SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 7
Baixar para ler offline
HSM Management 74 maio-junho 2009
70
Fotos:
Focus
Stock
Fotográfico
Dossiê
agora Quatro gerações convivem
nas empresas. Há muita energia em
função disso, mas também muito
atrito. gerenciar o talento de seus
funcionários nesse cenário é um
desafio permanente, como mostra
esta reportagem
de gerações
HSM Management 74 maio-junho 2009 71
The death of office politics, expõe o conflito com clareza:
“Como resultado dessa combinação, todos os acordos
organizacionais estão sendo revistos: o respeito pela
autoridade, a carga e os horários de trabalho, o código
de vestimenta, a ética do trabalho”.
Há poucos anos, quando os funcionários de mais
idade eram os chefes e os executivos mais jovens faziam
o que lhes mandavam fazer, não se questionava o que
dizia a diretoria; eram as regras. Agora, porém, as nor-
mas são reescritas diariamente.
O exemplo do feedback é esclarecedor para entender
as diferenças entre as quatro gerações:
Os Y esperam feedback de todos no escritório.
A geração X prefere que não intervenham em seu
trabalho.
Os boomers tendem ao formalismo da avaliação anual.
Os veteranos podem ser descritos com uma frase: “Se
não há nenhuma notícia, é boa notícia”.
Como lidar com isso? O melhor é uma abordagem
dirigida, do tipo “a cada um, o que lhe cabe”. Para evitar
conflitos, a firma de consultoria Ernst & Young decidiu
abrir um espaço em seu site, batizado de “zona de feed­
back”. Ali, os executivos podem pedir ou dar retorno
quando desejarem. A empresa também designou um
mentor por funcionário e capacita gerentes e supervi-
sores sobre como fornecer um feedback eficaz.
Como ocorre com o feedback, as diferenças entre
gerações estão afetando todas as dimensões da gestão:
a da comunicação, a do recrutamento, a da motivação, a
da retenção de funcionários, a que lida com a mudança.
E a abordagem de gestão requerida para enfrentar esse
desafio deve ser ostensivamente inclusiva, que integre
os sistemas de valores de todos os grupos.
A PricewaterhouseCoopers e a Ernst & Young ofere-
cem exemplos de como resolver os atritos por meio da
integração da diversidade, da criação de novos papéis
e de espaços comuns para interação e expressão das
diferenças e da reorientação das práticas de negócios
para uma direção inovadora. Mesmo que a brecha entre
as gerações seja cada vez maior (entre os funcionários
71
– Olá, Bob!
– Ah, olá, Amy, tudo bem?
– 
Bem, creio que sim. Mas queria saber como
você me vê.
A conversa transcorre em um elevador repleto de
executivos na sede da PricewaterhouseCoopers, em
Nova York. Incomodado, Bob, um dos sócios da em-
presa, 45 anos, não sabe bem o que responder à jovem
colega de 25.
O que Amy quer de Bob é uma crítica construti-
va sobre seu desempenho na empresa e, sem dúvida,
qualquer ocasião é boa para pedir tal retorno. Típica
representante da geração Y, filha de dedicados baby-
-boomers, que lhe ensinaram que o desenvolvimento
pessoal é muito importante, a jovem espera que seus
chefes demonstrem tanto interesse por seu crescimento
profissional como seus pais.
Amy e Bob são personagens da série de ficção criada
pela PricewaterhouseCoopers para abordar os dife-
rentes conflitos decorrentes do choque de gerações
na empresa. Em sua versão da série televisiva The Offi­
ce, que retrata a vida dos funcionários frustrados de
um escritório, The Firm, interpretada pelos próprios
executivos da firma de consultoria, ressalta o valor da
interação entre as quatro gerações que convivem na
organização: os “veteranos” ou “seniores” (nascidos
antes de 1946), os “baby boomers” (nascidos entre 1946
e 1964), a “geração X” (nascida entre 1965 e 1980) e a
“geração Y” ou “geração do milênio” (nascida depois
de 1980). O objetivo da série é mostrar, por meio do
humor, que toda situação de trabalho representa uma
oportunidade de ensinar ou de aprender.
Abordagem dirigida e inclusiva
Sempre houve na empresa indivíduos com dife-
rentes valores, ideias e maneiras de comunicar-se e de
fazer as coisas. Por que, agora, isso é um problema?
São os atritos da convivência. Pela primeira vez na his-
tória corporativa, há quatro gerações compartilhando
o escritório. Marilyn Moats Kennedy, autora do artigo
Doconflitoàação
HSM Management 74 maio-junho 2009
72
mais velhos e os mais jovens, há 40 anos de diferença),
não se trata somente de um problema etário. O desafio
que as organizações enfrentam é a transição da em-
presa do passado à do futuro; do mundo corporativo
moldado pelos boomers nos anos 80 ao que será criado
pela geração do milênio nos próximos anos.
4x4, as principais diferenças
Cada geração tem diferentes expectativas em rela-
ção ao trabalho e distintos sistemas de valores.
A geração Y é expert no uso da tecnologia. Influencia-
da pela web 2.0 (wikis, blogs e redes sociais), mantém
fortes laços com suas comunidades, que são, em geral,
virtuais. Seus membros são pragmáticos e irreverentes.
Seus representantes desejam trabalhos “com sentido”
e ambientes propícios à colaboração. Querem ter o
controle econômico de sua vida e são determinados
na defesa do equilíbrio entre a vida profissional e a
pessoal.
Os que pertencem à geração X se definem, mais que
por qualquer outra coisa, pela mídia e pela tecnologia.
Querem passar mais tempo com os filhos e, por essa
razão, trabalhar menos. São céticos e individualistas.
Apreciam a informalidade e a autoridade proveniente
do mérito.
Os boomers respeitam as hierarquias, são competitivos,
idealistas e ambiciosos. Não veem o equilíbrio entre a
vida pessoal e a profissional como fator decisivo.
72
O
s conflitos de gerações pelos quais as
empresas passam são apenas sinais
precoces do grande choque cultural
entre a geração do milênio e os baby-
-boomers, choque que dará origem à
próxima cultura de negócios”, escreve ele
em Grown Up Digital (ed. McGraw-Hill).
Segundo o autor, trata-se de um en-
contro entre duas ideias acerca de como
deve funcionar o trabalho. Muitas empresas
continuam emperradas em hierarquias
improdutivas, que dividem o mundo entre
governados e governantes. Esse modelo,
sentencia o autor, não funciona mais em
uma economia impulsionada pela inovação,
pelo conhecimento, pela colaboração e pelo
imediatismo.
Conclusão: as organizações deverão
moldar-se a uma nova cultura digital. “A
única limitação para crescer que as empre-
sas têm hoje é sua habilidade para seguir
atraindo, desenvolvendo e retendo o talento
de alta qualidade”, diz Tapscott. A pergunta
é: com que rapidez elas poderão integrar a
geração do milênio? O conselho do autor
é não tentar mudá-la para acomodá-la ao
ambiente da companhia, mas respeitar suas
normas, que são oito:
Liberdade. Para trabalhar quando e onde
desejarem, para aproveitar sua vida profis-
sional e pessoal e para experimentar novas
oportunidades.
Personalização. Para os jovens, tudo
é personalizável, do iPhone aos projetos
de trabalho e às recompensas pelo bom
desempenho.
Análise e exame minucioso. A postura
crítica é a base do caráter daquela que
também é chamada “geração Net”. Seus
integrantes pesquisam na internet antes
de estabelecer um compromisso com
determinada empresa.
Integridade. A honestidade e a transparên-
cia de uma organização são fundamentais.
Os valores corporativos devem refletir nas
ações da empresa.
Colaboração. Vivem o poder por meio
das pessoas, e o trabalho em equipe
é a maneira de colocar esse poder em
movimento.
Entretenimento. Trabalho e diversão
andam juntos.
Velocidade. Precisam fazer as coisas “ago-
ra mesmo” e frustram-se com processos
longos e entediantes. Demandam respostas
instantâneas.
Inovação. Buscam constantemente novas e
diferentes maneiras de realizar seu trabalho.
Desejam agregar valor, desafiar o status quo
e fazer a diferença.
As empresas devem adotar essas
normas “hoje”, adverte Tapscott. Por isso,
ele oferece um guia em sete passos que
ajudará as organizações a criar sistemas
de trabalho que estejam em conformidade
com elas:
Repensar a autoridade. Às vezes, o líder
será o aluno; o jovem, o professor.
Ser um facilitador. Oferecer coaching e
feedback constantes.
Redesenhar a estratégia de recruta-
mento. Iniciar relações de longo prazo.
Redesenhar a estratégia de capacita-
ção. Comprometer-se com o aprendizado
contínuo.
Tirar proveito das redes sociais. Não
proibir o Facebook. Em vez disso, redefinir
os processos de gestão e o layout do escri-
tório para facilitar o trabalho colaborativo.
Redesenhar a estratégia de retenção
de talentos. Fomentar relações de longo
prazo, também com os funcionários que
deixam a empresa.
Liberar o poder dos jovens. Escutá-los.
Em seu último livro, Don Tapscott anuncia o advento de um novo
modelo de negócio, produto do choque entre os gestores “digitais”,
da geração y, e os veteranos
Renovação cultural
“
HSM Management 74 maio-junho 2009
74
O escritório é,
para a geração Y, uma
camisa de força que limita
sua produtividade
Os veteranos veneram a disciplina e a cadeia de co-
mando. São conservadores e esperam uma relação de
longo prazo com as empresas.
Os boomers e a geração Y são os grupos mais numero-
sos. Nos Estados Unidos, os boomers chegam a 80 milhões.
A geração Y é composta por 75 milhões de pessoas e
a X, por 46 milhões. Segundo um estudo do Human
Capital Forum, entre 50% e 75% dos executivos senio-
res norte-americanos, no final de 2010, e 75 milhões
de gestores, até 2015, terão se aposentado. Do total de
postos de trabalho que serão desocupados, somente
45 milhões serão preenchidos, conclui o estudo. Algo
similar acontece em muitos outros países. A dedução
é óbvia: haverá mais demanda que oferta de mão de
obra qualificada. Nesse cenário, como manter o ritmo
de crescimento econômico? Como aumentar a produ-
tividade do setor corporativo?
O que fazer com os mais velhos
Em seu livro Grown up Digital [veja quadro na página
72], Don Tapscott explica que uma estratégia inteli-
gente e proveitosa, para não perder de vista o talento
que se aposenta, é criar redes de ex-funcionários. O
governo do estado da Califórnia, por exemplo, criou o
Boomerang, site que funciona como uma base de dados
daqueles que se aposentaram e estão interessados em
reingressar nos órgãos estatais para cobrir as vagas de
meio período.
Penelope Trunk, autora de Brazen Careerist: the New
Rules for Success (ed. Warner Books), aconselha as organi-
zações a adotar três medidas para não perder talentos:
Recrutar constantemente. Os mais jovens não são leais
a uma empresa, mas a um conjunto
de fatores que os fazem sentir-se bem,
daí porque nunca deixam de buscar
novas oportunidades que contribuam
para seu desenvolvimento pessoal.
Usar o branding como estratégia
de sedução. É preciso falar mais da
cultura corporativa e do compro-
misso social e menos da descrição
de tarefas.
Ir ao encontro do talento. As pessoas
mais jovens estão online, e a blogosfera representa o setor
mais comprometido desse talento. Escrever um blog
demanda tempo e dedicação e os bloggers só escrevem
sobre o que lhes importa: sua carreira.
Comunicação, motivação e construção de pontes
entre as gerações são, para Lynda Gratton, professora de
administração da London Business School, outros três
elementos fundamentais de toda estratégia de gestão de
pessoal. Por isso, sugere estimular as pessoas a comunicar-
-se usando todos os estilos. A motivação requer enfoques
sob medida. Enquanto os bônus podem despertar o
interesse dos boomers, as gerações X e Y se inclinam ao
privilégio de ter uma agenda flexível. Os líderes também
devem assegurar-se de captar a memória organizacional e
transferir esse conhecimento às gerações mais jovens.
O que fazer com os mais jovens
Um estudo entre empresas norte-americanas reali-
zado pela Lee Hecht Harrison, empresa de consultoria
na gestão de talentos, revelou as desavenças existentes
nas relações de trabalho. Confira este exemplo: 70%
dos executivos de mais idade menosprezam as habili-
dades dos mais jovens, e quase 50% dos funcionários
garantem que os jovens não valorizam as habilidades
de seus colegas mais velhos. Os empregadores não
acreditam que a situação melhore, ao contrário: mais
de 60% esperam que a tensão aumente.
A geração Y cresceu em um mundo dominado pela
velocidade e pelo imediatismo. O escritório é, para os
Y que o integram, uma camisa de força que limita sua
produtividade. Empresas jovens reconhecem a impor-
tância de oferecer a sua força de trabalho a flexibili-
dade e a liberdade de ação necessárias ao estímulo da
criatividade. Nos escritórios do Google, por exemplo,
entre outras peculiaridades, há espaços abertos para
a interação e lugares privados de trabalho, que são
montados e desmontados com rapidez, por um sistema
de painéis dobráveis. Os funcionários trabalham em
equipes e nos horários que melhor lhes convêm.
A Xerox não é jovem como o Google (tem mais de
cem anos), mas considera-se uma empresa moderna.
Com seu slogan “eXpress yourself”, cujo alvo é a geração
do milênio, recruta graduados do
MIT e da Cornell University. Anne
Mulcahy, CEO da companhia, diz
no site da Xerox que o slogan resume
os valores essenciais da organização,
um lugar onde “os criativos prospe-
ram, encontram soluções originais
e impulsionam sua carreira pela via
expressa”.
Os executivos mais jovens não se
deixam impressionar pelo status nem
pela ascensão. Dirigir uma empresa não traz prestígio,
se o preço a pagar é viver dedicado ao trabalho. Mais
uma vez, as empresas têm de adaptar-se e criar siste-
mas de compensação e de benefícios personalizados.
Como as gerações mais jovens preferem uma cultura que
meça o desempenho a uma que priorize a antiguidade,
as variáveis de curto prazo devem ter mais peso que as
de longo prazo.
Na cadeia de restaurantes T.G.I. Friday’s, o pessoal
tem uma ótima razão para sentir-se motivado. Oriunda
HSM Management 74 maio-junho 2009 75
de Nova York, a rede, que conta com 30 mil funcionários
em mais de 900 estabelecimentos de 58 países, aprovei-
tou sua presença global para desenvolver o programa
Passport, que premia os melhores talentos –garçons,
cozinheiros ou lavadores de louça– com um cargo em
qualquer um de seus restaurantes do mundo. Com o
Passport, a empresa não apenas recompensa o bom
desempenho, mas também estimula os funcionários a
permanecer nela.
Rampas de entrada e saída nas empresas
Foram-se os tempos em que uma saída significava
um trauma para a empresa, que se sentia traída, e para
o funcionário, que se sentia culpado. Hoje, os jovens
simplesmente deixam sua posição porque encontram
uma oportunidade melhor, mas não descartam voltar
se as condições os favorecerem. Ellen Galinsky, presi-
dente e cofundadora do Families and Work Institute,
organização que se dedica a investigar temas ligados ao
trabalho e à vida pessoal, coloca sua visão original: “As
empresas têm de oferecer rampas de entrada e saída,
que permitam aos funcionários fazer intervalos em sua
carreira e voltar mais tarde, para o bem de todos. Os
executivos devem poder passar da via expressa para a
lenta, e vice-versa, dependendo do momento e de sua
história pessoal”.
A BestBuy, uma das maiores lojas de varejo na in-
ternet, pegou um atalho que gerou dividendos. Em
2007, o presidente da companhia, Richard Schulze,
enfrentou um problema de recursos humanos: os pro-
fissionais mais jovens não pareciam interessados em
permanecer na empresa. A prova estava no fato de
que os que recebiam salário menor do que US$ 80 mil
anuais não haviam aderido ao plano de previdência
privada complementar oferecido ao pessoal para me-
lhorar sua futura aposentadoria. (Esse tipo de plano
se chama 401k. Algumas empresas também oferecem a
seus funcionários a contribuição de um percentual do
montante que eles destinam a sua conta 401k.)
A maioria dos executivos da BestBuy pertence à
geração do milênio. Schulze pensou em organizar um
concurso de vídeos, no qual os jovens pudessem pôr em
prática suas habilidades artísticas e tecnológicas para
explicar os benefícios de permanecer na empresa até
a aposentadoria, o que os levaria a interessar-se pelo
plano. Ele não errou. Como resultado da campanha,
a base de afiliados mais jovens aumentou de 18% para
47% em um ano.
Oferecer bom equilíbrio entre a vida profissional e
a pessoal é um poderoso recurso para ancorar os talen-
tos. De acordo com uma pesquisa realizada pela FedEx
com 500 executivos de empresas norte-americanas,
quase 50% deles afirmaram que, em 2009, buscarão
melhorar esse equilíbrio. Os funcionários com idade
entre 18 e 34 anos consideram mais importante alcançar
essa harmonia (58%) do que os que têm entre 35 e 54
(46%) e os de mais de 55 (30%).
Em 2005, a Lloyds TSB, ramo virtual do Lloyds
Banking Group, realizou uma pesquisa similar com seus
funcionários e descobriu que, para a maioria, equilibrar
a vida profissional e a pessoal era ainda mais importante
que obter melhorias salariais. Em um esforço conjunto
HSM Management 74 maio-junho 2009
76
com sua equipe, o banco implantou um sistema flexível:
trabalho em meio período, rotação de tarefas, turnos
comprimidos, trabalho a distância e até uma combina-
ção de todas essas opções.
Assim como a LLoyds TSB, a PricewaterhouseCoo-
pers, o T.G.I. Friday’s e a Ernst  Young, as empresas que
se aventurarem na busca do conhecimento profundo
de sua força de trabalho e integrarem as diferenças à
gestão provavelmente ficarão surpresas ao descobrir
quão enriquecedora pode ser a diversidade na manu-
tenção de sua juventude.
A reportagem é de Florencia Lafuente, colaboradora de HSM
Management.
D
ez anos atrás, quando eu era recém-
-chegada ao mundo ponto.com e
substituía executivos que tinham o
dobro de minha idade, escutava as
queixas dos baby-boomers a respeito
de nosso comportamento, isto é, dos jovens
da geração X: demandávamos projetos ex-
citantes, uma estrutura organizacional com
poucos níveis hierárquicos, um pouco de
diversão durante o trabalho e muita autori-
dade. Em troca, trabalhávamos duro, éramos
rápidos, funcionávamos bem em equipe e
tínhamos forte senso de propriedade.
Eram os conflitos do choque de gerações
no trabalho. Lembro-me de ter pensado:
“Estou ganhando mais dinheiro do que
meus colegas de 50 e, além disso, vou
ao trabalho vestida como bem entendo”.
Sentia compaixão por quem era incapaz de
aprender sozinho a linguagem HTML. Agora,
estou bebendo uma dose de minha própria
suficiência. Muito mudou em uma década.
Já não sou a jovem inteligente e promissora
que trazia uma perspectiva nova e original
aos negócios. Sou apenas outra integrante
da geração X, bombardeada pelo extremo
otimismo e pelo potencial da geração do
milênio. (Nos Estados Unidos, os jovens não
querem ser conhecidos como geração Y, por-
que não lhes agrada ser associados a seus
predecessores da geração X, e passaram a
se chamar de “geração do milênio”.)
Neil Howe, autor de Millennials Rising:
the Next Great Generation (ed. Random
House), explica que a desfaçatez e a con-
fiança que demonstram os jovens nascidos
na década de 1980 vêm da superproteção
de seus pais e de terem crescido em tem-
pos de economia próspera –esta é sua crise
de estreia. À geração X, em troca, coube
provar no início de sua vida profissional,
que coincidiu com o início dos anos 90, um
mercado de trabalho recessivo.
Tenho um irmão que é 16 anos mais
novo do que eu, típico representante dos
Y: crê que sempre terá emprego, que sem-
pre se divertirá e que o sucesso sempre o
acompanhará. À luz da crise atual, pode
ser que mude de opinião. De todo modo,
trabalha tão duro quanto alguém de minha
geração, mas carece de nosso cinismo.
Outro jovem Y, de quem sou mentora,
conquistou um excelente emprego nem bem
saíra da universidade (como todos seus
amigos). No entanto, demitiu-se e voltou a
morar com os pais para poder dedicar-se à
carreira de seus sonhos: a de ator.
Durante um tempo, pensei que não era
justo que a geração do milênio, que foi cria-
da nas melhores circunstâncias históricas
–o que fez com que seus integrantes se
sentissem muito seguros de si em matéria
de conquistas profissionais–, achasse difícil
conviver harmonicamente com pessoas
mais velhas no ambiente de trabalho. Sim-
plesmente, eles me fazem sentir como uma
típica representante da geração X que sou:
cínica e um pouco esgotada. Mas agora,
que reconheço que sentia inveja, vejo as
coisas com mais clareza. Decidi adotar sua
maneira de pensar. Voltei atrás no tempo,
quando eu mesma era uma empreendedora
cheia de sorte e me cansavam as queixas
de meus colegas boomers. Por que não
podiam aprender as coisas que eu aprendia
sozinha? Programação web, design de
interfaces, marketing viral... Lamentavam o
declínio do valor de suas habilidades e se
queixavam da velocidade com que se movia
o novo mundo da internet.
Por esse motivo, comecei a pensar como
um membro da geração Y: serei otimista
e segura, acreditarei ser capaz de fazer
qualquer coisa, de fazer a diferença, de
conseguir o que desejo. Afinal, aprender
HTML não foi nada tão genial, porque
acabou sendo o trabalho escravo da nova
economia. Talvez eu me sinta melhor assim.
Como uma executiva da geração X que tem
uma pitada da juventude dos Y.
Penelope Trunk, colunista do Boston Globe, é
autora de Brazen Careerist (ed. Warner Books).
Também dirige a BrazenCareerist.com, comuni-
dade online para executivos da geração Y.
© Featurewell
Em vez de lamentar a atitude da geração
mais jovem e a perda dos velhos valores
corporativos, os executivos da geração X
podem enriquecer-se com as habilidades
dos Y, que os sucederão. Por Penelope Trunk
Ventos de mudança

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a ARTIGO CHOQUE DE GERAÇÕES.pdf

Trabalho acad. clarissa pereira da paz patricia ferreira - clima organizacion...
Trabalho acad. clarissa pereira da paz patricia ferreira - clima organizacion...Trabalho acad. clarissa pereira da paz patricia ferreira - clima organizacion...
Trabalho acad. clarissa pereira da paz patricia ferreira - clima organizacion...Patricia Ferreira
 
Novas abordagens em consultoria RH
Novas abordagens em consultoria RHNovas abordagens em consultoria RH
Novas abordagens em consultoria RHBig Experience
 
Quando muitos anos na mesma função se tornam um problema de gestão
Quando muitos anos na mesma função se tornam um problema de gestãoQuando muitos anos na mesma função se tornam um problema de gestão
Quando muitos anos na mesma função se tornam um problema de gestãomaria_joao_santos
 
O RH, A Gestão do Conhecimento e os Novos Processos de Formação Profissional
O RH, A Gestão do Conhecimento e os Novos Processos de Formação ProfissionalO RH, A Gestão do Conhecimento e os Novos Processos de Formação Profissional
O RH, A Gestão do Conhecimento e os Novos Processos de Formação ProfissionalAngelo Peres
 
21 10 - liderança em instituições públicas habilidades comportamentais - joel...
21 10 - liderança em instituições públicas habilidades comportamentais - joel...21 10 - liderança em instituições públicas habilidades comportamentais - joel...
21 10 - liderança em instituições públicas habilidades comportamentais - joel...Thiago Souza Santos
 
Gerenciar pessoas e promover o trabalho em equipe.pptx
Gerenciar pessoas e promover o trabalho em equipe.pptxGerenciar pessoas e promover o trabalho em equipe.pptx
Gerenciar pessoas e promover o trabalho em equipe.pptxsilviomarques23
 
Generation Y - comportamentos da geração Y
Generation Y - comportamentos da geração YGeneration Y - comportamentos da geração Y
Generation Y - comportamentos da geração YFlavio Melo
 
Conflitos de gerações e Aposentadoria
Conflitos de gerações e AposentadoriaConflitos de gerações e Aposentadoria
Conflitos de gerações e AposentadoriaGabriel Santa Rosa
 
Aula 04
Aula 04Aula 04
Aula 04vingue
 
Aula 3 2014.1 ucam - planejamento de carreira - licoes para a carreira
Aula 3   2014.1 ucam - planejamento de carreira - licoes para a carreiraAula 3   2014.1 ucam - planejamento de carreira - licoes para a carreira
Aula 3 2014.1 ucam - planejamento de carreira - licoes para a carreiraAngelo Peres
 
MELHOR & ABRH BRASIL - O RH está pronto para o presente
MELHOR & ABRH BRASIL - O RH está pronto para o presenteMELHOR & ABRH BRASIL - O RH está pronto para o presente
MELHOR & ABRH BRASIL - O RH está pronto para o presenteFernando Capella
 
Webinar Storytelling
Webinar StorytellingWebinar Storytelling
Webinar StorytellingHSM Book Club
 
Webinar O Princípio de Oz
Webinar O Princípio de OzWebinar O Princípio de Oz
Webinar O Princípio de OzHSM Book Club
 

Semelhante a ARTIGO CHOQUE DE GERAÇÕES.pdf (20)

Trabalho acad. clarissa pereira da paz patricia ferreira - clima organizacion...
Trabalho acad. clarissa pereira da paz patricia ferreira - clima organizacion...Trabalho acad. clarissa pereira da paz patricia ferreira - clima organizacion...
Trabalho acad. clarissa pereira da paz patricia ferreira - clima organizacion...
 
Reconhecimento em diversas gerações
Reconhecimento em diversas geraçõesReconhecimento em diversas gerações
Reconhecimento em diversas gerações
 
Motivação e retenção na geração y
Motivação e retenção na geração yMotivação e retenção na geração y
Motivação e retenção na geração y
 
Novas abordagens em consultoria RH
Novas abordagens em consultoria RHNovas abordagens em consultoria RH
Novas abordagens em consultoria RH
 
Geracoes
GeracoesGeracoes
Geracoes
 
Quando muitos anos na mesma função se tornam um problema de gestão
Quando muitos anos na mesma função se tornam um problema de gestãoQuando muitos anos na mesma função se tornam um problema de gestão
Quando muitos anos na mesma função se tornam um problema de gestão
 
Relatorio faithpopcorn
Relatorio faithpopcornRelatorio faithpopcorn
Relatorio faithpopcorn
 
O RH, A Gestão do Conhecimento e os Novos Processos de Formação Profissional
O RH, A Gestão do Conhecimento e os Novos Processos de Formação ProfissionalO RH, A Gestão do Conhecimento e os Novos Processos de Formação Profissional
O RH, A Gestão do Conhecimento e os Novos Processos de Formação Profissional
 
21 10 - liderança em instituições públicas habilidades comportamentais - joel...
21 10 - liderança em instituições públicas habilidades comportamentais - joel...21 10 - liderança em instituições públicas habilidades comportamentais - joel...
21 10 - liderança em instituições públicas habilidades comportamentais - joel...
 
Gerenciar pessoas e promover o trabalho em equipe.pptx
Gerenciar pessoas e promover o trabalho em equipe.pptxGerenciar pessoas e promover o trabalho em equipe.pptx
Gerenciar pessoas e promover o trabalho em equipe.pptx
 
Generation Y - comportamentos da geração Y
Generation Y - comportamentos da geração YGeneration Y - comportamentos da geração Y
Generation Y - comportamentos da geração Y
 
Conflitos de gerações e Aposentadoria
Conflitos de gerações e AposentadoriaConflitos de gerações e Aposentadoria
Conflitos de gerações e Aposentadoria
 
Aula 04
Aula 04Aula 04
Aula 04
 
Capital intelectual m2 ar
Capital intelectual m2 arCapital intelectual m2 ar
Capital intelectual m2 ar
 
Aula 3 2014.1 ucam - planejamento de carreira - licoes para a carreira
Aula 3   2014.1 ucam - planejamento de carreira - licoes para a carreiraAula 3   2014.1 ucam - planejamento de carreira - licoes para a carreira
Aula 3 2014.1 ucam - planejamento de carreira - licoes para a carreira
 
O lider e o grupo como o grupo da geração y percebe a gestão do seu lider
O lider e o grupo   como o grupo da geração y percebe a gestão do seu liderO lider e o grupo   como o grupo da geração y percebe a gestão do seu lider
O lider e o grupo como o grupo da geração y percebe a gestão do seu lider
 
MELHOR & ABRH BRASIL - O RH está pronto para o presente
MELHOR & ABRH BRASIL - O RH está pronto para o presenteMELHOR & ABRH BRASIL - O RH está pronto para o presente
MELHOR & ABRH BRASIL - O RH está pronto para o presente
 
Webinar Storytelling
Webinar StorytellingWebinar Storytelling
Webinar Storytelling
 
Webinar O Princípio de Oz
Webinar O Princípio de OzWebinar O Princípio de Oz
Webinar O Princípio de Oz
 
Gestaode pessoas[1]
Gestaode pessoas[1]Gestaode pessoas[1]
Gestaode pessoas[1]
 

Mais de HelenaReis48

Gestão de Pessoas vergara ( PDFDrive )-1.pdf
Gestão de Pessoas vergara  ( PDFDrive )-1.pdfGestão de Pessoas vergara  ( PDFDrive )-1.pdf
Gestão de Pessoas vergara ( PDFDrive )-1.pdfHelenaReis48
 
pdf_lIVRO_gestao_de_pessoas_IDALBERTO_CH.pdf
pdf_lIVRO_gestao_de_pessoas_IDALBERTO_CH.pdfpdf_lIVRO_gestao_de_pessoas_IDALBERTO_CH.pdf
pdf_lIVRO_gestao_de_pessoas_IDALBERTO_CH.pdfHelenaReis48
 
iNTRODUCAO-A-ENGENHARIA-SOCIAL-PRATICA-pdf - Copia.pdf
iNTRODUCAO-A-ENGENHARIA-SOCIAL-PRATICA-pdf - Copia.pdfiNTRODUCAO-A-ENGENHARIA-SOCIAL-PRATICA-pdf - Copia.pdf
iNTRODUCAO-A-ENGENHARIA-SOCIAL-PRATICA-pdf - Copia.pdfHelenaReis48
 
gestao-de-projetos.pdf
gestao-de-projetos.pdfgestao-de-projetos.pdf
gestao-de-projetos.pdfHelenaReis48
 
() - Livro_de_comunicao_cultura_organizaciona.pdf
() - Livro_de_comunicao_cultura_organizaciona.pdf() - Livro_de_comunicao_cultura_organizaciona.pdf
() - Livro_de_comunicao_cultura_organizaciona.pdfHelenaReis48
 
Gestao-de-projetos.pdf
Gestao-de-projetos.pdfGestao-de-projetos.pdf
Gestao-de-projetos.pdfHelenaReis48
 
() - Livro_de_comunicao_cultura_organizaciona.pdf
() - Livro_de_comunicao_cultura_organizaciona.pdf() - Livro_de_comunicao_cultura_organizaciona.pdf
() - Livro_de_comunicao_cultura_organizaciona.pdfHelenaReis48
 
Minutos_Para_Falar_Bem_Em_Publico_Reinal.pdf
Minutos_Para_Falar_Bem_Em_Publico_Reinal.pdfMinutos_Para_Falar_Bem_Em_Publico_Reinal.pdf
Minutos_Para_Falar_Bem_Em_Publico_Reinal.pdfHelenaReis48
 
modelos_de_cartas_comerciais-01pdf.pdf
modelos_de_cartas_comerciais-01pdf.pdfmodelos_de_cartas_comerciais-01pdf.pdf
modelos_de_cartas_comerciais-01pdf.pdfHelenaReis48
 
ESTUDO DE CASO 5.pdf
ESTUDO DE CASO 5.pdfESTUDO DE CASO 5.pdf
ESTUDO DE CASO 5.pdfHelenaReis48
 
ESTUDO DE CASO TEORIA CLÁSSICA.pdf
ESTUDO DE CASO TEORIA CLÁSSICA.pdfESTUDO DE CASO TEORIA CLÁSSICA.pdf
ESTUDO DE CASO TEORIA CLÁSSICA.pdfHelenaReis48
 
Estudo de caso - Relacionamento-interpessoal.pdf
Estudo de caso - Relacionamento-interpessoal.pdfEstudo de caso - Relacionamento-interpessoal.pdf
Estudo de caso - Relacionamento-interpessoal.pdfHelenaReis48
 
Saude fisica e menta qvt.pdf
Saude  fisica e menta qvt.pdfSaude  fisica e menta qvt.pdf
Saude fisica e menta qvt.pdfHelenaReis48
 
Duly_seguranca em redes de computadores.pdf
Duly_seguranca em redes de computadores.pdfDuly_seguranca em redes de computadores.pdf
Duly_seguranca em redes de computadores.pdfHelenaReis48
 
ESTUDO DE CASO TEORIA CLÁSSICA.pdf
ESTUDO DE CASO TEORIA CLÁSSICA.pdfESTUDO DE CASO TEORIA CLÁSSICA.pdf
ESTUDO DE CASO TEORIA CLÁSSICA.pdfHelenaReis48
 
Saude fisica e menta qvt.pdf
Saude  fisica e menta qvt.pdfSaude  fisica e menta qvt.pdf
Saude fisica e menta qvt.pdfHelenaReis48
 
ARTIGO CHOQUE DE GERAÇÕES.pdf
ARTIGO CHOQUE DE GERAÇÕES.pdfARTIGO CHOQUE DE GERAÇÕES.pdf
ARTIGO CHOQUE DE GERAÇÕES.pdfHelenaReis48
 
ENGENHARIA_SOCIAL_Um_Perigo_Eminente.pdf
ENGENHARIA_SOCIAL_Um_Perigo_Eminente.pdfENGENHARIA_SOCIAL_Um_Perigo_Eminente.pdf
ENGENHARIA_SOCIAL_Um_Perigo_Eminente.pdfHelenaReis48
 
Estudo de caso - Relacionamento-interpessoal.pdf
Estudo de caso - Relacionamento-interpessoal.pdfEstudo de caso - Relacionamento-interpessoal.pdf
Estudo de caso - Relacionamento-interpessoal.pdfHelenaReis48
 

Mais de HelenaReis48 (19)

Gestão de Pessoas vergara ( PDFDrive )-1.pdf
Gestão de Pessoas vergara  ( PDFDrive )-1.pdfGestão de Pessoas vergara  ( PDFDrive )-1.pdf
Gestão de Pessoas vergara ( PDFDrive )-1.pdf
 
pdf_lIVRO_gestao_de_pessoas_IDALBERTO_CH.pdf
pdf_lIVRO_gestao_de_pessoas_IDALBERTO_CH.pdfpdf_lIVRO_gestao_de_pessoas_IDALBERTO_CH.pdf
pdf_lIVRO_gestao_de_pessoas_IDALBERTO_CH.pdf
 
iNTRODUCAO-A-ENGENHARIA-SOCIAL-PRATICA-pdf - Copia.pdf
iNTRODUCAO-A-ENGENHARIA-SOCIAL-PRATICA-pdf - Copia.pdfiNTRODUCAO-A-ENGENHARIA-SOCIAL-PRATICA-pdf - Copia.pdf
iNTRODUCAO-A-ENGENHARIA-SOCIAL-PRATICA-pdf - Copia.pdf
 
gestao-de-projetos.pdf
gestao-de-projetos.pdfgestao-de-projetos.pdf
gestao-de-projetos.pdf
 
() - Livro_de_comunicao_cultura_organizaciona.pdf
() - Livro_de_comunicao_cultura_organizaciona.pdf() - Livro_de_comunicao_cultura_organizaciona.pdf
() - Livro_de_comunicao_cultura_organizaciona.pdf
 
Gestao-de-projetos.pdf
Gestao-de-projetos.pdfGestao-de-projetos.pdf
Gestao-de-projetos.pdf
 
() - Livro_de_comunicao_cultura_organizaciona.pdf
() - Livro_de_comunicao_cultura_organizaciona.pdf() - Livro_de_comunicao_cultura_organizaciona.pdf
() - Livro_de_comunicao_cultura_organizaciona.pdf
 
Minutos_Para_Falar_Bem_Em_Publico_Reinal.pdf
Minutos_Para_Falar_Bem_Em_Publico_Reinal.pdfMinutos_Para_Falar_Bem_Em_Publico_Reinal.pdf
Minutos_Para_Falar_Bem_Em_Publico_Reinal.pdf
 
modelos_de_cartas_comerciais-01pdf.pdf
modelos_de_cartas_comerciais-01pdf.pdfmodelos_de_cartas_comerciais-01pdf.pdf
modelos_de_cartas_comerciais-01pdf.pdf
 
ESTUDO DE CASO 5.pdf
ESTUDO DE CASO 5.pdfESTUDO DE CASO 5.pdf
ESTUDO DE CASO 5.pdf
 
ESTUDO DE CASO TEORIA CLÁSSICA.pdf
ESTUDO DE CASO TEORIA CLÁSSICA.pdfESTUDO DE CASO TEORIA CLÁSSICA.pdf
ESTUDO DE CASO TEORIA CLÁSSICA.pdf
 
Estudo de caso - Relacionamento-interpessoal.pdf
Estudo de caso - Relacionamento-interpessoal.pdfEstudo de caso - Relacionamento-interpessoal.pdf
Estudo de caso - Relacionamento-interpessoal.pdf
 
Saude fisica e menta qvt.pdf
Saude  fisica e menta qvt.pdfSaude  fisica e menta qvt.pdf
Saude fisica e menta qvt.pdf
 
Duly_seguranca em redes de computadores.pdf
Duly_seguranca em redes de computadores.pdfDuly_seguranca em redes de computadores.pdf
Duly_seguranca em redes de computadores.pdf
 
ESTUDO DE CASO TEORIA CLÁSSICA.pdf
ESTUDO DE CASO TEORIA CLÁSSICA.pdfESTUDO DE CASO TEORIA CLÁSSICA.pdf
ESTUDO DE CASO TEORIA CLÁSSICA.pdf
 
Saude fisica e menta qvt.pdf
Saude  fisica e menta qvt.pdfSaude  fisica e menta qvt.pdf
Saude fisica e menta qvt.pdf
 
ARTIGO CHOQUE DE GERAÇÕES.pdf
ARTIGO CHOQUE DE GERAÇÕES.pdfARTIGO CHOQUE DE GERAÇÕES.pdf
ARTIGO CHOQUE DE GERAÇÕES.pdf
 
ENGENHARIA_SOCIAL_Um_Perigo_Eminente.pdf
ENGENHARIA_SOCIAL_Um_Perigo_Eminente.pdfENGENHARIA_SOCIAL_Um_Perigo_Eminente.pdf
ENGENHARIA_SOCIAL_Um_Perigo_Eminente.pdf
 
Estudo de caso - Relacionamento-interpessoal.pdf
Estudo de caso - Relacionamento-interpessoal.pdfEstudo de caso - Relacionamento-interpessoal.pdf
Estudo de caso - Relacionamento-interpessoal.pdf
 

Último

Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelizaçãoConferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelizaçãoE-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operaçãoConferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operaçãoE-Commerce Brasil
 
Questionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
QuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnQuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
QuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnGustavo144776
 
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de vendaConferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de vendaE-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplaceConferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplaceE-Commerce Brasil
 
Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendasConferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendasE-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?
Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?
Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?E-Commerce Brasil
 
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...E-Commerce Brasil
 
Introdução à Multimídia e seus aspectos.pdf
Introdução à Multimídia e seus aspectos.pdfIntrodução à Multimídia e seus aspectos.pdf
Introdução à Multimídia e seus aspectos.pdfVivianeVivicka
 
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?E-Commerce Brasil
 
Analise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomia
Analise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomiaAnalise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomia
Analise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomiaGabrielPasquinelli1
 
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...E-Commerce Brasil
 
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagensEP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagensLuizPauloFerreira11
 
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?Michael Rada
 
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptxLEANDROSPANHOL1
 

Último (20)

Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
Conferência SC 2024 | Tendências e oportunidades de vender mais em 2024
 
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelizaçãoConferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
Conferência SC 24 | Gestão logística para redução de custos e fidelização
 
Conferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operaçãoConferência SC 24 | O custo real de uma operação
Conferência SC 24 | O custo real de uma operação
 
Questionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
QuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnQuestionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
Questionárionnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn
 
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de vendaConferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação para múltiplos canais de venda
 
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
Conferência SC 24 | A força da geolocalização impulsionada em ADS e Fullcomme...
 
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
Conferência SC 24 | Estratégias de diversificação de investimento em mídias d...
 
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplaceConferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
Conferência SC 24 | Estratégias de precificação: loja própria e marketplace
 
Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendasConferência SC 2024 |  De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
Conferência SC 2024 | De vilão a herói: como o frete vai salvar as suas vendas
 
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
Conferência SC 24 | Otimize sua logística reversa com opções OOH (out of home)
 
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...
Conferência SC 24 | Social commerce e recursos interativos: como aplicar no s...
 
Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?
Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?
Conferência SC 24 | Data Analytics e IA: o futuro do e-commerce?
 
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
Conferência SC 24 | Inteligência artificial no checkout: como a automatização...
 
Introdução à Multimídia e seus aspectos.pdf
Introdução à Multimídia e seus aspectos.pdfIntrodução à Multimídia e seus aspectos.pdf
Introdução à Multimídia e seus aspectos.pdf
 
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
Conferência SC 24 | Omnichannel: uma cultura ou apenas um recurso comercial?
 
Analise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomia
Analise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomiaAnalise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomia
Analise Ergonomica FisioPrev aula de ergonomia
 
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
 
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagensEP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
EP GRUPO - Mídia Kit 2024 - conexão de marcas e personagens
 
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
A LOGÍSTICA ESTÁ PREPARADA PARA O DECRESCIMENTO?
 
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
66ssssssssssssssssssssssssssssss4434.pptx
 

ARTIGO CHOQUE DE GERAÇÕES.pdf

  • 1. HSM Management 74 maio-junho 2009 70 Fotos: Focus Stock Fotográfico Dossiê agora Quatro gerações convivem nas empresas. Há muita energia em função disso, mas também muito atrito. gerenciar o talento de seus funcionários nesse cenário é um desafio permanente, como mostra esta reportagem de gerações
  • 2. HSM Management 74 maio-junho 2009 71 The death of office politics, expõe o conflito com clareza: “Como resultado dessa combinação, todos os acordos organizacionais estão sendo revistos: o respeito pela autoridade, a carga e os horários de trabalho, o código de vestimenta, a ética do trabalho”. Há poucos anos, quando os funcionários de mais idade eram os chefes e os executivos mais jovens faziam o que lhes mandavam fazer, não se questionava o que dizia a diretoria; eram as regras. Agora, porém, as nor- mas são reescritas diariamente. O exemplo do feedback é esclarecedor para entender as diferenças entre as quatro gerações: Os Y esperam feedback de todos no escritório. A geração X prefere que não intervenham em seu trabalho. Os boomers tendem ao formalismo da avaliação anual. Os veteranos podem ser descritos com uma frase: “Se não há nenhuma notícia, é boa notícia”. Como lidar com isso? O melhor é uma abordagem dirigida, do tipo “a cada um, o que lhe cabe”. Para evitar conflitos, a firma de consultoria Ernst & Young decidiu abrir um espaço em seu site, batizado de “zona de feed­ back”. Ali, os executivos podem pedir ou dar retorno quando desejarem. A empresa também designou um mentor por funcionário e capacita gerentes e supervi- sores sobre como fornecer um feedback eficaz. Como ocorre com o feedback, as diferenças entre gerações estão afetando todas as dimensões da gestão: a da comunicação, a do recrutamento, a da motivação, a da retenção de funcionários, a que lida com a mudança. E a abordagem de gestão requerida para enfrentar esse desafio deve ser ostensivamente inclusiva, que integre os sistemas de valores de todos os grupos. A PricewaterhouseCoopers e a Ernst & Young ofere- cem exemplos de como resolver os atritos por meio da integração da diversidade, da criação de novos papéis e de espaços comuns para interação e expressão das diferenças e da reorientação das práticas de negócios para uma direção inovadora. Mesmo que a brecha entre as gerações seja cada vez maior (entre os funcionários 71 – Olá, Bob! – Ah, olá, Amy, tudo bem? – Bem, creio que sim. Mas queria saber como você me vê. A conversa transcorre em um elevador repleto de executivos na sede da PricewaterhouseCoopers, em Nova York. Incomodado, Bob, um dos sócios da em- presa, 45 anos, não sabe bem o que responder à jovem colega de 25. O que Amy quer de Bob é uma crítica construti- va sobre seu desempenho na empresa e, sem dúvida, qualquer ocasião é boa para pedir tal retorno. Típica representante da geração Y, filha de dedicados baby- -boomers, que lhe ensinaram que o desenvolvimento pessoal é muito importante, a jovem espera que seus chefes demonstrem tanto interesse por seu crescimento profissional como seus pais. Amy e Bob são personagens da série de ficção criada pela PricewaterhouseCoopers para abordar os dife- rentes conflitos decorrentes do choque de gerações na empresa. Em sua versão da série televisiva The Offi­ ce, que retrata a vida dos funcionários frustrados de um escritório, The Firm, interpretada pelos próprios executivos da firma de consultoria, ressalta o valor da interação entre as quatro gerações que convivem na organização: os “veteranos” ou “seniores” (nascidos antes de 1946), os “baby boomers” (nascidos entre 1946 e 1964), a “geração X” (nascida entre 1965 e 1980) e a “geração Y” ou “geração do milênio” (nascida depois de 1980). O objetivo da série é mostrar, por meio do humor, que toda situação de trabalho representa uma oportunidade de ensinar ou de aprender. Abordagem dirigida e inclusiva Sempre houve na empresa indivíduos com dife- rentes valores, ideias e maneiras de comunicar-se e de fazer as coisas. Por que, agora, isso é um problema? São os atritos da convivência. Pela primeira vez na his- tória corporativa, há quatro gerações compartilhando o escritório. Marilyn Moats Kennedy, autora do artigo Doconflitoàação
  • 3. HSM Management 74 maio-junho 2009 72 mais velhos e os mais jovens, há 40 anos de diferença), não se trata somente de um problema etário. O desafio que as organizações enfrentam é a transição da em- presa do passado à do futuro; do mundo corporativo moldado pelos boomers nos anos 80 ao que será criado pela geração do milênio nos próximos anos. 4x4, as principais diferenças Cada geração tem diferentes expectativas em rela- ção ao trabalho e distintos sistemas de valores. A geração Y é expert no uso da tecnologia. Influencia- da pela web 2.0 (wikis, blogs e redes sociais), mantém fortes laços com suas comunidades, que são, em geral, virtuais. Seus membros são pragmáticos e irreverentes. Seus representantes desejam trabalhos “com sentido” e ambientes propícios à colaboração. Querem ter o controle econômico de sua vida e são determinados na defesa do equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal. Os que pertencem à geração X se definem, mais que por qualquer outra coisa, pela mídia e pela tecnologia. Querem passar mais tempo com os filhos e, por essa razão, trabalhar menos. São céticos e individualistas. Apreciam a informalidade e a autoridade proveniente do mérito. Os boomers respeitam as hierarquias, são competitivos, idealistas e ambiciosos. Não veem o equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional como fator decisivo. 72 O s conflitos de gerações pelos quais as empresas passam são apenas sinais precoces do grande choque cultural entre a geração do milênio e os baby- -boomers, choque que dará origem à próxima cultura de negócios”, escreve ele em Grown Up Digital (ed. McGraw-Hill). Segundo o autor, trata-se de um en- contro entre duas ideias acerca de como deve funcionar o trabalho. Muitas empresas continuam emperradas em hierarquias improdutivas, que dividem o mundo entre governados e governantes. Esse modelo, sentencia o autor, não funciona mais em uma economia impulsionada pela inovação, pelo conhecimento, pela colaboração e pelo imediatismo. Conclusão: as organizações deverão moldar-se a uma nova cultura digital. “A única limitação para crescer que as empre- sas têm hoje é sua habilidade para seguir atraindo, desenvolvendo e retendo o talento de alta qualidade”, diz Tapscott. A pergunta é: com que rapidez elas poderão integrar a geração do milênio? O conselho do autor é não tentar mudá-la para acomodá-la ao ambiente da companhia, mas respeitar suas normas, que são oito: Liberdade. Para trabalhar quando e onde desejarem, para aproveitar sua vida profis- sional e pessoal e para experimentar novas oportunidades. Personalização. Para os jovens, tudo é personalizável, do iPhone aos projetos de trabalho e às recompensas pelo bom desempenho. Análise e exame minucioso. A postura crítica é a base do caráter daquela que também é chamada “geração Net”. Seus integrantes pesquisam na internet antes de estabelecer um compromisso com determinada empresa. Integridade. A honestidade e a transparên- cia de uma organização são fundamentais. Os valores corporativos devem refletir nas ações da empresa. Colaboração. Vivem o poder por meio das pessoas, e o trabalho em equipe é a maneira de colocar esse poder em movimento. Entretenimento. Trabalho e diversão andam juntos. Velocidade. Precisam fazer as coisas “ago- ra mesmo” e frustram-se com processos longos e entediantes. Demandam respostas instantâneas. Inovação. Buscam constantemente novas e diferentes maneiras de realizar seu trabalho. Desejam agregar valor, desafiar o status quo e fazer a diferença. As empresas devem adotar essas normas “hoje”, adverte Tapscott. Por isso, ele oferece um guia em sete passos que ajudará as organizações a criar sistemas de trabalho que estejam em conformidade com elas: Repensar a autoridade. Às vezes, o líder será o aluno; o jovem, o professor. Ser um facilitador. Oferecer coaching e feedback constantes. Redesenhar a estratégia de recruta- mento. Iniciar relações de longo prazo. Redesenhar a estratégia de capacita- ção. Comprometer-se com o aprendizado contínuo. Tirar proveito das redes sociais. Não proibir o Facebook. Em vez disso, redefinir os processos de gestão e o layout do escri- tório para facilitar o trabalho colaborativo. Redesenhar a estratégia de retenção de talentos. Fomentar relações de longo prazo, também com os funcionários que deixam a empresa. Liberar o poder dos jovens. Escutá-los. Em seu último livro, Don Tapscott anuncia o advento de um novo modelo de negócio, produto do choque entre os gestores “digitais”, da geração y, e os veteranos Renovação cultural “
  • 4.
  • 5. HSM Management 74 maio-junho 2009 74 O escritório é, para a geração Y, uma camisa de força que limita sua produtividade Os veteranos veneram a disciplina e a cadeia de co- mando. São conservadores e esperam uma relação de longo prazo com as empresas. Os boomers e a geração Y são os grupos mais numero- sos. Nos Estados Unidos, os boomers chegam a 80 milhões. A geração Y é composta por 75 milhões de pessoas e a X, por 46 milhões. Segundo um estudo do Human Capital Forum, entre 50% e 75% dos executivos senio- res norte-americanos, no final de 2010, e 75 milhões de gestores, até 2015, terão se aposentado. Do total de postos de trabalho que serão desocupados, somente 45 milhões serão preenchidos, conclui o estudo. Algo similar acontece em muitos outros países. A dedução é óbvia: haverá mais demanda que oferta de mão de obra qualificada. Nesse cenário, como manter o ritmo de crescimento econômico? Como aumentar a produ- tividade do setor corporativo? O que fazer com os mais velhos Em seu livro Grown up Digital [veja quadro na página 72], Don Tapscott explica que uma estratégia inteli- gente e proveitosa, para não perder de vista o talento que se aposenta, é criar redes de ex-funcionários. O governo do estado da Califórnia, por exemplo, criou o Boomerang, site que funciona como uma base de dados daqueles que se aposentaram e estão interessados em reingressar nos órgãos estatais para cobrir as vagas de meio período. Penelope Trunk, autora de Brazen Careerist: the New Rules for Success (ed. Warner Books), aconselha as organi- zações a adotar três medidas para não perder talentos: Recrutar constantemente. Os mais jovens não são leais a uma empresa, mas a um conjunto de fatores que os fazem sentir-se bem, daí porque nunca deixam de buscar novas oportunidades que contribuam para seu desenvolvimento pessoal. Usar o branding como estratégia de sedução. É preciso falar mais da cultura corporativa e do compro- misso social e menos da descrição de tarefas. Ir ao encontro do talento. As pessoas mais jovens estão online, e a blogosfera representa o setor mais comprometido desse talento. Escrever um blog demanda tempo e dedicação e os bloggers só escrevem sobre o que lhes importa: sua carreira. Comunicação, motivação e construção de pontes entre as gerações são, para Lynda Gratton, professora de administração da London Business School, outros três elementos fundamentais de toda estratégia de gestão de pessoal. Por isso, sugere estimular as pessoas a comunicar- -se usando todos os estilos. A motivação requer enfoques sob medida. Enquanto os bônus podem despertar o interesse dos boomers, as gerações X e Y se inclinam ao privilégio de ter uma agenda flexível. Os líderes também devem assegurar-se de captar a memória organizacional e transferir esse conhecimento às gerações mais jovens. O que fazer com os mais jovens Um estudo entre empresas norte-americanas reali- zado pela Lee Hecht Harrison, empresa de consultoria na gestão de talentos, revelou as desavenças existentes nas relações de trabalho. Confira este exemplo: 70% dos executivos de mais idade menosprezam as habili- dades dos mais jovens, e quase 50% dos funcionários garantem que os jovens não valorizam as habilidades de seus colegas mais velhos. Os empregadores não acreditam que a situação melhore, ao contrário: mais de 60% esperam que a tensão aumente. A geração Y cresceu em um mundo dominado pela velocidade e pelo imediatismo. O escritório é, para os Y que o integram, uma camisa de força que limita sua produtividade. Empresas jovens reconhecem a impor- tância de oferecer a sua força de trabalho a flexibili- dade e a liberdade de ação necessárias ao estímulo da criatividade. Nos escritórios do Google, por exemplo, entre outras peculiaridades, há espaços abertos para a interação e lugares privados de trabalho, que são montados e desmontados com rapidez, por um sistema de painéis dobráveis. Os funcionários trabalham em equipes e nos horários que melhor lhes convêm. A Xerox não é jovem como o Google (tem mais de cem anos), mas considera-se uma empresa moderna. Com seu slogan “eXpress yourself”, cujo alvo é a geração do milênio, recruta graduados do MIT e da Cornell University. Anne Mulcahy, CEO da companhia, diz no site da Xerox que o slogan resume os valores essenciais da organização, um lugar onde “os criativos prospe- ram, encontram soluções originais e impulsionam sua carreira pela via expressa”. Os executivos mais jovens não se deixam impressionar pelo status nem pela ascensão. Dirigir uma empresa não traz prestígio, se o preço a pagar é viver dedicado ao trabalho. Mais uma vez, as empresas têm de adaptar-se e criar siste- mas de compensação e de benefícios personalizados. Como as gerações mais jovens preferem uma cultura que meça o desempenho a uma que priorize a antiguidade, as variáveis de curto prazo devem ter mais peso que as de longo prazo. Na cadeia de restaurantes T.G.I. Friday’s, o pessoal tem uma ótima razão para sentir-se motivado. Oriunda
  • 6. HSM Management 74 maio-junho 2009 75 de Nova York, a rede, que conta com 30 mil funcionários em mais de 900 estabelecimentos de 58 países, aprovei- tou sua presença global para desenvolver o programa Passport, que premia os melhores talentos –garçons, cozinheiros ou lavadores de louça– com um cargo em qualquer um de seus restaurantes do mundo. Com o Passport, a empresa não apenas recompensa o bom desempenho, mas também estimula os funcionários a permanecer nela. Rampas de entrada e saída nas empresas Foram-se os tempos em que uma saída significava um trauma para a empresa, que se sentia traída, e para o funcionário, que se sentia culpado. Hoje, os jovens simplesmente deixam sua posição porque encontram uma oportunidade melhor, mas não descartam voltar se as condições os favorecerem. Ellen Galinsky, presi- dente e cofundadora do Families and Work Institute, organização que se dedica a investigar temas ligados ao trabalho e à vida pessoal, coloca sua visão original: “As empresas têm de oferecer rampas de entrada e saída, que permitam aos funcionários fazer intervalos em sua carreira e voltar mais tarde, para o bem de todos. Os executivos devem poder passar da via expressa para a lenta, e vice-versa, dependendo do momento e de sua história pessoal”. A BestBuy, uma das maiores lojas de varejo na in- ternet, pegou um atalho que gerou dividendos. Em 2007, o presidente da companhia, Richard Schulze, enfrentou um problema de recursos humanos: os pro- fissionais mais jovens não pareciam interessados em permanecer na empresa. A prova estava no fato de que os que recebiam salário menor do que US$ 80 mil anuais não haviam aderido ao plano de previdência privada complementar oferecido ao pessoal para me- lhorar sua futura aposentadoria. (Esse tipo de plano se chama 401k. Algumas empresas também oferecem a seus funcionários a contribuição de um percentual do montante que eles destinam a sua conta 401k.) A maioria dos executivos da BestBuy pertence à geração do milênio. Schulze pensou em organizar um concurso de vídeos, no qual os jovens pudessem pôr em prática suas habilidades artísticas e tecnológicas para explicar os benefícios de permanecer na empresa até a aposentadoria, o que os levaria a interessar-se pelo plano. Ele não errou. Como resultado da campanha, a base de afiliados mais jovens aumentou de 18% para 47% em um ano. Oferecer bom equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal é um poderoso recurso para ancorar os talen- tos. De acordo com uma pesquisa realizada pela FedEx com 500 executivos de empresas norte-americanas, quase 50% deles afirmaram que, em 2009, buscarão melhorar esse equilíbrio. Os funcionários com idade entre 18 e 34 anos consideram mais importante alcançar essa harmonia (58%) do que os que têm entre 35 e 54 (46%) e os de mais de 55 (30%). Em 2005, a Lloyds TSB, ramo virtual do Lloyds Banking Group, realizou uma pesquisa similar com seus funcionários e descobriu que, para a maioria, equilibrar a vida profissional e a pessoal era ainda mais importante que obter melhorias salariais. Em um esforço conjunto
  • 7. HSM Management 74 maio-junho 2009 76 com sua equipe, o banco implantou um sistema flexível: trabalho em meio período, rotação de tarefas, turnos comprimidos, trabalho a distância e até uma combina- ção de todas essas opções. Assim como a LLoyds TSB, a PricewaterhouseCoo- pers, o T.G.I. Friday’s e a Ernst Young, as empresas que se aventurarem na busca do conhecimento profundo de sua força de trabalho e integrarem as diferenças à gestão provavelmente ficarão surpresas ao descobrir quão enriquecedora pode ser a diversidade na manu- tenção de sua juventude. A reportagem é de Florencia Lafuente, colaboradora de HSM Management. D ez anos atrás, quando eu era recém- -chegada ao mundo ponto.com e substituía executivos que tinham o dobro de minha idade, escutava as queixas dos baby-boomers a respeito de nosso comportamento, isto é, dos jovens da geração X: demandávamos projetos ex- citantes, uma estrutura organizacional com poucos níveis hierárquicos, um pouco de diversão durante o trabalho e muita autori- dade. Em troca, trabalhávamos duro, éramos rápidos, funcionávamos bem em equipe e tínhamos forte senso de propriedade. Eram os conflitos do choque de gerações no trabalho. Lembro-me de ter pensado: “Estou ganhando mais dinheiro do que meus colegas de 50 e, além disso, vou ao trabalho vestida como bem entendo”. Sentia compaixão por quem era incapaz de aprender sozinho a linguagem HTML. Agora, estou bebendo uma dose de minha própria suficiência. Muito mudou em uma década. Já não sou a jovem inteligente e promissora que trazia uma perspectiva nova e original aos negócios. Sou apenas outra integrante da geração X, bombardeada pelo extremo otimismo e pelo potencial da geração do milênio. (Nos Estados Unidos, os jovens não querem ser conhecidos como geração Y, por- que não lhes agrada ser associados a seus predecessores da geração X, e passaram a se chamar de “geração do milênio”.) Neil Howe, autor de Millennials Rising: the Next Great Generation (ed. Random House), explica que a desfaçatez e a con- fiança que demonstram os jovens nascidos na década de 1980 vêm da superproteção de seus pais e de terem crescido em tem- pos de economia próspera –esta é sua crise de estreia. À geração X, em troca, coube provar no início de sua vida profissional, que coincidiu com o início dos anos 90, um mercado de trabalho recessivo. Tenho um irmão que é 16 anos mais novo do que eu, típico representante dos Y: crê que sempre terá emprego, que sem- pre se divertirá e que o sucesso sempre o acompanhará. À luz da crise atual, pode ser que mude de opinião. De todo modo, trabalha tão duro quanto alguém de minha geração, mas carece de nosso cinismo. Outro jovem Y, de quem sou mentora, conquistou um excelente emprego nem bem saíra da universidade (como todos seus amigos). No entanto, demitiu-se e voltou a morar com os pais para poder dedicar-se à carreira de seus sonhos: a de ator. Durante um tempo, pensei que não era justo que a geração do milênio, que foi cria- da nas melhores circunstâncias históricas –o que fez com que seus integrantes se sentissem muito seguros de si em matéria de conquistas profissionais–, achasse difícil conviver harmonicamente com pessoas mais velhas no ambiente de trabalho. Sim- plesmente, eles me fazem sentir como uma típica representante da geração X que sou: cínica e um pouco esgotada. Mas agora, que reconheço que sentia inveja, vejo as coisas com mais clareza. Decidi adotar sua maneira de pensar. Voltei atrás no tempo, quando eu mesma era uma empreendedora cheia de sorte e me cansavam as queixas de meus colegas boomers. Por que não podiam aprender as coisas que eu aprendia sozinha? Programação web, design de interfaces, marketing viral... Lamentavam o declínio do valor de suas habilidades e se queixavam da velocidade com que se movia o novo mundo da internet. Por esse motivo, comecei a pensar como um membro da geração Y: serei otimista e segura, acreditarei ser capaz de fazer qualquer coisa, de fazer a diferença, de conseguir o que desejo. Afinal, aprender HTML não foi nada tão genial, porque acabou sendo o trabalho escravo da nova economia. Talvez eu me sinta melhor assim. Como uma executiva da geração X que tem uma pitada da juventude dos Y. Penelope Trunk, colunista do Boston Globe, é autora de Brazen Careerist (ed. Warner Books). Também dirige a BrazenCareerist.com, comuni- dade online para executivos da geração Y. © Featurewell Em vez de lamentar a atitude da geração mais jovem e a perda dos velhos valores corporativos, os executivos da geração X podem enriquecer-se com as habilidades dos Y, que os sucederão. Por Penelope Trunk Ventos de mudança