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Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 1
FECHAMENTOAUTORIZADO.PodeserabertopelosCorreios.
RUBEMAMORESE
O PROCESSO DO
MILAGRE
N OV E M B R O – D E Z E M B R O 2 01 1 • A N O X L I V • N º 3 3 3
ALDERISOUZADEMATOs
O mal que existe em nós
ORGULHOO caminho mais curto para o tombo
PAULFRESTON
Como será a igreja
evangélica de 2040?
2 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 3
O diabo anda por aí
Abertura
J
ó 1.7 nos leva a 1 Pedro 5.8 e 1 Pedro 5.8 nos
leva a Jó 1.7.
Na primeira passagem, Deus pergunta
ao diabo: “De onde você vem vindo?”. E o anjo
caído responde: “Estive dando uma volta pela terra,
passeando por aqui e por ali”. Na segunda, Pedro
exorta: “Estejam alertas e fiquem vigiando porque o
inimigo de vocês, o diabo, anda por aí como um leão
que ruge, procurando alguém para devorar”.
Enquanto a NTLH diz que o diabo “anda por
aí”, outras versões preferem dizer que o anjo caído
“ronda em volta” (NBV) ou “gira continuamente”
(J. B. Phillips). Em outras palavras, o diabo existe,
o diabo está solto, o diabo é inimigo (o mesmo que
aparece na parábola do joio), o diabo não para, o diabo
quer fazer vítimas.
A denúncia de Simão Pedro é ex cathedra, isto é,
ele fala com autoridade, pois foi uma das pessoas que
o diabo procurou e conseguiu abocanhar, na casa do
sumo sacerdote Caifás, na Sexta-Feira da Paixão, pela
manhã (Mt 26.69-75).
As voltas do diabo pela terra têm o propósito de
descobrir brechas ou fendas no caráter dos cristãos
pelas quais possa entrar. O diabo é um catador de
rachaduras nas paredes e de goteiras nos telhados. A
figura da brecha é usada pelos profetas: “Vocês rejeitam
a minha mensagem e põem a sua confiança e a sua fé
na violência e na mentira [e] esse pecado será como
uma brecha que vai se abrindo num muro alto: de
repente, o muro desmorona” (Is 30.13).
O amor ao dinheiro foi a grande brecha no caráter
de Judas. O Evangelho segundo João registra: “Assim
que Judas recebeu o pão [a senha pela qual o traidor
seria revelado], Satanás entrou nele” (Jo 13.27).
Não houve mais jeito. Horas depois, Judas “foi e se
enforcou” (Mt 27.5).
É preciso tomar cuidado com as rachaduras da
vida. Talvez a mais comum e a mais perigosa de todas
seja a busca de nome, de poder, de posições cada vez
mais altas e de glória. Essa sede é inata. O seu “quase
ápice” é quando alguém se passa por Deus. E o ápice é
quando alguém se julga mais do que Deus.
As andanças do diabo “por aí” ou “por aqui e por
ali” podem ser vistas nas palavras de Jesus. O Senhor
se refere a um espírito imundo que sai de um homem,
vai para um lugar deserto em busca de repouso
e, algum tempo depois, volta ao lugar anterior
(Mt 12.43-45).
Já que a realidade, por enquanto, é esta, Pedro
ordena: “Tenham autocontrole e fiquem alertas”
(na tradução de Simon Kistemaker). É necessário
enfrentar o diabo. Tiago aconselha a mesma
providência e garante: “Enfrentem o diabo e ele fugirá
de vocês” (Tg 4.7).
É essa vitória específica que nós cantamos no
“Castelo forte”, de Lutero:
Se nos quiserem devorar
demônios não contados,
não nos iriam derrotar.
Nem ver-nos assustados.
O príncipe do mal,
com seu plano infernal,
já condenado está!
Vencido cairá
por uma só palavra!
HaakonBirkeland
4 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
“
Estar na berlinda” é algo muito incômodo. Significa “ser alvo de motejos
ou objeto de comentários”. Esta seria a matéria de capa desta edição de
Ultimato. Pretendia-se escrever sobre o que os inimigos da fé, a mídia
e outros falam de nós e também sobre o que nós falamos de nós mesmos
(as acusações mútuas). Nem tudo que todos falam é a expressão exata da
verdade. Ainda assim muita coisa não se pode jogar fora. A igreja na berlinda
é a igreja cristã de modo geral. Diz respeito à igreja católica romana, à igreja
reformada, às igrejas históricas, às igrejas pentecostais (inclusive o movimento
carismático católico), às igrejas neopentecostais e aos cristãos sem nome ou sem
igreja. Diz respeito aos pastores e seus rebanhos. Para a igreja sair da berlinda
há mais oração do que esforço, há mais silêncio (da parte dos que temem
exageradamente a crítica) do que discurso, há mais uma reação isolada do que
maciça. Esta é mais dos “leigos” do que da cúpula religiosa. Há um número não
desprezível de evangélicos e católicos de joelhos, chorando e clamando. O que
aconteceu na Europa em direção à Reforma do Século 16 está se repetindo.
O caminho mais inteligente e mais curto para o retorno ainda é a velha
receita dada pelo próprio Deus ao povo de Israel no dia da dedicação do templo
de Jerusalém, por volta de 959 antes de Cristo: “Se o meu povo, que se chama
pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus
maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra”
(2Cr 7.14). Porque em muitos casos (ou em todos?) o processo que coloca a
igreja na berlinda começa com a soberba, e a volta começa com o exercício da
humildade coletiva. Esta edição mostra a necessidade de trocar a soberba pela
humildade — a virtude para Deus ver e não para o homem ver (p. 22).
Vem a calhar a reflexão de Robinson Cavalcanti: “O pensador cristão deve
ser humilde na escuta de seus críticos, mas não pode pautar o seu pensamento
por eles ou ‘jogar para a plateia’, preocupado em agradar ou desagradar” (p. 52).
Em sua coluna, Valdir Steuernagel encoraja-nos a convidar Jesus a entrar em
nossa casa (ou em nossa igreja ou denominação) não pela porta da sala, mas pela
porta da cozinha, onde o encontro com ele será menos formal e mais íntimo
(p. 58).
Em Tornar-se criança (p. 32), Ricardo Barbosa lembra-nos que, quando os
discípulos discutiram entre si para saber qual deles seria o maior no reino dos
céus, Jesus tomou uma criança nos braços e disse que o maior seria aquele que
se humilhasse como ela.
Elben César
Carta ao leitor
ISSN 1415-3165
Revista Ultimato – Ano XLIV – Nº 333
Novembro-Dezembro 2011
www.ultimato.com.br
Publicação evangélica destinada à evangelização e
edificação, não denominacional, Ultimato relaciona
Escritura com Escritura e acontecimentos com Escrituras.
Visa contribuir para criar uma mentalidade bíblica e
estimular a arte de encarar os acontecimentos sob uma
perspectiva cristã. Pretende associar a teoria com a
prática, a fé com as obras, a evangelização com a ação
social, a oração com a ação, a conversão com santidade
de vida, o suor de hoje com a glória por vir.
Circula em meses ímpares
Diretor de redação e jornalista responsável:
Elben M. Lenz César – MTb 13.162 MG
Arte: Liz Valente
Impressão: Plural
Tiragem: 35.000 exemplares
Colunistas: Alderi Matos • Bráulia Ribeiro
Carlos “Catito” Grzybowski • Carlinhos Veiga
Dagmar Fuchs Grzybowski • Ed René Kivitz • Jorge Barro
Marcos Bontempo • Marina Silva • Paul Freston
René Padilla • Ricardo Barbosa de Sousa
Robinson Cavalcanti • Rubem Amorese
Valdir Steuernagel
Notícias: Lissânder Dias
Participam desta edição: Áquila Mazzinghy
Hamilton de Morais • Lissânder Dias
Rolando de Nassau • Tais Machado • Timóteo Carriker
Publicidade: anuncio@ultimato.com.br
Assinaturas e edições anteriores:
atendimento@ultimato.com.br
Reprodução permitida: Favor mencionar a fonte.
Os artigos não assinados são de autoria da redação.
Publicado pela Editora Ultimato Ltda., membro
da Associação de Editores Cristãos (AsEC)
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Telefone: (31) 3611-8500
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Administração/Marketing: Klênia Fassoni
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EDITORIAL/PRODUÇÃO/ULTIMATO ONLINE:
Marcos Bontempo • Bernadete Ribeiro
Djanira Momesso César • Gláucia Siqueira
Lissânder Dias • Mariana Furst • Pabline Félix
FINANÇAS/CIRCULAÇÃO: Emmanuel Bastos
Aline Melo • Ana Paula Fernandes • Cristina Pereira
Daniel César • Edson Ramos • Jair Avillez
Luís Carlos Gonçalves • Rodrigo Duarte
Solange dos Santos
VENDAS: Lúcia Viana • Henife Oliveira
Lucinéia Campos • Marcela Pimentel • Romilda Oliveira
Tatiana Alves • Vanilda Costa
ESTAGIÁRIOS: Bruno Menezes • Jaklene Batista
Raquel Bastos • Tércio Rodrigues
fundada em 1968
4 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
A igreja
			 na berlinda
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 5
6 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
77.
N
a carta dirigida ao povo de Deus espalhado
por várias províncias da Turquia, Pedro
não se mostra preocupado com a saúde, a
segurança e o bem-estar dos idosos. Ele não
dá os costumeiros conselhos: tomem o remédio certo
na hora certa, não comam demais, cuidado para não
cair, andem devagar, distraiam-se etc. A preocupação do
apóstolo é com a vida espiritual daqueles que estão em
idade avançada:
“De agora em diante, vivam o resto da sua vida
aqui na terra de acordo com a vontade de Deus e
não se deixem dominar pelas paixões humanas”
(1Pe 4.2, NTLH).
Em vez de “resto da vida”, outras versões preferem
dizer: “resto da sua vida corporal” (HR), “resto da vida
mortal” (CT), “resto de seus dias na carne” (BJ), “resto
do tempo cá na terra” (J. B. Phillips), “restante de sua
vida corporal” (CNBB).
Esses idosos estão na etapa final da jornada, da
peregrinação e da estadia. Eles ainda estão no exílio,
ainda são migrantes, ainda se acham fora da pátria,
ainda são peregrinos e forasteiros. Porém estão,
naturalmente, mais próximos da Canaã celestial do que
os outros.
Não é apenas neste versículo que Pedro se dirige
aos idosos. No primeiro capítulo da carta ele escreve:
“Durante o resto da vida de vocês aqui na terra tenham
respeito a ele” ou “portem-se com temor” (1Pe 1.17).
Teriam sido necessárias essas advertências do
apóstolo dirigidas a pessoas de idade avançada e
limitadas em seu vigor físico? À luz do Eclesiastes,
Pedro tem toda razão: “O coração do homem está cheio
de maldade e de loucura durante toda a vida” (Ec 9.3).
Segundo Lutero, a inclinação para o mal, com a qual
todos nascem, “não pode ser extinta enquanto vivemos
— pode ser diminuída dia a dia, mas extinta não pode”.
Pedro reforça a sua exortação com um argumento
válido: “No passado vocês [os agora idosos] já gastaram
bastante tempo fazendo o que os pagãos gostam de
fazer. Naquele tempo vocês viviam na imoralidade, nos
desejos carnais, na bebedeira, nas orgias, na embriaguez
e na nojenta adoração de ídolos” (1Pe 4.3). Com a
conversão, ocorrida algum tempo antes, os idosos da
diáspora foram libertados do poder da escuridão e
trazidos em segurança para outra esfera de vida, para
a maravilhosa luz de Cristo (1Pe 2.9; Cl 1.13). Para
compensar o “bastante tempo” na carne, os velhinhos
de Pedro deveriam viver o resto de seus dias no Espírito!
Pastorais
Não só de vive o idoso
JoelRorabaugh
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 7
Orgulho
O dono da glória
Humildade: uma virtude para Deus
ver e não para o homem ver
Humildade absolutamente sem medo
Depois de um longo tratamento de
choque
Provérbios de Salomão: o caminho
mais curto para o tombo é a soberba
Está na hora de pedirmos ao Senhor
que nos dê mais espinhos bem
encravados na carne
É hora de abandonar a vaidade e
deixar a liderança, se necessário
Está na hora de fugir da nossa
própria vaidade
Percepções de si mesmo, Tais Machado
O casamento do sucesso com a
humildade
Estamos todos embriagados!
Soberba e secularização
3 Abertura
4 Carta ao leitor
6 Pastorais
8 Cartas
12 Frases
12 Números
14 Mais do que notícias
18 Notícias
37 De hoje em diante...
40 Meio ambiente e fé cristã
43 Novos acordes
44 Altos papos
56 Cidade em foco
62 Caminhos da missão
CAPA
SEÇÕES
Sumário
ABREVIAÇÕES:
AS21 - Almeida Século 21; BH - Bíblia Hebraica;
BJ - A Bíblia de Jerusalém; BP - A Bíblia do Peregrino;
BV - A Bíblia Viva; CNBB - Tradução da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil; CT - Novo Testamento
(Comunidade de Taizé); EP - Edição Pastoral; EPC -
Edição Pastoral - Catequética; HR – Tradução de Huberto
Rohden; KJ - King James (Nova Tradução Atualizada
dos Quatro Evangelhos); NTLH - Nova Tradução na
Linguagem de Hoje; TEB - Tradução Ecumênica da
Bíblia. As referências bíblicas não seguidas de indicação
foram retiradas da Edição Revista e Atualizada, da
Sociedade Bíblica do Brasil, ou da Nova Versão
Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional.
O caminho do coração
32 Tornar-se criança
Ricardo Barbosa de Sousa
Da linha de frente
34 O evangelho da gentileza
Bráulia Ribeiro
Cotidiano
38 O leitor pergunta, Ed René Kivitz
Casamento e família
39 A vergonha de estar nu, Carlos “Catito”
Grzybowski e Dagmar Fuchs Grzybowski
Missão integral
42 A opção galileia de Jesus, René Padilla
Entrevista
46 Rolando de Nassau
Toda música sacra é religiosa, mas nem
toda música religiosa é sacra
Ética
49 Como será a igreja evangélica brasileira
de 2040 ?, Paul Freston
Reflexão
52 Desafios do evangelicalismo progressista
Robinson Cavalcanti
História
54 O mal que existe em nós
Alderi Souza de Matos
Redescobrindo a Palavra de Deus
58 Então Jesus entrou numa casa
Valdir Steuernagel
Especial
48 Missão integral e discipulado — como se
misturam?, Samuel Sheffler
59 Heresia: uma palavra que não combina
com N.T.Wright, Timóteo Carriker
64 O aberto horizonte das missões
Ponto final
66 O processo do milagre, Rubem Amorese
22
22
23
23
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26
26
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28
29
30
30
• artigos exclusivos
• boletins editoriais
• devocionais
• estudos bíblicos
• lançamentos
• novidades
• promoções
MartinBoulanger
Um ponto de encontro
www.ultimato.com.br
8 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
Cartas
Alegria, alegria, por favor!
Ao folhear a matéria de capa da edição de
setembro/outubro de 2011, verifiquei que alguns
artigos falam de felicidade e outros, de alegria,
o que denota uma confusão entre os termos. As
duas palavras não são sinônimas. A felicidade é um
estado de alma que depende das circunstâncias,
da presença ou ausência de amigos e pessoas
amadas. Vivemos a felicidade na busca da
satisfação de novos sentimentos. A alegria não
depende das circunstâncias, de amigos à volta, de
ambiente festivo, da satisfação dos sentidos. Paulo
diz: “Alegrai-vos sempre no Senhor”. A alegria não
é uma opção, uma escolha, mas uma ordem, um
mandamento. Quatrocentos anos antes de Cristo,
Neemias escreve: “A alegria do Senhor é a nossa
força” (Ne 8.10).
Pr. Ezequias Costa, São Paulo, SP
este poder. Quem não crê, fica desdenhando, filosofando,
sociologizando, tentando explicar o inexplicável, que vai
além da razão e que só o Espírito de Deus pode discernir.
Lucimara Roque, São Paulo, SP
Indecisão
Foi por causa de indecisão (“De hoje em diante”, setem-
bro/outubro de 2011) que na minha mocidade deixei o
evangelho de lado e preferi o mundo e suas concupiscên-
cias. Como sofri! Se no começo eu tivesse mais firmeza
em seguir a Cristo, o processo seria menos doloroso.
Daniel de Oliveira, Maceió, AL
Pororoca gay
Felizmente ainda se levantam, em nosso meio, vozes pro-
féticas que com autoridade e conhecimento proclamam a
verdade a quantos queiram ouvi-la. Um desses profetas
é o bispo Robinson Cavalcanti, a quem parabenizo
pelo excelente artigo Os evangélicos e a pororoca gay
(“Reflexão”, julho/agosto de 2011).
Luciano Pereira, Brasília, DF
De volta ao Senhor
Já fui assinante de Ultimato e confesso que a revista me
edificou muito. Sou dependente químico e, por estar afas-
tado do Senhor, deixei de renovar minha assinatura. Hoje,
pela misericórdia de Deus, estou em uma comunidade
terapêutica e retornando ao caminho.
Michel Conte, São Bernardo do Campo, SP
Sou novo assinante e acabo de receber minha
primeira revista Ultimato. Somente este
exemplar já fez valer a assinatura, sobretudo
pelo artigo Louvarei ao Senhor, de Ronaldo
Lidório. De forma clara, ele nos leva a refletir
sobre o passado, o presente e principalmente
sobre o futuro, quando todos louvaremos ao
Senhor verdadeiramente unidos.
William Tomaz, Lajinha, MG
De igreja em igreja
Discordamos do subtítulo “De igreja em igreja”,
colocado no texto que retoma as palavras de
Alfredo Borges Teixeira (“Mais do que notícias”,
setembro/outubro de 2011). Saímos de uma
igreja de regime ditatorial e fomos para outra
bem diferente. Antes de “jogar farinha no
ventilador”, os que se manifestam contrários à
transferência de uma denominação para outra
deveriam ouvir o problema de cada um.
Berenice e Nélson Camilo, Limeira, SP
O poder do evangelho
Muito claro e objetivo o artigo O poder do
evangelho, de Rubem Amorese (“Ponto final”,
setembro/outubro de 2011). O autor é sensível,
pois entende e sabe se fazer entender. O
evangelho é “poder de Deus para a salvação de
todo aquele que crê”. Quem crê, experimenta
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 9
Estou aqui, Senhor!
Entendo que Cristo trabalha no corpo e se revela ao
mundo por meio da igreja. Contudo, é difícil estar
dentro desta igreja sendo homossexual e ouvir
culto após culto sobre a família e sobre como nós
gays somos uma ameaça a ela, uma aberração que
precisa ser eliminada. As palavras de desamor ferem
a alma já ferida e, se não fosse o entendimento
bíblico de que Deus é amor, confesso que há muito
teria me tornado inimigo da cruz. Ou então me
iludiria e faria parte da chamada “igreja gay”, onde
tudo é aparentemente mais seguro e confortável,
e “negar a si mesmo” e “tomar a cruz de Cristo”
são frases impronunciáveis. Em contrapartida, nela
existe amor e acolhimento. Sinto falta disso. Sigo e
amo a Jesus Cristo de todo o coração. Há anos fui
iniciado na homossexualidade pelo meu pastor. Os
bastidores das igrejas fazem corar de vergonha os
anjos. Porém, continuo firme na graça, pois é por
ela que sou salvo. E se algo precisa ser mudado
em mim, faço esta oração: “Estou aqui, Senhor,
muda-me!”.
Luciano Silva, Serra, ES
Não admito ser chamada de mártir
É sempre um prazer ler os textos de Bráulia Ribeiro.
Parabenizo-a pelo artigo A linguagem de missões
que prejudica o reino (“Da linha de frente”, julho/
agosto de 2011). Sou brasileira e moro na Estônia,
onde trabalho como voluntária com a juventude em
uma zona rural ao sul do país, na qual o evangelho
foi rejeitado após a invasão soviética. A Estônia
tem sua dose de escuridão, mas onde esta não
existe? Sinto-me chamada a servir neste país não
pela sombra ou pelo passado tenebroso, mas
pela beleza e força que há nele. Não admito ser
transformada em mártir por aqueles que se julgam
capazes de mensurar o que deixei para trás para
estar na Estônia. Se eu colocar na balança a alegria
de viver o chamado de Deus para minha vida, sei
que não foi sacrifício algum vir para este país.
Lívia Telles, Võru, Estônia
John Stott
Para mim, Stott teve três grandes momentos: seu
nascimento em 1921, seu encontro com Cristo na
terra em 1938 e seu encontro com Cristo na glória.
O fato de ter se tornado capelão da família real e de
ter sido indicado como uma das cem pessoas mais
influentes do mundo não se compara a esses três
momentos. Antes, é o reflexo destes.
Jean de Oliveira, Nova Cruz, RN
Li com profunda emoção o livro O Discípulo Radical,
de John Stott. Tendo lido a maioria de seus livros,
fui mais uma vez abençoado e encorajado a pros-
seguir e a honrar o ministério do evangelho, graças
ao exemplo, à coerência e à fidelidade bíblica desse
servo do Senhor. Stott com certeza está na lista
daqueles “homens dos quais o mundo não era
digno” (Hb 11.38). Ele escreveu: “Se a glória de um
pôr-do-sol já nos impressiona, como será quando
estivermos diante da beleza do novo céu e da nova
terra?”. Agora, Stott já sabe!
Pr. Rodinon dos Santos, Montes Claros, MG
Macumba gospel
As mais variadas esquisitices estão surgindo no
mundo neopentecostal. Isto está acontecendo por
causa do abandono da Palavra, como diz Oseias:
“O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta
conhecimento” (4.6). Precisamos nos informar, ler,
estudar, examinar as Escrituras e tornarmo-nos
cristãos bereanos. Muito do que há é macumba
gospel, “outro evangelho”, numerologia, esoterismo
travestido em Palavra de Deus. Alguns pastores
olham mais para o caixa da igreja do que para a
qualidade de caráter de seus membros, que estão
caindo e cedendo ao cântico da sereia prosperida-
de e aos seus adornos. Fiquemos alertas, pois o
inimigo encontrou o meio mais trivial de estragar a
seara do Senhor: semeando o joio no meio do trigo.
Pr. Marco Antonio Sales, Nova Iguaçu, RJ
Mais cristão e mais decente
Agradeço o zelo que Ultimato tem por nós leitores,
principalmente pelo nosso intelecto. Quando leio
e absorvo o conteúdo da revista, me sinto mais
10 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
Cartas
inteligente, mais gente, mais cristão, mais
descente. É desse zelo que falo. Ultimato
faz bem à mente e ao coração. É verdadeiro
instrumento de mudança na vida de muitos.
Raphael Machado, São Carlos, SP
Oremos uns pelos outros
Sempre leio Ultimato com interesse.
Há muita espiritualidade na revista, e é
edificante. Aproveito-a nas homilias.
Pe. Benedito Halter, Porto Feliz, SP
Com muito pesar solicito o cancelamento de
minha assinatura da revista Ultimato, por
motivo de deficiência visual gradativa, devido
à catarata e à idade, 87 anos. Agradeço e
proponho: Oremus ad invicem (Oremos uns
pelos outros).
Dom Urbano Allgayer, bispo emérito de
Passo Fundo, RS
Ecumenismo
Já fui assinante de Ultimato. Não renovei a
assinatura, pois há muito tenho visto a revista
desenvolver uma linha ecumênica com a qual
não concordo. Há muitos textos sobre a Igreja
Católica. Por causa disso o conteúdo de
Ultimato decaiu bastante. Talvez essa tenha
sido uma estratégia comercial. Contudo,
penso que, se continuar assim, em breve
estará publicando artigos espíritas ou conteúdos
semelhantes, o que é lamentável.
Pr. João Graebin, Formosa, GO
O céu aberto de Agostinho
É uma graça saber que católicos e protestantes têm
raízes comuns, como é o caso dos estudiosos da
patrística. Há muito queria saber mais sobre a vida de
Agostinho e a matéria de capa da edição de março/
abril de 2011 abriu-me o caminho. O pensamento do
bispo de Hipona consistia na busca pela soberania
de Deus em sua vida por meio da própria sabedoria,
que ele tanto procurava. Agostinho descobriu que a
sabedoria não era o saber, mas o conhecer a Deus,
nosso sumo bem. Ele encontrou a sabedoria ao
encontrar o amor verdadeiro. Parabéns a Ultimato.
Matérias como esta promovem unidade e abrem
caminho para a reconciliação e o diálogo cristão. Este
é um caminho longo, mas, se trilhado na caridade de
Cristo, um dia chegaremos lá.
Andréia de Faria, Ouro Fino, MG
O colégio de Jesus e a educação
teológica das Assembleias de Deus
O site do MEC informa que há oito instituições
cadastradas com o nome Assembleia de Deus, desde
o Paraná, passando por São Paulo, até Macapá e
Piauí. A faculdade que a matéria de capa da edição de
julho/agosto de 2011 menciona fica no Rio de Janeiro
e oferece apenas três cursos: administração, direito
e teologia. Porém, administração e direito são
apenas autorizados pelo MEC (fase anterior ao
reconhecimento). Somente o curso de teologia é
reconhecido pela instituição. Fora este equívoco,
Ultimato está de parabéns pelos textos sobre o
centenário das Assembleias de Deus.
Alexander Fajardo, São Paulo, SP
Ordenação feminina
Lamento a entrevista Ordenação feminina (março/
abril de 2011). A Bíblia é supracultural — ela molda
a cultura, não o contrário. A revelação de Deus
deve redimir a cultura. Afirmar que a não ordenação
feminina é machismo, é uma grande injustiça. A
Igreja Presbiteriana do Brasil não ordena mulheres
aos ofícios sagrados, pois ela é fiel à Bíblia. A
Presbyterian Church USA começou com mulheres
e agora já pensa em ordenar homossexuais. Esse
é o caminho daqueles que relativizam a Palavra de
Deus, sempre oportuna e pertinente. Lamento a
posição de Waldyr Carvalho Luz e de Ultimato.
Rev. Fábio Bezerra, Sobradinho, DF
Cartas da prisão
Minha mãe é missionária, minha esposa é
evangélica e estou lendo um livro cristão. Estou no
caminho certo, o caminho da salvação.
Dário, Casa Branca, SP
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 11
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Li em Por Que (Sempre) Faço o Que Não
Quero? o testemunho do office-boy que
violentou e assassinou nove mulheres
no Parque do Estado em São Paulo, SP:
“Eu tenho um lado bom e um ruim, que
se sobrepõe ao bom”. Entendo que o
lado ruim continua vivo dentro dele. Tiro
essa conclusão baseado em meu próprio
exemplo. Quando fui preso em junho de
2008, descobri este meu lado, que se
manifestou durante três dias consecutivos.
Entretanto, eu não o alimentei, pois não o
queria dentro de mim. No começo foi difícil,
mas o Deus em quem creio é mais forte do
que o mal.
José da Silva, Sorocaba, SP
Relendo a “Carta ao leitor” da edição de
julho/agosto de 2011, me deparei com
o título Geladeira estragada. Só então
entendi o que estava escrito. Ao ver alguns
cristãos louvando, orando e gritando eu
dizia sempre que aquele “barulho” não era
necessário, pois Deus não é surdo. Porém
hoje, por estar na presença do Senhor,
entendo que o “barulho” é consequência
do clamor dirigido a Deus. Hoje eu também
levanto clamores ao Senhor e dou glórias
a Deus em alta voz. Entretanto, há alguns
irmãos que não agem da mesma forma,
e Deus opera na vida deles e de seus
familiares. Entre nós, alguns gostam
de “barulho”, outros, não. Contudo,
uns respeitam os outros, e moramos
e buscamos a Deus juntos em uma
mesma cela.
Sérgio Lima, Flórida Paulista, SP
Sou cristão e moro em uma cela, onde
é a nossa igreja. Realizamos cultos
ao ar livre no presídio para trezentas
pessoas que necessitam ouvir a
Palavra de Deus. Precisamos de
folhetos.
Luciano Rubiar, Caixa postal 43 –
15496-900 Riolândia, SP
ERRAMOS
— No artigo O fim do conselho
evangélico (“Reflexão”, setembro/
outubro de 2011, p. 52), o título correto
é O fim do consenso evangélico.
— O artigo Role Model (“História”,
setembro/outubro de 2011, p. 58)
termina com o seguinte parágrafo:
“Nossa infância e juventude
necessitam desesperadamente de role
models, [...] esse imperativo que recai
inevitavelmente sobre eles”.
12 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
“E m vez de destruir a vida, devemos
destruir o que torna a vida
insuportável, o que faz rejeitar a vida.
Elizabeth Kipman Cerqueira, médica
especialista em ginecologia e obstetrícia
“O s navios britânicos carregaram mais
pessoas para a escravidão do que
qualquer outro país durante o século 18, o
período do pique de comércio de escravos.
Marcus Rediker, autor de O Navio Negreiro
“T enho uma história complicada,
machuquei pessoas, falhei. Não sou
mais quem eu era, não tenho medo do
passado, eu o entendo.
William P. Young, autor de A Cabana
“S e a adolescente não tem projetos de
vida, a gravidez vira o projeto de
vida.
Marco Aurélio Galletta, médico responsável
pelo setor de gravidez na adolescência do
Hospital das Clínicas de São Paulo
“D eus criou o homem e a mulher não
para acasalá-los, mas para casá-los.
Guilherme Cunha, pastor da Catedral
Presbiteriana do Rio de Janeiro
“A s novelas fazem uma profunda crítica
social e comportamental, mas legitimam
o status quo vigente, porque é dele que elas se
alimentam.
Edson Faxina, professor da Universidade Federal
do Paraná
“Q uanto maior a frequência no consumo de
drogas, maior a tendência a transgredir
e envolver-se com a violência. A epidemia das
drogas é o pior problema de saúde pública.
Rui Antonio de Souza, da equipe do jornal
Mundo Jovem
“O s teólogos necessitam “sair da toca” e
de seus gabinetes de cristal, fazer
teologia para a igreja e ajudar a igreja a
discutir com mais profundidade temas como
este [opção sexual].
Lourenço Stelio Rega, diretor da Faculdade
Teológica Batista de São Paulo
“H oje não é possível afirmar sem hesitação
que o século 21 será menos conflituoso
que o precedente no campo da missão, embora
seja permitido esperar que o seja.
Jacques Matthey, pastor e teólogo
reformado suíço
“O s jovens precisam não somente de
oportunidades, mas também de
exemplaridade dos mais velhos; não somente
razões, mas de atitudes que motivem,
preencham e impulsionem a sua existência
e alimentem a sua esperança.
Papa Bento XVI
FRASES
”
”
”
”
” ”
”
”
”
”
NÚMEROS
25.000
finlandeses deixaram espontaneamente a
Igreja Luterana depois de assistirem a um
debate na TV durante o qual uma candidata
democrata cristã, recém-eleita, afirmou que
não fica bem para um cristão ter relações
homossexuais
3.600.000.000
de ienes (cerca de 76 milhões de reais)
foram encontrados nos escombros deixados
pelo terremoto de 11 de março no Japão e
devolvidos por equipes de resgate e por
cidadãos
3.000.000
de exemplares do livro A Cabana, de William
P. Young, filho de missionários evangélicos na
China, foram vendidos no Brasil (nos Estados
Unidos, foram mais de 10 milhões)
86
mulheres com idade entre 19 e 64 anos
coabitam com Bello Maasaba, curandeiro
nigeriano. Ele já teve 107 esposas, mas nove
morreram e doze foram por ele repudiadas
80%
dos 1.829 missionários católicos brasileiros
além-fronteiras são mulheres e religiosas
56.400.000
pessoas ao redor do mundo admitem usar
pílulas e comprimidos que vendem prazer,
euforia, capacidade de concentração ou
doses artificiais de paz e serenidade
197
guerras foram travadas em todo o mundo
entre 1800 e 1997
6.721
divórcios foram realizados nos cartórios do
estado de São Paulo de janeiro a junho de
2011, um aumento de 286% em relação ao
mesmo período de 2010
GiuseppeRuggirello
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 13
14 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
Assim
caminha a
humanidade...
Bento XVI quer uma
igreja despojada de sua
riqueza terrena e de
seu poder político
E
nquanto 1 bilhão de pessoas ainda passam
fome (segundo a ONU), os jornais
brasileiros noticiam...
a morte de Teteia, 53 anos, sacrificada na
presença da filha Sininho, 10, após um quadro
de declínio irreversível...
a chegada de Imbi e Kifta, ambas de 10
anos, procedentes da Inglaterra, para fazer
companhia a Idi Amim, 38, ainda virgem...
a morte de Ciça, 18 anos, e de Oksama, 11,
esta depois de ser operada às pressas sem
sucesso de um câncer de fígado, deixando
vivos cinco filhos...
a separação de Dengo e Elza, depois de terem
vivido juntos por oito anos...
a colocação de uma terceira prótese na perna
de Motala, por ter pisado em uma mina
terrestre...
a morte de Santiago, 3 anos, ao desembarcar
no aeroporto de Vitória, em um voo da Gol
procedente de São Paulo, devido a uma parada
cardiorrespiratória...
Nota
Tetéia era um hipopótamo, o animal mais velho do zoológico de São
Paulo; Imbi, Kifta e Idi Amin são gorilas do zoológico de Belo Horizon-
te; Ciça e Oksama eram cachorros de raça; Dengo e Elza são leões
do zoológico de Niterói; Motala é um hipopótamo fêmea da Tailândia; e
Santiago era um cão pug.
O dono da cachorra Oksama escreveu na Folha de São Paulo:
“Minutos antes de sua entrada no centro cirúrgico, beijei-a na testa,
que tremia devido à respiração ofegante”.
Na Alemanha, protestantes e católicos foram obrigados a protestar
contra o sepultamento religioso para animais, afirmando que “somente
o ser humano recebe qualificação de pessoa, o que o diferencia
fundamentalmente dos animais”. A polêmica sugestão partiu de um
certo doutor Jens Feld, segundo o qual a igreja devia não somente
dar apoio a enlutados pela morte de um animal, mas também fazer o
sepultamento do animal morto segundo ritos cristãos.
P
or ocasião de sua viagem
à Alemanha, a terra da
Reforma, em setembro
deste ano, o papa Bento XVI,
de 84 anos, acenou para uma
forte renovação do cristianismo.
Alguns de seus pronunciamentos
foram feitos em Erfurt, cidade
onde Martinho Lutero, aos 23
anos, trocou a universidade —
onde fazia o curso de direito
— pelo convento (2 de julho
de 1505) e onde foi ordenado
sacerdote (3 de abril de 1507).
Entre outras coisas, o papa disse:
— Nos últimos tempos a
geografia do cristianismo mudou
profundamente e continua
mudando.
— [O cristianismo de
hoje é] de escassa densidade
institucional, com pouca
bagagem racional, menos ainda
dogmática, e pouca estabilidade.
— Vivemos em um tempo
em que se tornaram incertos os
critérios de ser homem. A ética
foi substituída pelos cálculos das
consequências.
Os motivos de abandono
da igreja são múltiplos, no
contexto do secularismo da
nossa sociedade. Em geral, estes
abandonos são o último passo de
um longo trajeto de afastamento
+DO QUE NOTíCIAS
da igreja. [Para compreender, é
necessário que os fiéis respondam
a estas perguntas:] Porque estou
na igreja? Estou na igreja como
em uma associação esportiva,
uma associação cultural etc.,
na qual encontro respostas para
os meus interesses e, se não for
assim, vou embora? Ou estar na
igreja é algo mais profundo? É
importante reconhecer que estar
na igreja não quer dizer fazer
parte de uma associação, mas
estar na rede do Senhor, que
pesca peixes bons e maus das
águas da morte, para levá-los às
terras da vida.
— A igreja deve de novo
separar-se de tudo que é
mundano.
— Liberada de seu peso
material e político, a igreja
dedica-se melhor e de maneira
verdadeiramente cristã ao mundo
inteiro, pode novamente viver de
maneira mais livre sua chamada
ao ministério da adoração a Deus
e ao serviço do próximo.
— A igreja tem que se abrir ao
mundo, não para obter a adesão
dos homens em busca de poder, e
sim para conduzi-los a Deus.
Fonte: Zenit e movimento También somos
iglesia (Chile).
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 15
E
sta pergunta aparece
no capítulo que trata
da homossexualidade
na Bíblia, no livro
Homossexualidade — ciência
e consciência, escrito por seis
professores do departamento
de práxis da Universidade
Pontifícia Comillas, em
Madri, e publicado no
Brasil pela Edições Loyola,
em 1985. A resposta estaria
no artigo intitulado É mais
fácil passar um camelo pelo
fundo de uma agulha do que
encontrar respaldo bíblico
para o homossexualismo
(Ultimato, setembro/
outubro de 1998).
Se a Bíblia não é
taxativa no que diz respeito
ao comportamento
homossexual, então é
melhor ensarilhar as armas
de uma vez por todas.
Não há outro sustentáculo
para a não aceitação da
homossexualidade senão as
Escrituras Sagradas.
O professor Gregorio
Ruiz, autor da pergunta,
escreve que o pecado de
Sodoma, de onde “provêm
as palavras sodomia e
sodomita, que designam
+DO QUE NOTíCIAS
É tão taxativa a
condenação bíblica da
homossexualidade?
em todas as línguas
modernas precisamente
a prática homossexual,
principalmente entre
homens”, é “um pecado
de injustiça, mais
concretamente de anti-
hospitalidade e não
necessariamente de violação
sexual”.
Em benefício de sua
tese, o professor prefere
dizer que os homens de
Sodoma foram à casa de
Ló para conhecer que
tipo de estrangeiros ele
hospedava (conhecer no
sentido comum e não
no sentido de ter uma
relação sexual completa).
Essa interpretação é
impossível de ser admitida,
mesmo sem se consultar
outras passagens bíblicas.
Contudo, a leitura do
segundo capítulo da
Segunda Carta de Pedro
deixa patente que o pecado
de Sodoma era de fato de
natureza sexual.
Ao referir-se a esse
episódio, o apóstolo afirma
que Deus salvou Ló, “um
homem bom, que estava
aflito porque conhecia
a vida daquela gente
imoral”. Outras versões
ampliam o sentimento
de Ló frente à situação:
o sobrinho de Abraão
sentia-se “atormentado”
(HR, EPC), “atribulado”
(S21), “deprimido”
(TEB), “entristecido”
(EP), “oprimido” (MS),
“revoltado” (CT, EPC) ou
“muito agoniado” (NBV).
Ló sofria com o que via e
ouvia, pois eles levavam
uma vida devassa, dissoluta,
libertina, luxuriosa,
imoral e indecente
(2Pe 2.6-10). Embora o
pecado da injustiça social
seja grave e tenha também
acontecido em Sodoma,
Gomorra e outras cidades
da planície (Ez 16.49-50),
o que causou mais dor
para Ló foi a libertinagem
dos seus conterrâneos e
contemporâneos.
A narrativa do livro de
Gênesis torna impossível
a sugestão do professor
Gregorio Ruiz. Ao cercar a
casa de Ló e exigir que ele
lhes entregasse os dois anjos
com aparência humana, a
multidão de jovens e adultos
queria mesmo “deitar com
eles” (BP), “abusar deles”
(RA, BJ), “ter relações com
eles” (NBV, NTLH, NVI,
EP, CNBB), “conhecê-
los intimamente” (S21).
O próprio Deus já havia
revelado a Abraão, tio de
Ló, sua intenção de destruir
a cidade, pois “há terríveis
acusações contra Sodoma
e Gomorra, e o pecado de
seus moradores é muito
grande” (Gn 18.20).
É igualmente oportuno
lembrar o que Judas “servo
de Jesus Cristo e irmão de
Tiago”, escreve em sua carta:
“Não se esqueçam da cidade
de Sodoma e Gomorra e
das cidades vizinhas, cheias
de imoralidade de toda
espécie, inclusive a paixão de
homens por homens” (Jd 7).
Qualquer distorção
das Sagradas Escrituras
nessa área (e em outras)
torna perigosamente
inocentes os cristãos que
querem conviver com a fé
e o pecado sem o menor
constrangimento. É uma
péssima contribuição em um
momento de efervescência
da questão homossexual.
DaveDyet
16 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
+DO QUE NOTíCIAS
Barbara e Alan Bachmann
— casados com o Brasil
Quem pode nadar
contra a correnteza
senão aquele que crê
que Jesus é o Filho
de Deus (1Jo 5.5)?
O
s americanos Barbara
e Alan Bachmann,
ambos de 75 anos,
estão no Brasil há cinquenta
anos. Começaram a carreira
missionária entre o povo
ribeirinho do Amazonas.
Para se aculturarem mais
rapidamente e com mais
facilidade, moraram em uma
casa de tábuas, aprenderam a
preparar e a comer alimentos
típicos (vatapá, tacacá, pastel
de carne de jacaré, tambaqui),
falaram português em casa
com os filhos, buscaram
água e lavaram roupa na
beira do rio e usaram a
latrina que ficava no fundo
do quintal. Para eles, “servir
a Deus em uma cultura
distinta daquela em que
nascemos requer atravessar
uma ponte muito estreita,
tão estreita que, quanto
menos bagagem da cultura
anterior trouxerem, melhor
será o êxito do ministério
entre o povo ao qual Deus o
enviou”. Alan gosta de dizer
que atravessaram a “ponte” já
casados, em 1960, e “casamos
com o Brasil”.
O casal Bachmann foi
bem-sucedido tanto no
trabalho missionário como
na educação dos cinco
filhos. O primeiro casou
com uma moça de Manaus
e treina pessoas na área de
comunicação radiofônica;
o segundo foi piloto da
missão Asas de Socorro e
hoje realiza trabalho de
evangelização em Turim,
na Itália; o terceiro trabalha
como linguista missionário
entre o povo Felupe, em
Guiné-Bissau; e o caçula até
pouco tempo atrás trabalhava
na divisão de jatos executivos
da Embraer, em São José dos
Campos, SP, e hoje mora
nos Estados Unidos. A única
filha, casada com um pastor,
é enfermeira e atua em
Rondônia. Os cinco filhos,
todos criados no Amazonas,
e os dezesseis netos estão “por
todos os lados” (em quatro
continentes) — como diz
Bachmann — e falam, além
de inglês e português, pelo
menos outras quatro línguas,
inclusive o jola e o criolo, de
Guiné-Bissau.
Depois de prestar
assistência médica
odontológica por doze
anos ao longo dos rios da
Amazônia, Alan Louis
Bachmann mudou-se para
Manaus, onde, por dez
anos, ministrou na área de
comunicação (rádio, TV).
Em 1983 ocupou o cargo
de diretor da Radio Trans
Mundial (RTM) do Brasil,
em São Paulo. A partir de
1990 tornou-se consultor
internacional das RTMs da
América Latina (Argentina,
Bolívia, Chile, Paraguai,
República Dominicana,
Uruguai e Venezuela).
De 2000 a 2006, como
coordenador global de
treinamento da Trans World
Radio (TWR), preparou
Arquivopessoal
pessoas-chave para treinar
outros em seis regiões do
mundo onde a TWR produz
e transmite programas em
mais de duzentos idiomas.
Hoje, mesmo aposentado,
Bachmann é diretor-
executivo da missão Asas
de Socorro, com sede em
Anápolis, GO, onde mora
com a esposa, Barbara.
1.	As estatísticas dizem
que mais de 40% dos
casamentos fracassam
2.	Nos Estados Unidos
o amor não sobrevive
mais de três anos
3.	Nas Canárias houve
mais casamentos
desfeitos do que
casamentos feitos em
2010
4.	Calcula-se que mais de 30%
das jovens que tomam a pílula
do dia seguinte são menores
de idade
5.	A cada dia 3.300 brasileiros
de ambos os sexos se tornam
usuários da Ashley Madison,
empresa que promove e facilita
a infidelidade conjugal pela
internet, instalada no país há
quatro meses.
Barbara e Alan Bachmann conseguiram atravessar
a ponte estreita de uma cultura para outra
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 17
18 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
prática da não-violência
sem relação com um
poder superior: “A
minha fé ajudou-me
efetivamente”, afirmou
a homenageada, que
integra a Igreja Luterana
da Libéria.
Além de Gbowee, o
Nobel da Paz deste ano
foi atribuído à atual
presidente da Libéria,
Ellen Johnson Sirleaf,
e à militante iemenita
Tawakul Karman, que
tem liderado a oposição
ao ditador Ali Abdullah
Saleh.
Leymah, que
organizou um grupo
de mulheres cristãs
e muçulmanas para
desafiar os senhores da
guerra na Libéria, foi
distinguida pelo Comitê Nobel
por ter conseguido ultrapassar
fronteiras étnicas e religiosas,
mobilizando as mulheres para a
paz e a participação nas eleições.
Trabalhou com pessoas que
viviam em situações traumáticas,
incluindo antigas crianças-
soldado. A guerra civil liberiana
terminou em 2003, após o que
Johnson Sirleaf foi eleita.
A experiência de Gbowee é
relatada no livro Mighty Be Our
Powers — How Sisterhood, Prayer,
and Sex Changed a Nation At War
(Fortes são os nossos poderes:
como a fraternidade [de irmãs],
a oração e o sexo mudaram
uma nação em guerra”). Ela
será apresentada em um
documentário que estreou em
outubro na estação pública de
televisão dos Estados Unidos.
NOTíCIAS
por Lissânder Dias
Ganhadora do
Nobel da Paz é
inspirada pela
fé
Uma das laureadas com o
Prêmio Nobel da Paz em
outubro foi Leymah Gbowee,
ativista liberiana que ajudou o
seu país a sair de uma brutal
guerra civil. Em um evento
organizado pelo Conselho
Nacional de Igrejas dos Estados
Unidos, Gbowee citou o
pastor batista Martin Luther
King e o arcebispo anglicano
Desmond Tutu como exemplos
de militantes da causa da paz e
da justiça. Ela acrescentou que
não acredita que seja possível a
Fraternidade
Teológica prepara
Congresso
Latinoamericano
de Evangelização
A Fraternidade Teológica
Latinoamericana (FTL) realizará dos
dias 9 a 13 de julho de 2012, em
San José, Costa Rica, o 5º Congresso
Latinoamericano de Evangelização
— CLADE 5, sob o lema “Sigamos
a Jesus em seu reino de vida. Guia-
nos, Santo Espírito”. Os CLADE’s
anteriores ocorreram em 1969, 1979,
1992 e 2000. Este último, em Quito, no
Equador.
O objetivo do congresso é “promover
a reflexão em torno do evangelho e o
seu significado, assim como contribuir
para a vida e a missão no mundo
latino”. Segundo a coordenação do
CLADE 5, “há pelo menos três assuntos
a respeito dos quais os CLADE’s têm
se preocupado até hoje desde 1969,
quando em Bogotá, na Colômbia, se
realizou a primeira edição do evento: a
unidade da igreja, a missão integral e o
sacerdócio universal de todos os crentes”.
Para acompanhar os preparativos para
o evento, acesse o site www.clade5.org.
MichaelSclafani
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 19
20 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
NOTíCIAS
Brasileiro é
eleito líder
mundial dos
metodistas
O bispo Paulo Tarso de Oliveira
Lockmann foi eleito, no início de
agosto, presidente do Concílio
Mundial da Igreja Metodista, órgão
máximo da denominação no mundo.
É a primeira vez que alguém da
América Latina assume o cargo.
Lockmann era vice-presidente
na gestão anterior. O Concílio
Mundial acontece a cada cinco anos
e representa mais de 75 milhões de
membros da Igreja Metodista em
136 países. Lockmann acredita que a
Igreja Metodista no Brasil terá mais
visibilidade a partir de agora. “Portas
Não jogue sua
vida fora
Este foi o tema do Congresso
Cristianismo e Modernidade,
realizado em São Paulo, nos dias 7
e 8 de outubro. O evento contou
com a presença de 1.200 pessoas,
sendo 80% jovens com idade entre
18 e 30 anos. O pastor e pregador
batista norte-americano John Piper
foi o preletor do congresso, que
levou o nome do seu livro Don’t Wast
Your Life. O evento foi promovido
pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie em parceria com a
Editora Fiel.
Piper esteve presente também
em outros dois eventos. De 3 a
7 de outubro, participou da 27ª
Conferência Fiel para Pastores e
Líderes, em Águas de Lindoia,
SP, com o tema “Evangelização e
Missões”. A conferência reuniu 2.500
líderes e contou com a audiência pela
internet de mais de 50 mil pessoas.
O segundo evento, Juntos em Cristo,
aconteceu no Rio de Janeiro e reuniu
cerca de 3 mil pessoas. Neste, Piper
pregou sobre a alegria em Cristo.
Para o teólogo presbiteriano
Augustus Nicodemos, estes três
eventos mostraram que “o interesse
pela fé reformada tem crescido
e está rompendo as barreiras
denominacionais”.
WorldMethodistCouncil-foto:KenHowle
Concílio Mundial Metodista reuniu lideranças
das igrejas com tradição wesleyana
já estão se abrindo para as nossas
lideranças. Estou convencido que
nossa igreja tem muito a contribuir
com o metodismo em nível
mundial”, afirma o novo presidente.
Para o pastor José Magalhães
Furtado, um dos integrantes do
grupo de brasileiros no evento, o
resultado da eleição mostra “o desejo
de mudança por efetiva alternância
de poder e revitalização do Concílio”.
Mesmo com a eleição, o bispo
brasileiro permanece trabalhando
no Rio de Janeiro, como presidente
da 1ª Região Eclesiástica da Igreja
Metodista no Brasil, durante os
próximos cinco anos. Além dele,
foram eleitos, como vice-presidente,
Sarah Francis Davis, bispa da
Jamaica, e, como tesoureiro, Kirby
Hickey, leigo dos Estados Unidos. O
bispo Ivan Abrahams, da África do
Sul, foi eleito secretário executivo do
Concílio.
RooseveltGuerra
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 21
22 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
E
m todos os tempos e em todos os lugares, os cristãos
têm declarado solenemente a Deus: “Teu é o reino, e
o poder, e a glória para sempre” (Mt 6.13).
A rigor, essas palavras finais da oração do Pai-Nosso
tornam imprópria qualquer autoglorificação. Uma passagem
do Antigo Testamento reforça esse comportamento: “Não se
glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua força, nem
o rico na sua riqueza, mas quem se gloriar, glorie-se nisto: em
compreender-me e conhecer-me [...]. Pois é dessas coisas que
me agrado” (Jr 9.23-24).
Os cristãos precisam levar a oração dominical e o oráculo
de Jeremias a sério, tanto na teologia como na prática diária.
Ainda mais que há outro oráculo taxativo: “Não darei a
minha glória a nenhum outro” (Is 48.11, NVI). Outras
versões preferem dizer: “Eu não reparto a minha glória”
(NBV) ou “Não cedo a minha glória” (BP).
Nabucodonozor, por 43 anos rei da Babilônia (de 605
a 562 a.C.), não se saiu bem ao perder as estribeiras e se
autoelogiar: “Como é grande a cidade de Babilônia! Com
o meu grande poder eu a construí para ser a capital do
meu reino, a fim de mostrar a todos a minha grandeza e a
minha glória” (Dn 4.30). Ele ainda estava falando quando
veio uma voz do céu que disse: “Sua autoridade real lhe
foi tirada [e] você será expulso do meio dos homens,
O dono da glória
MartinBoulanger
ORGULHOO caminho mais curto para o tombo
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 23
N
ão é uma questão de aparência. A soberba mais
grave é aquela que se esconde por trás de uma falsa
humildade. A humildade é uma virtude para Deus
ver e não para o homem ver.
Não é a negação pura e simples de dons, capacitação e
virtudes pessoais, mas o sentimento constante da necessidade
de Deus para se ter uma vida espiritual saudável, de vitória
sobre o pecado e as provações, e cheia de frutos verdadeiros.
Não é a mera rejeição de palmas, prêmios e coroas, mas
a transferência destes para quem de direito (Ap 4.9-11) ou a
prática verdadeira do soli Deo gloria (glória somente a Deus).
Não é a autodesclassificação, a renúncia da inteligência, da
sabedoria, experiência, força de vontade, trabalho árduo, mas a
associação dessas coisas com os recursos que provém de Deus.
Não é a inatividade, o cruzar dos braços, mas a atividade
comandada e alimentada pela sabedoria e providência de Deus.
M
uitos têm medo da humildade. Acreditam que
ela não leva a nada, não produz resultado algum,
é perda de tempo, é nadar contra a correnteza, é
expor-se à maldade alheia. O medo decorre da lei do mais
forte, que prevalece desde a queda do homem e cada vez
mais se amplia. A cultura mundana valoriza a soberba e não a
humildade. Dá mais valor à roupa, ao nome, aos títulos, aos
diplomas, aos anéis, ao dinheiro, ao status social, à pose, ao
poder, e não reconhece o valor da piedade, da religiosidade,
da santidade de vida e da modéstia cristã. Daí o medo de ser
esmagado pela multidão ao tentar sair dela e ser diferente.
Embora até certo ponto razoável, o medo da humildade
desaparece quando o cristão se conscientiza de que na difícil e
corajosa prática da humildade ele pode contar com a proteção
de Deus. A exortação de Pedro é animadora: “Sejam humildes
debaixo da poderosa mão de Deus” (1Pe 5.6). Deus coloca as
mãos em forma de concha sobre a cabeça da pessoa humilde,
protegendo-a de algum aproveitamento da parte de outros. É
como se fossem a armadura, a couraça, o escudo e o capacete da
salvação (Ef 6.10-17).
Muitos nomes e
muitos rostos
A soberba tem muitos nomes — altivez,
arrogância, exibicionismo, jactância,
orgulho, ostentação, pedantismo,
pernosticidade, presunção, vaidade,
vanglória.
A soberba tem muitos rostos — existe
o orgulho do berço nobre, o orgulho do
sobrenome famoso, o orgulho da beleza
corporal, o orgulho social, o orgulho
religioso, o orgulho da ortodoxia, o orgulho
pentecostal, o orgulho carismático e até
o “orgulho gay”, o “orgulho hétero” e o
“orgulho bissexual”. O mais nocivo de
todos é o orgulho da humildade.
A vaidade é um dos ingredientes
mais indesejados e poderosos da
pecaminosidade latente. O ser humano
nasce e cresce com essa propensão e
lida com ela a vida inteira. Pois a cultura
secular estimula e favorece a soberba do
berço ao túmulo — no lar, na escola, na
igreja e na sociedade.
Humildade
absolutamente
sem medo
Humildade:
uma virtude para
Deus ver e não
para o homem ver
viverá com os animais selvagens e comerá capim como
os bois”. A sentença sobre Nabucodonozor cumpriu-
se imediatamente: o homem dos jardins suspensos da
Babilônia (uma das sete maravilhas do mundo) começou
a comer capim como os bois, a dormir no relento,
a deixar cabelos e unhas crescerem. Essa tremenda
humilhação durou sete anos. Então, sua mente voltou
a funcionar como mente de homem e ele fez uma
notável profissão de fé: “Agora, eu, Nabucodonozor,
louvo, exalto e glorifico o rei dos céus porque […] tem
poder para humilhar aqueles que vivem com arrogância”
(Dn 4.31-37).
24 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
Depois de um
longo tratamento
de choque, o Egito
tornou-se o mais
humilde dos reinos
Os religiosos que querem aparecer e se
autoprojetar devem se expor, viajar para
onde estão os aglomerados humanos
e participar de festas religiosas,
celebrações de cultos e eventos
especiais. Precisam chamar atenção por
meio dos milagres espalhafatosos (como
o de jogar-se do pináculo do templo) e
de discursos inflamados. Esse de fato é
o caminho mais curto e mais garantido
para quem quer ser conhecido, atrair
multidões e fascinar todo o mundo.
Certo ou errado?
Thiago R. Rocha
Este mundo está mesmo transtornado.
Pelo avesso ele já virou decerto.
O que era certo, agora está errado.
O que era errado, agora virou certo.
Quem é honesto é tido por quadrado.
E o desonesto é homem bem esperto.
O que respeita a lei é atrasado.
Quem não respeita é tido como certo.
Quem deseja fazer tudo certinho,
irá sentir que ficará sozinho
na lisura de todos os atos seus.
Mas prossegue, com toda paciência,
porque respeita a sua consciência
e procura agradar somente a Deus.
Thiago R. Rocha, 85 anos, é pastor emérito da
Igreja Presbiteriana do Riachuelo, no Rio de
Janeiro, e autor de Vida Positiva e Convém que
Ele Cresça.
A
soberba é uma doença tão séria que exige medidas de
caráter radical para acabar com ela. Em seu estágio mais
avançado, a soberba danifica a mente de suas vítimas. É o
caso do faraó Hofra, que governou o Egito por 19 anos, de 589 a
570 antes de Cristo, na época do profeta Ezequiel.
Ele era tão vaidoso que dizia: “O rio Nilo é meu! Eu mesmo
o criei para mim!” (Ez 29.3). Ora, de seus 6.671 quilômetros de
extensão, apenas 1.508 (menos de 25% de toda a área) pertencem
ao Egito. Além de se dizer dono do rio, Hofra apresenta-se como
o seu criador! Os monumentos egípcios atestam a tradicional
jactância do país.
Para curar esse mal, a voz do Senhor vem a Ezequiel em janeiro
de 587 e lhe diz: “Filho do homem, vire o seu rosto contra o faraó,
rei do Egito, e profetize contra ele e contra todo o Egito” (Ez 29.2).
O juízo de Deus sobre Hofra é muito pesado:
Estou contra você, faraó, rei do Egito, contra você, grande monstro
deitado em meio a seus riachos [o delta do Nilo] [...] Deixarei você
no deserto, você e todos os peixes dos seus regatos [...] Você cairá em
campo aberto e não será recolhido nem sepultado. Darei você como
comida aos animais selvagens e às aves do céu [...] Tornarei o Egito uma
desgraça e um deserto arrasado desde Migdol [ao norte] até Sevene [ao
Porque pensavam assim, os irmãos
de Jesus disseram a ele nas vésperas
da festa da Páscoa em Jerusalém:
“Quem quer ter fama não faz nada às
escondidas (Jo 7.3, EP), e em seguida
completaram: “Vá aonde mais gente
possa ver os seus milagres” (Jo 7.4, BV).
A essa altura, Jesus já havia
transformado 480 litros de água em
vinho, colocado em pé o paralítico de
Betesda, multiplicado pães e peixes e
andado sobre as águas.
Porque ainda não criam na divindade
dele, seus irmãos entendiam que o
primogênito de Maria “queria aparecer”.
Contudo, imediatamente depois
da ressurreição de Jesus, eles se
converteram e mudaram por completo
o modo de pensar a respeito dele
(At 1.14). Um deles, Tiago,
provavelmente o mais velho, teve
o privilégio de ser uma das poucas
pessoas a ver, a sós, o ressuscitado
(1Co 15.7).
Jesus — um megalomaníaco?
sul], chegando até a fronteira com a Etiópia [...] Nenhum
pé de homem ou pata de animal o atravessará: ninguém
morará ali por quarenta anos [...] Espalharei os egípcios
entre as nações e os dispersarei entre os povos [...] Então
todos os que vivem no Egito saberão que eu sou o Senhor
(Ez 29.1-12).
Essas medidas drásticas eram terapêuticas, visavam a
cura de faraó e do Egito. E deram certo, pois
Ao fim dos 40 anos [número certamente simbólico]
ajuntarei os egípcios [Hofra já teria morrido e sido
substituído] dentre as nações nas quais foram espalhados.
Eu os trarei de volta do cativeiro e os farei voltar ao Alto
Egito, à terra de seus antepassados. Ali serão um reino
humilde. Será o mais humilde dos reinos e nunca se exultará
sobre outras nações (Ez 29.13-15).
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 25
Provérbios
de
Salomão:
o caminho
mais curto
para o
tombo é a
soberba
T
alvez não haja outro livro
da Bíblia tão contundente
contra o pecado da soberba
quanto os Provérbios. Ele associa
a queda, o fracasso e o escândalo
ao orgulho, como se pode ver em
seguida.
Deus zomba dos que zombam dele e
ajuda os humildes (3.34, NTLH).
Eu odeio o orgulho e a falta de modéstia (8.13, NTLH).
Quando vem o orgulho, chega a desgraça, mas a sabedoria
está com os humildes (11.2, NVI).
Brigas e discussões são provocadas pelo orgulho, mas as
pessoas humildes aceitam conselhos e se tornam sábias
(13.10, NBV)
O Senhor detesta todos os orgulhosos; eles não escaparão
do castigo, de jeito nenhum (16.5, NTLH).
A desgraça está a um passo do orgulho: logo depois da
vaidade vem a queda (16.18, NBV).
Mais vale ter um espírito humilde e estar junto dos
oprimidos do que partilhar das riquezas dos orgulhosos
(16.19, NBV).
Quem vive se gabando está correndo para a desgraça
(17.19, NTLH).
Antes de sua queda o coração do homem se envaidece, mas a
humildade antecede a honra (18.12, NVI).
Os maus são dominados pelo orgulho e pela vaidade, e isso é
pecado (21.4, NTLH).
Você quer saber o que há no coração de um homem que vive
zombando de tudo e de todos? Orgulho, convencimento,
ódio e atrevimento (21.24, NBV).
Para conseguir riqueza, respeito dos homens e uma vida
feliz, você precisa ser humilde e temer o Senhor (22.4, NBV).
Não se engrandeça na presença do rei, e não reivindique
lugar entre os homens importantes; é melhor que o rei lhe
diga: “Suba para cá!”, do que ter que humilhá-lo diante de
uma autoridade (25.6-7, NVI).
O homem é derrotado pelo seu orgulho, mas o de espírito
humilde será respeitado (29.23, NBV).
GustavoDoré
A rainha de Sabá veio de longe para testar a sabedoria de Salomão
e convenceu-se de que ele era um privilegiado de Deus
26 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
Leif Ekström:
está na hora de pedirmos
ao Senhor que nos dê mais
espinhos bem encravados na
carne
Guilherme Ávilla
Gimenez:
é hora de abandonar a vaidade e
deixar a liderança, se necessário
A
tendência ao orgulho e à presunção é, sem dúvida,
uma das mais perniciosas tentações que o cristão
enfrenta, principalmente se for pastor ou exercer outra
liderança na igreja. Elogios, agradecimentos, homenagens e a
frequente bajulação fazem surgir, facilmente, um sentimento
de satisfação que pode levar ao orgulho e à presunção. É muito
difícil lidar com este pecado chamado orgulho. Outras áreas,
como a moral, a sexualidade ou a ganância, são mais facilmente
detectáveis. O orgulho está dentro de nós e pode ser disfarçado
com uma falsa humildade.
Sinceramente, sinto que está na hora de pedirmos ao Senhor
que nos dê mais espinhos bem encravados na carne, para
aprendermos que nada podemos com nossas próprias forças,
capacidades e dons. Só seremos fortes quando formos fracos.
Será que temos coragem de orar: “Senhor, manda mais espinhos
à tua igreja e aos seus pastores”?
(Fonte: Jornal Luz nas Trevas, 8/2011, p. 4)
Leif Ekström é pastor da Igreja Korskyrkan, na Suécia.
A
vaidade é um problema social. Muitas pessoas, em
nome da vaidade, já fizeram verdadeiras loucuras
apenas para manter a aparência ou fingir algo
que não são.
Há muitos líderes vaidosos. Em geral, fazem de um
cargo ou uma posição a oportunidade para exercitarem
sua vaidade, ainda que isso tenha um alto custo para seus
liderados e até para a organização. Há várias histórias
de líderes que arruinaram muita gente porque foram
dominados pela vaidade e perderam a noção da realidade, da
honestidade e até mesmo da própria dignidade.
O problema principal de líderes vaidosos é que raramente
admitem seus erros. A vaidade os cega de tal forma que se
tornam donos da verdade e começam a criticar tudo e todos
sem, no entanto, perceberem suas próprias falhas.
Para manterem a vaidade, esses líderes comprometem
valores, ética, moral, verdade e outros elementos
indispensáveis na liderança.
BerdnikOleksander
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 27
Naziaseno
Cordeiro:
está na hora de fugir da nossa
própria vaidade!
P
or estarem entre os leitores de livros doutrinários e históricos
e por frequentarem simpósios e encontros] alguns reformados
poderão se julgar superiores aos demais, mostrando, assim,
soberba e arrogância. Isso seria estranho, pois quanto mais conhecimento
obtemos de Deus, mais conscientes deveríamos ficar de nossa miséria e
falência.
Existe o risco de haver uma apreensão intelectual da Verdade sem que
esta nunca tenha chegado ao coração. Assim sendo, o conhecimento de
Cristo e da sua doutrina, se não nos leva à humildade, inevitavelmente
nos conduz à soberba e, por que não dizer, ao farisaísmo.
Precisamos de um calvinismo prático — uma Reforma que nos leve à
experiência diária de real quebrantamento diante de Deus e humildade
perante os homens. Com o discurso e a prática presentes na nossa fé
reformada seremos realmente relevantes para o mundo. Porém, sem a
experiência de vida reformada estaremos falando de nós para nós mesmos
— presos no gueto da nossa própria vaidade e futilidade.
(Fonte: O Brasil Presbiteriano, 08/2011, p. 4)
Naziaseno Cordeiro é pastor presbiteriano em Capela do Alto Alegre, Bahia.
Líderes vaidosos, à semelhança de
Lúcifer, são narcisistas. O desejo de
primazia é tão intenso que acabam
cometendo vários erros, que determinam
seu fracasso e consequente juízo.
Qualquer ação movida por vaidade
é perigosa. Líderes inteligentes fogem
da vaidade e líderes comprometidos
com os valores bíblicos simplesmente a
abominam.
Você é vaidoso e tem exercido
sua liderança em meio a narcisismo,
obsessão, bajulação e outros sentimentos
destrutivos? É hora de abandonar a
vaidade, reconhecer os erros e confessá-
los, bem como corrigi-los com um
coração manso e disposto a ouvir aqueles
que podem ajudar.
Em vez de manter-se em um cargo ou
posição apenas para ser reconhecido como
“líder”, é mais sábio ser humilde, deixar
a liderança, se necessário, e crescer em
conhecimento, sabedoria, instrução, para
então, mais tarde, com humildade, poder
assumir novamente a liderança.
(Fonte: O Jornal Batista, 11/09/2011, p. 3)
Guilherme Ávilla Gimenez, pastor da Igreja Batista
Betel e professor da Faculdade
Ó Deus, tem misericórdia de mim! Livra-me de
qualquer processo consciente ou inconsciente de
envaidecimento. Guarda-me da soberba oculta,
tão escondida em alguma dobra de minha alma
que eu mesmo não consigo enxergar. Protege-me
da autoavaliação doentia, equivocada, mentirosa,
danosa e desastrosa. Livra-me do assanhamento
e da euforia (e também da depressão). Preciso da
tua intervenção porque o problema é complicado
e eu não sei nem consigo me vigiar sozinho.
Concede-me a humildade de Jesus Cristo. Nem
mais nem menos. Que a soberba não me domine.
Então com a tua graça ficarei livre de grande
transgressão. Amém!
Pedido de socorro
28 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
N
ecessitamos ser amados.
O orgulho é uma espécie
de disfunção na capacidade
de perceber-se amado. Portanto, o
orgulho pode ser o estado de uma
alma insegura, a manifestação de uma
carência que desconfia jamais ser
suprida.
Vive-se como se a vida fosse
um concurso. Só que o orgulhoso
procura, além disso, não apenas ser
classificado, mas ser o primeiro.
Afinal, ele não pode viver sem provar
a si mesmo e exibir aos outros que ele
é melhor.
Geralmente o orgulhoso não
tem consciência de que é assim.
Entende-se apenas como esforçado,
bastante dedicado, que se interessa
inteiramente pelas coisas, que não
desiste — enfim, um brasileiro
superior. A razão pode ser um forte
apoio para justificar-se e defender-se
inconscientemente.
O que predomina naquele que é
tomado pelo orgulho é a competição.
E quem compete, necessariamente,
precisa observar o outro. Vive
prestando atenção no desempenho do
próximo a fim de superá-lo. Ou seja,
a comparação é como o ar que ele
respira. Não consegue viver sem isso,
está o tempo todo vendo e julgando.
O orgulhoso é compelido a
insinuar seus feitos todo o tempo.
Ofende-se se não é mencionado.
Considera-se facilmente injustiçado e
que os demais são ingratos, quando se
trata, na verdade, de dificuldades suas.
Percepções de si mesmo
Dominado pelo orgulho,
assume um jeito de viver em que a
autossuficiência se revela, às vezes,
discretamente, em outras ocasiões,
explicitamente. Assim seus dias
ficam mais cansativos, pois vivem
acorrentados ao peso de não poderem
pedir ajuda. Sentem como se isso
fosse uma vergonha mortal.
Tudo isso compromete
sua capacidade de gratidão e
contentamento. O orgulhoso
vive inconformado com a falta de
reconhecimento dos que o cercam
quanto a tudo que já fez. Chega a
julgar o próprio Deus e vê-se no
direito de explicar por que percebe
que de certa forma Deus está em
dívida com ele. Em última análise,
pode concluir que Deus não é de fato
confiável, pois não é justo. Sendo
assim, vive uma solidão cruel, que se
esmera por disfarçar.
A alma adoecida pelo orgulho
acaba por viver seus dias
miseravelmente. Vê inimigos o
tempo todo, sente uma perseguição
implacável em seu cotidiano.
Portanto, envelhece com raízes
de amargura, com dureza ímpar,
com sofrimentos desnecessários.
A distorção na maneira de olhar e
interpretar a si mesmo, os outros e
o seu contexto enruga a alma de tal
maneira que poucos vestígios sobram
da imagem de Deus, o Criador.
Tais Machado, paulistana, é psicóloga clínica e
professora em seminários teológicos. É secretária
nacional de capacitação da Aliança Bíblica
Universitária do Brasil.
Taís Machado
Os pastores precisam alimentar,
apascentar e pastorear o rebanho
que está sob seus cuidados. Não
aos trancos e barrancos. Não para
fazer da fé uma fonte de renda
e riqueza. Não de má vontade.
Não como dominadores, tiranos
ou senhores. Não como donos
da igreja nem como pequenos
deuses.
Essas atitudes provocam
brigas, invejas, ciúmes, divisões,
deserções, rupturas, mudanças de
igreja e de denominações, além
de aumentar a crescente multidão
dos “sem religião” e os escândalos
sem fim.
Ao tratar dessa triste realidade,
o apóstolo Paulo dá um oportuno
conselho: “Que todos [os pastores
e as ovelhas] prestem serviço uns
aos outros com humildade, pois as
Escrituras Sagradas dizem [que]
‘Deus é contra os orgulhosos,
mas é bondoso com os humildes’”
(1Pe 5.5). No original grego
seria: “Vistam todos o avental da
humildade” (a Bíblia do Peregrino
usa essa versão).
Só é possível sonhar com uma
igreja mais próxima do alto padrão
estabelecido por Jesus quando
seus pastores vestirem o avental
da humildade!
O avental da humildade
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 29
O casamento do sucesso
com a humildade
O
sucesso faz parte dos planos de Deus
para os seus filhos. Sucesso na vida
devocional, no casamento, na educação
dos filhos, nas relações humanas, no exercício da
profissão. Aos pastores e líderes, Deus concede dons
especiais, capacidade, orientação, oportunidade,
direção e o poder sobrenatural do Espírito Santo,
para cumprirem cabalmente o seu ministério. Sob
a perspectiva humana, a velocidade da implantação
e plenitude do reino de Deus na terra depende
desse sucesso global. Uma vez satisfeitas todas as
exigências de Deus, o sucesso está garantido: “Tão
somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado
de fazer segundo toda a lei que meu servo Moisés te
ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem
par a esquerda, para que sejas bem-sucedido por onde
quer que andares” (Js 1.7). Na verdade, o sucesso é
inevitável para quem está plantando junto às águas:
“Tudo quanto ele faz será bem-sucedido” (Sl 1.3).
José do Egito era teimosamente bem-sucedido em
qualquer lugar (na casa de Potifar, no cárcere e no
trono do Egito) e em qualquer circunstância (amado,
invejado, caluniado, esquecido e honrado). A razão
desse sucesso aparece na repetida frase: “O Senhor
era com José” (Gn 39.2-3, 21, 23). Essa promessa
não está apenas no Antigo Testamento. Jesus chegou
a dizer que o sucesso de seus discípulos é uma das
expressões de louvor a Deus: “Nisso é glorificado o
meu Pai, em que deis muito fruto” (Jo 15.8).
O grande problema é que, quanto maior
o sucesso, maior é o risco de envaidecimento,
por causa da fraqueza humana. Caso haja
envaidecimento consciente ou inconsciente, o
sucesso vai embora misteriosamente. E o bem-
sucedido pastor e líder desaparece do cenário e,
muito provavelmente, cai em pecado e comete
escândalos, porque “a desgraça está a um passo do
orgulho [e] logo depois da vaidade vem a queda”
(Pv 16.18). Esta é uma regra sem exceção.
Não se escapa desse risco fugindo-se do sucesso,
mas fugindo-se da soberba. Deus preferiu colocar
um espinho na carne de Paulo — e não encostá-
lo — para continuar a servir-se dele, para que
o apóstolo não se ensoberbecesse (2Co 12.7).
Ambos, o sucesso e o espinho, continuaram juntos
durante a vida de Paulo, em favor do reino de
Deus. À custa do doloroso espinho, o ministério
e a humildade do apóstolo foram preservados e
abençoados. Essa história se repete. Deus reserva a
si a natureza, a ocasião, a intensidade e a duração
do espinho.
Victor Hugo (1802–1885), depois de ouvir
os elogios dos amigos, lia os jornais que o
enxovalhavam. E os monges do célebre mosteiro de
Cluny, fundado na França em 910, eram obrigados
a se curvar diante dos que os tinham transgredido.
Deve-se fugir da soberba como o diabo foge
da cruz!
30 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
N
o momento estamos todos
embriagados. Quem dera
fosse pelo Espírito, mas
certamente não o é.
Estamos perigosamente embria-
gados pela carne. Embriagados pela
competição que nem mais consegue
ser velada. Estamos embriagados
pela busca por nome, fama, poder,
primeiro lugar, glória. Só pensamos
em conquistas grandiosas: um país
protestante (não necessariamente
cristão), um presidente protestante
(não necessariamente ficha limpa),
uma igreja cada vez maior do que a
outra (não necessariamente santa),
um templo cada vez mais amplo e
suntuoso (não necessariamente livre
dos célebres vendilhões do tempo
de Jesus).
Não falamos em pecado. Não
falamos em arrependimento. Não
falamos em conversão. Não falamos
em caminho apertado. Não falamos
do “negue-se a si mesmo” de Jesus.
Não falamos em santidade. Não
falamos da glória por vir.
Só falamos de gente, de multi-
dões, de números. Só falamos de
autoajuda, de dinheiro, de cura, de
sucesso financeiro, de bens móveis e
imóveis, de milagres. Só falamos do
presente. Só falamos dos cantores
gospel e de eventos retumbantes.
Apresentamo-nos como bispos,
apóstolos, patriarcas e papas. Faze-
mos questão de dizer que somos ao
mesmo tempo doutor em teologia,
em ciências da religião, em divin-
dade e em filosofia. Esbanjamos
títulos e nomes. Estamos todos, de
fato, embriagados!
Só nos preocupamos com o cres-
cimento de igrejas. É o assunto do
momento. Criamos métodos, estra-
tégias, alvos. Muitos deles importa-
dos do mundo secular, das empresas
bem-sucedidas, dos especialistas em
Estamos todos
embriagados!
marketing. Usamos roupas de grife,
somos artificiais nos gestos e na
entonação da voz. Impressionamos
os auditórios, chamamos a atenção
para nós e embriagamos também
o público. Aceitamos as palmas
e pedimos bis. Essa embriaguez
nos tornou secularizados. Outrora
saímos das trevas e viemos para a
luz. Agora estamos saindo da luz e
voltando para as trevas.
Essa embriaguez de líderes e de
liderados está provocando o que
hoje se vê claramente: compara-
ções, competições, rivalidades,
divisões, mudanças litúrgicas,
descontentamento, escândalos,
descrença e apostasia. Em nenhum
outro tempo houve uma multipli-
cação tão grande e tão rápida de
denominações. Em nenhum outro
tempo aconteceu um entra-e-sai de
uma igreja para outra tão acen-
tuado como agora. Em nenhum
outro tempo o rol dos sem-religião
aumentou tanto.
Essas são algumas consequências
a médio e longo prazo da nossa
embriaguez, da qual muitos ainda
não têm consciência.
Usamos a palavra todos neste
texto de forma retórica. Ainda há
muitas pessoas cuidadosas, tanto
entre pastores e líderes como entre
cristãos comuns. O trigo nunca de-
saparece. Mesmo naquelas ocasiões
em que o joio é maior do que ele.
Se houver uma corajosa
reviravolta da soberba mundana
para a humildade cristã, a história
atual da igreja poderá ser revertida.
Afinal, há cura para a embriaguez!
O primeiro passo dos alcoóli-
cos anônimos é admitir que são
impotentes para reverter sozinhos
qualquer problema de conduta.
Daí a necessidade de pedir socorro
ao poderoso e amoroso Deus!
Quem avisa amigo é
É mais seguro ouvir a verdade do que
pregá-la. Quando ouvida, preserva-se a
humildade. Quando pregada, raramente
o ser humano deixa de ser tomado pela
vaidade, por mínima que seja.
Agostinho de Hipona
[A soberba é o mais prolífico dos
pecados capitais] por estar na origem
de todos os outros. Antes de os seres
humanos existirem sobre a Terra, o
demônio se insubordinou contra Deus,
por arrogância, porque queria se
equiparar a ele.
Tomás Eloy Martinez, escritor argentino,
autor de O Voo da Rainha, romance
sobre a soberba
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 31
Q
uando alguém perde o controle
sobre a soberba, entra mar a dentro
no processo de secularização. Isso
acontece porque a pessoa olha mais para ela
do que para Deus. Esse desligamento de fundo
religioso deságua naturalmente na secularização.
Daí a crescente e escandalosa mistura de religião
com empresa. A situação parece irreversível e é
objeto de estudo da parte de cientistas religiosos,
sociólogos, economistas e antropólogos. Estamos
envergonhados por causa dessa situação.
Há uma busca por pastores habilidosos (antes
se preferia pastores de grande comunhão com
Deus, de conduta exemplar, cheios de paixão
pelas almas etc.) para abrir novas igrejas no
sistema de franquias. Assim como um executivo
muda de uma empresa para outra que pague um
salário maior, “está se tornando cada vez mais
comum um pastor mudar de igreja para ganhar
mais”, explica Paula Idoeta, da BBC Brasil. Em
certa denominação, diz-se que o pastor tem de
cumprir meta de arrecadação de dízimo, como
qualquer vendedor de apólice de seguro ou de
comércio atacadista. Os que obtêm os melhores
resultados podem ganhar prêmios, como uma
viagem a Israel.
Soberba e
secularização
O sociólogo Ricardo Mariano, professor da
PUC-RS e autor de Neopentecostais — sociologia
do novo pentecostalismo no Brasil, lembra que
em algumas igrejas “existe quase um plano
de carreira que permite que [os seus pastores]
passem para congregações maiores, vão para
outros países e participem de programas de
TV”.
Salários que variam de 3 mil reais (para
iniciantes) a 20 mil reais (para os mais capazes)
mais benefícios (casa mobiliada, escola para
os filhos, plano de saúde e, em alguns casos,
o carro do ano) substituem a velha receita de
homens verdadeiramente vocacionados por
Deus para o ministério.
Em defesa do mercado religioso, conhecido
pastor acaba de declarar que “só uma pessoa
ignorante acha que fé e lucro não podem
caminhar do mesmo lado”.
Dias atrás, o celebrante de um casamento
nos Estados Unidos foi “o pastor Bit”, uma
espécie de robô! A orientação bíblica de mais
de dois milênios atrás foi deixada de lado:
“[Pastores e bispos] não usem o seu trabalho
para ganhar dinheiro, mas com o verdadeiro
desejo de servir” (1Pe 5.2).
JamesStewart
Além de prima-irmã da intolerância, a soberba
também é frequentadora assídua da antessala
do fracasso.
Dora Kramer, jornalista
Todo aquele que anda somente quatro passos
de forma arrogante, afasta-se [da] presença
divina.
Halachá, código judaico do comportamento
humano
A verdadeira religião ensina nossos
deveres e nossas incapacidades (orgulho
e concupiscência) e [fornece] os remédios
(humilhação e mortificação).
Blaise Pascal
Deus se esconde dos arrogantes intelectuais e
se mostra apenas a “bebês”, isto é, àqueles que
são sinceros e humildes na sua relação com ele.
John Stott
Trocamos a humildade de ser
ovelhas para o matadouro por
títulos que nos conferem status
abomináveis a Deus. Trocamos a
humildade do cordeiro pela glória
do lobo.
Ariovaldo Ramos
Prefiro um malogro suportado
com humildade a uma vitória com
orgulho [e] Deus prefere um pecador
arrependido a uma virgem orgulhosa.
Revista Beneditina
Quem anda à procura de holofotes
dos homens com certeza ficará longe
da iluminação do Espírito Santo.
Glênio Fonseca Paranaguá, pastor
da Primeira Igreja Batista de
Londrina, PR
O ser humano está cada vez mais
apaixonado e encantado consigo mesmo,
buscando sempre seu espelho, sua projeção
e seus aplausos. Cada vez mais distante da
proposta cristã de amar o outro como a si
mesmo.
Arlene Denise Bacarji, teóloga católica
Títulos honrosos promovem o marketing.
Atribuir um título aumenta o prestígio
que os “leigos” devem dar ao pastor
ou líder eclesiástico. […] Um desejo
de autopromoção ou a busca por mais
autoridade pode levar um pastor a
autodenominar-se apóstolo, enquanto
a Bíblia usa esse termo, na maioria dos
casos, para falar de alguém autorizado por
Cristo para falar em seu nome e com sua
autoridade.
Russell Shedd
32 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
mas sentir-se valorizado e importante.
O polo é invertido: é a criatura
assumindo o lugar do Criador. É neste
ponto que o adulto deixa de ser criança
e torna-se infantil.
Tornar-se criança significa reconhecer
a condição de criatura e saber que
nada nos alegra mais do que agradar o
Criador. É por isso que Jesus nos ensina
a entrar no quarto, fechar a porta, para
aprender a orar. Orar em público, faz
da oração facilmente um fim. Ouvir
elogios dos outros nos faz sentir que
somos “bons na oração”, enquanto que
orar secretamente no quarto nos leva
a experimentar a recompensa que vem
de Deus. Aprendemos a orar por causa
dele e não por nossa causa. Desejamos
agradá-lo e não a nós.
Somente os humildes entrarão no
reino dos céus. A verdadeira fé não é
fazer grandes coisas em nome de Deus,
mas viver de forma a agradá-lo. Não
é isto que os pais esperam de uma
criança? Tornar-se criança é viver liberto
da tirania da vaidade, da busca insana
pela autorrealização, da necessidade
infantil de ser admirado e reconhecido.
Tornar-se criança é experimentar a
alegria de viver para aquele que nos
criou e agradá-lo.
Quer louvar-te um ser humano, parte
minúscula de tua criação. És tu mesmo
que lhe dás o impulso para fazê-lo,
assim ele se sente feliz ao louvar-te.
Pois para ti nos criaste, e inquieto
é nosso coração, até que chegue a
descansar em ti.
(Agostinho, Confissões)
Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do
Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília.
É autor de Janelas para a Vida e O Caminho do Coração.
que quem se humilhar como ela — este,
sim — será o maior no reino dos céus.
Tornar-se criança não é transformar-
se em um adulto infantilizado; é
aprender o significado da humildade,
sem a qual ninguém entrará no reino
dos céus. Tornar-se como criança é
reconhecer a condição de filho e de
filha. Ser humilde como uma criança é
reconhecer-se como criatura. A natureza
humana frequentemente inverte esta
relação. O prazer mais natural de uma
criança é agradar seus pais. Humildade
é agradar aquele (ou aqueles) a quem
amamos. Não se trata de uma virtude
que se conquista com atitudes modestas
ou com a negação de elogios. Ela se
desenvolve na medida em que cresce em
nós a consciência de quem somos diante
do Criador.
É curioso notar como a fronteira
entre a humildade e o orgulho é estreita.
Ser elogiado por ter feito algo bom
nunca foi um pecado. É legítimo o
prazer que sentimos ao agradar alguém
a quem amamos. O prazer maior de
qualquer cristão será ouvir a voz do
Salvador dizer: “Muito bem, servo bom
e fiel…” — um elogio que nos encherá
de prazer por termos agradado aquele
a quem mais amamos. Porém, o elogio
pode se transformar em uma fonte de
prazer em si mesmo. Neste caso, não
se procura agradar a pessoa amada,
O CAMINHO DO CORAçãO Ricardo Barbosa
Tornar-se criança
significa saber que
nada nos alegra mais
do que agradar o
Criador
J
esus disse que ninguém
pode entrar no reino dos
céus se não se tornar como
uma criança. A imagem que
surge na mente dos adultos,
quando ouvem esta afirmação de Jesus,
é a da pureza infantil, da inocência, da
dependência — virtudes que poucos
adultos desejam. Assim, a conclusão
lógica a que qualquer um chegaria é que
poucos deles entrarão no reino dos céus.
A infância, para muitos adultos, é
apenas uma lembrança — boa para
uns, ruim para outros. É raro encontrar
um adulto que demonstre interesse,
por menor que seja, em ser como uma
criança. Os poucos que o demonstram,
o fazem por razões românticas, não
reais. O interesse do adulto pela
inocência ou pureza quase sempre é
confuso e infantilizado. É também
raro encontrar um adulto que, de fato,
queira ser dependente. Pode até querer
se convencer de suas limitações, mas
dificilmente abrirá mão do controle de
seu destino.
Ao tomar uma criança como exemplo
daqueles que entrarão no reino dos céus,
Jesus não tem em mente as imaginações
românticas que nós, adultos, temos
da infância. Mesmo porque o reino
dos céus não será herdado por adultos
infantilizados. Maturidade e crescimento
são evidências esperadas na vida daqueles
que seguem a Cristo.
Ao tomar uma criança como
exemplo, Jesus nos ajuda a corrigir uma
compreensão equivocada que temos da
virtude da humildade. Os discípulos
discutiam entre si qual deles seria o
maior no reino dos céus — conversa
típica de adulto. No meio desta
discussão, Jesus toma uma criança e diz
Tornar-se criança
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 33
34 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
Atualmente existe uma guerra entre
os evangélicos no Brasil que nada tem
de santa. É uma releitura cultural da
velha disputa de classes. Apesar de
não termos uma cultura de castas,
como na Índia, nossa tradição social,
baseada em origem e poder econômico,
é marcada pela exclusão de grupos
sociais. Nos tempos coloniais, a família,
o grau de proximidade da nobreza
portuguesa, a cor da pele faziam a
diferença. Hoje a subcultura à qual
pertencemos, a linguagem que falamos,
a música que ouvimos revelam o poder
socioeconômico que temos.
As várias versões evangélicas atendem
a subgrupos culturais diferentes e
fazem concessões teológicas de acordo
com a necessidade de cada um deles.
O evangelho intelectual das classes
dominantes requer uma lógica que se
conforme ao discurso pós-moderno. O
Deus tribal dos hebreus se transforma
em uma força de amor despersonalizada
e universalizante. Seguindo o exemplo
da Europa multiculturalista, o
evangelho palatável à intelligentsia tem
que relativizar verdades. Não existe
adaptação sem comprometimentos. A
moralidade bíblica é um peso muito
grande a ser carregado. Existe uma
proposta de amor no evangelho, mas se
exige para esta uma síntese hegueliana.
Qualquer maneira de amar vale a pena,
qualquer moralidade me diverte, desde
que me satisfaça.
Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca [...]
Por isso eu pergunto
A você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria?
(Marisa Monte)
À medida que o Brasil vai se
tornando mais evangélico observamos
as marcas culturais do evangelicalismo
se misturarem à cultura popular e
vice-versa. Missiólogos discutem a
influência da cultura nos diversos
modelos de evangelho que temos
pelo mundo usando dois conceitos,
contextualização e sincretismo.
Entende-se por contextualização
a expressão do conceito novo — a
revelação do evangelho — por
meio de formas antigas e facilmente
reconhecíveis pelo povo. O conhecido
se torna a expressão do novo. Já o
sincretismo trata de uma mistura
promíscua, indesejada, das novas
formas com conceitos antigos. É a
revitalização do erro, que se veste com
uma fantasia brilhante e aparentemente
nova.
O evangelho no Brasil — e,
acredito, em muitos outros lugares —
se acultura de modo contextualizado
e sincrético ao mesmo tempo. Para
se discernir entre pureza e corrupção
o trabalho é árduo, mas a discussão
destes caminhos é hoje essencial para
a saúde da igreja. Apenas o Espírito
Santo e a Bíblia podem nos tirar do
limbo de um semievangelho, que se
torna inócuo por ser equivalente.
O evangelho das massas populares é
simples: a entidade divina se tribaliza.
Como qualquer proposta animista, o
Deus tribal é pesado em suas demandas
tributárias, requer riquezas em profusão
e obediência cega às autoridades
sacerdotais. Ele tem necessidade de
demonstrar seu poder em um jogo
intimidatório. As bênçãos são subornos
e o Deus tribal dança conforme a
música do desenvolvimento econômico
e distribui casas, carros zero e cargos
políticos, premiando a servidão de seus
fiéis.
Nas duas versões o evangelho
de Cristo se torna “o evangelho do
profeta Gentileza”. O “amor” do Cristo
folclórico não é amor, é entretenimento.
Ele é simplório e ridículo. Quem é mais
inteligente, o homem ou a lei, o livro
ou a sabedoria? — pergunta Gentileza.
O homem, a sabedoria que não está nos
livros nem no Livro — respondemos.
E decidimos então apontar as torres de
nossas igrejas para o centro da sociedade
brasileira — o homem cordial que
a todos agrada. A cultura brasílica,
que não gosta de regras impostas,
menospreza o Livro e reinventa em duas
versões um Deus sem leis e sem moral,
que se ocupa de nos servir.
Concordo com Marisa que a
parede cinzenta é mais triste do que se
permanecesse pintada com os escritos
coloridos do Gentileza. Contudo, não
vamos trazê-lo para as igrejas. É melhor
deixá-lo nas ruas.
Bráulia Ribeiro trabalhou na Amazônia durante trinta
anos. Hoje mora em Kailua-Kona, no Havaí, com sua
família e está envolvida em projetos internacionais de
desenvolvimento na Ásia. É autora de Chamado Radical.
braulia_ribeiro@yahoo.com
O evangelho da gentileza
Bráulia RibeiroDA LINHA DE FRENTE
As várias versões evangélicas
fazem concessões
teológicas de acordo com a
necessidade dos diferentes
subgrupos culturais
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 35
36 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 37
Não quero me esquecer
de tudo que devo lembrar
É
verdade. A partir de
hoje vou me lembrar
de tudo de bom que
penetrou em minha
memória, tanto
pela visão e audição quanto pela
consciência.
Vou me lembrar daquele que me
criou, meu mais remoto ponto de
partida, pois me fez para ele e meu
coração não descansa enquanto não
repouso nele. Quero me lembrar de
Deus antes de descobrir que tudo
é um eterno correr atrás do vento,
antes que o processo inescapável da
decadência física tome conta de mim,
antes que o corpo volte ao pó da
terra, de onde tudo veio, e o espírito
volte a Deus, que o deu.
Vou me lembrar das minhas
obrigações morais, dos Dez
Mandamentos, das bem-
aventuranças, do paradigma que
Deus coloca diante de mim, do
processo contínuo da santificação.
Vou me lembrar de Jesus morto e
ressuscitado, que tomou sobre si meu
pecado, que removeu minha culpa e
minha mancha, que me reconduziu
ao Pai e que ainda é o meu defensor
diante de Deus.
Vou me lembrar das promessas
de Deus: a segunda vinda de Jesus,
a ressurreição, o novo corpo, o juízo
final e o novo céu e a nova terra.
Vou me lembrar de agradecer
a Deus pela vida, pela saúde, por
aquele toque misterioso do Espírito
que abriu os meus olhos e me fez
enxergar minha miserabilidade e a
DE HOJE EM DIANTE...
misericórdia de Deus. Vou contar
e agradecer as bênçãos recebidas da
divina mão e de mãos humanas.
Vou me lembrar dos meus pais e
dos meus irmãos, do meu cônjuge,
dos meus filhos, dos meus amigos
e da família da fé. Assim nunca me
esquecerei de que sou casado, sou
filho e sou pai.
Vou me lembrar dos outros, dos
que precisam do pão de cada dia,
de trabalho, saúde, paz e salvação.
Graças a essas lembranças, deixarei de
lembrar-me apenas de mim, como se
eu fosse o único ser vivente.
Que Deus me ajude a permanecer
nesse mar de lembranças saudáveis, de
hoje em diante!
38 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
Pastor, somos alunas do curso
de missão integral do Centro
Evangélico de Missões (CEM)
em Viçosa. Estamos fazendo um
trabalho sobre a história da igreja
nos séculos 20 e 21 e, para tanto,
recolhendo opiniões de alguns
líderes cristãos. Gostaríamos de
saber: qual a sua visão sobre
o neopentecostalismo? como o
secularismo tem influenciado a
igreja, na sua opinião? qual deve
ser a postura da igreja para evitar
que ele corrompa a essência do
cristianismo? qual o seu conselho
para a igreja brasileira hoje?
Obrigado pelas perguntas que
apresentam temas desafiadores:
neopentecostalismo, secularismo,
cristianismo e igreja evangélica
brasileira. Em primeiro lugar, devo
esclarecer que nem o cristianismo
nem a igreja evangélica brasileira são
realidades estáticas e monolíticas.
Isto é, existem muitos cristianismos e
muitas igrejas evangélicas brasileiras.
Contudo, de fato observo essas
duas tendências no movimento
cristão evangélico contemporâneo: o
secularismo e o neopentecostalismo.
Parece até que um responde ao
outro e que estamos condenados aos
extremos da dialética da história: o
neopentecostalismo com sua ênfase
Cotidiano — o leitor pergunta
mágica confrontado pelo secularismo
com sua absolutização da razão. Vejo
o neopentecostalismo como uma
consequência natural do secularismo.
Secularismo significa viver sem
a necessidade de Deus. Isso é fruto
da chamada modernidade, um
fenômeno do século 17 que afirmou a
supremacia da racionalidade científica
e do indivíduo acima da fé, da religião
e de suas instituições. O impacto
do secularismo e da modernidade
pode ser constatado, nos últimos
dez anos, pelo fechamento de em
média duzentos templos cristãos por
mês na Europa. Porém, o rebote da
modernidade não demorou a surgir.
A modernidade não conseguiu provar
que Deus não existe, pois Deus não
é variável epistemológica, isto é,
ele não é passível de verificação em
testes de laboratório. Todavia, ela
conseguiu desferir um duro golpe nos
representantes de Deus, notadamente
nas instituições religiosas e no clero.
A modernidade secular, por
outro lado, abriu espaço para o
aprofundamento do desespero e da
consciência de vulnerabilidade do
ser humano. Um universo vazio de
Deus é também um universo vazio
de sentido (niilismo) e sem critérios
morais para a ordenação da vida: “Se
Deus não existe tudo é permitido”
[Dostoiévski]. O ser humano, que
Ed René Kivitz
Ed René Kivitz é pastor da Igreja Batista de Água Branca, em São Paulo. É mestre em ciências da religião e autor de, entre outros, O Livro Mais Mal-Humorado da Bíblia. www.edrenekivitz.com
se afirmou com pretensões absolutas,
não conseguiu superar a angústia
diante de sua finitude, o medo da
morte, o flagelo do sofrimento e
a sensação de abandono em um
universo imenso.
O dia seguinte da modernidade
amanheceu com novos contornos: o
ressurgimento da busca da experiência
espiritual e da experiência religiosa
privatizada, não tutelada pelas
hierarquias das religiões formalmente
organizadas. Isso explica, pelo menos
em parte, o neopentecostalismo, que
coloca Deus a serviço do bem-estar
humano e manipula o sagrado e os
poderes espirituais, a fim de resolver a
vida em termos mágicos.
Aqueles que não se submetem
a uma experiência espiritual
infantilizadora e alienante buscam
respostas mais próximas das categorias
do secularismo, tentando afirmar
a necessidade de o ser humano se
emancipar do Deus interventor, tipo
papai do céu, muito parecido com
papai noel. Aqueles que consideram
a convocação do ser humano para
que assuma seu papel na construção
da sociedade, da história e do futuro
uma ofensa a Deus, correm para
a absolutização da fé em termos
mágicos, próximos da feitiçaria. Dias
difíceis. Entretanto, como nos ensinou
John Stott, “crer é também pensar”.
edrenekivitz@ultimato.com.br
Envie sua pergunta para:
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 39
A
pós o relato da criação,
nos dois primeiros
capítulos de Gênesis,
a Bíblia não descreve
muito como era a vida
e o relacionamento do primeiro casal
no Paraíso. Apenas um versículo indica
algo deste relacionamento — o verso
25 do capítulo 2. Ele afirma: “O
homem e sua mulher viviam nus, e não
sentiam vergonha”.
Todavia há uma verdade especial
contida nas poucas palavras deste
versículo. Em primeiro lugar, a ideia
de estar nu, neste contexto, não
indica somente o não estar usando
roupas, mas sim que havia um total
conhecimento um do outro — um
desnudar-se de alma! Homem e mulher
não tinham absolutamente nada a
esconder um do outro. Conheciam e
eram conhecidos por seus pares na mais
profunda intimidade da alma.
Na busca pela intimidade relacional,
o casal precisa dar-se a conhecer um ao
outro, o que não é um processo fácil.
Em primeiro lugar porque tememos
a rejeição. Temo que o outro me
abandone se descobrir quem realmente
sou no mais íntimo de meu ser —
todo o meu egocentrismo escondido
e minha vida de aparências. Só eu me
conheço e sei o quão vil e pecador
posso ser algumas vezes — ainda que
só em pensamentos — e procuro
esconder isso dos demais, incluindo
meu cônjuge.
Em segundo lugar porque temos
vergonha. Após a entrada do pecado
no mundo, a primeira atitude do
ser humano foi cobrir-se com folhas
A vergonha de estar nu
Casamento e famíliaCarlos “Catito” Grzybowski e Dagmar Fuchs Grzybowski
e esconder-se de Deus, pois tinha
vergonha! Vergonha de ser visto
como falho e fraco. O homem
havia desobedecido à única ordem
do Criador. Havia falhado no mais
simples que lhe fora proposto e
mostrara-se fraco diante da tentação
da serpente, cedendo ao seu apelo.
Fraqueza e imperfeição são atributos
que procuramos sempre esconder
dos demais, de nosso cônjuge e,
fantasiosamente, até de Deus.
Entretanto se quisermos
experimentar toda a profundidade da
intimidade relacional e desfrutar de
uma vida conjugal verdadeiramente
prazerosa, precisamos nos arriscar a
uma maior abertura e transparência.
Isso exige do casal uma boa
comunicação. É preciso investir tempo
para contar ao outro quem sou, o que
penso, como ajo e o que sinto, bem
como para ouvir o mesmo dele, em
uma escuta desarmada e sem críticas.
Certamente este nível de intimidade
não se consegue no tempo de namoro
ou na noite de núpcias. É uma
conquista diária e precisa ser recíproca.
Exige um diálogo no qual os olhares
se encontrem e se interpenetrem a
ponto de podermos enxergar a alma
um do outro. Jovens apaixonados têm
facilidade de dialogarem olhando nos
olhos, pois se sentem profundamente
amados pelo outro e têm pouco
receio de serem rejeitados. Contudo,
à medida que vão convivendo e
cometendo pequenas falhas, passam
a ter cada vez mais medo de expor-se,
pois não querem se mostrar fracos e
sofrer rejeição por não atenderem as
expectativas do outro. Assim, quanto
mais tempo convivem, menos se
permitem ser penetrados pelo olhar do
outro e se distanciam na intimidade.
É necessário um resgate do olhar nos
olhos durante o diálogo conjugal, pois
isso traz proximidade e cria vínculo.
O grande desafio para os casais é o
de ficarem “nus” um diante do outro
e não se sentirem envergonhados;
uma transparência de alma, sem nada
a esconder, para nos descobrirmos
amados e aceitos pelo que somos —
mesmo com nossas falhas e fraquezas
— e não pelo que representamos ser.
Viver desta forma é experimentar
um pouquinho do jardim do Éden em
nossas vidas!
Carlos “Catito” e Dagmar são casados, ambos psicólogos e
terapeutas de casais e de família. Catito é autor de Como
se Livrar de um Mau Casamento e Macho e Fêmea os Criou,
entre outros.
Na busca pela intimidade
relacional, o casal precisa
dar-se a conhecer um ao outro
MiguelSaavedra
40 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
Sentido de urgência
MEIO AMBIENTE E fé cristã Marina Silva
(Rm 8.19-23). A esperança é que a
situação possa ser modificada. Os
senadores precisam saber que é muito
importante proteger as florestas e
os rios, pois são fundamentais para
a qualidade de vida dos brasileiros.
Dependemos deles para beber água,
para cultivar os alimentos, para evitar
as enchentes e os desabamentos,
para fortalecer e fertilizar o solo.
Cuidar das nossas florestas e rios
é produzir dentro da perspectiva
do desenvolvimento sustentável.
Esta é uma visão que considera as
necessidades presentes e também as
necessidades das futuras gerações.
O legado de nosso tempo não pode
ser a degradação, a poluição, o
esgotamento, as tragédias eminentes.
Isso não condiz com a visão de
E
m maio deste ano a
Câmara dos Deputados
aprovou um projeto de lei
(PLC 30/2011) que tem
como objetivo modificar
o Código Florestal. Sem ouvir de
forma adequada a população e sem
considerar as contribuições da ciência,
aproximadamente 80% dos deputados
votaram em favor da proposta.
Deram um sim ao retrocesso na
legislação ambiental de nosso país;
à retirada da proteção às beiras de
rios, permitindo o desmatamento
e assoreamento dos cursos d’água;
às encostas de morros, pois com
a retirada de sua vegetação elas
podem desabar sobre estradas e
casas; aos topos de morros, que
podem sofrer o mesmo efeito;
aos mangues, que podem secar e
desaparecer. Um sim ao perdão a
desmatadores que desrespeitaram
as leis; ao descumprimento
da função socioambiental das
propriedades; ao agravamento das
mudanças climáticas.
Após a votação, o instituto
de pesquisa Datafolha mostrou
que 85% da população se declarou
contrária ao retrocesso e às outras
consequências mencionadas. Ficou
patente que estamos vivendo um
descolamento entre os mandatos
parlamentares e o compromisso de ser
representação política.
O projeto de lei agora está no
Senado. Mais do que nunca a natureza
geme e sofre esperando a revelação
dos filhos de Deus para sua libertação
mordomia da criação, como afirma a
Palavra de Deus.
Em conjunto com algumas pessoas
e mais de cem organizações participei
da criação e participo da atuação do
Comitê Brasil em Defesa das Florestas
e do Desenvolvimento Sustentável.
Vamos apresentar um abaixo-
assinado aos senadores pontuando as
questões levantadas neste texto.
É importante que a opinião
dos brasileiros seja ouvida no
Congresso, e é fundamental que ao
colocar o nome no abaixo-assinado
cada um o faça como sujeito de
sua história, saindo da posição de
espectador da política e assumindo
o papel de agente responsável
pelos rumos do país. A menos de
um ano da realização no Brasil da
Conferência da ONU sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável, a chamada
“Rio + 20”, é preciso impedir que
o país cometa uma agressão contra
o marco legal que a duras penas
conquistou ao longo dos últimos
anos e contra as bases naturais de
seu próprio desenvolvimento.
Para se informar e participar do
abaixo-assinado e dar aos senadores
o recado da população — a fim
de que entendam o sentido da
responsabilidade que precisam ter
e não se afastem do fato de que
foram eleitos para representar e não
para substituir as pessoas —, acesse:
www.florestafazadiferenca.org.br.
Marina Silva é professora de história e ex-senadora pelo PV-AC.
O legado de nosso tempo não
pode ser a degradação, a
poluição, o esgotamento, as
tragédias eminentes
JeinnySolisS
Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 41
Ult333
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  • 1. Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 1 FECHAMENTOAUTORIZADO.PodeserabertopelosCorreios. RUBEMAMORESE O PROCESSO DO MILAGRE N OV E M B R O – D E Z E M B R O 2 01 1 • A N O X L I V • N º 3 3 3 ALDERISOUZADEMATOs O mal que existe em nós ORGULHOO caminho mais curto para o tombo PAULFRESTON Como será a igreja evangélica de 2040?
  • 2. 2 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
  • 3. Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 3 O diabo anda por aí Abertura J ó 1.7 nos leva a 1 Pedro 5.8 e 1 Pedro 5.8 nos leva a Jó 1.7. Na primeira passagem, Deus pergunta ao diabo: “De onde você vem vindo?”. E o anjo caído responde: “Estive dando uma volta pela terra, passeando por aqui e por ali”. Na segunda, Pedro exorta: “Estejam alertas e fiquem vigiando porque o inimigo de vocês, o diabo, anda por aí como um leão que ruge, procurando alguém para devorar”. Enquanto a NTLH diz que o diabo “anda por aí”, outras versões preferem dizer que o anjo caído “ronda em volta” (NBV) ou “gira continuamente” (J. B. Phillips). Em outras palavras, o diabo existe, o diabo está solto, o diabo é inimigo (o mesmo que aparece na parábola do joio), o diabo não para, o diabo quer fazer vítimas. A denúncia de Simão Pedro é ex cathedra, isto é, ele fala com autoridade, pois foi uma das pessoas que o diabo procurou e conseguiu abocanhar, na casa do sumo sacerdote Caifás, na Sexta-Feira da Paixão, pela manhã (Mt 26.69-75). As voltas do diabo pela terra têm o propósito de descobrir brechas ou fendas no caráter dos cristãos pelas quais possa entrar. O diabo é um catador de rachaduras nas paredes e de goteiras nos telhados. A figura da brecha é usada pelos profetas: “Vocês rejeitam a minha mensagem e põem a sua confiança e a sua fé na violência e na mentira [e] esse pecado será como uma brecha que vai se abrindo num muro alto: de repente, o muro desmorona” (Is 30.13). O amor ao dinheiro foi a grande brecha no caráter de Judas. O Evangelho segundo João registra: “Assim que Judas recebeu o pão [a senha pela qual o traidor seria revelado], Satanás entrou nele” (Jo 13.27). Não houve mais jeito. Horas depois, Judas “foi e se enforcou” (Mt 27.5). É preciso tomar cuidado com as rachaduras da vida. Talvez a mais comum e a mais perigosa de todas seja a busca de nome, de poder, de posições cada vez mais altas e de glória. Essa sede é inata. O seu “quase ápice” é quando alguém se passa por Deus. E o ápice é quando alguém se julga mais do que Deus. As andanças do diabo “por aí” ou “por aqui e por ali” podem ser vistas nas palavras de Jesus. O Senhor se refere a um espírito imundo que sai de um homem, vai para um lugar deserto em busca de repouso e, algum tempo depois, volta ao lugar anterior (Mt 12.43-45). Já que a realidade, por enquanto, é esta, Pedro ordena: “Tenham autocontrole e fiquem alertas” (na tradução de Simon Kistemaker). É necessário enfrentar o diabo. Tiago aconselha a mesma providência e garante: “Enfrentem o diabo e ele fugirá de vocês” (Tg 4.7). É essa vitória específica que nós cantamos no “Castelo forte”, de Lutero: Se nos quiserem devorar demônios não contados, não nos iriam derrotar. Nem ver-nos assustados. O príncipe do mal, com seu plano infernal, já condenado está! Vencido cairá por uma só palavra! HaakonBirkeland
  • 4. 4 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 “ Estar na berlinda” é algo muito incômodo. Significa “ser alvo de motejos ou objeto de comentários”. Esta seria a matéria de capa desta edição de Ultimato. Pretendia-se escrever sobre o que os inimigos da fé, a mídia e outros falam de nós e também sobre o que nós falamos de nós mesmos (as acusações mútuas). Nem tudo que todos falam é a expressão exata da verdade. Ainda assim muita coisa não se pode jogar fora. A igreja na berlinda é a igreja cristã de modo geral. Diz respeito à igreja católica romana, à igreja reformada, às igrejas históricas, às igrejas pentecostais (inclusive o movimento carismático católico), às igrejas neopentecostais e aos cristãos sem nome ou sem igreja. Diz respeito aos pastores e seus rebanhos. Para a igreja sair da berlinda há mais oração do que esforço, há mais silêncio (da parte dos que temem exageradamente a crítica) do que discurso, há mais uma reação isolada do que maciça. Esta é mais dos “leigos” do que da cúpula religiosa. Há um número não desprezível de evangélicos e católicos de joelhos, chorando e clamando. O que aconteceu na Europa em direção à Reforma do Século 16 está se repetindo. O caminho mais inteligente e mais curto para o retorno ainda é a velha receita dada pelo próprio Deus ao povo de Israel no dia da dedicação do templo de Jerusalém, por volta de 959 antes de Cristo: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra” (2Cr 7.14). Porque em muitos casos (ou em todos?) o processo que coloca a igreja na berlinda começa com a soberba, e a volta começa com o exercício da humildade coletiva. Esta edição mostra a necessidade de trocar a soberba pela humildade — a virtude para Deus ver e não para o homem ver (p. 22). Vem a calhar a reflexão de Robinson Cavalcanti: “O pensador cristão deve ser humilde na escuta de seus críticos, mas não pode pautar o seu pensamento por eles ou ‘jogar para a plateia’, preocupado em agradar ou desagradar” (p. 52). Em sua coluna, Valdir Steuernagel encoraja-nos a convidar Jesus a entrar em nossa casa (ou em nossa igreja ou denominação) não pela porta da sala, mas pela porta da cozinha, onde o encontro com ele será menos formal e mais íntimo (p. 58). Em Tornar-se criança (p. 32), Ricardo Barbosa lembra-nos que, quando os discípulos discutiram entre si para saber qual deles seria o maior no reino dos céus, Jesus tomou uma criança nos braços e disse que o maior seria aquele que se humilhasse como ela. Elben César Carta ao leitor ISSN 1415-3165 Revista Ultimato – Ano XLIV – Nº 333 Novembro-Dezembro 2011 www.ultimato.com.br Publicação evangélica destinada à evangelização e edificação, não denominacional, Ultimato relaciona Escritura com Escritura e acontecimentos com Escrituras. Visa contribuir para criar uma mentalidade bíblica e estimular a arte de encarar os acontecimentos sob uma perspectiva cristã. Pretende associar a teoria com a prática, a fé com as obras, a evangelização com a ação social, a oração com a ação, a conversão com santidade de vida, o suor de hoje com a glória por vir. Circula em meses ímpares Diretor de redação e jornalista responsável: Elben M. Lenz César – MTb 13.162 MG Arte: Liz Valente Impressão: Plural Tiragem: 35.000 exemplares Colunistas: Alderi Matos • Bráulia Ribeiro Carlos “Catito” Grzybowski • Carlinhos Veiga Dagmar Fuchs Grzybowski • Ed René Kivitz • Jorge Barro Marcos Bontempo • Marina Silva • Paul Freston René Padilla • Ricardo Barbosa de Sousa Robinson Cavalcanti • Rubem Amorese Valdir Steuernagel Notícias: Lissânder Dias Participam desta edição: Áquila Mazzinghy Hamilton de Morais • Lissânder Dias Rolando de Nassau • Tais Machado • Timóteo Carriker Publicidade: anuncio@ultimato.com.br Assinaturas e edições anteriores: atendimento@ultimato.com.br Reprodução permitida: Favor mencionar a fonte. Os artigos não assinados são de autoria da redação. Publicado pela Editora Ultimato Ltda., membro da Associação de Editores Cristãos (AsEC) Editora Ultimato Telefone: (31) 3611-8500 Caixa Postal 43 36570-000 — Viçosa, MG Administração/Marketing: Klênia Fassoni Ana Cláudia Nunes • Ariane dos Santos Daniela Cabral • Ivny Monteiro • Lucas Rolim Luiza Pacheco EDITORIAL/PRODUÇÃO/ULTIMATO ONLINE: Marcos Bontempo • Bernadete Ribeiro Djanira Momesso César • Gláucia Siqueira Lissânder Dias • Mariana Furst • Pabline Félix FINANÇAS/CIRCULAÇÃO: Emmanuel Bastos Aline Melo • Ana Paula Fernandes • Cristina Pereira Daniel César • Edson Ramos • Jair Avillez Luís Carlos Gonçalves • Rodrigo Duarte Solange dos Santos VENDAS: Lúcia Viana • Henife Oliveira Lucinéia Campos • Marcela Pimentel • Romilda Oliveira Tatiana Alves • Vanilda Costa ESTAGIÁRIOS: Bruno Menezes • Jaklene Batista Raquel Bastos • Tércio Rodrigues fundada em 1968 4 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 A igreja na berlinda
  • 6. 6 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 77. N a carta dirigida ao povo de Deus espalhado por várias províncias da Turquia, Pedro não se mostra preocupado com a saúde, a segurança e o bem-estar dos idosos. Ele não dá os costumeiros conselhos: tomem o remédio certo na hora certa, não comam demais, cuidado para não cair, andem devagar, distraiam-se etc. A preocupação do apóstolo é com a vida espiritual daqueles que estão em idade avançada: “De agora em diante, vivam o resto da sua vida aqui na terra de acordo com a vontade de Deus e não se deixem dominar pelas paixões humanas” (1Pe 4.2, NTLH). Em vez de “resto da vida”, outras versões preferem dizer: “resto da sua vida corporal” (HR), “resto da vida mortal” (CT), “resto de seus dias na carne” (BJ), “resto do tempo cá na terra” (J. B. Phillips), “restante de sua vida corporal” (CNBB). Esses idosos estão na etapa final da jornada, da peregrinação e da estadia. Eles ainda estão no exílio, ainda são migrantes, ainda se acham fora da pátria, ainda são peregrinos e forasteiros. Porém estão, naturalmente, mais próximos da Canaã celestial do que os outros. Não é apenas neste versículo que Pedro se dirige aos idosos. No primeiro capítulo da carta ele escreve: “Durante o resto da vida de vocês aqui na terra tenham respeito a ele” ou “portem-se com temor” (1Pe 1.17). Teriam sido necessárias essas advertências do apóstolo dirigidas a pessoas de idade avançada e limitadas em seu vigor físico? À luz do Eclesiastes, Pedro tem toda razão: “O coração do homem está cheio de maldade e de loucura durante toda a vida” (Ec 9.3). Segundo Lutero, a inclinação para o mal, com a qual todos nascem, “não pode ser extinta enquanto vivemos — pode ser diminuída dia a dia, mas extinta não pode”. Pedro reforça a sua exortação com um argumento válido: “No passado vocês [os agora idosos] já gastaram bastante tempo fazendo o que os pagãos gostam de fazer. Naquele tempo vocês viviam na imoralidade, nos desejos carnais, na bebedeira, nas orgias, na embriaguez e na nojenta adoração de ídolos” (1Pe 4.3). Com a conversão, ocorrida algum tempo antes, os idosos da diáspora foram libertados do poder da escuridão e trazidos em segurança para outra esfera de vida, para a maravilhosa luz de Cristo (1Pe 2.9; Cl 1.13). Para compensar o “bastante tempo” na carne, os velhinhos de Pedro deveriam viver o resto de seus dias no Espírito! Pastorais Não só de vive o idoso JoelRorabaugh
  • 7. Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 7 Orgulho O dono da glória Humildade: uma virtude para Deus ver e não para o homem ver Humildade absolutamente sem medo Depois de um longo tratamento de choque Provérbios de Salomão: o caminho mais curto para o tombo é a soberba Está na hora de pedirmos ao Senhor que nos dê mais espinhos bem encravados na carne É hora de abandonar a vaidade e deixar a liderança, se necessário Está na hora de fugir da nossa própria vaidade Percepções de si mesmo, Tais Machado O casamento do sucesso com a humildade Estamos todos embriagados! Soberba e secularização 3 Abertura 4 Carta ao leitor 6 Pastorais 8 Cartas 12 Frases 12 Números 14 Mais do que notícias 18 Notícias 37 De hoje em diante... 40 Meio ambiente e fé cristã 43 Novos acordes 44 Altos papos 56 Cidade em foco 62 Caminhos da missão CAPA SEÇÕES Sumário ABREVIAÇÕES: AS21 - Almeida Século 21; BH - Bíblia Hebraica; BJ - A Bíblia de Jerusalém; BP - A Bíblia do Peregrino; BV - A Bíblia Viva; CNBB - Tradução da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil; CT - Novo Testamento (Comunidade de Taizé); EP - Edição Pastoral; EPC - Edição Pastoral - Catequética; HR – Tradução de Huberto Rohden; KJ - King James (Nova Tradução Atualizada dos Quatro Evangelhos); NTLH - Nova Tradução na Linguagem de Hoje; TEB - Tradução Ecumênica da Bíblia. As referências bíblicas não seguidas de indicação foram retiradas da Edição Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil, ou da Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional. O caminho do coração 32 Tornar-se criança Ricardo Barbosa de Sousa Da linha de frente 34 O evangelho da gentileza Bráulia Ribeiro Cotidiano 38 O leitor pergunta, Ed René Kivitz Casamento e família 39 A vergonha de estar nu, Carlos “Catito” Grzybowski e Dagmar Fuchs Grzybowski Missão integral 42 A opção galileia de Jesus, René Padilla Entrevista 46 Rolando de Nassau Toda música sacra é religiosa, mas nem toda música religiosa é sacra Ética 49 Como será a igreja evangélica brasileira de 2040 ?, Paul Freston Reflexão 52 Desafios do evangelicalismo progressista Robinson Cavalcanti História 54 O mal que existe em nós Alderi Souza de Matos Redescobrindo a Palavra de Deus 58 Então Jesus entrou numa casa Valdir Steuernagel Especial 48 Missão integral e discipulado — como se misturam?, Samuel Sheffler 59 Heresia: uma palavra que não combina com N.T.Wright, Timóteo Carriker 64 O aberto horizonte das missões Ponto final 66 O processo do milagre, Rubem Amorese 22 22 23 23 24 25 26 26 27 28 29 30 30 • artigos exclusivos • boletins editoriais • devocionais • estudos bíblicos • lançamentos • novidades • promoções MartinBoulanger Um ponto de encontro www.ultimato.com.br
  • 8. 8 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 Cartas Alegria, alegria, por favor! Ao folhear a matéria de capa da edição de setembro/outubro de 2011, verifiquei que alguns artigos falam de felicidade e outros, de alegria, o que denota uma confusão entre os termos. As duas palavras não são sinônimas. A felicidade é um estado de alma que depende das circunstâncias, da presença ou ausência de amigos e pessoas amadas. Vivemos a felicidade na busca da satisfação de novos sentimentos. A alegria não depende das circunstâncias, de amigos à volta, de ambiente festivo, da satisfação dos sentidos. Paulo diz: “Alegrai-vos sempre no Senhor”. A alegria não é uma opção, uma escolha, mas uma ordem, um mandamento. Quatrocentos anos antes de Cristo, Neemias escreve: “A alegria do Senhor é a nossa força” (Ne 8.10). Pr. Ezequias Costa, São Paulo, SP este poder. Quem não crê, fica desdenhando, filosofando, sociologizando, tentando explicar o inexplicável, que vai além da razão e que só o Espírito de Deus pode discernir. Lucimara Roque, São Paulo, SP Indecisão Foi por causa de indecisão (“De hoje em diante”, setem- bro/outubro de 2011) que na minha mocidade deixei o evangelho de lado e preferi o mundo e suas concupiscên- cias. Como sofri! Se no começo eu tivesse mais firmeza em seguir a Cristo, o processo seria menos doloroso. Daniel de Oliveira, Maceió, AL Pororoca gay Felizmente ainda se levantam, em nosso meio, vozes pro- féticas que com autoridade e conhecimento proclamam a verdade a quantos queiram ouvi-la. Um desses profetas é o bispo Robinson Cavalcanti, a quem parabenizo pelo excelente artigo Os evangélicos e a pororoca gay (“Reflexão”, julho/agosto de 2011). Luciano Pereira, Brasília, DF De volta ao Senhor Já fui assinante de Ultimato e confesso que a revista me edificou muito. Sou dependente químico e, por estar afas- tado do Senhor, deixei de renovar minha assinatura. Hoje, pela misericórdia de Deus, estou em uma comunidade terapêutica e retornando ao caminho. Michel Conte, São Bernardo do Campo, SP Sou novo assinante e acabo de receber minha primeira revista Ultimato. Somente este exemplar já fez valer a assinatura, sobretudo pelo artigo Louvarei ao Senhor, de Ronaldo Lidório. De forma clara, ele nos leva a refletir sobre o passado, o presente e principalmente sobre o futuro, quando todos louvaremos ao Senhor verdadeiramente unidos. William Tomaz, Lajinha, MG De igreja em igreja Discordamos do subtítulo “De igreja em igreja”, colocado no texto que retoma as palavras de Alfredo Borges Teixeira (“Mais do que notícias”, setembro/outubro de 2011). Saímos de uma igreja de regime ditatorial e fomos para outra bem diferente. Antes de “jogar farinha no ventilador”, os que se manifestam contrários à transferência de uma denominação para outra deveriam ouvir o problema de cada um. Berenice e Nélson Camilo, Limeira, SP O poder do evangelho Muito claro e objetivo o artigo O poder do evangelho, de Rubem Amorese (“Ponto final”, setembro/outubro de 2011). O autor é sensível, pois entende e sabe se fazer entender. O evangelho é “poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”. Quem crê, experimenta
  • 9. Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 9 Estou aqui, Senhor! Entendo que Cristo trabalha no corpo e se revela ao mundo por meio da igreja. Contudo, é difícil estar dentro desta igreja sendo homossexual e ouvir culto após culto sobre a família e sobre como nós gays somos uma ameaça a ela, uma aberração que precisa ser eliminada. As palavras de desamor ferem a alma já ferida e, se não fosse o entendimento bíblico de que Deus é amor, confesso que há muito teria me tornado inimigo da cruz. Ou então me iludiria e faria parte da chamada “igreja gay”, onde tudo é aparentemente mais seguro e confortável, e “negar a si mesmo” e “tomar a cruz de Cristo” são frases impronunciáveis. Em contrapartida, nela existe amor e acolhimento. Sinto falta disso. Sigo e amo a Jesus Cristo de todo o coração. Há anos fui iniciado na homossexualidade pelo meu pastor. Os bastidores das igrejas fazem corar de vergonha os anjos. Porém, continuo firme na graça, pois é por ela que sou salvo. E se algo precisa ser mudado em mim, faço esta oração: “Estou aqui, Senhor, muda-me!”. Luciano Silva, Serra, ES Não admito ser chamada de mártir É sempre um prazer ler os textos de Bráulia Ribeiro. Parabenizo-a pelo artigo A linguagem de missões que prejudica o reino (“Da linha de frente”, julho/ agosto de 2011). Sou brasileira e moro na Estônia, onde trabalho como voluntária com a juventude em uma zona rural ao sul do país, na qual o evangelho foi rejeitado após a invasão soviética. A Estônia tem sua dose de escuridão, mas onde esta não existe? Sinto-me chamada a servir neste país não pela sombra ou pelo passado tenebroso, mas pela beleza e força que há nele. Não admito ser transformada em mártir por aqueles que se julgam capazes de mensurar o que deixei para trás para estar na Estônia. Se eu colocar na balança a alegria de viver o chamado de Deus para minha vida, sei que não foi sacrifício algum vir para este país. Lívia Telles, Võru, Estônia John Stott Para mim, Stott teve três grandes momentos: seu nascimento em 1921, seu encontro com Cristo na terra em 1938 e seu encontro com Cristo na glória. O fato de ter se tornado capelão da família real e de ter sido indicado como uma das cem pessoas mais influentes do mundo não se compara a esses três momentos. Antes, é o reflexo destes. Jean de Oliveira, Nova Cruz, RN Li com profunda emoção o livro O Discípulo Radical, de John Stott. Tendo lido a maioria de seus livros, fui mais uma vez abençoado e encorajado a pros- seguir e a honrar o ministério do evangelho, graças ao exemplo, à coerência e à fidelidade bíblica desse servo do Senhor. Stott com certeza está na lista daqueles “homens dos quais o mundo não era digno” (Hb 11.38). Ele escreveu: “Se a glória de um pôr-do-sol já nos impressiona, como será quando estivermos diante da beleza do novo céu e da nova terra?”. Agora, Stott já sabe! Pr. Rodinon dos Santos, Montes Claros, MG Macumba gospel As mais variadas esquisitices estão surgindo no mundo neopentecostal. Isto está acontecendo por causa do abandono da Palavra, como diz Oseias: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta conhecimento” (4.6). Precisamos nos informar, ler, estudar, examinar as Escrituras e tornarmo-nos cristãos bereanos. Muito do que há é macumba gospel, “outro evangelho”, numerologia, esoterismo travestido em Palavra de Deus. Alguns pastores olham mais para o caixa da igreja do que para a qualidade de caráter de seus membros, que estão caindo e cedendo ao cântico da sereia prosperida- de e aos seus adornos. Fiquemos alertas, pois o inimigo encontrou o meio mais trivial de estragar a seara do Senhor: semeando o joio no meio do trigo. Pr. Marco Antonio Sales, Nova Iguaçu, RJ Mais cristão e mais decente Agradeço o zelo que Ultimato tem por nós leitores, principalmente pelo nosso intelecto. Quando leio e absorvo o conteúdo da revista, me sinto mais
  • 10. 10 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 Cartas inteligente, mais gente, mais cristão, mais descente. É desse zelo que falo. Ultimato faz bem à mente e ao coração. É verdadeiro instrumento de mudança na vida de muitos. Raphael Machado, São Carlos, SP Oremos uns pelos outros Sempre leio Ultimato com interesse. Há muita espiritualidade na revista, e é edificante. Aproveito-a nas homilias. Pe. Benedito Halter, Porto Feliz, SP Com muito pesar solicito o cancelamento de minha assinatura da revista Ultimato, por motivo de deficiência visual gradativa, devido à catarata e à idade, 87 anos. Agradeço e proponho: Oremus ad invicem (Oremos uns pelos outros). Dom Urbano Allgayer, bispo emérito de Passo Fundo, RS Ecumenismo Já fui assinante de Ultimato. Não renovei a assinatura, pois há muito tenho visto a revista desenvolver uma linha ecumênica com a qual não concordo. Há muitos textos sobre a Igreja Católica. Por causa disso o conteúdo de Ultimato decaiu bastante. Talvez essa tenha sido uma estratégia comercial. Contudo, penso que, se continuar assim, em breve estará publicando artigos espíritas ou conteúdos semelhantes, o que é lamentável. Pr. João Graebin, Formosa, GO O céu aberto de Agostinho É uma graça saber que católicos e protestantes têm raízes comuns, como é o caso dos estudiosos da patrística. Há muito queria saber mais sobre a vida de Agostinho e a matéria de capa da edição de março/ abril de 2011 abriu-me o caminho. O pensamento do bispo de Hipona consistia na busca pela soberania de Deus em sua vida por meio da própria sabedoria, que ele tanto procurava. Agostinho descobriu que a sabedoria não era o saber, mas o conhecer a Deus, nosso sumo bem. Ele encontrou a sabedoria ao encontrar o amor verdadeiro. Parabéns a Ultimato. Matérias como esta promovem unidade e abrem caminho para a reconciliação e o diálogo cristão. Este é um caminho longo, mas, se trilhado na caridade de Cristo, um dia chegaremos lá. Andréia de Faria, Ouro Fino, MG O colégio de Jesus e a educação teológica das Assembleias de Deus O site do MEC informa que há oito instituições cadastradas com o nome Assembleia de Deus, desde o Paraná, passando por São Paulo, até Macapá e Piauí. A faculdade que a matéria de capa da edição de julho/agosto de 2011 menciona fica no Rio de Janeiro e oferece apenas três cursos: administração, direito e teologia. Porém, administração e direito são apenas autorizados pelo MEC (fase anterior ao reconhecimento). Somente o curso de teologia é reconhecido pela instituição. Fora este equívoco, Ultimato está de parabéns pelos textos sobre o centenário das Assembleias de Deus. Alexander Fajardo, São Paulo, SP Ordenação feminina Lamento a entrevista Ordenação feminina (março/ abril de 2011). A Bíblia é supracultural — ela molda a cultura, não o contrário. A revelação de Deus deve redimir a cultura. Afirmar que a não ordenação feminina é machismo, é uma grande injustiça. A Igreja Presbiteriana do Brasil não ordena mulheres aos ofícios sagrados, pois ela é fiel à Bíblia. A Presbyterian Church USA começou com mulheres e agora já pensa em ordenar homossexuais. Esse é o caminho daqueles que relativizam a Palavra de Deus, sempre oportuna e pertinente. Lamento a posição de Waldyr Carvalho Luz e de Ultimato. Rev. Fábio Bezerra, Sobradinho, DF Cartas da prisão Minha mãe é missionária, minha esposa é evangélica e estou lendo um livro cristão. Estou no caminho certo, o caminho da salvação. Dário, Casa Branca, SP
  • 11. Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 11 Fale conosco Cartas à Redação • cartas@ultimato.com.br • Cartas à Redação, Ultimato, Caixa Postal 43, 36570-000, Viçosa, MG Inclua seu nome completo, endereço, e-mail e número de telefone. As cartas poderão ser editadas e usadas em mídia impressa e eletrônica. Economize Tempo. Faça pela Internet Para assinaturas e livros acesse www.ultimato.com.br Assinaturas • atendimento@ultimato.com.br • 31 3611-8500 • Ultimato, Caixa Postal 43, 36570-000, Viçosa, MG Edições Anteriores • atendimento@ultimato.com.br • www.ultimato.com.br Li em Por Que (Sempre) Faço o Que Não Quero? o testemunho do office-boy que violentou e assassinou nove mulheres no Parque do Estado em São Paulo, SP: “Eu tenho um lado bom e um ruim, que se sobrepõe ao bom”. Entendo que o lado ruim continua vivo dentro dele. Tiro essa conclusão baseado em meu próprio exemplo. Quando fui preso em junho de 2008, descobri este meu lado, que se manifestou durante três dias consecutivos. Entretanto, eu não o alimentei, pois não o queria dentro de mim. No começo foi difícil, mas o Deus em quem creio é mais forte do que o mal. José da Silva, Sorocaba, SP Relendo a “Carta ao leitor” da edição de julho/agosto de 2011, me deparei com o título Geladeira estragada. Só então entendi o que estava escrito. Ao ver alguns cristãos louvando, orando e gritando eu dizia sempre que aquele “barulho” não era necessário, pois Deus não é surdo. Porém hoje, por estar na presença do Senhor, entendo que o “barulho” é consequência do clamor dirigido a Deus. Hoje eu também levanto clamores ao Senhor e dou glórias a Deus em alta voz. Entretanto, há alguns irmãos que não agem da mesma forma, e Deus opera na vida deles e de seus familiares. Entre nós, alguns gostam de “barulho”, outros, não. Contudo, uns respeitam os outros, e moramos e buscamos a Deus juntos em uma mesma cela. Sérgio Lima, Flórida Paulista, SP Sou cristão e moro em uma cela, onde é a nossa igreja. Realizamos cultos ao ar livre no presídio para trezentas pessoas que necessitam ouvir a Palavra de Deus. Precisamos de folhetos. Luciano Rubiar, Caixa postal 43 – 15496-900 Riolândia, SP ERRAMOS — No artigo O fim do conselho evangélico (“Reflexão”, setembro/ outubro de 2011, p. 52), o título correto é O fim do consenso evangélico. — O artigo Role Model (“História”, setembro/outubro de 2011, p. 58) termina com o seguinte parágrafo: “Nossa infância e juventude necessitam desesperadamente de role models, [...] esse imperativo que recai inevitavelmente sobre eles”.
  • 12. 12 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 “E m vez de destruir a vida, devemos destruir o que torna a vida insuportável, o que faz rejeitar a vida. Elizabeth Kipman Cerqueira, médica especialista em ginecologia e obstetrícia “O s navios britânicos carregaram mais pessoas para a escravidão do que qualquer outro país durante o século 18, o período do pique de comércio de escravos. Marcus Rediker, autor de O Navio Negreiro “T enho uma história complicada, machuquei pessoas, falhei. Não sou mais quem eu era, não tenho medo do passado, eu o entendo. William P. Young, autor de A Cabana “S e a adolescente não tem projetos de vida, a gravidez vira o projeto de vida. Marco Aurélio Galletta, médico responsável pelo setor de gravidez na adolescência do Hospital das Clínicas de São Paulo “D eus criou o homem e a mulher não para acasalá-los, mas para casá-los. Guilherme Cunha, pastor da Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro “A s novelas fazem uma profunda crítica social e comportamental, mas legitimam o status quo vigente, porque é dele que elas se alimentam. Edson Faxina, professor da Universidade Federal do Paraná “Q uanto maior a frequência no consumo de drogas, maior a tendência a transgredir e envolver-se com a violência. A epidemia das drogas é o pior problema de saúde pública. Rui Antonio de Souza, da equipe do jornal Mundo Jovem “O s teólogos necessitam “sair da toca” e de seus gabinetes de cristal, fazer teologia para a igreja e ajudar a igreja a discutir com mais profundidade temas como este [opção sexual]. Lourenço Stelio Rega, diretor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo “H oje não é possível afirmar sem hesitação que o século 21 será menos conflituoso que o precedente no campo da missão, embora seja permitido esperar que o seja. Jacques Matthey, pastor e teólogo reformado suíço “O s jovens precisam não somente de oportunidades, mas também de exemplaridade dos mais velhos; não somente razões, mas de atitudes que motivem, preencham e impulsionem a sua existência e alimentem a sua esperança. Papa Bento XVI FRASES ” ” ” ” ” ” ” ” ” ” NÚMEROS 25.000 finlandeses deixaram espontaneamente a Igreja Luterana depois de assistirem a um debate na TV durante o qual uma candidata democrata cristã, recém-eleita, afirmou que não fica bem para um cristão ter relações homossexuais 3.600.000.000 de ienes (cerca de 76 milhões de reais) foram encontrados nos escombros deixados pelo terremoto de 11 de março no Japão e devolvidos por equipes de resgate e por cidadãos 3.000.000 de exemplares do livro A Cabana, de William P. Young, filho de missionários evangélicos na China, foram vendidos no Brasil (nos Estados Unidos, foram mais de 10 milhões) 86 mulheres com idade entre 19 e 64 anos coabitam com Bello Maasaba, curandeiro nigeriano. Ele já teve 107 esposas, mas nove morreram e doze foram por ele repudiadas 80% dos 1.829 missionários católicos brasileiros além-fronteiras são mulheres e religiosas 56.400.000 pessoas ao redor do mundo admitem usar pílulas e comprimidos que vendem prazer, euforia, capacidade de concentração ou doses artificiais de paz e serenidade 197 guerras foram travadas em todo o mundo entre 1800 e 1997 6.721 divórcios foram realizados nos cartórios do estado de São Paulo de janeiro a junho de 2011, um aumento de 286% em relação ao mesmo período de 2010 GiuseppeRuggirello
  • 14. 14 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 Assim caminha a humanidade... Bento XVI quer uma igreja despojada de sua riqueza terrena e de seu poder político E nquanto 1 bilhão de pessoas ainda passam fome (segundo a ONU), os jornais brasileiros noticiam... a morte de Teteia, 53 anos, sacrificada na presença da filha Sininho, 10, após um quadro de declínio irreversível... a chegada de Imbi e Kifta, ambas de 10 anos, procedentes da Inglaterra, para fazer companhia a Idi Amim, 38, ainda virgem... a morte de Ciça, 18 anos, e de Oksama, 11, esta depois de ser operada às pressas sem sucesso de um câncer de fígado, deixando vivos cinco filhos... a separação de Dengo e Elza, depois de terem vivido juntos por oito anos... a colocação de uma terceira prótese na perna de Motala, por ter pisado em uma mina terrestre... a morte de Santiago, 3 anos, ao desembarcar no aeroporto de Vitória, em um voo da Gol procedente de São Paulo, devido a uma parada cardiorrespiratória... Nota Tetéia era um hipopótamo, o animal mais velho do zoológico de São Paulo; Imbi, Kifta e Idi Amin são gorilas do zoológico de Belo Horizon- te; Ciça e Oksama eram cachorros de raça; Dengo e Elza são leões do zoológico de Niterói; Motala é um hipopótamo fêmea da Tailândia; e Santiago era um cão pug. O dono da cachorra Oksama escreveu na Folha de São Paulo: “Minutos antes de sua entrada no centro cirúrgico, beijei-a na testa, que tremia devido à respiração ofegante”. Na Alemanha, protestantes e católicos foram obrigados a protestar contra o sepultamento religioso para animais, afirmando que “somente o ser humano recebe qualificação de pessoa, o que o diferencia fundamentalmente dos animais”. A polêmica sugestão partiu de um certo doutor Jens Feld, segundo o qual a igreja devia não somente dar apoio a enlutados pela morte de um animal, mas também fazer o sepultamento do animal morto segundo ritos cristãos. P or ocasião de sua viagem à Alemanha, a terra da Reforma, em setembro deste ano, o papa Bento XVI, de 84 anos, acenou para uma forte renovação do cristianismo. Alguns de seus pronunciamentos foram feitos em Erfurt, cidade onde Martinho Lutero, aos 23 anos, trocou a universidade — onde fazia o curso de direito — pelo convento (2 de julho de 1505) e onde foi ordenado sacerdote (3 de abril de 1507). Entre outras coisas, o papa disse: — Nos últimos tempos a geografia do cristianismo mudou profundamente e continua mudando. — [O cristianismo de hoje é] de escassa densidade institucional, com pouca bagagem racional, menos ainda dogmática, e pouca estabilidade. — Vivemos em um tempo em que se tornaram incertos os critérios de ser homem. A ética foi substituída pelos cálculos das consequências. Os motivos de abandono da igreja são múltiplos, no contexto do secularismo da nossa sociedade. Em geral, estes abandonos são o último passo de um longo trajeto de afastamento +DO QUE NOTíCIAS da igreja. [Para compreender, é necessário que os fiéis respondam a estas perguntas:] Porque estou na igreja? Estou na igreja como em uma associação esportiva, uma associação cultural etc., na qual encontro respostas para os meus interesses e, se não for assim, vou embora? Ou estar na igreja é algo mais profundo? É importante reconhecer que estar na igreja não quer dizer fazer parte de uma associação, mas estar na rede do Senhor, que pesca peixes bons e maus das águas da morte, para levá-los às terras da vida. — A igreja deve de novo separar-se de tudo que é mundano. — Liberada de seu peso material e político, a igreja dedica-se melhor e de maneira verdadeiramente cristã ao mundo inteiro, pode novamente viver de maneira mais livre sua chamada ao ministério da adoração a Deus e ao serviço do próximo. — A igreja tem que se abrir ao mundo, não para obter a adesão dos homens em busca de poder, e sim para conduzi-los a Deus. Fonte: Zenit e movimento También somos iglesia (Chile).
  • 15. Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 15 E sta pergunta aparece no capítulo que trata da homossexualidade na Bíblia, no livro Homossexualidade — ciência e consciência, escrito por seis professores do departamento de práxis da Universidade Pontifícia Comillas, em Madri, e publicado no Brasil pela Edições Loyola, em 1985. A resposta estaria no artigo intitulado É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que encontrar respaldo bíblico para o homossexualismo (Ultimato, setembro/ outubro de 1998). Se a Bíblia não é taxativa no que diz respeito ao comportamento homossexual, então é melhor ensarilhar as armas de uma vez por todas. Não há outro sustentáculo para a não aceitação da homossexualidade senão as Escrituras Sagradas. O professor Gregorio Ruiz, autor da pergunta, escreve que o pecado de Sodoma, de onde “provêm as palavras sodomia e sodomita, que designam +DO QUE NOTíCIAS É tão taxativa a condenação bíblica da homossexualidade? em todas as línguas modernas precisamente a prática homossexual, principalmente entre homens”, é “um pecado de injustiça, mais concretamente de anti- hospitalidade e não necessariamente de violação sexual”. Em benefício de sua tese, o professor prefere dizer que os homens de Sodoma foram à casa de Ló para conhecer que tipo de estrangeiros ele hospedava (conhecer no sentido comum e não no sentido de ter uma relação sexual completa). Essa interpretação é impossível de ser admitida, mesmo sem se consultar outras passagens bíblicas. Contudo, a leitura do segundo capítulo da Segunda Carta de Pedro deixa patente que o pecado de Sodoma era de fato de natureza sexual. Ao referir-se a esse episódio, o apóstolo afirma que Deus salvou Ló, “um homem bom, que estava aflito porque conhecia a vida daquela gente imoral”. Outras versões ampliam o sentimento de Ló frente à situação: o sobrinho de Abraão sentia-se “atormentado” (HR, EPC), “atribulado” (S21), “deprimido” (TEB), “entristecido” (EP), “oprimido” (MS), “revoltado” (CT, EPC) ou “muito agoniado” (NBV). Ló sofria com o que via e ouvia, pois eles levavam uma vida devassa, dissoluta, libertina, luxuriosa, imoral e indecente (2Pe 2.6-10). Embora o pecado da injustiça social seja grave e tenha também acontecido em Sodoma, Gomorra e outras cidades da planície (Ez 16.49-50), o que causou mais dor para Ló foi a libertinagem dos seus conterrâneos e contemporâneos. A narrativa do livro de Gênesis torna impossível a sugestão do professor Gregorio Ruiz. Ao cercar a casa de Ló e exigir que ele lhes entregasse os dois anjos com aparência humana, a multidão de jovens e adultos queria mesmo “deitar com eles” (BP), “abusar deles” (RA, BJ), “ter relações com eles” (NBV, NTLH, NVI, EP, CNBB), “conhecê- los intimamente” (S21). O próprio Deus já havia revelado a Abraão, tio de Ló, sua intenção de destruir a cidade, pois “há terríveis acusações contra Sodoma e Gomorra, e o pecado de seus moradores é muito grande” (Gn 18.20). É igualmente oportuno lembrar o que Judas “servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago”, escreve em sua carta: “Não se esqueçam da cidade de Sodoma e Gomorra e das cidades vizinhas, cheias de imoralidade de toda espécie, inclusive a paixão de homens por homens” (Jd 7). Qualquer distorção das Sagradas Escrituras nessa área (e em outras) torna perigosamente inocentes os cristãos que querem conviver com a fé e o pecado sem o menor constrangimento. É uma péssima contribuição em um momento de efervescência da questão homossexual. DaveDyet
  • 16. 16 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 +DO QUE NOTíCIAS Barbara e Alan Bachmann — casados com o Brasil Quem pode nadar contra a correnteza senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus (1Jo 5.5)? O s americanos Barbara e Alan Bachmann, ambos de 75 anos, estão no Brasil há cinquenta anos. Começaram a carreira missionária entre o povo ribeirinho do Amazonas. Para se aculturarem mais rapidamente e com mais facilidade, moraram em uma casa de tábuas, aprenderam a preparar e a comer alimentos típicos (vatapá, tacacá, pastel de carne de jacaré, tambaqui), falaram português em casa com os filhos, buscaram água e lavaram roupa na beira do rio e usaram a latrina que ficava no fundo do quintal. Para eles, “servir a Deus em uma cultura distinta daquela em que nascemos requer atravessar uma ponte muito estreita, tão estreita que, quanto menos bagagem da cultura anterior trouxerem, melhor será o êxito do ministério entre o povo ao qual Deus o enviou”. Alan gosta de dizer que atravessaram a “ponte” já casados, em 1960, e “casamos com o Brasil”. O casal Bachmann foi bem-sucedido tanto no trabalho missionário como na educação dos cinco filhos. O primeiro casou com uma moça de Manaus e treina pessoas na área de comunicação radiofônica; o segundo foi piloto da missão Asas de Socorro e hoje realiza trabalho de evangelização em Turim, na Itália; o terceiro trabalha como linguista missionário entre o povo Felupe, em Guiné-Bissau; e o caçula até pouco tempo atrás trabalhava na divisão de jatos executivos da Embraer, em São José dos Campos, SP, e hoje mora nos Estados Unidos. A única filha, casada com um pastor, é enfermeira e atua em Rondônia. Os cinco filhos, todos criados no Amazonas, e os dezesseis netos estão “por todos os lados” (em quatro continentes) — como diz Bachmann — e falam, além de inglês e português, pelo menos outras quatro línguas, inclusive o jola e o criolo, de Guiné-Bissau. Depois de prestar assistência médica odontológica por doze anos ao longo dos rios da Amazônia, Alan Louis Bachmann mudou-se para Manaus, onde, por dez anos, ministrou na área de comunicação (rádio, TV). Em 1983 ocupou o cargo de diretor da Radio Trans Mundial (RTM) do Brasil, em São Paulo. A partir de 1990 tornou-se consultor internacional das RTMs da América Latina (Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, República Dominicana, Uruguai e Venezuela). De 2000 a 2006, como coordenador global de treinamento da Trans World Radio (TWR), preparou Arquivopessoal pessoas-chave para treinar outros em seis regiões do mundo onde a TWR produz e transmite programas em mais de duzentos idiomas. Hoje, mesmo aposentado, Bachmann é diretor- executivo da missão Asas de Socorro, com sede em Anápolis, GO, onde mora com a esposa, Barbara. 1. As estatísticas dizem que mais de 40% dos casamentos fracassam 2. Nos Estados Unidos o amor não sobrevive mais de três anos 3. Nas Canárias houve mais casamentos desfeitos do que casamentos feitos em 2010 4. Calcula-se que mais de 30% das jovens que tomam a pílula do dia seguinte são menores de idade 5. A cada dia 3.300 brasileiros de ambos os sexos se tornam usuários da Ashley Madison, empresa que promove e facilita a infidelidade conjugal pela internet, instalada no país há quatro meses. Barbara e Alan Bachmann conseguiram atravessar a ponte estreita de uma cultura para outra
  • 18. 18 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 prática da não-violência sem relação com um poder superior: “A minha fé ajudou-me efetivamente”, afirmou a homenageada, que integra a Igreja Luterana da Libéria. Além de Gbowee, o Nobel da Paz deste ano foi atribuído à atual presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, e à militante iemenita Tawakul Karman, que tem liderado a oposição ao ditador Ali Abdullah Saleh. Leymah, que organizou um grupo de mulheres cristãs e muçulmanas para desafiar os senhores da guerra na Libéria, foi distinguida pelo Comitê Nobel por ter conseguido ultrapassar fronteiras étnicas e religiosas, mobilizando as mulheres para a paz e a participação nas eleições. Trabalhou com pessoas que viviam em situações traumáticas, incluindo antigas crianças- soldado. A guerra civil liberiana terminou em 2003, após o que Johnson Sirleaf foi eleita. A experiência de Gbowee é relatada no livro Mighty Be Our Powers — How Sisterhood, Prayer, and Sex Changed a Nation At War (Fortes são os nossos poderes: como a fraternidade [de irmãs], a oração e o sexo mudaram uma nação em guerra”). Ela será apresentada em um documentário que estreou em outubro na estação pública de televisão dos Estados Unidos. NOTíCIAS por Lissânder Dias Ganhadora do Nobel da Paz é inspirada pela fé Uma das laureadas com o Prêmio Nobel da Paz em outubro foi Leymah Gbowee, ativista liberiana que ajudou o seu país a sair de uma brutal guerra civil. Em um evento organizado pelo Conselho Nacional de Igrejas dos Estados Unidos, Gbowee citou o pastor batista Martin Luther King e o arcebispo anglicano Desmond Tutu como exemplos de militantes da causa da paz e da justiça. Ela acrescentou que não acredita que seja possível a Fraternidade Teológica prepara Congresso Latinoamericano de Evangelização A Fraternidade Teológica Latinoamericana (FTL) realizará dos dias 9 a 13 de julho de 2012, em San José, Costa Rica, o 5º Congresso Latinoamericano de Evangelização — CLADE 5, sob o lema “Sigamos a Jesus em seu reino de vida. Guia- nos, Santo Espírito”. Os CLADE’s anteriores ocorreram em 1969, 1979, 1992 e 2000. Este último, em Quito, no Equador. O objetivo do congresso é “promover a reflexão em torno do evangelho e o seu significado, assim como contribuir para a vida e a missão no mundo latino”. Segundo a coordenação do CLADE 5, “há pelo menos três assuntos a respeito dos quais os CLADE’s têm se preocupado até hoje desde 1969, quando em Bogotá, na Colômbia, se realizou a primeira edição do evento: a unidade da igreja, a missão integral e o sacerdócio universal de todos os crentes”. Para acompanhar os preparativos para o evento, acesse o site www.clade5.org. MichaelSclafani
  • 20. 20 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 NOTíCIAS Brasileiro é eleito líder mundial dos metodistas O bispo Paulo Tarso de Oliveira Lockmann foi eleito, no início de agosto, presidente do Concílio Mundial da Igreja Metodista, órgão máximo da denominação no mundo. É a primeira vez que alguém da América Latina assume o cargo. Lockmann era vice-presidente na gestão anterior. O Concílio Mundial acontece a cada cinco anos e representa mais de 75 milhões de membros da Igreja Metodista em 136 países. Lockmann acredita que a Igreja Metodista no Brasil terá mais visibilidade a partir de agora. “Portas Não jogue sua vida fora Este foi o tema do Congresso Cristianismo e Modernidade, realizado em São Paulo, nos dias 7 e 8 de outubro. O evento contou com a presença de 1.200 pessoas, sendo 80% jovens com idade entre 18 e 30 anos. O pastor e pregador batista norte-americano John Piper foi o preletor do congresso, que levou o nome do seu livro Don’t Wast Your Life. O evento foi promovido pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em parceria com a Editora Fiel. Piper esteve presente também em outros dois eventos. De 3 a 7 de outubro, participou da 27ª Conferência Fiel para Pastores e Líderes, em Águas de Lindoia, SP, com o tema “Evangelização e Missões”. A conferência reuniu 2.500 líderes e contou com a audiência pela internet de mais de 50 mil pessoas. O segundo evento, Juntos em Cristo, aconteceu no Rio de Janeiro e reuniu cerca de 3 mil pessoas. Neste, Piper pregou sobre a alegria em Cristo. Para o teólogo presbiteriano Augustus Nicodemos, estes três eventos mostraram que “o interesse pela fé reformada tem crescido e está rompendo as barreiras denominacionais”. WorldMethodistCouncil-foto:KenHowle Concílio Mundial Metodista reuniu lideranças das igrejas com tradição wesleyana já estão se abrindo para as nossas lideranças. Estou convencido que nossa igreja tem muito a contribuir com o metodismo em nível mundial”, afirma o novo presidente. Para o pastor José Magalhães Furtado, um dos integrantes do grupo de brasileiros no evento, o resultado da eleição mostra “o desejo de mudança por efetiva alternância de poder e revitalização do Concílio”. Mesmo com a eleição, o bispo brasileiro permanece trabalhando no Rio de Janeiro, como presidente da 1ª Região Eclesiástica da Igreja Metodista no Brasil, durante os próximos cinco anos. Além dele, foram eleitos, como vice-presidente, Sarah Francis Davis, bispa da Jamaica, e, como tesoureiro, Kirby Hickey, leigo dos Estados Unidos. O bispo Ivan Abrahams, da África do Sul, foi eleito secretário executivo do Concílio. RooseveltGuerra
  • 22. 22 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 E m todos os tempos e em todos os lugares, os cristãos têm declarado solenemente a Deus: “Teu é o reino, e o poder, e a glória para sempre” (Mt 6.13). A rigor, essas palavras finais da oração do Pai-Nosso tornam imprópria qualquer autoglorificação. Uma passagem do Antigo Testamento reforça esse comportamento: “Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte na sua força, nem o rico na sua riqueza, mas quem se gloriar, glorie-se nisto: em compreender-me e conhecer-me [...]. Pois é dessas coisas que me agrado” (Jr 9.23-24). Os cristãos precisam levar a oração dominical e o oráculo de Jeremias a sério, tanto na teologia como na prática diária. Ainda mais que há outro oráculo taxativo: “Não darei a minha glória a nenhum outro” (Is 48.11, NVI). Outras versões preferem dizer: “Eu não reparto a minha glória” (NBV) ou “Não cedo a minha glória” (BP). Nabucodonozor, por 43 anos rei da Babilônia (de 605 a 562 a.C.), não se saiu bem ao perder as estribeiras e se autoelogiar: “Como é grande a cidade de Babilônia! Com o meu grande poder eu a construí para ser a capital do meu reino, a fim de mostrar a todos a minha grandeza e a minha glória” (Dn 4.30). Ele ainda estava falando quando veio uma voz do céu que disse: “Sua autoridade real lhe foi tirada [e] você será expulso do meio dos homens, O dono da glória MartinBoulanger ORGULHOO caminho mais curto para o tombo
  • 23. Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 23 N ão é uma questão de aparência. A soberba mais grave é aquela que se esconde por trás de uma falsa humildade. A humildade é uma virtude para Deus ver e não para o homem ver. Não é a negação pura e simples de dons, capacitação e virtudes pessoais, mas o sentimento constante da necessidade de Deus para se ter uma vida espiritual saudável, de vitória sobre o pecado e as provações, e cheia de frutos verdadeiros. Não é a mera rejeição de palmas, prêmios e coroas, mas a transferência destes para quem de direito (Ap 4.9-11) ou a prática verdadeira do soli Deo gloria (glória somente a Deus). Não é a autodesclassificação, a renúncia da inteligência, da sabedoria, experiência, força de vontade, trabalho árduo, mas a associação dessas coisas com os recursos que provém de Deus. Não é a inatividade, o cruzar dos braços, mas a atividade comandada e alimentada pela sabedoria e providência de Deus. M uitos têm medo da humildade. Acreditam que ela não leva a nada, não produz resultado algum, é perda de tempo, é nadar contra a correnteza, é expor-se à maldade alheia. O medo decorre da lei do mais forte, que prevalece desde a queda do homem e cada vez mais se amplia. A cultura mundana valoriza a soberba e não a humildade. Dá mais valor à roupa, ao nome, aos títulos, aos diplomas, aos anéis, ao dinheiro, ao status social, à pose, ao poder, e não reconhece o valor da piedade, da religiosidade, da santidade de vida e da modéstia cristã. Daí o medo de ser esmagado pela multidão ao tentar sair dela e ser diferente. Embora até certo ponto razoável, o medo da humildade desaparece quando o cristão se conscientiza de que na difícil e corajosa prática da humildade ele pode contar com a proteção de Deus. A exortação de Pedro é animadora: “Sejam humildes debaixo da poderosa mão de Deus” (1Pe 5.6). Deus coloca as mãos em forma de concha sobre a cabeça da pessoa humilde, protegendo-a de algum aproveitamento da parte de outros. É como se fossem a armadura, a couraça, o escudo e o capacete da salvação (Ef 6.10-17). Muitos nomes e muitos rostos A soberba tem muitos nomes — altivez, arrogância, exibicionismo, jactância, orgulho, ostentação, pedantismo, pernosticidade, presunção, vaidade, vanglória. A soberba tem muitos rostos — existe o orgulho do berço nobre, o orgulho do sobrenome famoso, o orgulho da beleza corporal, o orgulho social, o orgulho religioso, o orgulho da ortodoxia, o orgulho pentecostal, o orgulho carismático e até o “orgulho gay”, o “orgulho hétero” e o “orgulho bissexual”. O mais nocivo de todos é o orgulho da humildade. A vaidade é um dos ingredientes mais indesejados e poderosos da pecaminosidade latente. O ser humano nasce e cresce com essa propensão e lida com ela a vida inteira. Pois a cultura secular estimula e favorece a soberba do berço ao túmulo — no lar, na escola, na igreja e na sociedade. Humildade absolutamente sem medo Humildade: uma virtude para Deus ver e não para o homem ver viverá com os animais selvagens e comerá capim como os bois”. A sentença sobre Nabucodonozor cumpriu- se imediatamente: o homem dos jardins suspensos da Babilônia (uma das sete maravilhas do mundo) começou a comer capim como os bois, a dormir no relento, a deixar cabelos e unhas crescerem. Essa tremenda humilhação durou sete anos. Então, sua mente voltou a funcionar como mente de homem e ele fez uma notável profissão de fé: “Agora, eu, Nabucodonozor, louvo, exalto e glorifico o rei dos céus porque […] tem poder para humilhar aqueles que vivem com arrogância” (Dn 4.31-37).
  • 24. 24 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 Depois de um longo tratamento de choque, o Egito tornou-se o mais humilde dos reinos Os religiosos que querem aparecer e se autoprojetar devem se expor, viajar para onde estão os aglomerados humanos e participar de festas religiosas, celebrações de cultos e eventos especiais. Precisam chamar atenção por meio dos milagres espalhafatosos (como o de jogar-se do pináculo do templo) e de discursos inflamados. Esse de fato é o caminho mais curto e mais garantido para quem quer ser conhecido, atrair multidões e fascinar todo o mundo. Certo ou errado? Thiago R. Rocha Este mundo está mesmo transtornado. Pelo avesso ele já virou decerto. O que era certo, agora está errado. O que era errado, agora virou certo. Quem é honesto é tido por quadrado. E o desonesto é homem bem esperto. O que respeita a lei é atrasado. Quem não respeita é tido como certo. Quem deseja fazer tudo certinho, irá sentir que ficará sozinho na lisura de todos os atos seus. Mas prossegue, com toda paciência, porque respeita a sua consciência e procura agradar somente a Deus. Thiago R. Rocha, 85 anos, é pastor emérito da Igreja Presbiteriana do Riachuelo, no Rio de Janeiro, e autor de Vida Positiva e Convém que Ele Cresça. A soberba é uma doença tão séria que exige medidas de caráter radical para acabar com ela. Em seu estágio mais avançado, a soberba danifica a mente de suas vítimas. É o caso do faraó Hofra, que governou o Egito por 19 anos, de 589 a 570 antes de Cristo, na época do profeta Ezequiel. Ele era tão vaidoso que dizia: “O rio Nilo é meu! Eu mesmo o criei para mim!” (Ez 29.3). Ora, de seus 6.671 quilômetros de extensão, apenas 1.508 (menos de 25% de toda a área) pertencem ao Egito. Além de se dizer dono do rio, Hofra apresenta-se como o seu criador! Os monumentos egípcios atestam a tradicional jactância do país. Para curar esse mal, a voz do Senhor vem a Ezequiel em janeiro de 587 e lhe diz: “Filho do homem, vire o seu rosto contra o faraó, rei do Egito, e profetize contra ele e contra todo o Egito” (Ez 29.2). O juízo de Deus sobre Hofra é muito pesado: Estou contra você, faraó, rei do Egito, contra você, grande monstro deitado em meio a seus riachos [o delta do Nilo] [...] Deixarei você no deserto, você e todos os peixes dos seus regatos [...] Você cairá em campo aberto e não será recolhido nem sepultado. Darei você como comida aos animais selvagens e às aves do céu [...] Tornarei o Egito uma desgraça e um deserto arrasado desde Migdol [ao norte] até Sevene [ao Porque pensavam assim, os irmãos de Jesus disseram a ele nas vésperas da festa da Páscoa em Jerusalém: “Quem quer ter fama não faz nada às escondidas (Jo 7.3, EP), e em seguida completaram: “Vá aonde mais gente possa ver os seus milagres” (Jo 7.4, BV). A essa altura, Jesus já havia transformado 480 litros de água em vinho, colocado em pé o paralítico de Betesda, multiplicado pães e peixes e andado sobre as águas. Porque ainda não criam na divindade dele, seus irmãos entendiam que o primogênito de Maria “queria aparecer”. Contudo, imediatamente depois da ressurreição de Jesus, eles se converteram e mudaram por completo o modo de pensar a respeito dele (At 1.14). Um deles, Tiago, provavelmente o mais velho, teve o privilégio de ser uma das poucas pessoas a ver, a sós, o ressuscitado (1Co 15.7). Jesus — um megalomaníaco? sul], chegando até a fronteira com a Etiópia [...] Nenhum pé de homem ou pata de animal o atravessará: ninguém morará ali por quarenta anos [...] Espalharei os egípcios entre as nações e os dispersarei entre os povos [...] Então todos os que vivem no Egito saberão que eu sou o Senhor (Ez 29.1-12). Essas medidas drásticas eram terapêuticas, visavam a cura de faraó e do Egito. E deram certo, pois Ao fim dos 40 anos [número certamente simbólico] ajuntarei os egípcios [Hofra já teria morrido e sido substituído] dentre as nações nas quais foram espalhados. Eu os trarei de volta do cativeiro e os farei voltar ao Alto Egito, à terra de seus antepassados. Ali serão um reino humilde. Será o mais humilde dos reinos e nunca se exultará sobre outras nações (Ez 29.13-15).
  • 25. Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 25 Provérbios de Salomão: o caminho mais curto para o tombo é a soberba T alvez não haja outro livro da Bíblia tão contundente contra o pecado da soberba quanto os Provérbios. Ele associa a queda, o fracasso e o escândalo ao orgulho, como se pode ver em seguida. Deus zomba dos que zombam dele e ajuda os humildes (3.34, NTLH). Eu odeio o orgulho e a falta de modéstia (8.13, NTLH). Quando vem o orgulho, chega a desgraça, mas a sabedoria está com os humildes (11.2, NVI). Brigas e discussões são provocadas pelo orgulho, mas as pessoas humildes aceitam conselhos e se tornam sábias (13.10, NBV) O Senhor detesta todos os orgulhosos; eles não escaparão do castigo, de jeito nenhum (16.5, NTLH). A desgraça está a um passo do orgulho: logo depois da vaidade vem a queda (16.18, NBV). Mais vale ter um espírito humilde e estar junto dos oprimidos do que partilhar das riquezas dos orgulhosos (16.19, NBV). Quem vive se gabando está correndo para a desgraça (17.19, NTLH). Antes de sua queda o coração do homem se envaidece, mas a humildade antecede a honra (18.12, NVI). Os maus são dominados pelo orgulho e pela vaidade, e isso é pecado (21.4, NTLH). Você quer saber o que há no coração de um homem que vive zombando de tudo e de todos? Orgulho, convencimento, ódio e atrevimento (21.24, NBV). Para conseguir riqueza, respeito dos homens e uma vida feliz, você precisa ser humilde e temer o Senhor (22.4, NBV). Não se engrandeça na presença do rei, e não reivindique lugar entre os homens importantes; é melhor que o rei lhe diga: “Suba para cá!”, do que ter que humilhá-lo diante de uma autoridade (25.6-7, NVI). O homem é derrotado pelo seu orgulho, mas o de espírito humilde será respeitado (29.23, NBV). GustavoDoré A rainha de Sabá veio de longe para testar a sabedoria de Salomão e convenceu-se de que ele era um privilegiado de Deus
  • 26. 26 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 Leif Ekström: está na hora de pedirmos ao Senhor que nos dê mais espinhos bem encravados na carne Guilherme Ávilla Gimenez: é hora de abandonar a vaidade e deixar a liderança, se necessário A tendência ao orgulho e à presunção é, sem dúvida, uma das mais perniciosas tentações que o cristão enfrenta, principalmente se for pastor ou exercer outra liderança na igreja. Elogios, agradecimentos, homenagens e a frequente bajulação fazem surgir, facilmente, um sentimento de satisfação que pode levar ao orgulho e à presunção. É muito difícil lidar com este pecado chamado orgulho. Outras áreas, como a moral, a sexualidade ou a ganância, são mais facilmente detectáveis. O orgulho está dentro de nós e pode ser disfarçado com uma falsa humildade. Sinceramente, sinto que está na hora de pedirmos ao Senhor que nos dê mais espinhos bem encravados na carne, para aprendermos que nada podemos com nossas próprias forças, capacidades e dons. Só seremos fortes quando formos fracos. Será que temos coragem de orar: “Senhor, manda mais espinhos à tua igreja e aos seus pastores”? (Fonte: Jornal Luz nas Trevas, 8/2011, p. 4) Leif Ekström é pastor da Igreja Korskyrkan, na Suécia. A vaidade é um problema social. Muitas pessoas, em nome da vaidade, já fizeram verdadeiras loucuras apenas para manter a aparência ou fingir algo que não são. Há muitos líderes vaidosos. Em geral, fazem de um cargo ou uma posição a oportunidade para exercitarem sua vaidade, ainda que isso tenha um alto custo para seus liderados e até para a organização. Há várias histórias de líderes que arruinaram muita gente porque foram dominados pela vaidade e perderam a noção da realidade, da honestidade e até mesmo da própria dignidade. O problema principal de líderes vaidosos é que raramente admitem seus erros. A vaidade os cega de tal forma que se tornam donos da verdade e começam a criticar tudo e todos sem, no entanto, perceberem suas próprias falhas. Para manterem a vaidade, esses líderes comprometem valores, ética, moral, verdade e outros elementos indispensáveis na liderança. BerdnikOleksander
  • 27. Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 27 Naziaseno Cordeiro: está na hora de fugir da nossa própria vaidade! P or estarem entre os leitores de livros doutrinários e históricos e por frequentarem simpósios e encontros] alguns reformados poderão se julgar superiores aos demais, mostrando, assim, soberba e arrogância. Isso seria estranho, pois quanto mais conhecimento obtemos de Deus, mais conscientes deveríamos ficar de nossa miséria e falência. Existe o risco de haver uma apreensão intelectual da Verdade sem que esta nunca tenha chegado ao coração. Assim sendo, o conhecimento de Cristo e da sua doutrina, se não nos leva à humildade, inevitavelmente nos conduz à soberba e, por que não dizer, ao farisaísmo. Precisamos de um calvinismo prático — uma Reforma que nos leve à experiência diária de real quebrantamento diante de Deus e humildade perante os homens. Com o discurso e a prática presentes na nossa fé reformada seremos realmente relevantes para o mundo. Porém, sem a experiência de vida reformada estaremos falando de nós para nós mesmos — presos no gueto da nossa própria vaidade e futilidade. (Fonte: O Brasil Presbiteriano, 08/2011, p. 4) Naziaseno Cordeiro é pastor presbiteriano em Capela do Alto Alegre, Bahia. Líderes vaidosos, à semelhança de Lúcifer, são narcisistas. O desejo de primazia é tão intenso que acabam cometendo vários erros, que determinam seu fracasso e consequente juízo. Qualquer ação movida por vaidade é perigosa. Líderes inteligentes fogem da vaidade e líderes comprometidos com os valores bíblicos simplesmente a abominam. Você é vaidoso e tem exercido sua liderança em meio a narcisismo, obsessão, bajulação e outros sentimentos destrutivos? É hora de abandonar a vaidade, reconhecer os erros e confessá- los, bem como corrigi-los com um coração manso e disposto a ouvir aqueles que podem ajudar. Em vez de manter-se em um cargo ou posição apenas para ser reconhecido como “líder”, é mais sábio ser humilde, deixar a liderança, se necessário, e crescer em conhecimento, sabedoria, instrução, para então, mais tarde, com humildade, poder assumir novamente a liderança. (Fonte: O Jornal Batista, 11/09/2011, p. 3) Guilherme Ávilla Gimenez, pastor da Igreja Batista Betel e professor da Faculdade Ó Deus, tem misericórdia de mim! Livra-me de qualquer processo consciente ou inconsciente de envaidecimento. Guarda-me da soberba oculta, tão escondida em alguma dobra de minha alma que eu mesmo não consigo enxergar. Protege-me da autoavaliação doentia, equivocada, mentirosa, danosa e desastrosa. Livra-me do assanhamento e da euforia (e também da depressão). Preciso da tua intervenção porque o problema é complicado e eu não sei nem consigo me vigiar sozinho. Concede-me a humildade de Jesus Cristo. Nem mais nem menos. Que a soberba não me domine. Então com a tua graça ficarei livre de grande transgressão. Amém! Pedido de socorro
  • 28. 28 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 N ecessitamos ser amados. O orgulho é uma espécie de disfunção na capacidade de perceber-se amado. Portanto, o orgulho pode ser o estado de uma alma insegura, a manifestação de uma carência que desconfia jamais ser suprida. Vive-se como se a vida fosse um concurso. Só que o orgulhoso procura, além disso, não apenas ser classificado, mas ser o primeiro. Afinal, ele não pode viver sem provar a si mesmo e exibir aos outros que ele é melhor. Geralmente o orgulhoso não tem consciência de que é assim. Entende-se apenas como esforçado, bastante dedicado, que se interessa inteiramente pelas coisas, que não desiste — enfim, um brasileiro superior. A razão pode ser um forte apoio para justificar-se e defender-se inconscientemente. O que predomina naquele que é tomado pelo orgulho é a competição. E quem compete, necessariamente, precisa observar o outro. Vive prestando atenção no desempenho do próximo a fim de superá-lo. Ou seja, a comparação é como o ar que ele respira. Não consegue viver sem isso, está o tempo todo vendo e julgando. O orgulhoso é compelido a insinuar seus feitos todo o tempo. Ofende-se se não é mencionado. Considera-se facilmente injustiçado e que os demais são ingratos, quando se trata, na verdade, de dificuldades suas. Percepções de si mesmo Dominado pelo orgulho, assume um jeito de viver em que a autossuficiência se revela, às vezes, discretamente, em outras ocasiões, explicitamente. Assim seus dias ficam mais cansativos, pois vivem acorrentados ao peso de não poderem pedir ajuda. Sentem como se isso fosse uma vergonha mortal. Tudo isso compromete sua capacidade de gratidão e contentamento. O orgulhoso vive inconformado com a falta de reconhecimento dos que o cercam quanto a tudo que já fez. Chega a julgar o próprio Deus e vê-se no direito de explicar por que percebe que de certa forma Deus está em dívida com ele. Em última análise, pode concluir que Deus não é de fato confiável, pois não é justo. Sendo assim, vive uma solidão cruel, que se esmera por disfarçar. A alma adoecida pelo orgulho acaba por viver seus dias miseravelmente. Vê inimigos o tempo todo, sente uma perseguição implacável em seu cotidiano. Portanto, envelhece com raízes de amargura, com dureza ímpar, com sofrimentos desnecessários. A distorção na maneira de olhar e interpretar a si mesmo, os outros e o seu contexto enruga a alma de tal maneira que poucos vestígios sobram da imagem de Deus, o Criador. Tais Machado, paulistana, é psicóloga clínica e professora em seminários teológicos. É secretária nacional de capacitação da Aliança Bíblica Universitária do Brasil. Taís Machado Os pastores precisam alimentar, apascentar e pastorear o rebanho que está sob seus cuidados. Não aos trancos e barrancos. Não para fazer da fé uma fonte de renda e riqueza. Não de má vontade. Não como dominadores, tiranos ou senhores. Não como donos da igreja nem como pequenos deuses. Essas atitudes provocam brigas, invejas, ciúmes, divisões, deserções, rupturas, mudanças de igreja e de denominações, além de aumentar a crescente multidão dos “sem religião” e os escândalos sem fim. Ao tratar dessa triste realidade, o apóstolo Paulo dá um oportuno conselho: “Que todos [os pastores e as ovelhas] prestem serviço uns aos outros com humildade, pois as Escrituras Sagradas dizem [que] ‘Deus é contra os orgulhosos, mas é bondoso com os humildes’” (1Pe 5.5). No original grego seria: “Vistam todos o avental da humildade” (a Bíblia do Peregrino usa essa versão). Só é possível sonhar com uma igreja mais próxima do alto padrão estabelecido por Jesus quando seus pastores vestirem o avental da humildade! O avental da humildade
  • 29. Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 29 O casamento do sucesso com a humildade O sucesso faz parte dos planos de Deus para os seus filhos. Sucesso na vida devocional, no casamento, na educação dos filhos, nas relações humanas, no exercício da profissão. Aos pastores e líderes, Deus concede dons especiais, capacidade, orientação, oportunidade, direção e o poder sobrenatural do Espírito Santo, para cumprirem cabalmente o seu ministério. Sob a perspectiva humana, a velocidade da implantação e plenitude do reino de Deus na terra depende desse sucesso global. Uma vez satisfeitas todas as exigências de Deus, o sucesso está garantido: “Tão somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem par a esquerda, para que sejas bem-sucedido por onde quer que andares” (Js 1.7). Na verdade, o sucesso é inevitável para quem está plantando junto às águas: “Tudo quanto ele faz será bem-sucedido” (Sl 1.3). José do Egito era teimosamente bem-sucedido em qualquer lugar (na casa de Potifar, no cárcere e no trono do Egito) e em qualquer circunstância (amado, invejado, caluniado, esquecido e honrado). A razão desse sucesso aparece na repetida frase: “O Senhor era com José” (Gn 39.2-3, 21, 23). Essa promessa não está apenas no Antigo Testamento. Jesus chegou a dizer que o sucesso de seus discípulos é uma das expressões de louvor a Deus: “Nisso é glorificado o meu Pai, em que deis muito fruto” (Jo 15.8). O grande problema é que, quanto maior o sucesso, maior é o risco de envaidecimento, por causa da fraqueza humana. Caso haja envaidecimento consciente ou inconsciente, o sucesso vai embora misteriosamente. E o bem- sucedido pastor e líder desaparece do cenário e, muito provavelmente, cai em pecado e comete escândalos, porque “a desgraça está a um passo do orgulho [e] logo depois da vaidade vem a queda” (Pv 16.18). Esta é uma regra sem exceção. Não se escapa desse risco fugindo-se do sucesso, mas fugindo-se da soberba. Deus preferiu colocar um espinho na carne de Paulo — e não encostá- lo — para continuar a servir-se dele, para que o apóstolo não se ensoberbecesse (2Co 12.7). Ambos, o sucesso e o espinho, continuaram juntos durante a vida de Paulo, em favor do reino de Deus. À custa do doloroso espinho, o ministério e a humildade do apóstolo foram preservados e abençoados. Essa história se repete. Deus reserva a si a natureza, a ocasião, a intensidade e a duração do espinho. Victor Hugo (1802–1885), depois de ouvir os elogios dos amigos, lia os jornais que o enxovalhavam. E os monges do célebre mosteiro de Cluny, fundado na França em 910, eram obrigados a se curvar diante dos que os tinham transgredido. Deve-se fugir da soberba como o diabo foge da cruz!
  • 30. 30 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 N o momento estamos todos embriagados. Quem dera fosse pelo Espírito, mas certamente não o é. Estamos perigosamente embria- gados pela carne. Embriagados pela competição que nem mais consegue ser velada. Estamos embriagados pela busca por nome, fama, poder, primeiro lugar, glória. Só pensamos em conquistas grandiosas: um país protestante (não necessariamente cristão), um presidente protestante (não necessariamente ficha limpa), uma igreja cada vez maior do que a outra (não necessariamente santa), um templo cada vez mais amplo e suntuoso (não necessariamente livre dos célebres vendilhões do tempo de Jesus). Não falamos em pecado. Não falamos em arrependimento. Não falamos em conversão. Não falamos em caminho apertado. Não falamos do “negue-se a si mesmo” de Jesus. Não falamos em santidade. Não falamos da glória por vir. Só falamos de gente, de multi- dões, de números. Só falamos de autoajuda, de dinheiro, de cura, de sucesso financeiro, de bens móveis e imóveis, de milagres. Só falamos do presente. Só falamos dos cantores gospel e de eventos retumbantes. Apresentamo-nos como bispos, apóstolos, patriarcas e papas. Faze- mos questão de dizer que somos ao mesmo tempo doutor em teologia, em ciências da religião, em divin- dade e em filosofia. Esbanjamos títulos e nomes. Estamos todos, de fato, embriagados! Só nos preocupamos com o cres- cimento de igrejas. É o assunto do momento. Criamos métodos, estra- tégias, alvos. Muitos deles importa- dos do mundo secular, das empresas bem-sucedidas, dos especialistas em Estamos todos embriagados! marketing. Usamos roupas de grife, somos artificiais nos gestos e na entonação da voz. Impressionamos os auditórios, chamamos a atenção para nós e embriagamos também o público. Aceitamos as palmas e pedimos bis. Essa embriaguez nos tornou secularizados. Outrora saímos das trevas e viemos para a luz. Agora estamos saindo da luz e voltando para as trevas. Essa embriaguez de líderes e de liderados está provocando o que hoje se vê claramente: compara- ções, competições, rivalidades, divisões, mudanças litúrgicas, descontentamento, escândalos, descrença e apostasia. Em nenhum outro tempo houve uma multipli- cação tão grande e tão rápida de denominações. Em nenhum outro tempo aconteceu um entra-e-sai de uma igreja para outra tão acen- tuado como agora. Em nenhum outro tempo o rol dos sem-religião aumentou tanto. Essas são algumas consequências a médio e longo prazo da nossa embriaguez, da qual muitos ainda não têm consciência. Usamos a palavra todos neste texto de forma retórica. Ainda há muitas pessoas cuidadosas, tanto entre pastores e líderes como entre cristãos comuns. O trigo nunca de- saparece. Mesmo naquelas ocasiões em que o joio é maior do que ele. Se houver uma corajosa reviravolta da soberba mundana para a humildade cristã, a história atual da igreja poderá ser revertida. Afinal, há cura para a embriaguez! O primeiro passo dos alcoóli- cos anônimos é admitir que são impotentes para reverter sozinhos qualquer problema de conduta. Daí a necessidade de pedir socorro ao poderoso e amoroso Deus! Quem avisa amigo é É mais seguro ouvir a verdade do que pregá-la. Quando ouvida, preserva-se a humildade. Quando pregada, raramente o ser humano deixa de ser tomado pela vaidade, por mínima que seja. Agostinho de Hipona [A soberba é o mais prolífico dos pecados capitais] por estar na origem de todos os outros. Antes de os seres humanos existirem sobre a Terra, o demônio se insubordinou contra Deus, por arrogância, porque queria se equiparar a ele. Tomás Eloy Martinez, escritor argentino, autor de O Voo da Rainha, romance sobre a soberba
  • 31. Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 31 Q uando alguém perde o controle sobre a soberba, entra mar a dentro no processo de secularização. Isso acontece porque a pessoa olha mais para ela do que para Deus. Esse desligamento de fundo religioso deságua naturalmente na secularização. Daí a crescente e escandalosa mistura de religião com empresa. A situação parece irreversível e é objeto de estudo da parte de cientistas religiosos, sociólogos, economistas e antropólogos. Estamos envergonhados por causa dessa situação. Há uma busca por pastores habilidosos (antes se preferia pastores de grande comunhão com Deus, de conduta exemplar, cheios de paixão pelas almas etc.) para abrir novas igrejas no sistema de franquias. Assim como um executivo muda de uma empresa para outra que pague um salário maior, “está se tornando cada vez mais comum um pastor mudar de igreja para ganhar mais”, explica Paula Idoeta, da BBC Brasil. Em certa denominação, diz-se que o pastor tem de cumprir meta de arrecadação de dízimo, como qualquer vendedor de apólice de seguro ou de comércio atacadista. Os que obtêm os melhores resultados podem ganhar prêmios, como uma viagem a Israel. Soberba e secularização O sociólogo Ricardo Mariano, professor da PUC-RS e autor de Neopentecostais — sociologia do novo pentecostalismo no Brasil, lembra que em algumas igrejas “existe quase um plano de carreira que permite que [os seus pastores] passem para congregações maiores, vão para outros países e participem de programas de TV”. Salários que variam de 3 mil reais (para iniciantes) a 20 mil reais (para os mais capazes) mais benefícios (casa mobiliada, escola para os filhos, plano de saúde e, em alguns casos, o carro do ano) substituem a velha receita de homens verdadeiramente vocacionados por Deus para o ministério. Em defesa do mercado religioso, conhecido pastor acaba de declarar que “só uma pessoa ignorante acha que fé e lucro não podem caminhar do mesmo lado”. Dias atrás, o celebrante de um casamento nos Estados Unidos foi “o pastor Bit”, uma espécie de robô! A orientação bíblica de mais de dois milênios atrás foi deixada de lado: “[Pastores e bispos] não usem o seu trabalho para ganhar dinheiro, mas com o verdadeiro desejo de servir” (1Pe 5.2). JamesStewart Além de prima-irmã da intolerância, a soberba também é frequentadora assídua da antessala do fracasso. Dora Kramer, jornalista Todo aquele que anda somente quatro passos de forma arrogante, afasta-se [da] presença divina. Halachá, código judaico do comportamento humano A verdadeira religião ensina nossos deveres e nossas incapacidades (orgulho e concupiscência) e [fornece] os remédios (humilhação e mortificação). Blaise Pascal Deus se esconde dos arrogantes intelectuais e se mostra apenas a “bebês”, isto é, àqueles que são sinceros e humildes na sua relação com ele. John Stott Trocamos a humildade de ser ovelhas para o matadouro por títulos que nos conferem status abomináveis a Deus. Trocamos a humildade do cordeiro pela glória do lobo. Ariovaldo Ramos Prefiro um malogro suportado com humildade a uma vitória com orgulho [e] Deus prefere um pecador arrependido a uma virgem orgulhosa. Revista Beneditina Quem anda à procura de holofotes dos homens com certeza ficará longe da iluminação do Espírito Santo. Glênio Fonseca Paranaguá, pastor da Primeira Igreja Batista de Londrina, PR O ser humano está cada vez mais apaixonado e encantado consigo mesmo, buscando sempre seu espelho, sua projeção e seus aplausos. Cada vez mais distante da proposta cristã de amar o outro como a si mesmo. Arlene Denise Bacarji, teóloga católica Títulos honrosos promovem o marketing. Atribuir um título aumenta o prestígio que os “leigos” devem dar ao pastor ou líder eclesiástico. […] Um desejo de autopromoção ou a busca por mais autoridade pode levar um pastor a autodenominar-se apóstolo, enquanto a Bíblia usa esse termo, na maioria dos casos, para falar de alguém autorizado por Cristo para falar em seu nome e com sua autoridade. Russell Shedd
  • 32. 32 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 mas sentir-se valorizado e importante. O polo é invertido: é a criatura assumindo o lugar do Criador. É neste ponto que o adulto deixa de ser criança e torna-se infantil. Tornar-se criança significa reconhecer a condição de criatura e saber que nada nos alegra mais do que agradar o Criador. É por isso que Jesus nos ensina a entrar no quarto, fechar a porta, para aprender a orar. Orar em público, faz da oração facilmente um fim. Ouvir elogios dos outros nos faz sentir que somos “bons na oração”, enquanto que orar secretamente no quarto nos leva a experimentar a recompensa que vem de Deus. Aprendemos a orar por causa dele e não por nossa causa. Desejamos agradá-lo e não a nós. Somente os humildes entrarão no reino dos céus. A verdadeira fé não é fazer grandes coisas em nome de Deus, mas viver de forma a agradá-lo. Não é isto que os pais esperam de uma criança? Tornar-se criança é viver liberto da tirania da vaidade, da busca insana pela autorrealização, da necessidade infantil de ser admirado e reconhecido. Tornar-se criança é experimentar a alegria de viver para aquele que nos criou e agradá-lo. Quer louvar-te um ser humano, parte minúscula de tua criação. És tu mesmo que lhe dás o impulso para fazê-lo, assim ele se sente feliz ao louvar-te. Pois para ti nos criaste, e inquieto é nosso coração, até que chegue a descansar em ti. (Agostinho, Confissões) Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de Janelas para a Vida e O Caminho do Coração. que quem se humilhar como ela — este, sim — será o maior no reino dos céus. Tornar-se criança não é transformar- se em um adulto infantilizado; é aprender o significado da humildade, sem a qual ninguém entrará no reino dos céus. Tornar-se como criança é reconhecer a condição de filho e de filha. Ser humilde como uma criança é reconhecer-se como criatura. A natureza humana frequentemente inverte esta relação. O prazer mais natural de uma criança é agradar seus pais. Humildade é agradar aquele (ou aqueles) a quem amamos. Não se trata de uma virtude que se conquista com atitudes modestas ou com a negação de elogios. Ela se desenvolve na medida em que cresce em nós a consciência de quem somos diante do Criador. É curioso notar como a fronteira entre a humildade e o orgulho é estreita. Ser elogiado por ter feito algo bom nunca foi um pecado. É legítimo o prazer que sentimos ao agradar alguém a quem amamos. O prazer maior de qualquer cristão será ouvir a voz do Salvador dizer: “Muito bem, servo bom e fiel…” — um elogio que nos encherá de prazer por termos agradado aquele a quem mais amamos. Porém, o elogio pode se transformar em uma fonte de prazer em si mesmo. Neste caso, não se procura agradar a pessoa amada, O CAMINHO DO CORAçãO Ricardo Barbosa Tornar-se criança significa saber que nada nos alegra mais do que agradar o Criador J esus disse que ninguém pode entrar no reino dos céus se não se tornar como uma criança. A imagem que surge na mente dos adultos, quando ouvem esta afirmação de Jesus, é a da pureza infantil, da inocência, da dependência — virtudes que poucos adultos desejam. Assim, a conclusão lógica a que qualquer um chegaria é que poucos deles entrarão no reino dos céus. A infância, para muitos adultos, é apenas uma lembrança — boa para uns, ruim para outros. É raro encontrar um adulto que demonstre interesse, por menor que seja, em ser como uma criança. Os poucos que o demonstram, o fazem por razões românticas, não reais. O interesse do adulto pela inocência ou pureza quase sempre é confuso e infantilizado. É também raro encontrar um adulto que, de fato, queira ser dependente. Pode até querer se convencer de suas limitações, mas dificilmente abrirá mão do controle de seu destino. Ao tomar uma criança como exemplo daqueles que entrarão no reino dos céus, Jesus não tem em mente as imaginações românticas que nós, adultos, temos da infância. Mesmo porque o reino dos céus não será herdado por adultos infantilizados. Maturidade e crescimento são evidências esperadas na vida daqueles que seguem a Cristo. Ao tomar uma criança como exemplo, Jesus nos ajuda a corrigir uma compreensão equivocada que temos da virtude da humildade. Os discípulos discutiam entre si qual deles seria o maior no reino dos céus — conversa típica de adulto. No meio desta discussão, Jesus toma uma criança e diz Tornar-se criança
  • 34. 34 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 Atualmente existe uma guerra entre os evangélicos no Brasil que nada tem de santa. É uma releitura cultural da velha disputa de classes. Apesar de não termos uma cultura de castas, como na Índia, nossa tradição social, baseada em origem e poder econômico, é marcada pela exclusão de grupos sociais. Nos tempos coloniais, a família, o grau de proximidade da nobreza portuguesa, a cor da pele faziam a diferença. Hoje a subcultura à qual pertencemos, a linguagem que falamos, a música que ouvimos revelam o poder socioeconômico que temos. As várias versões evangélicas atendem a subgrupos culturais diferentes e fazem concessões teológicas de acordo com a necessidade de cada um deles. O evangelho intelectual das classes dominantes requer uma lógica que se conforme ao discurso pós-moderno. O Deus tribal dos hebreus se transforma em uma força de amor despersonalizada e universalizante. Seguindo o exemplo da Europa multiculturalista, o evangelho palatável à intelligentsia tem que relativizar verdades. Não existe adaptação sem comprometimentos. A moralidade bíblica é um peso muito grande a ser carregado. Existe uma proposta de amor no evangelho, mas se exige para esta uma síntese hegueliana. Qualquer maneira de amar vale a pena, qualquer moralidade me diverte, desde que me satisfaça. Apagaram tudo Pintaram tudo de cinza Só ficou no muro Tristeza e tinta fresca [...] Por isso eu pergunto A você no mundo Se é mais inteligente O livro ou a sabedoria? (Marisa Monte) À medida que o Brasil vai se tornando mais evangélico observamos as marcas culturais do evangelicalismo se misturarem à cultura popular e vice-versa. Missiólogos discutem a influência da cultura nos diversos modelos de evangelho que temos pelo mundo usando dois conceitos, contextualização e sincretismo. Entende-se por contextualização a expressão do conceito novo — a revelação do evangelho — por meio de formas antigas e facilmente reconhecíveis pelo povo. O conhecido se torna a expressão do novo. Já o sincretismo trata de uma mistura promíscua, indesejada, das novas formas com conceitos antigos. É a revitalização do erro, que se veste com uma fantasia brilhante e aparentemente nova. O evangelho no Brasil — e, acredito, em muitos outros lugares — se acultura de modo contextualizado e sincrético ao mesmo tempo. Para se discernir entre pureza e corrupção o trabalho é árduo, mas a discussão destes caminhos é hoje essencial para a saúde da igreja. Apenas o Espírito Santo e a Bíblia podem nos tirar do limbo de um semievangelho, que se torna inócuo por ser equivalente. O evangelho das massas populares é simples: a entidade divina se tribaliza. Como qualquer proposta animista, o Deus tribal é pesado em suas demandas tributárias, requer riquezas em profusão e obediência cega às autoridades sacerdotais. Ele tem necessidade de demonstrar seu poder em um jogo intimidatório. As bênçãos são subornos e o Deus tribal dança conforme a música do desenvolvimento econômico e distribui casas, carros zero e cargos políticos, premiando a servidão de seus fiéis. Nas duas versões o evangelho de Cristo se torna “o evangelho do profeta Gentileza”. O “amor” do Cristo folclórico não é amor, é entretenimento. Ele é simplório e ridículo. Quem é mais inteligente, o homem ou a lei, o livro ou a sabedoria? — pergunta Gentileza. O homem, a sabedoria que não está nos livros nem no Livro — respondemos. E decidimos então apontar as torres de nossas igrejas para o centro da sociedade brasileira — o homem cordial que a todos agrada. A cultura brasílica, que não gosta de regras impostas, menospreza o Livro e reinventa em duas versões um Deus sem leis e sem moral, que se ocupa de nos servir. Concordo com Marisa que a parede cinzenta é mais triste do que se permanecesse pintada com os escritos coloridos do Gentileza. Contudo, não vamos trazê-lo para as igrejas. É melhor deixá-lo nas ruas. Bráulia Ribeiro trabalhou na Amazônia durante trinta anos. Hoje mora em Kailua-Kona, no Havaí, com sua família e está envolvida em projetos internacionais de desenvolvimento na Ásia. É autora de Chamado Radical. braulia_ribeiro@yahoo.com O evangelho da gentileza Bráulia RibeiroDA LINHA DE FRENTE As várias versões evangélicas fazem concessões teológicas de acordo com a necessidade dos diferentes subgrupos culturais
  • 36. 36 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011
  • 37. Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 37 Não quero me esquecer de tudo que devo lembrar É verdade. A partir de hoje vou me lembrar de tudo de bom que penetrou em minha memória, tanto pela visão e audição quanto pela consciência. Vou me lembrar daquele que me criou, meu mais remoto ponto de partida, pois me fez para ele e meu coração não descansa enquanto não repouso nele. Quero me lembrar de Deus antes de descobrir que tudo é um eterno correr atrás do vento, antes que o processo inescapável da decadência física tome conta de mim, antes que o corpo volte ao pó da terra, de onde tudo veio, e o espírito volte a Deus, que o deu. Vou me lembrar das minhas obrigações morais, dos Dez Mandamentos, das bem- aventuranças, do paradigma que Deus coloca diante de mim, do processo contínuo da santificação. Vou me lembrar de Jesus morto e ressuscitado, que tomou sobre si meu pecado, que removeu minha culpa e minha mancha, que me reconduziu ao Pai e que ainda é o meu defensor diante de Deus. Vou me lembrar das promessas de Deus: a segunda vinda de Jesus, a ressurreição, o novo corpo, o juízo final e o novo céu e a nova terra. Vou me lembrar de agradecer a Deus pela vida, pela saúde, por aquele toque misterioso do Espírito que abriu os meus olhos e me fez enxergar minha miserabilidade e a DE HOJE EM DIANTE... misericórdia de Deus. Vou contar e agradecer as bênçãos recebidas da divina mão e de mãos humanas. Vou me lembrar dos meus pais e dos meus irmãos, do meu cônjuge, dos meus filhos, dos meus amigos e da família da fé. Assim nunca me esquecerei de que sou casado, sou filho e sou pai. Vou me lembrar dos outros, dos que precisam do pão de cada dia, de trabalho, saúde, paz e salvação. Graças a essas lembranças, deixarei de lembrar-me apenas de mim, como se eu fosse o único ser vivente. Que Deus me ajude a permanecer nesse mar de lembranças saudáveis, de hoje em diante!
  • 38. 38 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 Pastor, somos alunas do curso de missão integral do Centro Evangélico de Missões (CEM) em Viçosa. Estamos fazendo um trabalho sobre a história da igreja nos séculos 20 e 21 e, para tanto, recolhendo opiniões de alguns líderes cristãos. Gostaríamos de saber: qual a sua visão sobre o neopentecostalismo? como o secularismo tem influenciado a igreja, na sua opinião? qual deve ser a postura da igreja para evitar que ele corrompa a essência do cristianismo? qual o seu conselho para a igreja brasileira hoje? Obrigado pelas perguntas que apresentam temas desafiadores: neopentecostalismo, secularismo, cristianismo e igreja evangélica brasileira. Em primeiro lugar, devo esclarecer que nem o cristianismo nem a igreja evangélica brasileira são realidades estáticas e monolíticas. Isto é, existem muitos cristianismos e muitas igrejas evangélicas brasileiras. Contudo, de fato observo essas duas tendências no movimento cristão evangélico contemporâneo: o secularismo e o neopentecostalismo. Parece até que um responde ao outro e que estamos condenados aos extremos da dialética da história: o neopentecostalismo com sua ênfase Cotidiano — o leitor pergunta mágica confrontado pelo secularismo com sua absolutização da razão. Vejo o neopentecostalismo como uma consequência natural do secularismo. Secularismo significa viver sem a necessidade de Deus. Isso é fruto da chamada modernidade, um fenômeno do século 17 que afirmou a supremacia da racionalidade científica e do indivíduo acima da fé, da religião e de suas instituições. O impacto do secularismo e da modernidade pode ser constatado, nos últimos dez anos, pelo fechamento de em média duzentos templos cristãos por mês na Europa. Porém, o rebote da modernidade não demorou a surgir. A modernidade não conseguiu provar que Deus não existe, pois Deus não é variável epistemológica, isto é, ele não é passível de verificação em testes de laboratório. Todavia, ela conseguiu desferir um duro golpe nos representantes de Deus, notadamente nas instituições religiosas e no clero. A modernidade secular, por outro lado, abriu espaço para o aprofundamento do desespero e da consciência de vulnerabilidade do ser humano. Um universo vazio de Deus é também um universo vazio de sentido (niilismo) e sem critérios morais para a ordenação da vida: “Se Deus não existe tudo é permitido” [Dostoiévski]. O ser humano, que Ed René Kivitz Ed René Kivitz é pastor da Igreja Batista de Água Branca, em São Paulo. É mestre em ciências da religião e autor de, entre outros, O Livro Mais Mal-Humorado da Bíblia. www.edrenekivitz.com se afirmou com pretensões absolutas, não conseguiu superar a angústia diante de sua finitude, o medo da morte, o flagelo do sofrimento e a sensação de abandono em um universo imenso. O dia seguinte da modernidade amanheceu com novos contornos: o ressurgimento da busca da experiência espiritual e da experiência religiosa privatizada, não tutelada pelas hierarquias das religiões formalmente organizadas. Isso explica, pelo menos em parte, o neopentecostalismo, que coloca Deus a serviço do bem-estar humano e manipula o sagrado e os poderes espirituais, a fim de resolver a vida em termos mágicos. Aqueles que não se submetem a uma experiência espiritual infantilizadora e alienante buscam respostas mais próximas das categorias do secularismo, tentando afirmar a necessidade de o ser humano se emancipar do Deus interventor, tipo papai do céu, muito parecido com papai noel. Aqueles que consideram a convocação do ser humano para que assuma seu papel na construção da sociedade, da história e do futuro uma ofensa a Deus, correm para a absolutização da fé em termos mágicos, próximos da feitiçaria. Dias difíceis. Entretanto, como nos ensinou John Stott, “crer é também pensar”. edrenekivitz@ultimato.com.br Envie sua pergunta para:
  • 39. Novembro-Dezembro, 2011 I ULTIMATO 39 A pós o relato da criação, nos dois primeiros capítulos de Gênesis, a Bíblia não descreve muito como era a vida e o relacionamento do primeiro casal no Paraíso. Apenas um versículo indica algo deste relacionamento — o verso 25 do capítulo 2. Ele afirma: “O homem e sua mulher viviam nus, e não sentiam vergonha”. Todavia há uma verdade especial contida nas poucas palavras deste versículo. Em primeiro lugar, a ideia de estar nu, neste contexto, não indica somente o não estar usando roupas, mas sim que havia um total conhecimento um do outro — um desnudar-se de alma! Homem e mulher não tinham absolutamente nada a esconder um do outro. Conheciam e eram conhecidos por seus pares na mais profunda intimidade da alma. Na busca pela intimidade relacional, o casal precisa dar-se a conhecer um ao outro, o que não é um processo fácil. Em primeiro lugar porque tememos a rejeição. Temo que o outro me abandone se descobrir quem realmente sou no mais íntimo de meu ser — todo o meu egocentrismo escondido e minha vida de aparências. Só eu me conheço e sei o quão vil e pecador posso ser algumas vezes — ainda que só em pensamentos — e procuro esconder isso dos demais, incluindo meu cônjuge. Em segundo lugar porque temos vergonha. Após a entrada do pecado no mundo, a primeira atitude do ser humano foi cobrir-se com folhas A vergonha de estar nu Casamento e famíliaCarlos “Catito” Grzybowski e Dagmar Fuchs Grzybowski e esconder-se de Deus, pois tinha vergonha! Vergonha de ser visto como falho e fraco. O homem havia desobedecido à única ordem do Criador. Havia falhado no mais simples que lhe fora proposto e mostrara-se fraco diante da tentação da serpente, cedendo ao seu apelo. Fraqueza e imperfeição são atributos que procuramos sempre esconder dos demais, de nosso cônjuge e, fantasiosamente, até de Deus. Entretanto se quisermos experimentar toda a profundidade da intimidade relacional e desfrutar de uma vida conjugal verdadeiramente prazerosa, precisamos nos arriscar a uma maior abertura e transparência. Isso exige do casal uma boa comunicação. É preciso investir tempo para contar ao outro quem sou, o que penso, como ajo e o que sinto, bem como para ouvir o mesmo dele, em uma escuta desarmada e sem críticas. Certamente este nível de intimidade não se consegue no tempo de namoro ou na noite de núpcias. É uma conquista diária e precisa ser recíproca. Exige um diálogo no qual os olhares se encontrem e se interpenetrem a ponto de podermos enxergar a alma um do outro. Jovens apaixonados têm facilidade de dialogarem olhando nos olhos, pois se sentem profundamente amados pelo outro e têm pouco receio de serem rejeitados. Contudo, à medida que vão convivendo e cometendo pequenas falhas, passam a ter cada vez mais medo de expor-se, pois não querem se mostrar fracos e sofrer rejeição por não atenderem as expectativas do outro. Assim, quanto mais tempo convivem, menos se permitem ser penetrados pelo olhar do outro e se distanciam na intimidade. É necessário um resgate do olhar nos olhos durante o diálogo conjugal, pois isso traz proximidade e cria vínculo. O grande desafio para os casais é o de ficarem “nus” um diante do outro e não se sentirem envergonhados; uma transparência de alma, sem nada a esconder, para nos descobrirmos amados e aceitos pelo que somos — mesmo com nossas falhas e fraquezas — e não pelo que representamos ser. Viver desta forma é experimentar um pouquinho do jardim do Éden em nossas vidas! Carlos “Catito” e Dagmar são casados, ambos psicólogos e terapeutas de casais e de família. Catito é autor de Como se Livrar de um Mau Casamento e Macho e Fêmea os Criou, entre outros. Na busca pela intimidade relacional, o casal precisa dar-se a conhecer um ao outro MiguelSaavedra
  • 40. 40 ULTIMATO I Novembro-Dezembro, 2011 Sentido de urgência MEIO AMBIENTE E fé cristã Marina Silva (Rm 8.19-23). A esperança é que a situação possa ser modificada. Os senadores precisam saber que é muito importante proteger as florestas e os rios, pois são fundamentais para a qualidade de vida dos brasileiros. Dependemos deles para beber água, para cultivar os alimentos, para evitar as enchentes e os desabamentos, para fortalecer e fertilizar o solo. Cuidar das nossas florestas e rios é produzir dentro da perspectiva do desenvolvimento sustentável. Esta é uma visão que considera as necessidades presentes e também as necessidades das futuras gerações. O legado de nosso tempo não pode ser a degradação, a poluição, o esgotamento, as tragédias eminentes. Isso não condiz com a visão de E m maio deste ano a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei (PLC 30/2011) que tem como objetivo modificar o Código Florestal. Sem ouvir de forma adequada a população e sem considerar as contribuições da ciência, aproximadamente 80% dos deputados votaram em favor da proposta. Deram um sim ao retrocesso na legislação ambiental de nosso país; à retirada da proteção às beiras de rios, permitindo o desmatamento e assoreamento dos cursos d’água; às encostas de morros, pois com a retirada de sua vegetação elas podem desabar sobre estradas e casas; aos topos de morros, que podem sofrer o mesmo efeito; aos mangues, que podem secar e desaparecer. Um sim ao perdão a desmatadores que desrespeitaram as leis; ao descumprimento da função socioambiental das propriedades; ao agravamento das mudanças climáticas. Após a votação, o instituto de pesquisa Datafolha mostrou que 85% da população se declarou contrária ao retrocesso e às outras consequências mencionadas. Ficou patente que estamos vivendo um descolamento entre os mandatos parlamentares e o compromisso de ser representação política. O projeto de lei agora está no Senado. Mais do que nunca a natureza geme e sofre esperando a revelação dos filhos de Deus para sua libertação mordomia da criação, como afirma a Palavra de Deus. Em conjunto com algumas pessoas e mais de cem organizações participei da criação e participo da atuação do Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável. Vamos apresentar um abaixo- assinado aos senadores pontuando as questões levantadas neste texto. É importante que a opinião dos brasileiros seja ouvida no Congresso, e é fundamental que ao colocar o nome no abaixo-assinado cada um o faça como sujeito de sua história, saindo da posição de espectador da política e assumindo o papel de agente responsável pelos rumos do país. A menos de um ano da realização no Brasil da Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, a chamada “Rio + 20”, é preciso impedir que o país cometa uma agressão contra o marco legal que a duras penas conquistou ao longo dos últimos anos e contra as bases naturais de seu próprio desenvolvimento. Para se informar e participar do abaixo-assinado e dar aos senadores o recado da população — a fim de que entendam o sentido da responsabilidade que precisam ter e não se afastem do fato de que foram eleitos para representar e não para substituir as pessoas —, acesse: www.florestafazadiferenca.org.br. Marina Silva é professora de história e ex-senadora pelo PV-AC. O legado de nosso tempo não pode ser a degradação, a poluição, o esgotamento, as tragédias eminentes JeinnySolisS