O documento discute o delirium, um distúrbio mental comum em idosos. Apresenta suas características, incluindo sintomas como confusão mental, desatenção e alterações cognitivas agudas. Discorre também sobre fatores de risco, diagnóstico, prevenção e tratamento, enfatizando a importância de identificar e tratar causas subjacentes para reverter o quadro.
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• O delirium (do latim delirare ou “estar fora dos trilhos”) é
um dos distúrbios mentais mais comumente encontrados.
• Sua etiologia é multifatorial e envolve a presença de um ou
mais fatores predisponentes e precipitantes.
• O delirium frequentemente desencadeia uma cascata de
eventos que culmina com a perda de independência,
aumento na morbimortalidade e elevação dos custos em
saúde.
• Aproximadamente 30% dos idosos internados por uma
condição médica desenvolverão quadro confusional agudo,
durante o período de hospitalização.
Delirium Introdução
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Grandes síndromes geriátricas:
Delirium Introdução
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Grandes síndromes geriátricas:
Delirium Introdução
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• Déficit cognitivo
– Transitório
– Início agudo
– Desorientação
– Distúrbio de Atenção
– Distúrbio do Julgamento
– Distúrbio da Percepção
– Alteração do Comportamento
– Alteração ciclo vigília-sono
• Emergência Clínica
– Mais grave causa de alteração de nível de consciência
em idosos
Delirium Introdução
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• 25-40% dos idosos internados que apresentam delirium evoluem a óbito
• Destes, 35-40% dos que recebem alta morrem em 1 ano
• Maior tempo de internação – Maior declínio funcional – Maior risco de
institucionalização
Prevalência:
Hospital Geral ILPI
- Admissão – 14-24% / 10-40% - 60%
- Internação – 6-56% / 25-50%
- UTI – 70-87%
- Fratura de fêmur – 61%
- Terminais – 80%
Delirium Epidemiologia
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Pouco compreendida
– Baixa reserva funcional
– Dimimuição no número de neurônios
– Queda na produção de neurotransmissores
– Alterações circulatórias do envelhecimento
Justificam somente em parte
Delirium Fisiopatologia
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Delirium Fisiopatologia
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• Não há topografia anatômica cerebral específica
responsável
• Imagem aponta para acometimento multifocal,
em áreas corticais e subcorticais:
– Córtex pre-frontal
– Córtex fusiforme
– Córtex parietal posterior
– Gânglios da base
– Tálamo
Delirium Fisiopatologia
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• Várias vias de neurotransmissores
(em especial acetilcolina e dopamina)
• Sistema de atenção cerebral = complexo!
• Complexa inter-relação:
vulnerabilidade do paciente X
fatores
predisponentes
Delirium Fisiopatologia
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Delirium Fisiopatologia
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• Demência aumenta o risco em 2-5 x – principal fator
predisponente
• 50% dos casos – 2 ou mais causas são identificadas
• Identificar a causa é essencial para reversão do
quadro
• Drogas são responsáveis por 12-39% casos
Delirium Quadro Clínico
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• Instalação do quadro – horas a dias
• Duração – dias a semanas (relatos de 12m ou
mais)
• Característica marcante: flutuação dos sintomas –
oscilação NC x Cognitivo
• Atenção / Memória / Orient T-E / Linguagem
Delirium Quadro Clínico
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Sao comuns distúrbios
- Comportamentais – ansiedade / medo /
agressividade / euforia ou apatia
- Sensoriais – ilusões / alucinações
- Sono – alteração ciclo vigília-sono
- Hiper ou hipoatividade motora
Delirium Quadro Clínico
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DSM V
• São necessários quatro critérios para caracterizar um estado confusional
como delirium:
1. Ocorrem alterações na atenção (redução na capacidade de direcionar,
focar, manter ou desviar a atenção) e orientação para o ambiente.
2. O distúrbio surge de forma aguda em relação ao quadro clínico basal,
em um curto espaço de tempo (horas a dias) e tende a flutuar ao longo
do dia e não pode ser atribuído a outra doença neurocognitiva.
3. A confusão mental deve estar associada à alteração em outros
domínios cognitivos como déficit de memória, distúrbio da linguagem,
distúrbio na percepção e desorientação, sem relação com doenças
neurocognitivas prévias.
4. As alterações relatadas nos itens 1 e 3 não devem ocorrer em um
contexto de alterações graves do nível de consciência.
Delirium Critérios Diagnósticos
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CAM
Delirium Critérios Diagnósticos
Delirium
Nível alterado de
consciência
Pensamento
desorganizado
A Falta de Atenção
Início agudo de alterações do
estado mental ou curso
flutuante
‘
+
ou
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• Anamnese – avaliação dos fatores
predisponentes e precipitantes
• Exame físico – detalhado ( com toque retal se
hipótese de fecaloma)
Delirium Critérios Diagnósticos
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Delirium Critérios Diagnósticos
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Delirium Critérios Diagnósticos
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Delirium Diagnóstico Diferencial
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Delirium Investigação Laboratorial
Exames complementares:
Fase 1
Hemograma, glicemia, eletrólitos, fç hepática e renal, gasometria
arterial, enzimas cardíacas, ECG, RX tórax, urinálise, uro e
hemoculturas
Fase 2 (na ausência de diagnóstico anterior)
TSH, T4 livre, Vitamina B12, exames toxicológicos, dosagem do
nível sérico de medicações de uso crônico, LCR, EEG, cortisol e
exame de imagem do SNC*
* Fase 1 se sinais ou história de queda, febre sem foco ou sinais
neurologicos focais
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Delirium Tratamento
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• Uso de protocolos específicos de prevenção
podem reduzir em até 40% os casos, além de
proporcionar diminuição na duração e
recurrência
• Recomenda-se instituição de métodos de
prevenção primária para todos os internados
com fatores de risco
Delirium Prevenção
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Princípios Básicos na Prevenção e Tratamento:
• Evitar fatores precipitantes
• Identificar e tratar precocemente quadros agudos e
descompensações de doenças crônicas
• Promover medidas de suporte e reabilitação para
evitar declínio físico e cognitivo
• Controlar sintomas comportamentais que
prejudiquem os 3 itens acima.
Delirium Prevenção
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Princípios Básicos
na Prevenção e
Tratamento:
Delirium Prevenção
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Delirium Ferramentas
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Delirium Ferramentas
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Delirium Ferramentas
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Delirium Ferramentas
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Delirium Ferramentas
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• Focar o máximo no tratamento não
medicamentoso e na causa orgânica
desencadeante
• Revisão completa da história medicamentosa
(incluindo aquelas sem prescrição, as se
necessário e as fitoterápicas)
• Avaliar interações medicamentosas (softwares)
• Ajustar drogas conforme função renal e status
hepático
Delirium Tratamento
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• Medicações apenas para pacientes com agitação severa, em risco
de interrupção do tratamento clínico essencial ou para situações
de risco (integridade física)
• Devem permanecer somente na vigência do delirium
• Iniciar baixa dose - ajustar até efeito desejado (start low go slow)
• Haloperidol pode ser usado em via SC – cuidados paliativos
Delirium Tratamento
34. Carlos Sperandio – Delirium – II Simpósio de Geriatria – LAGGUP – Agosto 2017 – Hospital Santa Cruz – Slide time to go home
• Hshieh, TT; Inouye, SK. Delirium em Current Diagnostico e Tratamento. 2a ed.
2015. Pags 115-122.
• Inouye, SK; Fearing, MA; Marcantonio, ER. Delirium em Hazzard’s Geriatric
Medicine and Gerontology. 6a ed. 2009. Pags 647-658.
• Fabbri, RMA. Delirium em Tratado de Geriatria e Gerontologia. 4a ed. 2016. Pags
326-333.
• Fabbri, RMA. Delirium em Neuropsiquiatria Geriátrica. 2a ed. 2014. Pags 359-365.
• https://www.americandeliriumsociety.org/ - acessado em 06/08/2017.
• Meira, RLC. Delirium no paciente idoso. Departamento de Psiquiatria na Pratica
Medica. Disponivel em http://www2.unifesp.br/dpsiq/polbr/ppm/atu3_02.htm -
acessado em 06/08/2017.
• Francis Jr, J. Delirium and acute confusional states: Prevention, treatment, and
prognosis. Uptodate. Acessado em 06/08/2017.
Delirium Referências