SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 12
Baixar para ler offline
Notas para discussão quanto à implementação
                           de programas de governo:
       Em foco o Programa Nacional do Livro Didático*

                                                       Eloisa de Mattos Höfling**




        RESUMO: A concepção de políticas públicas sociais, mesmo com-
        portando diferentes ênfases, deve trazer implícitos os princípios de
        maior democratização nas esferas de decisão e maior distribuição de
        benefícios sociais à população focalizada. O Programa Nacional do
        Livro Didático - PNLD, como um programa de governo no interior da
        política educacional, também deve ser analisado à luz destes
        parâmetros. A participação historicamente concentrada de reduzido
        número de grupos editoriais privados no processo decisório referen-
        te à implementação do PNLD, coloca em questão tanto os objetivos
        como o alcance de uma política pública de corte social.

Palavras-chave: Políticas sociais, política educacional, programa de go-
                verno, livro didático

       Inicialmente quero explicitar quais serão meus parâmetros para
analisar o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) neste texto.
       Entendo o PNLD como uma estratégia de apoio à política educacio-
nal implementada pelo Estado brasileiro com a perspectiva de suprir uma
demanda que adquire caráter obrigatório com a Constituição de 1988: “O de-
ver do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de (...)
VII – atendimento ao educando no ensino fundamental, através de progra-



* Texto originalmente apresentado no XXII Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-gra-
  duação e Pesquisa em Ciências Sociais – ANPOCS. Caxambu, outubro de 1998.

** Professora-doutora da Faculdade de Educação, Unicamp.




Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00                                        159
mas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e
assistência à saúde” (art. 208).
        Assim, fornecer material didático, transporte, merenda escolar e assis-
tência à saúde é uma forma obrigatória de cumprir com o dever do Estado em
matéria de educação. O Estado deve assumir o compromisso de garantir o en-
sino fundamental gratuito e obrigatório e, ao mesmo tempo, o atendimento ao
educando, através de programas suplementares. Nesses termos, a natureza
dos programas de assistência ao estudante se altera: de caráter assistencial,
conjuntural, adquirem pelo preceito constitucional, caráter universalizante,
obrigatório, destinados e garantidos a todos aqueles que tem, igualmente, di-
reito ao acesso à educação, pelo menos em termos legais.
        A distribuição gratuita de livro didático tradicionalmente vem sendo
entendida como uma das funções do Estado no que se refere ao fornecimento
do material didático-pedagógico. Mesmo que seja possível uma interpretação
mais elástica em relação a essa obrigatoriedade, o próprio governo considera
seu empenho na compra e na distribuição gratuita de livros às escolas, como
tarefa essencial no atendimento à população escolar. O PNLD é sistematica-
mente mencionado – e até mesmo politicamente usado – para referendar o
nomeado “sucesso” da política educacional brasileira. É um programa de
                         1
proporções gigantescas , envolvendo em seu planejamento e implementação
questões também gigantescas. Para a otimização do PNLD, a descen-
tralização de sua execução tem sido colocada como meta fundamental. Pela
amplitude e pelo caráter que assume no âmbito da política educacional,
considero o Programa Nacional do Livro Didático uma unidade autônoma
para análise, estando nele próprio contidos os contornos de uma política
pública de corte social, como é a política educacional. Obviamente isso não
significa que sua análise se dê desvinculada de outras estratégias, de outros
programas, e muito menos sem considerar a articulação entre a política
educacional e outras políticas sociais do Estado brasileiro.
       Outro referencial que pretendo explicitar é que desenvolverei neste tex-
to uma análise política, e não de política, em relação ao Programa do Livro
Didático e à sua descentralização. Isso significa que estarei mais preocupa-
da com os fatores e atores que determinam uma política de compra e distri-
buição de milhões de livros didáticos, e menos com os resultados obtidos em
relação à cobertura do programa, apesar da reconhecida ligação entre os
dois níveis de análise.
      Por análise política entendo o estudo das diferentes instâncias que fa-
zem as escolhas em relação a um programa ou mesmo a uma política. Como,
por quais atores, são tomadas as decisões no processo de planejamento e



160                                   Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00
implementação de uma política pública? Quais os interesses considerados
nas decisões quanto a gastos públicos, num programa que envolve recursos
consideráveis2? No caso de políticas públicas sociais, pensadas como ações
do Estado visando, em última instância, atingir um padrão de proteção soci-
al que expanda a distribuição do bem-estar entre a população, a análise se
volta essencialmente para “a aferição do grau de consistência entre os obje-
tivos sociais, os princípios de justiça e, claro, os meios a serem usados”
(Figueiredo e Figueiredo 1986, p. 123).
        Reconhecendo o movimento positivo em várias iniciativas do MEC em
relação ao PNLD, penso que, cada vez com mais intensidade, devemos de-
senvolver análises políticas dos programas e propostas para educação. Cada
vez mais me convenço de que a natureza da reforma da educação necessá-
ria não tem prioritariamente raiz administrativa, de gestão, de racionalização
de gastos, mas é sim de natureza política: é necessário discutir além de cri-
térios gerenciais de eficiência, de racionalidades institucional e operacional.
       A descentralização pretendida em relação ao PNLD é colocada am-
plamente como uma conquista a ser atingida pelos diferentes níveis de exe-
cução da política educacional como um todo. Tem sido considerada indica-
dor de maior qualidade, eficiência e eqüidade na implementação de políticas
sociais em geral, e educacional, em particular.
         A descentralização apresenta-se como “bandeira” de democratização,
de relações menos desiguais e injustas entre os diferentes grupos e setores
sociais, entre as diferentes regiões do Brasil, em sua articulação com uma po-
lítica central. A Constituição de 1988 reflete essa tendência.
        Especialmente desde a década de 1980, estudos sobre as desigual-
dades sociais e regionais no Brasil convergem ao apontar a descentralização
como um dos caminhos fundamentais para a alteração de tal quadro. O
processo de descentralização, entre outros, é apontado como um avanço na
direção de maior democratização e justiça na distribuição dos benefícios
sociais para superar as profundas desigualdades acentuadas pelo padrão de
proteção social implementado no Brasil pós-64, o qual tem como princípios
articuladores: a extrema centralização política e financeira no nível federal das
ações sociais do governo; acentuada fragmentação institucional; exclusão da
participação social e política da população nos processos de decisão; o prin-
cípio de autofinanciamento do investimento social; o princípio da privatização
e o uso clientelístico da máquina social (Draibe 1988).
      Possivelmente em virtude de uma identificação estreita e apressa-
da entre essas concepções, a descentralização freqüentemente é focali-
zada como um processo intrinsecamente positivo, por definição mais de-



Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00                              161
mocrático. Apesar de, em princípio, comportar uma ampliação no proces-
so de tomada de decisões, este será certamente condicionado pelos limi-
tes institucionais historicamente construídos nos diversos setores das po-
líticas públicas, pela natureza e pelo poder dos atores envolvidos nas de-
cisões, pela participação dos beneficiários dos programas no controle de
sua implementação, entre outros fatores.
        É importante assinalar também que o conceito de descentralização tem
sido usado de maneira generalizada, com pouca referência à heterogeneidade
em sua consolidação, com pouca atenção para suas especificidades. Nessa pers-
pectiva, quero reforçar a distinção apontada na literatura recente, a despeito de
ênfases diferentes, entre descentralização – muitas vezes confundida com
municipalização – e desconcentração. A descentralização, como eu a entendo
neste texto, implica alterações efetivas no funcionamento das várias esferas do
poder público, envolvendo transferência de poder decisório, de competências, de
atribuições e de recursos entre elas. A desconcentração diz respeito à delega-
ção de atribuições no interior de um mesmo nível de governo, para unidades
administrativas regionais ou locais, para o exercício de atividades específicas.
      Nesses termos, a primeira acepção do termo descentralização, acima,
é a que se aproxima da reivindicação histórica de setores progressistas na
defesa de uma educação mais democrática e de melhor qualidade3.
       Na medida em que a descentralização tem sido sistematicamente colo-
cada como objetivo importante para o Programa Nacional do Livro Didático, as-
sim como para todo o sistema educacional, várias questões podem ser levanta-
das em relação à avaliação política do programa, à implementação da política
pública para o livro didático, por exemplo: o formato institucional historicamente
construído para execução do PNLD e os atores tradicionalmente envolvidos nas
decisões do programa têm contribuído ou não para a descentralização e a
implementação de uma estratégia de intervenção mais democratizante, mais vol-
tada para os objetivos próprios de uma política pública social?
       Nessa perspectiva, penso que é importante recorrer à história do Pro-
grama Nacional do Livro Didático para melhor avaliar as possibilidades de
otimização – e descentralização – que podem ser esperadas.
       O programa de distribuição de livros – e materiais – didáticos pelo
Ministério da Educação passou por várias fases e sua execução, por diferentes
órgãos. As origens da relação Estado/livro didático remontam ao ano de 1938,
                        o
quando o Decreto-Lei n 1006 instituiu a Comissão Nacional do Livro Didáti-
co, estabelecendo condições para produção, importação e utilização do livro
didático no Brasil. Por esse decreto foram estabelecidos impedimentos à
autorização para edição de livros didáticos e exigências quanto à correção
de informação e linguagem.



162                                    Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00
o
       Em 1945, o Decreto-Lei n 8460 redimensionou as funções da Comis-
são Nacional do Livro Didático, centralizando, na esfera federal, o poder de
legislar sobre o livro didático. Consolidou-se, pois, a legislação sobre a
matéria. O Estado passou, então, a assumir o controle sobre o processo de
adoção de livros em todos os estabelecimentos de ensino no território
nacional. Gradativamente, tais funções foram se descentralizando, com a
criação, em alguns Estados, de Comissões Estaduais do Livro Didático.
       A Fundação Nacional de Material Escolar (Fename), criada em outu-
bro de 1967, absorveu os programas desenvolvidos pela extinta Campanha
Nacional de Material de Ensino. A Fename tinha como finalidade básica a
produção e a distribuição de material didático às instituições escolares, mas,
efetivamente, não contava com organização administrativa nem recursos fi-
nanceiros para desempenhar tal tarefa. Em decorrência dessa situação, em
1970 foi implantado o sistema de co-edição com as editoras nacionais, por
                                    o
intermédio da Portaria Ministerial n 35/70.
       Até 1971, quando foi extinta, a Comissão do Livro Técnico e Didático
(Colted), criada em 1966, desempenhou as funções de coordenar e execu-
tar as atividades do MEC relacionadas ao aperfeiçoamento do livro didático,
à sua produção, edição e distribuição.
       A partir de 1972, o Instituto Nacional do Livro (INL), assumiu a responsa-
bilidade de promover e agilizar, em ação conjugada com as editoras, o
programa de co-edição de obras didáticas. Criou-se, pois, um programa
especial de co-edição, o Programa do Livro Didático (Plid), abrangendo os
diferentes níveis de ensino: Programa do Livro Didático para o Ensino
Fundamental (Plidef), Programa do Livro Didático para o Ensino Médio
(Plidem), Programa do Livro Didático para o Ensino Superior (Plides) e
Programa do Livro Didático para o Ensino Supletivo (Plidesu).
       Até 1975, o Instituto Nacional do Livro (INL) teve a responsabilidade
de promover, juntamente com as editoras, o programa de co-edição. Em
1976, a Fename sofreu modificações em sua estrutura (Decreto 77.107/76),
e a ela delegou-se a responsabilidade de desenvolver as atividades dos
programas de co-edição de obras didáticas, o que levou ao aumento da
tiragem dos livros e à criação de um mercado seguro para as editoras,
decorrente do interesse do governo federal em obter boa parte dessa tira-
gem para distribuí-la gratuitamente às escolas e às bibliotecas das unida-
des federadas.
       Com o sistema de co-edição, de censor oficial dos livros didáticos usa-
dos nas escolas brasileiras, o Estado foi assumindo também o papel de
financiador desses livros.


Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00                              163
Em abril de 1983, foi criada a Fundação de Assistência ao Estudante
(FAE), absorvendo os programas que eram da alçada da Fename e do
Inae, órgãos vinculados ao MEC. No mesmo ano, o Programa do Livro Di-
dático (Plid) foi incorporado à FAE. Em 1984, deu-se fim ao sistema de co-
edição, passando o MEC a ser comprador dos livros produzidos pelas edi-
toras participantes do Plid.
                                                                     o
       A partir de agosto de 1985, por meio do Decreto-Lei n 91.542, o
Programa recebeu a denominação de Programa Nacional do Livro Didá-
tico (PNLD), tendo seus objetivos substancialmente ampliados. Estabele-
ceu-se como meta o atendimento de todos os alunos de primeira a oitava
série do primeiro grau das escolas públicas federais, estaduais, territoriais,
municipais e comunitárias do país, com prioridade para os componentes
básicos Comunicação e Expressão e Matemática.
      Em 1996 a FAE é extinta, ficando a cargo do Fundo Nacional de De-
senvolvimento da Educação (FNDE) – autarquia federal, vinculada ao
MEC, criada em 1968 – a execução do PNLD, com recursos oriundos prin-
cipalmente do Salário-Educação.
      Nos limites deste texto, com o propósito de desenvolver uma avalia-
ção política do PNLD, pretendo focalizar a estreita relação entre Estado e
grupos editoriais privados no planejamento e na implementação de um pro-
grama considerado essencial4 no interior da política pública de educação.
       Meu argumento é que a forte presença de setores privados – no
caso, os grupos editoriais – na arena de decisão e definição da política
pública para o livro didático pode comprometer a natureza, a própria
conceituação de uma política social, com contornos mais democra-
tizantes.
       No processo decisório relativo a essa política pública, o Estado tem
como parceiros representantes do setor privado, inserindo nessas esferas
de decisão mecanismos de mercado no mínimo discutíveis quando da de-
finição de gastos de recursos públicos. É impossível supor a ausência de
tais grupos editoriais nos rumos do PNLD, uma vez que o MEC não é pro-
dutor de obras didáticas. Mas o que é significativo para a discussão é a
compra de milhões de livros didáticos, pelo Estado, de um número redu-
zido de editores, situação que vem se confirmando por um longo período.
        Dados levantados por meio de análise de relatórios da FAE (Höfling
1993) e de outras fontes sobre compra de livros didáticos pelo Estado, evi-
denciam a acentuada centralização da participação de certos grupos edi-
toriais, como se observa nas tabelas a seguir.



164                                  Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00
Participação das editoras nas aquisições de
livros pelo MEC PLIDEF (1977-1984)

                                                                                    (Em porcentagem)
 Editora           1977     1978         1979     1980     1981   1982       1983        1984    Total
 Brasil             13       11           9            8    11     12        13           13      11
 FTD                 7        8           9            8    15     15        12           15      11
 Bloch               0       14          11           11     9     10         7           4       10
 Ática               6        9           9            9    10     11        10           12      10
 Ibep                9        8           8            7     9      9        11           10      9
 Abril               7       11           6            5     6      6         5           6       7
 Caminho Suave       0        2           6            8     9     10         8           7       6
 Scipione            5        8           8            5     6      5         5           2       6
 Primor             10        9           8            6     4      2         3           2       6
 Ao Livro Livro      9        8           4            6     3      2         1           2       4
 Técnico
 Lemi                3       4            5            7     4      2         3           2       4
 Vigília             5       1            5            7     1      3         2           1       3
 Nacional            2       1            -            0     0      -         4           10      2
 Outros             12       6           11           12    13     13        15           14      12
 Total              100     100          100      100      100    100        100          100     100
Fonte: FAE. In Castro, J.A., 1996, p.23.


Participação das editoras nas aquisições de
livros pelo MEC PNLD 1985-1991
                                                                                    (Em porcentagem)
 Editora            1985          1986          1987       1988     1989       1990/91          Total
 Ática               11            10            15         17          21          25           17
 Brasil              38            23            11          8           –          16           17
 IBEP                 6            17            13         15          16           9           12
 FTD                  9            10            15         12          11          13           12
 Nacional            11            17            11          9           –           3            8
 Saraiva              8             7            10          9          10           8            8
 Scipione             0             3             7         11           9          10           7
 Outros              16            13            19         19          33          15           18
 Total               100          100           100        100      100             100         100
Fonte: FAE. In Castro, J.A., 1996, p.23.


       Considero extremamente significativos os dados obtidos no relatório da
FAE em relação ao ano de 1994. Destaco os dados referentes às seis editoras
que receberam somas significativas na compra de livros didáticos pelo Estado.



Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00                                                     165
Editora                Livros adquiridos                    Valor (R$)
  FTD                       18.020.358                    37.842.751,80
  Scipione                  11.737.983                    23.430.404,98
  Ática                      8.146.974                    18.086.282,28
  Saraiva                    6.512.669                    14.392.998,49
  Brasil                     5.690.469                      9.559.987,92
  Nacional                   3.086.487                      6.049.496,88
Fonte: Relatório FAE



      Obser ve-se que, do total gasto pela FAE com aquisições de li-
vros (segundo o relatório, R$ 118.704.786,54) , a incrível soma de
R$ 109.361.922,85 foi destinada a seis editoras, entre as 35 concor-
rentes no total. Ou seja, cerca de 90% do total de recursos públicos
da FAE para compra e distribuição de livros didáticos foi alocado
para um grupo que não atinge 20% do total de editoras inscritas no
programa.
      Como aponta Castro (1996) em seu trabalho sobre o Processo de
Gasto Público (PGP) do PNLD, no início da década de 1990 eram as-
sim definidas as esferas de decisão relativas ao Programa:

        (...) d) a organização das decisões sobre os quantitativos a se-
        rem adquiridos na DADP (Diretoria de Apoio Didático Pedagógi-
        co) foi realizada em reuniões “fechadas” entre os burocratas
        especialistas da FAE e os representantes das editoras, o que
        potencializou ainda mais a existência da rede de intermediações
        e permitiu a manutenção e entrelaçamento das conexões entre
        a indústria livreira especializada na produção de livros didáticos
        e os dirigentes da FAE; e) as editoras líderes tinham até um ca-
        lendário especial para as negociações, eram as primeiras e dis-
        punham de um tempo maior para discutir suas propostas; (...)
        h) as encomendas, em alguns momentos, foram quase que to-
        talmente pagas antes do recebimento, 50% no ato da assinatura
        do contrato, 25% na entrega de 75% dos livros encomendados
        e o restante no dia da entrega total dos livros. (Castro 1996, p.
        37)


      O Relatório Anual do FNDE referente ao PNDL/98 traz os seguin-
tes dados, dos quais destaco os relativos às seis editoras que mais li-
vros venderam ao Programa Nacional do Livro Didático.



166                                      Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00
Demonstrativo de custo por editora: PNLD.MEC/BRASIL.1998

   Editoras               Total de                    Valor (R$)     Valor (US$)

                     Livros adquiridos

   FTD                   12.022.521                  27.880.471,3    14.751.571
   Scipione              10.583.453                 30.275.323,57    16.018.689
   Nacional              7.589.119                  24.042.523,24    12.720.916
   Ática                 6.645.989                  14.598.002,98    7.723.810
   Formato               6.549.906                  11.732.127.86    6.207.474
   Brasil                5.461.242                  11.694.156,06    6.187.384
   Sub-total             48.858.230                 120.222.614,08   63.609.848
   Total
   Nacional              64.727.839                 158.909.479,84   84.079.089

Fonte: PNLD/98 – FNDE/MEC - Relatório Final
Obs: Total de editoras participantes: 25 editoras


       Essas informações, reforçadas pelos dados das tabelas anterio-
res, explicitam a posição de determinados grupos editoriais que, com
                                5
pequenas diferenças de posição , têm interferido nas decisões quanto
à aquisição pelo MEC de significativa parcela de sua produção editorial
didática.
        Pensando nos atores envolvidos em um programa como o PNLD
(especialistas e técnicos do MEC, do FNDE, autores de livros didáticos,
editores, professores, alunos), seguramente é possível indicar os grupos
editoriais privados como o setor mais organizado, com canais estabeleci-
dos, para fazer valer suas posições e seus interesses.
       Atuam por meio de vários mecanismos e associações que acompa-
nham sistemática e proximamente as diferentes etapas e os diferentes ní-
veis de decisão implicados no planejamento e na implementação do PNLD.
        A Associação Brasileira dos Autores de Livros Educativos (Abrale)
não perde oportunidade de se fazer presente como quando torna público
“(...) seu apoio às medidas recentemente adotadas (...) que estendem o
programa de distribuição gratuita de livros didáticos, beneficiando
agora também os estudantes da 5a à 8a séries, das escolas da rede públi-
ca de todo o Brasil” ( Folha de S. Paulo, 23/5/95).
      Recentemente, os editores reagiram enfaticamente contra a avali-
ação de livros didáticos feita pelas “comissões de especialistas” contratadas



Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00                                   167
pelo MEC, que reprovaram e excluíram da lista de compra do ministério
                                   6
vários títulos de diversas editoras . Essas avaliações subsidiam a elaboração
do “Guia de Livros Didáticos”, a ser distribuído a todos os professores
com o objetivo de apoiar suas escolhas em relação ao livro indicado para
suas aulas.
        Desde 1996 essas comissões têm atuado mais sistematicamente ava-
liando livros didáticos, e à época da divulgação de seus resultados é pos-
sível ler com muita freqüência matérias com títulos como “Editoras vão à Jus-
tiça contra o MEC” (Folha de S. Paulo, 21/5/96), “Autores de livros didáticos
exigem lista do MEC” (Folha de S. Paulo, 13/1/97), em jornais de grande cir-
culação. Até mesmo pressões diretamente exercidas sobre os pareceristas
são relatadas pelos componentes das comissões de avaliação.
      Os níveis de participação e intervenção de outros atores envolvidos
– ou que deveriam estar – na arena decisória do PNLD não serão aqui
abordados, em virtude do recorte do presente texto. O que coloco em
discussão aqui é o papel desempenhado por representantes de setores
0privados na definição de uma estratégia de intervenção (como é o
PNLD) no interior de uma política pública social (como é a educação).
       A acentuada centralização da participação de um grupo de edito-
ras no PNLD coloca em questão as perspectivas de descentralização do
programa. Na medida em que, por sua posição no mercado, dispõem de
mecanismos mais eficientes de divulgação, de marketing voltados aos
setores compradores e consumidores de seus produtos, esses grupos
editoriais alcançam grande poder de penetração e circulação entre seus
“clientes”. Essa situação, associada a outros fatores, condiciona, em
                                             7
grande medida, a escolha feita pelo professor .
        Uma vez que descentralizar um programa de governo deve signi-
ficar também ampliar os níveis de decisão em seu planejamento e sua
implementação, visando essencialmente benefícios sociais, a participa-
ção de grupos privados, atuando de forma concentrada, choca-se com
os princípios dessa perspectiva mais ampla.
       Trazer para o interior da arena decisória de políticas públicas sociais
mecanismos – e interesses – próprios de relações mercadológicas deveria
ser, no mínimo, motivo de muitas discussões e de análises mais apuradas.
       É inegável que os parâmetros para análise, avaliação e mensuração
de políticas sociais, de programas que envolvem gastos públicos, obede-
cem a uma lógica distinta – ao menos deveria ser assim – da que rege a
esfera privada, no caso, a de mercado.



168                                  Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00
Discutir essas questões, analisar o grau de proximidade entre os
objetivos sociais, a descentralização nas esferas de decisão e a alocação
dos recursos públicos, na minha perspectiva, é fazer uma avaliação polí-
tica do Programa Nacional do Livro Didático.


Notas

1. A distribuição de cerca de 85 milhões de livros didáticos em 1997, coloca o
   PNLD entre os maiores do mundo.
2. Para a compra dos livros distribuídos em 1997, foram gastos cerca de 203
   milhões de reais.
3. Essa relação “dada” entre descentralização e melhoria da qualidade do en-
   sino, insistentemente colocada nos projetos oficiais para a educação, é ques-
   tionada em interessante texto de Casassus, “Descentralización a la escuela
   y calidad de la educación: Mitos o realidades?”, exposto em seminário pro-
   movido pela Fundap em junho de 1998.
4. Tanto em termos da importância conferida ao livro didático pelos órgãos ofi-
   ciais como estratégia para referendar sua política para a educação, quanto
   em razão da importância de sua ampla distribuição – quando de boa qualida-
   de – para o processo pedagógico.
5. Considerando-se alterações conjunturais ocorridas nas últimas aquisições, é
   possível listar as editoras Ática, Brasil, Ibep, FTD, Nacional, Saraiva e
   Scipione como “parceiras” constantes do MEC na programação do PNLD.
6. Em 1997 as editoras inscreveram 1.159 títulos de 1ª a 8ª série, dos quais 329
   foram reprovados pelas comissões de avaliadores.
7. As pesquisas sobre livro didático sistematicamente apontam a estreita liga-
   ção entre catálogos e títulos disponíveis para o professor e as indicações de
   livros feitas por ele.


Recebido para publicação em Março de 1999.


        Notes for discussion about the implementation of government
           programs: Focusing on the Textbook National Program
        ABSTRACT: The conception of Social Public Policy even with
        different emphasis should make implicit the principles of larger
        democratization in the decision spheres and larger distribution of
        social benefits to the population. The Textbook National Program –
        PNLD, as a government program inside the educational politicies
        also must be analysed based on such parameters. The historically



Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00                               169
concentrated participation of reduced number of editorials private
      groups in the decision process regarding the PNLD implementation
      brings to discussion such things: the objectives and the
      achievement of a social public policy.


Referências Bibliográficas

DRAIBE, S.M. “O padrão brasileiro de proteção social: Desafios à democra-
     tização”. Análise & Conjuntura. Curitiba, 8 (2), fev. 1986, pp. 13-19.
FIGUEIREDO, M.F. e FIGUEIREDO, A.M.C. “Avaliação política e avaliação
     de políticas: Um quadro de referência teórica”. Análise & Conjun-
     tura . Belo Horizonte, 1 (3), set./dez. 1986, pp. 107-127.
CASTRO, J.A. “O processo de gasto público do Programa do Livro Didá-
                                  o
     tico”. Texto para Discussão n 406. Ipea, mar. 1996.
HÖFLING, E.M. “A FAE e a execução da política educacional”. Tese de
     doutorado. Campinas: Unicamp, 1993.




170                                  Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Marilia Fonseca - O projeto político pedagógico
Marilia Fonseca - O projeto político pedagógicoMarilia Fonseca - O projeto político pedagógico
Marilia Fonseca - O projeto político pedagógicoPaulinha2011
 
Sistemas municipais de ensino no Rio Grande do Sul: uma contribuição para as ...
Sistemas municipais de ensino no Rio Grande do Sul: uma contribuição para as ...Sistemas municipais de ensino no Rio Grande do Sul: uma contribuição para as ...
Sistemas municipais de ensino no Rio Grande do Sul: uma contribuição para as ...MarianaBauer
 
Projeto político-pedagógico como instrumento de autonomia nas redes municipai...
Projeto político-pedagógico como instrumento de autonomia nas redes municipai...Projeto político-pedagógico como instrumento de autonomia nas redes municipai...
Projeto político-pedagógico como instrumento de autonomia nas redes municipai...MarianaBauer
 
O Sistema Municipal de Ensino e suas implicações para a atuação do Conselho M...
O Sistema Municipal de Ensino e suas implicações para a atuação do Conselho M...O Sistema Municipal de Ensino e suas implicações para a atuação do Conselho M...
O Sistema Municipal de Ensino e suas implicações para a atuação do Conselho M...MarianaBauer
 
Plano Municipal de Educação e a afirmação de princípios para a educação local
Plano Municipal de Educação e a afirmação de princípios para a educação localPlano Municipal de Educação e a afirmação de princípios para a educação local
Plano Municipal de Educação e a afirmação de princípios para a educação localMarianaBauer
 
Políticas e Gestão da Educação Básica no Brasil - UFGD - 2010
Políticas e Gestão da Educação Básica no Brasil - UFGD - 2010Políticas e Gestão da Educação Básica no Brasil - UFGD - 2010
Políticas e Gestão da Educação Básica no Brasil - UFGD - 2010Paulinha2011
 
Confira abaixo o documento com as bases programáticas apresentados pelo psb e...
Confira abaixo o documento com as bases programáticas apresentados pelo psb e...Confira abaixo o documento com as bases programáticas apresentados pelo psb e...
Confira abaixo o documento com as bases programáticas apresentados pelo psb e...Polibio Braga
 
O Papel das Políticas Públicas no Desenvolvimento Local e na Transformação da...
O Papel das Políticas Públicas no Desenvolvimento Local e na Transformação da...O Papel das Políticas Públicas no Desenvolvimento Local e na Transformação da...
O Papel das Políticas Públicas no Desenvolvimento Local e na Transformação da...Helenice Alexandrino
 
Funcionários da educação pública: a concepção dos municípios
Funcionários da educação pública: a concepção dos municípiosFuncionários da educação pública: a concepção dos municípios
Funcionários da educação pública: a concepção dos municípiosMarianaBauer
 
Politicas publicas para_o_ensino_fundamental_parametros_curriculares_nacionai...
Politicas publicas para_o_ensino_fundamental_parametros_curriculares_nacionai...Politicas publicas para_o_ensino_fundamental_parametros_curriculares_nacionai...
Politicas publicas para_o_ensino_fundamental_parametros_curriculares_nacionai...SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE PERNAMBUCO
 
Processo nacional de avaliação do rendimento escolar: tema esquecido entre o...
Processo nacional de avaliação do rendimento escolar: tema esquecido entre  o...Processo nacional de avaliação do rendimento escolar: tema esquecido entre  o...
Processo nacional de avaliação do rendimento escolar: tema esquecido entre o...MarianaBauer
 
Principais textos em conjunto
Principais textos em conjuntoPrincipais textos em conjunto
Principais textos em conjuntoEduardo Lopes
 

Mais procurados (15)

Marilia Fonseca - O projeto político pedagógico
Marilia Fonseca - O projeto político pedagógicoMarilia Fonseca - O projeto político pedagógico
Marilia Fonseca - O projeto político pedagógico
 
Sistemas municipais de ensino no Rio Grande do Sul: uma contribuição para as ...
Sistemas municipais de ensino no Rio Grande do Sul: uma contribuição para as ...Sistemas municipais de ensino no Rio Grande do Sul: uma contribuição para as ...
Sistemas municipais de ensino no Rio Grande do Sul: uma contribuição para as ...
 
Projeto político-pedagógico como instrumento de autonomia nas redes municipai...
Projeto político-pedagógico como instrumento de autonomia nas redes municipai...Projeto político-pedagógico como instrumento de autonomia nas redes municipai...
Projeto político-pedagógico como instrumento de autonomia nas redes municipai...
 
O Sistema Municipal de Ensino e suas implicações para a atuação do Conselho M...
O Sistema Municipal de Ensino e suas implicações para a atuação do Conselho M...O Sistema Municipal de Ensino e suas implicações para a atuação do Conselho M...
O Sistema Municipal de Ensino e suas implicações para a atuação do Conselho M...
 
Plataforma NCD 2014
Plataforma NCD 2014Plataforma NCD 2014
Plataforma NCD 2014
 
Plano Municipal de Educação e a afirmação de princípios para a educação local
Plano Municipal de Educação e a afirmação de princípios para a educação localPlano Municipal de Educação e a afirmação de princípios para a educação local
Plano Municipal de Educação e a afirmação de princípios para a educação local
 
N26a08
N26a08N26a08
N26a08
 
Políticas e Gestão da Educação Básica no Brasil - UFGD - 2010
Políticas e Gestão da Educação Básica no Brasil - UFGD - 2010Políticas e Gestão da Educação Básica no Brasil - UFGD - 2010
Políticas e Gestão da Educação Básica no Brasil - UFGD - 2010
 
Confira abaixo o documento com as bases programáticas apresentados pelo psb e...
Confira abaixo o documento com as bases programáticas apresentados pelo psb e...Confira abaixo o documento com as bases programáticas apresentados pelo psb e...
Confira abaixo o documento com as bases programáticas apresentados pelo psb e...
 
O Papel das Políticas Públicas no Desenvolvimento Local e na Transformação da...
O Papel das Políticas Públicas no Desenvolvimento Local e na Transformação da...O Papel das Políticas Públicas no Desenvolvimento Local e na Transformação da...
O Papel das Políticas Públicas no Desenvolvimento Local e na Transformação da...
 
Funcionários da educação pública: a concepção dos municípios
Funcionários da educação pública: a concepção dos municípiosFuncionários da educação pública: a concepção dos municípios
Funcionários da educação pública: a concepção dos municípios
 
Politicas publicas para_o_ensino_fundamental_parametros_curriculares_nacionai...
Politicas publicas para_o_ensino_fundamental_parametros_curriculares_nacionai...Politicas publicas para_o_ensino_fundamental_parametros_curriculares_nacionai...
Politicas publicas para_o_ensino_fundamental_parametros_curriculares_nacionai...
 
Relatório final
Relatório finalRelatório final
Relatório final
 
Processo nacional de avaliação do rendimento escolar: tema esquecido entre o...
Processo nacional de avaliação do rendimento escolar: tema esquecido entre  o...Processo nacional de avaliação do rendimento escolar: tema esquecido entre  o...
Processo nacional de avaliação do rendimento escolar: tema esquecido entre o...
 
Principais textos em conjunto
Principais textos em conjuntoPrincipais textos em conjunto
Principais textos em conjunto
 

Destaque

Atividade final competencias_basicas
Atividade final competencias_basicasAtividade final competencias_basicas
Atividade final competencias_basicastecampinasoeste
 
Formação Pela Escola , Curso Pli - Atividade Final
Formação Pela Escola , Curso Pli - Atividade FinalFormação Pela Escola , Curso Pli - Atividade Final
Formação Pela Escola , Curso Pli - Atividade FinalJose Arnaldo Silva
 
Trabalho de conclusão de curso
Trabalho de conclusão de cursoTrabalho de conclusão de curso
Trabalho de conclusão de cursomarcos_redel
 
Formação Pela Escola , Curso PTE - Atividade Final
Formação Pela Escola , Curso PTE - Atividade FinalFormação Pela Escola , Curso PTE - Atividade Final
Formação Pela Escola , Curso PTE - Atividade FinalJose Arnaldo Silva
 
Formação Pela Escola, Curso PNAE - Atividade Final
Formação Pela Escola, Curso PNAE - Atividade FinalFormação Pela Escola, Curso PNAE - Atividade Final
Formação Pela Escola, Curso PNAE - Atividade FinalJose Arnaldo Silva
 
Formação Pela Escola, Curso Fundeb - Atividade Final
Formação Pela Escola, Curso Fundeb - Atividade FinalFormação Pela Escola, Curso Fundeb - Atividade Final
Formação Pela Escola, Curso Fundeb - Atividade FinalJose Arnaldo Silva
 

Destaque (6)

Atividade final competencias_basicas
Atividade final competencias_basicasAtividade final competencias_basicas
Atividade final competencias_basicas
 
Formação Pela Escola , Curso Pli - Atividade Final
Formação Pela Escola , Curso Pli - Atividade FinalFormação Pela Escola , Curso Pli - Atividade Final
Formação Pela Escola , Curso Pli - Atividade Final
 
Trabalho de conclusão de curso
Trabalho de conclusão de cursoTrabalho de conclusão de curso
Trabalho de conclusão de curso
 
Formação Pela Escola , Curso PTE - Atividade Final
Formação Pela Escola , Curso PTE - Atividade FinalFormação Pela Escola , Curso PTE - Atividade Final
Formação Pela Escola , Curso PTE - Atividade Final
 
Formação Pela Escola, Curso PNAE - Atividade Final
Formação Pela Escola, Curso PNAE - Atividade FinalFormação Pela Escola, Curso PNAE - Atividade Final
Formação Pela Escola, Curso PNAE - Atividade Final
 
Formação Pela Escola, Curso Fundeb - Atividade Final
Formação Pela Escola, Curso Fundeb - Atividade FinalFormação Pela Escola, Curso Fundeb - Atividade Final
Formação Pela Escola, Curso Fundeb - Atividade Final
 

Semelhante a Notas para discussão quanto à implementação de programas de governo em foco o programa nacional do livro didático

A importância do projeto político pedagógico no desenvolvimento das ações da ...
A importância do projeto político pedagógico no desenvolvimento das ações da ...A importância do projeto político pedagógico no desenvolvimento das ações da ...
A importância do projeto político pedagógico no desenvolvimento das ações da ...OZILDO1
 
A organização escolar e a gestão democrática
A organização escolar e a gestão democráticaA organização escolar e a gestão democrática
A organização escolar e a gestão democráticakatiaaureliano
 
Políticas públicas - EJA
Políticas públicas - EJAPolíticas públicas - EJA
Políticas públicas - EJAIsrael serique
 
Politicas publicas e controle social.pdf
Politicas publicas e controle social.pdfPoliticas publicas e controle social.pdf
Politicas publicas e controle social.pdfNatalySantosCunha
 
Wendel Umirim-ce (Resenha politicas publicas e educação)
Wendel Umirim-ce (Resenha politicas publicas e educação)Wendel Umirim-ce (Resenha politicas publicas e educação)
Wendel Umirim-ce (Resenha politicas publicas e educação)Wendel Bike
 
Diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental de 9 anos e o pla...
Diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental de 9 anos e o pla...Diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental de 9 anos e o pla...
Diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental de 9 anos e o pla...pedagogiaveracruz
 
Temas Estudados no CONAE na Escola
Temas Estudados no CONAE na EscolaTemas Estudados no CONAE na Escola
Temas Estudados no CONAE na EscolaAna Paula Silva
 
Professora Gilvonete Souza de Oliveira
Professora Gilvonete Souza de OliveiraProfessora Gilvonete Souza de Oliveira
Professora Gilvonete Souza de Oliveiraadelvaniasouza souza
 
Gestão democrática
Gestão democráticaGestão democrática
Gestão democráticaeliasdemoch
 
Política, planejamento e legislação educacional
Política, planejamento e legislação educacionalPolítica, planejamento e legislação educacional
Política, planejamento e legislação educacionalFrancismar Lopes
 
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 DGest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 DSimone
 
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 DGest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 DSimone
 
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 DGest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 DSimone
 
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 DGest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 DSimone
 
Políticas Públicas de Educação
Políticas Públicas de EducaçãoPolíticas Públicas de Educação
Políticas Públicas de EducaçãoPetianos
 

Semelhante a Notas para discussão quanto à implementação de programas de governo em foco o programa nacional do livro didático (20)

A importância do projeto político pedagógico no desenvolvimento das ações da ...
A importância do projeto político pedagógico no desenvolvimento das ações da ...A importância do projeto político pedagógico no desenvolvimento das ações da ...
A importância do projeto político pedagógico no desenvolvimento das ações da ...
 
A organização escolar e a gestão democrática
A organização escolar e a gestão democráticaA organização escolar e a gestão democrática
A organização escolar e a gestão democrática
 
Políticas públicas - EJA
Políticas públicas - EJAPolíticas públicas - EJA
Políticas públicas - EJA
 
Marcia angela 2015
Marcia angela 2015Marcia angela 2015
Marcia angela 2015
 
1096 5103-2-pb(1)
1096 5103-2-pb(1)1096 5103-2-pb(1)
1096 5103-2-pb(1)
 
Politicas publicas e controle social.pdf
Politicas publicas e controle social.pdfPoliticas publicas e controle social.pdf
Politicas publicas e controle social.pdf
 
Wendel Umirim-ce (Resenha politicas publicas e educação)
Wendel Umirim-ce (Resenha politicas publicas e educação)Wendel Umirim-ce (Resenha politicas publicas e educação)
Wendel Umirim-ce (Resenha politicas publicas e educação)
 
Ppp2
Ppp2Ppp2
Ppp2
 
Diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental de 9 anos e o pla...
Diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental de 9 anos e o pla...Diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental de 9 anos e o pla...
Diretrizes curriculares nacionais para o ensino fundamental de 9 anos e o pla...
 
P
PP
P
 
Temas Estudados no CONAE na Escola
Temas Estudados no CONAE na EscolaTemas Estudados no CONAE na Escola
Temas Estudados no CONAE na Escola
 
Professora Gilvonete Souza de Oliveira
Professora Gilvonete Souza de OliveiraProfessora Gilvonete Souza de Oliveira
Professora Gilvonete Souza de Oliveira
 
Slide disciplina gestao (4)
Slide disciplina gestao (4)Slide disciplina gestao (4)
Slide disciplina gestao (4)
 
Gestão democrática
Gestão democráticaGestão democrática
Gestão democrática
 
Política, planejamento e legislação educacional
Política, planejamento e legislação educacionalPolítica, planejamento e legislação educacional
Política, planejamento e legislação educacional
 
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 DGest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
 
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 DGest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
 
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 DGest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
 
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 DGest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
Gest%C3%A3o Democr%C3%A1tica%5 B1%5 D
 
Políticas Públicas de Educação
Políticas Públicas de EducaçãoPolíticas Públicas de Educação
Políticas Públicas de Educação
 

Mais de DafianaCarlos

Anais_IV Encontro de Educação e Visualidade 2016 vf (1)
Anais_IV Encontro de Educação e Visualidade 2016 vf (1)Anais_IV Encontro de Educação e Visualidade 2016 vf (1)
Anais_IV Encontro de Educação e Visualidade 2016 vf (1)DafianaCarlos
 
CARLOS,Erenildo João. A formação do discurso sobre a educação de adultos no B...
CARLOS,Erenildo João. A formação do discurso sobre a educação de adultos no B...CARLOS,Erenildo João. A formação do discurso sobre a educação de adultos no B...
CARLOS,Erenildo João. A formação do discurso sobre a educação de adultos no B...DafianaCarlos
 
PROGRAMAÇÃO DAS RODAS DE DIÁLOGO V EEV 2015
PROGRAMAÇÃO DAS RODAS DE DIÁLOGO V EEV 2015PROGRAMAÇÃO DAS RODAS DE DIÁLOGO V EEV 2015
PROGRAMAÇÃO DAS RODAS DE DIÁLOGO V EEV 2015DafianaCarlos
 
ANAIS DO V ENCONTRO DE EDUCAÇÃO E VISUALIDADE
ANAIS DO V ENCONTRO DE EDUCAÇÃO E VISUALIDADEANAIS DO V ENCONTRO DE EDUCAÇÃO E VISUALIDADE
ANAIS DO V ENCONTRO DE EDUCAÇÃO E VISUALIDADEDafianaCarlos
 
TRABALHOS APROVADOS PARA O VEEV 2015
TRABALHOS APROVADOS PARA O VEEV 2015TRABALHOS APROVADOS PARA O VEEV 2015
TRABALHOS APROVADOS PARA O VEEV 2015DafianaCarlos
 
ANAIS: COLÓQUIO INTERNACIONAL INTERFACES DO IMAGINÁRIO: EDUCAÇÃO, CINEMA E RE...
ANAIS: COLÓQUIO INTERNACIONAL INTERFACES DO IMAGINÁRIO: EDUCAÇÃO, CINEMA E RE...ANAIS: COLÓQUIO INTERNACIONAL INTERFACES DO IMAGINÁRIO: EDUCAÇÃO, CINEMA E RE...
ANAIS: COLÓQUIO INTERNACIONAL INTERFACES DO IMAGINÁRIO: EDUCAÇÃO, CINEMA E RE...DafianaCarlos
 
PROGRAMAÇÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO_COLÓQUIO INTERFACES DO IMAGINÁRIO
PROGRAMAÇÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO_COLÓQUIO INTERFACES DO IMAGINÁRIOPROGRAMAÇÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO_COLÓQUIO INTERFACES DO IMAGINÁRIO
PROGRAMAÇÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO_COLÓQUIO INTERFACES DO IMAGINÁRIODafianaCarlos
 
Trabalhos aprovados_I COLÓQUIO INTERNACIONAL INTERFASES DO IMAGINÁRIO: EDUCAÇ...
Trabalhos aprovados_I COLÓQUIO INTERNACIONAL INTERFASES DO IMAGINÁRIO: EDUCAÇ...Trabalhos aprovados_I COLÓQUIO INTERNACIONAL INTERFASES DO IMAGINÁRIO: EDUCAÇ...
Trabalhos aprovados_I COLÓQUIO INTERNACIONAL INTERFASES DO IMAGINÁRIO: EDUCAÇ...DafianaCarlos
 
Projeto turma eja 1 bimestre_prof. dafiana carlos_2013
Projeto turma eja 1 bimestre_prof. dafiana carlos_2013Projeto turma eja 1 bimestre_prof. dafiana carlos_2013
Projeto turma eja 1 bimestre_prof. dafiana carlos_2013DafianaCarlos
 
Dois manuais de história para professores histórias de sua produção
Dois manuais de história para professores  histórias de sua produçãoDois manuais de história para professores  histórias de sua produção
Dois manuais de história para professores histórias de sua produçãoDafianaCarlos
 
O interlocutor nas propostas de produção textual no livro didático
O interlocutor nas propostas de produção textual no livro didáticoO interlocutor nas propostas de produção textual no livro didático
O interlocutor nas propostas de produção textual no livro didáticoDafianaCarlos
 
Livros didáticos em dimensões materiais e simbólicas
Livros didáticos em dimensões materiais e simbólicasLivros didáticos em dimensões materiais e simbólicas
Livros didáticos em dimensões materiais e simbólicasDafianaCarlos
 
Autores e editores de compêndios e livros de leitura
Autores e editores de compêndios e livros de leituraAutores e editores de compêndios e livros de leitura
Autores e editores de compêndios e livros de leituraDafianaCarlos
 
Migração, diversidade cultural e educação de jovens e adultos no brasil
Migração, diversidade cultural e educação de jovens e adultos no brasilMigração, diversidade cultural e educação de jovens e adultos no brasil
Migração, diversidade cultural e educação de jovens e adultos no brasilDafianaCarlos
 
Letramento leitura da palavra e leitura do mundo
Letramento leitura da palavra e leitura do mundoLetramento leitura da palavra e leitura do mundo
Letramento leitura da palavra e leitura do mundoDafianaCarlos
 
A formação inicial do educador de jovens e adultos
A formação inicial do educador de jovens e adultosA formação inicial do educador de jovens e adultos
A formação inicial do educador de jovens e adultosDafianaCarlos
 

Mais de DafianaCarlos (20)

Anais_IV Encontro de Educação e Visualidade 2016 vf (1)
Anais_IV Encontro de Educação e Visualidade 2016 vf (1)Anais_IV Encontro de Educação e Visualidade 2016 vf (1)
Anais_IV Encontro de Educação e Visualidade 2016 vf (1)
 
CARLOS,Erenildo João. A formação do discurso sobre a educação de adultos no B...
CARLOS,Erenildo João. A formação do discurso sobre a educação de adultos no B...CARLOS,Erenildo João. A formação do discurso sobre a educação de adultos no B...
CARLOS,Erenildo João. A formação do discurso sobre a educação de adultos no B...
 
PROGRAMAÇÃO DAS RODAS DE DIÁLOGO V EEV 2015
PROGRAMAÇÃO DAS RODAS DE DIÁLOGO V EEV 2015PROGRAMAÇÃO DAS RODAS DE DIÁLOGO V EEV 2015
PROGRAMAÇÃO DAS RODAS DE DIÁLOGO V EEV 2015
 
ANAIS DO V ENCONTRO DE EDUCAÇÃO E VISUALIDADE
ANAIS DO V ENCONTRO DE EDUCAÇÃO E VISUALIDADEANAIS DO V ENCONTRO DE EDUCAÇÃO E VISUALIDADE
ANAIS DO V ENCONTRO DE EDUCAÇÃO E VISUALIDADE
 
TRABALHOS APROVADOS PARA O VEEV 2015
TRABALHOS APROVADOS PARA O VEEV 2015TRABALHOS APROVADOS PARA O VEEV 2015
TRABALHOS APROVADOS PARA O VEEV 2015
 
ANAIS: COLÓQUIO INTERNACIONAL INTERFACES DO IMAGINÁRIO: EDUCAÇÃO, CINEMA E RE...
ANAIS: COLÓQUIO INTERNACIONAL INTERFACES DO IMAGINÁRIO: EDUCAÇÃO, CINEMA E RE...ANAIS: COLÓQUIO INTERNACIONAL INTERFACES DO IMAGINÁRIO: EDUCAÇÃO, CINEMA E RE...
ANAIS: COLÓQUIO INTERNACIONAL INTERFACES DO IMAGINÁRIO: EDUCAÇÃO, CINEMA E RE...
 
PROGRAMAÇÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO_COLÓQUIO INTERFACES DO IMAGINÁRIO
PROGRAMAÇÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO_COLÓQUIO INTERFACES DO IMAGINÁRIOPROGRAMAÇÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO_COLÓQUIO INTERFACES DO IMAGINÁRIO
PROGRAMAÇÃO DOS GRUPOS DE TRABALHO_COLÓQUIO INTERFACES DO IMAGINÁRIO
 
Trabalhos aprovados_I COLÓQUIO INTERNACIONAL INTERFASES DO IMAGINÁRIO: EDUCAÇ...
Trabalhos aprovados_I COLÓQUIO INTERNACIONAL INTERFASES DO IMAGINÁRIO: EDUCAÇ...Trabalhos aprovados_I COLÓQUIO INTERNACIONAL INTERFASES DO IMAGINÁRIO: EDUCAÇ...
Trabalhos aprovados_I COLÓQUIO INTERNACIONAL INTERFASES DO IMAGINÁRIO: EDUCAÇ...
 
Projeto turma eja 1 bimestre_prof. dafiana carlos_2013
Projeto turma eja 1 bimestre_prof. dafiana carlos_2013Projeto turma eja 1 bimestre_prof. dafiana carlos_2013
Projeto turma eja 1 bimestre_prof. dafiana carlos_2013
 
Hachetetepe n5
Hachetetepe n5Hachetetepe n5
Hachetetepe n5
 
Dois manuais de história para professores histórias de sua produção
Dois manuais de história para professores  histórias de sua produçãoDois manuais de história para professores  histórias de sua produção
Dois manuais de história para professores histórias de sua produção
 
O interlocutor nas propostas de produção textual no livro didático
O interlocutor nas propostas de produção textual no livro didáticoO interlocutor nas propostas de produção textual no livro didático
O interlocutor nas propostas de produção textual no livro didático
 
Livros didáticos em dimensões materiais e simbólicas
Livros didáticos em dimensões materiais e simbólicasLivros didáticos em dimensões materiais e simbólicas
Livros didáticos em dimensões materiais e simbólicas
 
Autores e editores de compêndios e livros de leitura
Autores e editores de compêndios e livros de leituraAutores e editores de compêndios e livros de leitura
Autores e editores de compêndios e livros de leitura
 
Migração, diversidade cultural e educação de jovens e adultos no brasil
Migração, diversidade cultural e educação de jovens e adultos no brasilMigração, diversidade cultural e educação de jovens e adultos no brasil
Migração, diversidade cultural e educação de jovens e adultos no brasil
 
Letramento leitura da palavra e leitura do mundo
Letramento leitura da palavra e leitura do mundoLetramento leitura da palavra e leitura do mundo
Letramento leitura da palavra e leitura do mundo
 
A formação inicial do educador de jovens e adultos
A formação inicial do educador de jovens e adultosA formação inicial do educador de jovens e adultos
A formação inicial do educador de jovens e adultos
 
Leitura da imagem
Leitura da imagemLeitura da imagem
Leitura da imagem
 
Imagem e ceticismo
Imagem e ceticismoImagem e ceticismo
Imagem e ceticismo
 
EDUCANDO O OLHAR
EDUCANDO O OLHAREDUCANDO O OLHAR
EDUCANDO O OLHAR
 

Último

Transformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx GeometriaTransformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx Geometriajucelio7
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassAugusto Costa
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Mary Alvarenga
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADOcarolinacespedes23
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfMarianaMoraesMathias
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
ANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptx
ANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptxANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptx
ANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptxlvaroSantos51
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxRonys4
 
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1Michycau1
 
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL - PPGEEA - FINAL.pptx
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL -  PPGEEA - FINAL.pptxSEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL -  PPGEEA - FINAL.pptx
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL - PPGEEA - FINAL.pptxCompartilhadoFACSUFA
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfAlissonMiranda22
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinhaMary Alvarenga
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMVanessaCavalcante37
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?Rosalina Simão Nunes
 

Último (20)

Transformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx GeometriaTransformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx Geometria
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e Característicass
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
 
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADOactivIDADES CUENTO  lobo esta  CUENTO CUARTO GRADO
activIDADES CUENTO lobo esta CUENTO CUARTO GRADO
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
ANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptx
ANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptxANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptx
ANATOMIA-EM-RADIOLOGIA_light.plçkjkjiptx
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
 
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
tabela desenhos projetivos REVISADA.pdf1
 
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL - PPGEEA - FINAL.pptx
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL -  PPGEEA - FINAL.pptxSEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL -  PPGEEA - FINAL.pptx
SEMINÁRIO QUIMICA AMBIENTAL - PPGEEA - FINAL.pptx
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
 
Bullying - Texto e cruzadinha
Bullying        -     Texto e cruzadinhaBullying        -     Texto e cruzadinha
Bullying - Texto e cruzadinha
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEMCOMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
COMPETÊNCIA 1 DA REDAÇÃO DO ENEM - REDAÇÃO ENEM
 
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
E agora?! Já não avalio as atitudes e valores?
 

Notas para discussão quanto à implementação de programas de governo em foco o programa nacional do livro didático

  • 1. Notas para discussão quanto à implementação de programas de governo: Em foco o Programa Nacional do Livro Didático* Eloisa de Mattos Höfling** RESUMO: A concepção de políticas públicas sociais, mesmo com- portando diferentes ênfases, deve trazer implícitos os princípios de maior democratização nas esferas de decisão e maior distribuição de benefícios sociais à população focalizada. O Programa Nacional do Livro Didático - PNLD, como um programa de governo no interior da política educacional, também deve ser analisado à luz destes parâmetros. A participação historicamente concentrada de reduzido número de grupos editoriais privados no processo decisório referen- te à implementação do PNLD, coloca em questão tanto os objetivos como o alcance de uma política pública de corte social. Palavras-chave: Políticas sociais, política educacional, programa de go- verno, livro didático Inicialmente quero explicitar quais serão meus parâmetros para analisar o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) neste texto. Entendo o PNLD como uma estratégia de apoio à política educacio- nal implementada pelo Estado brasileiro com a perspectiva de suprir uma demanda que adquire caráter obrigatório com a Constituição de 1988: “O de- ver do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de (...) VII – atendimento ao educando no ensino fundamental, através de progra- * Texto originalmente apresentado no XXII Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-gra- duação e Pesquisa em Ciências Sociais – ANPOCS. Caxambu, outubro de 1998. ** Professora-doutora da Faculdade de Educação, Unicamp. Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00 159
  • 2. mas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde” (art. 208). Assim, fornecer material didático, transporte, merenda escolar e assis- tência à saúde é uma forma obrigatória de cumprir com o dever do Estado em matéria de educação. O Estado deve assumir o compromisso de garantir o en- sino fundamental gratuito e obrigatório e, ao mesmo tempo, o atendimento ao educando, através de programas suplementares. Nesses termos, a natureza dos programas de assistência ao estudante se altera: de caráter assistencial, conjuntural, adquirem pelo preceito constitucional, caráter universalizante, obrigatório, destinados e garantidos a todos aqueles que tem, igualmente, di- reito ao acesso à educação, pelo menos em termos legais. A distribuição gratuita de livro didático tradicionalmente vem sendo entendida como uma das funções do Estado no que se refere ao fornecimento do material didático-pedagógico. Mesmo que seja possível uma interpretação mais elástica em relação a essa obrigatoriedade, o próprio governo considera seu empenho na compra e na distribuição gratuita de livros às escolas, como tarefa essencial no atendimento à população escolar. O PNLD é sistematica- mente mencionado – e até mesmo politicamente usado – para referendar o nomeado “sucesso” da política educacional brasileira. É um programa de 1 proporções gigantescas , envolvendo em seu planejamento e implementação questões também gigantescas. Para a otimização do PNLD, a descen- tralização de sua execução tem sido colocada como meta fundamental. Pela amplitude e pelo caráter que assume no âmbito da política educacional, considero o Programa Nacional do Livro Didático uma unidade autônoma para análise, estando nele próprio contidos os contornos de uma política pública de corte social, como é a política educacional. Obviamente isso não significa que sua análise se dê desvinculada de outras estratégias, de outros programas, e muito menos sem considerar a articulação entre a política educacional e outras políticas sociais do Estado brasileiro. Outro referencial que pretendo explicitar é que desenvolverei neste tex- to uma análise política, e não de política, em relação ao Programa do Livro Didático e à sua descentralização. Isso significa que estarei mais preocupa- da com os fatores e atores que determinam uma política de compra e distri- buição de milhões de livros didáticos, e menos com os resultados obtidos em relação à cobertura do programa, apesar da reconhecida ligação entre os dois níveis de análise. Por análise política entendo o estudo das diferentes instâncias que fa- zem as escolhas em relação a um programa ou mesmo a uma política. Como, por quais atores, são tomadas as decisões no processo de planejamento e 160 Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00
  • 3. implementação de uma política pública? Quais os interesses considerados nas decisões quanto a gastos públicos, num programa que envolve recursos consideráveis2? No caso de políticas públicas sociais, pensadas como ações do Estado visando, em última instância, atingir um padrão de proteção soci- al que expanda a distribuição do bem-estar entre a população, a análise se volta essencialmente para “a aferição do grau de consistência entre os obje- tivos sociais, os princípios de justiça e, claro, os meios a serem usados” (Figueiredo e Figueiredo 1986, p. 123). Reconhecendo o movimento positivo em várias iniciativas do MEC em relação ao PNLD, penso que, cada vez com mais intensidade, devemos de- senvolver análises políticas dos programas e propostas para educação. Cada vez mais me convenço de que a natureza da reforma da educação necessá- ria não tem prioritariamente raiz administrativa, de gestão, de racionalização de gastos, mas é sim de natureza política: é necessário discutir além de cri- térios gerenciais de eficiência, de racionalidades institucional e operacional. A descentralização pretendida em relação ao PNLD é colocada am- plamente como uma conquista a ser atingida pelos diferentes níveis de exe- cução da política educacional como um todo. Tem sido considerada indica- dor de maior qualidade, eficiência e eqüidade na implementação de políticas sociais em geral, e educacional, em particular. A descentralização apresenta-se como “bandeira” de democratização, de relações menos desiguais e injustas entre os diferentes grupos e setores sociais, entre as diferentes regiões do Brasil, em sua articulação com uma po- lítica central. A Constituição de 1988 reflete essa tendência. Especialmente desde a década de 1980, estudos sobre as desigual- dades sociais e regionais no Brasil convergem ao apontar a descentralização como um dos caminhos fundamentais para a alteração de tal quadro. O processo de descentralização, entre outros, é apontado como um avanço na direção de maior democratização e justiça na distribuição dos benefícios sociais para superar as profundas desigualdades acentuadas pelo padrão de proteção social implementado no Brasil pós-64, o qual tem como princípios articuladores: a extrema centralização política e financeira no nível federal das ações sociais do governo; acentuada fragmentação institucional; exclusão da participação social e política da população nos processos de decisão; o prin- cípio de autofinanciamento do investimento social; o princípio da privatização e o uso clientelístico da máquina social (Draibe 1988). Possivelmente em virtude de uma identificação estreita e apressa- da entre essas concepções, a descentralização freqüentemente é focali- zada como um processo intrinsecamente positivo, por definição mais de- Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00 161
  • 4. mocrático. Apesar de, em princípio, comportar uma ampliação no proces- so de tomada de decisões, este será certamente condicionado pelos limi- tes institucionais historicamente construídos nos diversos setores das po- líticas públicas, pela natureza e pelo poder dos atores envolvidos nas de- cisões, pela participação dos beneficiários dos programas no controle de sua implementação, entre outros fatores. É importante assinalar também que o conceito de descentralização tem sido usado de maneira generalizada, com pouca referência à heterogeneidade em sua consolidação, com pouca atenção para suas especificidades. Nessa pers- pectiva, quero reforçar a distinção apontada na literatura recente, a despeito de ênfases diferentes, entre descentralização – muitas vezes confundida com municipalização – e desconcentração. A descentralização, como eu a entendo neste texto, implica alterações efetivas no funcionamento das várias esferas do poder público, envolvendo transferência de poder decisório, de competências, de atribuições e de recursos entre elas. A desconcentração diz respeito à delega- ção de atribuições no interior de um mesmo nível de governo, para unidades administrativas regionais ou locais, para o exercício de atividades específicas. Nesses termos, a primeira acepção do termo descentralização, acima, é a que se aproxima da reivindicação histórica de setores progressistas na defesa de uma educação mais democrática e de melhor qualidade3. Na medida em que a descentralização tem sido sistematicamente colo- cada como objetivo importante para o Programa Nacional do Livro Didático, as- sim como para todo o sistema educacional, várias questões podem ser levanta- das em relação à avaliação política do programa, à implementação da política pública para o livro didático, por exemplo: o formato institucional historicamente construído para execução do PNLD e os atores tradicionalmente envolvidos nas decisões do programa têm contribuído ou não para a descentralização e a implementação de uma estratégia de intervenção mais democratizante, mais vol- tada para os objetivos próprios de uma política pública social? Nessa perspectiva, penso que é importante recorrer à história do Pro- grama Nacional do Livro Didático para melhor avaliar as possibilidades de otimização – e descentralização – que podem ser esperadas. O programa de distribuição de livros – e materiais – didáticos pelo Ministério da Educação passou por várias fases e sua execução, por diferentes órgãos. As origens da relação Estado/livro didático remontam ao ano de 1938, o quando o Decreto-Lei n 1006 instituiu a Comissão Nacional do Livro Didáti- co, estabelecendo condições para produção, importação e utilização do livro didático no Brasil. Por esse decreto foram estabelecidos impedimentos à autorização para edição de livros didáticos e exigências quanto à correção de informação e linguagem. 162 Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00
  • 5. o Em 1945, o Decreto-Lei n 8460 redimensionou as funções da Comis- são Nacional do Livro Didático, centralizando, na esfera federal, o poder de legislar sobre o livro didático. Consolidou-se, pois, a legislação sobre a matéria. O Estado passou, então, a assumir o controle sobre o processo de adoção de livros em todos os estabelecimentos de ensino no território nacional. Gradativamente, tais funções foram se descentralizando, com a criação, em alguns Estados, de Comissões Estaduais do Livro Didático. A Fundação Nacional de Material Escolar (Fename), criada em outu- bro de 1967, absorveu os programas desenvolvidos pela extinta Campanha Nacional de Material de Ensino. A Fename tinha como finalidade básica a produção e a distribuição de material didático às instituições escolares, mas, efetivamente, não contava com organização administrativa nem recursos fi- nanceiros para desempenhar tal tarefa. Em decorrência dessa situação, em 1970 foi implantado o sistema de co-edição com as editoras nacionais, por o intermédio da Portaria Ministerial n 35/70. Até 1971, quando foi extinta, a Comissão do Livro Técnico e Didático (Colted), criada em 1966, desempenhou as funções de coordenar e execu- tar as atividades do MEC relacionadas ao aperfeiçoamento do livro didático, à sua produção, edição e distribuição. A partir de 1972, o Instituto Nacional do Livro (INL), assumiu a responsa- bilidade de promover e agilizar, em ação conjugada com as editoras, o programa de co-edição de obras didáticas. Criou-se, pois, um programa especial de co-edição, o Programa do Livro Didático (Plid), abrangendo os diferentes níveis de ensino: Programa do Livro Didático para o Ensino Fundamental (Plidef), Programa do Livro Didático para o Ensino Médio (Plidem), Programa do Livro Didático para o Ensino Superior (Plides) e Programa do Livro Didático para o Ensino Supletivo (Plidesu). Até 1975, o Instituto Nacional do Livro (INL) teve a responsabilidade de promover, juntamente com as editoras, o programa de co-edição. Em 1976, a Fename sofreu modificações em sua estrutura (Decreto 77.107/76), e a ela delegou-se a responsabilidade de desenvolver as atividades dos programas de co-edição de obras didáticas, o que levou ao aumento da tiragem dos livros e à criação de um mercado seguro para as editoras, decorrente do interesse do governo federal em obter boa parte dessa tira- gem para distribuí-la gratuitamente às escolas e às bibliotecas das unida- des federadas. Com o sistema de co-edição, de censor oficial dos livros didáticos usa- dos nas escolas brasileiras, o Estado foi assumindo também o papel de financiador desses livros. Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00 163
  • 6. Em abril de 1983, foi criada a Fundação de Assistência ao Estudante (FAE), absorvendo os programas que eram da alçada da Fename e do Inae, órgãos vinculados ao MEC. No mesmo ano, o Programa do Livro Di- dático (Plid) foi incorporado à FAE. Em 1984, deu-se fim ao sistema de co- edição, passando o MEC a ser comprador dos livros produzidos pelas edi- toras participantes do Plid. o A partir de agosto de 1985, por meio do Decreto-Lei n 91.542, o Programa recebeu a denominação de Programa Nacional do Livro Didá- tico (PNLD), tendo seus objetivos substancialmente ampliados. Estabele- ceu-se como meta o atendimento de todos os alunos de primeira a oitava série do primeiro grau das escolas públicas federais, estaduais, territoriais, municipais e comunitárias do país, com prioridade para os componentes básicos Comunicação e Expressão e Matemática. Em 1996 a FAE é extinta, ficando a cargo do Fundo Nacional de De- senvolvimento da Educação (FNDE) – autarquia federal, vinculada ao MEC, criada em 1968 – a execução do PNLD, com recursos oriundos prin- cipalmente do Salário-Educação. Nos limites deste texto, com o propósito de desenvolver uma avalia- ção política do PNLD, pretendo focalizar a estreita relação entre Estado e grupos editoriais privados no planejamento e na implementação de um pro- grama considerado essencial4 no interior da política pública de educação. Meu argumento é que a forte presença de setores privados – no caso, os grupos editoriais – na arena de decisão e definição da política pública para o livro didático pode comprometer a natureza, a própria conceituação de uma política social, com contornos mais democra- tizantes. No processo decisório relativo a essa política pública, o Estado tem como parceiros representantes do setor privado, inserindo nessas esferas de decisão mecanismos de mercado no mínimo discutíveis quando da de- finição de gastos de recursos públicos. É impossível supor a ausência de tais grupos editoriais nos rumos do PNLD, uma vez que o MEC não é pro- dutor de obras didáticas. Mas o que é significativo para a discussão é a compra de milhões de livros didáticos, pelo Estado, de um número redu- zido de editores, situação que vem se confirmando por um longo período. Dados levantados por meio de análise de relatórios da FAE (Höfling 1993) e de outras fontes sobre compra de livros didáticos pelo Estado, evi- denciam a acentuada centralização da participação de certos grupos edi- toriais, como se observa nas tabelas a seguir. 164 Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00
  • 7. Participação das editoras nas aquisições de livros pelo MEC PLIDEF (1977-1984) (Em porcentagem) Editora 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 Total Brasil 13 11 9 8 11 12 13 13 11 FTD 7 8 9 8 15 15 12 15 11 Bloch 0 14 11 11 9 10 7 4 10 Ática 6 9 9 9 10 11 10 12 10 Ibep 9 8 8 7 9 9 11 10 9 Abril 7 11 6 5 6 6 5 6 7 Caminho Suave 0 2 6 8 9 10 8 7 6 Scipione 5 8 8 5 6 5 5 2 6 Primor 10 9 8 6 4 2 3 2 6 Ao Livro Livro 9 8 4 6 3 2 1 2 4 Técnico Lemi 3 4 5 7 4 2 3 2 4 Vigília 5 1 5 7 1 3 2 1 3 Nacional 2 1 - 0 0 - 4 10 2 Outros 12 6 11 12 13 13 15 14 12 Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 Fonte: FAE. In Castro, J.A., 1996, p.23. Participação das editoras nas aquisições de livros pelo MEC PNLD 1985-1991 (Em porcentagem) Editora 1985 1986 1987 1988 1989 1990/91 Total Ática 11 10 15 17 21 25 17 Brasil 38 23 11 8 – 16 17 IBEP 6 17 13 15 16 9 12 FTD 9 10 15 12 11 13 12 Nacional 11 17 11 9 – 3 8 Saraiva 8 7 10 9 10 8 8 Scipione 0 3 7 11 9 10 7 Outros 16 13 19 19 33 15 18 Total 100 100 100 100 100 100 100 Fonte: FAE. In Castro, J.A., 1996, p.23. Considero extremamente significativos os dados obtidos no relatório da FAE em relação ao ano de 1994. Destaco os dados referentes às seis editoras que receberam somas significativas na compra de livros didáticos pelo Estado. Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00 165
  • 8. Editora Livros adquiridos Valor (R$) FTD 18.020.358 37.842.751,80 Scipione 11.737.983 23.430.404,98 Ática 8.146.974 18.086.282,28 Saraiva 6.512.669 14.392.998,49 Brasil 5.690.469 9.559.987,92 Nacional 3.086.487 6.049.496,88 Fonte: Relatório FAE Obser ve-se que, do total gasto pela FAE com aquisições de li- vros (segundo o relatório, R$ 118.704.786,54) , a incrível soma de R$ 109.361.922,85 foi destinada a seis editoras, entre as 35 concor- rentes no total. Ou seja, cerca de 90% do total de recursos públicos da FAE para compra e distribuição de livros didáticos foi alocado para um grupo que não atinge 20% do total de editoras inscritas no programa. Como aponta Castro (1996) em seu trabalho sobre o Processo de Gasto Público (PGP) do PNLD, no início da década de 1990 eram as- sim definidas as esferas de decisão relativas ao Programa: (...) d) a organização das decisões sobre os quantitativos a se- rem adquiridos na DADP (Diretoria de Apoio Didático Pedagógi- co) foi realizada em reuniões “fechadas” entre os burocratas especialistas da FAE e os representantes das editoras, o que potencializou ainda mais a existência da rede de intermediações e permitiu a manutenção e entrelaçamento das conexões entre a indústria livreira especializada na produção de livros didáticos e os dirigentes da FAE; e) as editoras líderes tinham até um ca- lendário especial para as negociações, eram as primeiras e dis- punham de um tempo maior para discutir suas propostas; (...) h) as encomendas, em alguns momentos, foram quase que to- talmente pagas antes do recebimento, 50% no ato da assinatura do contrato, 25% na entrega de 75% dos livros encomendados e o restante no dia da entrega total dos livros. (Castro 1996, p. 37) O Relatório Anual do FNDE referente ao PNDL/98 traz os seguin- tes dados, dos quais destaco os relativos às seis editoras que mais li- vros venderam ao Programa Nacional do Livro Didático. 166 Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00
  • 9. Demonstrativo de custo por editora: PNLD.MEC/BRASIL.1998 Editoras Total de Valor (R$) Valor (US$) Livros adquiridos FTD 12.022.521 27.880.471,3 14.751.571 Scipione 10.583.453 30.275.323,57 16.018.689 Nacional 7.589.119 24.042.523,24 12.720.916 Ática 6.645.989 14.598.002,98 7.723.810 Formato 6.549.906 11.732.127.86 6.207.474 Brasil 5.461.242 11.694.156,06 6.187.384 Sub-total 48.858.230 120.222.614,08 63.609.848 Total Nacional 64.727.839 158.909.479,84 84.079.089 Fonte: PNLD/98 – FNDE/MEC - Relatório Final Obs: Total de editoras participantes: 25 editoras Essas informações, reforçadas pelos dados das tabelas anterio- res, explicitam a posição de determinados grupos editoriais que, com 5 pequenas diferenças de posição , têm interferido nas decisões quanto à aquisição pelo MEC de significativa parcela de sua produção editorial didática. Pensando nos atores envolvidos em um programa como o PNLD (especialistas e técnicos do MEC, do FNDE, autores de livros didáticos, editores, professores, alunos), seguramente é possível indicar os grupos editoriais privados como o setor mais organizado, com canais estabeleci- dos, para fazer valer suas posições e seus interesses. Atuam por meio de vários mecanismos e associações que acompa- nham sistemática e proximamente as diferentes etapas e os diferentes ní- veis de decisão implicados no planejamento e na implementação do PNLD. A Associação Brasileira dos Autores de Livros Educativos (Abrale) não perde oportunidade de se fazer presente como quando torna público “(...) seu apoio às medidas recentemente adotadas (...) que estendem o programa de distribuição gratuita de livros didáticos, beneficiando agora também os estudantes da 5a à 8a séries, das escolas da rede públi- ca de todo o Brasil” ( Folha de S. Paulo, 23/5/95). Recentemente, os editores reagiram enfaticamente contra a avali- ação de livros didáticos feita pelas “comissões de especialistas” contratadas Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00 167
  • 10. pelo MEC, que reprovaram e excluíram da lista de compra do ministério 6 vários títulos de diversas editoras . Essas avaliações subsidiam a elaboração do “Guia de Livros Didáticos”, a ser distribuído a todos os professores com o objetivo de apoiar suas escolhas em relação ao livro indicado para suas aulas. Desde 1996 essas comissões têm atuado mais sistematicamente ava- liando livros didáticos, e à época da divulgação de seus resultados é pos- sível ler com muita freqüência matérias com títulos como “Editoras vão à Jus- tiça contra o MEC” (Folha de S. Paulo, 21/5/96), “Autores de livros didáticos exigem lista do MEC” (Folha de S. Paulo, 13/1/97), em jornais de grande cir- culação. Até mesmo pressões diretamente exercidas sobre os pareceristas são relatadas pelos componentes das comissões de avaliação. Os níveis de participação e intervenção de outros atores envolvidos – ou que deveriam estar – na arena decisória do PNLD não serão aqui abordados, em virtude do recorte do presente texto. O que coloco em discussão aqui é o papel desempenhado por representantes de setores 0privados na definição de uma estratégia de intervenção (como é o PNLD) no interior de uma política pública social (como é a educação). A acentuada centralização da participação de um grupo de edito- ras no PNLD coloca em questão as perspectivas de descentralização do programa. Na medida em que, por sua posição no mercado, dispõem de mecanismos mais eficientes de divulgação, de marketing voltados aos setores compradores e consumidores de seus produtos, esses grupos editoriais alcançam grande poder de penetração e circulação entre seus “clientes”. Essa situação, associada a outros fatores, condiciona, em 7 grande medida, a escolha feita pelo professor . Uma vez que descentralizar um programa de governo deve signi- ficar também ampliar os níveis de decisão em seu planejamento e sua implementação, visando essencialmente benefícios sociais, a participa- ção de grupos privados, atuando de forma concentrada, choca-se com os princípios dessa perspectiva mais ampla. Trazer para o interior da arena decisória de políticas públicas sociais mecanismos – e interesses – próprios de relações mercadológicas deveria ser, no mínimo, motivo de muitas discussões e de análises mais apuradas. É inegável que os parâmetros para análise, avaliação e mensuração de políticas sociais, de programas que envolvem gastos públicos, obede- cem a uma lógica distinta – ao menos deveria ser assim – da que rege a esfera privada, no caso, a de mercado. 168 Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00
  • 11. Discutir essas questões, analisar o grau de proximidade entre os objetivos sociais, a descentralização nas esferas de decisão e a alocação dos recursos públicos, na minha perspectiva, é fazer uma avaliação polí- tica do Programa Nacional do Livro Didático. Notas 1. A distribuição de cerca de 85 milhões de livros didáticos em 1997, coloca o PNLD entre os maiores do mundo. 2. Para a compra dos livros distribuídos em 1997, foram gastos cerca de 203 milhões de reais. 3. Essa relação “dada” entre descentralização e melhoria da qualidade do en- sino, insistentemente colocada nos projetos oficiais para a educação, é ques- tionada em interessante texto de Casassus, “Descentralización a la escuela y calidad de la educación: Mitos o realidades?”, exposto em seminário pro- movido pela Fundap em junho de 1998. 4. Tanto em termos da importância conferida ao livro didático pelos órgãos ofi- ciais como estratégia para referendar sua política para a educação, quanto em razão da importância de sua ampla distribuição – quando de boa qualida- de – para o processo pedagógico. 5. Considerando-se alterações conjunturais ocorridas nas últimas aquisições, é possível listar as editoras Ática, Brasil, Ibep, FTD, Nacional, Saraiva e Scipione como “parceiras” constantes do MEC na programação do PNLD. 6. Em 1997 as editoras inscreveram 1.159 títulos de 1ª a 8ª série, dos quais 329 foram reprovados pelas comissões de avaliadores. 7. As pesquisas sobre livro didático sistematicamente apontam a estreita liga- ção entre catálogos e títulos disponíveis para o professor e as indicações de livros feitas por ele. Recebido para publicação em Março de 1999. Notes for discussion about the implementation of government programs: Focusing on the Textbook National Program ABSTRACT: The conception of Social Public Policy even with different emphasis should make implicit the principles of larger democratization in the decision spheres and larger distribution of social benefits to the population. The Textbook National Program – PNLD, as a government program inside the educational politicies also must be analysed based on such parameters. The historically Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00 169
  • 12. concentrated participation of reduced number of editorials private groups in the decision process regarding the PNLD implementation brings to discussion such things: the objectives and the achievement of a social public policy. Referências Bibliográficas DRAIBE, S.M. “O padrão brasileiro de proteção social: Desafios à democra- tização”. Análise & Conjuntura. Curitiba, 8 (2), fev. 1986, pp. 13-19. FIGUEIREDO, M.F. e FIGUEIREDO, A.M.C. “Avaliação política e avaliação de políticas: Um quadro de referência teórica”. Análise & Conjun- tura . Belo Horizonte, 1 (3), set./dez. 1986, pp. 107-127. CASTRO, J.A. “O processo de gasto público do Programa do Livro Didá- o tico”. Texto para Discussão n 406. Ipea, mar. 1996. HÖFLING, E.M. “A FAE e a execução da política educacional”. Tese de doutorado. Campinas: Unicamp, 1993. 170 Educação & Sociedade, ano XXI, nº 70, Abril/00