mas, de acordo com a mística, é tudo um jogo da inteligência. Na rocha,
na árvore, na planta, no animal e no homem, a inteligência tem vindo ao longo
de tudo e se desenvolveu. Através do homem chegou à sua pura essência.
Chegar à pura essência é que faz o homem tornar-se conhecedor da sua origem.
Ensina-se na Ciência Cristã que a matéria não existe. Mesmo que não o tenham
explicado inteiramente, todavia existe uma vida e o que chamamos de matéria e
espírito são diferentes aspectos da vida. Devemos compreender que existe uma
vida e ela é toda espírito. Até a matéria é um estado transitório do espírito e o
espírito é inteligente. É a própria inteligência, além de poderoso e livre da morte
e da decadência. É capaz de dar a sua vida até à substância densa que se tenha
formado dele mesmo e que é a matéria. Consequentemente, está além do
alcance das palavras dizer-se até que ponto o pensamento, o sentimento e a
atitude ajudam uma pessoa a curar-se.
O pensamento de que através dos canais nervosos, através das veias e vasos
é o sangue divino que está circulando, sangue esse que é perfeito, completo e
puro, ajuda-nos muitíssimo. Em outras palavras, que é doença? Doença é uma
desarmonia. Se a desarmonia causa a moléstia e a fraqueza, a harmonia traz a
cura. Se alguém puder harmonizar a sua vida em qualquer direção e de qualquer
forma, certamente isso resultará numa perfeita harmonia e se manifestará
também como cura das doenças. Não há dúvida que a tristeza causa todas as
moléstias, porque faz a mente e o corpo, ambos, desarmoniosos e presas fáceis
das doenças. Para mim, uma pessoa verdadeiramente corajosa é aquela que
diz: “O que aconteceu, aconteceu, triunfarei daquilo por que estou passando e
aquilo que me chegar enfrentarei corajosamente”.
Se quisermos ficar tristes, há muitas coisas para nos entristecer. Não é preciso
esperar por coisas que surjam e nos obriguem a derramar lágrimas. A cada
momento poderemos derramar lágrimas, se tivermos tal tendência. Maus
presságios não nos faltariam. Maus presságios podem ser facilmente
encontrados em toda parte se os procurarmos, e muita gente assim o faz,
inconscientemente. Há muitas moléstias, mas o desespero é a pior das
moléstias. Quando uma pessoa perdeu a esperança, esta moléstia não pode ser
curada. A esperança faz parte da inteligência, a esperança é a força da
inteligência. Se a inteligência trabalha contra todas as desordens, físicas,
mentais ou morais, certamente a cura pode ser obtida.
Os místicos sempre souberam e puseram em prática, da maneira mais perfeita,
a idéia que se externa mais elementarmente da seguinte forma: se repetirmos
para nós mesmos “estou bem, estou melhor, estou muito melhor”, sentimo-nos
de fato melhor. Muitos não percebem a razão disso, mas notaremos que, com o
tempo, as pessoas mais materialísticas chegarão a conceber esta verdade, que
é a atitude da mente, a disposição para curar-se, o desejo de sobrepor-se à
moléstia que nos ajuda a sarar.
Há diferença entre a fé e o pensamento. Podemos dizer: “Estou dia a dia
pensando que vou ficar bom, mas não vejo isso passar.” Na verdade, o
pensamento é uma coisa e a fé outra. Quando se compara a fé com o
pensamento, um é automático e o outro é mais vida. Quando dizemos: “estou
pensando” ou “estou fazendo isto diariamente mas não colho nenhum benefício”,
isto significa apenas que estamos praticando uma coisa e tendo fé noutra.
Estamos praticando ao dizer “ficaremos bons” e acreditando noutra coisa, isto é:
“estamos doentes”. Poder ser nossa crença inconsciente, mas há uma crença
quando dizemos: “isto não me cura, continuarei doente” e embora repitamos mil
vezes por dia: “ficarei bom, ficarei bom”, não acreditamos nisso.
Quando uma criança está doente, pode ser auxiliada por um pensamento de
ajuda. Algumas vezes o pensamento de cura da mãe, a simpatia da mãe,
trabalham em favor da criança com maior sucesso do que qualquer remédio que
se lhe dê e nisso está a prova do poder curativo. Há inúmeros casos que podem
ser observados, nos quais, conscientemente, ou mesmo inconscientemente, o
desejo da mãe se torna uma influência curativa para que se restabeleça a
criança. Se a mãe está ansiosa e preocupada com a criança, não há dúvida que
o efeito será negativo, porque, inconscientemente, conserva a mãe no
pensamento uma doença para seu filho.
O meio pelo qual os curadores místicos têm conseguido realizar curas
admiráveis, está acima da compreensão. Vê-se na obra deles o que pode a força
do pensamento. Sem dúvida, se uma pessoa for refratária a influências curativas,
então, mesmo um curador não poderá fazer seu trabalho adequadamente, mas
se a atitude da pessoa for correta, se a pessoa acreditar que o espírito possui
realmente o poder de curar, certamente poderá ser curada. Os místicos têm
provado em suas vidas que, não somente sua força pode curar, mas também
que a própria morte estaca diante deles como serva obediente. A morte para
eles não é um policial que prende e leva uma pessoa quando o tempo é chegado.
A morte para eles é um carregador que lhes carrega a bagagem quando estão
de viagem. Ao pessimista deixando de lado a arte de curar, nem mesmo um
remédio lhe fará bem. Se ele não acreditar no remédio, nenhuma força terá o
medicamento sobre ele.
Se a fé torna perfeita a força do remédio, então melhor efeito pode produzir se a
pessoa acreditar na força do espírito sobre a matéria. O que geralmente
acontece é que as pessoas não sabem se há um espírito. Às vezes fazem uma
pergunta, se existe algum espírito, pois o que conhecem é a matéria. Um jovem
italiano com quem viajei, chegou-se a mim e disse: “Acredito somente na matéria
eterna.” Respondi-lhe: “A sua fé não é muito diferente da minha fé”. Ficou muito
surpreso de ouvir um padre (ele pensou que eu era um padre) a dizer tal coisa e
perguntou: “Qual é a sua fé?” Respondi: “Aquilo que você chama matéria eterna
eu chamo espírito eterno. Você chama de matéria o que eu chamo de espírito.
Que importância tem isso? É apenas uma diferença de palavras. Só há um
Eterno.” Ficou o jovem, dali em diante, muito interessado. Antes disso era
excessivamente medroso.
O segredo da cura está em nos erguermos, pela força da fé, acima das limitações
deste mundo de variedades, de modo que possamos tocar, pela força da
inteligência, a unidade do Ser total. É aí que ficamos carregados da força
onipotente e é pela força dessa aquisição que uma pessoa se habilita a ajudar-
se a si própria e aos outros nas suas dores e sofrimentos. Verdadeiramente, o
espírito possui todas as forças que existem.
IX
A idéia de chamar certas moléstias de incuráveis é um grande erro que o homem
comete hoje. O que acontece é que a humanidade não achou o remédio para
curar tais moléstias e daí chamá-las incuráveis. Chamando de incurável uma
doença, faz com que o doente fique desesperançado não somente do socorro
do homem, mas também do socorro que ele pode receber do alto. Portanto, não
pode ser correta uma idéia que faz um ser vivente acreditar que não há cura para
ele. Se a fonte e a meta são perfeitas, é possível então obter a perfeição. Como
a saúde é uma perfeição, pode ser obtida.
Toda a força está no espírito. Cada pessoa tem força na medida de sua ligação
com o espírito, mas cada pessoa tem uma fagulha desse espírito em si mesma.
Cada um de nós deve saber que existe uma responsabilidade que nos cabe pela
própria saúde, como curadores de nós mesmos, e que ela tem um papel a
representar para nós mesmos, responsabilidade essa que não é somente do
médico ou do curador. Cada pessoa, ao mesmo tempo, deve, antes de tudo,
estar pronta a representar seu papel como um facultativo, como um curador,
primeiramente para ver qual é seu estado, o que lhe está faltando, qual o seu
mal e como deve curar-se. Quando não puder fazer isso bastante bem, deverá
chamar outrem para socorrê-la, mas deve ser a primeira a desejá-lo,
A cura pelo hipnotismo é um processo desejável? Atualmente os cirurgiões
fazem uso do éter a fim de executarem operações. Embora seja isso prejudicial
ao paciente, é entretanto necessário e, assim, se esse meio é usado para
melhorar o estado de alguém, se é imprescindível, deve ser permitido. Cada
pessoa, porém, deve estar habilitada a cuidar de si mesma pela oração, pela
meditação, pelo silêncio e alimentar a crença de perfeita saúde, arrancando de
si a raiz da crença na moléstia.
A cura pelo magnetismo é outra coisa. É uma outra forma de prescrição. Há uma
prescrição dada pelo médico, um certo medicamento é dado para agir ou reagir
contra um certo estado. Assim, a força que é a energia vital é dada de uma certa
forma para proporcionar ao paciente o que lhe falta. Não é exatamente um
remédio objetivo, mas um remédio externo.
Não existe moléstia alguma incurável. Cometemos uma grande falta contra a
perfeição do Ser Divino quando tiramos toda esperança de cura de uma pessoa,
pois naquela perfeição nada é impossível, tudo é possível. Vemos o assunto com
a nossa limitada razão e fazemos pequena a Divina Perfeição, tão pequena
quanto somos nós mas, na realidade, a vastidão, a grandeza da força onipotente
está acima da nossa compreensão e limitá-la nada mais seria do que um erro. O
que geralmente acontece, no caso da chamada moléstia incurável, é que a
impressão causada sobre o enfermo de saber e sentir que sua moléstia não pode
ser curada, se torna a raiz de sua moléstia e, portanto, na crença do enfermo, a
moléstia fica enraizada. Assim, nenhum remédio, nenhuma ajuda pode erradicar
a doença. O melhor tratamento que um curador, um médico, podem proporcionar
a um enfermo é dar-lhe primeiramente a fé de que ele pode ser curado, depois
o remédio ou tratamento, qualquer que seja o método que adote para curá-lo.
Ouvimos as narrativas sobre os médicos dos tempos antigos, dos místicos, dos
pensadores, de que eles usavam, para descobrir a moléstia de uma pessoa,
justamente olhar para essa pessoa. Isto veio por intuição e se os povos dos
antigos tempos eram proficientes nisso, não quer isto dizer que a alma tenha
perdido sua qualidade. Hoje mesmo, se alguém desenvolver essa qualidade em
si, poderá, ao primeiro lance de vista, descobrir tudo que estiver errado numa
pessoa, no seu corpo, na sua mente, no seu, espírito, em tudo, porque a
expressão exterior de uma pessoa revela o seu estado interior. Qualquer
desordem no espírito, na mente, ou no corpo, claramente se manifesta para o
exterior e é apenas questão de desenvolver aquela faculdade da intuição para
ler e descobrir o que está acontecendo. Quando tal faculdade se desenvolve
mais um pouco, faz a pessoa saber também qual a razão atrás de cada moléstia,
seja mental ou física. Quando a mesma faculdade se desenvolve ainda mais,
pode a pessoa descobrir também qual seria o melhor meio, o melhor remédio
para curar-se. Avicena, o grande místico da Pérsia, era médico e ao mesmo
tempo curador. O místico é um curador por natureza, mas a obtenção do
conhecimento exterior o habilita a usar melhor sua faculdade no mister de curar.
Que deve uma pessoa fazer para desenvolver essa faculdade, para descobrir se
a tem consigo? Assim como um mecanismo precisa de corda diariamente ou um
instrumento musical precisa ser afinado, também cada pessoa, qualquer que
seja sua vida e ocupação, precisa ser cada dia afinada. E qual é esta afinação?
Esta afinação consiste em harmonizar toda ação do mecanismo do corpo,
harmonizar a pulsação, os batimentos da cabeça e do coração, da circulação do
sangue e isto pode ser feito por meio do repouso adequado. Uma vez feito isto,
o segundo passo é harmonizar o estado da mente. A mente que está
continuamente devaneando, que não está sob o controle da vontade, que não
pode responder no momento de apelo, que não descansa, tal mente precisa se
harmonizar e pode ser primeiramente harmonizada com a vontade. Quando
existe harmonia entre a vontade e a mente, então o corpo e a mente, assim
controlados e harmonizados, se tornam um mecanismo trabalhando
automaticamente. Pondo-se simplesmente em ordem a mente e o corpo,
permitindo que cada faculdade se mostre em sua plenitude, que se manifeste,
começamos a observar a vida mais profundamente, a compreendê-la mais
integralmente e assim a percepção se torna mais aguda e a faculdade de
conhecer se desenvolve.
Sem dúvida, quanto mais uma pessoa evolui mais penetra na vida das coisas e
seres. A primeira coisa é compreender o estado do nosso próprio corpo, da
nossa saúde física, do nosso estado mental e, quando pudermos compreender
melhor o nosso próprio estado, começaremos então a ver o estado de outra
pessoa. Nasce então a intuição e ela se torna ativante. Quando um homem se
desenvolve intuitivamente, começa a ver as penas e sofrimentos do povo e se
sua compaixão cresce e se torna mais ampla, mais aguda se faz a sua vista e
começa a observar a razão atrás do mal. Se avançar ainda mais no caminho da
intuição, começará também a ver qual seria o melhor remédio para a pessoa que
está sofrendo.
Além disso, há sinais que um vidente vê, sinais externos, que explicam os
princípios fundamentais da saúde. Cada pessoa representa o sol, seu coração,
seu espírito, seu corpo, tudo e, como acontece com o sol, há uma aurora e um
ocaso. Há uma tendência do corpo que o atrai para a terra e que mostra o ocaso,
porque a alma está se encaminhando para a meta. Há uma outra tendência que
é como a aurora, o corpo naturalmente está disposto a levantar-se. Parece que
a terra não está atraindo o corpo, alguma coisa o atrai para cima. Este é o sinal
da aurora. E não depende isso da idade, depende do estado de harmonia que
se estabeleceu entre o espírito e o corpo. É coisa comum a um místico descobrir
se uma pessoa está para morrer dentro de três anos e, mais fácil ainda, se uma
pessoa está para morrer dentro de um ano. Colocando de parte o espírito interior,
há sinais até na tendência do corpo, na sua inclinação.
X
Há diferentes maneiras de ver a moléstia: uns a encaram como castigo do alto,
outros a vêem como punição de suas próprias ações e outra maneira de ver a
doença é considerá-la como proveniente dos passados “karmas”, tendo a
pessoa de resgatar por meio da moléstia os “karmas”, isto é, as ações do
passado. Tenho visto doentes atravessarem suas moléstias pensando que
devem pagar as dívidas passadas, que é justo resgatá-las. Quando olhamos
para isto com espírito de crítica, achamos que quem julga ser a moléstia uma
punição lançada por Deus sobre uma pessoa, está apresentando Deus sob um
aspecto severo, fazendo-O passar como duro Juiz ao invés do mais gracioso e
compassivo Pai e Mãe, conjuntamente.
Se à mãe e ao pai terrenos desgostaria infligir pena e sofrimento a seu filho, é
duro pensar que Deus, Cuja misericórdia e compaixão são infinitamente maiores
do que as dos pais terrenos, mandaria sobre o homem a moléstia como castigo
por suas ações. Parece mais razoável se alguém disser que a doença é
consequência de suas próprias ações. Mas isso nem sempre é verdade, não é
verdade em todos os casos. Muitas vezes a mais inocente e a melhor das almas,
que não tem senão bons desejos e delicados pensamentos, se encontra entre
os sofredores.
Quando pensamos que isso é o débito da vida passada, temos uma idéia de
fatalismo, de que há um certo sofrimento pelo qual se deve passar, que não há
outro caminho e que consequentemente devemos suportar com paciência as
coisas mais desagradáveis. Vi um jovem sofrendo de uma doença e que me
disse com o maior contentamento, quando lhe aconselhei a fazer alguma coisa
pela sua saúde: “Acredito que isto é um débito do passado que tenho a pagar. É
preciso que eu o pague.” Sob um ponto de vista comercial isso é bem justo mas
sob o ponto de vista espiritual, deve ser encarado diferentemente. O que o
homem não deseja para si mesmo não é para ele, não é o seu quinhão, porque,
em cada alma, está a força do Todo-Poderoso, há uma fagulha da luz divina, há
o espírito do Criador. Tudo que o homem deseja ter, portanto, é seu direito de
nascença. Naturalmente uma alma não deseja ter uma enfermidade, salvo se é
desequilibrada. Se a alma soubesse a força de sua tendência natural para gozar
saúde, teria a saúde a despeito de todas as dificuldades que as condições da
vida possam apresentar.
Pensamos muitas vezes que a moléstia não deve nunca ser considerada como
vontade de Deus e se não deve, que dizer da morte? A morte é diferente da
doença, porque a moléstia é pior do que a morte. O aguilhão da morte é apenas
passageiro. A idéia de que deixamos os que nos rodeiam é uma provação
amarga de um momento, não vai mais longe. A doença, porém, é uma
imperfeição, um estado incompleto, e não é desejada. Será erro deixar uma
pessoa que está sofrendo excessivamente morrer, ou devem ser usados meios
artificiais para conservá-la viva? Não é aconselhável que um médico, um
parente, ou quem quer que seja, mate uma pessoa que esteja sofrendo
excessivamente de uma doença a fim de livrá-la do sofrimento, porque a
natureza é sábia e cada momento que se passa neste plano físico tem seu
objetivo. Nós, os seres humanos, somos demasiado limitados para julgar, para
decidir pôr fim à vida e ao sofrimento. Devemos tentar diminuir o sofrimento do
doente, fazer tudo que estiver em nosso poder a fim de que melhore, mas usar
meios artificiais para manter vivo alguém por horas ou dias não é coisa acertada
que se faça. É agir contra a sabedoria da natureza e contra o plano divino. É tão
perverso quanto matar alguém. A tendência é o homem ir sempre além do que
devia ir e aí é que ele comete um erro.
Pode a astrologia concorrer para descobrir a causa de uma enfermidade? É
recomendável tal método? Sim, a astrologia pode concorrer para a descoberta
da causa da enfermidade se se trata da verdadeira astrologia, mas não é
recomendável para uma pessoa que esteja lidando com um caso irremediável.
Num caso em que a astrologia seja favorável, atuará em proveito da pessoa, fará
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  • 2.
  • 3. Sumário O MOVIMENTO SUFI Objetivos do Sufi O Mensageiro Que é um Sufi O Emblema Sufi O Objetivo do Movimento Sufi A Tradição do Sufismo Mensagem Sufi Máximas Sufis Característicos do Sufi Pensamentos do Sufi A SAÚDE CONFISSÕES Capítulo I – As primeiras fases de minha vida Capítulo II – Meus estudos das religiões Capítulo III – Início de minha excursão pela Índia Capítulo IV – Meu interesse pelo Sufismo Capítulo V – Minha iniciação no Sufismo Capítulo VI – Minha viagem ao Ocidente Capítulo VII – Oriente e Ocidente Capítulo VIII – Treinamento Oriental O MORTO VIVO
  • 4. O Movimento Sufi Uma doutrina e uma prática da mais estreita e sincera fraternidade entre os homens, e da mais universal adoração ao Supremo Ser, por meio de uma ordem, ou escola para iniciação, treino e aperfeiçoamento, naquele sentido, de todas as almas que desejem buscar a verdade e o caminho para Deus, sem distinção de igrejas, confissões ou escolas filosóficas, – eis o que é o Movimento Sufi, originado no Oriente e, espalhando-se hoje por todo o mundo, e de que procuramos dar aqui uma sucinta idéia, ou definição.
  • 5. Objetivos do Sufi 1. Realizar e espalhar o conhecimento da unidade, a religião do Amor e da Sabedoria, de maneira que as inclinações das fés e das crenças possam de si mesmas fenecer, o coração humano possa inundar-se de amor e possa erradicar-se toda ira causada pelas distinções e diferenças. 2. Descobrir a luz e a força latente no homem, o segredo de toda religião, a força do misticismo, e a essência da filosofia, sem interferir nos costumes, ou crença. 3. Ajudar a trazer os dois pólos opostos, o Oriente e o Ocidente, intimamente unidos pelo intercâmbio do pensamento e dos ideais, de modo que a fraternidade universal possa formar-se por si mesma, e o homem possa encontrar-se com o homem além dos estreitos limites nacionais e raciais.
  • 6. O Mensageiro Pir-O-Murshid Inayat Khan, o iniciador do Movimento Sufi, e fundador da respectiva Ordem, nasceu em Baroda, Índia do Sul, a 5 de julho de 1882. Suas qualidades excepcionais, talentos artísticos e atitudes espirituais eram evidentes desde os primeiros anos de sua mocidade. Seus poemas são inspirados e tocam ao sublime. Músico, tornou-se famoso em toda a Índia, tanto como compositor quanto como cantor, e foi honrado pelos potentados com títulos, jóias e dinheiro. Estudou música, poesia, filosofia, religião comparada e misticismo com os maiores mestres da sua terra, e então, sentindo comandá-lo, no seu íntimo, a força impulsiva do Divino, correspondeu à exortação do seu Senhor, “Na verdade tu és abençoado por Allah, o mais Misericordioso e Compassivo Deus; segue meu Filho, junta o Oriente com o Ocidente, dá ao mundo a Divina Mensagem de Amor, Harmonia e Beleza”. Pir-O-Murshid Inayat Khan, alma verdadeiramente iluminada e mística, deixou a sua terra natal em 1910, e viajou pela Europa e Estados Unidos da América, recebendo constantemente a Divina Inspiração e Revelação, que ele interpretava em linguagem humana e ofertava ao mundo. Os seus ensinamentos incorporam a riqueza do saber que tem sido entesourado no Oriente durante séculos, satisfazem a fome espiritual de toda alma e formam um treino seguro e sistemático a respeito do desenvolvimento da consciência no rumo dessa compreensão da Presença de Deus, que é a meta da humanidade. Pir-O-Murshid Inayat Khan fundou e organizou o Movimento Sufi e deu-lhe completa intuição em todos os seus cinco ramos de atividade. Depois, conhecendo que a sua Missão tinha sido cumprida, obedeceu ao Chamado de Retorno e voltou para a Índia, no fim de 1926. Depois de fazer uma série de conferências na Universidade de Delhi, capital da Índia Inglesa, e de ser reconhecido pelo Chefe dos Sufis na Índia, Shaikh Nizami como seu Mestre, de todos os Sufis, conheceu que a tarefa da sua vida estava completa. Mais tarde, como predissera, passou alguns dias no estado de êxtase, conhecido como Samadhi e finalmente deixou o seu corpo físico a 5 de fevereiro de 1927. Seus restos mortais jazem numa tumba entre dois Santos Sufis, em Delhi.
  • 7. Que é um Sufi? Que é um Sufi? – É aquele que não se separa dos outros pela opinião ou dogma, e que percebe ser o coração como o Sacrário de Deus. Que deseja ele? – Remover o falso eu, e descobrir dentro dele Deus. Que ensina ele? – Felicidade. Que procura ele? – Iluminação. Que enxerga ele? – Harmonia. Que outorga ele? – Amor a todas as coisas criadas. Que obtém ele? – Uma força maior do amor. Que perde ele? – O egoísmo. Que acha ele? – Deus.
  • 8. O Emblema Sufi O Emblema do Movimento Sufi – um coração alado – simboliza os seus ideais. O coração é tomado em ambos os sentidos, o celeste e o terreno. Como o centro do ser de uma pessoa, é um receptáculo na terra, do Espírito Divino, e se eleva ao Reino do Céu quando corresponde ao Espírito de Deus, que eternamente procura guiar a humanidade. A elevação do coração é indicada pelas asas abertas, e estas representam, respectivamente, desprendimento e independência; desprendimento dos gozos mundanos e da arbitrária opinião, e independência na consciência do Amor, da Sabedoria e do Poder de Deus. O Crescente no coração simboliza correspondência; é o coração correspondendo ao Espírito de Deus, que se levanta. O Crescente é o símbolo da correspondência, porque vai ficando mais cheio, correspondendo mais e mais ao sol. A luz, que se vê na lua crescente, é a luz do sol, e, aumentando correspondentemente, se torna ela cheia da luz do sol. Semelhantemente, a alma nobilitada sempre se torna uma expressão mais plena das qualidades divinas. A Estrela no centro do Coração representa a centelha Divina, que se reflete no coração humano com amor, e, pela virtude do sopro Divino, pode ser soprada até que se levante uma chama para iluminar o caminho da vida de uma pessoa.
  • 9. O Objetivo do Movimento Sufi O objetivo do Movimento Sufi é trabalhar em prol da unidade. Seu objetivo principal é atrair a humanidade, hoje dividida em tantos setores diferentes, para que os homens se aproximem cada vez mais e compreendam mais profundamente a vida. É uma preparação para um serviço de âmbito mundial, usando três caminhos principais: um dos caminhos é a compreensão filosófica da vida, outro é estabelecer uma fraternidade entre raças, nações e crenças, e o terceiro caminho é satisfazer a mais premente necessidade do mundo, a religião para os dias atuais. Sua finalidade é dar à humanidade aquela religião natural, que sempre foi a religião dela: respeitar todas as crenças, todas as escrituras e todos os mestres. A Mensagem Sufi é um eco da eterna mensagem divina, que sempre foi transmitida e sempre será dada ao mundo para iluminar a humanidade. Não é uma nova religião, é a mesma mensagem dada à humanidade. É a continuação da mesma religião antiga, que sempre existiu e sempre existirá, uma religião que pertence a todos os mestres e a todas as escrituras. É a continuação de todas as grandes religiões que existiram no mundo em épocas diferentes e é uma unificação de todas elas, o que constitui e constituiu sempre o desejo de todos os profetas. O Movimento Sufi é composto de pessoas que possuem o mesmo ideal de servir a Deus e à humanidade, ideal esse que impele os Sufis a devotar uma parte, ou a vida inteira, ao serviço da humanidade, levando-a ao caminho da Verdade. O Movimento Sufi é formado de grupos, cujos membros pertencem a todas as religiões e, portanto, professam religiões diferentes. Todos são benvindos ao Movimento Sufi, quer sejam Cristãos, Budistas, Parsis, Muçulmanos, etc. Não se indaga sobre a fé ou crença de ninguém. Cada um pode continuar a frequentar a sua igreja, a ter sua religião ou credo. Não se obriga ninguém a acreditar em um credo ou dogma em particular. Há liberdade de pensamento. É dada uma orientação pessoal para trilhar o caminho, quer sobre os problemas da vida exterior, quer sobre os problemas da vida interior. Os que fazem parte da escola esotérica do Movimento Sufi recebem, além da orientação pessoal, ensinamentos que são transmitidos somente àqueles que estão preparados para recebê-los. Há sutilezas de idéias, de idéias espirituais, morais ou filosóficas, que não podem ser transmitidas imediatamente a qualquer pessoa, mas que são transmitidas gradativamente àqueles que se mostram suficientemente compenetrados para enveredar no caminho da Verdade. Entretanto, todos aqueles que desejarem pesquisar a Verdade devem se lembrar
  • 10. de uma coisa: o primeiro passo no caminho da Verdade é ser verdadeiro para consigo mesmo. O culto do Movimento Sufi é chamado “Adoração Universal”, porque nesse culto são reverenciados todos os cultos: do Cristão, do Muçulmano, do Hebreu, do Zoroastriano, do Budista, do Hindu. Assim, pois, quem quer a bênção de Jesus Cristo receberá essa bênção do altar, os que procuram a bênção de Moisés receberão a sua bênção, os que desejam a bênção de Buda também a recebem de Buda, e assim sucessivamente, mas aqueles que procuram a bênção de todos os grandes Profetas que vieram ao mundo em épocas diferentes, esses recebem uma bênção global, a bênção de todos os Profetas. O Movimento Sufi não interfere no ideal de ninguém nem na devoção que cada um tem ao seu Mestre. Seria isso um absurdo tão grande como se pensássemos que uma criança pode amar mais a mãe de uma outra criança do que a sua própria mãe. Tem alguém o direito de comparar e colocar em determinado lugar os grandes Mestres ou as Escrituras? Ninguém. Onde podemos colocar o nosso ideal é na devoção de nosso coração ao ideal que adoramos e isso é assunto que só a nós diz respeito. Ninguém pode interferir. Certa vez algumas meninas brincavam e diziam: “Minha mãe é a melhor das mães”, ao que outras retrucavam: “Não, a minha mãe é a melhor”. Todas apresentavam argumentos, mas uma delas, que tinha mais sabedoria do que as outras, disse: “Não é nada disso, o que é adorável é a mãe, seja ela a sua mãe ou a minha mãe”. Interfere o Movimento Sufi na devoção das pessoas aos seus Mestres? Nunca, mas convida as almas a ver que a fonte e a meta de todas as sabedorias é uma só, e que todas as bênçãos que as almas almejam vêm da mesma fonte, pois a verdade é que existe uma só e única fonte. Na “Adoração Universal” os Sufis colocam no altar as Escrituras de todas as religiões enumeradas acima e colocam também velas representando essas religiões. As diversas velas acesas significam nossa adesão aos diferentes Mestres, religiões e escrituras, que ensinaram que existe somente uma luz, embora existam muitas lâmpadas. Não são as lâmpadas que devem entrar primeiramente na mente e sim a luz. É essa luz que deve ser levada em primeiro lugar ao coração. Jesus Cristo trouxe ao mundo o ensinamento da religião da unidade. Os ensinamentos de Moisés e os esforços de Maomé tiveram o mesmo objetivo. Tudo que Buda ensinou, o que Krishna pregou, pode ser resumido no seguinte: existe uma só luz, que é a luz divina, e a direção apontada por essa luz é o caminho que deve ser trilhado pela humanidade.
  • 11. Embora o ideal Sufi seja expresso de muitas maneiras, os Sufis adoram também o ideal do “sem forma”. A forma serve para ajudar os que precisam ver a forma, pois nossa educação é baseada realmente em nomes e formas. Se não existissem nomes e formas, não teríamos aprendido a conhecer as coisas, mas a finalidade da forma é apenas uma questão do que está atrás da forma. É sempre a mesma e única verdade que existe atrás de todas as religiões. Portanto, o cerimonial do culto Sufi não deixa também de ser um ensinamento, mas todo Sufi é livre de usar ou não usar uma forma. Um Sufi não fica limitado a forma alguma. As formas são usadas pelo Sufi, mas as formas não o aprisionam. No Movimento Sufi não existe sacerdócio no sentido comum da palavra. O sacerdócio é apenas para o cerimonial e para preencher as funções que um sacerdote sempre exerce na vida cotidiana. Os que recebem as ordens no Movimento Sufi são chamados “Sirajs” e “Cherags”. Não há distinção entre o elemento masculino e feminino. A alma que se mostrar digna será ordenada. Constitui isso um exemplo para o mundo, mostrando que em todos os lugares – na igreja, na escola, no Parlamento ou na corte – a mulher e o homem juntos é que contribuem para uma evolução completa. O Sufi é ao mesmo tempo um sacerdote, um pregador, um mestre e um aluno de todas as almas que encontra pelo mundo. As preces Sufi “Saum” e “Salat” não são preces feitas pelo homem. São preces enviadas do Alto, foram transmitidas da mesma forma que, em cada período de reconstrução espiritual da humanidade, foram transmitidas as demais preces. Essas preces têm poder e trazem bênçãos, especialmente para aqueles que crêem. O que representa uma prece verdadeira? Louvor a Deus. Qual é o significado da palavra louvor? Apreço, abrir o coração cada vez mais à beleza divina representada na manifestação. Nunca seremos bastante gratos. Devemos ensinar às crianças e aos nossos empregados a ter apreço, não para nosso próprio benefício, mas para que eles se beneficiem do ensinamento de que devem dar valor e apreciar as coisas. Se isso não Ihes for ensinado, privá-lo- emos de uma grande virtude, pois a alegria e a felicidade estão no apreço a determinadas coisas ou certas condições. A prece treina a alma para dar maior apreço à bondade de Deus. A prece pode ser feita em silêncio, mas como a natureza de sensação é psicológica, se recitarmos as palavras da prece em voz alta faremos com que elas penetrem no “Akasha” do corpo, a parte etérea do corpo, e atinjam o plano interior do nosso ser. Assim sendo, as preces repetidas em voz alta têm sobre a alma um efeito maior do que uma prece recitada em silêncio. A prece é dada ao homem para que se beneficie dela e não para beneficiar Deus.
  • 12. A ação da prece também é psicológica, porque produz em cada átomo do nosso corpo, imagens do pensamento que está atrás da prece. Cada átomo do corpo reza, até as células do sangue oram. Todo ser do homem se transforma numa prece. Assim, os movimentos que acompanham as preces têm uma ação psicológica. A cada movimento que fazemos ao dizer as preces, segue-se uma espécie de projeção, que fica impressa em cada átomo do nosso corpo. Nossa circulação é afetada e todo nosso ser é afetado pela circulação, até a nossa pele.
  • 13. A Tradição do Sufismo Pir-O-Murshid Inayat Khan definiu o Sufismo como a filosofia do Amor, da Harmonia e da Beleza. É um reconhecido caminho místico da devoção, tem existido no Oriente há mais de um milhar de anos, mas a sua tradição pode ser rastreada pelo menos até o tempo de Abraão, o pai de quatro grandes religiões, e que foi ele mesmo iniciado no antigo culto religioso do Egito. A Confraria dos Essêneos, existente ao tempo de Jesus, era indubitavelmente Sufi. No sentido verdadeiro da palavra, o Sufismo tem existido desde o nascimento da raça humana e todos os grandes Mensageiros, Profetas, Santos e Mestres hão sido Sufis. Neste aspecto ideal, o Senhor Buda foi mais um Sufi do que um Budista, justamente como o Senhor Jesus foi um Sufi antes que um Cristão, porque ambos tornaram realidade a bênção da Consciência de Deus e apontaram o caminho dela para os outros seguirem. No seu mais profundo aspecto, o Sufismo corresponde àquela Companhia de todas as almas iluminadas, que formam a corporação do Mestre, o Espírito de Guia, a que se referem os Místicos Cristãos como a Igreja Oculta, iluminada pela Luz de Cristo, que governa e dirige todas as formas exteriores de religião. Cada época do mundo tem visto almas iluminadas, e assim como é impossível limitar a sabedoria a nenhum período, lugar ou povo, assim também é impossível datar ou localizar a origem do Sufismo.
  • 14. Mensagem Sufi A Mensagem de Deus tem sido enviada à terra aonde quer que o clamor da humanidade chegue a um certo ponto, e tem sido outorgada numa forma apropriada às necessidades do tempo; mas, em essência, é a mesma eternamente. “Deus fala a seus filhos através dos lábios do homem”. Seus Mensageiros Divinos têm sido muitos, e incluem Rama, que trouxe a Mensagem da Sabedoria; Buda, com a Mensagem da Compaixão; Zoroastro deu a Mensagem da Pureza; Moisés, a Mensagem da Lei; Cristo foi portador da Mensagem do Sacrifício de Si Mesmo, e Maomé deu a Mensagem da Unidade. A Mensagem da Verdade Divina surgiu para o Mundo Ocidental em 1910 com Pir-O-Murshid Inayat Khan. Ele incorporou numa forma moderna e universal a Essência da Verdade e Sabedoria dos Místicos Sufis do Oriente, e profetizou que o Sufismo se tornaria a Religião e Filosofia das futuras gerações. Em si mesmo, o Sufismo não é um culto novo, posto que sua clara exposição da Verdade Divina e da natureza imortal do homem constitui uma Revelação para o mundo. A Mensagem Sufi é a resposta Divina ao clamor humano da hora presente por Paz, Amor e Felicidade, e estes ele os dá pela concepção de Deus imanente, não distante, mas presente, dentro do coração de cada indivíduo. Ele não traz novas teorias, ou doutrinas, para se adicionarem àquelas já existentes, que atrapalham a mente humana. O de que o mundo precisa hoje é a mensagem de Amor, Harmonia e Beleza, cuja ausência é a única tragédia da vida. A Mensagem Sufi não dá uma nova lei, mas desperta na humanidade o espírito de fraternidade, com tolerância da parte de cada um para com a religião do outro, com perdão de cada um para a falta do outro; ensina a plenitude de pensamento e a consideração, de maneira a criar e manter a harmonia na vida. Ensina a servir e ser útil, o que pode, somente, fazer frutífera a vida no mundo, e em que reside a satisfação de cada alma. O Movimento Sufi tem crescido rapidamente durante os últimos anos, sendo hoje uma organização internacional com a sua sede em Genebra.
  • 15. Máximas Sufis Espiritualidade quer dizer coração afinado; não podemos obtê-la nem por estudo nem por devoção. Uma perda mundana por vezes se torna um ganho espiritual. O caminho do Sufi é gozar a vida, e no entanto manter-se acima dela; viver no mundo, e não se deixar ganhar por ele. Aprender a lição de como viver é mais importante do que todo e qualquer treino psíquico, ou de ocultismo. A Sabedoria não está nas palavras, mas na compreensão. Uma Alma é tão grande quanto o círculo da sua influência. De entre as conchas de um coração partido emerge a alma rediviva. Deus fala ao profeta na sua língua Divina e o profeta interpreta-o na linguagem do homem. A alma de Cristo é a luz do Universo. O que nos faz felizes, ou infelizes, não é a nossa situação na vida, mas a nossa atitude para com a vida. A felicidade é nosso direito inato; cada alma procura a felicidade, finalmente descobre que não existe em parte alguma felicidade, exceto em Deus. Quanto mais temos em vista os sentimentos dos outros, mais harmonia e felicidade podemos criar. Para uma alma vigilante, o Dia do Juízo não vem depois da morte, mas hoje mesmo. Nas esferas da consciência, a alma do homem e o espírito de Deus se encontram e se tornam um. A alma iluminada encontra seu caminho nas trevas, tanto no interior como fora de si mesma. A vida é a principal coisa a considerar, e a vida verdadeira é a vida interior, a exata compreensão de Deus.
  • 16. Fazer de Deus uma realidade é o verdadeiro objeto da adoração. A Alma chega a um estado de realização onde a Vida toda se torna uma visão sublime da Imanência de Deus. Na verdade, aquele que busca o mundo herdará o mundo, mas a alma que procura Deus alcançará a Presença de Deus. “A verdadeira espiritualidade não é necessariamente uma fé, ou crença fixa – é o enobrecimento da alma pelo elevar-se acima das barreiras da vida material”.
  • 17. Característicos do Sufi – Qual é a religião do Sufi? – A vida natural. – Qual é a maneira do Sufi – A simplicidade. – Qual é a meta do Sufi? – A exata compreensão de si mesmo. – Qual é o caminho do Sufi? – A amizade. – Qual é a arte do Sufi? – A humildade. – Qual é o condão do Sufi? – A personalidade. – Qual é a moral do Sufi? – A beneficência. – Qual é a atitude do Sufi? – O perdão. – Qual é o ideal do Sufi? – O homem. – Qual é do Sufi o bem-amado? – Deus.
  • 18. Pensamentos do Sufi 1. Existe um Deus, o Eterno, o Ser único; ninguém existe senão Ele. 2. Existe Um Mestre, o Espírito-Guia de todas as almas, que permanentemente conduz os que o seguem para a Luz. 3. Existe um livro santo, o sagrado manuscrito da natureza, a única escritura que pode iluminar o leitor. 4. Existe uma religião, o indesviável progresso na direção retilínea para o ideal, que preenche o objetivo da existência de toda alma. 5. Existe uma lei, a lei da reciprocidade, que pode ser observada por uma consciência sem egoísmo conjuntamente com um senso de vigilante justiça. 6. Existe uma fraternidade, a fraternidade humana, que une os filhos da terra, indiscriminadamente, de Deus, na Paternidade. 7. Existe uma moral, o amor que rebenta da negação do egoísmo, e floresce em obras de beneficência. 8. Existe um objeto de louvor, a beleza, que levanta o coração dos seus adoradores através de todos os aspectos, do Visto, para o Não-visto. 9. Existe uma verdade, o verdadeiro conhecimento da nossa entidade, interna e externa, o que é a essência da sabedoria. 10. Existe um caminho, o aniquilamento do falso eu no real, que levanta o moral para a imortalidade, na qual reside toda a perfeição.
  • 20. A Saúde I A doença é uma desarmonia, desarmonia física ou desarmonia mental, atuando uma sobre a outra. Qual é a causa da desarmonia? A falta de tom e de ritmo. Como pode ser isso interpretado na terminologia física? O tom é o “prana”, a vida, a energia; o ritmo é a circulação, a regularidade, regularidade nas pulsações da cabeça, do pulso e na circulação do sangue pelas veias. Em sentido físico, a falta de circulação quer dizer congestão e falta de “prana” ou vida, ou energia significa fraqueza. Essas duas coisas atraem moléstias e são as causas das moléstias. Em sentido mental, ritmo é a ação da mente, quer esteja a mente ativa com pensamentos harmônicos ou com pensamentos desarmônicos, quer esteja a mente forte, firme e estável ou esteja fraca. Se alguém continua a pensar em idéias harmoniosas, o resultado é o regular batimento do pulso e a boa circulação do sangue. Se for quebrada a harmonia do pensamento, a mente então tornar-se-á congesta. Perde-se a memória, advém a depressão e o que se vê é só escuridão. A dúvida, a suspeita, a desconfiança e todas as formas de angústia e desespero vêm quando a mente se acha assim congestionada. Conserva-se o “prana”, a vida ou energia da mente, quando ela pode se estabilizar em pensamentos harmoniosos. Aí, então, a mente pode equilibrar seus pensamentos, não pode ser facilmente agitada, e a dúvida e a confusão não podem sobrecarregá-la. Seja moléstia nervosa, seja desordem mental, seja enfermidade física, todos os diferentes aspectos da insanidade têm na sua raiz uma causa e essa é a desarmonia. O corpo que uma vez ficou desarmônico, torna-se um receptáculo de influências desarmoniosas, de átomos desarmônicos. Participa deles sem o saber e o mesmo se dá com o espírito. Portanto, o corpo que já está com falta de saúde é mais suscetível de apanhar uma doença do que o corpo que está perfeitamente são. Assim também o espírito, que já tem consigo uma desordem, é mais suscetível de apanhar toda sugestão de desordem e, neste caminho, vai de mal a pior. É coisa comprovada pelos cientistas de todos os tempos que cada elemento atrai o mesmo elemento. Assim, é natural que doença atraia doença. Em poucas palavras, desarmonia atrai desarmonia, enquanto que harmonia atrai harmonia.
  • 21. É comum vermos em nossa vida cotidiana uma pessoa que não está sentindo nada, apenas está fisicamente fraca, ou cuja vida não está regular, ser sempre suscetível de apanhar moléstias. Vemos também uma pessoa que tem constantemente idéias desarmônicas sentir-se muito facilmente ofendida, não demorar muito em ficar ofendida e uma pequena coisa e outra acolá fá-la irritada, porque a irritação já está com ela, precisa justamente de um pequeno toque para transformar-se em uma irritação mais profunda. A par disto, a harmonia do corpo e do espírito depende da vida externa da pessoa, do alimento que ingere, do meio em que vive, das pessoas com quem se encontra, do trabalho que faz, do clima em que vive. Sem dúvida, sob as mesmas condições, pode uma pessoa estar mal e outra estar bem. A razão é que uma está em harmonia com o alimento que come, com o tempo em que vive, com a gente a que se reúne, com as condições que a cercam. A outra revolta- se contra o alimento que ingere, contra a gente com que vive, contra as condições que a cercam, contra a época em que tem de viver. O único motivo é que tal pessoa não está em harmonia e os mesmos resultados ela colhe e experimenta em todas as coisas na sua vida: desordem e doença daí resultam. Esta idéia pode ser muito bem demonstrada pelo método atual chamado auto- hemoterapia usado pelos médicos, de inocular a pessoa com o mesmo elemento que a faz doente. Não há melhor demonstração desta idéia do que a prática da inoculação. Esta coloca a pessoa em harmonia com aquilo que é oposto à sua natureza. Se compreendermos este princípio, poderemos inocular-nos com tudo que não se harmonizar conosco e a que estamos continuamente expostos e de que não há meio de fugirmos. O lenhador, em regra, não apanha insolação. O marinheiro não se resfria facilmente. A razão é que o lenhador se fez à prova de sol, enquanto que o marinheiro se fez à prova d’água. Em resumo, a primeira lição em matéria de saúde é compreender este princípio: que a moléstia nada mais é do que desarmonia e que o segredo da saúde está na harmonia. II A desordem no tom e a irregularidade no ritmo são as principais causas de toda moléstia. A explicação dessa desordem do tom é que há um determinado tom em que a vida está vibrando através de todo o corpo, através de cada canal do corpo, e esse tom é um tom particular, continuamente vibrante, em cada pessoa. Quando os místicos dizem que toda pessoa tem a sua nota não se referem à nota do piano, é a nota que se processa como um tom, como um respirar. Mas, se uma pessoa não toma o devido cuidado consigo mesma e se deixa influenciar por qualquer vento que sopre, vive, como a água no mar, para cima e para baixo, perturbada pelo ar.
  • 22. O estado normal do homem é quando usa a sua capacidade de manter-se firme através do temor, da alegria e da ansiedade e não se deixa arrastar de um lado para outro como um farrapo de papel, a cada sopro de vento. Deve resistir a tudo e ficar firme, de pé, no meio de todas essas influências. Pode alguém argumentar: “Não está a água sujeita a influências tanto quanto o rochedo?” O homem não foi feito para ser um rochedo, nem água. Tem tudo em si, é o fruto de toda a criação, deve estar sempre apto a mostrar sua evolução mantendo seu equilíbrio. Uma pessoa capaz de num momento regozijar-se e logo a seguir se sentir deprimida, muda suas maneiras e não pode manter aquele tom que lhe dá o equilíbrio e que é o segredo da saúde. São poucos os que sabem que não é o prazer nem o fazer-se alegre que redundará em saúde! Ao contrário, a vida de clubes, como é hoje conhecida, dá prazer num dia mas nos torna enfermos com o passar dos tempos, porque não nos pode dar o equilíbrio necessário. Quando alguém se torna sensível a cada pequena coisa com que se depara na vida, muda a nota do seu tom. Soa uma outra nota, com a qual não está o seu corpo acostumado e isso causa toda sorte de moléstia. Desespero excessivo e excessiva alegria, todas as coisas em excesso devem ser evitadas. Há naturezas que sempre buscam os extremos, precisam ter uma alegria, um divertimento, em tal excesso que acabam se sentindo cansadas ou têm um colapso de tristeza e desespero. Entre essas pessoas é que vamos encontrar os continuamente sujeitos a doenças. Se um instrumento não é conservado no tom apropriado, se é tocado por todos que chegam e nele todos põem a mão, logo fica desafinado. Ora, o corpo também é um instrumento, um instrumento que Deus fez para o Seu divino objetivo. Logo, se ele for mantido afinado e não deixarmos que suas cordas se afrouxem, esse instrumento se torna o veículo da harmonia para a qual criou Deus o homem. Como devemos manter esse instrumento afinado? Em primeiro lugar as cordas requerem limpeza, sejam elas de tripa ou de arame de aço. Os pulmões e as veias no corpo também requerem limpeza. É isso que os mantêm prontos para exercer suas funções. Como limpá-los? Pelo cuidado na dieta, pela sobriedade, pela respiração apropriada e correta. Não é somente água e areia que se usam para a limpeza, o melhor meio de limpar são o ar e as propriedades contidas no ar, propriedades que inspiramos. Logo, se soubermos conservar limpos esses canais com o auxílio da respiração, isto garantirá a nossa saúde. É isto que mantém o tom, a nota própria de cada pessoa, livre de perturbações. Quando uma pessoa está
  • 23. vibrando a sua própria nota de acordo com a sua evolução particular, ela passa a ser ela mesma, está afinada no tom para que foi feita, no tom em que deve estar o no qual naturalmente se sente confortável. Falemos agora do ritmo: há um ritmo da pulsação, o batimento do pulso na cabeça e no coração. Toda vez que o ritmo desse batimento é perturbado, causa todas as moléstias porque perturba o mecanismo que está em andamento, a ordem, que depende da regularidade do ritmo. Se uma pessoa repentinamente ouve falar de alguma coisa que lhe causa temor, o ritmo se quebra, a pulsação muda. Cada choque que recebe quebra o seu ritmo. Muitas vezes nota-se que, embora tenha sido bem-sucedida uma operação, deixa ela uma cicatriz às vezes por toda a vida. Uma vez quebrado o ritmo, é mais difícil endireitá-lo. Se o ritmo se perdeu, deve ser restabelecido com grande sabedoria. Um súbito esforço para reconquistar o ritmo pode fazer com que ele se perca ainda mais. Se o ritmo se fez demasiado lento ou apressado demais, pode ser que o quebremos ao tentar fazê-lo voltar à sua condição regular, ou nos quebremos a nós mesmos. Há um processo gradual que deve ser usado sabiamente: se o ritmo se tornou demasiadamente apressado, deve ser gradualmente reconduzido à condição normal. Se está demasiadamente vagaroso, deve ser gradualmente aumentado, ser mais ligeiro. Para fazermos isso é preciso ter paciência e força de vontade. Por exemplo, quando se afina um violino sabiamente não se torce a cravelha de uma vez levando-a logo ao tom próprio, porque, em primeiro lugar isto é impossível e a corda poderia se quebrar. Embora seja diminuta a diferença no tom, podemos levar a corda ao lugar próprio afinando o instrumento gradualmente, poupando esforço e completando a afinação. A gentileza, quando falamos dela moralmente, é coisa diversa, mas a gentileza é também necessária na ação e no movimento. Em cada movimento que se faz, em cada passo que se dá, deve haver ritmo. Por exemplo, se quiserem procurar, encontrarão muitos casos de pessoas que fazem movimentos disparatados e que nunca podem se sentir bem, porque seu ritmo não está correto e é por isso que a moléstia continua. Pode ser que não se encontre nenhuma doença em tais pessoas mas, ainda assim, pelo simples fato de seus movimentos não estarem em ritmo, manter-se-ão fora de ordem. A regularidade nos hábitos, na ação, no repouso, no comer, no beber, no sentar, no andar, em tudo, nos dá esse ritmo, que é necessário e completa a música da vida. Alguém perguntou a Babur, o imperador mogol, que reinou durante um século, qual era o segredo da sua longa vida no meio do torvelinho em que vivia e ele respondeu: “Regularidade na vida”. Quando o ritmo e o tom de uma criança estão desordenados, o tratamento que a mãe lhe pode oferecer, às vezes inconscientemente, não o podem dar os médicos num milhar de anos. A canção que a mãe canta, embora insignificante,
  • 24. vem das profundezas do seu coração, traz consigo a força curativa. A criança fica boa num momento. As carícias da mãe, suas palmadinhas, produzem melhor efeito no filho do que qualquer remédio, quando seu ritmo se perturba, quando seu tom não está bem. A mãe sente-se inclinada a fazer mimos à criança, mesmo sem o saber distintamente, quando ela se acha fora do ritmo e a cantar para ela quando se acha fora do tom. Quando chegamos à parte mental do nosso ser, tal mecanismo é ainda mais delicado que o nosso corpo. Há também um tom, cada ser tem um tom diferente de acordo com a sua evolução. Cada um de nós se sente em boa saúde quando estamos vibrando a nossa própria nota, mas se essa nota não se ajusta ao nosso próprio tom, sentimos logo falta de conforto, vindo-nos daí toda sorte de moléstia. Toda expressão de medo, de rancor, alegria e paixão que venha quebrar a continuidade desse tom, interfere com a saúde pessoal. Atrás do pensamento está o sentimento e o sentimento é que sustenta o nosso tom. O pensamento está na superfície. Os místicos trabalham especialmente para manter a continuidade desse tom. Era costume nos tempos antigos em lugar de usarem um órgão nas igrejas, usarem um tom em que se afinavam quatro ou cinco pessoas, de lábios fechados, entoando-o conjuntamente. Foi grande a minha impressão quando ouvi esse tom novamente, quando vim da Índia à Rússia, numa das suas igrejas. O segredo de manter continuamente o toque de sino que as igrejas vêm mantendo em todos os tempos, e ainda hoje existe, é que o sino não é apenas para chamar ao templo o povo, é também para afiná-lo no respectivo tom, para sugestionar que “Existe um tom latente em vós, afinai-vos com ele”. Se essa afinação não for feita e a pessoa se livra da moléstia, permanecerá ainda a fraqueza. Uma cura exterior não é cura se a pessoa não está curada mentalmente. Se o espírito não está curado, a marca da moléstia permanece nele e o ritmo da mente se quebra. Quando a mente de uma pessoa marcha numa velocidade mais rápida ou numa velocidade mais lenta do que deve ser, ou se segue um pensamento atrás do outro e continua pensando em mil coisas em cinco minutos, embora se trate de um intelectual, não pode manter-se em condições normais. Quando uma pessoa se apodera de um pensamento e fixa-se nele, ao invés de fazer progressos apega-se à depressão, aos temores, aos desapontamentos e isso a faz enferma. A irregularidade do ritmo da mente é a causa da desordem mental. Isso não quer dizer que o ritmo da mente de uma pessoa deve ser igual ao de outra, não, o ritmo de cada pessoa é peculiar a ela mesma. Acompanhando-me um dia um discípulo, sentia às vezes enorme desconforto porque não podia andar tão devagar quanto eu. Sendo uma pessoa simples e franca, disse-me isso, mas em resposta eu lhe disse: “É um andar majestoso”. A razão era que o seu ritmo era diferente, não podia ele sentir-se confortável num
  • 25. outro ritmo, devia galopar mais e mais para sentir-se bem. Assim, uma pessoa, pode sentir o que lhe dá desconforto em tudo que faz. Se não o sente, mostra isso que não dá atenção ao seu próprio ser. A sabedoria está em nos compreendermos a nós mesmos. Se pudermos sustentar o ritmo próprio do nosso espírito, será isso bastante para mantermos a nossa boa saúde. As moléstias mentais são mais sutis do que as físicas e conquanto não tenham sido as doenças mentais até agora inteiramente descobertas, quando o forem vamos ver que todas as enfermidades externas têm conexão com as moléstias mentais. A mente e o corpo estão ambos face-a-face. O corpo reflete sua ordem ou desordem sobre a mente, refletindo a mente, ao mesmo tempo, sua harmonia ou desarmonia sobre o corpo. Por este motivo é que vemos muitas pessoas enfermas exteriormente sofrendo também de alguma doença da mente e muito raramente acharemos um caso em que uma pessoa esteja mentalmente enferma e fisicamente em boas condições. Aconteceu-me um dia ir ao asilo de loucos em Nova York e os médicos gentilmente puseram diante de mim diferentes crânios mostrando as diversas cavidades no cérebro e os sinais de depressão que teria causado a loucura no indivíduo. Há sempre no corpo físico um sinal disso. Pode ser um sofrimento aparente ou alguma depressão atrás dele, ainda não conhecida, entretanto. Perguntei aos médicos: “Desejaria saber se a cavidade ocasionava a loucura ou se a loucura produzia a cavidade?”. O argumento deles era que a cavidade produzia a loucura, mas não é sempre assim, a desordem mental nem sempre é causada pela cavidade no cérebro, pois o ser interior tem uma influência maior sobre o ser físico do que tem o corpo físico sobre as existências mentais. Não é sempre que a mente causa moléstias físicas. Muitas vezes assim é, porém nem sempre. Algumas vezes, do plano físico a moléstia vai para o plano mental e algumas vezes a moléstia vai do plano mental para o plano físico. Há muitas causas mas, numa palavra, se existe uma causa geral, é a falta daquela música por nós chamada ordem. Não mostra isso que o homem é um músico e que a vida é música? A fim de representarmos nosso papel da melhor forma, o que podemos fazer é, unicamente, conservar nosso tom e ritmo no ponto próprio. Aí está o cumprimento do objetivo da nossa vida. III Movimento é vida e quietude é morte. No movimento está a significação da vida e na quietude vemos o sinal da morte. Olhando-se de um ponto de vista metafísico, existe uma quietude? Não, mas existe aquilo que chamamos não-movimento ou, pelo menos, ausência de movimento que é de qualquer forma por nós perceptível, quer aos nossos olhos e ouvidos, quer em forma de sensação ou vibração. O movimento que não é perceptível por nós denominamos quietude. O vocábulo vida usamo-lo somente
  • 26. em conexão com a existência perceptível, cujo movimento percebemos. Portanto, em relação à saúde física, o movimento é a coisa principal, regulamentação do movimento, do seu ritmo na pulsação e na circulação do sangue. A causa da morte vamos encontrá-la na falta de movimento. Todos os diferentes aspectos das moléstias têm de ser buscados numa congestão. Toda enfermidade é causada por congestão e a congestão é causada pela falta de movimento. Há partes do corpo em que as veias, os nervos, estão pregados à pele e aí não há livre circulação. Surgem assim todas as doenças. As moléstias externas dessa espécie chamamos doenças de pele. Quando isto se opera internamente, manifesta-se em forma de um certo mal-estar. Um médico pode apresentar mil razões diferentes como causa de moléstias diferentes, mas esta é a causa única e central de cada moléstia e de todas as doenças: falta de movimento, que é de fato a falta de vida. O mecanismo do corpo humano é feito para operar de acordo com um certo ritmo e é mantido por um movimento rítmico perpétuo. O centro dessa corrente perpétua de vida é a respiração. Os diferentes remédios que o homem tem descoberto, em todos os tempos, trazem às vezes a cura temporária para os que sofrem, mas nem sempre curam os doentes, pois a causa da moléstia permanece inexplorada. Atrás de cada enfermidade, vamos encontrar a causa: alguma irregularidade na vida, a vida não natural, seja na alimentação, no beber, na ação ou no repouso. A morte é uma transformação, que vem porque o corpo tornou-se inapto para sustentar o que chamamos alma. O corpo tem uma certa soma de magnetismo, que é o sinal de seu perfeito equilíbrio instável. Quando, por causa de moléstia, perde o corpo subitamente ou gradualmente esse magnetismo, pela força do qual sustenta a alma, perde ele, por assim dizer, irremediavelmente, suas garras sobre aquilo que estava sustentando: a alma. Esta perda de garras é conhecida com o nome de morte. Geralmente, obedece isso a um processo gradual. Manifesta-se primeiro uma pequena dor, uma pequena enfermidade, um pequeno desconforto – a pessoa não nota isso – os quais, com o tempo, crescem até se tornarem uma grave moléstia. Muitas vezes são as moléstias mantidas pelos doentes sem saberem eles que as estão mantendo, precisamente pela sua ignorância do próprio estado, pela sua negligência a respeito de si mesmos. O maior número dos pacientes deixa ao médico a tarefa de estudar o seu estado. Não sabem o que sofrem, do princípio ao fim da moléstia. Como no tempo antigo, em que os crentes ingênuos confiavam no padre para mandá-los ao céu, ou para outra parte, assim também, hoje, o doente se entrega às mãos do médico. Pode alguém, de aguda observação, imaginar que exista alguém, além dele mesmo, que seja capaz de saber a respeito da sua pessoa tanto quanto pode ele mesmo saber, se quiser? É isso um defeito? Não, é um hábito. É uma espécie
  • 27. de negligência da parte das pessoas não pensar no seu próprio estado e precisar que o médico lhes diga como vão de saúde. O sofrimento está na própria pessoa, esta pode ser o melhor juiz da sua vida. É a pessoa mesma que pode descobrir a causa atrás da sua moléstia, porque melhor conhece a sua própria vida. Inúmeras pessoas vivendo assim, na ignorância das suas próprias condições de vida, ficam na dependência de alguém que tenha estudado a ciência lá por fora. O próprio médico não pode socorrer convenientemente a pessoa se esta não souber claramente qual o seu estado. O conhecimento exato que a própria pessoa tenha da sua moléstia é que a torna capaz de dar ao médico uma idéia correta. Se houver um pequeno furo num vestido, se não o repararmos acabará por se romper facilmente e se tornará um rasgão. Assim acontece com a saúde. Se alguma coisa houver nela um pouco irregular e não lhe dermos atenção, permitiremos que se torne cada dia pior, acarretando mais cedo a morte, o que de outra maneira poderia ter sido evitado. Eis a questão: “É necessário então que pensemos em nosso corpo e em nosso estado de saúde?” Sim, contanto que não fiquemos obsedados por nós mesmos. Se alguém pensar tanto em sua saúde que se torne obsedado por isso, trabalhará contra si mesmo. Certamente não estará agindo corretamente, porque disso não advirá nenhum auxílio. Se alguém se apiedar de si próprio e disser: “Ó, como estou doente, como isso é terrível! Chegarei a ficar bom?” Essa impressão agirá como uma espécie de lenha para o fogo: a pessoa estará alimentando sua moléstia com a idéia da própria moléstia. Mas, por outro lado, se alguém se tornar tão negligente de si mesmo que diga: “Ó, isto não é nada, não passa afinal de contas de uma ilusão”, será incapaz de manter este pensamento quando o sofrimento aumentar. É tão necessário a pessoa cuidar de si mesma quanto esquecer-se da própria moléstia. A doença chega a uma pessoa às ocultas, como penetra o ladrão na casa, silenciosamente. Ele trabalha sem o conhecimento dos que nela moram e rouba-lhes os melhores tesouros. Que a pessoa se mantenha em guarda contra isso não é desaconselhável, contanto que não se ponha todo o tempo a contemplar a própria moléstia. Podemos perguntar: “Vale a pena estar vivo? Por que não devemos dar cabo desta vida? Que vale ela afinal de contas?” Mas isso é uma idéia anormal, uma pessoa de corpo e alma normais não pensará de tal maneira. Quando essa idéia cresce, chega até à loucura, levando muita gente a se suicidar. A aspiração natural de cada alma é desejar viver, desejar uma vida em perfeita saúde, fazer o melhor da sua vinda a este mundo. Nem Deus nem a pessoa têm prazer com o desejo de morte, porque a morte não pertence à pessoa. É uma espécie de agitação, uma revolta que sobe ao pensamento de alguém, que dirá então: “Prefiro a morte à vida”. Ter desejo de
  • 28. viver e no entanto viver uma vida de sofrimento, não é também uma coisa prudente. Se a sabedoria vale alguma coisa, não devemos poupar esforço algum para chegar a um regular estado de saúde. IV Nos tempos antigos, pensava o povo que toda moléstia era causada por um espírito de moléstia. Havia um espírito conhecido para cada espécie de moléstia e acreditava-se que aquele particular espírito trazia aquela determinada moléstia. Os curandeiros faziam tentativas para curar cada paciente que lhes chegava com uma doença e obtinham sucesso em fazer com que ficassem bons. Hoje, esse espírito de moléstia assumiu uma feição material, pois os médicos agora declaram que toda enfermidade tem um germe, um micróbio. Dia a dia, um micróbio novo é descoberto através de uma nova invenção e se todo dia um novo micróbio for descoberto, até o fim do mundo inúmeros micróbios serão descobertos e haverá inúmeras enfermidades. Afinal será difícil achar um homem são, porque deve haver algum micróbio, se não de uma velha moléstia, de uma doença recentemente descoberta. Se existe um mundo de inúmeras vidas, mostrará ele sempre inúmeras vidas. Cada vida tendo sua força, construtiva ou destrutiva, deverá mostrar, mesmo num micróbio, essa força e assim essa descoberta de micróbios prosseguirá com o aumento de moléstias, pois evitar que os micróbios existam nem sempre está no poder do homem. O homem algumas vezes destruirá os micróbios mas, por vezes, achará que cada micróbio destruído produzirá de volta muitos outros micróbios. Que é a vida? Cada átomo dela está vivendo, chamem esse átomo de rádium, eléctron, ou um germe, um micróbio. Os povos antigos pensavam que se tratava de espíritos, de seres vivos, já que desconheciam a ciência que hoje distingue esses espíritos na forma de micróbios. Entretanto, parece que os antigos curandeiros tinham um maior poder de apreensão sobre as moléstias, porque não viam somente o micróbio exterior, mas o micróbio no seu próprio espírito. Destruindo o micróbio, não destruíam somente o micróbio exterior, mas o micróbio na forma do espírito, do germe, e o mais interessante é que, a fim de expulsar aquele espírito que eles pensavam ter se apossado do doente, queimavam ou punham diante dele certas drogas, que ainda hoje provam poder destruir os germes de moléstias. Cada providência que os médicos tomarem para evitar que os germes de moléstias sobrevenham, a despeito de todo sucesso obtido, haverá um maior fracasso, pois mesmo se o germe for destruído ele existe, sua família existe em algum lugar. Além disso, o corpo que uma vez abrigou um certo germe, tornou- se um receptáculo do mesmo germe. Se o médico destruir o germe de moléstia do corpo de um indivíduo, isso não quer dizer que o destruirá do universo.
  • 29. Este problema, portanto, deve ser visto de um outro ponto de vista. É que tudo que existe no mundo objetivo tem sua parte viva e uma parte mais importante existe no subjetivo e essa parte, que está no subjetivo é sustentada pela crença do enfermo. Enquanto o enfermo acreditar que está doente, está sustentando essa parte da moléstia que se acha no subjetivo. Não só isso, mesmo se forem mil vezes destruídos os germes do seu corpo, seriam ali criados, porque a fonte da qual surgem os germes está na sua crença, não no seu corpo, como a fonte de toda a criação está dentro, não fora. O tratamento do exterior de várias de tais moléstias é justamente como podar a planta pelo tronco, ficando as raízes na terra. Estando a raiz da moléstia na parte subjetiva do ser humano, para extirpar essa moléstia deve-se arrancar a raiz, tirando fora a crença da moléstia mesmo antes do germe externo ser destruído. O germe da moléstia não pode existir sem a força, sem o alento, que ele recebe da parte subjetiva do ser da pessoa e uma vez destruída a fonte de seu alimento, a cura, então, é segura. São muito poucos os que podem sustentar um pensamento. Muitos, porém, são sustentados por um pensamento. Se tal coisa tão simples como seja sustentar um pensamento fosse comandada, a vida toda seria comandada. Uma vez que a pessoa mete na cabeça o pensamento “eu estou doente” e o vê confirmado pelo médico, então, sua crença é regada à semelhança de uma planta: seu refletir constante nisso, caindo sobre sua doença como o sol, faz com que a planta cresça. Não seria, pois, exagero dizer-se que, consciente ou inconscientemente, o enfermo é o jardineiro de sua própria doença. Temos agora a questão: “É, pois, acertado não pensar em micróbios? Se um médico descobre um e no-lo mostra, não lhe devemos dar crédito?” Não podemos deixar de acreditar nele, se chegamos até ao ponto de fazer que o micróbio nos seja mostrado pelo médico. Ajudais o médico a nisto acreditar e agora estais a pensar: “Devo ou não acreditar nisto?”. Não podemos deixar de crer numa coisa que nos foi mostrada, que se põe diante de nós. Indubitavelmente se nos elevarmos acima disso, teremos então tocado a realidade, quando nos elevamos acima dos fatos. “Não é iludir a si mesmo negar os fatos?” Não é iludir-se mais do que já se está iludido. Os próprios fatos são ilusões. Elevar-se acima dessa ilusão é tornar-se a pessoa capaz de tocar a realidade. Enquanto o cérebro estiver encharcado com os fatos, estará mais e mais absorvido, cada dia mais, no labirinto da vida, tornando a vida mais confusa do que nunca para o homem. É, por conseguinte, o que o Mestre ensinou: “Procurai primeiro o reino de Deus”, o que significa: “Elevai-vos primeiro acima dos fatos e, lançando sobre os fatos a luz vereis os fatos numa luz mais clara”. Isto não quer dizer que devemos fechar os olhos para os fatos, significa somente “Olhar para cima primeiro e
  • 30. então, quando os vossos olhos estiverem carregados com a Luz Divina e quando lançardes a vista sobre o mundo dos fatos, tereis uma visão muito mais clara, a visão da realidade.” Não há falta nenhuma de honestidade se negardes o fato da moléstia. Não é hipocrisia se o negardes primeiro a vós mesmos, é apenas uma ajuda, pois existem muitas coisas na vida que existem porque são sustentadas por vosso conhecimento da sua existência. Iludida pelos fatos aparentes exteriormente, a pessoa as mantém no pensamento como uma crença, mas negando-as a pessoa as arranca fora. Não poderão existir se forem privadas do sustento que nós lhes damos, do qual dependem para existir. V Pelo que acabamos de dizer não se compreenda que o fato dos germes existirem deve ser de todo ignorado, porque não é possível ignorar alguma coisa que se vê. Além disso, não se entenda que a descoberta de micróbios não tem sido útil aos médicos, que podem assim melhor atender seus doentes. Mas, ao mesmo tempo, pode alguém se tornar demasiado sensível para com os germes, pode exagerar a idéia de germes, fazendo a idéia maior do que a realidade. Uma coisa, porém, se nota: há pessoas suscetíveis a apanhar esses germes, a se tornarem suas vítimas, e outras pessoas os assimilam e assim os destroem. Em outras palavras, uma pessoa é destruída pelos germes e há outras que destroem os germes. Dizem que se apanham moléstias contagiosas porque os micróbios de uma pessoa passam para outra na respiração, no ar, em tudo, mas nem sempre são os micróbios, é muitas vezes a impressão. Quando uma pessoa vai ver um amigo que apanhou um resfriado e pensa: “Tenho medo de pegar a doença” já, certamente, a apanhou. Desde que ficou amedrontado e se impressionou com ela, apanhou-a. Nem sempre é necessário que os germes do resfriado tenham passado de uma pessoa para outra por meio da respiração. A impressão que a pessoa recebeu pode criá-las, porque atrás de toda a criação está a força. Vemos, às vezes, que quanto mais uma pessoa tem medo de uma coisa, mais é perseguida por ela, porque inconscientemente concentra-se nela. Existem germes e impurezas, mas há também elementos para purificá-las. Os cinco elementos – a terra, a água, o fogo, o ar e o éter – de que falam os místicos, não só formam os germes como também os destroem, se soubéssemos usar esses cinco elementos para purificar nosso corpo e nossa mente. Assim como para as plantas crescerem há necessidade do sol e da água, assim também uma pessoa precisa dos cinco elementos para manter-se em perfeita saúde. Ela respira esses cinco elementos segundo a sua capacidade de respirar. Mas, por meio da respiração, cada um de nós não atrai as mesmas propriedades. Pela respiração cada um atrai elementos de acordo com a sua constituição particular.
  • 31. Um atrai mais o elemento fogo ao respirar, outro atrai o elemento água e ainda um outro atrai mais o elemento terra. Algumas vezes uma pessoa recebe um elemento de que não precisa. Além disso, as correntes do sol têm uma força curativa maior do que outra coisa qualquer. A pessoa que sabe respirar bem, que sabe atrair para seu corpo as correntes do sol, pode manter o corpo isento de qualquer espécie de impureza. Nenhum micróbio destruidor pode existir se as correntes do sol puderem tocar todas as partes do corpo situadas no seu interior e isto é feito pela respiração. Os lugares da terra não expostos ao sol, não tocados pelo ar, ficam úmidos. Lá se criam várias pequenas vidas, nascem ali os germes destruidores e o ar, nesses lugares, torna-se denso. Se isto é verdade, então o corpo também necessita do sol e do ar. Os pulmões, intestinos, veias e vasos do corpo, todos precisam do sol e do ar, que penetra no seu interior pela perfeita via da respiração e até a mente é beneficiada, porque a própria mente é composta de cinco elementos, os elementos no seu estado mais refinado. O descanso e o repouso, assim como a ação e o movimento, devem ter um certo equilíbrio, um certo ritmo. Se não há equilíbrio entre a atividade e o repouso, então a respiração também não é perfeita. O nosso grande erro é que, a cada pequeno incômodo, a primeira coisa em que pensamos é no médico. Nunca paramos para pensar: “Qual a causa do que estou sentindo? Tenho sido ativo demais, demasiado preguiçoso? Não tenho tido cuidado com a minha dieta, com o meu sono? Não tenho respirado todos os elementos necessários para manter funcionando este mecanismo do corpo e mente?” Aterrorizado, a cada moléstia corre o homem primeiramente ao médico. Enquanto a moléstia não aparece diante dele, não se importa se ela está crescendo internamente, sem que ele se aperceba dela. Ela pode crescer durante um longo tempo, durante anos, e o homem, absorvido nas suas atividades exteriores, nunca pensa que, no seu corpo, está dando morada ao seu maior inimigo. Muitas vezes, portanto, a moléstia é causada pela negligência. Há outros, todavia, que se tornam demasiadamente cuidadosos, não pensam em nada mais do que em sua moléstia. A primeira pergunta que fazem é: “Como ficarei bom?” Pensando em sua enfermidade, fornecem eles uma espécie de lenha para esse fogo da moléstia, que vem do seu pensamento, conservando-o a arder sem saber que é pelo seu esforço inconsciente que a moléstia se mantém viva. A fim de conservar a saúde em perfeita ordem, devemos manter um equilíbrio entre o corpo e a mente, entre a atividade e o repouso. O que ajuda mais do que qualquer remédio é o ponto de vista psicológico da pessoa sobre a própria saúde. Lembro-me que fui ver uma enferma que sofria de uma doença havia mais de vinte anos e tinha perdido toda esperança de melhorar. Vários médicos haviam sido consultados, muitos e diferentes tratamentos haviam sido experimentados. Uma simples coisa disse-lhe eu que fizesse. Não lhe ensinei nenhuma prática
  • 32. especial mas apenas uma pequena coisa simples para fazer pela manhã e à noite. Com grande surpresa dos parentes, começou ela a mover as mãos e as pernas, o que se pensava a princípio ser impossível, e isso lhes deu uma grande esperança, pois jamais pensaram que uma doente que havia estado sempre na cama pudesse fazer aquilo. Para a enferma foi também uma grande surpresa. Poucos dias depois fui vê-la e perguntei aos que a cercavam: “Como vai passando a enferma?” Responderam: “Vai melhorando muito. Nunca teríamos pensado que esta pessoa viesse a mover as mãos e as pernas, é a coisa mais admirável. Não podemos, porém, fazê-la acreditar agora, depois de vinte anos de sofrimento, que ficará boa. Esta moléstia deixou sobre ela uma impressão tal que julga ser uma coisa natural para ela e que ficar boa é um sonho, uma irrealidade”. Isto me deu a idéia de que, vivendo uma pessoa num determinado estado, após um longo tempo esse estado se torna seu amigo, inconscientemente. Ela não sabe disso, pode pensar que precisa sair desse estado, mas há alguma parte do seu ser que está mantendo sua enfermidade precisamente a mesma. Um dia, recordando esta peculiaridade da natureza humana, perguntei a uma pessoa que me fora trazida para curar-se de uma obsessão, há quanto tempo tal obsessão lhe aparecera. Explicou-me como era horrível a obsessão, quão terrível era a vida para ela. Ouvi durante meia hora tudo que me disse contra a obsessão mas, recordando-me desta parte curiosa da natureza humana, perguntei à doente: “Você não pensa realmente em dizer que precisa livrar-se desse espírito? Se eu tivesse tal espírito, conservá-lo-ia. Depois de todos estes anos durante os quais você o teve, parece injusto e muito cruel querer livrar-se dele. Se esse espírito não se interessasse por você, não estaria com você todos estes anos. É fácil neste mundo a uma pessoa passar tanto tempo com alguém? Este espírito é muito fiel”. Então disse-me ela: “Não desejo realmente livrar-me dele”. Achei muita graça de ver como precisava essa pessoa de simpatia e auxílio, porém não queria livrar-se do espírito. Não era o espírito que estava obsedando essa pessoa, mas a pessoa que estava obsedando o espírito! As personalidades psíquicas estão mais sujeitas a moléstias, porque são mais suscetíveis às vibrações densas, especialmente aquelas inclinadas a sessões espíritas. Seu corpo fica tão suscetível a qualquer espécie de moléstia e também a obsessões que elas, verdadeiramente falando, se preparam para receber bem, em seu espírito, um outro espírito. VI A ciência médica tem avançado nos tempos modernos e, assim, os diferentes males e moléstias são melhor classificados. A cada moléstia singular dá-se um certo nome e, desta maneira, mesmo se a pessoa sente um pequeno mal-estar, depois do exame pelo médico se lhe diz o nome da moléstia que tem. Pode a moléstia ser do tamanho de um torrão de areia, faz-se dela uma montanha. Não
  • 33. há maior infortúnio do que ouvir de um médico que apanhamos uma doença perigosa cujo nome é apavorante. Que acontece então? Tal nome sendo impresso no coração do homem, cria o mesmo elemento, e por fim vê o homem na verdade alguma coisa do que lhe disse o médico. Assim, se isto na verdade acontece, a impressão que as palavras de uma cartomante causa sobre uma pessoa, em muitos casos, faz com que se realize a sua predição. A cartomante nem sempre é uma santa, nem sempre é uma clarividente, que vê o que diz ter visto, pode ser apenas uma pessoa imaginativa. Disse algo e causou uma impressão no consulente e este acaba imaginando que a coisa se verificou. Assim, podemos avaliar a impressão que pode causar um médico, que é autorizado pelas autoridades médicas, e no qual todos depositam imediatamente grande confiança, mesmo que esteja ele enganado no achar a verdadeira moléstia, porque dificilmente, numa centena de médicos, há um que tenha a força de penetrar na verdadeira natureza e caráter de uma doença. Depois de ver uma centena de enfermos é que ele pode, acerca de um, dizer corretamente a natureza e caráter da sua enfermidade. Que grande perigo existe, pois, em alguém ficar impressionado a respeito de sua doença no começo do seu mal por uma observação, certa ou errada, feita pelo médico! Entre os antigos somente os médicos sabiam os nomes das moléstias. Não era permitido ao facultativo dizer ao paciente qual a doença que tinha, porque, de um ponto de vista psicológico, estaria fazendo mal. Não se tratava apenas de uma ciência médica, havia, ligada a isso, uma idéia psicológica. Inúmeros casos testemunhei de pessoas que vieram a mim apavoradas por alguma coisa que o médico lhes tinha dito. Talvez não estivessem sofrendo nada ou tivessem uma pequena moléstia, talvez não tivessem atinado com o que tinham, mas mesmo assim tais pessoas estavam apavoradas. Se o doente é imaginoso tem então um campo vasto para sua imaginação. Cada coisa que não está bem atribui a algo que ouviu do médico, relaciona cada passagem de sua vida com aquela observação particular. Na vida, como nós a vivemos neste mundo, com tantas coisas que temos a fazer, tantas responsabilidades caindo sobre nós, no lar e no mundo exterior, com a labuta que se reflete sobre nós pela nossa vida na terra – é natural que tenhamos fisicamente nossos altos e baixos. Às vezes estamos cansados, às vezes precisamos de um repouso, às vezes devemos jejuar um dia, um dia não há inclinação alguma para o alimento. Se atribuirmos todas essas pequeninas coisas a uma doença de que o médico falou um dia, estaremos certamente alimentando a nossa moléstia, porque a raiz da moléstia está na mente e se tal raiz for regada todo o tempo pelo intelecto e pelo sentimento, a doença então se tornará afinal uma realidade. Quando volvemos a vista para o mundo cirúrgico, notamos que, sem dúvida, maravilhosas operações estão sendo feitas e que a humanidade tem recebido extraordinário auxílio mediante operações cirúrgicas. Entretanto, isto ainda é experimental e mais de um século, talvez, será preciso para que amadureça a
  • 34. cirurgia. Está agora justamente na infância. O primeiro impulso de um cirurgião é olhar um caso de um só ponto de vista e pensar que o caso pode ser resolvido pela cirurgia. Não tem ele outra idéia na mente, não perde tempo em pensar que possa existir uma outra possibilidade. Se é um cirurgião sábio emite palavras de confiança, ainda que saiba que a operação é uma experiência. Está lidando com um ser humano, não com um pedaço de madeira ou uma pedra, que podem ser cortados e sobre eles algo pode ser gravado. É uma pessoa de sentimento, é uma alma que está experimentando a vida através de todos os seus átomos, uma alma que não é feita para o bisturi. O paciente tem de passar por esta experiência, temendo a morte, preferindo a vida à morte. Muitas vezes o que acontece é que o que era considerado errado antes da operação, depois da operação não é mais julgado assim. Sem dúvida alguma coisa prejudicial pode ocorrer porque a operação foi executada. Uma operação não é algo que se finda com ela, é alguma coisa que age sobre os nervos e depois sobre o espírito do homem e daí uma reação sobre a vida do indivíduo. Não é comum ver-se que, depois de uma operação, toda a vida de uma pessoa ficou marcada por ela? Deixou uma certa pressão sobre os nervos, uma certa perturbação no espírito. Os cuidados do cirurgião continuam somente até que o paciente esteja bem, aparentemente bem. Que dizer, porém, do efeito posterior a isso no espírito da pessoa, na sua mente, a reação sobre a sua vida? O operador não o sabe, não é assunto de sua alçada. Cura significa uma cura completa por dentro e por fora. Com isto não se quer dizer que a cirurgia não tenha um lugar no esquema da vida: é a parte mais importante do campo médico mas, se possível, deve ser evitada quando puder sê-lo, não se deve correr para ela levianamente. Uma pessoa moça, com força e energia, pensa: “Uma operação? Eu posso me submeter a ela” mas, uma vez feita, fica uma impressão por toda a vida. A intuição é uma herança do homem e a intuição é a base de toda ciência. Nos tempos de hoje, quando a ciência é considerada um estudo feito através de livros, deixa-se de lado o papel que a intuição deve desempenhar. Se no mundo médico fosse introduzido o desenvolvimento da intuição, se muitos facultativos se ocupassem na procura de remédios para evitar operações, certamente fariam uma obra verdadeiramente grande. É engraçado que, no tempo em que a operação de apendicite começou a ser conhecida nos Estados Unidos, era moda entre a gente rica fazer aquela operação, porque passar alguns dias em casa era muito agradável. Começaram os médicos a escolher os doentes de apendicite entre aqueles que tinham meios de ficar em casa por alguns dias e descansar. Todo mundo perguntava: “Você já fez a operação?” “Sim, já fiz” respondiam. Era precisamente um divertimento. Falemos agora do uso das drogas. Qualquer médico, depois da experiência obtida ao longo de sua vida, notou que, muitas vezes precisou prescrever drogas
  • 35. e embora pensasse ter curado naquele momento o doente, verificou que o efeito subsequente das drogas foi, em certos casos, tão depressivo que criou uma grande confusão no cérebro e na mente do doente a ponto de muitas vezes arruinar a sua vida. Tenho visto muitas pessoas, depois de um tratamento médico de sua moléstia, se acostumar com as drogas, tendo feito do seu corpo uma espécie de receptáculo para elas. Vivem a poder de drogas e não podem mais viver sem elas. Para digerir qualquer alimento precisam tomar alguma coisa, para dormir devem tomar algo, para se sentirem animadas precisam de outra droga. Assim, quando as coisas naturais da vida – como digerir um alimento, estar alegre e animado, dormir confortavelmente – que constituem bênçãos naturais, dependem de um estimulante exterior, de coisas materiais, como pode uma pessoa dizer que está em boa saúde? Para poder estar bem hoje toma uma droga e amanhã sente-se pior. Quando aprendemos que o corpo humano é um instrumento criado por Deus para sua própria experiência, então, é um erro permitir que este corpo se torne impróprio para o uso do Espírito Divino pelo uso de drogas e remédios. Não quer isto dizer que o remédio não é necessário. O remédio tem seu lugar, até as drogas são necessárias quando há necessidade de usá-las, mas quando usa-se uma droga para pequenas coisas que podem ser curadas por outros meios, a saúde afinal escapa de nossas mãos e mesmo as drogas não nos podem dar o descanso que precisamos. O melhor remédio é uma dieta pura, alimentos nutritivos, ar fresco, regularidade no agir e no repousar, clareza de pensamento, pureza de sentimento e confiança no Ser Perfeito, com o Qual estamos ligados e Cuja expressão nós somos. Esta é a essência da saúde. Quanto mais tivermos isto em mente mais perfeita e segura será a nossa saúde. Conheci uma pessoa a quem um médico tinha examinado e diagnosticado que havia de morrer dentro de três meses. Sem dúvida que se tal pessoa fosse imaginativa, teria sido vítima daquela impressão, mas veio a mim e disse: “Que insensatez! Morrer dentro de três meses! Eu não estou para morrer nem daqui a trezentos anos!” E, com grande surpresa nossa, dentro de três meses o médico morreu e o dito homem foi quem me trouxe a notícia. Devemos aprender a respeitar o ser humano e compreender que uma alma humana está acima do nascimento e da morte, que uma alma humana tem consigo um Espírito Divino e que todas as moléstias, dores e sofrimentos são apenas provações e experiências. A alma humana está acima disso e devemos tentar elevá-la acima das moléstias. Atrás de tudo há movimento, vibração. O que produz um certo movimento das partículas da matéria é vibração. A vibração é sentida por nós, imaginamo-la pelos nossos sentidos como um certo movimento de partículas de matéria, mas a vibração em si mesma é um movimento. Por conseguinte, o poder da palavra é mais forte do que qualquer medicamento ou qualquer outra sorte de tratamento, de uma operação, porque a palavra causa certas vibrações em
  • 36. nosso corpo, na atmosfera, em nosso redor, efetuando com isso uma cura, que nada mais pode realizar. Quando vemos uma pessoa de boa saúde e uma outra padecendo de alguma doença e pensamos no estado da sua pulsação e da circulação do seu sangue, acharemos que atrás de tudo há um movimento, há uma vibração, que está em andamento. Numa pessoa, cuja vibração se acha em perfeito estado, há saúde, noutra pessoa, cuja vibração não está em condições regulares, há moléstia. Aconteceu que um médico, na América do Norte, pensou nisso. A diferença é somente que um cientista, quando pensa em tal coisa, mesmo que lhe venha isso por intuição, ele o investiga partindo da base da montanha para o cume. É muito difícil escalar a montanha, acontecendo muitas vezes que, antes de escalar a montanha, sua vida se finda. O médico morreu. A sua idéia foi muito boa. Conquanto não tivesse ele chegado ao segredo, a sua idéia, como idéia, inspirou muitos médicos nos Estados Unidos e no mundo e criou um grande excitamento no mundo médico! Mas, como dizem os místicos: “Procurai primeiro o Reino de Deus e todas as outras coisas se vos ajuntarão”. É esse um outro caminho. Não é partir da base para o cume que é tão difícil, é o escalar, é atingir primeiro o cume, e depois tudo se torna fácil. Quem está no topo da montanha é fácil dali mover-se para onde quiser, não é preciso tanta energia, não é estafante. Avícena1, o grande médico dos tempos antigos, em cujas descobertas se baseou a ciência medieval, foi um Sufi que costumava ficar em meditação e por intuição escrevia as receitas. Ultimamente um médico descobriu o grande tesouro deixado por Avicena para a ciência médica e escreveu um livro interpretando em língua moderna as idéias desse grande médico. 1. Foi, de fato, Avicena (Ibn-Sina) um grande médico e filósofo árabe, que viveu de 980 a 1037 da era cristã, cognominado, ao fim de sua vida, o “Príncipe dos médicos”. Escreveu, entre outras obras, o “Canon da Medicina” e “Ach Chafa, uma enciclopédia das ciências filosóficas. A sua filosofia era uma mistura da peripatética e de teorias orientais. É considerado pelos historiadores uma das figuras mais notáveis do Oriente, pela extensão dos seus conhecimentos e atividades do seu espírito. (N. do T.) VII A causa da maioria dos casos de moléstia física ou mental é o esgotamento nervoso. Nem todos sabem até que ponto se deve usar a força nervosa na vida cotidiana e até que ponto se deve controlá-la. Muitas vezes uma pessoa boa, gentil, amável, afetuosa gasta sua energia em atender a solicitações de todos os lados e, assim, continuamente dando energia, acaba com os nervos perturbados e enfraquecidos. A mesma pessoa que antes era gentil, delicada e polida, acaba não conseguindo mais manter sua delicadeza porque, uma vez esgotadas as suas reservas de energia, não lhe resta mais nenhum controle, nenhuma força de resignação, nenhuma paciência para aceitar e enfrentar as coisas com facilidade. Fica então irritável, perturbada, cansada e desgostosa com as coisas, essa mesma pessoa que antes demonstrou ser boa e gentil. Muitas vezes isso
  • 37. nada mais é do que chamamos abuso de bondade, pois nem sempre o esgotamento corresponde às exigências da vida cotidiana. É o estado de equilíbrio do nosso corpo e mente que corresponde satisfatoriamente às exigências da vida. Há pessoas que, algumas vezes, se apaixonam tanto por uma coisa ou falam continuamente que gastam todas as energias. Essa paixão pode crescer a tal ponto que, mesmo se elas tiverem perdido grande energia, ainda assim acharão satisfação em despender mais energia ainda. Na presença de tais pessoas as outras se sentem deprimidas, porque gastaram a pequena energia que possuíam, não lhes ficando energia alguma e sobrevindo a irritação. O esforço que vieram fazendo recai sobre as outras pessoas, tornando-as nervosas também. A fraqueza dos nervos não é somente a causa de moléstias físicas, mas pode levar à loucura. Há uma causa principal por trás das moléstias físicas, como também por trás das moléstias mentais: é a supertensão dos nervos, o esgotamento nervoso. Aquele cujos nervos estão exaustos, a despeito de toda virtude e bondade, boa vontade e desejo de acertar, para surpresa sua agirá erradamente, porque perdeu a autodisciplina. Seus altos ideais não lhe servem de nada, pois ele mesmo não se pertence. Sua posição social, seu saber, sua atitude, sua moral, tudo se mostrará fútil na ausência da força nervosa, que mantém o homem apto e em condições de fazer tudo que lhe é próprio fazer neste mundo. A falta de sobriedade também causa esgotamento nervoso. Todas as bebidas alcoólicas, pois, e as coisas intoxicantes, consomem a energia dos nervos, devoram-na. Podemos perguntar porque acha uma pessoa prazer em tais coisas e a resposta é que aí está outra vez uma paixão, um excitamento dos nervos. Qualquer coisa que produza por um momento uma intoxicação, que excita os nervos, faz uma pessoa sentir-se, por assim dizer, mais alegre por um momento, mas fica dependente de alguma coisa do exterior e a reação vem quando cessa o efeito do intoxicante. Sente-se então duas vezes mais fraca e exausta do que antes e exige uma dupla dose da droga ou do álcool para que se sinta tão alegre como já se sentira. Assim vai seguindo, prosseguindo sempre até que nenhum poder mais terá sobre a sua mente e corpo, tornando-se escrava daquilo que toma. Pensa que está vivendo quando está sob a ação do intoxicante e sente- se miserável noutras ocasiões. Aquele estado de intoxicação torna-se o seu mundo, seu céu, seu paraíso, sua vida. Todos os excessos, nas paixões, nas ansiedades, na vida sensual e nos divertimentos, roubam uma pessoa de sua energia, de sua força e da vitalidade de seus nervos. É bom saber que todo efeito criado na voz, na palavra, no canto, é criado pela força nervosa. Todo o mistério do magnetismo está nos nervos. Todo o mistério do sucesso de um homem público, de um artista no palco ou no salão de concerto, está na sua força nervosa. O sucesso do causídico, do advogado no foro, está na sua força nervosa. Um bom tribuno do foro, que tenha feito um
  • 38. nome, possui sempre essa força, que é um magnetismo. Por conseguinte, uma pessoa mostra sua saúde física e mental desenvolvendo essa influência, que se expressa pela força nervosa e que tenha influência sobre todas as coisas. A energia dá mais força à pessoa, a fraqueza causa maior fraqueza. O estado perfeito dos nervos habilita a pessoa impressionar os outros. Uma pessoa com os nervos esgotados, mesmo que esteja com a razão, não pode impressionar uma outra, porque detrás de si nenhuma força existe. E assim, mesmo que esteja certa, não saberá o que fazer, não tem forças para avançar, para firmar-se no próprio direito. O sistema existente hoje de manter os doentes fechados nos hospitais, nos asilos, equivale a fazê-los cativos da moléstia. A atmosfera do lugar e a própria idéia de estar no hospital faz a pessoa sentir-se doente e assim é a vida nos asilos. Por mais eficiente que seja o tratamento, dá uma impressão de que a pessoa se acha fora de seu juízo, de que alguma coisa está errada na sua mente, e a atmosfera que a rodeia, toda ela sugere a mesma coisa. Além disso, mais delicado seria da parte da sociedade, da família, se o doente pudesse ficar entregue aos cuidados de amigos ou parentes nos momentos de suas dificuldades. Poderiam ser muito mais socorridos do que colocados em lugares onde não podem pensar em nada mais do que na própria moléstia. Eu mesmo tenho visto muitos casos de doentes entregues aos cuidados de parentes e amigos, os quais têm sido muito melhor tratados do que se estivessem aos cuidados de um hospital. Alguém, entretanto, pode dizer que os tratamentos médicos requerem um lugar apropriado, onde há de tudo além do médico para cuidar dos enfermos e que esse é o único meio pelo qual, nas grandes cidades, tais casos podem ser tratados. Sim, é verdade, e ninguém pode ajudar se a situação for difícil, mas, onde se pode remediar deve-se tentar remediar. As moléstias nervosas muitas vezes são tratadas por remédios. Não há remédio no mundo que possa fazer bem aos nervos, porque os nervos são a parte mais natural do ser humano. São eles a parte do ser humano que está ligada com o mundo físico e com o mundo mental, a parte central do nosso ser, e não há melhor remédio para os nervos do que a natureza, uma vida de repouso e descanso, quieta, com respiração adequada e apropriada alimentação, com alguém para tratar do doente com sabedoria. Pela compreensão da lei do meio ambiente e das influências climáticas, pela compreensão das influências que têm as pessoas sobre tal doente, podemos curá-lo. A energia nervosa é uma espécie de bateria para todo o mecanismo da mente e do corpo. Para o mecanismo da mente, portanto, a limpeza do mecanismo nervoso e o bom estado de funcionamento do mecanismo nervoso é que nos habilita a tornar claro para nós mesmos o nosso pensamento ou conservar o nosso pensamento, imaginar, pensar, ou recordar. Quando o sistema nervoso
  • 39. não está limpo, não podemos guardar as coisas na mente, concebê-las na mente, ou manter um pensamento, e todas as diferentes condições da desordem mental começam a aparecer. Os Iogis chamam centros ao sistema nervoso dentro do corpo. Os diferentes centros são os pontos do sistema nervoso, os centros através dos quais experimentamos a intuição, sentimos e observamos com agudeza. A questão agora é saber onde adquirir a energia nervosa e como adquiri-la. Nosso corpo e nossa mente são uma bateria dessa força, são feitos dela, nós somos essa força. O magnetismo do ser humano é muito maior do que qualquer outra coisa no mundo. Nenhuma jóia, gema, flor ou fruto, nada no mundo, possui a magia que tem um ser humano, caso ele saiba a maneira de retê-la e como manter-se nesse estado. Com todas as descobertas científicas do radium e dos eléctrons e todos os diferentes átomos, não há nenhum átomo no mundo que seja mais radiante do que os átomos de que se compõe o corpo humano, átomos que, não somente são atrativos para a vista humana, mas também atraem toda a criação para o ser humano. O cavalo serve o homem, o camelo carrega sua carga, o tigre rende-se ao homem, o elefante marcha sob seu comando, mas, quando o homem perde o próprio espírito, então é precisamente como se perdesse o sal. Diz a Bíblia: “Vós sois o sal da terra e quando o sal tiver perdido o seu sabor, com que será a terra salgada?” Quando o próprio corpo do homem, seu próprio espírito, são mais radiantes do que qualquer outra coisa, então nada mais há que lhe possa dar mais espírito. É ele mesmo o espírito. VIII Perguntamos a nós mesmos até que ponto o espírito tem poder sobre a matéria e a resposta é que, sendo a matéria a consequência do espírito, o espírito tem inteiro poder sobre a matéria. Tornamo-nos pessimistas depois de haver experimentado a força do pensamento para a nossa cura ou para a cura dos outros e falhamos. Começamos então a pensar que não é o espírito que pode socorrer, é alguma coisa exterior. Não significa isso, por um momento, que as coisas exteriores não tenham efeito algum, mas que o espírito possui todo o poder para curar uma pessoa de qualquer moléstia. Sem dúvida, a fim de curar as moléstias o espírito deve alcançar um estado tão elevado que lhe permita efetuar uma cura perfeita. Nos tempos que correm, uma pessoa imagina que o espírito nasce da matéria. Pelo estudo biológico, começa- se a imaginar que primeiro existiu a matéria, em seguida ela evoluiu, até que no homem ela se desenvolveu e brotou como inteligência, como inteligência humana, mas, de acordo com a mística, é tudo um jogo da inteligência. Na rocha, na árvore, na planta, no animal e no homem, a inteligência tem vindo ao longo de tudo e se desenvolveu. Através do homem chegou à sua pura essência. Chegar à pura essência é que faz o homem tornar-se conhecedor da sua origem.
  • 40. Ensina-se na Ciência Cristã que a matéria não existe. Mesmo que não o tenham explicado inteiramente, todavia existe uma vida e o que chamamos de matéria e espírito são diferentes aspectos da vida. Devemos compreender que existe uma vida e ela é toda espírito. Até a matéria é um estado transitório do espírito e o espírito é inteligente. É a própria inteligência, além de poderoso e livre da morte e da decadência. É capaz de dar a sua vida até à substância densa que se tenha formado dele mesmo e que é a matéria. Consequentemente, está além do alcance das palavras dizer-se até que ponto o pensamento, o sentimento e a atitude ajudam uma pessoa a curar-se. O pensamento de que através dos canais nervosos, através das veias e vasos é o sangue divino que está circulando, sangue esse que é perfeito, completo e puro, ajuda-nos muitíssimo. Em outras palavras, que é doença? Doença é uma desarmonia. Se a desarmonia causa a moléstia e a fraqueza, a harmonia traz a cura. Se alguém puder harmonizar a sua vida em qualquer direção e de qualquer forma, certamente isso resultará numa perfeita harmonia e se manifestará também como cura das doenças. Não há dúvida que a tristeza causa todas as moléstias, porque faz a mente e o corpo, ambos, desarmoniosos e presas fáceis das doenças. Para mim, uma pessoa verdadeiramente corajosa é aquela que diz: “O que aconteceu, aconteceu, triunfarei daquilo por que estou passando e aquilo que me chegar enfrentarei corajosamente”. Se quisermos ficar tristes, há muitas coisas para nos entristecer. Não é preciso esperar por coisas que surjam e nos obriguem a derramar lágrimas. A cada momento poderemos derramar lágrimas, se tivermos tal tendência. Maus presságios não nos faltariam. Maus presságios podem ser facilmente encontrados em toda parte se os procurarmos, e muita gente assim o faz, inconscientemente. Há muitas moléstias, mas o desespero é a pior das moléstias. Quando uma pessoa perdeu a esperança, esta moléstia não pode ser curada. A esperança faz parte da inteligência, a esperança é a força da inteligência. Se a inteligência trabalha contra todas as desordens, físicas, mentais ou morais, certamente a cura pode ser obtida. Os místicos sempre souberam e puseram em prática, da maneira mais perfeita, a idéia que se externa mais elementarmente da seguinte forma: se repetirmos para nós mesmos “estou bem, estou melhor, estou muito melhor”, sentimo-nos de fato melhor. Muitos não percebem a razão disso, mas notaremos que, com o tempo, as pessoas mais materialísticas chegarão a conceber esta verdade, que é a atitude da mente, a disposição para curar-se, o desejo de sobrepor-se à moléstia que nos ajuda a sarar. Há diferença entre a fé e o pensamento. Podemos dizer: “Estou dia a dia pensando que vou ficar bom, mas não vejo isso passar.” Na verdade, o pensamento é uma coisa e a fé outra. Quando se compara a fé com o pensamento, um é automático e o outro é mais vida. Quando dizemos: “estou
  • 41. pensando” ou “estou fazendo isto diariamente mas não colho nenhum benefício”, isto significa apenas que estamos praticando uma coisa e tendo fé noutra. Estamos praticando ao dizer “ficaremos bons” e acreditando noutra coisa, isto é: “estamos doentes”. Poder ser nossa crença inconsciente, mas há uma crença quando dizemos: “isto não me cura, continuarei doente” e embora repitamos mil vezes por dia: “ficarei bom, ficarei bom”, não acreditamos nisso. Quando uma criança está doente, pode ser auxiliada por um pensamento de ajuda. Algumas vezes o pensamento de cura da mãe, a simpatia da mãe, trabalham em favor da criança com maior sucesso do que qualquer remédio que se lhe dê e nisso está a prova do poder curativo. Há inúmeros casos que podem ser observados, nos quais, conscientemente, ou mesmo inconscientemente, o desejo da mãe se torna uma influência curativa para que se restabeleça a criança. Se a mãe está ansiosa e preocupada com a criança, não há dúvida que o efeito será negativo, porque, inconscientemente, conserva a mãe no pensamento uma doença para seu filho. O meio pelo qual os curadores místicos têm conseguido realizar curas admiráveis, está acima da compreensão. Vê-se na obra deles o que pode a força do pensamento. Sem dúvida, se uma pessoa for refratária a influências curativas, então, mesmo um curador não poderá fazer seu trabalho adequadamente, mas se a atitude da pessoa for correta, se a pessoa acreditar que o espírito possui realmente o poder de curar, certamente poderá ser curada. Os místicos têm provado em suas vidas que, não somente sua força pode curar, mas também que a própria morte estaca diante deles como serva obediente. A morte para eles não é um policial que prende e leva uma pessoa quando o tempo é chegado. A morte para eles é um carregador que lhes carrega a bagagem quando estão de viagem. Ao pessimista deixando de lado a arte de curar, nem mesmo um remédio lhe fará bem. Se ele não acreditar no remédio, nenhuma força terá o medicamento sobre ele. Se a fé torna perfeita a força do remédio, então melhor efeito pode produzir se a pessoa acreditar na força do espírito sobre a matéria. O que geralmente acontece é que as pessoas não sabem se há um espírito. Às vezes fazem uma pergunta, se existe algum espírito, pois o que conhecem é a matéria. Um jovem italiano com quem viajei, chegou-se a mim e disse: “Acredito somente na matéria eterna.” Respondi-lhe: “A sua fé não é muito diferente da minha fé”. Ficou muito surpreso de ouvir um padre (ele pensou que eu era um padre) a dizer tal coisa e perguntou: “Qual é a sua fé?” Respondi: “Aquilo que você chama matéria eterna eu chamo espírito eterno. Você chama de matéria o que eu chamo de espírito. Que importância tem isso? É apenas uma diferença de palavras. Só há um Eterno.” Ficou o jovem, dali em diante, muito interessado. Antes disso era excessivamente medroso.
  • 42. O segredo da cura está em nos erguermos, pela força da fé, acima das limitações deste mundo de variedades, de modo que possamos tocar, pela força da inteligência, a unidade do Ser total. É aí que ficamos carregados da força onipotente e é pela força dessa aquisição que uma pessoa se habilita a ajudar- se a si própria e aos outros nas suas dores e sofrimentos. Verdadeiramente, o espírito possui todas as forças que existem. IX A idéia de chamar certas moléstias de incuráveis é um grande erro que o homem comete hoje. O que acontece é que a humanidade não achou o remédio para curar tais moléstias e daí chamá-las incuráveis. Chamando de incurável uma doença, faz com que o doente fique desesperançado não somente do socorro do homem, mas também do socorro que ele pode receber do alto. Portanto, não pode ser correta uma idéia que faz um ser vivente acreditar que não há cura para ele. Se a fonte e a meta são perfeitas, é possível então obter a perfeição. Como a saúde é uma perfeição, pode ser obtida. Toda a força está no espírito. Cada pessoa tem força na medida de sua ligação com o espírito, mas cada pessoa tem uma fagulha desse espírito em si mesma. Cada um de nós deve saber que existe uma responsabilidade que nos cabe pela própria saúde, como curadores de nós mesmos, e que ela tem um papel a representar para nós mesmos, responsabilidade essa que não é somente do médico ou do curador. Cada pessoa, ao mesmo tempo, deve, antes de tudo, estar pronta a representar seu papel como um facultativo, como um curador, primeiramente para ver qual é seu estado, o que lhe está faltando, qual o seu mal e como deve curar-se. Quando não puder fazer isso bastante bem, deverá chamar outrem para socorrê-la, mas deve ser a primeira a desejá-lo, A cura pelo hipnotismo é um processo desejável? Atualmente os cirurgiões fazem uso do éter a fim de executarem operações. Embora seja isso prejudicial ao paciente, é entretanto necessário e, assim, se esse meio é usado para melhorar o estado de alguém, se é imprescindível, deve ser permitido. Cada pessoa, porém, deve estar habilitada a cuidar de si mesma pela oração, pela meditação, pelo silêncio e alimentar a crença de perfeita saúde, arrancando de si a raiz da crença na moléstia. A cura pelo magnetismo é outra coisa. É uma outra forma de prescrição. Há uma prescrição dada pelo médico, um certo medicamento é dado para agir ou reagir contra um certo estado. Assim, a força que é a energia vital é dada de uma certa forma para proporcionar ao paciente o que lhe falta. Não é exatamente um remédio objetivo, mas um remédio externo. Não existe moléstia alguma incurável. Cometemos uma grande falta contra a perfeição do Ser Divino quando tiramos toda esperança de cura de uma pessoa, pois naquela perfeição nada é impossível, tudo é possível. Vemos o assunto com
  • 43. a nossa limitada razão e fazemos pequena a Divina Perfeição, tão pequena quanto somos nós mas, na realidade, a vastidão, a grandeza da força onipotente está acima da nossa compreensão e limitá-la nada mais seria do que um erro. O que geralmente acontece, no caso da chamada moléstia incurável, é que a impressão causada sobre o enfermo de saber e sentir que sua moléstia não pode ser curada, se torna a raiz de sua moléstia e, portanto, na crença do enfermo, a moléstia fica enraizada. Assim, nenhum remédio, nenhuma ajuda pode erradicar a doença. O melhor tratamento que um curador, um médico, podem proporcionar a um enfermo é dar-lhe primeiramente a fé de que ele pode ser curado, depois o remédio ou tratamento, qualquer que seja o método que adote para curá-lo. Ouvimos as narrativas sobre os médicos dos tempos antigos, dos místicos, dos pensadores, de que eles usavam, para descobrir a moléstia de uma pessoa, justamente olhar para essa pessoa. Isto veio por intuição e se os povos dos antigos tempos eram proficientes nisso, não quer isto dizer que a alma tenha perdido sua qualidade. Hoje mesmo, se alguém desenvolver essa qualidade em si, poderá, ao primeiro lance de vista, descobrir tudo que estiver errado numa pessoa, no seu corpo, na sua mente, no seu, espírito, em tudo, porque a expressão exterior de uma pessoa revela o seu estado interior. Qualquer desordem no espírito, na mente, ou no corpo, claramente se manifesta para o exterior e é apenas questão de desenvolver aquela faculdade da intuição para ler e descobrir o que está acontecendo. Quando tal faculdade se desenvolve mais um pouco, faz a pessoa saber também qual a razão atrás de cada moléstia, seja mental ou física. Quando a mesma faculdade se desenvolve ainda mais, pode a pessoa descobrir também qual seria o melhor meio, o melhor remédio para curar-se. Avicena, o grande místico da Pérsia, era médico e ao mesmo tempo curador. O místico é um curador por natureza, mas a obtenção do conhecimento exterior o habilita a usar melhor sua faculdade no mister de curar. Que deve uma pessoa fazer para desenvolver essa faculdade, para descobrir se a tem consigo? Assim como um mecanismo precisa de corda diariamente ou um instrumento musical precisa ser afinado, também cada pessoa, qualquer que seja sua vida e ocupação, precisa ser cada dia afinada. E qual é esta afinação? Esta afinação consiste em harmonizar toda ação do mecanismo do corpo, harmonizar a pulsação, os batimentos da cabeça e do coração, da circulação do sangue e isto pode ser feito por meio do repouso adequado. Uma vez feito isto, o segundo passo é harmonizar o estado da mente. A mente que está continuamente devaneando, que não está sob o controle da vontade, que não pode responder no momento de apelo, que não descansa, tal mente precisa se harmonizar e pode ser primeiramente harmonizada com a vontade. Quando existe harmonia entre a vontade e a mente, então o corpo e a mente, assim controlados e harmonizados, se tornam um mecanismo trabalhando automaticamente. Pondo-se simplesmente em ordem a mente e o corpo, permitindo que cada faculdade se mostre em sua plenitude, que se manifeste,
  • 44. começamos a observar a vida mais profundamente, a compreendê-la mais integralmente e assim a percepção se torna mais aguda e a faculdade de conhecer se desenvolve. Sem dúvida, quanto mais uma pessoa evolui mais penetra na vida das coisas e seres. A primeira coisa é compreender o estado do nosso próprio corpo, da nossa saúde física, do nosso estado mental e, quando pudermos compreender melhor o nosso próprio estado, começaremos então a ver o estado de outra pessoa. Nasce então a intuição e ela se torna ativante. Quando um homem se desenvolve intuitivamente, começa a ver as penas e sofrimentos do povo e se sua compaixão cresce e se torna mais ampla, mais aguda se faz a sua vista e começa a observar a razão atrás do mal. Se avançar ainda mais no caminho da intuição, começará também a ver qual seria o melhor remédio para a pessoa que está sofrendo. Além disso, há sinais que um vidente vê, sinais externos, que explicam os princípios fundamentais da saúde. Cada pessoa representa o sol, seu coração, seu espírito, seu corpo, tudo e, como acontece com o sol, há uma aurora e um ocaso. Há uma tendência do corpo que o atrai para a terra e que mostra o ocaso, porque a alma está se encaminhando para a meta. Há uma outra tendência que é como a aurora, o corpo naturalmente está disposto a levantar-se. Parece que a terra não está atraindo o corpo, alguma coisa o atrai para cima. Este é o sinal da aurora. E não depende isso da idade, depende do estado de harmonia que se estabeleceu entre o espírito e o corpo. É coisa comum a um místico descobrir se uma pessoa está para morrer dentro de três anos e, mais fácil ainda, se uma pessoa está para morrer dentro de um ano. Colocando de parte o espírito interior, há sinais até na tendência do corpo, na sua inclinação. X Há diferentes maneiras de ver a moléstia: uns a encaram como castigo do alto, outros a vêem como punição de suas próprias ações e outra maneira de ver a doença é considerá-la como proveniente dos passados “karmas”, tendo a pessoa de resgatar por meio da moléstia os “karmas”, isto é, as ações do passado. Tenho visto doentes atravessarem suas moléstias pensando que devem pagar as dívidas passadas, que é justo resgatá-las. Quando olhamos para isto com espírito de crítica, achamos que quem julga ser a moléstia uma punição lançada por Deus sobre uma pessoa, está apresentando Deus sob um aspecto severo, fazendo-O passar como duro Juiz ao invés do mais gracioso e compassivo Pai e Mãe, conjuntamente. Se à mãe e ao pai terrenos desgostaria infligir pena e sofrimento a seu filho, é duro pensar que Deus, Cuja misericórdia e compaixão são infinitamente maiores do que as dos pais terrenos, mandaria sobre o homem a moléstia como castigo por suas ações. Parece mais razoável se alguém disser que a doença é
  • 45. consequência de suas próprias ações. Mas isso nem sempre é verdade, não é verdade em todos os casos. Muitas vezes a mais inocente e a melhor das almas, que não tem senão bons desejos e delicados pensamentos, se encontra entre os sofredores. Quando pensamos que isso é o débito da vida passada, temos uma idéia de fatalismo, de que há um certo sofrimento pelo qual se deve passar, que não há outro caminho e que consequentemente devemos suportar com paciência as coisas mais desagradáveis. Vi um jovem sofrendo de uma doença e que me disse com o maior contentamento, quando lhe aconselhei a fazer alguma coisa pela sua saúde: “Acredito que isto é um débito do passado que tenho a pagar. É preciso que eu o pague.” Sob um ponto de vista comercial isso é bem justo mas sob o ponto de vista espiritual, deve ser encarado diferentemente. O que o homem não deseja para si mesmo não é para ele, não é o seu quinhão, porque, em cada alma, está a força do Todo-Poderoso, há uma fagulha da luz divina, há o espírito do Criador. Tudo que o homem deseja ter, portanto, é seu direito de nascença. Naturalmente uma alma não deseja ter uma enfermidade, salvo se é desequilibrada. Se a alma soubesse a força de sua tendência natural para gozar saúde, teria a saúde a despeito de todas as dificuldades que as condições da vida possam apresentar. Pensamos muitas vezes que a moléstia não deve nunca ser considerada como vontade de Deus e se não deve, que dizer da morte? A morte é diferente da doença, porque a moléstia é pior do que a morte. O aguilhão da morte é apenas passageiro. A idéia de que deixamos os que nos rodeiam é uma provação amarga de um momento, não vai mais longe. A doença, porém, é uma imperfeição, um estado incompleto, e não é desejada. Será erro deixar uma pessoa que está sofrendo excessivamente morrer, ou devem ser usados meios artificiais para conservá-la viva? Não é aconselhável que um médico, um parente, ou quem quer que seja, mate uma pessoa que esteja sofrendo excessivamente de uma doença a fim de livrá-la do sofrimento, porque a natureza é sábia e cada momento que se passa neste plano físico tem seu objetivo. Nós, os seres humanos, somos demasiado limitados para julgar, para decidir pôr fim à vida e ao sofrimento. Devemos tentar diminuir o sofrimento do doente, fazer tudo que estiver em nosso poder a fim de que melhore, mas usar meios artificiais para manter vivo alguém por horas ou dias não é coisa acertada que se faça. É agir contra a sabedoria da natureza e contra o plano divino. É tão perverso quanto matar alguém. A tendência é o homem ir sempre além do que devia ir e aí é que ele comete um erro. Pode a astrologia concorrer para descobrir a causa de uma enfermidade? É recomendável tal método? Sim, a astrologia pode concorrer para a descoberta da causa da enfermidade se se trata da verdadeira astrologia, mas não é recomendável para uma pessoa que esteja lidando com um caso irremediável. Num caso em que a astrologia seja favorável, atuará em proveito da pessoa, fará