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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE PSICOLOGIA DO TRABALHO E
DAS ORGANIZAÇÕES/CLÍNICA
3º ANO/PSICOLOGIA DESENVOLVIMENTO
Luanda, Novembro de 2016
UNIVERSIDADE
CATÓLICA DE ANGOLA
DOCENTE: João Saveia
INTEGRANTES DO GRUPO 7
Amélia Vivalda C. Kwaya - 12196
Dilson J. Francisco – 13363
Esperança Luamba - 12833
Esmeraldina Costa- 12356
Teresa Tchilingowigji C. Napoleão- 12654
Yara Cristina Diogo Agostinho- 12914
O Luto
(vida adulta tardia)
Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento
Prof. João Saveia
2O LUTO
Índice
Objectivos ..................................................................................................................................... 3
Metodologia .................................................................................................................................. 4
Introdução ..................................................................................................................................... 5
O que é o Luto?............................................................................................................................. 6
Conceitualização ....................................................................................................................... 6
Teoria do Apego de Bowlby ......................................................................................................... 6
Como se caracteriza o luto? .......................................................................................................... 8
Tipos de luto.................................................................................................................................. 9
O luto na infância........................................................................................................................ 10
O conceito de Morte para as crianças..................................................................................... 10
Pesar e luto na infância............................................................................................................ 12
O Luto na adolescência ............................................................................................................... 13
O luto na fase adulta.................................................................................................................... 14
Reacções antes a perda do luto .............................................................................................. 14
A negação................................................................................................................................ 14
A aceitação.............................................................................................................................. 14
A recuperação.......................................................................................................................... 15
Outras formas de perda ........................................................................................................... 15
As fases do processo de transição do luto................................................................................... 16
Fase de Entorpecimento ...................................................................................................... 16
Fase de Anseio e Protesto.................................................................................................... 16
Fase de Desespero............................................................................................................... 16
Fase da recuperação e restituição........................................................................................ 16
Alguns rituais cerimoniais fúnebres............................................................................................ 17
Considerações finais.................................................................................................................... 18
Referências Bibliografia.............................................................................................................. 19
Figura 1 John Bowlby ...................................................................................................... 7
Figura 2 Macaco rhesus contacto reconfortante............................................................... 7
Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento
Prof. João Saveia
3O LUTO
Objectivos
Como advogados deste trabalho temos por objectivo, fazer uma breve abordagem
relacionada a um dos fenómenos que começa desde os primeiros anos de vida até a
morte, mais especificamente nos cingiremos na vida adulta tardia, embora o mesmo não
acontece só nesta fase, no caso o Luto. Tendo em conta a amplitude do tema,
consideramos alguns tópicos essenciais, a fim de fornecermos contributos para a
fundamentação teórica, que são:
 Conceito de Luto;
 Tipos de luto;
 Teoria do apego de Bowlby;
 Caracterização do luto;
 Reacções ante a perda;
 As fases do processo de transição do luto;
 Tipos de luto;
 O luto na infância;
 O Luto na adolescência;
 O Luto na fase adulta;
 Alguns rituais cerimoniais fúnebres.
Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento
Prof. João Saveia
4O LUTO
Metodologia
Como para elaboração de um trabalho desta dimensão é necessário o uso de uma
metodologia, o nosso trabalho não fugiu da regra.
 Utilizamos uma pesquisa bibliográfica onde encontramos estudos feitos
por outros autores sobre o tema, fonte secundária;
 Pesquisa local e remota, onde consultamos em bibliotecas e em artigos
da internet;
 Quanto a estrutura do trabalho baseamo-nos no Manual APA: regras
gerais de estilo e formatação de trabalhos acadêmicos, embora não de
forma rigorosa;
 Para a explicação ou defesa, procuramos as artes cénicas (teatro) para
exemplificar de modos dar uma maior percepção emotiva do tema.
Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento
Prof. João Saveia
5O LUTO
Introdução
A psicologia como ciência que se dedica no estudo do comportamento humano e
animal bem como os seus fenómenos psíquicos. Busca através de seus variados ramos,
não só entender o homem, mas também dar respostas aos vários comportamentos que o
mesmo expressa no meio ambiente em que está inserido.
Nesta senda, do ponto de vista da Psicologia do Desenvolvimento que é um dos
ramos da Psicologia que estuda o ser humano em todos os seus aspectos: físico-motor,
intelectual, afectivo-emocional e social, desde o nascimento até a idade adulta1
.
Nos foi dada a incumbências de versarmos sobre o Luto, no contexto da vida
adulta tardia, embora desde a infância já se pode viver este fenómeno que ninguém pode
escapar, até mesmo os animais, deixando-nos num estado de choque, a tristeza, a raiva,
a hostilidade, a solidão, a agitação, a ansiedade e a fadiga onde com tempo superamos.
Esperamos pois, que todos saiam saciados desta alimentação intelectual por nós
preparada para convosco partilhar.
1
Extraído do material de apoio do Professor João Saveia, na cadeira de Psicologia do Desenvolvimento,
3º ano, do curso de Psicologia.
Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento
Prof. João Saveia
6O LUTO
O que é o Luto?
CONCEITUALIZAÇÃO
Etmologicamente, a palavra luto, provem do latim Luctus, que significa “dor,
pesar, aflição”, relacionada a palavra Lugere, “lamentar, sofrer ou chorar pela perda de
alguém”.
O luto é um processo natural que ocorre sempre que há uma perda significativa
na vida de uma pessoa. Essa perda pode ser de natureza diversa, como por exemplo, um
ente querido próximo, uma modificação corporal, uma alteração importante das
condições de vida etc.
Segundo o Dicionário de Psicologia de A a Z (2013, p. 150), “luto é uma
reacção psicológica à perda de um objecto (coisa ou pessoa), real ou simbólico. Esta
perda vai em principio desencadear no individuo um processo de luto. Este consiste
num processo de elaboração e de ultrapassagem da perda, caracterizado pelo
distanciamento psíquico e afectivo do sujeito face ao objecto perdido, permitindo ao
individuo reinvestir noutros objectos (de amor, de investimento) ”.
Para enfatizar, Freud defende que esse objecto, não é necessariamente uma
pessoa amada mas também uma abstração, um ideal.
Segundo John Bowlby2
, o luto é um conjunto de reacções a uma perda
significativa, geralmente pela morte de outro ser.
Com base a estes diferentes conceitos de luto, nós compreendemos que o luto é
um conjunto de reacções psicológicas relativas à perda de uma pessoa, coisa ou ideal de
que nos apegamos.
Teoria do Apego de Bowlby
Teoria de Apego, de John Bowlby (1989, 1990, 1995), Bowlby foi um psiquiatra
britânico, o primeiro pensador sobre o desenrolar do apego e das perdas, que
desenvolveu seus estudos a partir de observações realizadas com crianças separadas de
suas mães durante um longo tempo.
2
John Bowlby, fundador da Teoria do Apego.
Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento
Prof. João Saveia
7O LUTO
A teoria do apego nos auxilia a entender a tendência dos seres humanos de
estabelecer fortes laços afetivos com outros, assim como a compreender a forte reação
emocional que ocorre quando esses laços
afetivos são ameaçados ou rompidos.
John Bowlby argumentava que as
crianças se apegam a um determinado
cuidador, porque esse adulto proporciona uma
base segura para a criança, que a usa como
como refúgio em momentos de stresse ou
ameaça, e isso lhe proporciona um sentido de segurança que permite a ela explorar o
ambiente: a criança pode se aventurar pelo desconhecido, explorar e aprender, pois sabe
que, se a situação ficar difícil, sempre poderá retornar para a base segura (Walters e
Cummings, 2000).
O apego infantil é desenvolvido no primeiro ano de vida. Aos três meses, o bebê
já responde à mãe de modo diferente: sorri, balbucia e segue-a com o olhar — ou seja,
apresenta uma discriminação perceptual. Mas esse comportamento ainda não é a prova
de comportamento de apego. O comportamento de apego é observado quando a criança
reage à saída da mãe de seu ambiente e se comporta de modo a manter a proximidade
com ela. A criança busca não só satisfação, mas também segurança. Isso acontece por
volta dos seis meses.
Bowlby argumentava que a
tendência de formar apegos está
enraizada em nosso passado evolutivo, e
é por isso que podemos encontrar
paralelos facilmente com o apego
formado em outras espécies.
“Quanto maior o apego ao objecto perdido (que pode
ser uma pessoa, animal, fase da vida, status social etc),
maior o sofrimento do luto.” John Bowlby
Figura 2 Macaco rhesus contacto reconfortante
Figura 1 John Bowlby
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8O LUTO
Como se caracteriza o luto?
Duas características muito comuns de luto, o choro e a raiva.
Darwin concluiu que (1876) as expressões faciais típicas do pesar no adulto
resultam, por um lado, de uma tendência para gritar como uma criança quando se sente
abandonada e, por outro, de uma inibição dos gritos. Chorar e gritar são, métodos por
meio dos quais uma criança comumente atrai e recupera sua mãe ausente, consciente ou
inconscientemente.
A raiva é usual e útil quando a separação é apenas temporária; nesse caso, ajuda
a vencer obstáculos a reunião com a figura ausente; e, concretizada a reunião, as
expressões recriminatórias3
em relação a quem parece ter sido responsável pela
separação tornam menos provável que uma separação volte a acontecer. A raiva e as
recriminações só são despropositadas quando a separação é permanente e definitiva.
O luto tem uma tarefa psíquica muito precisa a executar: a sua função é desligar
as lembranças e as esperanças do sobrevivente em relação ao morto.
Quanto mais jovem é uma mulher ao enviuvar, mas intenso é o seu sentimento
de luto e maior a probabilidade de que sua saúde esteja alterada ao cabo de onze meses
de viuvez. Se uma mulher já passou dos 65 anos quando seu marido morre, o golpe será
provavelmente muito menos doloroso. É como se os laços entre eles já estivessem
começando a afrouxar. Essa diferença muito acentuada na intensidade e duração do luto
talvez possa fornecer uma pista para se compreender o que acontece após uma perda
durante a infância.4
Outra característica inicial do processo de luto acontece pelas relembranças da
perda, aliadas ao sentimento de tristeza, choro, a inibição e o retrair-se sobre si da
pessoa gravemente enlutada, a perda de interesse por tudo o que não diz respeito ao
objecto perdido, a perda do gosto de viver e de escolher novos objectos de amor
aparecem como consequência económica da mobilização de toda a energia psíquica
disponível para realizar a prova de realidade relactivamente à perda de objecto que
3
Recriminar: crítica amarga, reprovação, censura. Dicionário Houaiss
4
BOWLBY, R. P. L e outros. Formação e Rompimento dos laços afectivos. São Paulo, 2º Ed., Editora
Martins Fontes,1990, pp. 81, 82.
Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento
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9O LUTO
recusada nas camadas profundas do inconsciente. Este é um processo que evolui, onde
as relembranças são intercaladas com cenas agradáveis e desagradáveis, sem,
necessariamente, serem acompanhadas de tristeza e choro. Além destes sentimentos, é
comum o estado de choque, a raiva, a hostilidade, a solidão, a agitação, a ansiedade e a
fadiga. Sensações físicas como "vazio no estômago" e "aperto no peito" podem ocorrer.
A duração deste processo é inconstante e seguido de uma notável falta de
interesse pelo mundo exterior. Com o passar do tempo, o choro e a tristeza vão
diminuindo e é esperado que a pessoa vá se reorganizando, porém é um processo a
longo prazo e os episódios de recaída são comuns.
Caso alguém não consiga lidar de uma forma socialmente adequada com a perda
por mais de 6 meses, continue em intenso sofrimento e/ou não consiga se reorganizar, é
considerado um luto patológico e é recomendado que se faça psicoterapia. Existem
escalas para medir a gravidade do luto que avaliam factores emocionais, cognitivos,
físicos, sociais, espirituais e religiosos.
Tipos de luto
O luto pode ser normal ou patológico.
Nestas circunstâncias, o luto permanece não resolvido ao longo de tempo,
durante vários anos, por vezes, para o resto da vida da pessoa, interferindo no estado
emocional da pessoa e condicionando significativamente a sua vida. Nestes casos,
estamos perante uma situação de luto patológico o contrário é o luto normal.
Outros sinais que nos podem indicar estarmos perante uma situação de luto
patológico, podem ser reacções emocionais e comportamentais desajustadas ou o
adoecer psíquico e ou físico.
Deste modo o luto patológico caracteriza-se por uma diversidade de
manifestações clínicas nomeadamente (Parkes, 1998):
 Reacções de luto cronicas, quando há uma duração excessiva não se
vislumbrando um termo satisfatório;
 Reacções de luto inibidas, característico dos casos em que, apesar de a pessoa ter
tido uma reacção emocional na época da perda, tal parece não ter sido suficiente.
Verifica-se posteriormente que a pessoa apresenta sintomas de luto em relação a
Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento
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10O LUTO
uma perda subsequente (por exemplo, “as reacções de aniversários”, etc.) mas a
intensidade de luto é excessiva;
 Reacções de luto exageradas, nas quais a pessoa enlutada sente a experiencia de
luto como excessiva e incapacitante, recorrendo a condutas mal-adaptativas (estas
respostas incluem perturbações psiquiátricas que se desenvolvem depois da
perda);
 Reacções de luto mascaradas, que ocorre em pacientes que apresentam sintomas e
comportamentos que lhes causam dificuldades, mas que não são reconhecidos
como estando relacionados com a sua perda. Esta forma de luto pode ser
mascarada quer por sintomas físicos quer por sintomas psiquiátricos ou, ainda, por
algum tipo de conduta disfuncional.
Quando se verificam algumas das situações atras descritas, em que o processo de
luto se desenvolve de um modo disfuncional e mal adaptativo, deve recorrer-se a ajuda
especializada. Nestes casos torna-se necessária a implementação de uma intervenção
específica, que pode incluir a utilização de psicofármacos e a psicoterapia.
A psicoterapia poderá constituir uma mais-valia, na medida em que é um espaço
no qual o paciente pode expressar a sua dor, ao mesmo tempo que promove o
desenvolvimento de mecanismos internos que permitem superar as fixações ou
bloqueios, com vista a aceitação da perda e a um reposicionamento no mundo real
(Parkes, 1998).
Como vimos, o luto é um processo natural e necessário para o posterior
equilíbrio emocional da pessoa.
O luto na infância
O CONCEITO DE MORTE PARA AS CRIANÇAS
A morte também faz parte do universo infantil, a alguns anos atrás, a criança não
participava do processo de morte e seus rituais. Subestima-se a criança alegando-se
protegê-la. Para que a criança não sofra, nós a impedimos de olhar para a realidade da
vida e suas perdas. Os ganhos são valorizados, e as perdas, muitas vezes, negadas. E,
por causa disso, reforçamos a dificuldade de lidar com as várias perdas vivenciadas ao
longo da vida, com os valores mais diversos: o brinquedo quebrado, o animal de
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11O LUTO
estimação que morre, o amiguinho que se mudou, a morte de alguém... É preciso
lembrar que não podemos quantificar a dor, pois é individual, singular e subjetiva.
A morte é a única situação que não temos como evitar em nossas vidas, um dia
acontecerá fatalmente. Portanto, não falar sobre o assunto, ou seja, “proteger a criança”,
poderá dificultar seu entendimento sobre o ciclo da vida. (Lucélia E. Paiva, 2011, pp.
30-36)
Para a criança, a morte é não apenas um desafio cognitivo para seu pensamento,
mas também um desafio afetivo (Torres, 1999).
Lucélia E. Paiva (2011)5
, fez um estudo sobre a aquisição do conceito de morte
pelas crianças, de acordo com os estágios estabelecidos por Jean Piaget(1987, 1996)
.
Aponta as seguintes diferenças para cada estágio:
1. Período Sensório-motor: crianças de 0 a 2 anos (antes da aquisição da
linguagem)
— O conceito de morte não existe.
— A morte é percebida como ausência e falta.
— A morte corresponde à experiência do dormir e acordar: percepção do ser e
não ser.
2. Período Pré-operacional: crianças de 3 a 5 anos
— As crianças compreendem a morte como um fenômeno temporário e
reversível. Não entendem como uma ausência sem retorno.
— Atribuem vida à morte, ou seja, não separam a vida da morte. Não distinguem
os seres animados dos inanimados. Entendem a morte ligada à imobilidade.
— Apresentam pensamento mágico e egocêntrico. São autorreferentes, e, para
elas, tudo é possível.
— Compreendem a linguagem de modo literal/concreto.
3. Período Operacional: crianças de 6 a 9 anos
— Apresentam uma organização em relação a espaço e tempo.
5
Autora no livro PAIVA, Lucélia Elizabeth (2011). A arte de falar da morte para crianças: A literatura
infantil como recurso para abordar a morte com crianças e educadores. (pp 30-36) São Paulo: Editora
Ideias & Letras.
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12O LUTO
— Distinguem melhor os seres animados dos inanimados.
— Entendem a oposição entre a vida e a morte, compreendendo a morte como
um processo definitivo e permanente. Compreendem a irreversibilidade da morte.
— Há uma diminuição do pensamento mágico, predominando o pensamento
concreto.
— Ainda não são capazes de explicar adequadamente as causas da morte.
— Conseguem apreender o conceito de morte em sua totalidade: em relação à
não funcionalidade, à irreversibilidade e à inevitabilidade da morte.
4. Período de Operações Formais: crianças de 10 anos até a adolescência
— O conceito de morte, devido ao pensamento formal, torna-se mais abstrato. Já
compreendem a morte como inevitável e universal, irreversível e pessoal.
— As explicações são de ordem natural, fisiológica e teológica (Torres, 1999).
PESAR E LUTO NA INFÂNCIA
A criança, da mesma forma que o adulto, vai passar por processos de luto. O
processo de luto infantil tem uma duração subjetiva mais extensa, uma vez que sua
noção de tempo está se organizando (Priszkulnik, 1992).
Torres (1999), citando Bowlby, afirma que a criança é capaz de enlutar-se tanto quanto
o adulto, identificando três etapas principais no processo natural do luto infantil:
1. Protesto: a criança não acredita que a pessoa esteja morta e luta para
recuperá-la; chora, agita-se e busca qualquer imagem ou som que personifique a pessoa
ausente.
2. Desespero e desorganização da personalidade: a criança começa a aceitar
o fato de que a pessoa amada realmente morreu; o anseio por sua volta não diminui, mas
a esperança de sua satisfação esmorece. Não grita mais, torna-se apática e retraída,
porém isso não significa que tenha esquecido a pessoa morta.
3. Esperança: a criança começa a buscar novas relações e a organizar a vida sem
a presença da pessoa morta.
As crianças não só se afligem com a separação, como também o pesar delas é
frequentemente muito mais demorado do que por vezes se supõe. Estudos deixam claro
que, nessas circunstâncias, crianças de tenra idade se mostram abertamente pesarosas
como:
Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento
Prof. João Saveia
13O LUTO
 A falta da mãe durante, pelo menos, algumas semanas, chorando por ela ou
indicando de algum outro modo que ainda tem saudade dela e esperam o seu
regresso;
 Quando uma criança é desmamada, a tendência é entrar numa fase de tristeza ou
melancolia e algumas crianças chegam até a emagrecer ou perdem alguns quilos;
 Quando perde algum objecto como: a chupeta, o brinquedo que está com ele
diariamente;
 A morte de alguém muito próximo ou ente querido.
Já enfatizamos como é muito difícil, mesmo para adultos, apreender inteiramente
que alguém muito próximo está morto e nunca mais voltará. Para crianças
evidentemente, é muito mais difícil ainda.
Ao examinarem as reações de crianças a perda e a melhor forma de ajuda-las,
quase todos os autores enfatizaram como é imensamente importante que a criança
disponha de uma pessoa que actue como substituta permanente, a quem ela possa ligar-
se gradualmente.
O Luto na adolescência
A turbulência do adolescente pode ser uma reacção de sofrimento (uma reacção
de aflição) no final da infância, com a sua dependência aos pais e professores na sua
inocência e fragilidade.
Primeiro aparece uma negação de qualquer necessidade de dependência. “Não
necessito de meus pais”, diz o adolescente com ar de desafio. “São superprotectores,
interferem em minha vida. Tem duas caras e são arrogantes.” Todavia, regeita a sua
necessidade de uma figura estável para a qual possa se voltar. Ele necessita de recber
ajuda e apoio de alguém e, enquanto não aceitar este facto, se queixará de solidão e
aborrecimento. Há também uma sensação de sofrimento nos adolescentes apesar de
fingirem em público, choram sozinho.
Os adolescentes ao avançarem a adolescência, conseguem recuperar-se e
reconhecem que seus pais não são perfeitos e ninguém o é, e os outros amigos têm pais
aterradores! Ao menos os seus tentam fazer-lhe bem e juntos, são boas pessoas apesar
de suas falhas, mas suas intenções são boas. Gostam dele e ele os ama. Assim, a fase
Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento
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14O LUTO
final da rebeldia da adolescência leva a reconciliação e a mudança para a fase de adulto
jovem.
Portanto, descrevemos os processos de luto por uma perda total da qual o
individu se refaz. Porém, não há um processo parecido onde alguém possa superar o
medo de uma perda importante.
O luto na fase adulta
REACÇÕES ANTES A PERDA DO LUTO
Nós apreendemos que as pessoas sentem a dor, o pesar e até lamentam ou
choram pela perda de alguém ou de algo quando se apegam aos mesmos. Depois de
abordarmos sobre a Teoria do apego, vamos descrever algumas reacções das pessoas
diante da perda de alguém ou de algo. (CARSTAIRS/ DOMINIAN e KAKAR, 1984,
pp. 210-213)
A NEGAÇÃO
A negação é uma palavra simples para um mecanismo psicológico complexo que
protege quem está de luto da terrível dor da realidade. Diante de qualquer provação
difícil, lhe permite dizer: “Isto não é assim.” Não uma rejeição obstinada dos factos,
mas uma forma de autodefesa. As vezes se prolonga, e a pessoa em luto nunca aceitará
plenamente a realidade.
Porém, as pessoas enlutadas não podem continuar negando, a realidade exigirá
que as mesmas enfrentem o facto da morte. Para ajudá-los a organizar a cerimônia do
funeral, esta, adota diferentes formas mas na essência são semelhantes. Os parentes e
amigos se reúnem para consolar-se mutuamente, esquecem-se as velhas inimizades,
trocam palavras de consolo superficiais mas confortantes: “Não sofreu”, “Está em
paz”.
A ACEITAÇÃO
Com o passar do tempo, o facto da morte vai sendo assimilado. A aceitação para
a pessoa enlutada é dolorosa, é uma angústia emocional intensa e choram, para outras é
um sofrimento silencioso, interior.
Frequentemente, o parente revive com grande detalhe cada aspecto de sua
própria conduta, procurando descobrir o modo como poderia ter evitado a sua perda. E,
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15O LUTO
se a procura é tenaz, o encontrará. Por exemplo ser for uma viúva pode dizer: “pareceu-
me que estava um pouco pálido ontem. Se o tivesse convencido a ficar em casa, talvez
estivesse vivo agora.” Não se pode discutir com ela essa possibilidade. O médico, por
exemplo da família, lhe assegurará que não se poderia fazer nada, mas ela recordará as
ocasiões em que se preocupava pela saúde de seu marido. “Talvez devesse ter insistido
em que fosse ao médico.” Deste modo, a viúva considera-se culpada.
A aceitação e a negação se alternam a princípio, de tal forma que a negação
protege a pessoa que está de luto contra a dor da aceitação. A negação mostra sua
presença de muitas maneiras. As vezes, a pessoa de luto esquecerá momentaneamente o
que aconteceu e dirigirá algumas palavras à cadeira vazia. Mas de repente volta à
realidade. Às vezes pode ter consciência da “presença” do ente querido, e pode ver sua
sombra ou ouvir sua voz.
A RECUPERAÇÃO
A recuperação é a etapa final do luto. Com ela, os enlutados irão
aceitando gradualmente a morte e serão capazes de voltar ao mundo dos vivos; surgiram
novos interesses para encher o vazio tão penosamente produzido; o defunto é
progressivamente idealizado, ignoram-se seus defeitos e é recordado apenas por suas
boas qualidades; os bem-intencionados conselhos dos amigos, que pareciam
desapiedados6
ao princípio, aceitam-se agora. “A vida deve continuar” diz o enlutado.
“Ele/a gostaria que eu me tranquilizasse e que pensasse no futuro para o bem dos
nossos filhos e do meu próprio”.
Como vemos, a aceitação da morte do ente querido é seguida muitas vezes, nos
primeiros tempos, por falsas sensações de que o defunto ainda está presente (negação),
Pouco a pouco o sentido de realidade prevalece (aceitação) e compreendemos que “a
vida deve continuar” (recuperação).
OUTRAS FORMAS DE PERDA
Acabamos de descrever reacções psicológicas diante da morte de um ente
querido. Porém, o mesmo processo de negação, aceitação e recuperação, se verifica ao
enfrentarem-se outras perdas importantes, como:
 A perda de uma parte do corpo, por exemplo, uma mulher descobre um tumor
em uma mama; a perda da capacidade de gerar filhos; amputação das ou de uma
perna, etc;
 A perda de objectos inanimados com grande importância simbólica, por
exemplo, uma mulher/homem que perde a aliança do casamento, etc;
 A perda de categoria, por exemplo, o chefe de um departamento é
despromovido ou ainda substituído por outro com possivelmente mais
experiência, etc.
6
Desapiedados: que não tem piedade; que se mostra indiferente à sorte do outro. Dicionário Houaiss
Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento
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16O LUTO
 A transição para outra etapa ou fase da vida, por exemplo, da infância para
adolescência, da adolescência para juventude, e sucessivamente.
As fases do processo de transição do luto
Bowlby e outros autores consideram estas reacções e estabelecem quatro fases
para melhor explicar tais reacções.
Este processo é transitório, podendo ser conceptualizado de acordo com quatro
fases (Bowlby, 1980; Gorrer, 1965 e Parkes, 1986, cit in Pereira e Lopes, 2005):
Fase de Entorpecimento7
: consiste num período em que a pessoa se poderá sentir
como se estivesse desligada da realidade, atordoada, desamparada, imobilizada ou
perdida. Nesta fase assiste-se a uma negação da perda que poderá surgir uma forma de
defesa contra um evento de tão difícil aceitação;
Fase de Anseio e Protesto: caracterizada por um período de emoções fortes,
sofrimento psicológico e agitação física. Frequentemente assiste-se a manifestação de
sentimentos de raiva dirigidos tanto a si próprio como as pessoas significativas;
Fase de Desespero: constitui uma fase igualmente complexa que surge
frequentemente associada a momentos de apatia e depressão, sendo que o processo de
supressão destas reacções é muito lento. Por vezes verifica-se um afastamento das
pessoas e actividades, falta de interesse, assim como dificuldades de concentração na
execução de tarefas rotineiras. Os sintomas somáticos, tais como, insónias, perda de
peso e de apetite, são recorrentes;
Fase da recuperação e restituição: nesta fase deverá emergir uma nova
identidade que permite ao individuo abandonar a ideia de recuperar aquilo que perdeu e
adaptar-se ao significado que essa perda tem na sua vida. Verifica-se então, o retorno da
independência e da iniciativa.
Apesar de a instabilidade ainda se encontrar presente nos relacionamentos
sociais, nesta fase poderá haver investimentos em novas amizades e o reatar de laços
antigos. Apesar de o processo de luto ser aparentemente um mecanismo universal, cada
individuo possui uma forma particular de o realizar, sendo que este processo varia
7
Entorpecimento: acto ou efeito de entorpecer (-se); torpor, insensibilidade, fraqueza, desânimo. Dicionário
Houaiss
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17O LUTO
consoante a faixa etária em que o individuo se encontra, o tipo de vinculação existente e
as causas e circunstâncias da perda.
Existem situações em que o processo de luto não segue a evolução acima
descrita podendo ocorrer fixação numa das etapas e, concomitantemente, a não
resolução do luto.
Alguns rituais cerimoniais fúnebres
O luto tem diferentes formas de manifestação ou expressão em culturas distintas.
De forma lacónica, passamos abordar alguns rituais por nós investigados do nosso
contexto familiar angolano e não só:
 Às vezes é um ritual comtemplar o cadáver;
 Passar por debaixo do caixão os filho ou alguns familiares próximos do cadáver;
 Na cerimônia é devolvido à terra de onde veio, dedica-se algumas palavras de
inevitabilidade “pó és e pó te converterás” e de esperança;
 Apos ao enterro na casa da família enlutada é posta uma banheira com água na
qual todos os que vêm do cemitério deverão lavar as mãos;
 Na maioria das religiões inclui a promessa de que chegará um dia no qual aqueles
que agora estão de luto se reunirão com os seus mortos queridos.
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18O LUTO
Considerações finais
Contudo, a morte faz parte da existência humana e, a cada dia, nós nos
deparamos com essa possibilidade, a criança percebe a morte de forma diferente do
adulto, de acordo com faixa etária e condições cognitivas. O processo de luto acontece
tanto na infância como na vida adulta.
Quanto mais apego criamos ou temos ao ente querido maior será a dor do luto ou
pesar. Ante a perda tendemos a reagir de três formas, negamos, aceitamos depois
recuperamo-nos da perda.
Dependendo do tempo de prevalência do luto ele pode ser normal ou patológico
o último é perigoso deve-se ultrapassar com ajuda de psicoterapia profissional.
Acreditamos que não só para a criança, mas também o adulto, necessita da
assistência de uma outra pessoa de sua inteira confiança, se quiser recuperar-se da perda
sofrida. O nosso papel face as pessoas enlutadas deve ser, então, o de um companheiro
pronto a oferecer todo o apoio, preparado para explorar, em nossas discussões, todas as
esperanças e desejos e tênues possibilidades improváveis que a pessoa ainda acalenta,
somados a todas as recriminações, remorsos e deceções que a afligem.
É necessário que a pessoa que sofreu uma perda expresse mais cedo ou mais
tarde seus sentimentos e emoções. “Soltai as palavras tristes”, escreveu Shakespeare,
“as penas que não falam sufocam o coração extenuando e fazem-no quebrantar”.
Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento
Prof. João Saveia
19O LUTO
Referências Bibliografia
 BOWLBY, R. P. L e outros (1990). Formação e rompimento dos laços
afectivos. (2ª ed.). São Paulo: Editora Martins Fontes.
 CARSTAIRS, G.M / DOMINIAN, Jacobus/ KAKAR, Sudhir. (OMS, 1984).
Enciclopédia Salvat da saúde: volume 3 saúde mental. (pp. 210-213). Rio de
Janeiro: Salvat Editora do Brasil, Ltda.
 CHARRON, Camilo; DUMET, Nathalie (2013). Dicionário de Psicologia de A
a Z: 500 palavras para compreender. Lisboa: Escolar Editora.
 DORON, Roland, PAROT, Françoise (2001). Dicionário de Psicologia. (1ª ed.).
Lisboa: Climepsi Editores.
 GLEITMAN, Henry; REISBERG, Daniel; GROSS, James (2009). Psicologia.
Trad. Ronaldo Cataldo Costa. (7ª ed.). Porto Alegre: Artmed.
 HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles (2009). Dicionário Houaiss da
Língua Portuguesa. (Elaborado pelo Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia
e Banco de Dados da Língua Portuguesa S/C Ltda., 1ª ed.). Rio de Janeiro:
Editora Objetiva.
 PAIVA, Lucélia Elizabeth (2011). A arte de falar da morte para crianças: A
literatura infantil como recurso para abordar a morte com crianças e
educadores. (pp 30-31) São Paulo: Editora Ideias & Letras.

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O Luto na vida adulta tardia

  • 1. FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE PSICOLOGIA DO TRABALHO E DAS ORGANIZAÇÕES/CLÍNICA 3º ANO/PSICOLOGIA DESENVOLVIMENTO Luanda, Novembro de 2016 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA DOCENTE: João Saveia INTEGRANTES DO GRUPO 7 Amélia Vivalda C. Kwaya - 12196 Dilson J. Francisco – 13363 Esperança Luamba - 12833 Esmeraldina Costa- 12356 Teresa Tchilingowigji C. Napoleão- 12654 Yara Cristina Diogo Agostinho- 12914 O Luto (vida adulta tardia)
  • 2. Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento Prof. João Saveia 2O LUTO Índice Objectivos ..................................................................................................................................... 3 Metodologia .................................................................................................................................. 4 Introdução ..................................................................................................................................... 5 O que é o Luto?............................................................................................................................. 6 Conceitualização ....................................................................................................................... 6 Teoria do Apego de Bowlby ......................................................................................................... 6 Como se caracteriza o luto? .......................................................................................................... 8 Tipos de luto.................................................................................................................................. 9 O luto na infância........................................................................................................................ 10 O conceito de Morte para as crianças..................................................................................... 10 Pesar e luto na infância............................................................................................................ 12 O Luto na adolescência ............................................................................................................... 13 O luto na fase adulta.................................................................................................................... 14 Reacções antes a perda do luto .............................................................................................. 14 A negação................................................................................................................................ 14 A aceitação.............................................................................................................................. 14 A recuperação.......................................................................................................................... 15 Outras formas de perda ........................................................................................................... 15 As fases do processo de transição do luto................................................................................... 16 Fase de Entorpecimento ...................................................................................................... 16 Fase de Anseio e Protesto.................................................................................................... 16 Fase de Desespero............................................................................................................... 16 Fase da recuperação e restituição........................................................................................ 16 Alguns rituais cerimoniais fúnebres............................................................................................ 17 Considerações finais.................................................................................................................... 18 Referências Bibliografia.............................................................................................................. 19 Figura 1 John Bowlby ...................................................................................................... 7 Figura 2 Macaco rhesus contacto reconfortante............................................................... 7
  • 3. Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento Prof. João Saveia 3O LUTO Objectivos Como advogados deste trabalho temos por objectivo, fazer uma breve abordagem relacionada a um dos fenómenos que começa desde os primeiros anos de vida até a morte, mais especificamente nos cingiremos na vida adulta tardia, embora o mesmo não acontece só nesta fase, no caso o Luto. Tendo em conta a amplitude do tema, consideramos alguns tópicos essenciais, a fim de fornecermos contributos para a fundamentação teórica, que são:  Conceito de Luto;  Tipos de luto;  Teoria do apego de Bowlby;  Caracterização do luto;  Reacções ante a perda;  As fases do processo de transição do luto;  Tipos de luto;  O luto na infância;  O Luto na adolescência;  O Luto na fase adulta;  Alguns rituais cerimoniais fúnebres.
  • 4. Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento Prof. João Saveia 4O LUTO Metodologia Como para elaboração de um trabalho desta dimensão é necessário o uso de uma metodologia, o nosso trabalho não fugiu da regra.  Utilizamos uma pesquisa bibliográfica onde encontramos estudos feitos por outros autores sobre o tema, fonte secundária;  Pesquisa local e remota, onde consultamos em bibliotecas e em artigos da internet;  Quanto a estrutura do trabalho baseamo-nos no Manual APA: regras gerais de estilo e formatação de trabalhos acadêmicos, embora não de forma rigorosa;  Para a explicação ou defesa, procuramos as artes cénicas (teatro) para exemplificar de modos dar uma maior percepção emotiva do tema.
  • 5. Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento Prof. João Saveia 5O LUTO Introdução A psicologia como ciência que se dedica no estudo do comportamento humano e animal bem como os seus fenómenos psíquicos. Busca através de seus variados ramos, não só entender o homem, mas também dar respostas aos vários comportamentos que o mesmo expressa no meio ambiente em que está inserido. Nesta senda, do ponto de vista da Psicologia do Desenvolvimento que é um dos ramos da Psicologia que estuda o ser humano em todos os seus aspectos: físico-motor, intelectual, afectivo-emocional e social, desde o nascimento até a idade adulta1 . Nos foi dada a incumbências de versarmos sobre o Luto, no contexto da vida adulta tardia, embora desde a infância já se pode viver este fenómeno que ninguém pode escapar, até mesmo os animais, deixando-nos num estado de choque, a tristeza, a raiva, a hostilidade, a solidão, a agitação, a ansiedade e a fadiga onde com tempo superamos. Esperamos pois, que todos saiam saciados desta alimentação intelectual por nós preparada para convosco partilhar. 1 Extraído do material de apoio do Professor João Saveia, na cadeira de Psicologia do Desenvolvimento, 3º ano, do curso de Psicologia.
  • 6. Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento Prof. João Saveia 6O LUTO O que é o Luto? CONCEITUALIZAÇÃO Etmologicamente, a palavra luto, provem do latim Luctus, que significa “dor, pesar, aflição”, relacionada a palavra Lugere, “lamentar, sofrer ou chorar pela perda de alguém”. O luto é um processo natural que ocorre sempre que há uma perda significativa na vida de uma pessoa. Essa perda pode ser de natureza diversa, como por exemplo, um ente querido próximo, uma modificação corporal, uma alteração importante das condições de vida etc. Segundo o Dicionário de Psicologia de A a Z (2013, p. 150), “luto é uma reacção psicológica à perda de um objecto (coisa ou pessoa), real ou simbólico. Esta perda vai em principio desencadear no individuo um processo de luto. Este consiste num processo de elaboração e de ultrapassagem da perda, caracterizado pelo distanciamento psíquico e afectivo do sujeito face ao objecto perdido, permitindo ao individuo reinvestir noutros objectos (de amor, de investimento) ”. Para enfatizar, Freud defende que esse objecto, não é necessariamente uma pessoa amada mas também uma abstração, um ideal. Segundo John Bowlby2 , o luto é um conjunto de reacções a uma perda significativa, geralmente pela morte de outro ser. Com base a estes diferentes conceitos de luto, nós compreendemos que o luto é um conjunto de reacções psicológicas relativas à perda de uma pessoa, coisa ou ideal de que nos apegamos. Teoria do Apego de Bowlby Teoria de Apego, de John Bowlby (1989, 1990, 1995), Bowlby foi um psiquiatra britânico, o primeiro pensador sobre o desenrolar do apego e das perdas, que desenvolveu seus estudos a partir de observações realizadas com crianças separadas de suas mães durante um longo tempo. 2 John Bowlby, fundador da Teoria do Apego.
  • 7. Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento Prof. João Saveia 7O LUTO A teoria do apego nos auxilia a entender a tendência dos seres humanos de estabelecer fortes laços afetivos com outros, assim como a compreender a forte reação emocional que ocorre quando esses laços afetivos são ameaçados ou rompidos. John Bowlby argumentava que as crianças se apegam a um determinado cuidador, porque esse adulto proporciona uma base segura para a criança, que a usa como como refúgio em momentos de stresse ou ameaça, e isso lhe proporciona um sentido de segurança que permite a ela explorar o ambiente: a criança pode se aventurar pelo desconhecido, explorar e aprender, pois sabe que, se a situação ficar difícil, sempre poderá retornar para a base segura (Walters e Cummings, 2000). O apego infantil é desenvolvido no primeiro ano de vida. Aos três meses, o bebê já responde à mãe de modo diferente: sorri, balbucia e segue-a com o olhar — ou seja, apresenta uma discriminação perceptual. Mas esse comportamento ainda não é a prova de comportamento de apego. O comportamento de apego é observado quando a criança reage à saída da mãe de seu ambiente e se comporta de modo a manter a proximidade com ela. A criança busca não só satisfação, mas também segurança. Isso acontece por volta dos seis meses. Bowlby argumentava que a tendência de formar apegos está enraizada em nosso passado evolutivo, e é por isso que podemos encontrar paralelos facilmente com o apego formado em outras espécies. “Quanto maior o apego ao objecto perdido (que pode ser uma pessoa, animal, fase da vida, status social etc), maior o sofrimento do luto.” John Bowlby Figura 2 Macaco rhesus contacto reconfortante Figura 1 John Bowlby
  • 8. Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento Prof. João Saveia 8O LUTO Como se caracteriza o luto? Duas características muito comuns de luto, o choro e a raiva. Darwin concluiu que (1876) as expressões faciais típicas do pesar no adulto resultam, por um lado, de uma tendência para gritar como uma criança quando se sente abandonada e, por outro, de uma inibição dos gritos. Chorar e gritar são, métodos por meio dos quais uma criança comumente atrai e recupera sua mãe ausente, consciente ou inconscientemente. A raiva é usual e útil quando a separação é apenas temporária; nesse caso, ajuda a vencer obstáculos a reunião com a figura ausente; e, concretizada a reunião, as expressões recriminatórias3 em relação a quem parece ter sido responsável pela separação tornam menos provável que uma separação volte a acontecer. A raiva e as recriminações só são despropositadas quando a separação é permanente e definitiva. O luto tem uma tarefa psíquica muito precisa a executar: a sua função é desligar as lembranças e as esperanças do sobrevivente em relação ao morto. Quanto mais jovem é uma mulher ao enviuvar, mas intenso é o seu sentimento de luto e maior a probabilidade de que sua saúde esteja alterada ao cabo de onze meses de viuvez. Se uma mulher já passou dos 65 anos quando seu marido morre, o golpe será provavelmente muito menos doloroso. É como se os laços entre eles já estivessem começando a afrouxar. Essa diferença muito acentuada na intensidade e duração do luto talvez possa fornecer uma pista para se compreender o que acontece após uma perda durante a infância.4 Outra característica inicial do processo de luto acontece pelas relembranças da perda, aliadas ao sentimento de tristeza, choro, a inibição e o retrair-se sobre si da pessoa gravemente enlutada, a perda de interesse por tudo o que não diz respeito ao objecto perdido, a perda do gosto de viver e de escolher novos objectos de amor aparecem como consequência económica da mobilização de toda a energia psíquica disponível para realizar a prova de realidade relactivamente à perda de objecto que 3 Recriminar: crítica amarga, reprovação, censura. Dicionário Houaiss 4 BOWLBY, R. P. L e outros. Formação e Rompimento dos laços afectivos. São Paulo, 2º Ed., Editora Martins Fontes,1990, pp. 81, 82.
  • 9. Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento Prof. João Saveia 9O LUTO recusada nas camadas profundas do inconsciente. Este é um processo que evolui, onde as relembranças são intercaladas com cenas agradáveis e desagradáveis, sem, necessariamente, serem acompanhadas de tristeza e choro. Além destes sentimentos, é comum o estado de choque, a raiva, a hostilidade, a solidão, a agitação, a ansiedade e a fadiga. Sensações físicas como "vazio no estômago" e "aperto no peito" podem ocorrer. A duração deste processo é inconstante e seguido de uma notável falta de interesse pelo mundo exterior. Com o passar do tempo, o choro e a tristeza vão diminuindo e é esperado que a pessoa vá se reorganizando, porém é um processo a longo prazo e os episódios de recaída são comuns. Caso alguém não consiga lidar de uma forma socialmente adequada com a perda por mais de 6 meses, continue em intenso sofrimento e/ou não consiga se reorganizar, é considerado um luto patológico e é recomendado que se faça psicoterapia. Existem escalas para medir a gravidade do luto que avaliam factores emocionais, cognitivos, físicos, sociais, espirituais e religiosos. Tipos de luto O luto pode ser normal ou patológico. Nestas circunstâncias, o luto permanece não resolvido ao longo de tempo, durante vários anos, por vezes, para o resto da vida da pessoa, interferindo no estado emocional da pessoa e condicionando significativamente a sua vida. Nestes casos, estamos perante uma situação de luto patológico o contrário é o luto normal. Outros sinais que nos podem indicar estarmos perante uma situação de luto patológico, podem ser reacções emocionais e comportamentais desajustadas ou o adoecer psíquico e ou físico. Deste modo o luto patológico caracteriza-se por uma diversidade de manifestações clínicas nomeadamente (Parkes, 1998):  Reacções de luto cronicas, quando há uma duração excessiva não se vislumbrando um termo satisfatório;  Reacções de luto inibidas, característico dos casos em que, apesar de a pessoa ter tido uma reacção emocional na época da perda, tal parece não ter sido suficiente. Verifica-se posteriormente que a pessoa apresenta sintomas de luto em relação a
  • 10. Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento Prof. João Saveia 10O LUTO uma perda subsequente (por exemplo, “as reacções de aniversários”, etc.) mas a intensidade de luto é excessiva;  Reacções de luto exageradas, nas quais a pessoa enlutada sente a experiencia de luto como excessiva e incapacitante, recorrendo a condutas mal-adaptativas (estas respostas incluem perturbações psiquiátricas que se desenvolvem depois da perda);  Reacções de luto mascaradas, que ocorre em pacientes que apresentam sintomas e comportamentos que lhes causam dificuldades, mas que não são reconhecidos como estando relacionados com a sua perda. Esta forma de luto pode ser mascarada quer por sintomas físicos quer por sintomas psiquiátricos ou, ainda, por algum tipo de conduta disfuncional. Quando se verificam algumas das situações atras descritas, em que o processo de luto se desenvolve de um modo disfuncional e mal adaptativo, deve recorrer-se a ajuda especializada. Nestes casos torna-se necessária a implementação de uma intervenção específica, que pode incluir a utilização de psicofármacos e a psicoterapia. A psicoterapia poderá constituir uma mais-valia, na medida em que é um espaço no qual o paciente pode expressar a sua dor, ao mesmo tempo que promove o desenvolvimento de mecanismos internos que permitem superar as fixações ou bloqueios, com vista a aceitação da perda e a um reposicionamento no mundo real (Parkes, 1998). Como vimos, o luto é um processo natural e necessário para o posterior equilíbrio emocional da pessoa. O luto na infância O CONCEITO DE MORTE PARA AS CRIANÇAS A morte também faz parte do universo infantil, a alguns anos atrás, a criança não participava do processo de morte e seus rituais. Subestima-se a criança alegando-se protegê-la. Para que a criança não sofra, nós a impedimos de olhar para a realidade da vida e suas perdas. Os ganhos são valorizados, e as perdas, muitas vezes, negadas. E, por causa disso, reforçamos a dificuldade de lidar com as várias perdas vivenciadas ao longo da vida, com os valores mais diversos: o brinquedo quebrado, o animal de
  • 11. Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento Prof. João Saveia 11O LUTO estimação que morre, o amiguinho que se mudou, a morte de alguém... É preciso lembrar que não podemos quantificar a dor, pois é individual, singular e subjetiva. A morte é a única situação que não temos como evitar em nossas vidas, um dia acontecerá fatalmente. Portanto, não falar sobre o assunto, ou seja, “proteger a criança”, poderá dificultar seu entendimento sobre o ciclo da vida. (Lucélia E. Paiva, 2011, pp. 30-36) Para a criança, a morte é não apenas um desafio cognitivo para seu pensamento, mas também um desafio afetivo (Torres, 1999). Lucélia E. Paiva (2011)5 , fez um estudo sobre a aquisição do conceito de morte pelas crianças, de acordo com os estágios estabelecidos por Jean Piaget(1987, 1996) . Aponta as seguintes diferenças para cada estágio: 1. Período Sensório-motor: crianças de 0 a 2 anos (antes da aquisição da linguagem) — O conceito de morte não existe. — A morte é percebida como ausência e falta. — A morte corresponde à experiência do dormir e acordar: percepção do ser e não ser. 2. Período Pré-operacional: crianças de 3 a 5 anos — As crianças compreendem a morte como um fenômeno temporário e reversível. Não entendem como uma ausência sem retorno. — Atribuem vida à morte, ou seja, não separam a vida da morte. Não distinguem os seres animados dos inanimados. Entendem a morte ligada à imobilidade. — Apresentam pensamento mágico e egocêntrico. São autorreferentes, e, para elas, tudo é possível. — Compreendem a linguagem de modo literal/concreto. 3. Período Operacional: crianças de 6 a 9 anos — Apresentam uma organização em relação a espaço e tempo. 5 Autora no livro PAIVA, Lucélia Elizabeth (2011). A arte de falar da morte para crianças: A literatura infantil como recurso para abordar a morte com crianças e educadores. (pp 30-36) São Paulo: Editora Ideias & Letras.
  • 12. Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento Prof. João Saveia 12O LUTO — Distinguem melhor os seres animados dos inanimados. — Entendem a oposição entre a vida e a morte, compreendendo a morte como um processo definitivo e permanente. Compreendem a irreversibilidade da morte. — Há uma diminuição do pensamento mágico, predominando o pensamento concreto. — Ainda não são capazes de explicar adequadamente as causas da morte. — Conseguem apreender o conceito de morte em sua totalidade: em relação à não funcionalidade, à irreversibilidade e à inevitabilidade da morte. 4. Período de Operações Formais: crianças de 10 anos até a adolescência — O conceito de morte, devido ao pensamento formal, torna-se mais abstrato. Já compreendem a morte como inevitável e universal, irreversível e pessoal. — As explicações são de ordem natural, fisiológica e teológica (Torres, 1999). PESAR E LUTO NA INFÂNCIA A criança, da mesma forma que o adulto, vai passar por processos de luto. O processo de luto infantil tem uma duração subjetiva mais extensa, uma vez que sua noção de tempo está se organizando (Priszkulnik, 1992). Torres (1999), citando Bowlby, afirma que a criança é capaz de enlutar-se tanto quanto o adulto, identificando três etapas principais no processo natural do luto infantil: 1. Protesto: a criança não acredita que a pessoa esteja morta e luta para recuperá-la; chora, agita-se e busca qualquer imagem ou som que personifique a pessoa ausente. 2. Desespero e desorganização da personalidade: a criança começa a aceitar o fato de que a pessoa amada realmente morreu; o anseio por sua volta não diminui, mas a esperança de sua satisfação esmorece. Não grita mais, torna-se apática e retraída, porém isso não significa que tenha esquecido a pessoa morta. 3. Esperança: a criança começa a buscar novas relações e a organizar a vida sem a presença da pessoa morta. As crianças não só se afligem com a separação, como também o pesar delas é frequentemente muito mais demorado do que por vezes se supõe. Estudos deixam claro que, nessas circunstâncias, crianças de tenra idade se mostram abertamente pesarosas como:
  • 13. Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento Prof. João Saveia 13O LUTO  A falta da mãe durante, pelo menos, algumas semanas, chorando por ela ou indicando de algum outro modo que ainda tem saudade dela e esperam o seu regresso;  Quando uma criança é desmamada, a tendência é entrar numa fase de tristeza ou melancolia e algumas crianças chegam até a emagrecer ou perdem alguns quilos;  Quando perde algum objecto como: a chupeta, o brinquedo que está com ele diariamente;  A morte de alguém muito próximo ou ente querido. Já enfatizamos como é muito difícil, mesmo para adultos, apreender inteiramente que alguém muito próximo está morto e nunca mais voltará. Para crianças evidentemente, é muito mais difícil ainda. Ao examinarem as reações de crianças a perda e a melhor forma de ajuda-las, quase todos os autores enfatizaram como é imensamente importante que a criança disponha de uma pessoa que actue como substituta permanente, a quem ela possa ligar- se gradualmente. O Luto na adolescência A turbulência do adolescente pode ser uma reacção de sofrimento (uma reacção de aflição) no final da infância, com a sua dependência aos pais e professores na sua inocência e fragilidade. Primeiro aparece uma negação de qualquer necessidade de dependência. “Não necessito de meus pais”, diz o adolescente com ar de desafio. “São superprotectores, interferem em minha vida. Tem duas caras e são arrogantes.” Todavia, regeita a sua necessidade de uma figura estável para a qual possa se voltar. Ele necessita de recber ajuda e apoio de alguém e, enquanto não aceitar este facto, se queixará de solidão e aborrecimento. Há também uma sensação de sofrimento nos adolescentes apesar de fingirem em público, choram sozinho. Os adolescentes ao avançarem a adolescência, conseguem recuperar-se e reconhecem que seus pais não são perfeitos e ninguém o é, e os outros amigos têm pais aterradores! Ao menos os seus tentam fazer-lhe bem e juntos, são boas pessoas apesar de suas falhas, mas suas intenções são boas. Gostam dele e ele os ama. Assim, a fase
  • 14. Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento Prof. João Saveia 14O LUTO final da rebeldia da adolescência leva a reconciliação e a mudança para a fase de adulto jovem. Portanto, descrevemos os processos de luto por uma perda total da qual o individu se refaz. Porém, não há um processo parecido onde alguém possa superar o medo de uma perda importante. O luto na fase adulta REACÇÕES ANTES A PERDA DO LUTO Nós apreendemos que as pessoas sentem a dor, o pesar e até lamentam ou choram pela perda de alguém ou de algo quando se apegam aos mesmos. Depois de abordarmos sobre a Teoria do apego, vamos descrever algumas reacções das pessoas diante da perda de alguém ou de algo. (CARSTAIRS/ DOMINIAN e KAKAR, 1984, pp. 210-213) A NEGAÇÃO A negação é uma palavra simples para um mecanismo psicológico complexo que protege quem está de luto da terrível dor da realidade. Diante de qualquer provação difícil, lhe permite dizer: “Isto não é assim.” Não uma rejeição obstinada dos factos, mas uma forma de autodefesa. As vezes se prolonga, e a pessoa em luto nunca aceitará plenamente a realidade. Porém, as pessoas enlutadas não podem continuar negando, a realidade exigirá que as mesmas enfrentem o facto da morte. Para ajudá-los a organizar a cerimônia do funeral, esta, adota diferentes formas mas na essência são semelhantes. Os parentes e amigos se reúnem para consolar-se mutuamente, esquecem-se as velhas inimizades, trocam palavras de consolo superficiais mas confortantes: “Não sofreu”, “Está em paz”. A ACEITAÇÃO Com o passar do tempo, o facto da morte vai sendo assimilado. A aceitação para a pessoa enlutada é dolorosa, é uma angústia emocional intensa e choram, para outras é um sofrimento silencioso, interior. Frequentemente, o parente revive com grande detalhe cada aspecto de sua própria conduta, procurando descobrir o modo como poderia ter evitado a sua perda. E,
  • 15. Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento Prof. João Saveia 15O LUTO se a procura é tenaz, o encontrará. Por exemplo ser for uma viúva pode dizer: “pareceu- me que estava um pouco pálido ontem. Se o tivesse convencido a ficar em casa, talvez estivesse vivo agora.” Não se pode discutir com ela essa possibilidade. O médico, por exemplo da família, lhe assegurará que não se poderia fazer nada, mas ela recordará as ocasiões em que se preocupava pela saúde de seu marido. “Talvez devesse ter insistido em que fosse ao médico.” Deste modo, a viúva considera-se culpada. A aceitação e a negação se alternam a princípio, de tal forma que a negação protege a pessoa que está de luto contra a dor da aceitação. A negação mostra sua presença de muitas maneiras. As vezes, a pessoa de luto esquecerá momentaneamente o que aconteceu e dirigirá algumas palavras à cadeira vazia. Mas de repente volta à realidade. Às vezes pode ter consciência da “presença” do ente querido, e pode ver sua sombra ou ouvir sua voz. A RECUPERAÇÃO A recuperação é a etapa final do luto. Com ela, os enlutados irão aceitando gradualmente a morte e serão capazes de voltar ao mundo dos vivos; surgiram novos interesses para encher o vazio tão penosamente produzido; o defunto é progressivamente idealizado, ignoram-se seus defeitos e é recordado apenas por suas boas qualidades; os bem-intencionados conselhos dos amigos, que pareciam desapiedados6 ao princípio, aceitam-se agora. “A vida deve continuar” diz o enlutado. “Ele/a gostaria que eu me tranquilizasse e que pensasse no futuro para o bem dos nossos filhos e do meu próprio”. Como vemos, a aceitação da morte do ente querido é seguida muitas vezes, nos primeiros tempos, por falsas sensações de que o defunto ainda está presente (negação), Pouco a pouco o sentido de realidade prevalece (aceitação) e compreendemos que “a vida deve continuar” (recuperação). OUTRAS FORMAS DE PERDA Acabamos de descrever reacções psicológicas diante da morte de um ente querido. Porém, o mesmo processo de negação, aceitação e recuperação, se verifica ao enfrentarem-se outras perdas importantes, como:  A perda de uma parte do corpo, por exemplo, uma mulher descobre um tumor em uma mama; a perda da capacidade de gerar filhos; amputação das ou de uma perna, etc;  A perda de objectos inanimados com grande importância simbólica, por exemplo, uma mulher/homem que perde a aliança do casamento, etc;  A perda de categoria, por exemplo, o chefe de um departamento é despromovido ou ainda substituído por outro com possivelmente mais experiência, etc. 6 Desapiedados: que não tem piedade; que se mostra indiferente à sorte do outro. Dicionário Houaiss
  • 16. Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento Prof. João Saveia 16O LUTO  A transição para outra etapa ou fase da vida, por exemplo, da infância para adolescência, da adolescência para juventude, e sucessivamente. As fases do processo de transição do luto Bowlby e outros autores consideram estas reacções e estabelecem quatro fases para melhor explicar tais reacções. Este processo é transitório, podendo ser conceptualizado de acordo com quatro fases (Bowlby, 1980; Gorrer, 1965 e Parkes, 1986, cit in Pereira e Lopes, 2005): Fase de Entorpecimento7 : consiste num período em que a pessoa se poderá sentir como se estivesse desligada da realidade, atordoada, desamparada, imobilizada ou perdida. Nesta fase assiste-se a uma negação da perda que poderá surgir uma forma de defesa contra um evento de tão difícil aceitação; Fase de Anseio e Protesto: caracterizada por um período de emoções fortes, sofrimento psicológico e agitação física. Frequentemente assiste-se a manifestação de sentimentos de raiva dirigidos tanto a si próprio como as pessoas significativas; Fase de Desespero: constitui uma fase igualmente complexa que surge frequentemente associada a momentos de apatia e depressão, sendo que o processo de supressão destas reacções é muito lento. Por vezes verifica-se um afastamento das pessoas e actividades, falta de interesse, assim como dificuldades de concentração na execução de tarefas rotineiras. Os sintomas somáticos, tais como, insónias, perda de peso e de apetite, são recorrentes; Fase da recuperação e restituição: nesta fase deverá emergir uma nova identidade que permite ao individuo abandonar a ideia de recuperar aquilo que perdeu e adaptar-se ao significado que essa perda tem na sua vida. Verifica-se então, o retorno da independência e da iniciativa. Apesar de a instabilidade ainda se encontrar presente nos relacionamentos sociais, nesta fase poderá haver investimentos em novas amizades e o reatar de laços antigos. Apesar de o processo de luto ser aparentemente um mecanismo universal, cada individuo possui uma forma particular de o realizar, sendo que este processo varia 7 Entorpecimento: acto ou efeito de entorpecer (-se); torpor, insensibilidade, fraqueza, desânimo. Dicionário Houaiss
  • 17. Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento Prof. João Saveia 17O LUTO consoante a faixa etária em que o individuo se encontra, o tipo de vinculação existente e as causas e circunstâncias da perda. Existem situações em que o processo de luto não segue a evolução acima descrita podendo ocorrer fixação numa das etapas e, concomitantemente, a não resolução do luto. Alguns rituais cerimoniais fúnebres O luto tem diferentes formas de manifestação ou expressão em culturas distintas. De forma lacónica, passamos abordar alguns rituais por nós investigados do nosso contexto familiar angolano e não só:  Às vezes é um ritual comtemplar o cadáver;  Passar por debaixo do caixão os filho ou alguns familiares próximos do cadáver;  Na cerimônia é devolvido à terra de onde veio, dedica-se algumas palavras de inevitabilidade “pó és e pó te converterás” e de esperança;  Apos ao enterro na casa da família enlutada é posta uma banheira com água na qual todos os que vêm do cemitério deverão lavar as mãos;  Na maioria das religiões inclui a promessa de que chegará um dia no qual aqueles que agora estão de luto se reunirão com os seus mortos queridos.
  • 18. Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento Prof. João Saveia 18O LUTO Considerações finais Contudo, a morte faz parte da existência humana e, a cada dia, nós nos deparamos com essa possibilidade, a criança percebe a morte de forma diferente do adulto, de acordo com faixa etária e condições cognitivas. O processo de luto acontece tanto na infância como na vida adulta. Quanto mais apego criamos ou temos ao ente querido maior será a dor do luto ou pesar. Ante a perda tendemos a reagir de três formas, negamos, aceitamos depois recuperamo-nos da perda. Dependendo do tempo de prevalência do luto ele pode ser normal ou patológico o último é perigoso deve-se ultrapassar com ajuda de psicoterapia profissional. Acreditamos que não só para a criança, mas também o adulto, necessita da assistência de uma outra pessoa de sua inteira confiança, se quiser recuperar-se da perda sofrida. O nosso papel face as pessoas enlutadas deve ser, então, o de um companheiro pronto a oferecer todo o apoio, preparado para explorar, em nossas discussões, todas as esperanças e desejos e tênues possibilidades improváveis que a pessoa ainda acalenta, somados a todas as recriminações, remorsos e deceções que a afligem. É necessário que a pessoa que sofreu uma perda expresse mais cedo ou mais tarde seus sentimentos e emoções. “Soltai as palavras tristes”, escreveu Shakespeare, “as penas que não falam sufocam o coração extenuando e fazem-no quebrantar”.
  • 19. Trabalho de Psicologia do Desenvolvimento Prof. João Saveia 19O LUTO Referências Bibliografia  BOWLBY, R. P. L e outros (1990). Formação e rompimento dos laços afectivos. (2ª ed.). São Paulo: Editora Martins Fontes.  CARSTAIRS, G.M / DOMINIAN, Jacobus/ KAKAR, Sudhir. (OMS, 1984). Enciclopédia Salvat da saúde: volume 3 saúde mental. (pp. 210-213). Rio de Janeiro: Salvat Editora do Brasil, Ltda.  CHARRON, Camilo; DUMET, Nathalie (2013). Dicionário de Psicologia de A a Z: 500 palavras para compreender. Lisboa: Escolar Editora.  DORON, Roland, PAROT, Françoise (2001). Dicionário de Psicologia. (1ª ed.). Lisboa: Climepsi Editores.  GLEITMAN, Henry; REISBERG, Daniel; GROSS, James (2009). Psicologia. Trad. Ronaldo Cataldo Costa. (7ª ed.). Porto Alegre: Artmed.  HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles (2009). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. (Elaborado pelo Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados da Língua Portuguesa S/C Ltda., 1ª ed.). Rio de Janeiro: Editora Objetiva.  PAIVA, Lucélia Elizabeth (2011). A arte de falar da morte para crianças: A literatura infantil como recurso para abordar a morte com crianças e educadores. (pp 30-31) São Paulo: Editora Ideias & Letras.