SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 3
Baixar para ler offline
Elísio Estanque*
Jornal PÚBLICO, 28.01.2014
As praxes e o poder
Não sei se é ou não verdadeira a afirmação de Vasco Pulido Valente de que a
cultura “praxista” varia “na proporção inversa da qualidade académica da instituição”
(PÚBLICO, 25/01/2014), mas, como é de regra, a imitação é sempre pior do que o
original e é talvez por isso que os casos mais graves de abusos neste domínio têm
surgido em instituições privadas e com pouca tradição académica (no verdadeiro
sentido da expressão). Sabemos bem que “o original” – no caso, a Universidade de
Coimbra – não é exceção na tendência geral de massificação dos consumos
estudantis. Mas foi sobretudo a partir do boom de institutos e universidades privadas de
ensino superior (na década de 1980) que começaram a florescer pelo país as cenas
caricatas e comportamentos humilhantes exercidos pelos mais velhos sobre os
“caloiros”, onde se confunde o ritual de passagem com a masoquista submissão ao
abuso, onde se confunde “tradição” com o despotismo pessoal mais arbitrário. Os
observadores e analistas têm sido unânimes a condenar esse processo de adulteração
e de excesso onde o mote é a violência e que tem suscitado diversos casos
lamentáveis e algumas mortes, de um modo ou de outro, relacionadas com a “praxe”
académica. Com maior ou menor gravidade, os casos sucedem-se anualmente.
Há cerca de dois anos publiquei neste jornal: “Nos últimos dias foi notícia mais um
caso, em Coimbra, envolvendo duas jovens estudantes de psicologia, que terão sido
agredidas por recusarem alinhar nos castigos da ‘praxe’ e a assinar uma declaração
anti-praxe. Na sequência da denúncia, o Conselho de Veteranos da Universidade de
Coimbra declarou a suspensão da ‘praxe académica’ por tempo indeterminado. Porém,
logo no dia seguinte assisti, junto a uma cantina, a mais um exercício humilhante em
que um estudante mais velho aplicava a praxe a duas raparigas, estendidas no chão a
fazerem flexões de braços (2/04/2012). As alarvices e abusos começam na semana de
receção ao caloiro, passam pela Festa das Latas, e vão até à Queima das Fitas, o seu
pico mais alto. Em qualquer lugar público as cenas sucedem-se: as/os ‘doutoras/es’ a
dar ordens a grupos de ‘caloiras/os’ que se perfilam como na tropa, olhando para o
chão em obediência servil; depois, colocam-se ‘de quatro’ e gritam em coro ‘sou caloira
e sou burra!!’ (cena em Coimbra, 1/03/2012). Em Leiria, no centro da cidade, uma fila
de caloiras deitadas no chão, rebolam-se perante os gritos militaristas das suas
superioras (cena observada a 7/03/2012). A postura machista, marialva e de
subalternização da mulher é, aliás, um traço marcante da atual cultura estudantil, para
a qual eles e elas contribuem alegremente, exaltando a hierarquia e naturalizando as
mais diversas formas de arrogância e abuso de poder” (PÚBLICO, 6/04/2012).
Mais do que condenar os “abusos” ou apelar à “proibição” dessas práticas,
importa conhecer melhor a razão da sua multiplicação para, depois, se exercer alguma
ação corretiva (pedagógica ou repressiva, ou ambas). No plano subjetivo o diagnóstico
está feito e o último artigo de José Pacheco Pereira sintetiza bem a lógica de poder
simbólico que anima a cultura praxista: “Ao institucionalizar a obediência aos mais
absurdos comandos, a humilhação dos caloiros perante os veteranos, a promessa era
a do exercício futuro do mesmo poder de vexame, mostrando como o único conteúdo
da praxe é o da ordem e do respeito pela ordem, assente na hierarquia do ano do
curso. Mas quem respeita uma hierarquia ao ponto da abjecção está a fazer o tirocínio
para respeitar todas as hierarquias. Se fores obediente e lamberes o chão, podes vir a
mandar, quando for a tua vez, e, nessa altura, podes escolher um chão ainda mais
sujo, do alto da tua colher de pau. És humilhado, mas depois vingas-te” (JPP,
PÚBLICO, 25/01/2014).
Ao fim de décadas de debate e de um constante diálogo que temos mantido com
os estudantes (praxistas e anti-praxistas) de Coimbra torna-se patente que a ação
pedagógica promovida pelas entidades do mundo estudantil (a começar pelo Conselho
de Veteranos) não tem surtido efeitos palpáveis. Muitos estudantes alegam que os
abusos nada têm a ver com a “verdadeira” praxe, que é integradora e se oferece como
oportunidade de socialização dos caloiros, sendo que muitos destes argumentam que o
ritual da praxe é onde se geram as amizades mais sólidas. Em favor dessas opiniões,
importa reconhecer que nem todas as praxes são violentas e humilhantes, e que
continuam a existir brincadeiras inteligentes, que veiculam uma irreverência juvenil
saudável que importa preservar no meio estudantil. Receia-se, porém, que esses casos
sejam hoje a exceção e que o processo de perversão seja imparável. Faz sentido uma
proibição pura e simples? Creio que não. Seria possível instituir uma receção amigável
ao caloiro? Seria, mas para isso era preciso que as universidades tivessem
disponibilidade e condições para intervir mais ativamente neste campo; e acima de
tudo era preciso que as estruturas associativas dos estudantes trabalhassem nesse
sentido e rompessem com a lógica de poder e de ambição individual que as aprisiona
(que no fundo se ligassem à realidade que representam em vez de se satisfazerem em
ser eleitas por dez ou vinte por cento dos estudantes).
Quando o debate académico é cada vez mais anulado pela “tecnoburocracia”
reinante; quando é a tutela, as universidades e as próprias associações que promovem
a passividade, a concorrência e o carreirismo; quando, enfim, as instituições e o poder
rejeitam a reflexão crítica, a cultura democrática e ostracizam as ciências sociais
(vocacionadas para pensar criticamente a sociedade), não podemos surpreender-nos
perante o triunfo da mediocridade moral e da vilania mais abjeta. É, pois, nos
condicionalismos estruturais associados ao poder político e ao mercado que reside a
génese de uma mentalidade que perverte a tradicional missão formativa, científica e
cultural da Universidade, e que estimula o hedonismo e a apatia cidadã da atual
geração estudantil, onde proliferam as praxes e as suas perversões.
__
* Professor da Faculdade de Economia e investigador do Centro de Estudos Sociais
da Universidade de Coimbra.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Do corpo maquina ao corpo informacao.pdf
Do corpo maquina ao corpo informacao.pdfDo corpo maquina ao corpo informacao.pdf
Do corpo maquina ao corpo informacao.pdfMatheus Passavante
 
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 53
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 53Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 53
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 53Valter Gomes
 
Janine salvaro: Tribalização
Janine salvaro: TribalizaçãoJanine salvaro: Tribalização
Janine salvaro: TribalizaçãoManinho Walker
 
Quintaneiro; barbosa; oliveira. um toque de clássicos marx, durkheim e weber
Quintaneiro; barbosa; oliveira. um toque de clássicos marx, durkheim e weberQuintaneiro; barbosa; oliveira. um toque de clássicos marx, durkheim e weber
Quintaneiro; barbosa; oliveira. um toque de clássicos marx, durkheim e webernandoflorippa
 
WOLMER A.C & WOLKMER Ma Fatima- Pluralismo jurídico y Constitucionalismo ema...
WOLMER A.C & WOLKMER Ma Fatima- Pluralismo jurídico y Constitucionalismo ema...WOLMER A.C & WOLKMER Ma Fatima- Pluralismo jurídico y Constitucionalismo ema...
WOLMER A.C & WOLKMER Ma Fatima- Pluralismo jurídico y Constitucionalismo ema...j g
 
Análise de O que é isso companheiro? e Hércules 56
Análise de O que é isso companheiro? e Hércules 56Análise de O que é isso companheiro? e Hércules 56
Análise de O que é isso companheiro? e Hércules 56Anelise Martins
 

Mais procurados (6)

Do corpo maquina ao corpo informacao.pdf
Do corpo maquina ao corpo informacao.pdfDo corpo maquina ao corpo informacao.pdf
Do corpo maquina ao corpo informacao.pdf
 
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 53
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 53Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 53
Folhetim do Estudante - Ano V - Núm. 53
 
Janine salvaro: Tribalização
Janine salvaro: TribalizaçãoJanine salvaro: Tribalização
Janine salvaro: Tribalização
 
Quintaneiro; barbosa; oliveira. um toque de clássicos marx, durkheim e weber
Quintaneiro; barbosa; oliveira. um toque de clássicos marx, durkheim e weberQuintaneiro; barbosa; oliveira. um toque de clássicos marx, durkheim e weber
Quintaneiro; barbosa; oliveira. um toque de clássicos marx, durkheim e weber
 
WOLMER A.C & WOLKMER Ma Fatima- Pluralismo jurídico y Constitucionalismo ema...
WOLMER A.C & WOLKMER Ma Fatima- Pluralismo jurídico y Constitucionalismo ema...WOLMER A.C & WOLKMER Ma Fatima- Pluralismo jurídico y Constitucionalismo ema...
WOLMER A.C & WOLKMER Ma Fatima- Pluralismo jurídico y Constitucionalismo ema...
 
Análise de O que é isso companheiro? e Hércules 56
Análise de O que é isso companheiro? e Hércules 56Análise de O que é isso companheiro? e Hércules 56
Análise de O que é isso companheiro? e Hércules 56
 

Destaque

Os sentidos do trabalho a ee
Os sentidos do trabalho a eeOs sentidos do trabalho a ee
Os sentidos do trabalho a eeElisio Estanque
 
Para redefinir a classe média ee 16.08.2013
Para redefinir a classe média ee 16.08.2013Para redefinir a classe média ee 16.08.2013
Para redefinir a classe média ee 16.08.2013Elisio Estanque
 
Ambivalências da sociologia ee 14.04.14
Ambivalências da sociologia ee 14.04.14Ambivalências da sociologia ee 14.04.14
Ambivalências da sociologia ee 14.04.14Elisio Estanque
 
Ee .carta aberta de um ex militante-jun_2014
Ee .carta aberta de um ex militante-jun_2014Ee .carta aberta de um ex militante-jun_2014
Ee .carta aberta de um ex militante-jun_2014Elisio Estanque
 
Público 1 autarquicas democracia 07.01.2013
Público 1 autarquicas democracia 07.01.2013Público 1 autarquicas democracia 07.01.2013
Público 1 autarquicas democracia 07.01.2013Elisio Estanque
 
Classes e rebeliões sociais no brasil publico 09.06.2014
Classes e rebeliões sociais no brasil publico 09.06.2014Classes e rebeliões sociais no brasil publico 09.06.2014
Classes e rebeliões sociais no brasil publico 09.06.2014Elisio Estanque
 
Público 12 passos troikados ee_16.09.2012
Público 12 passos troikados ee_16.09.2012Público 12 passos troikados ee_16.09.2012
Público 12 passos troikados ee_16.09.2012Elisio Estanque
 
Público 11 passos inseguros ee_3.09.2012
Público 11 passos inseguros ee_3.09.2012Público 11 passos inseguros ee_3.09.2012
Público 11 passos inseguros ee_3.09.2012Elisio Estanque
 
Juventude e rebelioes s 2013 31dez
Juventude e rebelioes s 2013 31dezJuventude e rebelioes s 2013 31dez
Juventude e rebelioes s 2013 31dezElisio Estanque
 
àS portas do trabalho escravo ee 6.08.2012
àS portas do trabalho escravo ee 6.08.2012àS portas do trabalho escravo ee 6.08.2012
àS portas do trabalho escravo ee 6.08.2012Elisio Estanque
 
Elites, lideres e revoluções
Elites, lideres e revoluçõesElites, lideres e revoluções
Elites, lideres e revoluçõesElisio Estanque
 
O partidismo ufano de francisco assis set_2014
O partidismo ufano de francisco assis set_2014O partidismo ufano de francisco assis set_2014
O partidismo ufano de francisco assis set_2014Elisio Estanque
 
Portugues com sotaque publico 2014-11jan_ee
Portugues com sotaque publico 2014-11jan_eePortugues com sotaque publico 2014-11jan_ee
Portugues com sotaque publico 2014-11jan_eeElisio Estanque
 
Público 16 o regresso do povo 3.11.2012
Público 16 o regresso do povo 3.11.2012Público 16 o regresso do povo 3.11.2012
Público 16 o regresso do povo 3.11.2012Elisio Estanque
 
A ucrania e o maniqueísmo neo sovietico ee-nn
A ucrania e o maniqueísmo neo sovietico ee-nnA ucrania e o maniqueísmo neo sovietico ee-nn
A ucrania e o maniqueísmo neo sovietico ee-nnElisio Estanque
 
Visto do brasil greves, manifs e passeatas ee
Visto do brasil greves, manifs e passeatas eeVisto do brasil greves, manifs e passeatas ee
Visto do brasil greves, manifs e passeatas eeElisio Estanque
 
Os 'lambe cus', público_27.10.2016
Os 'lambe cus', público_27.10.2016Os 'lambe cus', público_27.10.2016
Os 'lambe cus', público_27.10.2016Elisio Estanque
 
A praxe e o novo tribalismo 22.out.14
A praxe e o novo tribalismo 22.out.14A praxe e o novo tribalismo 22.out.14
A praxe e o novo tribalismo 22.out.14Elisio Estanque
 
Rccs 103 rebeliao de classe media_pp53-80_ee
Rccs 103 rebeliao de classe media_pp53-80_eeRccs 103 rebeliao de classe media_pp53-80_ee
Rccs 103 rebeliao de classe media_pp53-80_eeElisio Estanque
 

Destaque (20)

Os sentidos do trabalho a ee
Os sentidos do trabalho a eeOs sentidos do trabalho a ee
Os sentidos do trabalho a ee
 
Para redefinir a classe média ee 16.08.2013
Para redefinir a classe média ee 16.08.2013Para redefinir a classe média ee 16.08.2013
Para redefinir a classe média ee 16.08.2013
 
Ambivalências da sociologia ee 14.04.14
Ambivalências da sociologia ee 14.04.14Ambivalências da sociologia ee 14.04.14
Ambivalências da sociologia ee 14.04.14
 
Ee .carta aberta de um ex militante-jun_2014
Ee .carta aberta de um ex militante-jun_2014Ee .carta aberta de um ex militante-jun_2014
Ee .carta aberta de um ex militante-jun_2014
 
Público 1 autarquicas democracia 07.01.2013
Público 1 autarquicas democracia 07.01.2013Público 1 autarquicas democracia 07.01.2013
Público 1 autarquicas democracia 07.01.2013
 
Classes e rebeliões sociais no brasil publico 09.06.2014
Classes e rebeliões sociais no brasil publico 09.06.2014Classes e rebeliões sociais no brasil publico 09.06.2014
Classes e rebeliões sociais no brasil publico 09.06.2014
 
Público 12 passos troikados ee_16.09.2012
Público 12 passos troikados ee_16.09.2012Público 12 passos troikados ee_16.09.2012
Público 12 passos troikados ee_16.09.2012
 
Público 11 passos inseguros ee_3.09.2012
Público 11 passos inseguros ee_3.09.2012Público 11 passos inseguros ee_3.09.2012
Público 11 passos inseguros ee_3.09.2012
 
Juventude e rebelioes s 2013 31dez
Juventude e rebelioes s 2013 31dezJuventude e rebelioes s 2013 31dez
Juventude e rebelioes s 2013 31dez
 
àS portas do trabalho escravo ee 6.08.2012
àS portas do trabalho escravo ee 6.08.2012àS portas do trabalho escravo ee 6.08.2012
àS portas do trabalho escravo ee 6.08.2012
 
Elites, lideres e revoluções
Elites, lideres e revoluçõesElites, lideres e revoluções
Elites, lideres e revoluções
 
O partidismo ufano de francisco assis set_2014
O partidismo ufano de francisco assis set_2014O partidismo ufano de francisco assis set_2014
O partidismo ufano de francisco assis set_2014
 
Portugues com sotaque publico 2014-11jan_ee
Portugues com sotaque publico 2014-11jan_eePortugues com sotaque publico 2014-11jan_ee
Portugues com sotaque publico 2014-11jan_ee
 
Público 16 o regresso do povo 3.11.2012
Público 16 o regresso do povo 3.11.2012Público 16 o regresso do povo 3.11.2012
Público 16 o regresso do povo 3.11.2012
 
A ucrania e o maniqueísmo neo sovietico ee-nn
A ucrania e o maniqueísmo neo sovietico ee-nnA ucrania e o maniqueísmo neo sovietico ee-nn
A ucrania e o maniqueísmo neo sovietico ee-nn
 
Visto do brasil greves, manifs e passeatas ee
Visto do brasil greves, manifs e passeatas eeVisto do brasil greves, manifs e passeatas ee
Visto do brasil greves, manifs e passeatas ee
 
Os 'lambe cus', público_27.10.2016
Os 'lambe cus', público_27.10.2016Os 'lambe cus', público_27.10.2016
Os 'lambe cus', público_27.10.2016
 
A praxe e o novo tribalismo 22.out.14
A praxe e o novo tribalismo 22.out.14A praxe e o novo tribalismo 22.out.14
A praxe e o novo tribalismo 22.out.14
 
Rccs 103 rebeliao de classe media_pp53-80_ee
Rccs 103 rebeliao de classe media_pp53-80_eeRccs 103 rebeliao de classe media_pp53-80_ee
Rccs 103 rebeliao de classe media_pp53-80_ee
 
Fugas ee 3.11.2012
Fugas ee 3.11.2012Fugas ee 3.11.2012
Fugas ee 3.11.2012
 

Semelhante a As praxes e o poder ee jan2014

Manifesto de um professor
Manifesto de um professorManifesto de um professor
Manifesto de um professorelysioruggeri
 
Eu acuso (um tributo ao professor kassio vinicius castro gomes)
Eu acuso   (um tributo ao professor kassio vinicius castro gomes)Eu acuso   (um tributo ao professor kassio vinicius castro gomes)
Eu acuso (um tributo ao professor kassio vinicius castro gomes)profhstadriano
 
Eu acuso
Eu acusoEu acuso
Eu acusoNeemias
 
Eu acuso (um tributo ao professor kassio vinicius castro gomes)
Eu acuso   (um tributo ao professor kassio vinicius castro gomes)Eu acuso   (um tributo ao professor kassio vinicius castro gomes)
Eu acuso (um tributo ao professor kassio vinicius castro gomes)profhstadriano
 
Texto prof. gerson
Texto prof. gersonTexto prof. gerson
Texto prof. gersonMauro Uchoa
 
Vestibular e 'vestibulinho' um falso debate
Vestibular e 'vestibulinho' um falso debateVestibular e 'vestibulinho' um falso debate
Vestibular e 'vestibulinho' um falso debateMauro Uchoa
 
Santos boaventura de s. & cunha teresa (ed). colóquio internacional epis...
Santos boaventura de s. & cunha teresa (ed). colóquio internacional epis...Santos boaventura de s. & cunha teresa (ed). colóquio internacional epis...
Santos boaventura de s. & cunha teresa (ed). colóquio internacional epis...j g
 
Santos boaventura de s. & cunha teresa (ed). colóquio internacional epis...
Santos boaventura de s. & cunha teresa (ed). colóquio internacional epis...Santos boaventura de s. & cunha teresa (ed). colóquio internacional epis...
Santos boaventura de s. & cunha teresa (ed). colóquio internacional epis...j g
 
Fenomenologia da ampla defesa e do contraditório
Fenomenologia da ampla defesa e do contraditórioFenomenologia da ampla defesa e do contraditório
Fenomenologia da ampla defesa e do contraditórioPraxisJuridica
 

Semelhante a As praxes e o poder ee jan2014 (20)

Manifesto de um professor
Manifesto de um professorManifesto de um professor
Manifesto de um professor
 
Eu acuso
Eu acusoEu acuso
Eu acuso
 
Eu acuso (um tributo ao professor kassio vinicius castro gomes)
Eu acuso   (um tributo ao professor kassio vinicius castro gomes)Eu acuso   (um tributo ao professor kassio vinicius castro gomes)
Eu acuso (um tributo ao professor kassio vinicius castro gomes)
 
Eu Recuso
Eu RecusoEu Recuso
Eu Recuso
 
A morte de um professor
A morte de um professorA morte de um professor
A morte de um professor
 
Eu acuso
Eu acusoEu acuso
Eu acuso
 
Eu acuso
Eu acusoEu acuso
Eu acuso
 
Eu acuso (um tributo ao professor kassio vinicius castro gomes)
Eu acuso   (um tributo ao professor kassio vinicius castro gomes)Eu acuso   (um tributo ao professor kassio vinicius castro gomes)
Eu acuso (um tributo ao professor kassio vinicius castro gomes)
 
Eu acuso
Eu acusoEu acuso
Eu acuso
 
Eu acuso
Eu acusoEu acuso
Eu acuso
 
Eu acuso
Eu acusoEu acuso
Eu acuso
 
Volume II
Volume IIVolume II
Volume II
 
J'acuse
J'acuseJ'acuse
J'acuse
 
Texto prof. gerson
Texto prof. gersonTexto prof. gerson
Texto prof. gerson
 
Vestibular e 'vestibulinho' um falso debate
Vestibular e 'vestibulinho' um falso debateVestibular e 'vestibulinho' um falso debate
Vestibular e 'vestibulinho' um falso debate
 
Boletim
 Boletim Boletim
Boletim
 
Santos boaventura de s. & cunha teresa (ed). colóquio internacional epis...
Santos boaventura de s. & cunha teresa (ed). colóquio internacional epis...Santos boaventura de s. & cunha teresa (ed). colóquio internacional epis...
Santos boaventura de s. & cunha teresa (ed). colóquio internacional epis...
 
Santos boaventura de s. & cunha teresa (ed). colóquio internacional epis...
Santos boaventura de s. & cunha teresa (ed). colóquio internacional epis...Santos boaventura de s. & cunha teresa (ed). colóquio internacional epis...
Santos boaventura de s. & cunha teresa (ed). colóquio internacional epis...
 
Fenomenologia da ampla defesa e do contraditório
Fenomenologia da ampla defesa e do contraditórioFenomenologia da ampla defesa e do contraditório
Fenomenologia da ampla defesa e do contraditório
 
Informativo do cacis
Informativo do cacisInformativo do cacis
Informativo do cacis
 

Mais de Elisio Estanque

O outro lado da revol (ii) publico20180215
O outro lado da revol (ii) publico20180215O outro lado da revol (ii) publico20180215
O outro lado da revol (ii) publico20180215Elisio Estanque
 
O outro lado da reovol (i) publico 20180214
O outro lado da reovol (i) publico 20180214O outro lado da reovol (i) publico 20180214
O outro lado da reovol (i) publico 20180214Elisio Estanque
 
Uma 'geringonça' para o Brasil?
Uma 'geringonça' para o Brasil?Uma 'geringonça' para o Brasil?
Uma 'geringonça' para o Brasil?Elisio Estanque
 
Entre o populismo e o euroceticismo
Entre o populismo e o euroceticismo Entre o populismo e o euroceticismo
Entre o populismo e o euroceticismo Elisio Estanque
 
Ee juventude bloqueada (ii) publico_2017.05
Ee juventude bloqueada (ii) publico_2017.05Ee juventude bloqueada (ii) publico_2017.05
Ee juventude bloqueada (ii) publico_2017.05Elisio Estanque
 
Ee juventude bloqueada (i) publico_18.05.17
Ee juventude bloqueada (i) publico_18.05.17Ee juventude bloqueada (i) publico_18.05.17
Ee juventude bloqueada (i) publico_18.05.17Elisio Estanque
 
Passado e futuro do trabalho (II)
Passado e futuro do trabalho (II)Passado e futuro do trabalho (II)
Passado e futuro do trabalho (II)Elisio Estanque
 
Passado e futuro do trabalho (I)
Passado e futuro do trabalho (I)Passado e futuro do trabalho (I)
Passado e futuro do trabalho (I)Elisio Estanque
 
Queima das fitas alcoolizada publico 14.05.2016
Queima das fitas alcoolizada publico 14.05.2016Queima das fitas alcoolizada publico 14.05.2016
Queima das fitas alcoolizada publico 14.05.2016Elisio Estanque
 
Des globalização do trabalho ee
Des globalização do trabalho eeDes globalização do trabalho ee
Des globalização do trabalho eeElisio Estanque
 
Alentejo ee público_11.03.2016
Alentejo ee público_11.03.2016Alentejo ee público_11.03.2016
Alentejo ee público_11.03.2016Elisio Estanque
 
03_english_rccs annual review_e_estanque_rev2
  03_english_rccs annual review_e_estanque_rev2  03_english_rccs annual review_e_estanque_rev2
03_english_rccs annual review_e_estanque_rev2Elisio Estanque
 
(Des)globalização do trabalho publico 2016.07.14
(Des)globalização do trabalho publico 2016.07.14(Des)globalização do trabalho publico 2016.07.14
(Des)globalização do trabalho publico 2016.07.14Elisio Estanque
 
Queima das fitas alcoolizada publico 14.05.2016
Queima das fitas alcoolizada publico 14.05.2016Queima das fitas alcoolizada publico 14.05.2016
Queima das fitas alcoolizada publico 14.05.2016Elisio Estanque
 
Alentejo ee público_11.03.2016
Alentejo ee público_11.03.2016Alentejo ee público_11.03.2016
Alentejo ee público_11.03.2016Elisio Estanque
 
Uma critica construtiva ao sindicalismo
Uma critica construtiva ao sindicalismoUma critica construtiva ao sindicalismo
Uma critica construtiva ao sindicalismoElisio Estanque
 
Rebeliao de classe media_precariedade de movimentos sociais
Rebeliao de classe media_precariedade de movimentos sociaisRebeliao de classe media_precariedade de movimentos sociais
Rebeliao de classe media_precariedade de movimentos sociaisElisio Estanque
 
Middle class rebellions_2015
Middle class rebellions_2015Middle class rebellions_2015
Middle class rebellions_2015Elisio Estanque
 
Cromos e cargos_31.12-2015
Cromos e cargos_31.12-2015Cromos e cargos_31.12-2015
Cromos e cargos_31.12-2015Elisio Estanque
 

Mais de Elisio Estanque (20)

O outro lado da revol (ii) publico20180215
O outro lado da revol (ii) publico20180215O outro lado da revol (ii) publico20180215
O outro lado da revol (ii) publico20180215
 
O outro lado da reovol (i) publico 20180214
O outro lado da reovol (i) publico 20180214O outro lado da reovol (i) publico 20180214
O outro lado da reovol (i) publico 20180214
 
Uma 'geringonça' para o Brasil?
Uma 'geringonça' para o Brasil?Uma 'geringonça' para o Brasil?
Uma 'geringonça' para o Brasil?
 
Entre o populismo e o euroceticismo
Entre o populismo e o euroceticismo Entre o populismo e o euroceticismo
Entre o populismo e o euroceticismo
 
Ee juventude bloqueada (ii) publico_2017.05
Ee juventude bloqueada (ii) publico_2017.05Ee juventude bloqueada (ii) publico_2017.05
Ee juventude bloqueada (ii) publico_2017.05
 
Ee juventude bloqueada (i) publico_18.05.17
Ee juventude bloqueada (i) publico_18.05.17Ee juventude bloqueada (i) publico_18.05.17
Ee juventude bloqueada (i) publico_18.05.17
 
Passado e futuro do trabalho (II)
Passado e futuro do trabalho (II)Passado e futuro do trabalho (II)
Passado e futuro do trabalho (II)
 
Passado e futuro do trabalho (I)
Passado e futuro do trabalho (I)Passado e futuro do trabalho (I)
Passado e futuro do trabalho (I)
 
Queima das fitas alcoolizada publico 14.05.2016
Queima das fitas alcoolizada publico 14.05.2016Queima das fitas alcoolizada publico 14.05.2016
Queima das fitas alcoolizada publico 14.05.2016
 
Des globalização do trabalho ee
Des globalização do trabalho eeDes globalização do trabalho ee
Des globalização do trabalho ee
 
Alentejo ee público_11.03.2016
Alentejo ee público_11.03.2016Alentejo ee público_11.03.2016
Alentejo ee público_11.03.2016
 
03_english_rccs annual review_e_estanque_rev2
  03_english_rccs annual review_e_estanque_rev2  03_english_rccs annual review_e_estanque_rev2
03_english_rccs annual review_e_estanque_rev2
 
(Des)globalização do trabalho publico 2016.07.14
(Des)globalização do trabalho publico 2016.07.14(Des)globalização do trabalho publico 2016.07.14
(Des)globalização do trabalho publico 2016.07.14
 
Queima das fitas alcoolizada publico 14.05.2016
Queima das fitas alcoolizada publico 14.05.2016Queima das fitas alcoolizada publico 14.05.2016
Queima das fitas alcoolizada publico 14.05.2016
 
Alentejo ee público_11.03.2016
Alentejo ee público_11.03.2016Alentejo ee público_11.03.2016
Alentejo ee público_11.03.2016
 
Uma critica construtiva ao sindicalismo
Uma critica construtiva ao sindicalismoUma critica construtiva ao sindicalismo
Uma critica construtiva ao sindicalismo
 
Rebeliao de classe media_precariedade de movimentos sociais
Rebeliao de classe media_precariedade de movimentos sociaisRebeliao de classe media_precariedade de movimentos sociais
Rebeliao de classe media_precariedade de movimentos sociais
 
Middle class rebellions_2015
Middle class rebellions_2015Middle class rebellions_2015
Middle class rebellions_2015
 
GLU column
GLU column  GLU column
GLU column
 
Cromos e cargos_31.12-2015
Cromos e cargos_31.12-2015Cromos e cargos_31.12-2015
Cromos e cargos_31.12-2015
 

Último

PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMHELENO FAVACHO
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFtimaMoreira35
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorEdvanirCosta
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Ilda Bicacro
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdfLeloIurk1
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfWagnerCamposCEA
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇJaineCarolaineLima
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOAulasgravadas3
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesFabianeMartins35
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxferreirapriscilla84
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãIlda Bicacro
 

Último (20)

PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
 
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de ProfessorINTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
INTERVENÇÃO PARÁ - Formação de Professor
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
 
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptxDiscurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
Discurso Direto, Indireto e Indireto Livre.pptx
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 

As praxes e o poder ee jan2014

  • 1. Elísio Estanque* Jornal PÚBLICO, 28.01.2014 As praxes e o poder Não sei se é ou não verdadeira a afirmação de Vasco Pulido Valente de que a cultura “praxista” varia “na proporção inversa da qualidade académica da instituição” (PÚBLICO, 25/01/2014), mas, como é de regra, a imitação é sempre pior do que o original e é talvez por isso que os casos mais graves de abusos neste domínio têm surgido em instituições privadas e com pouca tradição académica (no verdadeiro sentido da expressão). Sabemos bem que “o original” – no caso, a Universidade de Coimbra – não é exceção na tendência geral de massificação dos consumos estudantis. Mas foi sobretudo a partir do boom de institutos e universidades privadas de ensino superior (na década de 1980) que começaram a florescer pelo país as cenas caricatas e comportamentos humilhantes exercidos pelos mais velhos sobre os “caloiros”, onde se confunde o ritual de passagem com a masoquista submissão ao abuso, onde se confunde “tradição” com o despotismo pessoal mais arbitrário. Os observadores e analistas têm sido unânimes a condenar esse processo de adulteração e de excesso onde o mote é a violência e que tem suscitado diversos casos lamentáveis e algumas mortes, de um modo ou de outro, relacionadas com a “praxe” académica. Com maior ou menor gravidade, os casos sucedem-se anualmente. Há cerca de dois anos publiquei neste jornal: “Nos últimos dias foi notícia mais um caso, em Coimbra, envolvendo duas jovens estudantes de psicologia, que terão sido agredidas por recusarem alinhar nos castigos da ‘praxe’ e a assinar uma declaração anti-praxe. Na sequência da denúncia, o Conselho de Veteranos da Universidade de Coimbra declarou a suspensão da ‘praxe académica’ por tempo indeterminado. Porém, logo no dia seguinte assisti, junto a uma cantina, a mais um exercício humilhante em que um estudante mais velho aplicava a praxe a duas raparigas, estendidas no chão a fazerem flexões de braços (2/04/2012). As alarvices e abusos começam na semana de receção ao caloiro, passam pela Festa das Latas, e vão até à Queima das Fitas, o seu pico mais alto. Em qualquer lugar público as cenas sucedem-se: as/os ‘doutoras/es’ a dar ordens a grupos de ‘caloiras/os’ que se perfilam como na tropa, olhando para o chão em obediência servil; depois, colocam-se ‘de quatro’ e gritam em coro ‘sou caloira
  • 2. e sou burra!!’ (cena em Coimbra, 1/03/2012). Em Leiria, no centro da cidade, uma fila de caloiras deitadas no chão, rebolam-se perante os gritos militaristas das suas superioras (cena observada a 7/03/2012). A postura machista, marialva e de subalternização da mulher é, aliás, um traço marcante da atual cultura estudantil, para a qual eles e elas contribuem alegremente, exaltando a hierarquia e naturalizando as mais diversas formas de arrogância e abuso de poder” (PÚBLICO, 6/04/2012). Mais do que condenar os “abusos” ou apelar à “proibição” dessas práticas, importa conhecer melhor a razão da sua multiplicação para, depois, se exercer alguma ação corretiva (pedagógica ou repressiva, ou ambas). No plano subjetivo o diagnóstico está feito e o último artigo de José Pacheco Pereira sintetiza bem a lógica de poder simbólico que anima a cultura praxista: “Ao institucionalizar a obediência aos mais absurdos comandos, a humilhação dos caloiros perante os veteranos, a promessa era a do exercício futuro do mesmo poder de vexame, mostrando como o único conteúdo da praxe é o da ordem e do respeito pela ordem, assente na hierarquia do ano do curso. Mas quem respeita uma hierarquia ao ponto da abjecção está a fazer o tirocínio para respeitar todas as hierarquias. Se fores obediente e lamberes o chão, podes vir a mandar, quando for a tua vez, e, nessa altura, podes escolher um chão ainda mais sujo, do alto da tua colher de pau. És humilhado, mas depois vingas-te” (JPP, PÚBLICO, 25/01/2014). Ao fim de décadas de debate e de um constante diálogo que temos mantido com os estudantes (praxistas e anti-praxistas) de Coimbra torna-se patente que a ação pedagógica promovida pelas entidades do mundo estudantil (a começar pelo Conselho de Veteranos) não tem surtido efeitos palpáveis. Muitos estudantes alegam que os abusos nada têm a ver com a “verdadeira” praxe, que é integradora e se oferece como oportunidade de socialização dos caloiros, sendo que muitos destes argumentam que o ritual da praxe é onde se geram as amizades mais sólidas. Em favor dessas opiniões, importa reconhecer que nem todas as praxes são violentas e humilhantes, e que continuam a existir brincadeiras inteligentes, que veiculam uma irreverência juvenil saudável que importa preservar no meio estudantil. Receia-se, porém, que esses casos sejam hoje a exceção e que o processo de perversão seja imparável. Faz sentido uma proibição pura e simples? Creio que não. Seria possível instituir uma receção amigável ao caloiro? Seria, mas para isso era preciso que as universidades tivessem disponibilidade e condições para intervir mais ativamente neste campo; e acima de tudo era preciso que as estruturas associativas dos estudantes trabalhassem nesse sentido e rompessem com a lógica de poder e de ambição individual que as aprisiona (que no fundo se ligassem à realidade que representam em vez de se satisfazerem em ser eleitas por dez ou vinte por cento dos estudantes). Quando o debate académico é cada vez mais anulado pela “tecnoburocracia” reinante; quando é a tutela, as universidades e as próprias associações que promovem a passividade, a concorrência e o carreirismo; quando, enfim, as instituições e o poder
  • 3. rejeitam a reflexão crítica, a cultura democrática e ostracizam as ciências sociais (vocacionadas para pensar criticamente a sociedade), não podemos surpreender-nos perante o triunfo da mediocridade moral e da vilania mais abjeta. É, pois, nos condicionalismos estruturais associados ao poder político e ao mercado que reside a génese de uma mentalidade que perverte a tradicional missão formativa, científica e cultural da Universidade, e que estimula o hedonismo e a apatia cidadã da atual geração estudantil, onde proliferam as praxes e as suas perversões. __ * Professor da Faculdade de Economia e investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.