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O RESGATE DOS JOGOS TRADICIONAIS COM ENFOQUE
SUSTENTAVEL
Amanda W. Mendes1
Jéssica Dalcyane M.Barbosa2
Tamara Priscilla Belusi3
Viviany G. L. Borges4
Instituto de Educação Professora Marisa
Serrano (IEMS) OMEP/BR/MS
amanda.waismann.m@hotmail.com
jessica_dmb@hotmail.com
tamarabelusi@gmail.com
vivytim@hotmail.com
Eixo Temático: Sustentabilidade, Diversidade e Direitos Humanos.
Comunicação Oral
Criança que não brinca não é criança. Adulto que não brinca perdeu para
sempre a criança que existe dentro dele. (Pablo Neruda)
Resumo: Este artigo apresenta uma experiência realizada no Instituto de Educação Professora Marisa
Serrano OMEP/BR/MS/Campo Grande, desenvolvida com alunos dos níveis IIA e IIB, com média de
2 anos, onde foi trabalhado os jogos tradicionais com enfoque sustentável. A idéia surgiu das
professoras a partir da preocupação com a sustentabilidade; a reciclagem já é usualmente discutida na
rotina escolar e é de suma importância permitir que esse tema seja abordado de forma prazerosa para
as crianças, ou seja, brincando e tornando tudo mais familiar. Desta forma foi pensado no resgate dos
jogos de uso coletivo – sendo reforçado para a criança a importância da integração e não a valorização
da individualidade – construídos com materiais recicláveis, destacando que não se faz necessário o uso
de brinquedos caros para que uma criança possa se divertir e fazer novas amizades. Este projeto
envolveu pais, alunos, sociedade, além de favorecer a preservação do nosso ambiente.
Palavras Chave: sustentabilidade; brinquedos; crianças
INTRODUÇÃO
1 Pedagoga pela Faculdadede Mato Grosso do Sul, Professora do Instituto de Educação Marisa Serrano (IEMS)
OMEP/BR/MS.
2 Pedagoga pela UniversidadeAnhanuera/Uniderp, Professora do Instituto de Educação Marisa Serrano (IEMS)
OMEP/BR/MS.
3 Pedagoga pela UniversidadeCatólica DomBosco,Professora do Instituto de Educação MarisaSerrano(IEMS)
OMEP/BR/MS.
4 Pedagoga pela UniversidadeEstadual deMato Grosso do Sul, Professora do Instituto de Educação Marisa
Serrano(IEMS) OMEP/BR/MS.
Ao nos depararmos com o termo sustentabilidade, instantaneamente temos um insight e
a nossa percepção se dá com base na reciclagem do lixo, porém a sustentabilidade não se
resume à apenas essa atitude. Sustentabilidade também perpassa a preservação da água, das
florestas; esses cuidados transcorrem com a reciclagem, porém, não apenas estes, mas outros
zelos como a redução das queimadas, do corte de arvores, da poluição do ar, tornam-se de
grande importância. Com vista nessa conscientização, a Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, traz a seguinte definição para tal termo:
“O desenvolvimento sustentável é aquele que atende as
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de
gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades”.
(Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro;
FGV,1991, 430p).
Visando essa definição de desenvolvimento que anseia pelo não comprometimento dos
recursos para as gerações futuras, cabe a nós, geração presente, atitudes responsáveis e com
senso crítico nos mais diversos âmbitos que possam trazer consequências negativas ou até
mesmo catastróficas para os que no nosso planeta habitam. O melhor caminho se encontra na
orientação e conscientização dos que no início da estrada se encontram, ou seja, as crianças!
Essas que vivem no presente fazem parte do futuro e terão papel ativo nas demais duas ou três
gerações posteriores a sua.
Com base nessa expectativa, torna-se necessário, promover orientações partindo do
ambiente dessas crianças, do seu conhecimento, iniciando com o lixo que produzem em casa,
na rua, na escola, entre outros lugares, que muitas vezes não são reaproveitados, pois foi
incutida a ideia de que uma vez utilizado, tal artigo passa a não ter mais utilidade, pensamento
este, que resulta da manipulação da mídia para fomentar cada vez mais o consumo.
(...) o artigo é relançado pela mídia no mercado por meio de campanhas
garantindo que ele é novo, moderno, leva ao sucesso, transforma seus
usuários em gente bonita e inteligente, e assim por diante. Pronto: os
consumidores substituem seu artigo “velho” pelo “novo” (SCARLATO;
PONTIN,1992,p.51).
Segundo Scarlato e Pontin (1992, p.109) “Hoje mais do que nunca, professor e escola
devem incluir no interior de seus currículos programas ligados à crise ambiental”. Portanto o
professor tem o dever de levar à sala de aula temas que fazem os alunos conhecerem a
realidade do nosso planeta, assim como a escola primar pela parceria com a família afim de
desenvolver projetos sustentáveis que vão muito além do “fazer por fazer”, mas sim fazer para
contribuir de forma significativa para o melhorar das atitudes de cada indivíduo e dos que o
cercam, por meio de exemplos e consequentemente, a melhora do planeta em sua plenitude.
O presente projeto almejou trabalhar o tema sustentabilidade por meio do resgate dos
jogos tradicionais, recuperando aquelas brincadeiras divertidas que as gerações passadas se
entretinham por horas nas ruas ou em casas de familiares. Ansiamos resgatar o boliche que
estimula à criança noções de posição, tamanhos, pesos, cores, direções, concentração e
equilíbrio; jogo das argolas com desenhos de figuras geométricas nas garrafas, usado para
desenvolver a percepção visual motora, cores aprimoramento da distinção entre triângulo,
quadrado e círculo; bilboquê, estimula a concentração, equilíbrio e coordenação motora;
telefone sem fio desenvolve atenção, criatividade, linguagem, memória; peteca estimula
agilidade, raciocínio lógico, lateralidade; vai-e-vem desenvolve coordenação visomotora, e as
noções de alternância e distância, esse jogo pode ser jogado em dupla, foi escolhido, pois é
clara a importância do outro jogador, ou seja, para o objeto (garrafa) chegar a outra
extremidade é preciso sintonia e a repetição entre os jogadores.
Jogos tradicionais fazem com que as crianças movimentem-se e interagem umas com
as outras ao invés de ficarem em casa entretendo-se apenas na tela do computador e aparelho
televisivo, podendo desencadear obesidade, sedentarismo, isolamento, depressão e
comprometimento da visão.
Trabalhar a sustentabilidade é colocar diante dos pequenos uma nova forma de olhar o
mundo, desenvolvendo respeito pelos recursos naturais. Utilizando materiais descartados nas
residências dos alunos do nível II A e II B o projeto contou com o apoio principalmente dos
pais, pois é de casa que vem a maior influência de uma criança.
CONCISA CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DA CRIANÇA BRINCANTE
A criança nem sempre foi vista com a imagem a qual temos hoje, segundo Ariès (2006),
até por volta do século XII, não havia lugar para a criança na sociedade. As crianças eram
constituídas como adultos em miniatura. Este fato foi representado em inúmeras pinturas do
século, onde as características físicas de uma criança e um adulto apenas se diferiam em
relação ao tamanho.
Por volta do século XIII surgiram as representações de alguns tipos de crianças mais
próximas do sentimento moderno. Essas crianças, como no século XIV eram reproduzidas na
figura de anjos, como de Fran Angélico, Botticelli e Ghirlandajo.
Foi nos séculos XVI e XVII que de fato as crianças passaram a ser vistas como alguém
singular, destoando da “adultização” imposta nos séculos anteriores.
A descoberta da infância começou sem dúvida no século XIII, e sua
evolução pode ser acompanhada na história da arte e na iconografia dos
séculos XV e XVI. Mas os sinais de seu desenvolvimento tornaram-se
particularmente numerosos e significativos a partir do fim do século XVI e
durante o século XVII (ARIÈS, 2006, p. 28).
Ainda que houvesse essa evolução, com relação as brincadeiras,
No início do século XVII não existia uma separação tão rigorosa como hoje
entre as brincadeiras e os jogos reservados às crianças e as brincadeiras e os
jogos dos adultos. Os mesmos jogos eram comuns a ambos (ARIÈS, 2006, p.
46).
Esses jogos comuns eram basicamente jogo de malha, péla, de cartas, mímica; cavalo de
pau, cata-vento, pássaro preso por um cordão, entre outros. O boliche era outra brincadeira
muito praticada no século XVII, porém, não era tida como “inocente” já que provocava
brigas, sendo classificada como atividade semicriminosa, sendo comparada à embriaguez e a
prostituição. Foram os padres Jesuítas que viram nos jogos um caráter educativo:
(...) foram os colégios jesuítas que impuseram pouco a pouco às pessoas de
bem e amantes da ordem uma opinião menos radical com relação aos jogos.
Os padres compreenderam desde o início que não era nem possível nem
desejável suprimi-los, ou mesmo fazê-los depender de permissões precárias
e vergonhosas. Ao contrário, propuseram-se a assimilá-los e a introduzi-los
oficialmente em seus programas e regulamentos, com a condição de que
pudessem escolhê-los, regulamentá-los e controla-los. Assim, disciplinados,
os divertimentos reconhecidos como bons foram admitidos e recomendados,
e considerados a partir de então como meios de educação tão estimáveis
quanto os estudos (ARIÈS, 2006, p. 65).
Podemos observar que a partir de então as brincadeiras e os estudos passaram a
caminhar juntas nas instituições de ensino. Hoje, no século XXI temos o dever de
principalmente nas instituições de educação infantil - onde acolhem educacionalmente
crianças de poucos meses de vida à quatro anos - proporcionarmos tais, não apenas para
promover o prazer em brincar, mas para desenvolvermos os estímulos cognitivos, sensoriais e
motor.
PORQUE RESGATAR JOGOS TRADICIONAIS?
Os jogos tradicionais pouco a pouco estão sendo esquecidos, o grande motivo são as
inovações, sendo elas brinquedos mais elaborados que andam, falam, acendem luzes e
principalmente os computadores, estes objetos de consumo acabaram fazendo ao longo dos
anos com que as crianças ficassem mais isoladas se divertindo, e, passando a constituí-los
como estímulos á competições. As novas tecnologias são sem dúvida, bem vindas, no entanto,
é necessário não torna-los únicos. Resgatar os jogos tradicionais é possibilitar que a criança
participe de brincadeiras com outras crianças, permitindo a socialização, o respeito às regras,
os benefícios de crescer brincando. Promovendo também a interação com seus progenitores,
onde os mesmos utilizavam desses brinquedos como meio para se divertirem.
Pais e educadores que respeitam as necessidades da criança de brincar
estarão construindo, portanto, os alicerces de uma adolescência mais
tranqüila ao criar condições de expressão e comunicação dos próprios
sentimentos e visão de mundo (OLIVEIRA, 2000, p. 87).
O fato das crianças brincarem com jogos de “antigamente” despertará nos pais aquela
vontade de ajudar ou ensinar, parar um pouquinho o que esta fazendo para falar ao filho como
era na sua época, determinada brincadeira. Vimos essa necessidade ao constatarmos que não
apenas as crianças se isolam em seu mundo virtual, mas os pais ficam desconexos do dia-a-
dia de seus filhos. O jogo tradicional une as gerações.
A SUSTENTABILIDADE E O JOGO
Muitos são os problemas que o planeta vem enfrentando com a poluição, aquecimento
global, efeito estufa e buraco na camada de ozônio; advento das sacolas plásticas, poluição
dos mananciais, entre outros, por isso é de suma importância que as crianças sejam
conscientizadas sobre o meio ambiente e assim possam sensibilizar cada familiar, afim de que
todos possam ter acesso a informação.
A preocupação em iniciar esse contato com a preservação do planeta já na educação
infantil é a garantia de que desde muito cedo, as crianças passarão a ter atitudes de respeito
com tudo aquilo que a cerca. Esse primeiro contato deve ter início prazerosamente, e a melhor
forma é introduzir pelas brincadeiras. Brincadeiras essas, promovidas por meio da reciclagem
de todo o material que é descartado em suas próprias casas. Uma excelente maneira de deixar
as crianças produzirem e entenderem que nem tudo que vai para o lixo é lixo.
Os jogos feitos de materiais recicláveis ou sucatas, os artesanais, tem função de reciclar
o que iria para lixo e demoraria anos, décadas e até séculos para se decompor, passaria esse
tempo agredindo a natureza e também assume o papel lúdico e importante para criança e para
o adulto que auxilia na confecção. Esse jogo ou brinquedo que foi confeccionado terá sentido
para criança que lhe “deu vida”, pois nele, por exemplo: foi inserida sua cor predileta ou
figura que chamou sua atenção, esse jogo terá para a criança um valor, não em moeda, mas
sim afetivo.
Se preparando para a confecção de um jogo ou brinquedo, podemos observar que nem
todo material que vai para o lixo pode ser aproveitado. A higienização dos materiais e atenção
aos materiais que podem cortar como metal são cuidados essenciais que devem ser tomados
pelo educador ou pais antes de oferecer para crianças. Santos (1995) descreve a sucata e
cuidados que são necessários ao organizar atividades com matérias recicláveis:
“A sucata é um suporte potencial para atividade infantil, porém alguns
cuidados devem ser tomados no seu uso. Não é com todo material
descartável que a criança pode brincar; além disso, é necessário que este
material esteja limpo, organizado e não ofereça perigo. Ou seja, é preciso
distinguir sucata de lixo. Para a construção de jogos e brinquedos com
material de sucata o essencial não é o objeto em si, mas sim o que ele pode
oferecer.” (p.13)
Ressaltando a importância de oferecer jogos confeccionados com materiais recicláveis
seguros é necessário ficarmos atentos aos acabamentos, por exemplos aos recortes de garrafa
pets podemos lixar e depois finalizar com fita adesiva colorida. Outro exemplo é utilizar
materiais não tóxicos e tesouras sem ponta.
PROJETO EM PRÁTICA
Primeiramente, foram ministradas aulas que propunham o sentir a natureza, elementos
como água, terra, plantas, grama entre outros. Na aula com o tema água, tivemos a
oportunidade não só de senti-la, mas também de conhecer seu ciclo, a importância do seu uso
correto no dia-a-dia, sem desperdício e poluição. Sentir as plantas, a terra e a grama,
proporcionou várias indagações nas crianças. Chamamos a atenção dos pequenos para
observar o quanto a água, a terra, as gramas, as plantas, o sol e os seres humanos estão
interligados, numa sintonia onde um depende do outro. Não foi uma tarefa fácil desenvolver
aulas com tamanha interação, mas em contato direto com a natureza, tivemos momentos
divertidos, instigados pela curiosidade das crianças.
Em outro dia, o enfoque se deu na família. Foi realizada uma reunião com os pais para
que eles pudessem explanar seus conhecimentos sobre o assunto abordado (sustentabilidade),
e dessa forma, colaborarem com a conscientização das crianças. As professoras mediaram as
discussões pontuando o necessário para a melhor tomada de consciência; à partir desta
reunião na sala de aula do IEMS Instituto de Educação Marisa Serrano, foi solicitado aos pais
que fornecessem materiais descartados em casa, como copos descartáveis, garrafas pet,
tampinhas diversas, vários modelos de caixas, latas, entre outros.
As professoras Amanda, Jéssica, Viviany e Tamara, fizeram um trabalho pedagógico
com as crianças por meio da confecção de um cartaz exposto no pátio, com inúmeras figuras
de brinquedos originados de “lixo” e a escuta da música “reciclar” da Turma da Mônica. Em
outro dia, convidamos a avó de uma das crianças do nível II A, para que por meio de uma
roda de conversa, pudessem expor as suas atitudes em casa que demonstrassem a preocupação
com o meio ambiente e dessa forma, influenciar sua neta e toda a turma nesta caminhada por
um futuro mais limpo.
Demos início então, a confecção dos jogos tradicionais, onde cada professora deveria
produzir dois jogos iguais, sendo um para cada sala do nível II, totalizando quatro novos
jogos para cada turma. Em seguida, as professoras explicaram em sala que os jogos, eram
fruto do “lixo” que as crianças haviam trazidos de suas casas, e após orientação de como
jogar, as crianças aproveitaram brinquedos. No momento da saída, os jogos foram expostos
no pátio, para que os pais tomassem conhecimento e adotassem a iniciativa de elaborar em
casa, para que seus pequenos pudessem ter brinquedos sem custos e consequentemente,
estariam livrando o ambiente de resíduos sem destino certo, podendo alcançar os bueiros e
promoverem desastres em nossa cidade, atingindo não só quem os jogou, mas toda a
população.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após toda essa pesquisa acerca da evolução do reconhecimento da criança como
criança, do brincar como parte do seu desenvolvimento, podemos considerar que, embora
tenha sido fundamental todo esse processo, existe algo que poderia perdurar: o fato das
crianças brincarem juntas aos seus pais. Não da forma como era colocada no século XVII,
onde nada girava em torno da criança, mas jogos que visassem o desenvolvimento das
crianças, com participação dos pais, onde ambos pudessem compartilhar desse momento de
prazer.
Ao chegarmos no consenso de que poderíamos promover isso com os nossos alunos,
procuramos um outro motivo para tornar essas brincadeiras perspicazes, propomos então
trabalharmos com materiais recicláveis, já que as nossas crianças estão inseridas em um
contexto de poucos recursos financeiros para adquirir brinquedos industrializados. Buscamos
então unir a brincadeira com o ato de reciclar, desta forma ressaltamos a importância de estar
com o filho, de brincar junto e plantamos a sementinha da preservação e reutilização. A
junção de jogos tradicionais com sustentabilidade é uma ótima maneira de fazer com que as
crianças brinquem com responsabilidade.
Podemos dizer que foi consideravelmente prazerosos desenvolvermos tal projeto,
principalmente no que diz respeito ao interesse dos pais em nos ajudar e a se tornarem
crianças outra vez. Devido a tantos afazeres, o “fazer brinquedos” e o brincar, foram deixados
de lado e hoje, em meio a tantos brinquedos modernos e ao alcance das mãos, o encantamento
se perdeu.
Os pais não brincam mais, não sentam no chão para rodar um peão, não jogam boliche,
não, não, não...O trabalho ocupa todo o tempo e as relações vão se dissipando, o contato do
olho no olho torna-se presente apenas nas broncas. Por meio desse projeto, estamos buscando
reverter esse distanciamento e fazer com que nossas crianças e seus familiares se tornem mais
atentos com relação aos cuidados para com o outro e com a natureza. Reciclar é preciso!
Reciclar relações e utensílios! O nosso planeta agradece.
Queremos que crianças e pais pensem em atitudes de preservação para as próximas
gerações. Gostaríamos de levar o Discurso de Severn Suzuzi durante a Eco-92 - A menina que
calou o mundo por 5 minutos – como pensamento contínuo ao depara-se com todas as ações
cotidianas. Anexamos aqui as palavras de uma menina de nove anos, que jamais podem ser
esquecidas:
Olá, sou Severn Suzuki.
Represento a ECO, a organização das crianças em defesa do meio ambiente. Somos um
grupo de crianças canadenses, de 12 a 13 anos, tentando fazer a nossa parte, contribuir:
Wanessa Suttie, Morgan Geisler, Michelle Quigg e eu.
Todo o dinheiro que precisávamos para vir de tão longe, conseguimos por nós mesmos
para dizer que vocês adultos, têm que mudar o seu modo de agir.
Ao vir aqui hoje, não preciso disfarçar meu objetivo. Estou lutando por meu futuro. Não
ter garantia quanto ao meu futuro, não é o mesmo que perder uma eleição ou alguns pontos na
bolsa de valores.
Estou aqui para falar em nome das gerações que estão por vir. Estou aqui para defender
as crianças com fome, cujos apelos não são ouvidos.
Estou aqui para falar em nome dos incontáveis animais morrendo em todo o planeta,
porque já não têm mais para onde ir.
Não podemos mais permanecer ignorados!
Hoje tenho medo de tomar sol por causa dos buracos na camada de ozônio. Tenho medo
de respirar esse ar porque não sei que substâncias químicas o estão contaminando.
Eu costumava pescar em Vancouver com meu pai, até o dia em que pescamos um peixe
com câncer. Temos conhecimento de que animais e plantas estão sendo destruídos a cada dia
e, em vias de extinção.
Durante toda minha vida, eu sonhei ver grandes manadas de animais selvagens, selvas,
florestas tropicais repletas de pássaros e borboletas, mas, agora eu me pergunto se meus filhos
vão poder ver tudo isso.
Vocês se preocupavam com essas coisas quando tinham a minha idade?
Todas essas coisas acontecem bem diante dos nossos olhos e, mesmo assim,
continuamos agindo como se tivéssemos todo o tempo do mundo e todas as soluções.
Sou apenas uma criança e não tenho soluções, mas quero que saibam que vocês também
não têm.
Vocês não sabem como reparar os buracos da camada de ozônio!
Vocês não sabem como salvar os salmões das águas poluídas!
Vocês não podem ressuscitar os animais extintos!
Vocês não podem recuperar as florestas que um dia existiram, onde hoje é deserto.
Se vocês não podem recuperar nada disso, então por favor: parem de destruir!
Aqui, vocês são os representantes de seus governos, homens de negócios,
administradores, jornalistas ou políticos. Mas na verdade, são mães e pais, irmãos e irmãs, tias
e tios, e todos também são filhos.
Sou apenas uma criança, mas sei que todos nós pertencemos a uma sólida família de 5
(cinco) bilhões de pessoas e ao todo somos 30 (trinta) milhões de espécies, compartilhando o
mesmo ar, a mesma água e o mesmo solo.
Nenhum governo, nenhuma fronteira poderá mudar esta realidade!!!
Sou apenas uma criança, mas sei que esse problema atinge a todos nós e deveríamos
agir como se fossemos um único mundo, rumo a um único objetivo.
Apesar da minha raiva, não estou cega. Apesar do meu medo, não sinto medo de dizer
ao mundo como me sinto.
No meu país, geramos tanto desperdício,… compramos e jogamos fora,… compramos e
jogamos fora,… e os países do Norte não compartilham com os que precisam. Mesmo quando
temos mais do que o suficiente!!! Temos medo de perder nossas riquezas, medo de
compartilhá-las.
No Canadá temos uma vida privilegiada com fartura de alimentos, água e moradia.
Temos relógios, bicicletas, computadores e aparelhos de TV.
Há dois dias aqui no Brasil ficamos chocados! Quando estivemos com crianças que
moram nas ruas,.. ouçam o que uma delas nos contou:
“Eu gostaria de ser rica e se fosse, daria a todas as crianças de rua, alimentos, roupas,
remédios, moradia, amor e carinho.”
E se uma criança de rua que não tem nada, ainda deseja compartilhar, porque nós que
temos tudo somos ainda tão mesquinhos???
Não posso deixar de pensar que essas crianças têm a minha idade e que o lugar onde
nascemos, faz uma grande diferença.
Eu poderia ser uma daquelas crianças que vivem nas favelas do Rio (Rio de Janeiro –
BR). Eu poderia ser uma criança faminta da Somália. Uma vítima da Guerra do Oriente
Médio ou uma mendiga da Índia.
Sou apenas uma criança, mas ainda assim sei que se todo o dinheiro gasto nas guerras
fosse utilizado para acabar com a pobreza, para achar soluções para os problemas
ambientais,… que lugar maravilhoso a Terra seria!!!
Na escola desde o jardim da infância, vocês nos ensinaram a:
* sermos bem comportados
* a não brigar com os outros
* a resolver as coisas bem
* a respeitar os outros
* arrumar nossas bagunças
* não maltratar outras criaturas
* dividir e não ser mesquinho
Então porque vocês fazem justamente o que nos ensinaram a NÃO FAZER???
Não esqueçam o motivo de estarem assistindo a estas conferências. E para quem voces
estão fazendo isso. Vejam-nos como seus próprios filhos. Vocês estão decidindo em que tipo
de mundo nós iremos crescer.
Os pais devem ser capazes de confortar seus filhos dizendo-lhes: “Tudo ficará bem”…
“Estamos fazendo o melhor que podemos”…
Mas não acredito que possam nos dizer isso. Estamos sequer na sua lista de prioridades?
Meu pai sempre diz: “Você é aquilo que faz, não aquilo que você diz”.
Bem, o que vocês fazem, nos fazem chorar a noite.
Vocês adultos, nos dizem que vocês nos amam. Eu desafio vocês!
Por favor: façam as suas ações refletirem as suas palavras!
Obrigada.”
É essa consciência que queremos promover!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família; tradução de Dora Flaksman. 2.ed. –
Rio de Janeiro: LTC, 2006
Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso Futuro Comum. Rio
de Janeiro; FGV,1991, 430p.
OLIVEIRA, Vera B. (org.). O Brincar e a criança do nascimento aos seis anos.
Petrópolis:Vozes, 2000.
SALMAZE, M. A. (2011). Desenvolvimento e Sustentabilidade. Campo Grande: Oeste.
SANTOS, Santa Marli Pires dos . “Brinquedoca: Sucata vira brinquedo” / Porto Alegre:
Artmed, 1995.
SCARLATO, Francisco Capuano. PONTIN, Joel Arnaldo. Do nicho ao lixo: ambiente,
sociedade e educação; consultoria Sergio de Almeida Rodrigues. São Paulo: Atual,1992.-
(serie meio ambiente)

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  • 1. O RESGATE DOS JOGOS TRADICIONAIS COM ENFOQUE SUSTENTAVEL Amanda W. Mendes1 Jéssica Dalcyane M.Barbosa2 Tamara Priscilla Belusi3 Viviany G. L. Borges4 Instituto de Educação Professora Marisa Serrano (IEMS) OMEP/BR/MS amanda.waismann.m@hotmail.com jessica_dmb@hotmail.com tamarabelusi@gmail.com vivytim@hotmail.com Eixo Temático: Sustentabilidade, Diversidade e Direitos Humanos. Comunicação Oral Criança que não brinca não é criança. Adulto que não brinca perdeu para sempre a criança que existe dentro dele. (Pablo Neruda) Resumo: Este artigo apresenta uma experiência realizada no Instituto de Educação Professora Marisa Serrano OMEP/BR/MS/Campo Grande, desenvolvida com alunos dos níveis IIA e IIB, com média de 2 anos, onde foi trabalhado os jogos tradicionais com enfoque sustentável. A idéia surgiu das professoras a partir da preocupação com a sustentabilidade; a reciclagem já é usualmente discutida na rotina escolar e é de suma importância permitir que esse tema seja abordado de forma prazerosa para as crianças, ou seja, brincando e tornando tudo mais familiar. Desta forma foi pensado no resgate dos jogos de uso coletivo – sendo reforçado para a criança a importância da integração e não a valorização da individualidade – construídos com materiais recicláveis, destacando que não se faz necessário o uso de brinquedos caros para que uma criança possa se divertir e fazer novas amizades. Este projeto envolveu pais, alunos, sociedade, além de favorecer a preservação do nosso ambiente. Palavras Chave: sustentabilidade; brinquedos; crianças INTRODUÇÃO 1 Pedagoga pela Faculdadede Mato Grosso do Sul, Professora do Instituto de Educação Marisa Serrano (IEMS) OMEP/BR/MS. 2 Pedagoga pela UniversidadeAnhanuera/Uniderp, Professora do Instituto de Educação Marisa Serrano (IEMS) OMEP/BR/MS. 3 Pedagoga pela UniversidadeCatólica DomBosco,Professora do Instituto de Educação MarisaSerrano(IEMS) OMEP/BR/MS. 4 Pedagoga pela UniversidadeEstadual deMato Grosso do Sul, Professora do Instituto de Educação Marisa Serrano(IEMS) OMEP/BR/MS.
  • 2. Ao nos depararmos com o termo sustentabilidade, instantaneamente temos um insight e a nossa percepção se dá com base na reciclagem do lixo, porém a sustentabilidade não se resume à apenas essa atitude. Sustentabilidade também perpassa a preservação da água, das florestas; esses cuidados transcorrem com a reciclagem, porém, não apenas estes, mas outros zelos como a redução das queimadas, do corte de arvores, da poluição do ar, tornam-se de grande importância. Com vista nessa conscientização, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, traz a seguinte definição para tal termo: “O desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades”. (Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro; FGV,1991, 430p). Visando essa definição de desenvolvimento que anseia pelo não comprometimento dos recursos para as gerações futuras, cabe a nós, geração presente, atitudes responsáveis e com senso crítico nos mais diversos âmbitos que possam trazer consequências negativas ou até mesmo catastróficas para os que no nosso planeta habitam. O melhor caminho se encontra na orientação e conscientização dos que no início da estrada se encontram, ou seja, as crianças! Essas que vivem no presente fazem parte do futuro e terão papel ativo nas demais duas ou três gerações posteriores a sua. Com base nessa expectativa, torna-se necessário, promover orientações partindo do ambiente dessas crianças, do seu conhecimento, iniciando com o lixo que produzem em casa, na rua, na escola, entre outros lugares, que muitas vezes não são reaproveitados, pois foi incutida a ideia de que uma vez utilizado, tal artigo passa a não ter mais utilidade, pensamento este, que resulta da manipulação da mídia para fomentar cada vez mais o consumo. (...) o artigo é relançado pela mídia no mercado por meio de campanhas garantindo que ele é novo, moderno, leva ao sucesso, transforma seus usuários em gente bonita e inteligente, e assim por diante. Pronto: os consumidores substituem seu artigo “velho” pelo “novo” (SCARLATO; PONTIN,1992,p.51). Segundo Scarlato e Pontin (1992, p.109) “Hoje mais do que nunca, professor e escola devem incluir no interior de seus currículos programas ligados à crise ambiental”. Portanto o professor tem o dever de levar à sala de aula temas que fazem os alunos conhecerem a
  • 3. realidade do nosso planeta, assim como a escola primar pela parceria com a família afim de desenvolver projetos sustentáveis que vão muito além do “fazer por fazer”, mas sim fazer para contribuir de forma significativa para o melhorar das atitudes de cada indivíduo e dos que o cercam, por meio de exemplos e consequentemente, a melhora do planeta em sua plenitude. O presente projeto almejou trabalhar o tema sustentabilidade por meio do resgate dos jogos tradicionais, recuperando aquelas brincadeiras divertidas que as gerações passadas se entretinham por horas nas ruas ou em casas de familiares. Ansiamos resgatar o boliche que estimula à criança noções de posição, tamanhos, pesos, cores, direções, concentração e equilíbrio; jogo das argolas com desenhos de figuras geométricas nas garrafas, usado para desenvolver a percepção visual motora, cores aprimoramento da distinção entre triângulo, quadrado e círculo; bilboquê, estimula a concentração, equilíbrio e coordenação motora; telefone sem fio desenvolve atenção, criatividade, linguagem, memória; peteca estimula agilidade, raciocínio lógico, lateralidade; vai-e-vem desenvolve coordenação visomotora, e as noções de alternância e distância, esse jogo pode ser jogado em dupla, foi escolhido, pois é clara a importância do outro jogador, ou seja, para o objeto (garrafa) chegar a outra extremidade é preciso sintonia e a repetição entre os jogadores. Jogos tradicionais fazem com que as crianças movimentem-se e interagem umas com as outras ao invés de ficarem em casa entretendo-se apenas na tela do computador e aparelho televisivo, podendo desencadear obesidade, sedentarismo, isolamento, depressão e comprometimento da visão. Trabalhar a sustentabilidade é colocar diante dos pequenos uma nova forma de olhar o mundo, desenvolvendo respeito pelos recursos naturais. Utilizando materiais descartados nas residências dos alunos do nível II A e II B o projeto contou com o apoio principalmente dos pais, pois é de casa que vem a maior influência de uma criança. CONCISA CONSTITUIÇÃO HISTÓRICA DA CRIANÇA BRINCANTE A criança nem sempre foi vista com a imagem a qual temos hoje, segundo Ariès (2006), até por volta do século XII, não havia lugar para a criança na sociedade. As crianças eram constituídas como adultos em miniatura. Este fato foi representado em inúmeras pinturas do século, onde as características físicas de uma criança e um adulto apenas se diferiam em relação ao tamanho.
  • 4. Por volta do século XIII surgiram as representações de alguns tipos de crianças mais próximas do sentimento moderno. Essas crianças, como no século XIV eram reproduzidas na figura de anjos, como de Fran Angélico, Botticelli e Ghirlandajo. Foi nos séculos XVI e XVII que de fato as crianças passaram a ser vistas como alguém singular, destoando da “adultização” imposta nos séculos anteriores. A descoberta da infância começou sem dúvida no século XIII, e sua evolução pode ser acompanhada na história da arte e na iconografia dos séculos XV e XVI. Mas os sinais de seu desenvolvimento tornaram-se particularmente numerosos e significativos a partir do fim do século XVI e durante o século XVII (ARIÈS, 2006, p. 28). Ainda que houvesse essa evolução, com relação as brincadeiras, No início do século XVII não existia uma separação tão rigorosa como hoje entre as brincadeiras e os jogos reservados às crianças e as brincadeiras e os jogos dos adultos. Os mesmos jogos eram comuns a ambos (ARIÈS, 2006, p. 46). Esses jogos comuns eram basicamente jogo de malha, péla, de cartas, mímica; cavalo de pau, cata-vento, pássaro preso por um cordão, entre outros. O boliche era outra brincadeira muito praticada no século XVII, porém, não era tida como “inocente” já que provocava brigas, sendo classificada como atividade semicriminosa, sendo comparada à embriaguez e a prostituição. Foram os padres Jesuítas que viram nos jogos um caráter educativo: (...) foram os colégios jesuítas que impuseram pouco a pouco às pessoas de bem e amantes da ordem uma opinião menos radical com relação aos jogos. Os padres compreenderam desde o início que não era nem possível nem desejável suprimi-los, ou mesmo fazê-los depender de permissões precárias e vergonhosas. Ao contrário, propuseram-se a assimilá-los e a introduzi-los oficialmente em seus programas e regulamentos, com a condição de que pudessem escolhê-los, regulamentá-los e controla-los. Assim, disciplinados, os divertimentos reconhecidos como bons foram admitidos e recomendados, e considerados a partir de então como meios de educação tão estimáveis quanto os estudos (ARIÈS, 2006, p. 65). Podemos observar que a partir de então as brincadeiras e os estudos passaram a caminhar juntas nas instituições de ensino. Hoje, no século XXI temos o dever de principalmente nas instituições de educação infantil - onde acolhem educacionalmente crianças de poucos meses de vida à quatro anos - proporcionarmos tais, não apenas para promover o prazer em brincar, mas para desenvolvermos os estímulos cognitivos, sensoriais e motor.
  • 5. PORQUE RESGATAR JOGOS TRADICIONAIS? Os jogos tradicionais pouco a pouco estão sendo esquecidos, o grande motivo são as inovações, sendo elas brinquedos mais elaborados que andam, falam, acendem luzes e principalmente os computadores, estes objetos de consumo acabaram fazendo ao longo dos anos com que as crianças ficassem mais isoladas se divertindo, e, passando a constituí-los como estímulos á competições. As novas tecnologias são sem dúvida, bem vindas, no entanto, é necessário não torna-los únicos. Resgatar os jogos tradicionais é possibilitar que a criança participe de brincadeiras com outras crianças, permitindo a socialização, o respeito às regras, os benefícios de crescer brincando. Promovendo também a interação com seus progenitores, onde os mesmos utilizavam desses brinquedos como meio para se divertirem. Pais e educadores que respeitam as necessidades da criança de brincar estarão construindo, portanto, os alicerces de uma adolescência mais tranqüila ao criar condições de expressão e comunicação dos próprios sentimentos e visão de mundo (OLIVEIRA, 2000, p. 87). O fato das crianças brincarem com jogos de “antigamente” despertará nos pais aquela vontade de ajudar ou ensinar, parar um pouquinho o que esta fazendo para falar ao filho como era na sua época, determinada brincadeira. Vimos essa necessidade ao constatarmos que não apenas as crianças se isolam em seu mundo virtual, mas os pais ficam desconexos do dia-a- dia de seus filhos. O jogo tradicional une as gerações. A SUSTENTABILIDADE E O JOGO Muitos são os problemas que o planeta vem enfrentando com a poluição, aquecimento global, efeito estufa e buraco na camada de ozônio; advento das sacolas plásticas, poluição dos mananciais, entre outros, por isso é de suma importância que as crianças sejam conscientizadas sobre o meio ambiente e assim possam sensibilizar cada familiar, afim de que todos possam ter acesso a informação. A preocupação em iniciar esse contato com a preservação do planeta já na educação infantil é a garantia de que desde muito cedo, as crianças passarão a ter atitudes de respeito com tudo aquilo que a cerca. Esse primeiro contato deve ter início prazerosamente, e a melhor forma é introduzir pelas brincadeiras. Brincadeiras essas, promovidas por meio da reciclagem de todo o material que é descartado em suas próprias casas. Uma excelente maneira de deixar as crianças produzirem e entenderem que nem tudo que vai para o lixo é lixo.
  • 6. Os jogos feitos de materiais recicláveis ou sucatas, os artesanais, tem função de reciclar o que iria para lixo e demoraria anos, décadas e até séculos para se decompor, passaria esse tempo agredindo a natureza e também assume o papel lúdico e importante para criança e para o adulto que auxilia na confecção. Esse jogo ou brinquedo que foi confeccionado terá sentido para criança que lhe “deu vida”, pois nele, por exemplo: foi inserida sua cor predileta ou figura que chamou sua atenção, esse jogo terá para a criança um valor, não em moeda, mas sim afetivo. Se preparando para a confecção de um jogo ou brinquedo, podemos observar que nem todo material que vai para o lixo pode ser aproveitado. A higienização dos materiais e atenção aos materiais que podem cortar como metal são cuidados essenciais que devem ser tomados pelo educador ou pais antes de oferecer para crianças. Santos (1995) descreve a sucata e cuidados que são necessários ao organizar atividades com matérias recicláveis: “A sucata é um suporte potencial para atividade infantil, porém alguns cuidados devem ser tomados no seu uso. Não é com todo material descartável que a criança pode brincar; além disso, é necessário que este material esteja limpo, organizado e não ofereça perigo. Ou seja, é preciso distinguir sucata de lixo. Para a construção de jogos e brinquedos com material de sucata o essencial não é o objeto em si, mas sim o que ele pode oferecer.” (p.13) Ressaltando a importância de oferecer jogos confeccionados com materiais recicláveis seguros é necessário ficarmos atentos aos acabamentos, por exemplos aos recortes de garrafa pets podemos lixar e depois finalizar com fita adesiva colorida. Outro exemplo é utilizar materiais não tóxicos e tesouras sem ponta. PROJETO EM PRÁTICA Primeiramente, foram ministradas aulas que propunham o sentir a natureza, elementos como água, terra, plantas, grama entre outros. Na aula com o tema água, tivemos a oportunidade não só de senti-la, mas também de conhecer seu ciclo, a importância do seu uso correto no dia-a-dia, sem desperdício e poluição. Sentir as plantas, a terra e a grama, proporcionou várias indagações nas crianças. Chamamos a atenção dos pequenos para observar o quanto a água, a terra, as gramas, as plantas, o sol e os seres humanos estão interligados, numa sintonia onde um depende do outro. Não foi uma tarefa fácil desenvolver aulas com tamanha interação, mas em contato direto com a natureza, tivemos momentos divertidos, instigados pela curiosidade das crianças.
  • 7. Em outro dia, o enfoque se deu na família. Foi realizada uma reunião com os pais para que eles pudessem explanar seus conhecimentos sobre o assunto abordado (sustentabilidade), e dessa forma, colaborarem com a conscientização das crianças. As professoras mediaram as discussões pontuando o necessário para a melhor tomada de consciência; à partir desta reunião na sala de aula do IEMS Instituto de Educação Marisa Serrano, foi solicitado aos pais que fornecessem materiais descartados em casa, como copos descartáveis, garrafas pet, tampinhas diversas, vários modelos de caixas, latas, entre outros. As professoras Amanda, Jéssica, Viviany e Tamara, fizeram um trabalho pedagógico com as crianças por meio da confecção de um cartaz exposto no pátio, com inúmeras figuras de brinquedos originados de “lixo” e a escuta da música “reciclar” da Turma da Mônica. Em outro dia, convidamos a avó de uma das crianças do nível II A, para que por meio de uma roda de conversa, pudessem expor as suas atitudes em casa que demonstrassem a preocupação com o meio ambiente e dessa forma, influenciar sua neta e toda a turma nesta caminhada por um futuro mais limpo. Demos início então, a confecção dos jogos tradicionais, onde cada professora deveria produzir dois jogos iguais, sendo um para cada sala do nível II, totalizando quatro novos jogos para cada turma. Em seguida, as professoras explicaram em sala que os jogos, eram fruto do “lixo” que as crianças haviam trazidos de suas casas, e após orientação de como jogar, as crianças aproveitaram brinquedos. No momento da saída, os jogos foram expostos no pátio, para que os pais tomassem conhecimento e adotassem a iniciativa de elaborar em casa, para que seus pequenos pudessem ter brinquedos sem custos e consequentemente, estariam livrando o ambiente de resíduos sem destino certo, podendo alcançar os bueiros e promoverem desastres em nossa cidade, atingindo não só quem os jogou, mas toda a população. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após toda essa pesquisa acerca da evolução do reconhecimento da criança como criança, do brincar como parte do seu desenvolvimento, podemos considerar que, embora tenha sido fundamental todo esse processo, existe algo que poderia perdurar: o fato das crianças brincarem juntas aos seus pais. Não da forma como era colocada no século XVII, onde nada girava em torno da criança, mas jogos que visassem o desenvolvimento das crianças, com participação dos pais, onde ambos pudessem compartilhar desse momento de prazer.
  • 8. Ao chegarmos no consenso de que poderíamos promover isso com os nossos alunos, procuramos um outro motivo para tornar essas brincadeiras perspicazes, propomos então trabalharmos com materiais recicláveis, já que as nossas crianças estão inseridas em um contexto de poucos recursos financeiros para adquirir brinquedos industrializados. Buscamos então unir a brincadeira com o ato de reciclar, desta forma ressaltamos a importância de estar com o filho, de brincar junto e plantamos a sementinha da preservação e reutilização. A junção de jogos tradicionais com sustentabilidade é uma ótima maneira de fazer com que as crianças brinquem com responsabilidade. Podemos dizer que foi consideravelmente prazerosos desenvolvermos tal projeto, principalmente no que diz respeito ao interesse dos pais em nos ajudar e a se tornarem crianças outra vez. Devido a tantos afazeres, o “fazer brinquedos” e o brincar, foram deixados de lado e hoje, em meio a tantos brinquedos modernos e ao alcance das mãos, o encantamento se perdeu. Os pais não brincam mais, não sentam no chão para rodar um peão, não jogam boliche, não, não, não...O trabalho ocupa todo o tempo e as relações vão se dissipando, o contato do olho no olho torna-se presente apenas nas broncas. Por meio desse projeto, estamos buscando reverter esse distanciamento e fazer com que nossas crianças e seus familiares se tornem mais atentos com relação aos cuidados para com o outro e com a natureza. Reciclar é preciso! Reciclar relações e utensílios! O nosso planeta agradece. Queremos que crianças e pais pensem em atitudes de preservação para as próximas gerações. Gostaríamos de levar o Discurso de Severn Suzuzi durante a Eco-92 - A menina que calou o mundo por 5 minutos – como pensamento contínuo ao depara-se com todas as ações cotidianas. Anexamos aqui as palavras de uma menina de nove anos, que jamais podem ser esquecidas: Olá, sou Severn Suzuki. Represento a ECO, a organização das crianças em defesa do meio ambiente. Somos um grupo de crianças canadenses, de 12 a 13 anos, tentando fazer a nossa parte, contribuir: Wanessa Suttie, Morgan Geisler, Michelle Quigg e eu. Todo o dinheiro que precisávamos para vir de tão longe, conseguimos por nós mesmos para dizer que vocês adultos, têm que mudar o seu modo de agir. Ao vir aqui hoje, não preciso disfarçar meu objetivo. Estou lutando por meu futuro. Não ter garantia quanto ao meu futuro, não é o mesmo que perder uma eleição ou alguns pontos na bolsa de valores.
  • 9. Estou aqui para falar em nome das gerações que estão por vir. Estou aqui para defender as crianças com fome, cujos apelos não são ouvidos. Estou aqui para falar em nome dos incontáveis animais morrendo em todo o planeta, porque já não têm mais para onde ir. Não podemos mais permanecer ignorados! Hoje tenho medo de tomar sol por causa dos buracos na camada de ozônio. Tenho medo de respirar esse ar porque não sei que substâncias químicas o estão contaminando. Eu costumava pescar em Vancouver com meu pai, até o dia em que pescamos um peixe com câncer. Temos conhecimento de que animais e plantas estão sendo destruídos a cada dia e, em vias de extinção. Durante toda minha vida, eu sonhei ver grandes manadas de animais selvagens, selvas, florestas tropicais repletas de pássaros e borboletas, mas, agora eu me pergunto se meus filhos vão poder ver tudo isso. Vocês se preocupavam com essas coisas quando tinham a minha idade? Todas essas coisas acontecem bem diante dos nossos olhos e, mesmo assim, continuamos agindo como se tivéssemos todo o tempo do mundo e todas as soluções. Sou apenas uma criança e não tenho soluções, mas quero que saibam que vocês também não têm. Vocês não sabem como reparar os buracos da camada de ozônio! Vocês não sabem como salvar os salmões das águas poluídas! Vocês não podem ressuscitar os animais extintos! Vocês não podem recuperar as florestas que um dia existiram, onde hoje é deserto. Se vocês não podem recuperar nada disso, então por favor: parem de destruir! Aqui, vocês são os representantes de seus governos, homens de negócios, administradores, jornalistas ou políticos. Mas na verdade, são mães e pais, irmãos e irmãs, tias e tios, e todos também são filhos. Sou apenas uma criança, mas sei que todos nós pertencemos a uma sólida família de 5 (cinco) bilhões de pessoas e ao todo somos 30 (trinta) milhões de espécies, compartilhando o mesmo ar, a mesma água e o mesmo solo. Nenhum governo, nenhuma fronteira poderá mudar esta realidade!!! Sou apenas uma criança, mas sei que esse problema atinge a todos nós e deveríamos agir como se fossemos um único mundo, rumo a um único objetivo. Apesar da minha raiva, não estou cega. Apesar do meu medo, não sinto medo de dizer ao mundo como me sinto.
  • 10. No meu país, geramos tanto desperdício,… compramos e jogamos fora,… compramos e jogamos fora,… e os países do Norte não compartilham com os que precisam. Mesmo quando temos mais do que o suficiente!!! Temos medo de perder nossas riquezas, medo de compartilhá-las. No Canadá temos uma vida privilegiada com fartura de alimentos, água e moradia. Temos relógios, bicicletas, computadores e aparelhos de TV. Há dois dias aqui no Brasil ficamos chocados! Quando estivemos com crianças que moram nas ruas,.. ouçam o que uma delas nos contou: “Eu gostaria de ser rica e se fosse, daria a todas as crianças de rua, alimentos, roupas, remédios, moradia, amor e carinho.” E se uma criança de rua que não tem nada, ainda deseja compartilhar, porque nós que temos tudo somos ainda tão mesquinhos??? Não posso deixar de pensar que essas crianças têm a minha idade e que o lugar onde nascemos, faz uma grande diferença. Eu poderia ser uma daquelas crianças que vivem nas favelas do Rio (Rio de Janeiro – BR). Eu poderia ser uma criança faminta da Somália. Uma vítima da Guerra do Oriente Médio ou uma mendiga da Índia. Sou apenas uma criança, mas ainda assim sei que se todo o dinheiro gasto nas guerras fosse utilizado para acabar com a pobreza, para achar soluções para os problemas ambientais,… que lugar maravilhoso a Terra seria!!! Na escola desde o jardim da infância, vocês nos ensinaram a: * sermos bem comportados * a não brigar com os outros * a resolver as coisas bem * a respeitar os outros * arrumar nossas bagunças * não maltratar outras criaturas * dividir e não ser mesquinho Então porque vocês fazem justamente o que nos ensinaram a NÃO FAZER??? Não esqueçam o motivo de estarem assistindo a estas conferências. E para quem voces estão fazendo isso. Vejam-nos como seus próprios filhos. Vocês estão decidindo em que tipo de mundo nós iremos crescer. Os pais devem ser capazes de confortar seus filhos dizendo-lhes: “Tudo ficará bem”… “Estamos fazendo o melhor que podemos”…
  • 11. Mas não acredito que possam nos dizer isso. Estamos sequer na sua lista de prioridades? Meu pai sempre diz: “Você é aquilo que faz, não aquilo que você diz”. Bem, o que vocês fazem, nos fazem chorar a noite. Vocês adultos, nos dizem que vocês nos amam. Eu desafio vocês! Por favor: façam as suas ações refletirem as suas palavras! Obrigada.” É essa consciência que queremos promover! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família; tradução de Dora Flaksman. 2.ed. – Rio de Janeiro: LTC, 2006 Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso Futuro Comum. Rio de Janeiro; FGV,1991, 430p. OLIVEIRA, Vera B. (org.). O Brincar e a criança do nascimento aos seis anos. Petrópolis:Vozes, 2000. SALMAZE, M. A. (2011). Desenvolvimento e Sustentabilidade. Campo Grande: Oeste. SANTOS, Santa Marli Pires dos . “Brinquedoca: Sucata vira brinquedo” / Porto Alegre: Artmed, 1995. SCARLATO, Francisco Capuano. PONTIN, Joel Arnaldo. Do nicho ao lixo: ambiente, sociedade e educação; consultoria Sergio de Almeida Rodrigues. São Paulo: Atual,1992.- (serie meio ambiente)