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Apontamentos sobre Práticas de Leitura na Educação Infantil
Cyntia Graziella Guizelim Simões Girotto1
Elieuza Aparecida de Lima2
Renata Junqueira de Souza3
Ana Maria Menin4
.
Resumo: Este trabalho é decorrência de pesquisas no oeste paulista, cuja intenção foi discutir a formação de
crianças leitoras desde a Educação Infantil em articulação com o Ensino Fundamental. Nas investigações,
teóricas e práticas empreendidas, foram encontrados dados pertinentes acerca do tempo dedicado à leitura, à
contação de histórias e às idas à biblioteca. Com base nos estudos da Escola de Vigotski e estudiosos
contemporâneos da área da leitura e literatura infantil seus dados são agora compartilhados. Partimos da
premissa de que o conceito de leitura e a prática da leitura literária pautadas em abordagens alternativas, como o
ensino das estratégias de leitura, no interior das escolas representam caminho privilegiado para a discussão de
um dos desafios docentes: a relação entre o que se entende por leitura e o tempo, as situações e os materiais
planejados e organizados para sua realização nos anos iniciais da infância. Neste texto, refletimos sobre como a
leitura é entendida e proposta na rotina de crianças. No conjunto das análises foi possível depreender que os
entendimentos de leitura dos professores fundamentam suas práticas e, mediante eles, os lugares que as situações
dedicadas à leitura ocupam na rotina pedagógica das crianças pequenas, configurando dicotomias entre a
proposição de práticas pedagógicas concretizadas na educação infantil e as expectativas em relação ao domínio
paulatino da leitura e da escrita postas a elas ao ingressarem no ensino fundamental.
Palavras-chave: Formação de Crianças Leitoras. Literatura Infantil. Estratégias de Leitura. Educação Infantil.
Introdução
Este texto traz parte de resultados de pesquisas ( LIMA, 2005; GIROTTO; SOUZA,
2009; 2010) concluídas por nós e uma nova investigação em andamento ( Projeto FAPESP
“Literatura e Primeira Infância: dois municípios em cena e o PNBE [Programa Nacional de
Biblioteca na Escola] na formação de crianças leitoras”), por meio das quais refletimos
1
Cyntia Graziella Guizelim Simões Girotto. Pedagoga pela Faculdade de Filosofia e Ciências (F.F.C.) – UNESP
– Marília – SP(Brasil), Mestre pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Doutora pela F.F.C. –
UNESP – Marília. É professora Assistente junto ao Departamento de Didática – UNESP – Marília, onde integra
o Programa de Pós-Graduação em Educação, atua na co-liderança do Grupo de Pesquisa: Processos de leitura e
escrita-apropriação e objetivação; bem como é membro do Grupo de Pesquisa: Implicações Pedagógicas da
Teoria Histórico Cultural. Av. Hygino Muzzi Filho, 737. C.E.P 17525-900. Fone: 14/34021327. Fax:
14/34021340. Marilia (SP) Brasil cyntia@marilia.unesp.br
2
Elieuza Aparecida de Lima. Pedagoga, mestre e doutora pela Faculdade de Filosofia e Ciências UNESP –
Marília - SP. É professora Assistente junto ao Departamento de Didática – F.F.C. - UNESP – Marília. Av.
Hygino Muzzi Filho, 737. C.E.P 17525-900. Marilia (SP) Brasil. aelislima@ig.com.br
3
Renata Junqueira de Souza. Graduada em Letras pelo IBILCE – UNESP – São José do Rio Preto – SP, Mestre
pela PUC-RS. Doutora pela FCL – UNESP – Assis – SP. Pós-doutora pela University of British Columbia e Pós-
doutora pela Ohio State University. É professora Assistente Doutora junto ao Departamento de Educação – FCT
– UNESP – Presidente Prudente, onde integra o Programa de Pós Graduação; lidera o Grupo de Pesquisa:
Formação de Professores e as relações entre as práticas educativas em leitura, literatura e avaliação do texto
literário” e coordena o Centro de Estudos em Leitura e Literatura Infantil e Juvenil “Maria Betty Coelho Silva”
UNESP – Faculdade de Tecnologia e Ciências – Dep. de Educação. Rua Roberto Simonsen, 305 CEP19060-900.
Presidente Prudente (SP) Brasil. recellij@gmail.com
4
É professora Assistente Doutora junto ao Departamento de Educação – FCT – UNESP – Presidente Prudente,
onde integra o Programa de Pós Graduação; Dep. de Educação. Rua Roberto Simonsen, 305 CEP19060-900.
Presidente Prudente (SP) Brasil.
sobre a formação de leitores na Educação Infantil e as implicações para o Ensino
Fundamental. Nesta oportunidade, nossa discussão se dirige a uma análise, dentre outras
possíveis, sobre como a leitura é entendida e proposta na programação diária e semanal de
uma instituição pública de Educação Infantil e seus (des)encontros com os pressupostos
teóricos de diferentes estudiosos (GERALDI, 1984; SMOLKA, 1989; FOUCAMBERT,
1994; JOLIBERT, 1994; VYGOYSKI, 1995; VIGOTSKI, 2000; COSTA, 2007).
Movidas pela compreensão que a leitura é atividade por meio da qual a criança atribui
sentidos a mensagens comunicadas pelo autor/escritor, com impactos decisivos para sua
formação humana, com base nas situações de leitura apresentadas e discutidas, buscamos
significá-las a partir dos estudos sobre estratégias de leitura.
Os dados apresentados e discutidos advêm de sessões de observação e conversas com
as crianças e professore(a)s, bem como de estudos de documentos tais como as grades de
programação semanal das propostas pedagógicas planejadas para crianças entre três e seis
anos de idade. Organizados em situações descritivas da prática pedagógica observada,
destacamos dados reveladores do cotidiano de uma instituição pública de educação infantil e
seus impactos para a formação de leitore(a)s.
Teoria e Prática: (Des)Encontros
Com base nessa compreensão de que os entendimentos sobre criança, espaço,
materiais, leitura, literatura infantil, papel do professor, por exemplo, condicionam as
situações educativas de leitura no cotidiano escolar, apresentamos um panorama breve da
organização da escola investigada.
Todas as turmas pesquisadas se revezam em sistema de rodízio na ocupação da sala,
refeitório, sala de vídeo, quadra, parque, quiosque, caramanchão. As grades de distribuição
dos rodízios e as observações das práticas pedagógicas revelam prevalência de uso de um dos
espaços em detrimento dos outros, a partir do tempo estimado para a permanência em sala de
aula. O tempo revelado pelo total de horas em que as crianças permanecem na sala de aula
explicita essa prevalência.
Em relação à explicitação das atividades realizadas nos espaços apontados no roteiro
semanal de cada turma, um dado remete à reflexão: há a proposição de meia hora de “leitura
de livros” (constante no roteiro das crianças de três anos) e “músicas” (constante na
programação das crianças de seis anos). Fora isso, os quadros de trabalhos designam a
permanência diária na sala e outros espaços para realizações de ações educativas voltadas,
principalmente, para exercícios relacionados à escrita.
Embora apenas a explicitação das atividades num quadro de atividades não garanta
diferentes formas de expressão infantis (uma vez que isso implicaria a inserção da criança
como sujeito ativo nas suas vivências e, também, o modo como essas atividades são
apresentadas e desenvolvidas, bem como o papel mediador assumido pelo professor), ela pode
prever momentos para a atividade lúdica, as artes, os relacionamentos, os jogos de regras e de
movimento, as leituras e idas à biblioteca.
A partir dessa breve contextualização, discutimos duas propostas de leitura, denotando
desencontros entre a teoria anunciada sobre a leitura como atividade de compreensão de
significados e a prática concretizada na instituição de educação infantil pesquisada.
Cerca de sete crianças terminam um exercício (trata-se de uma folha mimeografada
onde as crianças escreveriam “brincos”, copiando da lousa e desenhariam brincos
[“Só dois!”]), conforme solicita a professora e depois escrevem várias vezes o
próprio nome em outra folha mimeografada. Ao mesmo tempo em que isso
acontece, outras crianças lêem, várias vezes, o alfabeto escrito na parede a pedido da
professora.
Enquanto as crianças fazem essas tarefas, a professora abre o armário, pega algumas
pastas e senta-se à mesa para folheá-las. De tempos em tempos, ela solicita o
silêncio das crianças. (LIMA, 2005, p. 120).
A situação pedagógica apresentada evidencia que, ao invés de provocar interações
entre as crianças e criar situações de comunicação entre elas e seus pares e delas com o adulto
presente, a professora exige o silêncio e a execução das tarefas por meio de ações
desconectadas de sentido o que as tornam enfadonhas e mecanizadas. As crianças são
chamadas a “ler” várias vezes o alfabeto anexado à parede. Não se trata da leitura como uma
atividade do sujeito, mas como ato de decodificação de letras. É mais uma tarefa sem
envolvimento da maior parte das crianças. Desse contexto, são possíveis inferências
especialmente relativas às oportunidades de aprendizagem oferecidas às crianças
aparentemente mais restritivas do que motivadoras de atividades de leitura e de
relacionamentos das crianças com seus pares.
O papel da leitura no desenvolvimento pleno da pessoa é foco de diferentes pesquisas,
dentre as quais destacamos Vigotski (2000), que, já no início do século passado, centralizava
sua atenção ao problema da relação entre linguagem e pensamento. Para o pesquisador russo,
a capacidade de leitura é uma função psíquica superior especificamente humana, originada na
apropriação de signos lingüísticos atuantes na formação e desenvolvimento da memória
voluntária, da atenção voluntária, da imaginação, do pensamento abstrato. Ao se apropriar de
signos lingüísticos e de seu uso efetivo, a criança internaliza um processo originariamente
social e, pelo seu uso cada vez mais consciente, tem a possibilidade de domínio paulatino de
seus modos de pensar, de se relacionar e atuar no mundo.
Nesse sentido, tarefas como “leitura do alfabeto” afastam a criança de uma efetiva
apropriação da capacidade de leitura, restringindo essa atividade à oralização, à decodificação
de letras, sílabas e palavras. Autores como Geraldi (1984), Smolka (1989), Foucambert
(1994), Jolibert (1994), Vygotski (1995) e Girotto e Souza (2010) concordam: para a efetiva
apropriação da capacidade de leitura é essencial compreende-la como ato humano
culturalmente constituído e cuja função é socialmente engajada. O sujeito lê para lembrar-se,
tomar conhecimento de fatos e acontecimentos, obter informações, assim como para
satisfação de curiosidades e questionamentos, diversão, dentre outros motivos de leitura
socialmente constituídos (LIMA, 2005).
Desse modo, nas escolas, em lugar de tarefas desconectadas de sentido, as situações de
leitura deveriam se pautar na prática social constituída pelo entendimento do por que, do
como, do quando, do para que se lê. Para sua efetivação e apropriação, a leitura assumiria,
assim, significação em si mesma como atividade, sem fins escolares únicos tais como
realização de trabalhos ou a aprendizagem de determinados conteúdos escolares.
Para Vygotski (1995), no processo de aprendizagem da leitura, a criança deveria sentir
a necessidade de ler, provocada pela necessidade vital de apropriação de uma nova e
complexa forma de linguagem. Mediante a leitura, a criança teria (e tem) a possibilidade de
apropriação de palavras, de mensagens comunicadas por outras pessoas por meio do texto,
atribuindo-lhes sentido, ampliando referências e aperfeiçoando seu pensamento e outras
capacidades especificamente humanas.
Reafirmamos, assim, a leitura possui papel relevante para o processo de formação do
pensamento verbal e abstrato, porque, por meio dela, há apropriação de novos significados
mediadores de uma compreensão mais elaborada da realidade. Essa atividade implica análise
por parte do sujeito, isto é, busca de estabelecimento de diálogo indireto com o autor,
mediado pela palavra escrita. A aprendizagem da leitura exige, sob essa ótica, mediação
pedagógica e requer do professor conhecimento teórico acerca das regularidades do
desenvolvimento humano, bem como constituir-se modelo de conduta de leitor efetivo com
domínio de estratégias de leitura – processo a ser iniciado desde a Educação Infantil.
Assim como Vygotski (1995), Foucambert (1994) compreende que o processo de
alfabetização, marcado pela decifração do código alfabético por meio de letras, sílabas e
palavras isoladas e pela oralização, tão comum em situações educativas sistematizadas, afasta
a criança da apropriação de uma efetiva capacidade de leitura.
Na sala, as crianças realizam um exercício numa folha mimeografada em que há
uma poesia. A professora pergunta às crianças se elas entenderam o texto. Elas
respondem que não. A professora então se detém no título do texto, questionando se
alguém sabe o que está escrito ali. Algumas crianças respondem e a professora passa
a ler para o grupo o restante do texto.
Terminada a leitura, ela pergunta novamente se as crianças compreenderam o texto.
Novamente, a maioria das crianças responde que não.
“Como não?”, questiona a professora.
“Então vou ler de novo”, diz ela, para isso utiliza a lousa para explicar o texto
perguntando quais bichos aparecem no texto.
“Elefante, rato, gato...” – respondem algumas crianças.
“Isso mesmo”, confirma a professora. E completa dizendo: “E outra palavra é
Elegante, porque se tira o “F” do elefante e coloca o “G”, fica ELEGANTE, não é”?.
A seguir, ela pede às crianças que procurem essas palavras no texto.
A professora solicita que as crianças escrevam o nome e a data na folha, mas cerca
de quinze crianças dizem que ainda não encontraram as palavras, mas a professora
as ignora. Ela dirige-se à turma perguntando se alguém sabia que dia era. Ninguém
responde. Ela diz às crianças: “Bom, estivemos aqui dia 14, dia 15 foi feriado,
depois veio Sábado, Domingo e hoje é...”
“Segunda-feira, tia!”, afirma uma criança.
“Muito bem!”, aprova a professora. E continua: “Então 15 mais três é 18! Hoje é
dia 18/11/2002”.
Na seqüência, uma criança pergunta o porquê do 11, e ela tenta explicar que o “11”
indica o mês (novembro), contando nos dedos os meses.
Após essa explicação, um menino diz não ter entendido e que não sabe o que é para
escrever. Sem obter auxílio da professora, ele senta-se perto de um colega e começa
a copiar as respostas dele. Excetuando sete crianças que fizeram praticamente
sozinhas os exercícios, a maior parte delas copia da lousa a resolução dos exercícios
[...]. (LIMA, 2005, p. 131).
Em lugar de uma ação mediadora e criadora de mediações entre a criança e a cultura
elaborada, com base na capacidade de aprendizagem infantil e no lugar ativo da criança nas
propostas pedagógicas, na situação apresentada, a professora controla o processo de execução
da experiência realizada. Ela distribui folhas mimeografadas e direciona a resolução de
exercícios referentes a uma poesia: encontrar as palavras elefante, gato, rato e elegante. Esse
modo de condução da experiência restringe a possibilidade de engajamento na leitura da
poesia. Com isso, a formulação de hipóteses sobre o texto fica prejudicada e, aparentemente, a
maior parte das crianças assume a atitude passiva frente à situação educativa proposta.
Algumas crianças respondem aos questionamentos da professora, mas o restante delas copia
palavras da lousa ou do colega mais próximo.
Dessa maneira, o modo como o texto é trabalhado na situação apresentada não
possibilita, à maioria das crianças, a atribuição de sentido a ele, porque a situação não exige
delas atitudes ativas no que concerne ao estabelecimento de hipóteses, questionamentos e
compreensões sobre a poesia. Assim, a experiência de leitura fica prejudicada ao ser separada
da sua função social, bem como a escrita resumida, na situação descrita, à grafia, à
codificação de palavras.
A literatura infantil tem um papel único na formação da criança que a vivencia, por
exemplo, quando ouve a leitura de textos (poemas, contos, parlendas, cantigas de roda, dentre
outros), realizando mecanismos de leitura, ainda que não os domine. Diferentes estudos
demonstram que as crianças não “alfabetizadas” são capazes de estarem ativas nos processos
de leitura e de escrita, ao escutar uma história, ao ver seu texto oral se tornando escrito, ao
associar e desvendar as palavras lidas por outros e interpretadas por elas (LIMA, 2005). Nessa
perspectiva, é fundamental destacar que a literatura infantil, em contexto educativo
sistematizado, pode tornar-se instrumento pedagógico essencial no processo de alfabetização
inicial e continuado, uma vez que abre caminhos para a aprendizagem de qualidades mentais
fundamentais ao processo de humanização das crianças, contribuindo, portanto, para a
formação de níveis elevados de consciência e de domínio da conduta,
Para esse fim, voltamo-nos com especial atenção para o estudo de alternativas
metodológicas fundamentadas na ideia que todos os envolvidos na educação infantil e no
ensino fundamental devem ter lugar ativo nas realizações pedagógicas. Imbuídas dessa
intenção, organizamos o projeto Ler, contar e encantar crianças na Biblioteca Escolar
(GIROTO; SOUZA, 2009) e As oficinas de leitura (GIROTTO; SOUZA, 2010).
O projeto Ler, contar e encantar crianças na Biblioteca Escolar (GIROTO; SOUZA,
2009) envolve situações de recepção, contação da história, trabalho com as diferentes
linguagens, baú de histórias e a partilha em grupo e avaliação.
A recepção é o momento de acolhimento das crianças ao ambiente da Biblioteca
Escolar (BE), pode-se recepcioná-las de diversas formas (com uma música, por exemplo),
sendo todas integradas à história eleita para o momento da contação. Na contação da história,
as histórias podem ser contadas ou lidas e cada uma delas pode ser desenvolvida a partir de
recursos diversos: simples narrativa, com o uso do livro, com gravuras, com dramatização,
teatro de bonecos, teatro de sombras, fantoches de vara, papel, tecido, etc, caixa surpresa,
dedoches.
No trabalho com as diferentes linguagens, a partir das histórias lidas ou contadas,
surgem relatos orais e escritos dos mediadores e das crianças; desenhos; dramatização;
modelagens, dobraduras e recortes; brincadeiras; construção de maquetes; pinturas. Os
resultados dessas atividades podem ser apresentados na festa da biblioteca ou da festa da
leitura; ou ainda nos jornais murais das turmas ou da escola; podem fazer parte de álbuns
temáticos, ou livros da vida; ainda podem ser endereçados, por meio da correspondência
escolar a crianças de outras cidades, estados ou países, criando novas interlocuções, inclusive
de histórias da literatura e da cultura oral (FREINET, 1974).
A proposta enfatiza que o baú de histórias se constitua no tesouro literário da turma;
transportar em grupo o baú com o tesouro literário que as crianças têm (re)descoberto na BE é
ritual e uma metáfora importante a quem está tão presente no mundo do faz-de-conta. Assim,
a criança expande os momentos de uma possibilidade iniciada na BE de lidar sozinha ou em
duplas e grupos com o livro literário, ainda que seja com o pequeno acervo do baú.
Em relação à avaliação, ao observar e ouvir as crianças, escutando-as com todos os
seus sentidos, o professor bibliotecário em parceria com o professor da turma têm
instrumentos fundamentais para a escolha das histórias e para a otimização das atividades com
elas, realizando um processo avaliativo, possibilitando, inclusive, para os maiores, o
julgamento de valor sobre o Ler, contar e encantar na biblioteca com a integração BE – sala
de aula – pais. Em particular, com o uso da técnica de jornal de parede (FREINET, 1974)
pode-se revisitar, rever, refletir sobre a utilidade dessa proposta, a recepção dos alunos/pais, a
continuidade ou não dessa prática, as expectativas atendidas, os objetivos alcançados, as
implicações pedagógicas e sociais.
Em relação às Oficinas de leitura, trata-se de espaços-momentos de aprendizagem
também dirigidos ao letramento literário, o qual é diferente dos outros tipos de letramento
porque a literatura ocupa um lugar único em relação à linguagem. Cabe à literatura “tornar o
mundo compreensível transformando a sua materialidade em palavras de cores, odores,
sabores e formas intensamente humanas” (COSSON, 2006, p. 17).
É por entender essa singularidade que se define o letramento literário como “o
processo de apropriação da literatura como construção literária de sentidos” (PAULINO;
COSSON, 2009, p. 67). Por outro lado, não é apenas um saber que se adquire sobre a
literatura ou os textos literários, mas sim uma experiência de dar sentido ao mundo por meio
de palavras que falam de palavras, transcendendo os limites de tempo e espaço. Além disso, o
letramento feito com textos literários proporciona um modo privilegiado de inserção no
mundo da escrita, posto que conduz ao domínio da palavra a partir dela mesma. Por isso
mesmo, o letramento literário precisa da escola para se concretizar, porque demanda um
processo educativo específico que a mera prática espontânea de leitura de textos literários não
consegue sozinha efetivar.
Assim, a partir do texto escolhido, o professor pode trabalhar com as Oficinas de
leitura – momentos específicos em que o docente planeja o ensino de estratégias de leitura
(GIROTTO; SOUZA, 2010). Nas oficinas, o professor começa lendo em voz alta e mostrando
como leitores pensam enquanto leem, para, posteriormente, organizar práticas colaborativas
de leitura entre as crianças, discutindo diversos textos literários e levando-as a aprender a
questionar tais textos a fim de compreendê-los, atribuindo sentidos ao que lêem. Com os
pequeninhos como os bebês, o conjunto de atividades literárias deve respeitar as
especificidades desse momento da infância.
Segundo Harvey e Goudvis (2007), quando lemos os pensamentos preenchem nossa
mente. Nesses momentos, fazemos, por exemplo, conexões com o que já conhecemos e/ou
ainda inferimos o que vai acontecer na história. Assim, tornar visível o invisível, isto é, fazer
com que as crianças percebam o que vem em mente quando lêem, é função do professor.
Nesse processo, o professor promove o contato das crianças com gestos e modos de ler que
fazem ampliar as histórias de leitura delas, contribuindo para a própria história de formação
de leitor de cada uma das crianças. A ideia é a de que, desde a mais tenra idade, é possível
criar situações capazes de gerar aprendizado e desenvolvimento da leitura literária em um
letramento ativo.
Encontramos em Foucambert (1994), a reafirmação de nossas proposições, na medida
em que para esse autor, o leitor real possui capacidade de estabelecimento de comunicação
com o outro e de compreensão de relações entre os fatos, a partir das linguagens oral e escrita.
Na formação do leitor efetivo, torna-se essencial desconexão da leitura e da escrita da
memorização do código e sua transposição para a oralidade, dirigindo-se o ensino para a
mediação de situações de aprendizagem de estratégias de compreensão da escrita e sua função
social.
Com esse propósito, a instituição educativa assumiria sua função no desenvolvimento
humano ao se tornar lugar de ampliação das experiências infantis, pela expansão do acesso
das crianças à cultura elaborada. Na educação infantil, essa função se efetivaria, por exemplo,
na proposição de trabalhos de atividade literária em que os livros se tornariam “brinquedos”
dirigidos ao letramento literário e/ou com poesias como possibilidade de as crianças
brincarem com as palavras no mesmo processo em que ampliam suas referências de mundo.
Para Foucambert (1994), Jolibert (1994), Girotto e Souza (2010), a criança aprende a
ler lendo textos, que, embora ainda não saiba lê-los, sente necessidade da leitura. Nesse
sentido, leitura se configura como atividade de procura de respostas às perguntas que as
pessoas se fazem, com suposição de encontrarem respostas nos textos. Ler significa, assim,
mobilização de conhecimentos relacionados à pergunta elaborada e suas possíveis respostas,
sobre o funcionamento da escrita com a finalidade de redução de espaços entre o que se sabe
e o que ainda é incompreensível.
Em síntese, para os diferentes autores apresentados, a ênfase na alfabetização (o
ensino sistematizado da leitura e da escrita) tem tomado o lugar do trabalho de leiturização e
do letramento na educação infantil e no ensino fundamental. Desse processo resulta a
formação de pessoas afastadas da capacidade de serem leitoras efetivas: embora
“alfabetizadas”, elas não se tornam leitoras e escritoras efetivas, pela própria falta de
familiaridade com o texto e com estratégias de leitura por intermédio da mediação pedagógica
dirigida a esse propósito. O conhecimento do alfabeto e a capacidade de codificação e de
decodificação não significam capacidade de comunicação, diálogo e interação por meio de um
texto.
Considerações Finais
As discussões anteriores são denotativas, de um lado, de propostas pedagógicas que,
pelos seus fundamentos e expressões, não constituem a educação infantil como momento de
ampliação de necessidades de conhecimento na infância, especialmente referentes à
apropriação da leitura. De outro, anunciam a possibilidade de mediações docentes
intencionais dirigidas para que, desde a mais tenra infância, a criança possa se apropriar de
estratégias de leitura.
Se as experiências de leitura descritas e analisadas possibilitam o entendimento que,
ao aprender a ser espectadora, a criança insere-se pouco a pouco na lógica da eficiência e da
padronização do mundo industrializado e globalizado, apropriando-se de habilidades
correspondentes às expectativas do momento histórico de desenvolvimento do capitalismo,
compreendemos que, em lugar disso, na mediação pedagógica em relação à aprendizagem da
leitura, o professor possibilitaria à criança a participação ativa em atividades com textos
significativos e de uso real, para favorecimento da formação e aperfeiçoamento da capacidade
de questionamento e compreensão do texto como forma de comunicação entre autor e leitor.
Nesse contexto, a leitura se constituiria para a criança em uma atividade, como
instrumento para a apropriação de outros conhecimentos, a partir da compreensão dos motivos
sociais da leitura e da escrita. Assim entendida, a escola – desde a Educação Infantil –
favoreceria a criação do interesse pela leitura e mediante a atuação intencional do professor e
seu papel mediador possibilitaria o domínio de um instrumento essencial para a apropriação
dos bens culturais e para a formação de sua inteligência e personalidade infantis. Isso se
tornaria possível, por meio de práticas de leitura pautadas nos usos sociais da linguagem
escrita e na atuação efetiva da criança como leitora, ainda que ainda não leia e não escreva.
Nesse processo, o professor assumiria a função de criador de mediações dos contatos com a
escrita e de modelo de leitor efetivo e mais experiente na aprendizagem de estratégias de
leitura.
Referências
COSSON, R. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.
COSTA, E. A. P. da. O primeiro leitor e a formação das profissionais da educação infantil. In:
FARIA, A. L. G. de; MELLO, S. A. (Orgs.). Territórios da infância: linguagens, tempos e
relações para uma pedagogia para as crianças pequenas. Araraquara, SP: Junqueria&Marin,
2007. p. 45-56.
FOUCAMBERT, J. A leitura em questão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
GERALDI, J. W. (Org.). O texto na sala de aula: leitura e produção. Cascavel, PR: Assoeste,
1984.
FREINET, C. As Técnicas Freinet da Escola Moderna. Lisboa: Editorial Estampa Ltda.,
1974.
GIROTTO, C. G. G. S.; SOUZA, R. J. de. A hora do conto na biblioteca escolar: o diálogo
entre a leitura literária e outras linguagens In: SOUZA, R. (O.) Biblioteca escolar e práticas
educativas: o mediador em formação. Campinas: Mercado de Letras, 2009.
______. Estratégias de leitura: para ensinar alunos a compreenderem o que lêem. In: SOUZA,
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HARVEY, S.; GOUDVIS, A. Strategies that work. Teaching comprehension for
undderstanding and engagement. USA: Stenhouse Publishers & Pembroke Publishers, 2007.
JOLIBERT, J. (coord.). Formando Crianças Leitoras. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
LIMA, E. A. Infância e teoria histórico-cultural: (des) encontros da teoria e da prática. 2005,
Tese (Doutorado em Ensino na Educação Brasileira). Faculdade de Filosofia e Ciências,
UNESP, Marília, 2005.
PAULINO, G.; COSSON, R.. Letramento literário: para viver a literatura dentro e fora da
escola. In: ZILBERMAN, R.; RÖSING, T. (Orgs.). Escola e leitura: velha crise; novas
alternativas. São Paulo: Global, 2009.
SMOLKA, A. L. B. A atividade de leitura e o desenvolvimento das crianças: considerações
sobre a formação de sujeitos leitores. In: ______. et al. Leitura e desenvolvimento da
Linguagem. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1989.
VIGOTSKI, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes,
2000.
VYGOTSKI, L. S. Problemas del desarollo de la psique. Obras Escogidas, Vol. III. Madrid:
Visor, 1995.

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Apontamentos sobre Práticas de Leitura na Educação Infantil

  • 1. Apontamentos sobre Práticas de Leitura na Educação Infantil Cyntia Graziella Guizelim Simões Girotto1 Elieuza Aparecida de Lima2 Renata Junqueira de Souza3 Ana Maria Menin4 . Resumo: Este trabalho é decorrência de pesquisas no oeste paulista, cuja intenção foi discutir a formação de crianças leitoras desde a Educação Infantil em articulação com o Ensino Fundamental. Nas investigações, teóricas e práticas empreendidas, foram encontrados dados pertinentes acerca do tempo dedicado à leitura, à contação de histórias e às idas à biblioteca. Com base nos estudos da Escola de Vigotski e estudiosos contemporâneos da área da leitura e literatura infantil seus dados são agora compartilhados. Partimos da premissa de que o conceito de leitura e a prática da leitura literária pautadas em abordagens alternativas, como o ensino das estratégias de leitura, no interior das escolas representam caminho privilegiado para a discussão de um dos desafios docentes: a relação entre o que se entende por leitura e o tempo, as situações e os materiais planejados e organizados para sua realização nos anos iniciais da infância. Neste texto, refletimos sobre como a leitura é entendida e proposta na rotina de crianças. No conjunto das análises foi possível depreender que os entendimentos de leitura dos professores fundamentam suas práticas e, mediante eles, os lugares que as situações dedicadas à leitura ocupam na rotina pedagógica das crianças pequenas, configurando dicotomias entre a proposição de práticas pedagógicas concretizadas na educação infantil e as expectativas em relação ao domínio paulatino da leitura e da escrita postas a elas ao ingressarem no ensino fundamental. Palavras-chave: Formação de Crianças Leitoras. Literatura Infantil. Estratégias de Leitura. Educação Infantil. Introdução Este texto traz parte de resultados de pesquisas ( LIMA, 2005; GIROTTO; SOUZA, 2009; 2010) concluídas por nós e uma nova investigação em andamento ( Projeto FAPESP “Literatura e Primeira Infância: dois municípios em cena e o PNBE [Programa Nacional de Biblioteca na Escola] na formação de crianças leitoras”), por meio das quais refletimos 1 Cyntia Graziella Guizelim Simões Girotto. Pedagoga pela Faculdade de Filosofia e Ciências (F.F.C.) – UNESP – Marília – SP(Brasil), Mestre pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Doutora pela F.F.C. – UNESP – Marília. É professora Assistente junto ao Departamento de Didática – UNESP – Marília, onde integra o Programa de Pós-Graduação em Educação, atua na co-liderança do Grupo de Pesquisa: Processos de leitura e escrita-apropriação e objetivação; bem como é membro do Grupo de Pesquisa: Implicações Pedagógicas da Teoria Histórico Cultural. Av. Hygino Muzzi Filho, 737. C.E.P 17525-900. Fone: 14/34021327. Fax: 14/34021340. Marilia (SP) Brasil cyntia@marilia.unesp.br 2 Elieuza Aparecida de Lima. Pedagoga, mestre e doutora pela Faculdade de Filosofia e Ciências UNESP – Marília - SP. É professora Assistente junto ao Departamento de Didática – F.F.C. - UNESP – Marília. Av. Hygino Muzzi Filho, 737. C.E.P 17525-900. Marilia (SP) Brasil. aelislima@ig.com.br 3 Renata Junqueira de Souza. Graduada em Letras pelo IBILCE – UNESP – São José do Rio Preto – SP, Mestre pela PUC-RS. Doutora pela FCL – UNESP – Assis – SP. Pós-doutora pela University of British Columbia e Pós- doutora pela Ohio State University. É professora Assistente Doutora junto ao Departamento de Educação – FCT – UNESP – Presidente Prudente, onde integra o Programa de Pós Graduação; lidera o Grupo de Pesquisa: Formação de Professores e as relações entre as práticas educativas em leitura, literatura e avaliação do texto literário” e coordena o Centro de Estudos em Leitura e Literatura Infantil e Juvenil “Maria Betty Coelho Silva” UNESP – Faculdade de Tecnologia e Ciências – Dep. de Educação. Rua Roberto Simonsen, 305 CEP19060-900. Presidente Prudente (SP) Brasil. recellij@gmail.com 4 É professora Assistente Doutora junto ao Departamento de Educação – FCT – UNESP – Presidente Prudente, onde integra o Programa de Pós Graduação; Dep. de Educação. Rua Roberto Simonsen, 305 CEP19060-900. Presidente Prudente (SP) Brasil.
  • 2. sobre a formação de leitores na Educação Infantil e as implicações para o Ensino Fundamental. Nesta oportunidade, nossa discussão se dirige a uma análise, dentre outras possíveis, sobre como a leitura é entendida e proposta na programação diária e semanal de uma instituição pública de Educação Infantil e seus (des)encontros com os pressupostos teóricos de diferentes estudiosos (GERALDI, 1984; SMOLKA, 1989; FOUCAMBERT, 1994; JOLIBERT, 1994; VYGOYSKI, 1995; VIGOTSKI, 2000; COSTA, 2007). Movidas pela compreensão que a leitura é atividade por meio da qual a criança atribui sentidos a mensagens comunicadas pelo autor/escritor, com impactos decisivos para sua formação humana, com base nas situações de leitura apresentadas e discutidas, buscamos significá-las a partir dos estudos sobre estratégias de leitura. Os dados apresentados e discutidos advêm de sessões de observação e conversas com as crianças e professore(a)s, bem como de estudos de documentos tais como as grades de programação semanal das propostas pedagógicas planejadas para crianças entre três e seis anos de idade. Organizados em situações descritivas da prática pedagógica observada, destacamos dados reveladores do cotidiano de uma instituição pública de educação infantil e seus impactos para a formação de leitore(a)s. Teoria e Prática: (Des)Encontros Com base nessa compreensão de que os entendimentos sobre criança, espaço, materiais, leitura, literatura infantil, papel do professor, por exemplo, condicionam as situações educativas de leitura no cotidiano escolar, apresentamos um panorama breve da organização da escola investigada. Todas as turmas pesquisadas se revezam em sistema de rodízio na ocupação da sala, refeitório, sala de vídeo, quadra, parque, quiosque, caramanchão. As grades de distribuição dos rodízios e as observações das práticas pedagógicas revelam prevalência de uso de um dos espaços em detrimento dos outros, a partir do tempo estimado para a permanência em sala de aula. O tempo revelado pelo total de horas em que as crianças permanecem na sala de aula explicita essa prevalência. Em relação à explicitação das atividades realizadas nos espaços apontados no roteiro semanal de cada turma, um dado remete à reflexão: há a proposição de meia hora de “leitura de livros” (constante no roteiro das crianças de três anos) e “músicas” (constante na programação das crianças de seis anos). Fora isso, os quadros de trabalhos designam a permanência diária na sala e outros espaços para realizações de ações educativas voltadas, principalmente, para exercícios relacionados à escrita.
  • 3. Embora apenas a explicitação das atividades num quadro de atividades não garanta diferentes formas de expressão infantis (uma vez que isso implicaria a inserção da criança como sujeito ativo nas suas vivências e, também, o modo como essas atividades são apresentadas e desenvolvidas, bem como o papel mediador assumido pelo professor), ela pode prever momentos para a atividade lúdica, as artes, os relacionamentos, os jogos de regras e de movimento, as leituras e idas à biblioteca. A partir dessa breve contextualização, discutimos duas propostas de leitura, denotando desencontros entre a teoria anunciada sobre a leitura como atividade de compreensão de significados e a prática concretizada na instituição de educação infantil pesquisada. Cerca de sete crianças terminam um exercício (trata-se de uma folha mimeografada onde as crianças escreveriam “brincos”, copiando da lousa e desenhariam brincos [“Só dois!”]), conforme solicita a professora e depois escrevem várias vezes o próprio nome em outra folha mimeografada. Ao mesmo tempo em que isso acontece, outras crianças lêem, várias vezes, o alfabeto escrito na parede a pedido da professora. Enquanto as crianças fazem essas tarefas, a professora abre o armário, pega algumas pastas e senta-se à mesa para folheá-las. De tempos em tempos, ela solicita o silêncio das crianças. (LIMA, 2005, p. 120). A situação pedagógica apresentada evidencia que, ao invés de provocar interações entre as crianças e criar situações de comunicação entre elas e seus pares e delas com o adulto presente, a professora exige o silêncio e a execução das tarefas por meio de ações desconectadas de sentido o que as tornam enfadonhas e mecanizadas. As crianças são chamadas a “ler” várias vezes o alfabeto anexado à parede. Não se trata da leitura como uma atividade do sujeito, mas como ato de decodificação de letras. É mais uma tarefa sem envolvimento da maior parte das crianças. Desse contexto, são possíveis inferências especialmente relativas às oportunidades de aprendizagem oferecidas às crianças aparentemente mais restritivas do que motivadoras de atividades de leitura e de relacionamentos das crianças com seus pares. O papel da leitura no desenvolvimento pleno da pessoa é foco de diferentes pesquisas, dentre as quais destacamos Vigotski (2000), que, já no início do século passado, centralizava sua atenção ao problema da relação entre linguagem e pensamento. Para o pesquisador russo, a capacidade de leitura é uma função psíquica superior especificamente humana, originada na apropriação de signos lingüísticos atuantes na formação e desenvolvimento da memória voluntária, da atenção voluntária, da imaginação, do pensamento abstrato. Ao se apropriar de signos lingüísticos e de seu uso efetivo, a criança internaliza um processo originariamente social e, pelo seu uso cada vez mais consciente, tem a possibilidade de domínio paulatino de seus modos de pensar, de se relacionar e atuar no mundo.
  • 4. Nesse sentido, tarefas como “leitura do alfabeto” afastam a criança de uma efetiva apropriação da capacidade de leitura, restringindo essa atividade à oralização, à decodificação de letras, sílabas e palavras. Autores como Geraldi (1984), Smolka (1989), Foucambert (1994), Jolibert (1994), Vygotski (1995) e Girotto e Souza (2010) concordam: para a efetiva apropriação da capacidade de leitura é essencial compreende-la como ato humano culturalmente constituído e cuja função é socialmente engajada. O sujeito lê para lembrar-se, tomar conhecimento de fatos e acontecimentos, obter informações, assim como para satisfação de curiosidades e questionamentos, diversão, dentre outros motivos de leitura socialmente constituídos (LIMA, 2005). Desse modo, nas escolas, em lugar de tarefas desconectadas de sentido, as situações de leitura deveriam se pautar na prática social constituída pelo entendimento do por que, do como, do quando, do para que se lê. Para sua efetivação e apropriação, a leitura assumiria, assim, significação em si mesma como atividade, sem fins escolares únicos tais como realização de trabalhos ou a aprendizagem de determinados conteúdos escolares. Para Vygotski (1995), no processo de aprendizagem da leitura, a criança deveria sentir a necessidade de ler, provocada pela necessidade vital de apropriação de uma nova e complexa forma de linguagem. Mediante a leitura, a criança teria (e tem) a possibilidade de apropriação de palavras, de mensagens comunicadas por outras pessoas por meio do texto, atribuindo-lhes sentido, ampliando referências e aperfeiçoando seu pensamento e outras capacidades especificamente humanas. Reafirmamos, assim, a leitura possui papel relevante para o processo de formação do pensamento verbal e abstrato, porque, por meio dela, há apropriação de novos significados mediadores de uma compreensão mais elaborada da realidade. Essa atividade implica análise por parte do sujeito, isto é, busca de estabelecimento de diálogo indireto com o autor, mediado pela palavra escrita. A aprendizagem da leitura exige, sob essa ótica, mediação pedagógica e requer do professor conhecimento teórico acerca das regularidades do desenvolvimento humano, bem como constituir-se modelo de conduta de leitor efetivo com domínio de estratégias de leitura – processo a ser iniciado desde a Educação Infantil. Assim como Vygotski (1995), Foucambert (1994) compreende que o processo de alfabetização, marcado pela decifração do código alfabético por meio de letras, sílabas e palavras isoladas e pela oralização, tão comum em situações educativas sistematizadas, afasta a criança da apropriação de uma efetiva capacidade de leitura. Na sala, as crianças realizam um exercício numa folha mimeografada em que há uma poesia. A professora pergunta às crianças se elas entenderam o texto. Elas
  • 5. respondem que não. A professora então se detém no título do texto, questionando se alguém sabe o que está escrito ali. Algumas crianças respondem e a professora passa a ler para o grupo o restante do texto. Terminada a leitura, ela pergunta novamente se as crianças compreenderam o texto. Novamente, a maioria das crianças responde que não. “Como não?”, questiona a professora. “Então vou ler de novo”, diz ela, para isso utiliza a lousa para explicar o texto perguntando quais bichos aparecem no texto. “Elefante, rato, gato...” – respondem algumas crianças. “Isso mesmo”, confirma a professora. E completa dizendo: “E outra palavra é Elegante, porque se tira o “F” do elefante e coloca o “G”, fica ELEGANTE, não é”?. A seguir, ela pede às crianças que procurem essas palavras no texto. A professora solicita que as crianças escrevam o nome e a data na folha, mas cerca de quinze crianças dizem que ainda não encontraram as palavras, mas a professora as ignora. Ela dirige-se à turma perguntando se alguém sabia que dia era. Ninguém responde. Ela diz às crianças: “Bom, estivemos aqui dia 14, dia 15 foi feriado, depois veio Sábado, Domingo e hoje é...” “Segunda-feira, tia!”, afirma uma criança. “Muito bem!”, aprova a professora. E continua: “Então 15 mais três é 18! Hoje é dia 18/11/2002”. Na seqüência, uma criança pergunta o porquê do 11, e ela tenta explicar que o “11” indica o mês (novembro), contando nos dedos os meses. Após essa explicação, um menino diz não ter entendido e que não sabe o que é para escrever. Sem obter auxílio da professora, ele senta-se perto de um colega e começa a copiar as respostas dele. Excetuando sete crianças que fizeram praticamente sozinhas os exercícios, a maior parte delas copia da lousa a resolução dos exercícios [...]. (LIMA, 2005, p. 131). Em lugar de uma ação mediadora e criadora de mediações entre a criança e a cultura elaborada, com base na capacidade de aprendizagem infantil e no lugar ativo da criança nas propostas pedagógicas, na situação apresentada, a professora controla o processo de execução da experiência realizada. Ela distribui folhas mimeografadas e direciona a resolução de exercícios referentes a uma poesia: encontrar as palavras elefante, gato, rato e elegante. Esse modo de condução da experiência restringe a possibilidade de engajamento na leitura da poesia. Com isso, a formulação de hipóteses sobre o texto fica prejudicada e, aparentemente, a maior parte das crianças assume a atitude passiva frente à situação educativa proposta. Algumas crianças respondem aos questionamentos da professora, mas o restante delas copia palavras da lousa ou do colega mais próximo. Dessa maneira, o modo como o texto é trabalhado na situação apresentada não possibilita, à maioria das crianças, a atribuição de sentido a ele, porque a situação não exige delas atitudes ativas no que concerne ao estabelecimento de hipóteses, questionamentos e compreensões sobre a poesia. Assim, a experiência de leitura fica prejudicada ao ser separada da sua função social, bem como a escrita resumida, na situação descrita, à grafia, à codificação de palavras. A literatura infantil tem um papel único na formação da criança que a vivencia, por exemplo, quando ouve a leitura de textos (poemas, contos, parlendas, cantigas de roda, dentre
  • 6. outros), realizando mecanismos de leitura, ainda que não os domine. Diferentes estudos demonstram que as crianças não “alfabetizadas” são capazes de estarem ativas nos processos de leitura e de escrita, ao escutar uma história, ao ver seu texto oral se tornando escrito, ao associar e desvendar as palavras lidas por outros e interpretadas por elas (LIMA, 2005). Nessa perspectiva, é fundamental destacar que a literatura infantil, em contexto educativo sistematizado, pode tornar-se instrumento pedagógico essencial no processo de alfabetização inicial e continuado, uma vez que abre caminhos para a aprendizagem de qualidades mentais fundamentais ao processo de humanização das crianças, contribuindo, portanto, para a formação de níveis elevados de consciência e de domínio da conduta, Para esse fim, voltamo-nos com especial atenção para o estudo de alternativas metodológicas fundamentadas na ideia que todos os envolvidos na educação infantil e no ensino fundamental devem ter lugar ativo nas realizações pedagógicas. Imbuídas dessa intenção, organizamos o projeto Ler, contar e encantar crianças na Biblioteca Escolar (GIROTO; SOUZA, 2009) e As oficinas de leitura (GIROTTO; SOUZA, 2010). O projeto Ler, contar e encantar crianças na Biblioteca Escolar (GIROTO; SOUZA, 2009) envolve situações de recepção, contação da história, trabalho com as diferentes linguagens, baú de histórias e a partilha em grupo e avaliação. A recepção é o momento de acolhimento das crianças ao ambiente da Biblioteca Escolar (BE), pode-se recepcioná-las de diversas formas (com uma música, por exemplo), sendo todas integradas à história eleita para o momento da contação. Na contação da história, as histórias podem ser contadas ou lidas e cada uma delas pode ser desenvolvida a partir de recursos diversos: simples narrativa, com o uso do livro, com gravuras, com dramatização, teatro de bonecos, teatro de sombras, fantoches de vara, papel, tecido, etc, caixa surpresa, dedoches. No trabalho com as diferentes linguagens, a partir das histórias lidas ou contadas, surgem relatos orais e escritos dos mediadores e das crianças; desenhos; dramatização; modelagens, dobraduras e recortes; brincadeiras; construção de maquetes; pinturas. Os resultados dessas atividades podem ser apresentados na festa da biblioteca ou da festa da leitura; ou ainda nos jornais murais das turmas ou da escola; podem fazer parte de álbuns temáticos, ou livros da vida; ainda podem ser endereçados, por meio da correspondência escolar a crianças de outras cidades, estados ou países, criando novas interlocuções, inclusive de histórias da literatura e da cultura oral (FREINET, 1974). A proposta enfatiza que o baú de histórias se constitua no tesouro literário da turma; transportar em grupo o baú com o tesouro literário que as crianças têm (re)descoberto na BE é
  • 7. ritual e uma metáfora importante a quem está tão presente no mundo do faz-de-conta. Assim, a criança expande os momentos de uma possibilidade iniciada na BE de lidar sozinha ou em duplas e grupos com o livro literário, ainda que seja com o pequeno acervo do baú. Em relação à avaliação, ao observar e ouvir as crianças, escutando-as com todos os seus sentidos, o professor bibliotecário em parceria com o professor da turma têm instrumentos fundamentais para a escolha das histórias e para a otimização das atividades com elas, realizando um processo avaliativo, possibilitando, inclusive, para os maiores, o julgamento de valor sobre o Ler, contar e encantar na biblioteca com a integração BE – sala de aula – pais. Em particular, com o uso da técnica de jornal de parede (FREINET, 1974) pode-se revisitar, rever, refletir sobre a utilidade dessa proposta, a recepção dos alunos/pais, a continuidade ou não dessa prática, as expectativas atendidas, os objetivos alcançados, as implicações pedagógicas e sociais. Em relação às Oficinas de leitura, trata-se de espaços-momentos de aprendizagem também dirigidos ao letramento literário, o qual é diferente dos outros tipos de letramento porque a literatura ocupa um lugar único em relação à linguagem. Cabe à literatura “tornar o mundo compreensível transformando a sua materialidade em palavras de cores, odores, sabores e formas intensamente humanas” (COSSON, 2006, p. 17). É por entender essa singularidade que se define o letramento literário como “o processo de apropriação da literatura como construção literária de sentidos” (PAULINO; COSSON, 2009, p. 67). Por outro lado, não é apenas um saber que se adquire sobre a literatura ou os textos literários, mas sim uma experiência de dar sentido ao mundo por meio de palavras que falam de palavras, transcendendo os limites de tempo e espaço. Além disso, o letramento feito com textos literários proporciona um modo privilegiado de inserção no mundo da escrita, posto que conduz ao domínio da palavra a partir dela mesma. Por isso mesmo, o letramento literário precisa da escola para se concretizar, porque demanda um processo educativo específico que a mera prática espontânea de leitura de textos literários não consegue sozinha efetivar. Assim, a partir do texto escolhido, o professor pode trabalhar com as Oficinas de leitura – momentos específicos em que o docente planeja o ensino de estratégias de leitura (GIROTTO; SOUZA, 2010). Nas oficinas, o professor começa lendo em voz alta e mostrando como leitores pensam enquanto leem, para, posteriormente, organizar práticas colaborativas de leitura entre as crianças, discutindo diversos textos literários e levando-as a aprender a questionar tais textos a fim de compreendê-los, atribuindo sentidos ao que lêem. Com os
  • 8. pequeninhos como os bebês, o conjunto de atividades literárias deve respeitar as especificidades desse momento da infância. Segundo Harvey e Goudvis (2007), quando lemos os pensamentos preenchem nossa mente. Nesses momentos, fazemos, por exemplo, conexões com o que já conhecemos e/ou ainda inferimos o que vai acontecer na história. Assim, tornar visível o invisível, isto é, fazer com que as crianças percebam o que vem em mente quando lêem, é função do professor. Nesse processo, o professor promove o contato das crianças com gestos e modos de ler que fazem ampliar as histórias de leitura delas, contribuindo para a própria história de formação de leitor de cada uma das crianças. A ideia é a de que, desde a mais tenra idade, é possível criar situações capazes de gerar aprendizado e desenvolvimento da leitura literária em um letramento ativo. Encontramos em Foucambert (1994), a reafirmação de nossas proposições, na medida em que para esse autor, o leitor real possui capacidade de estabelecimento de comunicação com o outro e de compreensão de relações entre os fatos, a partir das linguagens oral e escrita. Na formação do leitor efetivo, torna-se essencial desconexão da leitura e da escrita da memorização do código e sua transposição para a oralidade, dirigindo-se o ensino para a mediação de situações de aprendizagem de estratégias de compreensão da escrita e sua função social. Com esse propósito, a instituição educativa assumiria sua função no desenvolvimento humano ao se tornar lugar de ampliação das experiências infantis, pela expansão do acesso das crianças à cultura elaborada. Na educação infantil, essa função se efetivaria, por exemplo, na proposição de trabalhos de atividade literária em que os livros se tornariam “brinquedos” dirigidos ao letramento literário e/ou com poesias como possibilidade de as crianças brincarem com as palavras no mesmo processo em que ampliam suas referências de mundo. Para Foucambert (1994), Jolibert (1994), Girotto e Souza (2010), a criança aprende a ler lendo textos, que, embora ainda não saiba lê-los, sente necessidade da leitura. Nesse sentido, leitura se configura como atividade de procura de respostas às perguntas que as pessoas se fazem, com suposição de encontrarem respostas nos textos. Ler significa, assim, mobilização de conhecimentos relacionados à pergunta elaborada e suas possíveis respostas, sobre o funcionamento da escrita com a finalidade de redução de espaços entre o que se sabe e o que ainda é incompreensível. Em síntese, para os diferentes autores apresentados, a ênfase na alfabetização (o ensino sistematizado da leitura e da escrita) tem tomado o lugar do trabalho de leiturização e do letramento na educação infantil e no ensino fundamental. Desse processo resulta a
  • 9. formação de pessoas afastadas da capacidade de serem leitoras efetivas: embora “alfabetizadas”, elas não se tornam leitoras e escritoras efetivas, pela própria falta de familiaridade com o texto e com estratégias de leitura por intermédio da mediação pedagógica dirigida a esse propósito. O conhecimento do alfabeto e a capacidade de codificação e de decodificação não significam capacidade de comunicação, diálogo e interação por meio de um texto. Considerações Finais As discussões anteriores são denotativas, de um lado, de propostas pedagógicas que, pelos seus fundamentos e expressões, não constituem a educação infantil como momento de ampliação de necessidades de conhecimento na infância, especialmente referentes à apropriação da leitura. De outro, anunciam a possibilidade de mediações docentes intencionais dirigidas para que, desde a mais tenra infância, a criança possa se apropriar de estratégias de leitura. Se as experiências de leitura descritas e analisadas possibilitam o entendimento que, ao aprender a ser espectadora, a criança insere-se pouco a pouco na lógica da eficiência e da padronização do mundo industrializado e globalizado, apropriando-se de habilidades correspondentes às expectativas do momento histórico de desenvolvimento do capitalismo, compreendemos que, em lugar disso, na mediação pedagógica em relação à aprendizagem da leitura, o professor possibilitaria à criança a participação ativa em atividades com textos significativos e de uso real, para favorecimento da formação e aperfeiçoamento da capacidade de questionamento e compreensão do texto como forma de comunicação entre autor e leitor. Nesse contexto, a leitura se constituiria para a criança em uma atividade, como instrumento para a apropriação de outros conhecimentos, a partir da compreensão dos motivos sociais da leitura e da escrita. Assim entendida, a escola – desde a Educação Infantil – favoreceria a criação do interesse pela leitura e mediante a atuação intencional do professor e seu papel mediador possibilitaria o domínio de um instrumento essencial para a apropriação dos bens culturais e para a formação de sua inteligência e personalidade infantis. Isso se tornaria possível, por meio de práticas de leitura pautadas nos usos sociais da linguagem escrita e na atuação efetiva da criança como leitora, ainda que ainda não leia e não escreva. Nesse processo, o professor assumiria a função de criador de mediações dos contatos com a escrita e de modelo de leitor efetivo e mais experiente na aprendizagem de estratégias de leitura.
  • 10. Referências COSSON, R. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006. COSTA, E. A. P. da. O primeiro leitor e a formação das profissionais da educação infantil. In: FARIA, A. L. G. de; MELLO, S. A. (Orgs.). Territórios da infância: linguagens, tempos e relações para uma pedagogia para as crianças pequenas. Araraquara, SP: Junqueria&Marin, 2007. p. 45-56. FOUCAMBERT, J. A leitura em questão. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. GERALDI, J. W. (Org.). O texto na sala de aula: leitura e produção. Cascavel, PR: Assoeste, 1984. FREINET, C. As Técnicas Freinet da Escola Moderna. Lisboa: Editorial Estampa Ltda., 1974. GIROTTO, C. G. G. S.; SOUZA, R. J. de. A hora do conto na biblioteca escolar: o diálogo entre a leitura literária e outras linguagens In: SOUZA, R. (O.) Biblioteca escolar e práticas educativas: o mediador em formação. Campinas: Mercado de Letras, 2009. ______. Estratégias de leitura: para ensinar alunos a compreenderem o que lêem. In: SOUZA, R. (O.) Ler e compreender: estratégias de leitura. Campinas, Mercado de Letras, 2010. HARVEY, S.; GOUDVIS, A. Strategies that work. Teaching comprehension for undderstanding and engagement. USA: Stenhouse Publishers & Pembroke Publishers, 2007. JOLIBERT, J. (coord.). Formando Crianças Leitoras. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. LIMA, E. A. Infância e teoria histórico-cultural: (des) encontros da teoria e da prática. 2005, Tese (Doutorado em Ensino na Educação Brasileira). Faculdade de Filosofia e Ciências, UNESP, Marília, 2005. PAULINO, G.; COSSON, R.. Letramento literário: para viver a literatura dentro e fora da escola. In: ZILBERMAN, R.; RÖSING, T. (Orgs.). Escola e leitura: velha crise; novas alternativas. São Paulo: Global, 2009. SMOLKA, A. L. B. A atividade de leitura e o desenvolvimento das crianças: considerações sobre a formação de sujeitos leitores. In: ______. et al. Leitura e desenvolvimento da Linguagem. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1989. VIGOTSKI, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2000. VYGOTSKI, L. S. Problemas del desarollo de la psique. Obras Escogidas, Vol. III. Madrid: Visor, 1995.