O documento descreve um projeto de voluntariado no serviço de pediatria de um hospital que tem como objetivo proporcionar atividades lúdicas às crianças. O projeto é desenvolvido por alunos de uma escola de saúde em parceria com o hospital e tem como objetivos complementar o trabalho dos profissionais de saúde e melhorar o bem-estar das crianças. O documento lista também as regras e responsabilidades dos voluntários para assegurar a qualidade e continuidade do projeto.
1. Hora do Conto - Voluntariado no Serviço de Pediatria do HJJF
Actualmente, mais do que nunca, assiste-se à tentativa de humanizar e dinamizar os
serviços hospitalares e em proporcionar aos doentes que estes mesmos comportam
actividades que os dignifiquem. (Jacob, s.d).
As presentes regras dizem respeito à participação no projecto “Hora do Conto”,
desenvolvido pela Escola Superior de Saúde de Beja em parceria com o Serviço de
Pediatria do Hospital José Joaquim Fernandes (HJJF) em Beja.
Segundo Jacob (s.d.) o termo voluntariado é cada vez mais utilizado na nossa sociedade,
mas nem sempre é acompanhado de uma clara definição do seu verdadeiro significado. A
razão desta iniciativa e formação deste grupo de voluntariado deve-se essencialmente a
duas razões:
- A crescente necessidade que nós sentimos de realizar algo que envolva o bem-estar de
alguém e nos faça sentir úteis e realizados;
- A existência de uma consciencialização do Serviço de Pediatria do HJJF que falta algo
no tratamento destas crianças (fragilizadas e especialmente sensíveis) um cuidado mais
especializado e afectivo que os profissionais de saúde, pelas diversas razões que
conhecemos não podem dar.
É neste sentido, que surgiu a ideia de criar um grupo de voluntariado que se destina a
actuar com as crianças, a família e a comunidade, estabelecendo uma relação de
reciprocidade, não com o objectivo de substituir a família ou os profissionais de saúde
mas sim, complementar todo o seu trabalho.
Como vivemos numa sociedade composta por regras, achamos necessário estabelecer
regras que têm de ser inerentes a este projecto. Desta forma, achamos ainda importante
referir, que estas devem ser lidas, compreendidas de modo a permitir uma inscrição
consciente, e posteriormente devem ser cumpridas.
2. Regras:
1) Grupos constituídos por duas ou três pessoas;
2) Oferecer disponibilidade de tempo destinado ao voluntariado de acordo com o horário
apresentado pela instituição;
3) Evidenciar vocação e gosto por trabalhar com crianças das diversas faixas etárias;
4) Apresentar equilibrio psico-social, devendo evitar transportar os problemas pessoais
para o serviço de pediatria;
5) Demonstrar honestidade, sinceridade, espírito de iniciativa e motivação na acção;
6) Ter conhecimento das suas capacidades e limitações;
7) Compreender o verdadeiro significado de voluntariado, respeitando os utentes,
profissionais de saúde e colegas voluntários;
8) Desenvolver actividades de acordo com os seus conhecimentos, experiências e
motivações adequadas à realidade hospitalar e tendo em conta a situação clínica da
criança doente;
9) Respeitar a vida privada e a dignidade da criança/família;
10) Sigilo profissional sobre assuntos confidenciais e vida da criança/família;
11) Respeitar e valorizar o trabalho desenvolvido pelos colegas voluntários;
12) Fomentar o trabalho de equipa e cooperação nas tarefas, contribuindo para um
ambiente agradável, comunicativo e promovendo a continuidade do desempenho das
mesmas;
13) Facilitar a integração, participação e orientação de todos os voluntários;
14) Exercer o seu trabalho respeitando os princípios de higiene, segurança e controlo de
infecção;
15) Expressar as suas opiniões e dar sugestões que julgue úteis às actividades a
desenvolver no serviço;
16) Respeitar e seguir as normas de funcionamento do serviço de pediatria;
17) Actuar de forma isenta, diligente e solidária;
18) Ser assíduo e pontual de acordo com o horário estabelecido;
19) Apresentar sempre à entrada do hospital com a devida identificação;
3. 20) Apresentar-se de forma simples, de modo que as crianças não se sintam retraídas
(não usar perfumes activos, tecidos com pêlos, sapatos altos, roupas com cheiro a
tabaco, entre outros);
21) Comunicar ao profissional de saúde qualquer ocorrência;
22) Respeitar o direito da criança/família em não querer falar ou participar nas
actividades;
23) Colaborar com os profissionais de saúde, criança/família quando solicitado;
24) Evitar intervir no utente, sem orientação do médico/enfermeiro responsável;
25) Evitar fornecer qualquer alimento à criança, sem respectiva autorização expressa do
médico ou enfermeiro;
26) Garantir a regularidade do exercício do trabalho de voluntário;
27) Contribuir para o desenvolvimento pessoal e integral da criança doente;
28) Assumir uma postura de disponibilidade e escuta para com a criança/família;
29) Assegurar durante os estágios dos alunos do IPB (Instituto Politécnico de Beja) a
continuidade das actividades desenvolvidas no hospital;
30) Comprometer-se durante um ano lectivo a desenvolver as actividades de Voluntário e
em caso de desistência deverá informar antecipadamente a docente orientadora ou a
enfermeira colaboradora e assegurar um substituto para ocupar o seu lugar no grupo.
Nota – Devemos elucidar que durante os meses de férias em que a maioria dos
estudantes se desloca para as suas residências esta acção é passível de continuar a ser
realizada, contudo os voluntários residentes em Beja, caso possam, teriam de organizar-
se e assegurar o prosseguimento das actividades.
Poderão também surgir períodos em que o serviço de pediatria se encontre com menos
crianças ou situações clínicas mais complicadas em que estas actividades não poderão
ser realizadas.
Segundo Jacob (s.d.) um projecto em comum impõe regras e uma metodologia de
trabalho em grupo, por vezes complexos mas ao mesmo tempo constitutivos de um
espaço de crescimento e responsabilização.
Todo o trabalho levado a cabo deverá ser sistemático e englobado num plano geral e não
andar, ao sabor da maré, dependente da boa vontade dos voluntários e dos profissionais
4. de saúde. Pois pior que não existir voluntariado é haver um mau voluntariado, podendo
este ser gerador de uma experiência desagradável tanto para a criança/familia, como para
o próprio voluntário e instituição hospitalar.
Segundo Jacob (s.d.) citando Quino (1991), O voluntariado quer dizer: Compreender que
os “outros” ”somos nós todos”, e que dentro deste “nós todos” também estás tu ou seja,
que tu és todos e “todos somos tu”.
Comissão Organizadora:
Alunas do 3º ano/2º semestre da ESSB:
Bárbara Lia;
Liliana Guerreiro;
Margarida Martins;
Susana Moio;
Tânia Xavier.
Docente orientadora:
Ana Cristina Martins
Enfermeira colaboradora:
Sofia Pestana