1. Nenhum conhecimento sobre a pessoa de Cristo pode ser considerado legítimo se não partirmos do pressuposto de que “Jesus é um Mistério”. Isto significa que não podemos nos aproximar de Cristo como se estivéssemos indo ao mercado, ao trabalho ou ao parque da cidade, pois estas são atitudes naturais, comuns e intramundanas. Elas acontecem dentro de uma atmosfera antropológica, para satisfazer as demandas da existência humana dentro dos limites de uma sociedade humana. Mas o conhecimento sobre a pessoa de Cristo é de outra dimensão: é uma experiência cristológica, isto é, se concentra em um mistério cristocêntrico, ultra dimensional, ultra-mundano e atemporal. É interessante assinalar que o vocabulário “mistério” vem de my + sterion, como assinala o autor de La Puente [...] e se origina do étimo grego myo, que significa fechado, e ystero, que em grego, quer dizer útero, levando em conta que no psiquismo incipiente da criança, sua curiosidade primitiva a faz imaginar quais são os segredos que estão “fechados”, escondidos no interior do corpo da mãe. (ZIMERMAN, 2012) 2. O início deste mistério começa na dificuldade em sabermos qual é seu nome verdadeiro, pois o chamamos Jesus em português, mas em grego se nome é Iesous e em hebraico é Jeoshuá. A raiz de seu nome está ligada à ideia de salvação, portanto, ao chamarmos o Filho de Deus pelo nome de Jesus estamos invocando o Salvador. 3. Milhares de heresias circulam mundo afora por causa da Insondabilidade do Mistério de Cristo. Desde o início de sua revelação surgiram os primeiros heresiarcas manchando a Cristologia com ideias de um Cristo docético, isto é, que aparentava ser humano, mas não era realmente humano. Contra esta heresia, Inácio, bispo de Antioquia escreveu: Torna-te surdo, quando te falam de um Jesus Cristo fora daquele que foi da família de Davi, filho de Maria, nasceu autenticamente, comeu e bebeu, padeceu verdadeiramente sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado e morreu verdadeiramente. De que me valeria estar em cadeias, se Cristo sofreu somente na aparência, como certos pretendem? Esses, sim, não passam de meras aparências (BETTENSON, 2001).