SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 52
Baixar para ler offline
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL
Por Marco Antonio José Lainha e Edson Haddad
1. Introdução
Um país não pode crescer se não possuir grandes parques e instalações de pólos-
petroquímicos que subsidiem matérias primas para a composição dos produtos
necessários à manutenção da vida diária.
O vazamento de produtos químicos para o meio ambiente tem sido ocasionado por
aspectos humanos e materiais, envolvendo os vários segmentos que manipulam estas
substâncias, tais como:
 laboratórios;
 áreas de estocagem, tais como almoxarifados, depósitos e pátios, dentre outros;
 processos de fabricação;
 atividades de transporte, rodoviário, ferroviário, aéreo, marítimo e por dutos.
As substâncias químicas têm gerado diversos riscos ao homem e ao meio ambiente,
causando danos corporais e materiais e, ainda, provocando a morte de várias espécies.
Neste sentido, o crescente número de acidentes envolvendo produtos perigosos vem
preocupando, consideravelmente, as autoridades e segmentos envolvidos em todo o
mundo.
Os acidentes envolvendo produtos químicos perigosos requerem cuidados especiais, bem
como pessoal habilitado e treinado para o seu atendimento, tendo em vista os riscos de
inflamabilidade, toxidez e corrosividade, proporcionados por essas substâncias perigosas
quando do seu vazamento ou derrames acidentais, gerando atmosferas contaminadas por
gases e vapores.
O atendimento a esses episódios gera diversos riscos à integridade física dos
profissionais que desenvolvem atividades nesses cenários. Neste sentido, nas
emergências que envolvem substâncias químicas perigosas, é de suma importância que
os envolvidos no atendimento utilizem Equipamentos de Proteção Individual – EPI, de
acordo com os riscos apresentados pelas substâncias envolvidas, o volume do
vazamento, locais atingidos e as atividades a serem realizadas.
2. Objetivo
O objetivo deste trabalho é apresentar, de forma sucinta, os principais Equipamentos de
Proteção Individual – EPI, que devem ser utilizados nos atendimentos às emergências
químicas.
3. Considerações gerais
Um Equipamento de Proteção individual – EPI é todo dispositivo de uso individual, de
fabricação nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e a integridade física do
trabalhador. Os EPI não reduzem o risco nem reduzem o perigo, apenas adequam o
indivíduo ao meio e ao grau de exposição aos riscos.
2
Duas questões básicas devem ser consideradas:
1. Pergunta: Quando usar os Equipamentos de Proteção Individual – EPI?
Resposta: Durante a realização de atividades rotineiras ou emergenciais, de
acordo com o grau de exposição.
2. Pergunta: Como escolher os Equipamentos de Proteção Individual – EPI?
Resposta: De acordo com as necessidades, os riscos intrínsecos das atividades as
partes do corpo a serem protegidas.
Duas situações devem ser observadas:
1. Após a avaliação da situação: a seleção e o uso dos EPI deverão ser adequados às
reais situações do momento.
2. Em caso de dúvida ou desconhecimento do grau de exposição e/ou da contaminação
a que o trabalhador estará exposto: sempre deverão ser utilizados EPI de proteção
máxima.
4. Classificação dos equipamentos de proteção individual
Os Equipamentos de Proteção Individual contra Substâncias Químicas são classificados
de acordo com o tipo de proteção que os mesmos devem oferecer aos seus usuários:
 proteção cutânea;
 proteção respiratória.
4.1 Proteção cutânea
Os principais equipamentos de proteção individual, específicos para oferecerem a
proteção cutânea aos trabalhadores contra a ação de substâncias químicas são:
 roupas;
 luvas;
 botas.
4.1.1 Roupas de proteção química
Proteger os trabalhadores, de forma a impedir a exposição da pele às substâncias
químicas requer o uso da roupa de proteção mais adequada e efetiva. É fundamental
selecionar uma roupa que tenha sido confeccionada com materiais que apresentem a
maior resistência possível ao ataque de substâncias químicas. No que se refere ao
atendimento aos acidentes envolvendo substâncias químicas, as roupas de proteção
química têm como finalidade proteger o corpo do contato e da ação dessas substâncias,
uma vez que as mesmas podem causar severos danos à pele ou podem ser absorvidas
pela mesma e, penetrando no organismo, afetar outros órgãos.
Uma vez selecionadas adequadamente para cada situação encontrada, e sempre
utilizadas conjuntamente com os Equipamentos de Proteção Respiratória – EPR
adequados, essas roupas de proteção química protegem eficazmente as pessoas, em
ambientes hostis.
3
O modelo da roupa de proteção química também é importante e depende de vários
fatores, tais como se a substância química envolvida estiver presente na atmosfera e se a
exposição ou o contato da pele com o produto pode se dar de forma direta ou por
respingos.
Outros critérios para a seleção dessas roupas de proteção também devem ser
considerados, incluindo-se as probabilidades da exposição direta ao produto, a facilidade
de descontaminação, a mobilidade do usuário quando a estiver usando, a durabilidade e,
em menor escala, o seu custo.
Atualmente, uma significativa variedade de materiais está disponível para a fabricação de
roupas de proteção química.
Cada um desses materiais oferece um grau de proteção à pele, contra várias substâncias;
entretanto, nenhum material fornece a máxima proteção contra todas as substâncias
químicas. Dessa forma, cada roupa de proteção selecionada deve ter sido confeccionada
com materiais adequados que propiciem a máxima resistência possível contra a
substância, caso a mesma seja conhecida ou haja a suspeita de que a mesma possa
estar presente.
A seleção adequada das roupas de proteção química pode minimizar o risco de exposição
às substâncias químicas; mas, não fornece proteção contra riscos físicos, tais como
objetos contundentes e perfurantes, fogo, radiação e eletricidade.
O uso de outros equipamentos de proteção individual, específicos para essas situações,
também é de fundamental importância para que se possa fornecer completa proteção aos
envolvidos nos trabalhos.
A proteção à cabeça é adequadamente fornecida por capacetes rígidos; a proteção aos
olhos, por óculos resistentes a impactos; a proteção aos ouvidos é dada por protetores
auriculares; e, a proteção aos pés e às mãos é dada por luvas e botas resistentes às
substâncias químicas.
Desta forma, essas informações têm por finalidade auxiliar as equipes envolvidas nos
trabalhos e nos atendimentos às emergências envolvendo substâncias químicas, bem
como na seleção das roupas de proteção química mais adequada para cada situação, de
acordo com o seu modelo e materiais utilizados na sua fabricação, roupas essas que
sejam as mais adequadas para serem utilizadas quando da ocorrência de acidentes
envolvendo substâncias químicas. Assim sendo, este capítulo foi dividido em duas partes,
sendo que a primeira abordará a classificação das roupas de proteção química, enquanto
que a segunda abordará a classificação de luvas e botas.
4.1.1.1 Classificação das roupas de proteção química
As roupas que oferecem proteção contra a ação de substâncias químicas são
classificadas por: modelo, tipo de uso e materiais utilizados na sua confecção.
No que se refere a essas três classificações, as roupas de proteção contra a ação de
substâncias químicas são as seguintes:
 roupas de encapsulamento completo;
 roupas contra respingos químicos;
4
 roupas de uso único, descartáveis.
4.1.1.2 Roupas de encapsulamento completo
Essas roupas, totalmente encapsuladas, são confeccionadas em peças únicas que
envolvem, ou seja, encapsulam totalmente o usuário, possuindo botas, luvas e um visor
transparente, totalmente integrado e conectado às roupas; entretanto, em alguns dos
modelos de roupas existentes no mercado, as luvas de proteção química podem ser
removidas.
Neste caso, as luvas são conectadas às mangas das roupas, por anéis de pressão, os
quais impedem a entrada de líqüidos e gases. Igualmente, os dispositivos de fechamento,
conhecidos por zíper ou fecho éclair, também fornecem perfeita vedação contra a entrada
de líqüidos, gases e vapores.
Essas roupas de proteção devem, obrigatoriamente, ser submetidas a testes de pressão e
a testes de vazamentos, para assegurar a sua integridade.
Por se tratarem de roupas totalmente encapsuladas, a proteção respiratória do usuário e o
ar respirável são fornecidos por um conjunto autônomo de respiração com pressão
positiva, constituído por uma máscara facial, uma traquéia e um cilindro de ar comprimido
que deve ser usado internamente à roupa de proteção, ou também, por uma linha de ar
mandado, que mantém a pressão positiva dentro da mesma.
As roupas de encapsulamento total são utilizadas, principalmente, para proteger o usuário
contra gases, vapores e partículas tóxicas no ar. Além disso, protegem contra respingos
de líqüidos.
A proteção que essas roupas fornecem contra uma determinada substância química
depende do material utilizado para a sua confecção.
Uma vez que não existe ventilação, há sempre o perigo de ocorrer acúmulo de calor,
podendo resultar numa situação de risco para o usuário.
Devido a algumas dificuldades apresentadas pelo equipamento, na maioria das vezes, o
usuário precisa ser auxiliado por outra pessoa, tanto para a colocação como para a
retirada da roupa.
Existe uma grande variedade de acessórios disponíveis no mercado, os quais também
podem ser utilizados em conjunto com essas roupas de proteção química, visando dar
mais conforto e praticidade operacional ao usuário, como por exemplo: sistema de rádio-
comunicação, coletes que propiciem refrigeração interna e botas especiais que propiciem
resistência química, preferencialmente, com tamanho dois números acima do número das
botas utilizadas pelo usuário.
4.1.1.3 Roupas contra respingos químicos
Essas roupas de proteção, também denominadas roupas não encapsuladas, oferecem
ótima proteção contra substâncias químicas; contudo, não possui o dispositivo de
proteção respiratória facial como parte integrante das mesmas. Desta forma, um conjunto
autônomo de respiração com pressão positiva ou uma linha de ar mandado, assim como
5
uma máscara com filtro químico específico, podem ser utilizados pelo usuário; porém,
externamente à roupa.
As roupas contra respingos químicos, normalmente, incluem um capuz e outros
acessórios e, basicamente, podem ser de dois tipos:
 peça única, do tipo macacão;
 conjunto, formado por calça e jaqueta.
As roupas contra respingos químicos não foram projetadas nem desenvolvidas para
fornecer a máxima proteção contra gases, vapores e partículas, mas, apenas para a
proteção contra respingos. Essas roupas de proteção podem ser completamente vedadas,
utilizando-se fitas adesivas que permitam a vedação nas áreas dos pulsos, dos tornozelos
e do pescoço do usuário, não permitindo a exposição de qualquer parte do corpo.
As roupas contra respingos químicos não são consideradas à prova de gases e vapores;
contudo, podem ser um bom substituto das roupas de encapsulamento completo, desde
que a concentração do produto envolvido for baixa e a substância química não for
extremamente tóxica, pela via dérmica.
4.1.1.4 Roupas de uso único (descartáveis)
Essa terceira classificação das roupas de proteção química é relativa, pois baseia-se,
praticamente, na facilidade de sua descontaminação, na qualidade dos materiais
utilizados na sua confecção e no custo de sua aquisição. Países e instituições com
poucos recursos financeiros, normalmente, consideram as roupas de proteção química,
cujo custo de aquisição seja inferior a US$ 25,00 (vinte e cinco dólares) por peça, como
sendo roupas de uso único e, portanto, descartáveis.
Em situações ou em locais onde a descontaminação das roupas de proteção química seja
difícil ou, portanto, impossível de ser realizada e tornando-se um problema, todas as
roupas, inclusive as mais caras, acabam sendo consideradas roupas de uso único e,
conseqüentemente, descartadas.
4.1.1.5 Requisitos de desempenho para as roupas de proteção química
Vários requisitos de desempenho devem, obrigatoriamente, ser levados em conta na
seleção das roupas de proteção químicas mais adequadas para cada situação. Sua
importância, também relativa, é determinada pelas atividades a serem executadas e as
condições específicas de cada local.
Os principais requisitos de desempenho das roupas de proteção química são os
seguintes:
✔ resistência química e física: é a capacidade de um material em resistir às trocas
químicas e físicas. A resistência química de um material é o requisito de desempenho
mais importante, uma vez que o material deve manter sua integridade estrutural e
qualidade de proteção, quando em contato com substâncias químicas;
✔ durabilidade: é a capacidade de um material em resistir à sua utilização, ou seja, a
capacidade de resistir às perfurações, aos rasgos e à abrasão. Essa resistência é
inerente a cada material;
6
✔ flexibilidade: é a capacidade do material em curvar ou dobrar. É um requisito
extremamente importante, inclusive no que se refere às luvas acopladas à roupa, pois
influencia, diretamente, na mobilidade, na agilidade e na restrição de movimentos do
usuário;
✔ resistência térmica: é a capacidade de um material em manter sua resistência
química, durante todo o período em que ocorrer sua exposição a temperaturas
extremas, principalmente as altas, e manter-se flexível em baixas temperaturas. Uma
tendência geral, apresentada pelos materiais, é a de que altas temperaturas reduzem
a sua resistência química enquanto que as baixas reduzem a sua flexibilidade;
✔ vida-útil: é a capacidade de um material em resistir ao envelhecimento e à
deterioração. Fatores, tais como tipo de produto, temperaturas extremas, umidade, luz
ultravioleta, agentes oxidantes, entretanto outros causam a redução da vida-útil do
material. A estocagem e os cuidados adequados, contra tais fatores, podem ajudar na
prevenção do seu envelhecimento. Os fabricantes dessas roupas devem ser
consultados com relação às recomendações sobre o armazenamento das mesmas;
✔ facilidade de limpeza: é a possibilidade apresentada por um material em poder ser
efetivamente descontaminado e, conseqüentemente, de se remover totalmente as
substâncias impregnadas no mesmo. Alguns materiais são praticamente impossíveis
de serem descontaminados. Dessa forma, é muito importante que, durante a sua
utilização, os mesmos sejam cobertos com outras roupas descartáveis, para prevenir
ou minimizar, ao máximo, a sua contaminação;
✔ projeto de confecção: é a forma como uma roupa é confeccionada e, também, inclui o
seu tipo e outras características. Atualmente, uma variedade de modelos de roupas,
com características diversas, é fabricada, tais como:
 roupas de encapsulamento completo;
 roupas contra respingos químicos;
 roupas com uma, duas ou três peças;
 roupas com capuz, protetor facial, luvas e botas, soldadas ou não;
 roupas com localização adequada do fecho, dos botões e das costuras;
 roupas com colarinho, bolsos e alças com velcro ou outro material;
 roupas com ventilação e válvulas de exalação de ar para a atmosfera;
 roupas compatíveis com o equipamento de proteção respiratória utilizado.
✔ cor: é a condição de as roupas facilitarem o contato visual entre as equipes. As roupas
de cores escuras, tais como preto e verde, absorvem calor radiante de fontes externas
e o transfere para o usuário, aumentando os problemas relacionados ao calor;
✔ tamanho: é a dimensão física e as proporções da roupa. O tamanho da roupa está
diretamente relacionado ao conforto do usuário e tem grande influencia na ocorrência
de acidentes físicos desnecessários. Roupas apertadas limitam a mobilidade, a
destreza e a concentração do usuário;
✔ custo: o custo de aquisição das roupas de proteção química varia consideravelmente
e, freqüentemente, também determina a seleção e a freqüência do uso dessas roupas.
Por serem mais baratas e tão seguras quanto às roupas mais caras e, ainda,
apropriadas para várias situações, as roupas de proteção química descartáveis devem
ser utilizadas.
4.1.1.6 Resistência química
A eficácia dos materiais utilizados na proteção contra substâncias químicas está baseada
na sua resistência à penetração, à degradação e à permeação. Cada uma dessas três
7
propriedades deve ser avaliada, quando da seleção dos modelos das roupas de proteção
química, bem como, da seleção dos materiais de que as roupas são feitas.
4.1.1.7 Penetração
A penetração é o transporte de substâncias químicas por aberturas existentes nas roupas.
Uma substância pode penetrar, devido ao projeto ou a imperfeições existentes nas
roupas. Os pontos de costura, as casas dos botões, os zíperes e o próprio tecido, como
também rasgos, furos, fissuras e abrasão, podem permitir a penetração do produto.
As roupas de proteção, bem projetadas e confeccionadas, com zíperes selados, juntas
vedadas com fita colante e a não utilização de tecidos comuns, previnem a penetração
das substâncias.
4.1.1.8 Degradação
A degradação é uma ação química envolvendo uma ruptura molecular do material, devido
ao seu contato com uma substância química. A degradação também é evidenciada por
alterações físicas do material.
A ação da substância química pode causar a contração ou a expansão do material e,
desta forma, torná-lo quebradiço ou macio, ou ainda, alterar completamente suas
propriedades químicas. Outras alterações também são provocadas, tais como uma leve
descoloração, a superfície tornar-se áspera ou pegajosa e surgirem rachaduras no
material. Tais alterações podem aumentar a permeação ou permitir a penetração do
contaminante na roupa.
Informações específicas, sobre os testes de degradação para substâncias específica e
para as classes de produtos, são disponibilizadas pelos fabricantes e fornecedores de
roupas de proteção química. Esses dados fornecem aos usuários a taxa de resistência à
degradação, a qual é, subjetivamente, expressa como excelente, boa, fraca e pobre.
Os dados de degradação podem, também, auxiliar na determinação da capacidade de
proteção de um material; entretanto, não devem substituir os dados dos testes de
permeação.
A razão para tal, é que um material com excelente resistência à degradação pode vir a ser
classificado como sendo fraco, em permeação. Portanto, a degradação e a permeação
não estão diretamente relacionadas entre si e não podem ser intercambiadas.
4.1.1.9 Permeação
A permeação é uma ação química, envolvendo a movimentação de uma substância
química, a nível molecular, através de um material. É um processo que envolve:
 a sorção (adsorção e a absorção) de uma substância, na superfície externa do
material;
 a difusão e a disabsorção da substância, na superfície interna do material.
Dessa forma, é estabelecido um gradiente de concentração da substância química, ou
seja:
8
 alta concentração da substância, no lado externo do material;
 baixa concentração da substância, no lado interno do material.
Uma vez que a tendência da ação química é atingir uma concentração de equilíbrio,
forças moleculares conduzem a substância ao interior do material, principalmente em
direção às áreas que estejam sem concentração ou com baixa concentração da
substância. Assim, um maior fluxo de permeação química ocorre e torna-se constante.
A permeação é medida e expressa como sendo uma taxa, sendo denominada taxa de
permeação, ou também, tempo de passagem da substância através da roupa de
proteção.
4.1.1.10 Taxa de permeação
A taxa de permeação é a quantidade de substância química que se moverá através de
uma área do material da roupa de proteção, em um determinado tempo. Normalmente, a
taxa de permeação é expressa em microgramas de produto, permeado por centímetro
quadrado, por minuto de exposição (µg/cm2
/min).
Muitos são os fatores que influenciam a taxa de permeação dos materiais de proteção
química, incluindo o tipo do material e a sua espessura. É regra geral, que a taxa de
permeação é inversamente proporcional à espessura do material.
Outros fatores importantes são: a concentração da substância, o tempo de contato, a
temperatura, a umidade e a solubilidade do material nas substâncias químicas. As taxas
de resistência e a eficácia dos materiais de proteção à degradação química, por classe de
produto, são mostradas na Tabela 1, apresentada na página seguinte.
Tabela 1 – Eficácia dos materiais de proteção à degradação química, por classe de
produto.
Materiais de proteção
Classes de Produtos Borracha
butílica
Cloreto de
Polivinila (PVC)
Neoprene Borracha Natural
Alcoóis E E E E
Aldeídos E – B B - R E – B E - R
Aminas E – R B - R E – B B - R
Ésteres B – R F B R - F
Éteres B – R B E – B B - R
Hidrocarbonetos
Halogenados B – F B - F B – R R - F
Hidrocarbonetos R – F R B – R R - F
Ácidos Inorgânicos B – R E E – B R - F
Bases Inorgânicas e Sais
E E E E
Cetonas E F B – R E - R
Gordura Natural e Óleos
B – R B E – B B - R
Ácidos Orgânicos E E E E
Legenda: E = Excelente; B = Bom; R = Regular; F = Fraco
9
4.1.1.11 Tempo de passagem através da roupa
O tempo de passagem através da roupa é o tempo, expresso em minutos, decorrido entre
o contato inicial de uma substância química com a superfície externa de um material de
proteção e a sua detecção na superfície interna desse material.
Tal como a taxa de permeação, o tempo de passagem é específico para cada substância
e para cada material de proteção e, ainda, é influenciado pelos mesmos fatores. Como
regra geral, o tempo de passagem é diretamente proporcional ao quadrado da espessura
do material de proteção.
Os dados referentes à taxa de permeação e ao tempo de passagem são fornecidos pelos
fabricantes das roupas de proteção química. Embora exista uma metodologia-padrão da
ASTM - American Standard for Testing Materials para os testes de permeação, existem
diversas e consideráveis variações nos dados fornecidos pelos fabricantes de roupas de
proteção química, quanto à espessura e à qualidade do material, ao processo de
fabricação, à temperatura, às concentrações das substâncias químicas e aos métodos
analíticos, empregados nos testes.
O melhor material de proteção contra uma substância química específica é aquele que
apresenta nenhuma ou baixa taxa de permeação e longo tempo de passagem através da
roupa. No entanto, estas propriedades não devem ser correlacionadas, ou seja, um longo
tempo de passagem não significa, necessariamente, uma baixa taxa de permeação e
vice-versa. O valor desejado é, normalmente, um longo tempo para que ocorra a
passagem através da roupa.
4.1.1.12 Materiais de confecção de roupas de proteção química
As roupas de proteção contra substâncias químicas também são classificadas de acordo
com o material utilizado para a sua confecção. Existe uma grande variedade de materiais
de proteção.
Todos os materiais, atualmente empregados na confecção de roupas de proteção
química, podem ser agrupados em duas categorias:
 elastômeros;
 não-elastômeros.
4.1.1.13 Elastômeros
Os elastômeros, tais como os plásticos, são materiais poliméricos que, após serem
esticados, retornam praticamente à sua forma original. Os elastômeros podem ser
colocados sobre um material semelhante ao pano, em camadas sucessivas ou não.
A maioria dos materiais utilizados na confecção de roupas de proteção químicas
pertencentes a esta categoria, entre outros, são os seguintes: Álcool Polivinílico (PVA),
Borracha Butílica, Borracha Nitrílica, Cloreto de Polivinila (PVC), Neoprene, Polietileno,
Teflon e Viton. Esses materiais são, normalmente, os mais recomendados; no entanto,
existem muitas outras exceções para cada uma das classes de substâncias químicas.
A relação a seguir apresenta os elastômeros mais comumente utilizados na confecção de
roupas de proteção química, sendo que o termo bom para e fraco para referem-se à taxa
10
de permeação e ao tempo de passagem das substâncias através da roupa de proteção
química.
a. Borracha butílica:
✔ bom para: Bases e muitos Compostos Orgânicos;
✔ fraco para: Hidrocarbonetos Alifáticos, Hidrocarbonetos Aromáticos,
Hidrocarbonetos Halogenados e Gasolina.
b. Polietileno clorado (CPE):
✔ bom para: Hidrocarbonetos Alifáticos, Ácidos, Bases, Alcoóis, Fenóis,
Ozônio e para evitar abrasão;
✔ fraco para: Aminas, Ésteres, Cetonas, Hidrocarbonetos Halogenados e para utilização
a baixas temperaturas.
c. Borracha natural:
✔ bom para: Alcoóis, Ácidos diluídos e Bases;
✔ braco para: Compostos Orgânicos.
d. Neoprene (Cloroprene):
✔ bom para: Bases, Ácidos diluídos, Peróxidos, Combustíveis, Óleos, Hidrocarbonetos
Alifáticos, Alcoóis, Fenóis, Glicóis, para resistência ao corte e para evitar abrasão;
✔ fraco para: Hidrocarbonetos Halogenados, Hidrocarbonetos Aromáticos e Cetonas.
e. Borracha nitrílica (Acrilonitrila):
✔ bom para: Fenóis, Bifenilas Policloradas, Óleos, Combustíveis, Alcoóis, Aminas,
Bases, Peróxidos, para resistência ao corte e para evitar abrasão;
✔ fraco para: Hidrocarbonetos Halogenados, Hidrocarbonetos Aromáticos, Amidas,
Cetonas e para utilização a baixas temperaturas.
Observação: Quanto maior for a concentração de Acrilonitrila, melhor será a
resistência química do material, embora haja aumento significativo na sua rigidez.
f. Poliuretano:
✔ bom para: Bases, Alcoóis e Hidrocarbonetos Alifáticos, para evitar abrasão e para
utilização a baixas temperaturas;
✔ fraco para: Hidrocarbonetos Halogenados.
g. Álcool polivinílico (PVA):
✔ bom para: Ozônio e quase todos os Compostos Orgânicos;
✔ fraco para: Ésteres, Ácidos, Bases e Éteres.
11
h. Cloreto de polivinila (PVC):
✔ bom para:Ácidos, Bases, alguns Compostos Orgânicos, Aminas e Peróxidos;
✔ fraco para: vários Compostos Orgânicos e resistência ao corte e ao calor.
i. Viton:
✔ bom para: Hidrocarbonetos Aromáticos, Hidrocarbonetos Alifáticos, Hidrocarbonetos
Halogenados e Ácidos;
✔ fraco para: Aldeídos, Cetonas, Ésteres e Aminas.
j. Teflon:
✔ bom para: dado não disponível;
✔ fraco para: dado não disponível.
Observação: O Teflon tem sido utilizado em roupas de proteção; entretanto, ainda
há pouca informação sobre sua permeação. Em razão de algumas
similaridades com o Viton, acredita-se que o Teflon possa oferecer excelente
resistência química às mesmas substâncias que o Viton oferece.
k. Misturas de materiais:
✔ bom para: dado não disponível;
✔ fraco para: dado não disponível.
Observação: Os fabricantes de roupas de proteção vêm desenvolvendo técnicas
especiais, que consistem em colocar diferentes tecidos em camadas sucessivas,
de modo a melhorar a resistência química das roupas de proteção. Assim, algumas
roupas com múltiplas camadas já estão sendo comercializadas por algumas
empresas, a saber:
 roupas com camadas de Viton e de Borracha Butílica – empresa Trelling;
 roupas com camadas de Viton e de Neoprene – empresas Vautex e MSA;
 roupas com camadas de Borracha Butílica e de Neoprene – empresas Betex
e MSA.
4.1.1.14 Não elastômeros
Os não-elastômeros são materiais que não apresentam a característica da elasticidade.
Esta classe inclui, basicamente, o Tyvek e alguns não-elastômeros com revestimento de
Tyvek. A relação a seguir apresenta os não-elastômeros mais comumente utilizados na
confecção de roupas de proteção química. O termo bom para e fraco para referem-se à
taxa de permeação e ao tempo de passagem através da roupa. Estes são, normalmente,
os mais recomendados; no entanto, existem outras exceções para cada classe de
substâncias químicas.
a. Tyvek (fibras de polietileno, não entrelaçadas):
12
✔ bom para: materiais particulados secos, pós e a movimentação de materiais de baixo
peso;
✔ fraco para: atividade que requerem roupas com ótima resistência química e
durabilidade.
Observação: As roupas de Tyvek são utilizadas por ocasião de trabalhos
envolvendo materiais particulados tóxicos; mas, não oferecem proteção química
adequada. Comumente, são utilizadas sobre outras roupas de proteção químicas
mais caras, não descartáveis, de forma a prevenir a contaminação das mesmas.
b. Polietileno, revestido com Tyvek:
✔ bom para: Ácidos, Bases, Alcoóis, Fenóis, Aldeídos, trabalhos finais de
descontaminação e movimentação de materiais de peso baixo;
✔ fraco para: Hidrocarbonetos Halogenados, Hidrocarbonetos Alifáticos,
Hidrocarbonetos Aromáticos e para evitar a penetração de substâncias,
principalmente pelos pontos do zíper.
Observação: Essas roupas oferecem proteção química limitada contra líquidos
concentrados e vapores. São muito úteis contra substâncias em baixas
concentrações e para atividades que não ofereçam risco de respingos. Também
podem ser utilizadas sobre outras roupas de proteção químicas mais caras e não
descartáveis, para evitar a contaminação das mesmas.
c. Tyvek laminado (Saranex):
✔ bom para: Ácidos, Bases, Aminas, alguns Compostos Orgânicos, Bifenilas
Policloradas, trabalhos de descontaminação, movimentação de materiais de baixo
peso e atividades que requerem durabilidade;
✔ fraco para: Hidrocarbonetos Halogenados, Hidrocarbonetos Aromáticos e para evitar a
penetração de substâncias, principalmente pelos pontos do zíper.
Observação: Essas roupas oferecem melhor resistência química que o Polietileno
revestido com Tyvek. Também podem ser utilizadas sobre outras roupas de
proteção químicas mais caras, não descartáveis, para evitar a contaminação das
mesmas.
4.1.1.15 Níveis de proteção
As equipes de atendimento às emergências químicas devem utilizar os equipamentos de
proteção individual adequados, sempre que houver a possibilidade de ocorrer o contato
com substâncias perigosas, que possam afetar a sua saúde ou a segurança. Isso inclui os
vapores, os gases e as partículas sólidas, que podem ser gerados em virtude das
atividades no local do acidente, propiciando, desta forma, o contato dos contaminantes
com os membros das equipes.
As máscaras faciais dos equipamentos autônomos de respiração protegem as vias
respiratórias, o aparelho gastrointestinal e os olhos, do contato com tais substâncias. Já,
as roupas de proteção protegem a pele do contato com substâncias que podem destruir
ou ser absorvidas por ela.
13
Deve-se ressaltar, que não existe material de proteção que seja totalmente impermeável e
que, tampouco, existe material que forneça proteção contra todas as substâncias
químicas, e ainda, que para certos contaminantes e misturas de substâncias químicas,
não existe nenhum material disponível no mercado que forneça proteção por mais de uma
hora, após o contato inicial.
Os conjuntos de equipamentos destinados a proteger o corpo humano do contato com
substâncias químicas foram divididos em quatro níveis pelo governo dos Estados Unidos
(NFPA 471), de acordo com os graus de proteção requeridos, a saber:
Nível A de proteção
Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível A de Proteção Química,
devem ser utilizados, quando for necessário fornecer máxima proteção respiratória e
máxima proteção da pele e dos olhos.Tais conjuntos devem ser constituídos pelos
seguintes equipamentos:
 aparelho autônomo de respiração, com pressão positiva ou com linha de ar mandado;
 roupa de encapsulamento completo;
 luvas internas;
 luvas externas;
 botas resistentes a substâncias químicas;
 capacete, interno à roupa de encapsulamento;
 rádio-transmissor.
Nível B de proteção
Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível B de Proteção Química,
devem ser utilizados quando for necessário fornecer máxima proteção respiratória e
proteção menor da pele e dos olhos. Tais conjuntos devem ser constituídos pelos
seguintes equipamentos:
 aparelho autônomo de respiração, com pressão positiva ou com linha de ar mandado;
 roupa de proteção contra respingos químicos, confeccionada em uma ou duas peças;
 luvas internas;
 luvas externas;
Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos de Segurança Ltda.
14
 botas resistentes a substâncias químicas;
 capacete, interno à roupa de encapsulamento;
 rádio-transmissor.
Nível C de proteção
Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível C de Proteção Química,
devem ser utilizados quando se deseja um grau de proteção respiratória inferior ao
previsto para o Nível B, porém com proteção para a pele, nas mesmas condições. Tais
conjuntos devem ser constituídos pelos seguintes equipamentos:
 aparelho autônomo de respiração, com pressão positiva ou com máscara facial com
filtro químico;
 roupa de proteção contra respingos químicos, confeccionada em uma ou duas peças;
 luvas internas e luvas externas;
 botas resistentes a substâncias químicas;
 capacete, interno à roupa de encapsulamento;
 rádio-transmissor.
Fonte: Personal do Brasil - Equipamentos de Proteção Individual Ltda.
Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos de Segurança Ltda.
15
Nível D de proteção
Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível D de Proteção Química,
devem ser utilizados somente como uniformes ou como roupas de trabalho e em locais
que não sejam sujeitos a riscos ao sistema respiratório ou à pele. Este nível não prevê
qualquer proteção contra riscos químicos.
Tais conjuntos devem ser constituídos pelos seguintes equipamentos:
 macacões, uniformes, aventais ou roupas de trabalho;
 capas;
 capuzes;
 botas ou sapatos, de couro ou de borracha, resistentes a produtos químicos;
 óculos ou viseiras de segurança;
 capacete.
4.1.1.16 Seleção da roupa de proteção
A seleção da roupa de proteção mais adequada para uma determinada situação é uma
tarefa mais fácil, quando a substância química é conhecida.
A seleção torna-se mais difícil quando não se conhece a substância envolvida ou quando
se trata de misturas de substâncias químicas, conhecidas ou não.
Outra séria dificuldade, no processo de seleção da roupa de proteção, é o fato de não
haver informações disponíveis sobre a qualidade da proteção oferecida pelos materiais
utilizados na confecção das roupas, contra a grande variedade substâncias químicas e de
produtos existentes.
O processo de seleção das roupas de segurança química consiste em:
 avaliar o ambiente em que as pessoas irão trabalhar;
Fonte: Personal do Brasil - Equipamentos de Proteção Individual Ltda.
16
 identificar as substâncias químicas e os produtos envolvidos, bem como observar as
suas propriedades químicas, físicas e toxicológicas;
 avaliar se as concentrações das substâncias – conhecidas ou esperadas –
representam algum risco à pele;
 selecionar a roupa de proteção que seja confeccionada em tecido que forneça as
menores taxas de permeação e degradação, pelo maior período de tempo;
 determinar se é necessário que as roupas sejam de encapsulamento completo ou
não.
Apesar das diversas variáveis existentes, será possível, em muitas situações, selecionar
as roupas de proteção químicas mais adequadas para cada situação, baseando-se no
cenário e na experiência das equipes envolvidas nas ações. Como exemplo encontra-se
listadas, a seguir, algumas condições básicas para a seleção de roupas de proteção
química, de acordo com o nível de proteção necessário e mais apropriado.
Nível A de proteção
Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível A de Proteção Química,
devem ser utilizados se:
 a substância química for identificada e for necessário o mais alto nível de proteção
para o sistema respiratório, para a pele e para os olhos;
 houver a suspeita da presença de substâncias com alto potencial de danos à pele e o
contato for possível, dependendo da atividade a ser realizada;
 forem realizados atendimentos em locais confinados e sem ventilação;
 as leituras, observadas em equipamentos de monitoramento, indicarem concentrações
perigosas de gases e de vapores; por exemplo, com valores acima do IDLH.
Nível B de proteção
Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível B de Proteção Química,
devem ser utilizados se:
 o produto envolvido e sua concentração forem identificados e requererem um alto grau
de proteção respiratória, sem, no entanto, exigir esse nível de proteção para a pele.
Por exemplo, atmosferas contendo concentração de produto ao nível do IDLH, mas
sem oferecer riscos à pele, ou, ainda, quando não for possível utilizar máscaras com
filtros químicos para a concentração e o tempo necessário para a atividade a ser
exercida;
 a concentração de Oxigênio no ambiente for inferior a 19,5% em volume;
 a formação de gases ou vapores, em altas concentrações, for pouco provável, de
forma que possam ser danosas à pele.
Nível C de proteção
Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível C de Proteção Química,
devem ser utilizados se:
 a concentração de Oxigênio no ambiente não for inferior a 19,5% em volume;
 o produto for identificado e a sua concentração puder ser reduzida a um valor inferior
ao seu limite de tolerância, com o uso de máscaras com filtros adequados;
17
 a concentração do produto não for superior ao IDLH e o trabalho a ser realizado não
exigir o uso de máscara autônoma de respiração.
Nível D de proteção
Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível D de Proteção Química,
devem ser utilizados, se não houver qualquer possibilidade de respingos, imersão ou risco
potencial de inalação de qualquer produto ou substância química.
Conforme pôde ser observado, o nível de proteção a ser utilizado pode variar de acordo
com o trabalho a ser realizado. No entanto, para a primeira avaliação do cenário acidental,
o nível mínimo de proteção requerido é o Nível B de Proteção. Cada nível de proteção
apresenta suas vantagens e suas desvantagens para utilização dos conjuntos de
proteção química. Geralmente, quanto maior for o nível de proteção necessário, maior é o
desconforto da roupa de proteção química. A determinação do nível de proteção química
deve estar fundamentada, primeiramente, na segurança das pessoas, sendo o objetivo
principal fornecer a proteção mais adequada, com a máxima mobilidade e conforto
possíveis.
As situações desconhecidas requerem um bom planejamento quanto à necessidade de
utilização da máxima proteção, como por exemplo, o uso de roupas de encapsulamento
completo ou o uso de um conjunto simples, de calça e jaqueta, ou ainda, do tipo e do
modelo de um simples macacão. Outros fatores devem, ainda, ser considerados na
escolha do nível de proteção mais adequado; entre eles, destacam-se:
 a fadiga produzida pelo peso dos equipamentos e pelo calor;
 o acesso aos locais de inspeção;
 a flexibilidade das roupas de proteção;
 as condições de iluminação natural ou artificial no local;
 a mobilidade no local;
 a periodicidade dos monitoramentos;
 a tomada de decisões simples;
 a tomada de decisões lógicas, levando-se em conta os perigos e os riscos;
 as condições ambientais;
 as condições atmosféricas;
 as funções diferenciadas, dentro e fora das áreas contaminadas.
Os monitoramentos das concentrações de gases e vapores presentes na atmosfera, bem
como, a possibilidade de ocorrerem vazamentos ou derramamentos de substâncias
químicas no ambiente, a ocorrência de incêndios, a necessidade de se adentrar em áreas
sujeitas a altas ou a baixíssimas temperaturas, também podem auxiliar na seleção do
nível de proteção mais adequado para cada situação. A Tabela 2, apresentada a seguir,
indica alguns critérios para a escolha e o uso de roupas de proteção química e de
proteção para outras situações, de acordo com determinadas situações, com a ocorrência
de concentrações de gases ou de vapores desconhecidos no ambiente e que sejam
compatíveis com os níveis de proteção adequados e recomendados.
Tabela 2 – Critérios para a escolha e o uso de roupas de proteção.
18
TIPO DA
ROUPA
MATERIAL
UTILIZADO
PROTEÇÃO
NECESSÁRIA PARA
RESTRIÇÕES GRAU DE
PROTEÇÃO
Conjunto
descarta-vel
Tyvek
Materiais diversos,
contaminados com
substâncias químicas ou
infectados
Não é resistente a vários
produtos nem às
substâncias
químicas
Médio
Roupa anti-
Chama
Nomex
Locais com altas
temperaturas e durante a
ocorrência de incêndios
Não pode ser utilizada
para ações em locais em
que haja fogo
Médio
Roupa anti-
Chama
Amianto
aluminizado
Áreas com presença de
chamas ou com altas
temperaturas
Pouquíssima
mobilidade, provocando
grande desgaste ao
usuário
Máximo
Capa PVC
Áreas com presença de
umidade e contaminada
com
materiais particulados
Pouco resistente e
incompatível com
produtos e substâncias
químicas
Baixo
Conjunto calça,
jaqueta e capuz
PVC
Respingos de
ácidos, bases , soluções
ácidas e alcalinas e
solventes
Baixa resistência
química; não permite o
confinamento do usuário
Médio
Macacão
hermético, com
capuz
PVC
Respingos e
vapores de ácidos, bases
e solventes
Inadequado para longos
períodos de exposição a
ácidos e bases
Alto
Macacão de
encapsula-
mento total
PVC ou Butil
reforçado com
Poliamida e
Viton
Atmosferas
altamente saturadas
com gases e vapores
- Máximo
Kevlan
aluminizado
Atmosferas saturadas
com gases e
vapores, e com altas
temperaturas
- Máximo
Observação: Todos os trajes de proteção química, anteriormente apresentados, não
devem nunca ser utilizados diretamente sobre a pele.
Nas situações onde não se conhece o contaminante, mas se pode estimar a concentração
de vapores na atmosfera com equipamentos de monitoramento portáteis, tais como os
fotoionizadores, é possível determinar os níveis de proteção e as roupas de proteção mais
apropriadas. A Tabela 3, apresentada a seguir, fornece critérios para a escolha e o uso de
roupas de proteção química, de acordo com a ocorrência de concentrações de gases ou
de vapores desconhecidos no ambiente e compatíveis com os níveis de proteção
adequados e recomendados.
Tabela 3: Níveis recomendados para roupas de proteção química, de acordo com a
concentração de gases e/ou vapores desconhecidos no ambiente.
Concentrações de gases e vapores
desconhecidos (ppm)
Nível de proteção recomendado para as
roupas de proteção química
0 - 5 C
5 - 500 B
500 - 1.000 A
> 1.000 Perigo de explosão. Não entre na área.
19
Nos acidentes onde não se conhece as substâncias químicas envolvidas, ou estas ainda
não foram identificadas, a seleção das roupas de proteção a serem utilizadas deverá ser
baseada na situação e nas condições do local do acidente. Por exemplo, a necessidade
de utilização de uma roupa de encapsulamento completo pode ser determinada pelas
seguintes situações:
 visibilidade da emissão de gases, vapores, pó ou fumaça;
 indicação de contaminantes no ar, em monitoramento com instrumento de leitura
direta;
 configuração de recipientes e de veículos que indiquem a possibilidade da existência
de gases ou líqüidos pressurizados;
 existência de simbologia ou documentação, indicando a presença de substâncias
tóxicas e agressivas à pele;
 existência de áreas fechadas e pouco ventiladas, onde possa ocorrer o acúmulo de
gases e vapores tóxicos;
 atividades, a serem realizadas, que possam expor as pessoas a altas concentrações
de substâncias químicas tóxicas à pele.
4.1.1.17 Uso das roupas de proteção
Após determinado os tipos de roupas a ser utilizada na situação, a próxima etapa é
selecionar esses materiais de proteção química. Os fabricantes dos materiais que são
utilizados na confecção das roupas de proteção química podem, algumas vezes, fornecer
informações sobre a resistência química de cada material. No entanto, sempre haverá
limitações nessas informações, haja vista que não é possível testar esses materiais, para
o grande número de substâncias químicas existentes.
A permeação é o principal critério de seleção das roupas de proteção química. O melhor
material de proteção contra uma substância específica é aquele que apresenta nenhuma
ou pequena taxa de permeação e um longo tempo de passagem através da roupa e,
ainda, que tenha sido confeccionado sem imperfeições, de acordo com projeto adequado.
A degradação, por sua vez, é uma informação menos útil. Por ser uma determinação
qualitativa da capacidade do material em suportar o ataque de uma substância química, é,
normalmente, expressa em unidades subjetivas como excelente, bom, fraco ou em outros
termos similares. Os dados de degradação somente devem ser utilizados para auxiliar a
seleção dos materiais, se nenhuma outra informação estiver disponível.
Nas situações onde o material de proteção não puder ser escolhido, devido às incertezas
quanto a sua resistência química, devem ser observados os seguintes procedimentos:
 selecionar os materiais que forneçam melhor proteção contra o maior número de
substâncias químicas. Normalmente, as roupas de proteção química são
confeccionadas em Borracha Butílica, Teflon ou Viton;
 as roupas que não sejam revestidas com estes materiais devem ser desprezadas;
 as roupas confeccionadas com diversos materiais de proteção podem ser utilizadas;
 as roupas confeccionadas com as misturas de Borracha Butílica e Viton, Neoprene e
Viton e, Neoprene e Borracha Butílica são as mais comercializadas, atualmente;
 se as melhores roupas não estiverem disponíveis no mercado, podem ser sobrepostas
duas ou mais roupas confeccionadas de materiais diferentes, sendo que a roupa
externa pode, ou deve, ser descartável.
20
Na Tabela 4, apresentada a seguir, são mostradas algumas vantagens e algumas
desvantagens das roupas de proteção química, de acordo com os níveis de proteção
recomendados.
Tabela 4 – Vantagens e desvantagens das roupas, de acordo com os níveis de
proteção recomendados (A, B e C).
Nível de
proteção
Vantagens Desvantagens
A
Oferecem maior nível de proteção;
requerem pouco treinamento
São volumosas e desconfortáveis; o acesso à
máscara autônoma é limitado; o tempo de
uso é muito limitado, quando se usa a
máscara autônoma; alto custo.
B
Longa vida útil; fácil acesso à máscara
autônoma; boas para atmosferas acima
do
IDLH, desde que as substâncias não
sejam tóxicas à pele; peso leve;
baixo custo.
Oferecem proteção incompleta à pele;
não podem ser utilizadas para substâncias
tóxicas à pele; necessitam treinamento
intensivo, antes do uso.
C
Fáceis de usar;
longa vida útil;
baixo peso;
relativamente baratas;
Somente para atmosferas com concentração
de Oxigênio maior que 19,5% em volume;
o ambiente deve, obrigatoriamente, estar
caracterizado ; as substâncias devem ser
conhecidas.
Decidir se a roupa de encapsulamento completo deve, ou não, for utilizada, pode não ser
tão evidente. Se, de acordo com a situação, qualquer modelo de roupa de proteção
química puder ser utilizado, devem ser considerados os seguintes fatores:
 facilidade no uso: as roupas não encapsuladas são mais fáceis de usar e os usuários
estarão menos propensos a acidentes, visto que estas fornecerão melhor visibilidade
e são menos desconfortáveis e incômodas;
 comunicação: é mais difícil se comunicar utilizando roupas de encapsulamento
completo;
 descontaminação de máscaras: as roupas de encapsulamento completo protegem as
máscaras autônoma de respiração, as quais são de difícil descontaminação;
 cansaço, devido ao calor: a roupas roupas contra respingos químicos e as roupas de
uso único descartáveis, normalmente, causam menos cansaço devido ao calor; no
entanto, como uma pequena parte do corpo fica exposta, quando do uso de tais
roupas, há pouca diferença no acúmulo de calor para essas roupas de proteção
química.
4.1.1.18 Precauções a serem adotadas antes do uso da roupa de proteção
Antes de utilizar uma roupa de proteção química, que se enquadre no Nível A de
Proteção, devem ser tomadas precauções, tais como as seguintes:
 inspecionar a roupa, quanto a degradação química, abrasão, fissuras, trincas e falhas
nas costuras. Normalmente, uma inspeção visual é suficiente. Se houver qualquer
dúvida quanto à integridade da roupa, esta deverá ser submetida a testes de pressão,
de acordo com as orientações do fabricante;
21
 certificar-se de que a roupa de proteção é capaz de suportar a exposição às
substâncias envolvidas. Se não existirem dados sobre a taxa de permeação e o tempo
de passagem do produto através da roupa, esta não deverá ser utilizada;
 determinar o grau de mobilidade necessário ao trabalho a ser realizado. Roupas para
o Nível A de Proteção podem limitar os movimentos, além de não fornecerem boa
visibilidade. Em alguns casos, uma roupa e seu material de confecção podem ser tão
restritivos à mobilidade, tornando uma determinada atividade, insegura. O problema,
normalmente, é maior no que se refere ao uso de roupas mais pesadas, as quais são
projetadas para fornecer um período de uso maior. Uma alternativa pode ser diminuir
o período de utilização da roupa, para obter ganhos na mobilidade, ou então,
selecionando-se outra roupa de proteção, mais leve e confeccionada com material
mais flexível;
 considerar que, no caso de utilização de máscara autônoma, o tempo necessário para
vestir a roupa, aproximar-se e deixar o local de trabalho, realizar a descontaminação e
remover a roupa de proteção será grande. Se o tempo total disponível para o trabalho
a ser realizado, for impraticável, devido às ações mencionadas, então, deverá ser
utilizada uma linha de ar mandado, ao invés da utilização da máscara autônoma, ou
decidir que o trabalho possa ser realizado utilizando-se a roupa para o Nível A de
Proteção, se possível, em várias etapas;
 remover as substâncias líqüidas da superfície da roupa, o quanto antes possível, se
houver qualquer contato dessas substâncias com a mesma. A degradação e a
permeação são significativamente aceleradas, quando ocorre a exposição do material
da roupa a líquidos;
 certificar-se de que, antes de vestir a roupa, o usuário remova todos os objetos de uso
pessoal, objetos pontiagudos, isqueiros e outros itens. Qualquer objeto rígido, no
interior da roupa, poderá aumentar a probabilidade de ocorrerem danos. Isqueiros não
devem ser transportados pelo usuário da roupa de proteção, pois podem gerar gases
no interior da roupa, com o conseqüente risco de combustão;
 paralisar as atividades imediatamente, se o usuário sentir qualquer desconforto ou
irritação, pois, em muitos casos, esta sensação pode ocorrer, em conseqüência da
transpiração ou ser meramente psicológica; no entanto, pode ser uma primeira
indicação de defeitos na roupa;
 deixar imediatamente o local, quando ocorrer qualquer desconforto, dificuldade
respiratória, fadiga, náuseas, aumento da pulsação e dor no peito;
 considerar que muitas destas condições anormais estão associadas ao calor e são
indicadores do cansaço pelo calor;
 passar pelo corredor de descontaminação, onde deverão ser realizadas a
descontaminação completa e a remoção de todos os equipamentos de proteção e
materiais utilizados.
A percepção de odor, característico da substância química que está presente no local, é
um indicador de falha na vedação da roupa de proteção.
Outros cuidados devem ainda ser adotados, com relação às roupas internas que devem
ser utilizadas sob a roupa de encapsulamento total, pelas seguintes razões:
 fornecer proteção ao usuário, contra o contato do seu corpo com a parte interna da
roupa de encapsulamento, uma vez que o contato prolongado da roupa com a pele
pode provocar incômodos, que vão desde um desconforto até a sua irritação;
 a temperatura ambiente e a radiação solar também devem ser consideradas na
seleção da roupa interna. Na maioria dos casos, uma roupa de algodão é o mais
22
recomendado,haja vista que este material tem a capacidade de absorver a
transpiração. A temperatura no interior da roupa está, geralmente, bem acima da
temperatura ambiente;
 se o produto a ser manuseado apresentar riscos, devido à sua baixa temperatura de
ebulição, deve-se, então, utilizar uma roupa de proteção térmica sobre a roupa de
encapsulamento total. Por exemplo, a Amônia entra em ebulição a –33 ºC e, qualquer
contato com o líquido, mesmo que se esteja utilizando uma roupa de encapsulamento
total, poderá causar queimaduras e enregelamento, devido ao frio excessivo.
4.1.2 Luvas de proteção química
A utilização de luvas de proteção química é uma das formas de proteção das mãos e de
parte dos braços, contra substâncias químicas.
Atualmente, existe uma grande variedade de produtos e materiais, utilizados para a
confecção de luvas de proteção química disponibilizadas no mercado. Nem sempre é fácil
decidir quais são as luvas de proteção químicas mais adequadas a serem utilizadas em
uma determinada atividade.
Antes da correta seleção das luvas de proteção química, deve-se compreender que
existem algumas diferenças básicas entre os vários modelos e tipos de luvas de proteção,
bem como dos materiais que são utilizados na sua confecção.
Os materiais mais utilizados na confecção de luvas de proteção química são os seguintes:
 Álcool Polivinílico (PVA);
 Borracha Natural;
 Borracha Nitrílica (Acrilonitrila e Butadieno);
 Borracha Butílica (Isobutileno e Isopreno);
 Cloreto de Polivinila (PVC);
 Neoprene;
 Polietileno (PE);
 Poliuretano (PV);
 Viton.
A espessura do material utilizado na confecção das luvas é um fator muito importante a
ser considerado no processo de seleção das luvas de proteção química. Para uma dada
espessura, o material, ou seja, o Polímero selecionado tem uma grande influência no nível
de proteção que deve ser oferecido pela luva.
Para um Polímero, uma maior espessura fornecerá uma proteção melhor, desde que a
subseqüente perda de destreza, devido à espessura da luva, puder ser tolerada, de forma
segura, para aquela atividade. Alguns aditivos são, normalmente, utilizados como matéria-
prima na fabricação de luvas, de modo a atingir as características desejadas do material.
Devido a tal fato, ocorre certa variação na resistência química e no desempenho físico de
luvas de proteção confeccionadas com o mesmo polímero, mas por fabricantes distintos.
Outros fatores de desempenho devem ser considerados, quando da seleção de luvas de
proteção, tais como: a flexibilidade e a resistência à permeação, aos danos mecânicos e à
temperatura. Da mesma forma que para as roupas de proteção, a seleção das luvas de
proteção química deve levar em consideração tanto a permeação como a degradação do
material. A permeação química pode ser compreendida, de forma simples, pela
23
comparação do que ocorre com um balão, ou seja, uma bexiga cheia de ar, após algumas
horas. Embora não existam furos ou defeitos e o balão esteja bem selado, o ar contido no
seu interior passa, ou seja, permeia através de suas paredes e escapa para o ambiente.
Neste simples exemplo, foi abordada a permeação de um gás, sendo que esse princípio
também é o mesmo para as substâncias líqüidas, pois, com estas, a permeação também
ocorre.
Os testes de permeação são importantes, pois fornecem uma informação segura para o
manuseio de substâncias químicas. Por muitos anos, a seleção de luvas de proteção
baseou-se somente nos dados de degradação; mas, algumas substâncias permeiam
rapidamente através de certos materiais, os quais apresentam boa resistência à
degradação. Isto significa que os usuários podem ficar expostos ao risco, mesmo quando
acreditam que estejam adequadamente protegidos.
Os materiais de confecção de luvas de proteção podem enrijecer, endurecer e tornarem-
se quebradiços, ou ainda, podem amolecer, enfraquecer e inchar muito além do seu
tamanho original. Embora os testes de resistência à degradação não devam ser
considerados como suficientes para a escolha da luva, este é um dado essencial para a
segurança do usuário.
4.1.2.1 Testes para determinar a qualidade das luvas
Os testes de resistência à degradação e os testes de resistência à permeação foram
padronizados pela ASTM - American Standard for Testing Materials e são basicamente os
seguintes:
a. Teste de permeação
Uma amostra do material de confecção de uma luva ou de uma roupa de proteção é
fixada em uma célula de teste, como se fosse uma membrana. O lado externo da amostra
é exposto à substância química. Em intervalos pré-determinados, o lado interno da célula
de teste é verificado, no sentido de verificar se ocorreu a permeação química e, se
positivo, em que intensidade.
A metodologia desse teste permite uma variedade de opções nas técnicas analíticas de
coleta e de análise do produto permeado. A cromatografia gasosa com detecção por
ionização de chama, como um método de análise, e o Nitrogênio Seco, como um meio de
coleta, são as técnicas normalmente utilizadas. Para a realização de testes com ácidos
inorgânicos e com bases inorgânicas, além do processo acima mencionado, também é
utilizado um método de analise colorimétrico, padronizado pela ISO - International
Standard Organizacional, no qual, o meio de coleta é a água e a detecção da acidez e da
alcalinidade é feita pela troca de cor, em um papel indicador de pH.
b. Teste de degradação
Para execução deste teste são obtidos filmes, ou seja, películas do material a ser testado.
Estes filmes são pesados, medidos e submersos completamente na substância química,
por 30 minutos. Em seguida, determina-se a alteração do tamanho, a qual é expressa em
porcentagem, sendo que, posteriormente, os filmes são secos, de modo a se calcular a
porcentagem da alteração do tamanho e do peso. As alterações físicas são observadas e
registradas. A avaliação é baseada na combinação desses dados. É importante lembrar,
que a permeação e a degradação são afetadas pela variação da temperatura,
24
principalmente pelo seu aumento. Uma vez que os dados obtidos nos testes são válidos
para temperaturas entre 20 ºC e 25 ºC, devem ser tomados cuidados quando da utilização
de luvas em líquidos aquecidos, pois haverá uma brusca redução na resistência do
material.
As misturas de substâncias químicas também alteram, significativamente, a resistência
dos materiais. Por exemplo, o tempo de passagem da Acetona, através de um tecido
laminado de Viton com Clorobutil, é de 53 minutos a 61minutos, enquanto que o Hexano
não permeia esse mesmo material, em menos de 3 horas. No entanto, uma mistura de
Acetona com Hexano causa a redução do tempo de passagem, para 10 minutos. O
sinergismo dessas duas substâncias não pode ser explicado, em termos de efeitos
individuais sobre o material.
A Tabela 5 e a Tabela.6, apresentadas a seguir, mostram dados de resistência à
degradação e à permeação e, também, dados de testes de permeação para seis luvas de
proteção química de Álcool Polivinílico, Borracha Butílica, Borracha Nitrílica, Látex,
Neoprene e Viton. Essas tabelas destacam as famílias químicas, que foram testadas em
diversos tempos de passagem, para as principais luvas e diversos materiais. Esses dados
devem ser utilizados no processo de seleção da luva, apenas como um guia inicial. Se,
nenhum dado de desempenho estiver disponível, a saúde e a segurança do usuário
dependerão do julgamento do profissional responsável. A maneira mais segura e
recomendada para a seleção de luvas e de roupas de proteção química, principalmente
para substâncias tóxicas ou substâncias altamente tóxicas, é a realização de testes em
laboratórios.
Tabela 5 – Famílias químicas com tempo de passagem através da luva,
de 0 a 10 minutos, para diversos materiais.
Família química testada Material de confecção da luva
Cetonas Alifáticas
PVA
Aminas Alifáticas, Nitrilas e
Álcool-aminas Látex
Aldeídos, Éteres, Epóxidos e
Isocianatos Viton
Carbonos Halogenados
Alifáticos Borracha Nitrílica
Enxofre Alifático, Éteres e Carbonos
Halogenados Borracha Butílica
Isocianatos Alifáticos, Hidrocarbonetos e Carbonos
Halogenados Não Saturados Neoprene
Tabela 6 – Famílias químicas, com o tempo de passagem através da luva
de 300 a 480 minutos, para diversos materiais.
Família química testada Material da luva
Hidrocarbonetos Alifáticos, Cetonas,
Carbonos Halogenados e Éteres. PVA
Sais de Amina, Sais, Isocianatos e Hidrocarbonetos
Epoxidados Látex
25
Família química testada Material da luva
Hidrocarbonetos Alifáticos Aromáticos, Hidrocarbonetos
Aromáticos Halogenados, Aminas, Nitrilas, Carbonos
Halogenados e Alcoóis.
Viton
Aminas Alifáticas, Hidrocarbonetos e Carbonos
Halogenados Borracha Nitrílica
Cetonas Alifáticas, Aldeídos, Alcoóis, Nitrilas, Aminas e
Ácidos Borracha Butílica
Alcoóis Alifáticos e Sais de Aminas Neoprene
4.1.2.2 Comprimento das Luvas
O comprimento das luvas de proteção também é outro aspecto a ser considerado no
processo de seleção. O comprimento adequado depende do serviço a ser realizado e do
grau de proteção requerido.
O comprimento é medido a partir da extremidade do dedo do meio até a outra
extremidade da luva, enquanto que o seu tamanho é medido pelo perímetro da palma da
mão. Na Tabela 7, são apresentados alguns comprimentos de luvas e as respectivas
proteções oferecidas.
Tabela 7 – Comprimentos típicos de luvas e proteção oferecida.
Comprimento (cm) Proteção oferecida
até 30,48 Somente para as mãos
de 33,02 a 38,10 Até o meio dos braços
de 40,64 a 45,72 Até os cotovelos
de 76,20 a 81,28 Até os ombros
Inicialmente, muitos fabricantes de roupas de encapsulamento completo incorporaram
luvas como parte permanente daquelas roupas de proteção química. No entanto, esta não
foi uma boa prática, haja vista que o formato da luva, o tempo necessário para o seu
reparo, a reposição quando da sua troca e os procedimentos para a sua descontaminação
eram significativamente afetados, reduzindo, desta forma, a disponibilidade dessas roupas
de proteção.
Atualmente, as maiorias dos fabricantes fornecem roupas de proteção de encapsulamento
completo com luvas removíveis. Assim, as luvas são conectadas à roupa, mediante a
utilização de anéis de vedação, os quais impedem a passagem de gases e vapores para
o interior da roupa.
Em muitas situações, é aconselhável a utilização de luvas adicionais sobre as luvas de
proteção soldadas ou conectadas com anéis, de modo a fornecer a segurança
necessária, de acordo com o trabalho a ser realizado. Também é uma boa prática de
trabalho, utilizar luvas cirúrgicas descartáveis sob as luvas de proteção, visando aumentar
o tato e a sensibilidade do usuário.
Alguns tipos de roupas apresentam acessórios, de proteção especial contra respingos,
especificamente para as luvas e para as botas. Tratam-se, na realidade, de mangas e
pernas adicionais, as quais são sobrepostas às mangas das luvas e aos canos das botas
de proteção.
26
4.1.2.3 Tempo de permeação
O tempo de permeação indica o menor tempo de passagem através do material, que é
observado desde o início do teste até a primeira detecção da substância, no outro lado da
amostra do material. O tempo de permeação também representa o tempo esperado para
que o material ofereça a mais efetiva resistência contra a substância.
4.1.3 Botas de proteção química
Até recentemente, as botas de proteção contra substâncias químicas, disponíveis
comercialmente, eram confeccionadas somente em Borracha e em PVC.
Devido às necessidades do mercado, os fabricantes de botas vêm pesquisando e
desenvolvendo um grande número de misturas de Polímeros, as quais são mais
resistentes às substâncias químicas.
Muitos problemas estão relacionados com a utilização dessas novas misturas de
Polímeros, devido ao complicado processo de moldagem por injeção, que é utilizado na
fabricação de botas.
Vários cuidados devem ser ainda observados, quando as botas entram em contato com
substâncias químicas, uma vez que essas botas podem agir como uma esponja química,
ou seja, podem absorver a substância, resultando na exposição do usuário à mesma.
As botas de proteção química, mais simples, são produzidas pelo processo de moldagem
por injeção de único estágio. Essas botas são semelhantes às botas de borracha contra
chuvas e são fabricadas em Borracha Butílica e em Neoprene.
Devido ao processo de moldagem por injeção de único estágio, o solado da bota é feito
com o mesmo material do restante da mesma, sendo, no entanto, mais espesso. Isso
significa que as características de tração e de desgaste da sola dessas botas não são as
mais adequadas.
De modo a fornecer um produto mais funcional e mais durável, foi desenvolvido um
processo de moldagem por injeção de dois estágios, o qual permite a fabricação de um
produto de baixo-peso na sua parte superior e um solado com alta resistência ao
desgaste e com boa tração.
Esse processo também gera botas de segurança mais apropriadas e com resistência
química maior. Essas botas estão disponíveis em PVC e em PVC com Borracha Nitrílica.
Vários tipos de botas de segurança, fabricadas manualmente, também estão disponíveis
em vários tamanhos, de modo a fornecer uma melhor adaptação e conforto aos usuários.
Essas botas são confeccionadas em estágios diferentes e com um grande número de
componentes, o que as tornam propensas a atuarem como uma esponja química.
Outros estilos de botas, confeccionadas com Neoprene e com diversas formulações de
borracha, também estão disponíveis no mercado.
27
Todos os conceitos apresentados para as roupas de proteção e para as luvas de
proteção, tais como permeação, degradação e penetração, entre outros, também podem
ser aplicados às botas; porém, cabe ressaltar, que a proteção oferecida por essas botas é
melhor que a proteção oferecida pelas luvas e pelas roupas confeccionadas com o
mesmo material, não somente devido ao material utilizado, mas, também, pela espessura
do solado, que permite, na maioria dos casos, um tempo de contato mais prolongado com
as substâncias químicas.
4.2 Proteções respiratórias
O sistema respiratório é a principal via de contato com substâncias nocivas. Apesar de
possuir defesas naturais, o grau de tolerância do homem, à sua exposição a gases
tóxicos, vapores e partículas e, ainda, à deficiência de Oxigênio, é limitado. Algumas
substâncias podem prejudicar, ou mesmo destruir, partes do trato respiratório, enquanto
que outras podem ser absorvidas pela corrente sangüínea, gerando danos aos demais
órgãos do corpo humano.
4.2.1 Introdução
A proteção do homem contra os riscos representados por elementos respiráveis nocivos à
saúde, presentes no ar atmosférico, é fonte de grande preocupação em nossa sociedade,
há muitos séculos.
A bexiga de animais foi muito utilizada como um filtro protetor contra poeiras, nas minas
romanas, no século I. Posteriormente, devido ao grande avanço tecnológico durante a
Primeira Guerra Mundial, foram desenvolvidos vários Equipamentos de Proteção
Respiratória – EPR, para fazerem frente aos gases tóxicos que eram utilizados com fins
bélicos. Finalmente, nos dias atuais, dispomos de EPR, eficazes e totalmente
independentes do ar atmosférico, os quais são indicativos da importância dos dispositivos
que propiciam proteção respiratória em ambientes adversos.
Em acidentes envolvendo substâncias químicas, nos quais a liberação de materiais
tóxicos para a atmosfera pode gerar altas concentrações, a proteção das equipes de
atendimento é fundamental, pois, muitas vezes, os índices de contaminantes no ar podem
ser letais.
O conhecimento apurado dos riscos oferecidos por uma determinada substância química,
bem como as condições específicas do local e as limitações do usuário e dos
equipamentos, nortearão a seleção do sistema de proteção respiratória mais adequada
para propiciar a segurança necessária às equipes de atendimento nas situações
emergenciais.
Na descrição dos equipamentos de proteção respiratória, optou-se por serem citados
somente os recursos básicos encontrados nos vários modelos existentes no mercado,
sendo que, o detalhamento dos dispositivos e dos recursos adicionais de cada fabricante,
não foi abordado.
Inicialmente, serão abordados os riscos mais comuns nos episódios emergenciais, sendo
que, em uma segunda etapa, serão descritos os tipos de aparelhos de proteção
respiratória, as diretrizes para sua seleção e uso, as suas limitações, bem como
recomendações práticas para a sua utilização.
28
4.2.2 Objetivo
Este trabalho tem por finalidade propiciar o conhecimento básico sobre a proteção
respiratória nas situações de emergência envolvendo substâncias químicas, às equipes
de atendimento emergencial.
4.2.3 Riscos respiratórios
Os riscos respiratórios são todas as alterações das condições normais do ar atmosférico,
que interferem no processo da respiração, gerando, conseqüentemente, danos ao
organismo humano.
A presença de gases contaminantes, materiais particulados em suspensão no ar ou
mesmo a variação da concentração de Oxigênio na atmosfera, representam riscos,
comumente encontrados pelas equipes empenhadas nos atendimentos aos episódios
emergenciais envolvendo produtos químicos perigosos. Os efeitos gerados pela
exposição humana a tais condições vão desde a simples irritação das vias aéreas até o
comprometimento das funções vitais, ocasionando a morte.
Para efeito deste trabalho, serão abordados os riscos respiratórios dividindo-os em dois
grupos:
 a deficiência de Oxigênio;
 os contaminantes do ar atmosférico.
Antes de serem abordados os tópicos acima, uma breve explanação sobre a composição
do ar atmosférico e o consumo humano de Oxigênio, se faz necessária.
4.2.4 Composição do ar atmosférico
O ar atmosférico, em condições normais, é composto por vários gases, para os quais o
organismo humano está devidamente adaptado. Na Tabela 8, são apresentados os
porcentuais em volume desses gases no ar atmosférico, considerando-se o ar isento de
umidade.
Tabela 8 – Composição do ar atmosférico.
Gás Volume (%)
Nitrogênio (N2) 78,10
Oxigênio (O2) 20,93
Argônio (Ar) 0,9325
Dióxido de Carbono (CO2) 0,03
Hidrogênio (H2) 0,01
Neônio (Ne) 0,0018
Hélio (He) 0,0005
Kriptônio (Kr) 0,0001
Xenônio (Xe) 0,000009
Observação: A rigor, não existe ar atmosférico que não contenha umidade. Na presença
de 1% de vapor d'água, correspondente a 50% de umidade relativa do ar a 20 ºC,
permanecem apenas 99% de ar seco. Já, para 3% de vapor d'água, correspondente a
29
100% de umidade relativa no ar, a 24 ºC tem-se uma parcela de 97% de ar seco. A
temperatura do ar é outro fator que o torna respirável, pois, alterações extremas da
temperatura ocasionarão queimaduras e/ou congelamento das vias respiratórias e dos
pulmões.
4.2.5 Consumo de ar
O consumo de ar pelo homem é mensurado através do volume respiratório por minuto, o
qual é representado pelo volume corrente normal, estimado em 500 mililitros, multiplicado
pela freqüência respiratória normal, estimada em cerca de 12 freqüências por minuto.
Tem-se, então, que o volume respirado em um minuto equivale a 6 litros de ar. Esse
consumo pode variar em função da demanda de ar disponível, do estado psicológico e do
esforço físico desempenhado. Em qualquer uma dessas situações, são promovidas
alterações na profundidade da respiração, com aumento do volume respirado e da
freqüência respiratória, e, ainda, com aumento dos ciclos de inspiração e expiração por
minuto, visando suprir a necessidade de Oxigênio do organismo.
Na Tabela 9, mostrada a seguir, são apresentadas comparações do incremento no
consumo de ar com o Oxigênio, em função da intensidade do esforço físico
desempenhado. De uma forma geral, pode-se concluir que a capacidade pulmonar e as
variações no consumo de Oxigênio determinam a ventilação alveolar e, por conseguinte, o
nível de oxigenação sangüínea, refletindo no desempenho funcional do organismo, como
um todo.
Tabela 9 – Consumo de oxigênio e volume respiratório.
Atividade Esforço físico desempenhado Consumo de oxigênio
(litros por minuto)
Volume respiratório
(litros por minuto)
Permanecer deitado 0,25 6
Descanso Permanecer sentado 0,30 7
Permanecer em pé 0,40 8
Trabalho Andar, a 3,2 Km / hora 0,70 16
Nadar devagar, a 0,9 Km / h 0,80 18
Trabalho
Médio
Andar, a 6,5 Km / h 1,20 27
Nadar, a 1,6 Km / h 1,40 30
Nadar, a 1,85 Km / h 1,80 40
Trabalho
Pesado
Andar de bicicleta, a 21 Km / h 1,85 45
Correr, a 13 Km / h 2,00 50
Nadar, a 2,2 Km / h 2,50 60
Trabalho Correr, a 15 Km / h 2,60 65
Pesadíssimo Subir escadas, a 100 degraus /
minuto
3,20 80
Correr em aclive 4,00 90
Fonte: Proteção Respiratória Completa (Manual), Dräger - Lubeca
4.2.6 Oxigênio
O volume parcial de Oxigênio, em relação à composição total do ar, é sempre constante,
ou seja, de 20,93%; porém, em circunstâncias específicas, esse porcentual pode sofrer
redução. Os efeitos dessa redução sobre o organismo estão diretamente ligados à
pressão exercida pelo Oxigênio sobre os alvéolos pulmonares.
30
Em termos gerais, pode-se dizer que o Oxigênio exerce uma pressão sobre os alvéolos,
possibilitando a troca gasosa entre estes e as hemácias da corrente sangüínea. Isto
significa dizer que, ao diminuir a quantidade de Oxigênio presente no ar, tem-se menor
pressão alveolar. Com isso, o teor de Oxigênio nas hemácias é menor, comprometendo a
oxigenação dos demais tecidos e órgãos, sendo que, paralelamente, há um incremento
da Taxa de Dióxido de Carbono – CO2 na corrente sangüínea e nas células dos tecidos.
A Pressão Parcial do Oxigênio – PPO2 também é afetada pela pressão atmosférica total.
Esta pressão é de 760 mm Hg (milímetros de Mercúrio) ao nível do mar, sendo que a
PPO2 de 159 mm Hg é a condição considerada ideal para a respiração. Há uma
diminuição progressiva da pressão total, com o aumento da altitude. As altitudes
superiores a 4.240 metros são consideradas imediatamente perigosas à vida e à saúde, já
que, nesses níveis, tem-se uma pressão atmosférica de 450 mm Hg, implicando em uma
PPO2 de 95 mm Hg. Saliente-se que pessoas aclimatadas às grandes altitudes não
sofrem esses efeitos, pois o seu organismo realiza mudanças compensadoras nos
sistemas cardiovascular, respiratório e formador de sangue.
Na Tabela 10 são apresentadas comparações da redução do volume de Oxigênio com a
redução da Pressão Parcial do Oxigênio - PPO2 ao nível do mar, e os seus efeitos sobre o
homem.
Tabela 10 – Concentração de oxigênio e os riscos para a saúde
Concentração
(% em volume)
PPO2
(mm Hg)
Efeitos
De 20,9 a 16,0 de 158,8 a
136,8
Nenhum
De 16,0 a 12,0 de 121,6 a 95,2
Perda da visão periférica; aumento do volume respiratório;
aceleração do batimento cardíaco; perda de atenção; perda de
raciocínio; e, perda de coordenação.
de 12, 0 a 10,0 de 91,2 a 76,0
Perda da capacidade de julgamento; coordenação muscular
muito baixa; a ação muscular causará fadiga, com danos
permanentes ao coração; respiração intermitente.
De 10,0 a 6,0 de 76,0 a 45,6
Náusea; vômitos; incapacidade de executar movimentos
vigorosos; inconsciência, seguida de morte.
< 6,0 < 45,6
Respiração espasmódica; movimentos convulsivos;
morte, em minutos
Fonte: Revista CIPA No 172
Por outro lado, em condições de pressão atmosférica elevada, haverá maior absorção
sangüínea dos gases que compõem o ar e, concomitantemente, pelas células dos tecidos.
Com a redução da pressão, esses gases tendem a ser liberados; daí, os problemas de
embolia gasosa e de morte causadas pelo Nitrogênio, quando da redução brusca da
pressão. O aumento da pressão atmosférica, por si só, pode gerar danos, como os
descritos a seguir:
 acima de 4 atmosferas * : o Nitrogênio causa efeitos narcóticos;
 a 5 atmosferas * : o Oxigênio, em concentração normal, causa irritação aos pulmões;
 a 15 atmosferas * : o ar pode ser tolerado, durante apenas 3 horas.
Observação: (*) = 1 atmosfera, ao nível do mar = 1 bar = 760 mm de Mercúrio.
31
4.2.7 Deficiência de oxigênio
Neste capítulo, são abordados os casos que, normalmente, são encontrados durante os
atendimentos emergenciais e que podem ocasionar a redução na concentração de
Oxigênio no ar atmosférico.
4.2.7.1 Causas geradoras da deficiência de oxigênio
Embora cada cenário tenha características particulares – as quais sempre devem ser
observadas – pode-se considerar como causas básicas geradoras da deficiência de
Oxigênio, as seguintes:
 a liberação acidental de gases, cujas densidades são maiores que a do ar
atmosférico, resulta em deslocamento do ar e, por conseguinte, do Oxigênio nele
contido. A tendência para deposição desses gases ao nível do solo expulsa o ar para
os níveis mais altos, formando uma zona irrespirável. São exemplos desses gases, o
GLP - Gás Liqüefeito de Petróleo e o Cloro. Esse efeito é potencializado quando o
mesmo ocorre em ambientes confinados, onde não há fontes de ventilação para
promover a renovação de ar respirável, criando-se uma atmosfera saturada e
deficiente de Oxigênio. As características toxicológicas do gás envolvido, embora
relevantes, não são consideradas, nesses casos, já que até mesmo os gases inertes
podem gerar o deslocamento do ar;
 os gases liqüefeitos sob pressão, quando da mudança do seu estado líqüido para o
estado gasoso, têm, normalmente, altas taxas de expansão, podendo deslocar o ar.
Esse é o caso da Amônia e do Butadieno;
 alguns gases podem concorrer para o decréscimo do volume de Oxigênio,
especificamente por sua capacidade de reação com o mesmo, como é o caso do
Monóxido de Carbono, do Monóxido de Nitrogênio, do Dióxido de Nitrogênio e do
Dióxido de Enxofre;
 em atmosferas confinadas, encontradas em galerias subterrâneas de águas pluviais e
de redes de esgotos, desenvolvem-se microrganismos (bactérias e fungos),
responsáveis pela decomposição da matéria orgânica presente nos despejos
industriais e domésticos. No processo de decomposição, o Oxigênio é consumido,
podendo gerar, como subprodutos, gases tais como Metano, Gás Sulfídrico e Dióxido
de Carbono, que deslocam o Oxigênio;
 os materiais orgânicos, presentes em ambientes confinados, também estão sujeitos à
sua oxidação natural, contribuindo, assim, para a diminuição da concentração de
Oxigênio. Os despejos industriais também podem conter gases, os quais, por si só,
deslocam o ar;
 a combustão de qualquer material provoca o consumo de Oxigênio e,
conseqüentemente, a emanação de gases, os quais deslocarão o ar, sobretudo em
ambientes confinados;
 qualquer substância, sujeita à oxidação e presente em um ambiente confinado,
provoca a redução de Oxigênio após um certo período de tempo, se não houver a
renovação do ar.
4.2.7.2 Considerações gerais
Nos atendimentos às emergências em que substâncias químicas perigosas estejam
envolvidas, utiliza-se a concentração de 19,5% em volume de Oxigênio,
32
internacionalmente aceita, como sendo o valor-limite-de-segurança, pois, fica implícito,
que qualquer redução na concentração normal de Oxigênio, implica no aumento da
concentração de outro gás. Desta forma, a redução de 1% em volume de Oxigênio no ar,
equivalente a 10.000 ppm, representa o aumento de 1% em volume na concentração de
outra substância química, a qual, muitas vezes é desconhecida, o que pode significar uma
situação de alto risco.
A avaliação quantitativa da concentração de Oxigênio no ar é um fator preponderante na
seleção dos métodos eficazes de proteção respiratória. Diversos equipamentos
específicos fornecem o porcentual em volume de Oxigênio, em determinados ambientes.
A análise dos dados obtidos permite a identificação de condições prejudiciais, ou mesmo
letais, ao homem.
Em condições normais, o ar respirável deve:
 conter, no mínimo, 18 % em Oxigênio;
 estar livre de substâncias estranhas;
 estar na pressão que não cause lesões ao organismo humano;
 estar na temperatura que não cause lesões ao organismo humano.
4.2.8 Contaminantes
Os contaminantes são todas as substâncias químicas, alheias à composição normal do ar
atmosférico, que geram ou podem gerar irritações e danos ao organismo humano.
Embora, em muitos casos, não sejam perceptíveis à visão e à olfação, os contaminantes
podem estar presentes nos vários cenários com que se deparam as equipes de
atendimento às emergências. Comumente, os contaminantes são divididos em dois
grupos:
 contaminantes gasosos;
 contaminantes particulados, também conhecidos como aerodispersóides.
4.2.8.1 Contaminantes gasosos
Os contaminantes gasosos são representados pelos gases, propriamente ditos, e pelos
vapores. Os gases são substâncias químicas que se encontram no estado gasoso, em
pressão e temperatura ambiente. Os gases possuem grande mobilidade e misturam-se
facilmente com o ar atmosférico. Já, vapor é o estado gasoso de substâncias que, em
condições de pressão e temperatura ambiente, são líqüidas ou sólidas. A emanação de
vapores ocorre pelo aumento da temperatura e pela diminuição da pressão.
As defesas naturais das vias respiratórias oferecem certa proteção contra os riscos
gerados pela inalação dessas substâncias, quer seja pela filtragem de parte dos gases e
vapores, quer seja pela atuação do revestimento mucoso, onde os contaminantes serão
absorvidos. Devido à grande mobilidade das moléculas gasosas, a penetração de
contaminantes no trato respiratório é facilitada, atingindo diretamente os alvéolos, onde os
mesmos são absorvidas pela corrente sangüínea. Na seqüência, são abordadas as
características químicas e toxicológicas dos contaminantes gasosos.
4.2.8.2 Aerodispersóides
33
O termo aerodispersóides é utilizado para descrever os contaminantes na forma
particulada, seja ela sólida ou líqüida. Os aerodispersóides são pequenas partículas em
suspensão no ar, muito maiores que uma molécula. Os danos que os aerodispersóides
causam ao organismo, quando inalados, dependem de suas características específicas,
tais como:
 tamanho;
 forma;
 densidade;
 propriedades físicas e químicas.
Apesar das defesas naturais do sistema respiratório, abordadas anteriormente, muitas
partículas podem atingir as porções mais internas dos pulmões.
4.2.8.3 Critérios de avaliação
A avaliação dos riscos representados pelos contaminantes é feita com base nas aferições
de concentração, obtidas por equipamentos de medição. Em algumas circunstâncias,
além dos gases e dos vapores, pode haver o risco associado aos aerodispersóides,
quando, então, deverão ser adotadas medidas de segurança adicionais. Genericamente,
pode-se dizer que os principais tópicos, a serem observados quanto aos riscos
apresentados pelos contaminantes são:
 o tempo de exposição ao contaminante ;
 a concentração e a toxicidade do contaminante;
 a freqüência respiratória e a capacidade pulmonar;
 a sensibilidade individual.
4.2.9 Equipamentos de proteção respiratória
Os Equipamentos de Proteção Respiratória – EPR são equipamentos específicos,
destinados a proteger o usuário dos riscos representados pela presença de
contaminantes no ar ambiente.
O método, pelo qual se eliminam ou se diminuem, os riscos respiratórios, baseia-se,
fundamentalmente, na utilização de uma peça facial que isole o usuário do ar
contaminado, e ainda, na utilização de um sistema de purificação ou de um suprimento de
ar respirável.
Um sistema de purificação de ar consiste, basicamente, em um elemento filtrante que
retem o contaminante e permite a passagem do ar purificado.
Já um sistema de suprimento de ar fornece ar respirável ou Oxigênio, a partir de uma
fonte independente da atmosfera contaminada.
Um quadro geral de proteção respiratória é apresentado na Figura 1.
34
Figura 1 – Quadro geral de proteção respiratória.
4.2.10 Tipos de equipamentos de proteção respiratória
4.2.10.1 Equipamentos dependentes
Os equipamentos dependentes são máscaras faciais ou máscaras semi-faciais, as quais
atuam como elementos filtrantes, retirando do ambiente contaminado o ar necessário para
respiração. Os equipamentos dependentes possuem algumas restrições, no que se refere
ao seu uso, dentre as quais se podem destacar:
 não se aplicam a ambientes com menos de 18 % de Oxigênio;
Equipamentos
Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos de Segurança Ltda.
Filtro Químico,
Filtro Mecânico, ou
Filtro Combinado
Circuito
Aberto
Depressão
Respiratória
Ar
Insuflado
Faciais
Totais
Adução de Ar
(Tubulação)
Purificação
(Ar Interno)
Conjunto
Autônomo
Isolamento
(Ar Externo)
Circuito
Fechado
Faciais
Parciais
35
 possuem baixa durabilidade em atmosferas saturadas com umidade;
 não devem, nunca, ser utilizados em condições desconhecidas.
4.2.10.2 Equipamentos independentes
Normalmente, os equipamentos independentes são conjuntos autônomos portáteis ou
linhas de ar mandado, que fornecem o ar necessário ao usuário, independentemente das
condições do ambiente de trabalho, ou seja, dos graus de contaminação que propiciam o
isolamento do trato respiratório do usuário, da atmosfera contaminada.
4.2.11 Elementos filtrantes
Os elementos filtrantes, comumente denominados filtros, são confeccionados com
materiais apropriados para a remoção de contaminantes específicos. De acordo com o
contaminante a ser removido, os filtros podem ser dos seguintes tipos:
 filtros químicos;
 filtros mecânicos;
 filtros combinados, ou sejam, mecânicos e químicos.
4.2.11.1 Filtros mecânicos
Os filtros mecânicos são utilizados para a proteção contra materiais particulados, sendo,
normalmente, confeccionado com um material fibroso, cujo entrelaçamento microscópico
das fibras retém as partículas e permite a penetração do ar respirável.
Segundo a “ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas”, os filtros mecânicos
podem ser classificados em função de sua capacidade de filtração, conforme descrito a
seguir.
a. Filtros mecânicos - classe P-1
 para uso contra aerodispersóides gerados mecanicamente, tais como poeiras e
névoas. As partículas podem ser sólidas ou líqüidas, geradas de soluções ou
suspensões aquosas;
 são indicados, entre outros, contra os seguintes contaminantes: poeiras vegetais, tais
como Algodão, Bagaço de Cana, Madeira, Celulose, Carvão Vegetal, Grãos e
Sementes; poeiras minerais, tais como Sílica, Cimento, Amianto, Carvão mineral,
Negro de Fumo, Bauxita, Calcário, Coque, Fibra de Vidro, Ferro, Alumínio, Chumbo,
Cobre, Zinco, Manganês e outros materiais; e ainda, névoas aquosas de substâncias
inorgânicas, tais como névoas de Ácido Sulfúrico e névoas de Soda Cáustica;
 esses filtros possuem pequena capacidade de retenção.
b. Filtros mecânicos - classe P-2
 para uso contra aerodispersóides que são gerados mecanicamente, tais como poeiras
e névoas, e contra aerodispersóides que são gerados termicamente, tais como
Fumos;
 além dos contaminantes indicados para os filtros mecânicos da Classe P-1, os filtros
mecânicos da Classe P-2 são eficientes na retenção de fumos metálicos, tais como
Solda, e daqueles provenientes dos processos de fusão de metais, que contenham
Ferro, Manganês, Cobre, Níquel e Zinco;
36
 são, ainda, indicados para proteção contra névoas de pesticidas, com baixa pressão
de vapor e que não contenham vapores associados;
 esses filtros são, também, classificados nas categorias S ou SL, de acordo com a sua
capacidade de reter partículas líqüidas, oleosas ou não. Os filtros da categoria S são
indicados para proteção contra os contaminantes anteriormente citados, enquanto que
os filtros da categoria SL podem ser utilizados para proteção contra névoas oleosas e,
também, para proteção contra os contaminantes da categoria anterior;
 esses filtros possuem capacidade média de retenção.
c. Filtros mecânicos - classe P-3
 para uso contra aerodispersóides que são gerados mecanicamente ou termicamente,
inclusive os aerodispersóides tóxicos. Pertencem a esta categoria, entre outros, os
seguintes contaminantes: Poeiras, Névoas e Fumos de Arsênico, Berílio, Sais
Solúveis de Platina, Cádmio, Rádio, Prata, Urânio e seus Compostos e os Radio-
nuclídeos;
 esses filtros, da mesma forma que os filtros da Classe P-2, também são divididos nas
categorias S e SL;
 esses filtros possuem grande capacidade de retenção.
Observação: A proteção propiciada por uma determinada classe de filtros compreende,
também, a proteção que é fornecida pelos filtros da classe anterior.
4.2.11.2 Aparelhos purificadores de ar
Estes equipamentos, também denominados respiradores, são dispositivos dotados de
filtros mecânicos, os quais são acoplados às máscaras contra partículas em suspensão.
a. Características dos aparelhos purificadores de ar
 oferecem proteção contra materiais particulados e contra fumos dispersos no
ambiente, com retenção mínima de aproximadamente 95% ;
 são constituídos por uma máscara semi-facial, também denominada meia-máscara, a
qual permite perfeita hermeticidade;
 possuem os seguintes dispositivos: tirantes, válvulas de inspiração, válvula de
expiração e um ou dois alojamentos para os filtros;
 os filtros variam em eficiência de filtração, conforme o material particulado em
suspensão que se deseja reter.
 existem, basicamente, quatro classes desses aparelhos: aparelhos purificadores de
ar, para material incômodo, ou seja para poeiras inertes; para poeiras
pneumoconióticas; para fumos metálicos; para partículas extremamente finas, tais
como Berílio, Materiais Radioativos; e, também, certos vírus.
Observações: A) - Os aparelhos purificadores de ar são dispositivos indicados para
situações de não emergência; entretanto, são utilizados mais para exposições de média
duração que para exposição continuada. B) - A vida-útil dos aparelhos purificadores de ar
relaciona-se, principalmente, com a atividade do usuário e com a concentração do
aerodispersóide presente no ambiente. C) – Alguns exemplos de locais com utilização de
aparelhos purificadores de ar são: avícolas, carvoarias, frigoríficos, fundições, hospitais,
laboratórios, pedreiras e unidades petroquímicas, entre outros.
37
b. Limitações dos aparelhos purificadores de ar
Os aparelhos purificadores de ar apresentam algumas limitações, tais como as seguintes:
não oferecem proteção contra gases ou vapores tóxicos; não devem ser utilizados em
atmosferas com deficiência de Oxigênio; e, não devem ser utilizados em operações de
jateamento abrasivo, sendo que, neste caso, devem ser utilizados equipamentos
específicos para esta operação.
4.2.11.3 Filtros químicos
Os filtros químicos são aqueles utilizados para a proteção contra gases e vapores. O
princípio de funcionamento desses filtros baseia-se na adsorção dos contaminantes
gasosos, por meio de um elemento filtrante, normalmente o Carvão Ativado.
Alguns filtros químicos utilizam, adicionalmente, elementos químicos, tais como Sais
Minerais, Catalisadores e algumas Substâncias Alcalinas, as quais melhoram o processo
de adsorção.
A quantidade, ou seja, a concentração do contaminante que o filtro pode reter depende da
qualidade do elemento filtrante, da sua granulometria, da quantidade da massa filtrante e
do tipo do contaminante, influindo, também, a temperatura e a umidade.
A “ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas” estabelece os tipos de filtros
químicos, de acordo com o contaminante gasoso contra o qual se deseja proteção,
conforme descrito a seguir:
 filtros para Vapores Orgânicos: são indicados contra certos vapores orgânicos,
conforme especificação do fabricante;
 filtros para Gases Ácidos: são indicados contra certos gases e certos vapores ácidos
inorgânicos, conforme especificação do fabricante, excluindo-se o Monóxido de
Carbono;
 filtros para Amônia: indicados contra Amônia e Compostos Orgânicos de Amônia,
conforme especificação do fabricante;
 filtros especiais: indicados contra contaminantes específicos, não incluídos nos grupos
anteriores, tais como Mercúrio, Cloreto de Vinila, Fosfina, Gás Sulfídrico, Ácido
Cianídrico, Óxido de Etileno, Monóxido de Carbono e Defensivos Agrícolas.
Todos os filtros químicos acima mencionados podem ser comercializados de forma
combinada, oferecendo, dessa forma, proteção contra mais de um tipo de contaminante
gasoso.
Considerando-se as suas respectivas capacidades de retenção dos contaminantes, os
filtros químicos são classificados, relativamente a três tamanhos:
 classe 1: cartuchos pequenos, indicados contra contaminantes gasosos, em baixas
concentrações;
 classe 2: cartuchos médios, indicados contra contaminantes gasosos, em médias
concentrações;
 classe 3: cartuchos grandes, indicados contra contaminantes gasosos, em altas
concentrações.
38
A Tabela 11, apresentada na página seguinte, mostra as classes dos filtros químicos, as
concentrações máximas de uso de algumas substâncias químicas, os tamanhos dos
cartuchos e a compatibilidade das peças faciais, em conformidade com a ABNT –
Associação Brasileira de Normas Técnicas”, no que refere ao uso de filtros químicos.
Tabela 11 – Concentrações máximas de uso.
Classe
do
filtro
Tamanho
do
cartucho
Indicação
Concentração
máxima
(ppm)
Peça
facial
compatível
Observação
(*)
1 Pequeno
Vapores Orgânicos
Amônia
Metilamina
Gases Ácidos
Ácido Clorídrico
Cloro
1.000
300
100
1.000
50
10
1/4, 1/2, 1/1 ou bocal
1/4, 1/2, 1/1 ou bocal
(A), (B) e (C)
(A), (B) e (C)
2 Médio
Vapores Orgânicos
Amônia
Gases ácidos
5.000
5.000
5.000
1/1 (A) e (C)
(A) e (C)
(A) e (B)
3 Grande
Vapores Orgânicos
Amônia
Gases Ácidos
10.000
10.000
10.000
1/1 (A) e (C)
(A) e (C)
(A) e (C)
Fonte: Projeto de Norma 2:11.03-006/1990 da ABNT
Observação (*): Especial atenção deve ser dada aos seguintes detalhes:
A) Não usar contra vapores orgânicos ou contra gases ácidos, com fracas propriedades
de alerta ou que gerem alto calor, pela reação com o conteúdo do cartucho;
B) A concentração máxima de uso não pode ser superior ao IPVS - Imediatamente
Perigoso à Vida ou à Saúde;
C) Para alguns gases ácidos e alguns vapores orgânicos, esta concentração máxima de
uso é mais baixa.
Existe, também, um código de cores para os diferentes filtros químicos, em função do tipo
de contaminante gasoso para o qual os mesmos foram projetados.
Esse código de cores foi adotado pelo NIOSH - National Institute for Occupational Safety
and Health e, também, pelo CEN - Comitê Europeu de Normalização.
4.2.11.4 Filtros combinados
Os filtros combinados, normalmente, são utilizados para proteção contra contaminantes
gasosos e contra contaminantes particulados, simultaneamente. São constituídos,
portanto, pela combinação de um filtro mecânico sobreposto a um filtro químico.
39
Dependendo da peça facial utilizada, esses filtros podem estar dispostos em cartuchos
separados; porém, o detalhe construtivo da peça deve permitir que o ar contaminado
passe, primeiramente, pelo filtro mecânico e, em seguida, pelo filtro químico. A disposição
do filtro combinado em cartuchos distintos é preferível, pois, geralmente, os filtros
mecânicos atingem o ponto de saturação, antes que o filtro químico.
4.2.11.5 Vida útil dos filtros
Os elementos filtrantes têm capacidade finita para remover contaminantes. Quando seu
limite é atingido, os filtros começam a saturar. No caso dos filtros químicos, uma vez
atingindo o ponto de saturação, o elemento filtrante permitirá, progressivamente, a
passagem do contaminante até o interior da peça facial. Nos filtros mecânicos, a
impregnação de partículas imporá resistência à respiração.
O período de tempo, no qual um determinado filtro efetivamente retem o contaminante, é
conhecido como vida-útil-mínima. De acordo com a “ABNT – Associação Brasileira de
Normas Técnicas”, os diferentes ensaios a que os filtros são submetidos devem informar
a vida-útil-mínima dos mesmos.
Na Tabela 12, apresentada a seguir, são mostrados dados referentes à vida-útil-mínima,
relativas às diferentes classes de filtros. “Para a obtenção de maiores detalhes sobre as
condições em que são efetuados os ensaios para determinação das concentrações de
teste, da concentração limitante, da vazão etc., o citado na Norma da ABNT” deve ser
consultado. A vida-útil de um determinado tipo de filtro depende de vários fatores, tais
como os descritos a seguir.
a. Freqüência respiratória
A freqüência respiratória influi na vida-útil do filtro. Quanto maior for à freqüência
respiratória do usuário, tanto maior será a quantidade de contaminante que entrará em
contato com o elemento filtrante, em um dado período de tempo. Desta forma, aumenta-
se a taxa de saturação do filtro.
b. Concentração do contaminante
A expectativa da vida-útil de um filtro diminui, conforme aumenta a concentração do
contaminante no ambiente, já que há maior quantidade deste em contato com o elemento
filtrante.
c. Eficiência dos filtros
A eficiência dos filtros químicos, ou seja, a capacidade dos filtros em remover
contaminantes do ar pode variar para as substâncias de uma mesma família química. Na
Tabela 12 são apresentados dados comparativos da eficiência dos filtros para vapores
orgânicos, com determinados Solventes, em função do tempo necessário para se atingir a
penetração de 1% do contaminante, no ar filtrado. A concentração inicial de teste é de
1.000 ppm de vapores do Solvente, enquanto que a concentração de penetração é de 10
ppm do mesmo. Convém ressaltar, que as propriedades de alerta de um determinado
filtro, ou seja, a forma como se dará a percepção humana quanto ao fim de sua vida-útil,
nem sempre, são completamente seguras.
Tst   apostila epi
Tst   apostila epi
Tst   apostila epi
Tst   apostila epi
Tst   apostila epi
Tst   apostila epi
Tst   apostila epi
Tst   apostila epi
Tst   apostila epi
Tst   apostila epi
Tst   apostila epi
Tst   apostila epi
Tst   apostila epi

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Material de incendio
Material de incendioMaterial de incendio
Material de incendio
thiago_design
 
Modelo de os 3
Modelo de os 3Modelo de os 3
Modelo de os 3
Montacon
 
Medidas para prevenção de acidentes no trabalho
Medidas para prevenção de acidentes no trabalhoMedidas para prevenção de acidentes no trabalho
Medidas para prevenção de acidentes no trabalho
Thaysa Brito
 
Treinamento nr 20 - segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combust...
Treinamento   nr 20 - segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combust...Treinamento   nr 20 - segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combust...
Treinamento nr 20 - segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combust...
Cristian Briet
 
PRO 015_PROCEDIMENTO DE OPERAÇÃO DE MOTOPODA Rev.03
PRO 015_PROCEDIMENTO DE OPERAÇÃO DE MOTOPODA Rev.03PRO 015_PROCEDIMENTO DE OPERAÇÃO DE MOTOPODA Rev.03
PRO 015_PROCEDIMENTO DE OPERAÇÃO DE MOTOPODA Rev.03
Jussiê Pereira da Silva
 

Mais procurados (20)

Material de incendio
Material de incendioMaterial de incendio
Material de incendio
 
Treinamento de segurança no trabalho para atividades expostas ao benzeno.
Treinamento de segurança no trabalho para atividades expostas ao benzeno.Treinamento de segurança no trabalho para atividades expostas ao benzeno.
Treinamento de segurança no trabalho para atividades expostas ao benzeno.
 
Epc
EpcEpc
Epc
 
Pgr
PgrPgr
Pgr
 
Modelo de os 3
Modelo de os 3Modelo de os 3
Modelo de os 3
 
Treinamento nr 20
Treinamento nr 20Treinamento nr 20
Treinamento nr 20
 
Aula 001 Risco Químico
Aula 001 Risco QuímicoAula 001 Risco Químico
Aula 001 Risco Químico
 
Medidas para prevenção de acidentes no trabalho
Medidas para prevenção de acidentes no trabalhoMedidas para prevenção de acidentes no trabalho
Medidas para prevenção de acidentes no trabalho
 
220543054 prova-de-operador-de-empilhadeiras
220543054 prova-de-operador-de-empilhadeiras220543054 prova-de-operador-de-empilhadeiras
220543054 prova-de-operador-de-empilhadeiras
 
Manual de segurança em serviços de impermeabilização na construção civil
Manual de segurança em serviços de impermeabilização na construção civilManual de segurança em serviços de impermeabilização na construção civil
Manual de segurança em serviços de impermeabilização na construção civil
 
Produtos Perigosos
Produtos PerigososProdutos Perigosos
Produtos Perigosos
 
Logistica carga perigosa
Logistica carga perigosaLogistica carga perigosa
Logistica carga perigosa
 
Bombeiro civil
Bombeiro civilBombeiro civil
Bombeiro civil
 
Treinamento combate incendios
Treinamento combate incendiosTreinamento combate incendios
Treinamento combate incendios
 
Acidente de trabalho com serra circular
Acidente de trabalho com serra circularAcidente de trabalho com serra circular
Acidente de trabalho com serra circular
 
Modelo avaliação de ruido
Modelo avaliação de ruidoModelo avaliação de ruido
Modelo avaliação de ruido
 
Treinamento nr 20 - segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combust...
Treinamento   nr 20 - segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combust...Treinamento   nr 20 - segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combust...
Treinamento nr 20 - segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combust...
 
Nr20 básico módulo 1
Nr20   básico módulo 1Nr20   básico módulo 1
Nr20 básico módulo 1
 
NR10 - TREINAMENTO NR 10 ATUALIZADO.ppt
NR10 - TREINAMENTO NR 10 ATUALIZADO.pptNR10 - TREINAMENTO NR 10 ATUALIZADO.ppt
NR10 - TREINAMENTO NR 10 ATUALIZADO.ppt
 
PRO 015_PROCEDIMENTO DE OPERAÇÃO DE MOTOPODA Rev.03
PRO 015_PROCEDIMENTO DE OPERAÇÃO DE MOTOPODA Rev.03PRO 015_PROCEDIMENTO DE OPERAÇÃO DE MOTOPODA Rev.03
PRO 015_PROCEDIMENTO DE OPERAÇÃO DE MOTOPODA Rev.03
 

Semelhante a Tst apostila epi

Agentes químicos dentro das indústrias
Agentes químicos dentro das indústriasAgentes químicos dentro das indústrias
Agentes químicos dentro das indústrias
Jupira Silva
 
Guia Essencial de EPIs
Guia Essencial de EPIsGuia Essencial de EPIs
Guia Essencial de EPIs
Zanel EPIs de Raspa e Vaqueta
 
Proteção Individual e Coletiva Higiene M2.pptx
Proteção Individual e Coletiva Higiene M2.pptxProteção Individual e Coletiva Higiene M2.pptx
Proteção Individual e Coletiva Higiene M2.pptx
MONIZE4
 
119167864 1641.epis
119167864 1641.epis119167864 1641.epis
119167864 1641.epis
Pelo Siro
 
Por que não se pode dispensar o uso.pptx
Por que não se pode dispensar o uso.pptxPor que não se pode dispensar o uso.pptx
Por que não se pode dispensar o uso.pptx
AlidaFurtado
 
Manual para selecao de ep is ed358_e_book
Manual para selecao de ep is ed358_e_bookManual para selecao de ep is ed358_e_book
Manual para selecao de ep is ed358_e_book
Francis Radael Tatto
 

Semelhante a Tst apostila epi (20)

Agentes químicos dentro das indústrias
Agentes químicos dentro das indústriasAgentes químicos dentro das indústrias
Agentes químicos dentro das indústrias
 
Curso: NR-06 para Oficinas Mecânicas
Curso: NR-06 para Oficinas MecânicasCurso: NR-06 para Oficinas Mecânicas
Curso: NR-06 para Oficinas Mecânicas
 
Curso-Basico-de-Emergencia-Quimica.pdf
Curso-Basico-de-Emergencia-Quimica.pdfCurso-Basico-de-Emergencia-Quimica.pdf
Curso-Basico-de-Emergencia-Quimica.pdf
 
Guia Essencial de EPIs
Guia Essencial de EPIsGuia Essencial de EPIs
Guia Essencial de EPIs
 
3.2 epi e coletica
3.2 epi e coletica3.2 epi e coletica
3.2 epi e coletica
 
ALUNOS_Biossegurança.pdf
ALUNOS_Biossegurança.pdfALUNOS_Biossegurança.pdf
ALUNOS_Biossegurança.pdf
 
Proteção Individual e Coletiva Higiene M2.pptx
Proteção Individual e Coletiva Higiene M2.pptxProteção Individual e Coletiva Higiene M2.pptx
Proteção Individual e Coletiva Higiene M2.pptx
 
EPI SHST 2023 Equipamento de segurança individual e coletiva.ppt
EPI SHST 2023 Equipamento de segurança individual e coletiva.pptEPI SHST 2023 Equipamento de segurança individual e coletiva.ppt
EPI SHST 2023 Equipamento de segurança individual e coletiva.ppt
 
119167864 1641.epis
119167864 1641.epis119167864 1641.epis
119167864 1641.epis
 
Por que não se pode dispensar o uso.pptx
Por que não se pode dispensar o uso.pptxPor que não se pode dispensar o uso.pptx
Por que não se pode dispensar o uso.pptx
 
Uso EPI
Uso EPIUso EPI
Uso EPI
 
Manual de uso correto de equipamentos de proteção individual
Manual de uso correto de equipamentos de proteção individualManual de uso correto de equipamentos de proteção individual
Manual de uso correto de equipamentos de proteção individual
 
Aula 5 epi
Aula 5   epiAula 5   epi
Aula 5 epi
 
Aula 5 - Higiene e Segurança do Trabalho
Aula 5 - Higiene e Segurança do TrabalhoAula 5 - Higiene e Segurança do Trabalho
Aula 5 - Higiene e Segurança do Trabalho
 
A utilizao dos EPIS No espao de Trabalho.pptx
A utilizao dos EPIS No espao de Trabalho.pptxA utilizao dos EPIS No espao de Trabalho.pptx
A utilizao dos EPIS No espao de Trabalho.pptx
 
Construcao civil uso ep is amaury rios
Construcao civil uso ep is amaury riosConstrucao civil uso ep is amaury rios
Construcao civil uso ep is amaury rios
 
Aula epi epc
Aula epi epcAula epi epc
Aula epi epc
 
Aula 03 (1)
Aula 03 (1)Aula 03 (1)
Aula 03 (1)
 
Manual para selecao de ep is ed358_e_book
Manual para selecao de ep is ed358_e_bookManual para selecao de ep is ed358_e_book
Manual para selecao de ep is ed358_e_book
 
2.3 tipologia de riscos profissionais produtos quimicos
2.3 tipologia de riscos profissionais produtos quimicos2.3 tipologia de riscos profissionais produtos quimicos
2.3 tipologia de riscos profissionais produtos quimicos
 

Mais de Bolivar Motta

Mais de Bolivar Motta (20)

Tst mapa conceitual (organograma)
Tst   mapa conceitual (organograma)Tst   mapa conceitual (organograma)
Tst mapa conceitual (organograma)
 
Tst higiene ocupacional (extra)
Tst   higiene ocupacional (extra)Tst   higiene ocupacional (extra)
Tst higiene ocupacional (extra)
 
Tst higiene no trabalho (extra)
Tst   higiene no trabalho (extra)Tst   higiene no trabalho (extra)
Tst higiene no trabalho (extra)
 
Tst fundamentos dos processos de usinagem
Tst   fundamentos dos processos de usinagemTst   fundamentos dos processos de usinagem
Tst fundamentos dos processos de usinagem
 
Tst fratura
Tst   fraturaTst   fratura
Tst fratura
 
Tst fisiologia do trabalho
Tst   fisiologia do trabalhoTst   fisiologia do trabalho
Tst fisiologia do trabalho
 
Tst fisiologia do trabalho - eduardo c. batiz
Tst   fisiologia do trabalho - eduardo c. batizTst   fisiologia do trabalho - eduardo c. batiz
Tst fisiologia do trabalho - eduardo c. batiz
 
Tst ergonomia aula 6
Tst   ergonomia aula 6Tst   ergonomia aula 6
Tst ergonomia aula 6
 
Tst ergonomia aula 5
Tst   ergonomia aula 5Tst   ergonomia aula 5
Tst ergonomia aula 5
 
Tst ergonomia aula 4
Tst   ergonomia aula 4Tst   ergonomia aula 4
Tst ergonomia aula 4
 
Tst ergonomia aula 3
Tst   ergonomia aula 3Tst   ergonomia aula 3
Tst ergonomia aula 3
 
Tst ergonomia aula 2
Tst   ergonomia aula 2Tst   ergonomia aula 2
Tst ergonomia aula 2
 
Tst ergonomia aula 1
Tst   ergonomia aula 1Tst   ergonomia aula 1
Tst ergonomia aula 1
 
Tst ergonomia - checklist
Tst   ergonomia - checklistTst   ergonomia - checklist
Tst ergonomia - checklist
 
Tst ergonomia - checklist couto
Tst   ergonomia - checklist coutoTst   ergonomia - checklist couto
Tst ergonomia - checklist couto
 
Tst epc - nr 06
Tst   epc - nr 06Tst   epc - nr 06
Tst epc - nr 06
 
Tst dst manual de bolso (extra)
Tst   dst manual de bolso (extra)Tst   dst manual de bolso (extra)
Tst dst manual de bolso (extra)
 
Tst dst 2 cartilha (extra)
Tst   dst 2 cartilha (extra)Tst   dst 2 cartilha (extra)
Tst dst 2 cartilha (extra)
 
Tst dst 1 cartilha
Tst   dst 1 cartilhaTst   dst 1 cartilha
Tst dst 1 cartilha
 
Tst curso cipa
Tst   curso cipaTst   curso cipa
Tst curso cipa
 

Último

INTRODUÇÃO A EPIDEMIOLOGIA - AULA INTRODUTÓRIA
INTRODUÇÃO A EPIDEMIOLOGIA - AULA INTRODUTÓRIAINTRODUÇÃO A EPIDEMIOLOGIA - AULA INTRODUTÓRIA
INTRODUÇÃO A EPIDEMIOLOGIA - AULA INTRODUTÓRIA
CarlosLinsJr
 
Abordagem Centrada na Pessoa - Carl Rogers
Abordagem Centrada na Pessoa - Carl RogersAbordagem Centrada na Pessoa - Carl Rogers
Abordagem Centrada na Pessoa - Carl Rogers
wolfninja1
 
praticas de Biologia microscopia e analise
praticas de Biologia microscopia e analisepraticas de Biologia microscopia e analise
praticas de Biologia microscopia e analise
julimarapires
 

Último (12)

Segurança Viária e Transporte de Passageiros em Motocicleta em Quatro Capit...
Segurança Viária e Transporte de Passageiros em Motocicleta em Quatro Capit...Segurança Viária e Transporte de Passageiros em Motocicleta em Quatro Capit...
Segurança Viária e Transporte de Passageiros em Motocicleta em Quatro Capit...
 
Aula 3. Introdução às ligações quimicas.pptx
Aula 3. Introdução às ligações quimicas.pptxAula 3. Introdução às ligações quimicas.pptx
Aula 3. Introdução às ligações quimicas.pptx
 
PSICOLOGIA E SAÚDE COLETIVA ( Necessidade do Psicólogo na Atenção Básica).pptx
PSICOLOGIA E SAÚDE COLETIVA ( Necessidade do Psicólogo na Atenção Básica).pptxPSICOLOGIA E SAÚDE COLETIVA ( Necessidade do Psicólogo na Atenção Básica).pptx
PSICOLOGIA E SAÚDE COLETIVA ( Necessidade do Psicólogo na Atenção Básica).pptx
 
TAT - Teste de Apercepção Temática - Murray
TAT - Teste de Apercepção Temática - MurrayTAT - Teste de Apercepção Temática - Murray
TAT - Teste de Apercepção Temática - Murray
 
INTRODUÇÃO A EPIDEMIOLOGIA - AULA INTRODUTÓRIA
INTRODUÇÃO A EPIDEMIOLOGIA - AULA INTRODUTÓRIAINTRODUÇÃO A EPIDEMIOLOGIA - AULA INTRODUTÓRIA
INTRODUÇÃO A EPIDEMIOLOGIA - AULA INTRODUTÓRIA
 
Abordagem Centrada na Pessoa - Carl Rogers
Abordagem Centrada na Pessoa - Carl RogersAbordagem Centrada na Pessoa - Carl Rogers
Abordagem Centrada na Pessoa - Carl Rogers
 
Aula 1 Anatomia INTRODUÇÃO SISTEMA ESQUELETICO
Aula 1 Anatomia  INTRODUÇÃO SISTEMA ESQUELETICOAula 1 Anatomia  INTRODUÇÃO SISTEMA ESQUELETICO
Aula 1 Anatomia INTRODUÇÃO SISTEMA ESQUELETICO
 
praticas de Biologia microscopia e analise
praticas de Biologia microscopia e analisepraticas de Biologia microscopia e analise
praticas de Biologia microscopia e analise
 
Caderno de Exercícios Autoestima e Emoções.pdf
Caderno de Exercícios Autoestima e Emoções.pdfCaderno de Exercícios Autoestima e Emoções.pdf
Caderno de Exercícios Autoestima e Emoções.pdf
 
Aula 1 - farmacocinética e farmacodinâmica-2.pdf
Aula 1 - farmacocinética e farmacodinâmica-2.pdfAula 1 - farmacocinética e farmacodinâmica-2.pdf
Aula 1 - farmacocinética e farmacodinâmica-2.pdf
 
Urgência e emergência para tec de enfermagem.pptx
Urgência e emergência para tec de enfermagem.pptxUrgência e emergência para tec de enfermagem.pptx
Urgência e emergência para tec de enfermagem.pptx
 
Apresentação sobre doenças transmissíveis
Apresentação sobre doenças transmissíveisApresentação sobre doenças transmissíveis
Apresentação sobre doenças transmissíveis
 

Tst apostila epi

  • 1. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL Por Marco Antonio José Lainha e Edson Haddad 1. Introdução Um país não pode crescer se não possuir grandes parques e instalações de pólos- petroquímicos que subsidiem matérias primas para a composição dos produtos necessários à manutenção da vida diária. O vazamento de produtos químicos para o meio ambiente tem sido ocasionado por aspectos humanos e materiais, envolvendo os vários segmentos que manipulam estas substâncias, tais como:  laboratórios;  áreas de estocagem, tais como almoxarifados, depósitos e pátios, dentre outros;  processos de fabricação;  atividades de transporte, rodoviário, ferroviário, aéreo, marítimo e por dutos. As substâncias químicas têm gerado diversos riscos ao homem e ao meio ambiente, causando danos corporais e materiais e, ainda, provocando a morte de várias espécies. Neste sentido, o crescente número de acidentes envolvendo produtos perigosos vem preocupando, consideravelmente, as autoridades e segmentos envolvidos em todo o mundo. Os acidentes envolvendo produtos químicos perigosos requerem cuidados especiais, bem como pessoal habilitado e treinado para o seu atendimento, tendo em vista os riscos de inflamabilidade, toxidez e corrosividade, proporcionados por essas substâncias perigosas quando do seu vazamento ou derrames acidentais, gerando atmosferas contaminadas por gases e vapores. O atendimento a esses episódios gera diversos riscos à integridade física dos profissionais que desenvolvem atividades nesses cenários. Neste sentido, nas emergências que envolvem substâncias químicas perigosas, é de suma importância que os envolvidos no atendimento utilizem Equipamentos de Proteção Individual – EPI, de acordo com os riscos apresentados pelas substâncias envolvidas, o volume do vazamento, locais atingidos e as atividades a serem realizadas. 2. Objetivo O objetivo deste trabalho é apresentar, de forma sucinta, os principais Equipamentos de Proteção Individual – EPI, que devem ser utilizados nos atendimentos às emergências químicas. 3. Considerações gerais Um Equipamento de Proteção individual – EPI é todo dispositivo de uso individual, de fabricação nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador. Os EPI não reduzem o risco nem reduzem o perigo, apenas adequam o indivíduo ao meio e ao grau de exposição aos riscos.
  • 2. 2 Duas questões básicas devem ser consideradas: 1. Pergunta: Quando usar os Equipamentos de Proteção Individual – EPI? Resposta: Durante a realização de atividades rotineiras ou emergenciais, de acordo com o grau de exposição. 2. Pergunta: Como escolher os Equipamentos de Proteção Individual – EPI? Resposta: De acordo com as necessidades, os riscos intrínsecos das atividades as partes do corpo a serem protegidas. Duas situações devem ser observadas: 1. Após a avaliação da situação: a seleção e o uso dos EPI deverão ser adequados às reais situações do momento. 2. Em caso de dúvida ou desconhecimento do grau de exposição e/ou da contaminação a que o trabalhador estará exposto: sempre deverão ser utilizados EPI de proteção máxima. 4. Classificação dos equipamentos de proteção individual Os Equipamentos de Proteção Individual contra Substâncias Químicas são classificados de acordo com o tipo de proteção que os mesmos devem oferecer aos seus usuários:  proteção cutânea;  proteção respiratória. 4.1 Proteção cutânea Os principais equipamentos de proteção individual, específicos para oferecerem a proteção cutânea aos trabalhadores contra a ação de substâncias químicas são:  roupas;  luvas;  botas. 4.1.1 Roupas de proteção química Proteger os trabalhadores, de forma a impedir a exposição da pele às substâncias químicas requer o uso da roupa de proteção mais adequada e efetiva. É fundamental selecionar uma roupa que tenha sido confeccionada com materiais que apresentem a maior resistência possível ao ataque de substâncias químicas. No que se refere ao atendimento aos acidentes envolvendo substâncias químicas, as roupas de proteção química têm como finalidade proteger o corpo do contato e da ação dessas substâncias, uma vez que as mesmas podem causar severos danos à pele ou podem ser absorvidas pela mesma e, penetrando no organismo, afetar outros órgãos. Uma vez selecionadas adequadamente para cada situação encontrada, e sempre utilizadas conjuntamente com os Equipamentos de Proteção Respiratória – EPR adequados, essas roupas de proteção química protegem eficazmente as pessoas, em ambientes hostis.
  • 3. 3 O modelo da roupa de proteção química também é importante e depende de vários fatores, tais como se a substância química envolvida estiver presente na atmosfera e se a exposição ou o contato da pele com o produto pode se dar de forma direta ou por respingos. Outros critérios para a seleção dessas roupas de proteção também devem ser considerados, incluindo-se as probabilidades da exposição direta ao produto, a facilidade de descontaminação, a mobilidade do usuário quando a estiver usando, a durabilidade e, em menor escala, o seu custo. Atualmente, uma significativa variedade de materiais está disponível para a fabricação de roupas de proteção química. Cada um desses materiais oferece um grau de proteção à pele, contra várias substâncias; entretanto, nenhum material fornece a máxima proteção contra todas as substâncias químicas. Dessa forma, cada roupa de proteção selecionada deve ter sido confeccionada com materiais adequados que propiciem a máxima resistência possível contra a substância, caso a mesma seja conhecida ou haja a suspeita de que a mesma possa estar presente. A seleção adequada das roupas de proteção química pode minimizar o risco de exposição às substâncias químicas; mas, não fornece proteção contra riscos físicos, tais como objetos contundentes e perfurantes, fogo, radiação e eletricidade. O uso de outros equipamentos de proteção individual, específicos para essas situações, também é de fundamental importância para que se possa fornecer completa proteção aos envolvidos nos trabalhos. A proteção à cabeça é adequadamente fornecida por capacetes rígidos; a proteção aos olhos, por óculos resistentes a impactos; a proteção aos ouvidos é dada por protetores auriculares; e, a proteção aos pés e às mãos é dada por luvas e botas resistentes às substâncias químicas. Desta forma, essas informações têm por finalidade auxiliar as equipes envolvidas nos trabalhos e nos atendimentos às emergências envolvendo substâncias químicas, bem como na seleção das roupas de proteção química mais adequada para cada situação, de acordo com o seu modelo e materiais utilizados na sua fabricação, roupas essas que sejam as mais adequadas para serem utilizadas quando da ocorrência de acidentes envolvendo substâncias químicas. Assim sendo, este capítulo foi dividido em duas partes, sendo que a primeira abordará a classificação das roupas de proteção química, enquanto que a segunda abordará a classificação de luvas e botas. 4.1.1.1 Classificação das roupas de proteção química As roupas que oferecem proteção contra a ação de substâncias químicas são classificadas por: modelo, tipo de uso e materiais utilizados na sua confecção. No que se refere a essas três classificações, as roupas de proteção contra a ação de substâncias químicas são as seguintes:  roupas de encapsulamento completo;  roupas contra respingos químicos;
  • 4. 4  roupas de uso único, descartáveis. 4.1.1.2 Roupas de encapsulamento completo Essas roupas, totalmente encapsuladas, são confeccionadas em peças únicas que envolvem, ou seja, encapsulam totalmente o usuário, possuindo botas, luvas e um visor transparente, totalmente integrado e conectado às roupas; entretanto, em alguns dos modelos de roupas existentes no mercado, as luvas de proteção química podem ser removidas. Neste caso, as luvas são conectadas às mangas das roupas, por anéis de pressão, os quais impedem a entrada de líqüidos e gases. Igualmente, os dispositivos de fechamento, conhecidos por zíper ou fecho éclair, também fornecem perfeita vedação contra a entrada de líqüidos, gases e vapores. Essas roupas de proteção devem, obrigatoriamente, ser submetidas a testes de pressão e a testes de vazamentos, para assegurar a sua integridade. Por se tratarem de roupas totalmente encapsuladas, a proteção respiratória do usuário e o ar respirável são fornecidos por um conjunto autônomo de respiração com pressão positiva, constituído por uma máscara facial, uma traquéia e um cilindro de ar comprimido que deve ser usado internamente à roupa de proteção, ou também, por uma linha de ar mandado, que mantém a pressão positiva dentro da mesma. As roupas de encapsulamento total são utilizadas, principalmente, para proteger o usuário contra gases, vapores e partículas tóxicas no ar. Além disso, protegem contra respingos de líqüidos. A proteção que essas roupas fornecem contra uma determinada substância química depende do material utilizado para a sua confecção. Uma vez que não existe ventilação, há sempre o perigo de ocorrer acúmulo de calor, podendo resultar numa situação de risco para o usuário. Devido a algumas dificuldades apresentadas pelo equipamento, na maioria das vezes, o usuário precisa ser auxiliado por outra pessoa, tanto para a colocação como para a retirada da roupa. Existe uma grande variedade de acessórios disponíveis no mercado, os quais também podem ser utilizados em conjunto com essas roupas de proteção química, visando dar mais conforto e praticidade operacional ao usuário, como por exemplo: sistema de rádio- comunicação, coletes que propiciem refrigeração interna e botas especiais que propiciem resistência química, preferencialmente, com tamanho dois números acima do número das botas utilizadas pelo usuário. 4.1.1.3 Roupas contra respingos químicos Essas roupas de proteção, também denominadas roupas não encapsuladas, oferecem ótima proteção contra substâncias químicas; contudo, não possui o dispositivo de proteção respiratória facial como parte integrante das mesmas. Desta forma, um conjunto autônomo de respiração com pressão positiva ou uma linha de ar mandado, assim como
  • 5. 5 uma máscara com filtro químico específico, podem ser utilizados pelo usuário; porém, externamente à roupa. As roupas contra respingos químicos, normalmente, incluem um capuz e outros acessórios e, basicamente, podem ser de dois tipos:  peça única, do tipo macacão;  conjunto, formado por calça e jaqueta. As roupas contra respingos químicos não foram projetadas nem desenvolvidas para fornecer a máxima proteção contra gases, vapores e partículas, mas, apenas para a proteção contra respingos. Essas roupas de proteção podem ser completamente vedadas, utilizando-se fitas adesivas que permitam a vedação nas áreas dos pulsos, dos tornozelos e do pescoço do usuário, não permitindo a exposição de qualquer parte do corpo. As roupas contra respingos químicos não são consideradas à prova de gases e vapores; contudo, podem ser um bom substituto das roupas de encapsulamento completo, desde que a concentração do produto envolvido for baixa e a substância química não for extremamente tóxica, pela via dérmica. 4.1.1.4 Roupas de uso único (descartáveis) Essa terceira classificação das roupas de proteção química é relativa, pois baseia-se, praticamente, na facilidade de sua descontaminação, na qualidade dos materiais utilizados na sua confecção e no custo de sua aquisição. Países e instituições com poucos recursos financeiros, normalmente, consideram as roupas de proteção química, cujo custo de aquisição seja inferior a US$ 25,00 (vinte e cinco dólares) por peça, como sendo roupas de uso único e, portanto, descartáveis. Em situações ou em locais onde a descontaminação das roupas de proteção química seja difícil ou, portanto, impossível de ser realizada e tornando-se um problema, todas as roupas, inclusive as mais caras, acabam sendo consideradas roupas de uso único e, conseqüentemente, descartadas. 4.1.1.5 Requisitos de desempenho para as roupas de proteção química Vários requisitos de desempenho devem, obrigatoriamente, ser levados em conta na seleção das roupas de proteção químicas mais adequadas para cada situação. Sua importância, também relativa, é determinada pelas atividades a serem executadas e as condições específicas de cada local. Os principais requisitos de desempenho das roupas de proteção química são os seguintes: ✔ resistência química e física: é a capacidade de um material em resistir às trocas químicas e físicas. A resistência química de um material é o requisito de desempenho mais importante, uma vez que o material deve manter sua integridade estrutural e qualidade de proteção, quando em contato com substâncias químicas; ✔ durabilidade: é a capacidade de um material em resistir à sua utilização, ou seja, a capacidade de resistir às perfurações, aos rasgos e à abrasão. Essa resistência é inerente a cada material;
  • 6. 6 ✔ flexibilidade: é a capacidade do material em curvar ou dobrar. É um requisito extremamente importante, inclusive no que se refere às luvas acopladas à roupa, pois influencia, diretamente, na mobilidade, na agilidade e na restrição de movimentos do usuário; ✔ resistência térmica: é a capacidade de um material em manter sua resistência química, durante todo o período em que ocorrer sua exposição a temperaturas extremas, principalmente as altas, e manter-se flexível em baixas temperaturas. Uma tendência geral, apresentada pelos materiais, é a de que altas temperaturas reduzem a sua resistência química enquanto que as baixas reduzem a sua flexibilidade; ✔ vida-útil: é a capacidade de um material em resistir ao envelhecimento e à deterioração. Fatores, tais como tipo de produto, temperaturas extremas, umidade, luz ultravioleta, agentes oxidantes, entretanto outros causam a redução da vida-útil do material. A estocagem e os cuidados adequados, contra tais fatores, podem ajudar na prevenção do seu envelhecimento. Os fabricantes dessas roupas devem ser consultados com relação às recomendações sobre o armazenamento das mesmas; ✔ facilidade de limpeza: é a possibilidade apresentada por um material em poder ser efetivamente descontaminado e, conseqüentemente, de se remover totalmente as substâncias impregnadas no mesmo. Alguns materiais são praticamente impossíveis de serem descontaminados. Dessa forma, é muito importante que, durante a sua utilização, os mesmos sejam cobertos com outras roupas descartáveis, para prevenir ou minimizar, ao máximo, a sua contaminação; ✔ projeto de confecção: é a forma como uma roupa é confeccionada e, também, inclui o seu tipo e outras características. Atualmente, uma variedade de modelos de roupas, com características diversas, é fabricada, tais como:  roupas de encapsulamento completo;  roupas contra respingos químicos;  roupas com uma, duas ou três peças;  roupas com capuz, protetor facial, luvas e botas, soldadas ou não;  roupas com localização adequada do fecho, dos botões e das costuras;  roupas com colarinho, bolsos e alças com velcro ou outro material;  roupas com ventilação e válvulas de exalação de ar para a atmosfera;  roupas compatíveis com o equipamento de proteção respiratória utilizado. ✔ cor: é a condição de as roupas facilitarem o contato visual entre as equipes. As roupas de cores escuras, tais como preto e verde, absorvem calor radiante de fontes externas e o transfere para o usuário, aumentando os problemas relacionados ao calor; ✔ tamanho: é a dimensão física e as proporções da roupa. O tamanho da roupa está diretamente relacionado ao conforto do usuário e tem grande influencia na ocorrência de acidentes físicos desnecessários. Roupas apertadas limitam a mobilidade, a destreza e a concentração do usuário; ✔ custo: o custo de aquisição das roupas de proteção química varia consideravelmente e, freqüentemente, também determina a seleção e a freqüência do uso dessas roupas. Por serem mais baratas e tão seguras quanto às roupas mais caras e, ainda, apropriadas para várias situações, as roupas de proteção química descartáveis devem ser utilizadas. 4.1.1.6 Resistência química A eficácia dos materiais utilizados na proteção contra substâncias químicas está baseada na sua resistência à penetração, à degradação e à permeação. Cada uma dessas três
  • 7. 7 propriedades deve ser avaliada, quando da seleção dos modelos das roupas de proteção química, bem como, da seleção dos materiais de que as roupas são feitas. 4.1.1.7 Penetração A penetração é o transporte de substâncias químicas por aberturas existentes nas roupas. Uma substância pode penetrar, devido ao projeto ou a imperfeições existentes nas roupas. Os pontos de costura, as casas dos botões, os zíperes e o próprio tecido, como também rasgos, furos, fissuras e abrasão, podem permitir a penetração do produto. As roupas de proteção, bem projetadas e confeccionadas, com zíperes selados, juntas vedadas com fita colante e a não utilização de tecidos comuns, previnem a penetração das substâncias. 4.1.1.8 Degradação A degradação é uma ação química envolvendo uma ruptura molecular do material, devido ao seu contato com uma substância química. A degradação também é evidenciada por alterações físicas do material. A ação da substância química pode causar a contração ou a expansão do material e, desta forma, torná-lo quebradiço ou macio, ou ainda, alterar completamente suas propriedades químicas. Outras alterações também são provocadas, tais como uma leve descoloração, a superfície tornar-se áspera ou pegajosa e surgirem rachaduras no material. Tais alterações podem aumentar a permeação ou permitir a penetração do contaminante na roupa. Informações específicas, sobre os testes de degradação para substâncias específica e para as classes de produtos, são disponibilizadas pelos fabricantes e fornecedores de roupas de proteção química. Esses dados fornecem aos usuários a taxa de resistência à degradação, a qual é, subjetivamente, expressa como excelente, boa, fraca e pobre. Os dados de degradação podem, também, auxiliar na determinação da capacidade de proteção de um material; entretanto, não devem substituir os dados dos testes de permeação. A razão para tal, é que um material com excelente resistência à degradação pode vir a ser classificado como sendo fraco, em permeação. Portanto, a degradação e a permeação não estão diretamente relacionadas entre si e não podem ser intercambiadas. 4.1.1.9 Permeação A permeação é uma ação química, envolvendo a movimentação de uma substância química, a nível molecular, através de um material. É um processo que envolve:  a sorção (adsorção e a absorção) de uma substância, na superfície externa do material;  a difusão e a disabsorção da substância, na superfície interna do material. Dessa forma, é estabelecido um gradiente de concentração da substância química, ou seja:
  • 8. 8  alta concentração da substância, no lado externo do material;  baixa concentração da substância, no lado interno do material. Uma vez que a tendência da ação química é atingir uma concentração de equilíbrio, forças moleculares conduzem a substância ao interior do material, principalmente em direção às áreas que estejam sem concentração ou com baixa concentração da substância. Assim, um maior fluxo de permeação química ocorre e torna-se constante. A permeação é medida e expressa como sendo uma taxa, sendo denominada taxa de permeação, ou também, tempo de passagem da substância através da roupa de proteção. 4.1.1.10 Taxa de permeação A taxa de permeação é a quantidade de substância química que se moverá através de uma área do material da roupa de proteção, em um determinado tempo. Normalmente, a taxa de permeação é expressa em microgramas de produto, permeado por centímetro quadrado, por minuto de exposição (µg/cm2 /min). Muitos são os fatores que influenciam a taxa de permeação dos materiais de proteção química, incluindo o tipo do material e a sua espessura. É regra geral, que a taxa de permeação é inversamente proporcional à espessura do material. Outros fatores importantes são: a concentração da substância, o tempo de contato, a temperatura, a umidade e a solubilidade do material nas substâncias químicas. As taxas de resistência e a eficácia dos materiais de proteção à degradação química, por classe de produto, são mostradas na Tabela 1, apresentada na página seguinte. Tabela 1 – Eficácia dos materiais de proteção à degradação química, por classe de produto. Materiais de proteção Classes de Produtos Borracha butílica Cloreto de Polivinila (PVC) Neoprene Borracha Natural Alcoóis E E E E Aldeídos E – B B - R E – B E - R Aminas E – R B - R E – B B - R Ésteres B – R F B R - F Éteres B – R B E – B B - R Hidrocarbonetos Halogenados B – F B - F B – R R - F Hidrocarbonetos R – F R B – R R - F Ácidos Inorgânicos B – R E E – B R - F Bases Inorgânicas e Sais E E E E Cetonas E F B – R E - R Gordura Natural e Óleos B – R B E – B B - R Ácidos Orgânicos E E E E Legenda: E = Excelente; B = Bom; R = Regular; F = Fraco
  • 9. 9 4.1.1.11 Tempo de passagem através da roupa O tempo de passagem através da roupa é o tempo, expresso em minutos, decorrido entre o contato inicial de uma substância química com a superfície externa de um material de proteção e a sua detecção na superfície interna desse material. Tal como a taxa de permeação, o tempo de passagem é específico para cada substância e para cada material de proteção e, ainda, é influenciado pelos mesmos fatores. Como regra geral, o tempo de passagem é diretamente proporcional ao quadrado da espessura do material de proteção. Os dados referentes à taxa de permeação e ao tempo de passagem são fornecidos pelos fabricantes das roupas de proteção química. Embora exista uma metodologia-padrão da ASTM - American Standard for Testing Materials para os testes de permeação, existem diversas e consideráveis variações nos dados fornecidos pelos fabricantes de roupas de proteção química, quanto à espessura e à qualidade do material, ao processo de fabricação, à temperatura, às concentrações das substâncias químicas e aos métodos analíticos, empregados nos testes. O melhor material de proteção contra uma substância química específica é aquele que apresenta nenhuma ou baixa taxa de permeação e longo tempo de passagem através da roupa. No entanto, estas propriedades não devem ser correlacionadas, ou seja, um longo tempo de passagem não significa, necessariamente, uma baixa taxa de permeação e vice-versa. O valor desejado é, normalmente, um longo tempo para que ocorra a passagem através da roupa. 4.1.1.12 Materiais de confecção de roupas de proteção química As roupas de proteção contra substâncias químicas também são classificadas de acordo com o material utilizado para a sua confecção. Existe uma grande variedade de materiais de proteção. Todos os materiais, atualmente empregados na confecção de roupas de proteção química, podem ser agrupados em duas categorias:  elastômeros;  não-elastômeros. 4.1.1.13 Elastômeros Os elastômeros, tais como os plásticos, são materiais poliméricos que, após serem esticados, retornam praticamente à sua forma original. Os elastômeros podem ser colocados sobre um material semelhante ao pano, em camadas sucessivas ou não. A maioria dos materiais utilizados na confecção de roupas de proteção químicas pertencentes a esta categoria, entre outros, são os seguintes: Álcool Polivinílico (PVA), Borracha Butílica, Borracha Nitrílica, Cloreto de Polivinila (PVC), Neoprene, Polietileno, Teflon e Viton. Esses materiais são, normalmente, os mais recomendados; no entanto, existem muitas outras exceções para cada uma das classes de substâncias químicas. A relação a seguir apresenta os elastômeros mais comumente utilizados na confecção de roupas de proteção química, sendo que o termo bom para e fraco para referem-se à taxa
  • 10. 10 de permeação e ao tempo de passagem das substâncias através da roupa de proteção química. a. Borracha butílica: ✔ bom para: Bases e muitos Compostos Orgânicos; ✔ fraco para: Hidrocarbonetos Alifáticos, Hidrocarbonetos Aromáticos, Hidrocarbonetos Halogenados e Gasolina. b. Polietileno clorado (CPE): ✔ bom para: Hidrocarbonetos Alifáticos, Ácidos, Bases, Alcoóis, Fenóis, Ozônio e para evitar abrasão; ✔ fraco para: Aminas, Ésteres, Cetonas, Hidrocarbonetos Halogenados e para utilização a baixas temperaturas. c. Borracha natural: ✔ bom para: Alcoóis, Ácidos diluídos e Bases; ✔ braco para: Compostos Orgânicos. d. Neoprene (Cloroprene): ✔ bom para: Bases, Ácidos diluídos, Peróxidos, Combustíveis, Óleos, Hidrocarbonetos Alifáticos, Alcoóis, Fenóis, Glicóis, para resistência ao corte e para evitar abrasão; ✔ fraco para: Hidrocarbonetos Halogenados, Hidrocarbonetos Aromáticos e Cetonas. e. Borracha nitrílica (Acrilonitrila): ✔ bom para: Fenóis, Bifenilas Policloradas, Óleos, Combustíveis, Alcoóis, Aminas, Bases, Peróxidos, para resistência ao corte e para evitar abrasão; ✔ fraco para: Hidrocarbonetos Halogenados, Hidrocarbonetos Aromáticos, Amidas, Cetonas e para utilização a baixas temperaturas. Observação: Quanto maior for a concentração de Acrilonitrila, melhor será a resistência química do material, embora haja aumento significativo na sua rigidez. f. Poliuretano: ✔ bom para: Bases, Alcoóis e Hidrocarbonetos Alifáticos, para evitar abrasão e para utilização a baixas temperaturas; ✔ fraco para: Hidrocarbonetos Halogenados. g. Álcool polivinílico (PVA): ✔ bom para: Ozônio e quase todos os Compostos Orgânicos; ✔ fraco para: Ésteres, Ácidos, Bases e Éteres.
  • 11. 11 h. Cloreto de polivinila (PVC): ✔ bom para:Ácidos, Bases, alguns Compostos Orgânicos, Aminas e Peróxidos; ✔ fraco para: vários Compostos Orgânicos e resistência ao corte e ao calor. i. Viton: ✔ bom para: Hidrocarbonetos Aromáticos, Hidrocarbonetos Alifáticos, Hidrocarbonetos Halogenados e Ácidos; ✔ fraco para: Aldeídos, Cetonas, Ésteres e Aminas. j. Teflon: ✔ bom para: dado não disponível; ✔ fraco para: dado não disponível. Observação: O Teflon tem sido utilizado em roupas de proteção; entretanto, ainda há pouca informação sobre sua permeação. Em razão de algumas similaridades com o Viton, acredita-se que o Teflon possa oferecer excelente resistência química às mesmas substâncias que o Viton oferece. k. Misturas de materiais: ✔ bom para: dado não disponível; ✔ fraco para: dado não disponível. Observação: Os fabricantes de roupas de proteção vêm desenvolvendo técnicas especiais, que consistem em colocar diferentes tecidos em camadas sucessivas, de modo a melhorar a resistência química das roupas de proteção. Assim, algumas roupas com múltiplas camadas já estão sendo comercializadas por algumas empresas, a saber:  roupas com camadas de Viton e de Borracha Butílica – empresa Trelling;  roupas com camadas de Viton e de Neoprene – empresas Vautex e MSA;  roupas com camadas de Borracha Butílica e de Neoprene – empresas Betex e MSA. 4.1.1.14 Não elastômeros Os não-elastômeros são materiais que não apresentam a característica da elasticidade. Esta classe inclui, basicamente, o Tyvek e alguns não-elastômeros com revestimento de Tyvek. A relação a seguir apresenta os não-elastômeros mais comumente utilizados na confecção de roupas de proteção química. O termo bom para e fraco para referem-se à taxa de permeação e ao tempo de passagem através da roupa. Estes são, normalmente, os mais recomendados; no entanto, existem outras exceções para cada classe de substâncias químicas. a. Tyvek (fibras de polietileno, não entrelaçadas):
  • 12. 12 ✔ bom para: materiais particulados secos, pós e a movimentação de materiais de baixo peso; ✔ fraco para: atividade que requerem roupas com ótima resistência química e durabilidade. Observação: As roupas de Tyvek são utilizadas por ocasião de trabalhos envolvendo materiais particulados tóxicos; mas, não oferecem proteção química adequada. Comumente, são utilizadas sobre outras roupas de proteção químicas mais caras, não descartáveis, de forma a prevenir a contaminação das mesmas. b. Polietileno, revestido com Tyvek: ✔ bom para: Ácidos, Bases, Alcoóis, Fenóis, Aldeídos, trabalhos finais de descontaminação e movimentação de materiais de peso baixo; ✔ fraco para: Hidrocarbonetos Halogenados, Hidrocarbonetos Alifáticos, Hidrocarbonetos Aromáticos e para evitar a penetração de substâncias, principalmente pelos pontos do zíper. Observação: Essas roupas oferecem proteção química limitada contra líquidos concentrados e vapores. São muito úteis contra substâncias em baixas concentrações e para atividades que não ofereçam risco de respingos. Também podem ser utilizadas sobre outras roupas de proteção químicas mais caras e não descartáveis, para evitar a contaminação das mesmas. c. Tyvek laminado (Saranex): ✔ bom para: Ácidos, Bases, Aminas, alguns Compostos Orgânicos, Bifenilas Policloradas, trabalhos de descontaminação, movimentação de materiais de baixo peso e atividades que requerem durabilidade; ✔ fraco para: Hidrocarbonetos Halogenados, Hidrocarbonetos Aromáticos e para evitar a penetração de substâncias, principalmente pelos pontos do zíper. Observação: Essas roupas oferecem melhor resistência química que o Polietileno revestido com Tyvek. Também podem ser utilizadas sobre outras roupas de proteção químicas mais caras, não descartáveis, para evitar a contaminação das mesmas. 4.1.1.15 Níveis de proteção As equipes de atendimento às emergências químicas devem utilizar os equipamentos de proteção individual adequados, sempre que houver a possibilidade de ocorrer o contato com substâncias perigosas, que possam afetar a sua saúde ou a segurança. Isso inclui os vapores, os gases e as partículas sólidas, que podem ser gerados em virtude das atividades no local do acidente, propiciando, desta forma, o contato dos contaminantes com os membros das equipes. As máscaras faciais dos equipamentos autônomos de respiração protegem as vias respiratórias, o aparelho gastrointestinal e os olhos, do contato com tais substâncias. Já, as roupas de proteção protegem a pele do contato com substâncias que podem destruir ou ser absorvidas por ela.
  • 13. 13 Deve-se ressaltar, que não existe material de proteção que seja totalmente impermeável e que, tampouco, existe material que forneça proteção contra todas as substâncias químicas, e ainda, que para certos contaminantes e misturas de substâncias químicas, não existe nenhum material disponível no mercado que forneça proteção por mais de uma hora, após o contato inicial. Os conjuntos de equipamentos destinados a proteger o corpo humano do contato com substâncias químicas foram divididos em quatro níveis pelo governo dos Estados Unidos (NFPA 471), de acordo com os graus de proteção requeridos, a saber: Nível A de proteção Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível A de Proteção Química, devem ser utilizados, quando for necessário fornecer máxima proteção respiratória e máxima proteção da pele e dos olhos.Tais conjuntos devem ser constituídos pelos seguintes equipamentos:  aparelho autônomo de respiração, com pressão positiva ou com linha de ar mandado;  roupa de encapsulamento completo;  luvas internas;  luvas externas;  botas resistentes a substâncias químicas;  capacete, interno à roupa de encapsulamento;  rádio-transmissor. Nível B de proteção Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível B de Proteção Química, devem ser utilizados quando for necessário fornecer máxima proteção respiratória e proteção menor da pele e dos olhos. Tais conjuntos devem ser constituídos pelos seguintes equipamentos:  aparelho autônomo de respiração, com pressão positiva ou com linha de ar mandado;  roupa de proteção contra respingos químicos, confeccionada em uma ou duas peças;  luvas internas;  luvas externas; Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos de Segurança Ltda.
  • 14. 14  botas resistentes a substâncias químicas;  capacete, interno à roupa de encapsulamento;  rádio-transmissor. Nível C de proteção Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível C de Proteção Química, devem ser utilizados quando se deseja um grau de proteção respiratória inferior ao previsto para o Nível B, porém com proteção para a pele, nas mesmas condições. Tais conjuntos devem ser constituídos pelos seguintes equipamentos:  aparelho autônomo de respiração, com pressão positiva ou com máscara facial com filtro químico;  roupa de proteção contra respingos químicos, confeccionada em uma ou duas peças;  luvas internas e luvas externas;  botas resistentes a substâncias químicas;  capacete, interno à roupa de encapsulamento;  rádio-transmissor. Fonte: Personal do Brasil - Equipamentos de Proteção Individual Ltda. Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos de Segurança Ltda.
  • 15. 15 Nível D de proteção Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível D de Proteção Química, devem ser utilizados somente como uniformes ou como roupas de trabalho e em locais que não sejam sujeitos a riscos ao sistema respiratório ou à pele. Este nível não prevê qualquer proteção contra riscos químicos. Tais conjuntos devem ser constituídos pelos seguintes equipamentos:  macacões, uniformes, aventais ou roupas de trabalho;  capas;  capuzes;  botas ou sapatos, de couro ou de borracha, resistentes a produtos químicos;  óculos ou viseiras de segurança;  capacete. 4.1.1.16 Seleção da roupa de proteção A seleção da roupa de proteção mais adequada para uma determinada situação é uma tarefa mais fácil, quando a substância química é conhecida. A seleção torna-se mais difícil quando não se conhece a substância envolvida ou quando se trata de misturas de substâncias químicas, conhecidas ou não. Outra séria dificuldade, no processo de seleção da roupa de proteção, é o fato de não haver informações disponíveis sobre a qualidade da proteção oferecida pelos materiais utilizados na confecção das roupas, contra a grande variedade substâncias químicas e de produtos existentes. O processo de seleção das roupas de segurança química consiste em:  avaliar o ambiente em que as pessoas irão trabalhar; Fonte: Personal do Brasil - Equipamentos de Proteção Individual Ltda.
  • 16. 16  identificar as substâncias químicas e os produtos envolvidos, bem como observar as suas propriedades químicas, físicas e toxicológicas;  avaliar se as concentrações das substâncias – conhecidas ou esperadas – representam algum risco à pele;  selecionar a roupa de proteção que seja confeccionada em tecido que forneça as menores taxas de permeação e degradação, pelo maior período de tempo;  determinar se é necessário que as roupas sejam de encapsulamento completo ou não. Apesar das diversas variáveis existentes, será possível, em muitas situações, selecionar as roupas de proteção químicas mais adequadas para cada situação, baseando-se no cenário e na experiência das equipes envolvidas nas ações. Como exemplo encontra-se listadas, a seguir, algumas condições básicas para a seleção de roupas de proteção química, de acordo com o nível de proteção necessário e mais apropriado. Nível A de proteção Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível A de Proteção Química, devem ser utilizados se:  a substância química for identificada e for necessário o mais alto nível de proteção para o sistema respiratório, para a pele e para os olhos;  houver a suspeita da presença de substâncias com alto potencial de danos à pele e o contato for possível, dependendo da atividade a ser realizada;  forem realizados atendimentos em locais confinados e sem ventilação;  as leituras, observadas em equipamentos de monitoramento, indicarem concentrações perigosas de gases e de vapores; por exemplo, com valores acima do IDLH. Nível B de proteção Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível B de Proteção Química, devem ser utilizados se:  o produto envolvido e sua concentração forem identificados e requererem um alto grau de proteção respiratória, sem, no entanto, exigir esse nível de proteção para a pele. Por exemplo, atmosferas contendo concentração de produto ao nível do IDLH, mas sem oferecer riscos à pele, ou, ainda, quando não for possível utilizar máscaras com filtros químicos para a concentração e o tempo necessário para a atividade a ser exercida;  a concentração de Oxigênio no ambiente for inferior a 19,5% em volume;  a formação de gases ou vapores, em altas concentrações, for pouco provável, de forma que possam ser danosas à pele. Nível C de proteção Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível C de Proteção Química, devem ser utilizados se:  a concentração de Oxigênio no ambiente não for inferior a 19,5% em volume;  o produto for identificado e a sua concentração puder ser reduzida a um valor inferior ao seu limite de tolerância, com o uso de máscaras com filtros adequados;
  • 17. 17  a concentração do produto não for superior ao IDLH e o trabalho a ser realizado não exigir o uso de máscara autônoma de respiração. Nível D de proteção Os conjuntos de equipamentos de proteção, relativos ao Nível D de Proteção Química, devem ser utilizados, se não houver qualquer possibilidade de respingos, imersão ou risco potencial de inalação de qualquer produto ou substância química. Conforme pôde ser observado, o nível de proteção a ser utilizado pode variar de acordo com o trabalho a ser realizado. No entanto, para a primeira avaliação do cenário acidental, o nível mínimo de proteção requerido é o Nível B de Proteção. Cada nível de proteção apresenta suas vantagens e suas desvantagens para utilização dos conjuntos de proteção química. Geralmente, quanto maior for o nível de proteção necessário, maior é o desconforto da roupa de proteção química. A determinação do nível de proteção química deve estar fundamentada, primeiramente, na segurança das pessoas, sendo o objetivo principal fornecer a proteção mais adequada, com a máxima mobilidade e conforto possíveis. As situações desconhecidas requerem um bom planejamento quanto à necessidade de utilização da máxima proteção, como por exemplo, o uso de roupas de encapsulamento completo ou o uso de um conjunto simples, de calça e jaqueta, ou ainda, do tipo e do modelo de um simples macacão. Outros fatores devem, ainda, ser considerados na escolha do nível de proteção mais adequado; entre eles, destacam-se:  a fadiga produzida pelo peso dos equipamentos e pelo calor;  o acesso aos locais de inspeção;  a flexibilidade das roupas de proteção;  as condições de iluminação natural ou artificial no local;  a mobilidade no local;  a periodicidade dos monitoramentos;  a tomada de decisões simples;  a tomada de decisões lógicas, levando-se em conta os perigos e os riscos;  as condições ambientais;  as condições atmosféricas;  as funções diferenciadas, dentro e fora das áreas contaminadas. Os monitoramentos das concentrações de gases e vapores presentes na atmosfera, bem como, a possibilidade de ocorrerem vazamentos ou derramamentos de substâncias químicas no ambiente, a ocorrência de incêndios, a necessidade de se adentrar em áreas sujeitas a altas ou a baixíssimas temperaturas, também podem auxiliar na seleção do nível de proteção mais adequado para cada situação. A Tabela 2, apresentada a seguir, indica alguns critérios para a escolha e o uso de roupas de proteção química e de proteção para outras situações, de acordo com determinadas situações, com a ocorrência de concentrações de gases ou de vapores desconhecidos no ambiente e que sejam compatíveis com os níveis de proteção adequados e recomendados. Tabela 2 – Critérios para a escolha e o uso de roupas de proteção.
  • 18. 18 TIPO DA ROUPA MATERIAL UTILIZADO PROTEÇÃO NECESSÁRIA PARA RESTRIÇÕES GRAU DE PROTEÇÃO Conjunto descarta-vel Tyvek Materiais diversos, contaminados com substâncias químicas ou infectados Não é resistente a vários produtos nem às substâncias químicas Médio Roupa anti- Chama Nomex Locais com altas temperaturas e durante a ocorrência de incêndios Não pode ser utilizada para ações em locais em que haja fogo Médio Roupa anti- Chama Amianto aluminizado Áreas com presença de chamas ou com altas temperaturas Pouquíssima mobilidade, provocando grande desgaste ao usuário Máximo Capa PVC Áreas com presença de umidade e contaminada com materiais particulados Pouco resistente e incompatível com produtos e substâncias químicas Baixo Conjunto calça, jaqueta e capuz PVC Respingos de ácidos, bases , soluções ácidas e alcalinas e solventes Baixa resistência química; não permite o confinamento do usuário Médio Macacão hermético, com capuz PVC Respingos e vapores de ácidos, bases e solventes Inadequado para longos períodos de exposição a ácidos e bases Alto Macacão de encapsula- mento total PVC ou Butil reforçado com Poliamida e Viton Atmosferas altamente saturadas com gases e vapores - Máximo Kevlan aluminizado Atmosferas saturadas com gases e vapores, e com altas temperaturas - Máximo Observação: Todos os trajes de proteção química, anteriormente apresentados, não devem nunca ser utilizados diretamente sobre a pele. Nas situações onde não se conhece o contaminante, mas se pode estimar a concentração de vapores na atmosfera com equipamentos de monitoramento portáteis, tais como os fotoionizadores, é possível determinar os níveis de proteção e as roupas de proteção mais apropriadas. A Tabela 3, apresentada a seguir, fornece critérios para a escolha e o uso de roupas de proteção química, de acordo com a ocorrência de concentrações de gases ou de vapores desconhecidos no ambiente e compatíveis com os níveis de proteção adequados e recomendados. Tabela 3: Níveis recomendados para roupas de proteção química, de acordo com a concentração de gases e/ou vapores desconhecidos no ambiente. Concentrações de gases e vapores desconhecidos (ppm) Nível de proteção recomendado para as roupas de proteção química 0 - 5 C 5 - 500 B 500 - 1.000 A > 1.000 Perigo de explosão. Não entre na área.
  • 19. 19 Nos acidentes onde não se conhece as substâncias químicas envolvidas, ou estas ainda não foram identificadas, a seleção das roupas de proteção a serem utilizadas deverá ser baseada na situação e nas condições do local do acidente. Por exemplo, a necessidade de utilização de uma roupa de encapsulamento completo pode ser determinada pelas seguintes situações:  visibilidade da emissão de gases, vapores, pó ou fumaça;  indicação de contaminantes no ar, em monitoramento com instrumento de leitura direta;  configuração de recipientes e de veículos que indiquem a possibilidade da existência de gases ou líqüidos pressurizados;  existência de simbologia ou documentação, indicando a presença de substâncias tóxicas e agressivas à pele;  existência de áreas fechadas e pouco ventiladas, onde possa ocorrer o acúmulo de gases e vapores tóxicos;  atividades, a serem realizadas, que possam expor as pessoas a altas concentrações de substâncias químicas tóxicas à pele. 4.1.1.17 Uso das roupas de proteção Após determinado os tipos de roupas a ser utilizada na situação, a próxima etapa é selecionar esses materiais de proteção química. Os fabricantes dos materiais que são utilizados na confecção das roupas de proteção química podem, algumas vezes, fornecer informações sobre a resistência química de cada material. No entanto, sempre haverá limitações nessas informações, haja vista que não é possível testar esses materiais, para o grande número de substâncias químicas existentes. A permeação é o principal critério de seleção das roupas de proteção química. O melhor material de proteção contra uma substância específica é aquele que apresenta nenhuma ou pequena taxa de permeação e um longo tempo de passagem através da roupa e, ainda, que tenha sido confeccionado sem imperfeições, de acordo com projeto adequado. A degradação, por sua vez, é uma informação menos útil. Por ser uma determinação qualitativa da capacidade do material em suportar o ataque de uma substância química, é, normalmente, expressa em unidades subjetivas como excelente, bom, fraco ou em outros termos similares. Os dados de degradação somente devem ser utilizados para auxiliar a seleção dos materiais, se nenhuma outra informação estiver disponível. Nas situações onde o material de proteção não puder ser escolhido, devido às incertezas quanto a sua resistência química, devem ser observados os seguintes procedimentos:  selecionar os materiais que forneçam melhor proteção contra o maior número de substâncias químicas. Normalmente, as roupas de proteção química são confeccionadas em Borracha Butílica, Teflon ou Viton;  as roupas que não sejam revestidas com estes materiais devem ser desprezadas;  as roupas confeccionadas com diversos materiais de proteção podem ser utilizadas;  as roupas confeccionadas com as misturas de Borracha Butílica e Viton, Neoprene e Viton e, Neoprene e Borracha Butílica são as mais comercializadas, atualmente;  se as melhores roupas não estiverem disponíveis no mercado, podem ser sobrepostas duas ou mais roupas confeccionadas de materiais diferentes, sendo que a roupa externa pode, ou deve, ser descartável.
  • 20. 20 Na Tabela 4, apresentada a seguir, são mostradas algumas vantagens e algumas desvantagens das roupas de proteção química, de acordo com os níveis de proteção recomendados. Tabela 4 – Vantagens e desvantagens das roupas, de acordo com os níveis de proteção recomendados (A, B e C). Nível de proteção Vantagens Desvantagens A Oferecem maior nível de proteção; requerem pouco treinamento São volumosas e desconfortáveis; o acesso à máscara autônoma é limitado; o tempo de uso é muito limitado, quando se usa a máscara autônoma; alto custo. B Longa vida útil; fácil acesso à máscara autônoma; boas para atmosferas acima do IDLH, desde que as substâncias não sejam tóxicas à pele; peso leve; baixo custo. Oferecem proteção incompleta à pele; não podem ser utilizadas para substâncias tóxicas à pele; necessitam treinamento intensivo, antes do uso. C Fáceis de usar; longa vida útil; baixo peso; relativamente baratas; Somente para atmosferas com concentração de Oxigênio maior que 19,5% em volume; o ambiente deve, obrigatoriamente, estar caracterizado ; as substâncias devem ser conhecidas. Decidir se a roupa de encapsulamento completo deve, ou não, for utilizada, pode não ser tão evidente. Se, de acordo com a situação, qualquer modelo de roupa de proteção química puder ser utilizado, devem ser considerados os seguintes fatores:  facilidade no uso: as roupas não encapsuladas são mais fáceis de usar e os usuários estarão menos propensos a acidentes, visto que estas fornecerão melhor visibilidade e são menos desconfortáveis e incômodas;  comunicação: é mais difícil se comunicar utilizando roupas de encapsulamento completo;  descontaminação de máscaras: as roupas de encapsulamento completo protegem as máscaras autônoma de respiração, as quais são de difícil descontaminação;  cansaço, devido ao calor: a roupas roupas contra respingos químicos e as roupas de uso único descartáveis, normalmente, causam menos cansaço devido ao calor; no entanto, como uma pequena parte do corpo fica exposta, quando do uso de tais roupas, há pouca diferença no acúmulo de calor para essas roupas de proteção química. 4.1.1.18 Precauções a serem adotadas antes do uso da roupa de proteção Antes de utilizar uma roupa de proteção química, que se enquadre no Nível A de Proteção, devem ser tomadas precauções, tais como as seguintes:  inspecionar a roupa, quanto a degradação química, abrasão, fissuras, trincas e falhas nas costuras. Normalmente, uma inspeção visual é suficiente. Se houver qualquer dúvida quanto à integridade da roupa, esta deverá ser submetida a testes de pressão, de acordo com as orientações do fabricante;
  • 21. 21  certificar-se de que a roupa de proteção é capaz de suportar a exposição às substâncias envolvidas. Se não existirem dados sobre a taxa de permeação e o tempo de passagem do produto através da roupa, esta não deverá ser utilizada;  determinar o grau de mobilidade necessário ao trabalho a ser realizado. Roupas para o Nível A de Proteção podem limitar os movimentos, além de não fornecerem boa visibilidade. Em alguns casos, uma roupa e seu material de confecção podem ser tão restritivos à mobilidade, tornando uma determinada atividade, insegura. O problema, normalmente, é maior no que se refere ao uso de roupas mais pesadas, as quais são projetadas para fornecer um período de uso maior. Uma alternativa pode ser diminuir o período de utilização da roupa, para obter ganhos na mobilidade, ou então, selecionando-se outra roupa de proteção, mais leve e confeccionada com material mais flexível;  considerar que, no caso de utilização de máscara autônoma, o tempo necessário para vestir a roupa, aproximar-se e deixar o local de trabalho, realizar a descontaminação e remover a roupa de proteção será grande. Se o tempo total disponível para o trabalho a ser realizado, for impraticável, devido às ações mencionadas, então, deverá ser utilizada uma linha de ar mandado, ao invés da utilização da máscara autônoma, ou decidir que o trabalho possa ser realizado utilizando-se a roupa para o Nível A de Proteção, se possível, em várias etapas;  remover as substâncias líqüidas da superfície da roupa, o quanto antes possível, se houver qualquer contato dessas substâncias com a mesma. A degradação e a permeação são significativamente aceleradas, quando ocorre a exposição do material da roupa a líquidos;  certificar-se de que, antes de vestir a roupa, o usuário remova todos os objetos de uso pessoal, objetos pontiagudos, isqueiros e outros itens. Qualquer objeto rígido, no interior da roupa, poderá aumentar a probabilidade de ocorrerem danos. Isqueiros não devem ser transportados pelo usuário da roupa de proteção, pois podem gerar gases no interior da roupa, com o conseqüente risco de combustão;  paralisar as atividades imediatamente, se o usuário sentir qualquer desconforto ou irritação, pois, em muitos casos, esta sensação pode ocorrer, em conseqüência da transpiração ou ser meramente psicológica; no entanto, pode ser uma primeira indicação de defeitos na roupa;  deixar imediatamente o local, quando ocorrer qualquer desconforto, dificuldade respiratória, fadiga, náuseas, aumento da pulsação e dor no peito;  considerar que muitas destas condições anormais estão associadas ao calor e são indicadores do cansaço pelo calor;  passar pelo corredor de descontaminação, onde deverão ser realizadas a descontaminação completa e a remoção de todos os equipamentos de proteção e materiais utilizados. A percepção de odor, característico da substância química que está presente no local, é um indicador de falha na vedação da roupa de proteção. Outros cuidados devem ainda ser adotados, com relação às roupas internas que devem ser utilizadas sob a roupa de encapsulamento total, pelas seguintes razões:  fornecer proteção ao usuário, contra o contato do seu corpo com a parte interna da roupa de encapsulamento, uma vez que o contato prolongado da roupa com a pele pode provocar incômodos, que vão desde um desconforto até a sua irritação;  a temperatura ambiente e a radiação solar também devem ser consideradas na seleção da roupa interna. Na maioria dos casos, uma roupa de algodão é o mais
  • 22. 22 recomendado,haja vista que este material tem a capacidade de absorver a transpiração. A temperatura no interior da roupa está, geralmente, bem acima da temperatura ambiente;  se o produto a ser manuseado apresentar riscos, devido à sua baixa temperatura de ebulição, deve-se, então, utilizar uma roupa de proteção térmica sobre a roupa de encapsulamento total. Por exemplo, a Amônia entra em ebulição a –33 ºC e, qualquer contato com o líquido, mesmo que se esteja utilizando uma roupa de encapsulamento total, poderá causar queimaduras e enregelamento, devido ao frio excessivo. 4.1.2 Luvas de proteção química A utilização de luvas de proteção química é uma das formas de proteção das mãos e de parte dos braços, contra substâncias químicas. Atualmente, existe uma grande variedade de produtos e materiais, utilizados para a confecção de luvas de proteção química disponibilizadas no mercado. Nem sempre é fácil decidir quais são as luvas de proteção químicas mais adequadas a serem utilizadas em uma determinada atividade. Antes da correta seleção das luvas de proteção química, deve-se compreender que existem algumas diferenças básicas entre os vários modelos e tipos de luvas de proteção, bem como dos materiais que são utilizados na sua confecção. Os materiais mais utilizados na confecção de luvas de proteção química são os seguintes:  Álcool Polivinílico (PVA);  Borracha Natural;  Borracha Nitrílica (Acrilonitrila e Butadieno);  Borracha Butílica (Isobutileno e Isopreno);  Cloreto de Polivinila (PVC);  Neoprene;  Polietileno (PE);  Poliuretano (PV);  Viton. A espessura do material utilizado na confecção das luvas é um fator muito importante a ser considerado no processo de seleção das luvas de proteção química. Para uma dada espessura, o material, ou seja, o Polímero selecionado tem uma grande influência no nível de proteção que deve ser oferecido pela luva. Para um Polímero, uma maior espessura fornecerá uma proteção melhor, desde que a subseqüente perda de destreza, devido à espessura da luva, puder ser tolerada, de forma segura, para aquela atividade. Alguns aditivos são, normalmente, utilizados como matéria- prima na fabricação de luvas, de modo a atingir as características desejadas do material. Devido a tal fato, ocorre certa variação na resistência química e no desempenho físico de luvas de proteção confeccionadas com o mesmo polímero, mas por fabricantes distintos. Outros fatores de desempenho devem ser considerados, quando da seleção de luvas de proteção, tais como: a flexibilidade e a resistência à permeação, aos danos mecânicos e à temperatura. Da mesma forma que para as roupas de proteção, a seleção das luvas de proteção química deve levar em consideração tanto a permeação como a degradação do material. A permeação química pode ser compreendida, de forma simples, pela
  • 23. 23 comparação do que ocorre com um balão, ou seja, uma bexiga cheia de ar, após algumas horas. Embora não existam furos ou defeitos e o balão esteja bem selado, o ar contido no seu interior passa, ou seja, permeia através de suas paredes e escapa para o ambiente. Neste simples exemplo, foi abordada a permeação de um gás, sendo que esse princípio também é o mesmo para as substâncias líqüidas, pois, com estas, a permeação também ocorre. Os testes de permeação são importantes, pois fornecem uma informação segura para o manuseio de substâncias químicas. Por muitos anos, a seleção de luvas de proteção baseou-se somente nos dados de degradação; mas, algumas substâncias permeiam rapidamente através de certos materiais, os quais apresentam boa resistência à degradação. Isto significa que os usuários podem ficar expostos ao risco, mesmo quando acreditam que estejam adequadamente protegidos. Os materiais de confecção de luvas de proteção podem enrijecer, endurecer e tornarem- se quebradiços, ou ainda, podem amolecer, enfraquecer e inchar muito além do seu tamanho original. Embora os testes de resistência à degradação não devam ser considerados como suficientes para a escolha da luva, este é um dado essencial para a segurança do usuário. 4.1.2.1 Testes para determinar a qualidade das luvas Os testes de resistência à degradação e os testes de resistência à permeação foram padronizados pela ASTM - American Standard for Testing Materials e são basicamente os seguintes: a. Teste de permeação Uma amostra do material de confecção de uma luva ou de uma roupa de proteção é fixada em uma célula de teste, como se fosse uma membrana. O lado externo da amostra é exposto à substância química. Em intervalos pré-determinados, o lado interno da célula de teste é verificado, no sentido de verificar se ocorreu a permeação química e, se positivo, em que intensidade. A metodologia desse teste permite uma variedade de opções nas técnicas analíticas de coleta e de análise do produto permeado. A cromatografia gasosa com detecção por ionização de chama, como um método de análise, e o Nitrogênio Seco, como um meio de coleta, são as técnicas normalmente utilizadas. Para a realização de testes com ácidos inorgânicos e com bases inorgânicas, além do processo acima mencionado, também é utilizado um método de analise colorimétrico, padronizado pela ISO - International Standard Organizacional, no qual, o meio de coleta é a água e a detecção da acidez e da alcalinidade é feita pela troca de cor, em um papel indicador de pH. b. Teste de degradação Para execução deste teste são obtidos filmes, ou seja, películas do material a ser testado. Estes filmes são pesados, medidos e submersos completamente na substância química, por 30 minutos. Em seguida, determina-se a alteração do tamanho, a qual é expressa em porcentagem, sendo que, posteriormente, os filmes são secos, de modo a se calcular a porcentagem da alteração do tamanho e do peso. As alterações físicas são observadas e registradas. A avaliação é baseada na combinação desses dados. É importante lembrar, que a permeação e a degradação são afetadas pela variação da temperatura,
  • 24. 24 principalmente pelo seu aumento. Uma vez que os dados obtidos nos testes são válidos para temperaturas entre 20 ºC e 25 ºC, devem ser tomados cuidados quando da utilização de luvas em líquidos aquecidos, pois haverá uma brusca redução na resistência do material. As misturas de substâncias químicas também alteram, significativamente, a resistência dos materiais. Por exemplo, o tempo de passagem da Acetona, através de um tecido laminado de Viton com Clorobutil, é de 53 minutos a 61minutos, enquanto que o Hexano não permeia esse mesmo material, em menos de 3 horas. No entanto, uma mistura de Acetona com Hexano causa a redução do tempo de passagem, para 10 minutos. O sinergismo dessas duas substâncias não pode ser explicado, em termos de efeitos individuais sobre o material. A Tabela 5 e a Tabela.6, apresentadas a seguir, mostram dados de resistência à degradação e à permeação e, também, dados de testes de permeação para seis luvas de proteção química de Álcool Polivinílico, Borracha Butílica, Borracha Nitrílica, Látex, Neoprene e Viton. Essas tabelas destacam as famílias químicas, que foram testadas em diversos tempos de passagem, para as principais luvas e diversos materiais. Esses dados devem ser utilizados no processo de seleção da luva, apenas como um guia inicial. Se, nenhum dado de desempenho estiver disponível, a saúde e a segurança do usuário dependerão do julgamento do profissional responsável. A maneira mais segura e recomendada para a seleção de luvas e de roupas de proteção química, principalmente para substâncias tóxicas ou substâncias altamente tóxicas, é a realização de testes em laboratórios. Tabela 5 – Famílias químicas com tempo de passagem através da luva, de 0 a 10 minutos, para diversos materiais. Família química testada Material de confecção da luva Cetonas Alifáticas PVA Aminas Alifáticas, Nitrilas e Álcool-aminas Látex Aldeídos, Éteres, Epóxidos e Isocianatos Viton Carbonos Halogenados Alifáticos Borracha Nitrílica Enxofre Alifático, Éteres e Carbonos Halogenados Borracha Butílica Isocianatos Alifáticos, Hidrocarbonetos e Carbonos Halogenados Não Saturados Neoprene Tabela 6 – Famílias químicas, com o tempo de passagem através da luva de 300 a 480 minutos, para diversos materiais. Família química testada Material da luva Hidrocarbonetos Alifáticos, Cetonas, Carbonos Halogenados e Éteres. PVA Sais de Amina, Sais, Isocianatos e Hidrocarbonetos Epoxidados Látex
  • 25. 25 Família química testada Material da luva Hidrocarbonetos Alifáticos Aromáticos, Hidrocarbonetos Aromáticos Halogenados, Aminas, Nitrilas, Carbonos Halogenados e Alcoóis. Viton Aminas Alifáticas, Hidrocarbonetos e Carbonos Halogenados Borracha Nitrílica Cetonas Alifáticas, Aldeídos, Alcoóis, Nitrilas, Aminas e Ácidos Borracha Butílica Alcoóis Alifáticos e Sais de Aminas Neoprene 4.1.2.2 Comprimento das Luvas O comprimento das luvas de proteção também é outro aspecto a ser considerado no processo de seleção. O comprimento adequado depende do serviço a ser realizado e do grau de proteção requerido. O comprimento é medido a partir da extremidade do dedo do meio até a outra extremidade da luva, enquanto que o seu tamanho é medido pelo perímetro da palma da mão. Na Tabela 7, são apresentados alguns comprimentos de luvas e as respectivas proteções oferecidas. Tabela 7 – Comprimentos típicos de luvas e proteção oferecida. Comprimento (cm) Proteção oferecida até 30,48 Somente para as mãos de 33,02 a 38,10 Até o meio dos braços de 40,64 a 45,72 Até os cotovelos de 76,20 a 81,28 Até os ombros Inicialmente, muitos fabricantes de roupas de encapsulamento completo incorporaram luvas como parte permanente daquelas roupas de proteção química. No entanto, esta não foi uma boa prática, haja vista que o formato da luva, o tempo necessário para o seu reparo, a reposição quando da sua troca e os procedimentos para a sua descontaminação eram significativamente afetados, reduzindo, desta forma, a disponibilidade dessas roupas de proteção. Atualmente, as maiorias dos fabricantes fornecem roupas de proteção de encapsulamento completo com luvas removíveis. Assim, as luvas são conectadas à roupa, mediante a utilização de anéis de vedação, os quais impedem a passagem de gases e vapores para o interior da roupa. Em muitas situações, é aconselhável a utilização de luvas adicionais sobre as luvas de proteção soldadas ou conectadas com anéis, de modo a fornecer a segurança necessária, de acordo com o trabalho a ser realizado. Também é uma boa prática de trabalho, utilizar luvas cirúrgicas descartáveis sob as luvas de proteção, visando aumentar o tato e a sensibilidade do usuário. Alguns tipos de roupas apresentam acessórios, de proteção especial contra respingos, especificamente para as luvas e para as botas. Tratam-se, na realidade, de mangas e pernas adicionais, as quais são sobrepostas às mangas das luvas e aos canos das botas de proteção.
  • 26. 26 4.1.2.3 Tempo de permeação O tempo de permeação indica o menor tempo de passagem através do material, que é observado desde o início do teste até a primeira detecção da substância, no outro lado da amostra do material. O tempo de permeação também representa o tempo esperado para que o material ofereça a mais efetiva resistência contra a substância. 4.1.3 Botas de proteção química Até recentemente, as botas de proteção contra substâncias químicas, disponíveis comercialmente, eram confeccionadas somente em Borracha e em PVC. Devido às necessidades do mercado, os fabricantes de botas vêm pesquisando e desenvolvendo um grande número de misturas de Polímeros, as quais são mais resistentes às substâncias químicas. Muitos problemas estão relacionados com a utilização dessas novas misturas de Polímeros, devido ao complicado processo de moldagem por injeção, que é utilizado na fabricação de botas. Vários cuidados devem ser ainda observados, quando as botas entram em contato com substâncias químicas, uma vez que essas botas podem agir como uma esponja química, ou seja, podem absorver a substância, resultando na exposição do usuário à mesma. As botas de proteção química, mais simples, são produzidas pelo processo de moldagem por injeção de único estágio. Essas botas são semelhantes às botas de borracha contra chuvas e são fabricadas em Borracha Butílica e em Neoprene. Devido ao processo de moldagem por injeção de único estágio, o solado da bota é feito com o mesmo material do restante da mesma, sendo, no entanto, mais espesso. Isso significa que as características de tração e de desgaste da sola dessas botas não são as mais adequadas. De modo a fornecer um produto mais funcional e mais durável, foi desenvolvido um processo de moldagem por injeção de dois estágios, o qual permite a fabricação de um produto de baixo-peso na sua parte superior e um solado com alta resistência ao desgaste e com boa tração. Esse processo também gera botas de segurança mais apropriadas e com resistência química maior. Essas botas estão disponíveis em PVC e em PVC com Borracha Nitrílica. Vários tipos de botas de segurança, fabricadas manualmente, também estão disponíveis em vários tamanhos, de modo a fornecer uma melhor adaptação e conforto aos usuários. Essas botas são confeccionadas em estágios diferentes e com um grande número de componentes, o que as tornam propensas a atuarem como uma esponja química. Outros estilos de botas, confeccionadas com Neoprene e com diversas formulações de borracha, também estão disponíveis no mercado.
  • 27. 27 Todos os conceitos apresentados para as roupas de proteção e para as luvas de proteção, tais como permeação, degradação e penetração, entre outros, também podem ser aplicados às botas; porém, cabe ressaltar, que a proteção oferecida por essas botas é melhor que a proteção oferecida pelas luvas e pelas roupas confeccionadas com o mesmo material, não somente devido ao material utilizado, mas, também, pela espessura do solado, que permite, na maioria dos casos, um tempo de contato mais prolongado com as substâncias químicas. 4.2 Proteções respiratórias O sistema respiratório é a principal via de contato com substâncias nocivas. Apesar de possuir defesas naturais, o grau de tolerância do homem, à sua exposição a gases tóxicos, vapores e partículas e, ainda, à deficiência de Oxigênio, é limitado. Algumas substâncias podem prejudicar, ou mesmo destruir, partes do trato respiratório, enquanto que outras podem ser absorvidas pela corrente sangüínea, gerando danos aos demais órgãos do corpo humano. 4.2.1 Introdução A proteção do homem contra os riscos representados por elementos respiráveis nocivos à saúde, presentes no ar atmosférico, é fonte de grande preocupação em nossa sociedade, há muitos séculos. A bexiga de animais foi muito utilizada como um filtro protetor contra poeiras, nas minas romanas, no século I. Posteriormente, devido ao grande avanço tecnológico durante a Primeira Guerra Mundial, foram desenvolvidos vários Equipamentos de Proteção Respiratória – EPR, para fazerem frente aos gases tóxicos que eram utilizados com fins bélicos. Finalmente, nos dias atuais, dispomos de EPR, eficazes e totalmente independentes do ar atmosférico, os quais são indicativos da importância dos dispositivos que propiciam proteção respiratória em ambientes adversos. Em acidentes envolvendo substâncias químicas, nos quais a liberação de materiais tóxicos para a atmosfera pode gerar altas concentrações, a proteção das equipes de atendimento é fundamental, pois, muitas vezes, os índices de contaminantes no ar podem ser letais. O conhecimento apurado dos riscos oferecidos por uma determinada substância química, bem como as condições específicas do local e as limitações do usuário e dos equipamentos, nortearão a seleção do sistema de proteção respiratória mais adequada para propiciar a segurança necessária às equipes de atendimento nas situações emergenciais. Na descrição dos equipamentos de proteção respiratória, optou-se por serem citados somente os recursos básicos encontrados nos vários modelos existentes no mercado, sendo que, o detalhamento dos dispositivos e dos recursos adicionais de cada fabricante, não foi abordado. Inicialmente, serão abordados os riscos mais comuns nos episódios emergenciais, sendo que, em uma segunda etapa, serão descritos os tipos de aparelhos de proteção respiratória, as diretrizes para sua seleção e uso, as suas limitações, bem como recomendações práticas para a sua utilização.
  • 28. 28 4.2.2 Objetivo Este trabalho tem por finalidade propiciar o conhecimento básico sobre a proteção respiratória nas situações de emergência envolvendo substâncias químicas, às equipes de atendimento emergencial. 4.2.3 Riscos respiratórios Os riscos respiratórios são todas as alterações das condições normais do ar atmosférico, que interferem no processo da respiração, gerando, conseqüentemente, danos ao organismo humano. A presença de gases contaminantes, materiais particulados em suspensão no ar ou mesmo a variação da concentração de Oxigênio na atmosfera, representam riscos, comumente encontrados pelas equipes empenhadas nos atendimentos aos episódios emergenciais envolvendo produtos químicos perigosos. Os efeitos gerados pela exposição humana a tais condições vão desde a simples irritação das vias aéreas até o comprometimento das funções vitais, ocasionando a morte. Para efeito deste trabalho, serão abordados os riscos respiratórios dividindo-os em dois grupos:  a deficiência de Oxigênio;  os contaminantes do ar atmosférico. Antes de serem abordados os tópicos acima, uma breve explanação sobre a composição do ar atmosférico e o consumo humano de Oxigênio, se faz necessária. 4.2.4 Composição do ar atmosférico O ar atmosférico, em condições normais, é composto por vários gases, para os quais o organismo humano está devidamente adaptado. Na Tabela 8, são apresentados os porcentuais em volume desses gases no ar atmosférico, considerando-se o ar isento de umidade. Tabela 8 – Composição do ar atmosférico. Gás Volume (%) Nitrogênio (N2) 78,10 Oxigênio (O2) 20,93 Argônio (Ar) 0,9325 Dióxido de Carbono (CO2) 0,03 Hidrogênio (H2) 0,01 Neônio (Ne) 0,0018 Hélio (He) 0,0005 Kriptônio (Kr) 0,0001 Xenônio (Xe) 0,000009 Observação: A rigor, não existe ar atmosférico que não contenha umidade. Na presença de 1% de vapor d'água, correspondente a 50% de umidade relativa do ar a 20 ºC, permanecem apenas 99% de ar seco. Já, para 3% de vapor d'água, correspondente a
  • 29. 29 100% de umidade relativa no ar, a 24 ºC tem-se uma parcela de 97% de ar seco. A temperatura do ar é outro fator que o torna respirável, pois, alterações extremas da temperatura ocasionarão queimaduras e/ou congelamento das vias respiratórias e dos pulmões. 4.2.5 Consumo de ar O consumo de ar pelo homem é mensurado através do volume respiratório por minuto, o qual é representado pelo volume corrente normal, estimado em 500 mililitros, multiplicado pela freqüência respiratória normal, estimada em cerca de 12 freqüências por minuto. Tem-se, então, que o volume respirado em um minuto equivale a 6 litros de ar. Esse consumo pode variar em função da demanda de ar disponível, do estado psicológico e do esforço físico desempenhado. Em qualquer uma dessas situações, são promovidas alterações na profundidade da respiração, com aumento do volume respirado e da freqüência respiratória, e, ainda, com aumento dos ciclos de inspiração e expiração por minuto, visando suprir a necessidade de Oxigênio do organismo. Na Tabela 9, mostrada a seguir, são apresentadas comparações do incremento no consumo de ar com o Oxigênio, em função da intensidade do esforço físico desempenhado. De uma forma geral, pode-se concluir que a capacidade pulmonar e as variações no consumo de Oxigênio determinam a ventilação alveolar e, por conseguinte, o nível de oxigenação sangüínea, refletindo no desempenho funcional do organismo, como um todo. Tabela 9 – Consumo de oxigênio e volume respiratório. Atividade Esforço físico desempenhado Consumo de oxigênio (litros por minuto) Volume respiratório (litros por minuto) Permanecer deitado 0,25 6 Descanso Permanecer sentado 0,30 7 Permanecer em pé 0,40 8 Trabalho Andar, a 3,2 Km / hora 0,70 16 Nadar devagar, a 0,9 Km / h 0,80 18 Trabalho Médio Andar, a 6,5 Km / h 1,20 27 Nadar, a 1,6 Km / h 1,40 30 Nadar, a 1,85 Km / h 1,80 40 Trabalho Pesado Andar de bicicleta, a 21 Km / h 1,85 45 Correr, a 13 Km / h 2,00 50 Nadar, a 2,2 Km / h 2,50 60 Trabalho Correr, a 15 Km / h 2,60 65 Pesadíssimo Subir escadas, a 100 degraus / minuto 3,20 80 Correr em aclive 4,00 90 Fonte: Proteção Respiratória Completa (Manual), Dräger - Lubeca 4.2.6 Oxigênio O volume parcial de Oxigênio, em relação à composição total do ar, é sempre constante, ou seja, de 20,93%; porém, em circunstâncias específicas, esse porcentual pode sofrer redução. Os efeitos dessa redução sobre o organismo estão diretamente ligados à pressão exercida pelo Oxigênio sobre os alvéolos pulmonares.
  • 30. 30 Em termos gerais, pode-se dizer que o Oxigênio exerce uma pressão sobre os alvéolos, possibilitando a troca gasosa entre estes e as hemácias da corrente sangüínea. Isto significa dizer que, ao diminuir a quantidade de Oxigênio presente no ar, tem-se menor pressão alveolar. Com isso, o teor de Oxigênio nas hemácias é menor, comprometendo a oxigenação dos demais tecidos e órgãos, sendo que, paralelamente, há um incremento da Taxa de Dióxido de Carbono – CO2 na corrente sangüínea e nas células dos tecidos. A Pressão Parcial do Oxigênio – PPO2 também é afetada pela pressão atmosférica total. Esta pressão é de 760 mm Hg (milímetros de Mercúrio) ao nível do mar, sendo que a PPO2 de 159 mm Hg é a condição considerada ideal para a respiração. Há uma diminuição progressiva da pressão total, com o aumento da altitude. As altitudes superiores a 4.240 metros são consideradas imediatamente perigosas à vida e à saúde, já que, nesses níveis, tem-se uma pressão atmosférica de 450 mm Hg, implicando em uma PPO2 de 95 mm Hg. Saliente-se que pessoas aclimatadas às grandes altitudes não sofrem esses efeitos, pois o seu organismo realiza mudanças compensadoras nos sistemas cardiovascular, respiratório e formador de sangue. Na Tabela 10 são apresentadas comparações da redução do volume de Oxigênio com a redução da Pressão Parcial do Oxigênio - PPO2 ao nível do mar, e os seus efeitos sobre o homem. Tabela 10 – Concentração de oxigênio e os riscos para a saúde Concentração (% em volume) PPO2 (mm Hg) Efeitos De 20,9 a 16,0 de 158,8 a 136,8 Nenhum De 16,0 a 12,0 de 121,6 a 95,2 Perda da visão periférica; aumento do volume respiratório; aceleração do batimento cardíaco; perda de atenção; perda de raciocínio; e, perda de coordenação. de 12, 0 a 10,0 de 91,2 a 76,0 Perda da capacidade de julgamento; coordenação muscular muito baixa; a ação muscular causará fadiga, com danos permanentes ao coração; respiração intermitente. De 10,0 a 6,0 de 76,0 a 45,6 Náusea; vômitos; incapacidade de executar movimentos vigorosos; inconsciência, seguida de morte. < 6,0 < 45,6 Respiração espasmódica; movimentos convulsivos; morte, em minutos Fonte: Revista CIPA No 172 Por outro lado, em condições de pressão atmosférica elevada, haverá maior absorção sangüínea dos gases que compõem o ar e, concomitantemente, pelas células dos tecidos. Com a redução da pressão, esses gases tendem a ser liberados; daí, os problemas de embolia gasosa e de morte causadas pelo Nitrogênio, quando da redução brusca da pressão. O aumento da pressão atmosférica, por si só, pode gerar danos, como os descritos a seguir:  acima de 4 atmosferas * : o Nitrogênio causa efeitos narcóticos;  a 5 atmosferas * : o Oxigênio, em concentração normal, causa irritação aos pulmões;  a 15 atmosferas * : o ar pode ser tolerado, durante apenas 3 horas. Observação: (*) = 1 atmosfera, ao nível do mar = 1 bar = 760 mm de Mercúrio.
  • 31. 31 4.2.7 Deficiência de oxigênio Neste capítulo, são abordados os casos que, normalmente, são encontrados durante os atendimentos emergenciais e que podem ocasionar a redução na concentração de Oxigênio no ar atmosférico. 4.2.7.1 Causas geradoras da deficiência de oxigênio Embora cada cenário tenha características particulares – as quais sempre devem ser observadas – pode-se considerar como causas básicas geradoras da deficiência de Oxigênio, as seguintes:  a liberação acidental de gases, cujas densidades são maiores que a do ar atmosférico, resulta em deslocamento do ar e, por conseguinte, do Oxigênio nele contido. A tendência para deposição desses gases ao nível do solo expulsa o ar para os níveis mais altos, formando uma zona irrespirável. São exemplos desses gases, o GLP - Gás Liqüefeito de Petróleo e o Cloro. Esse efeito é potencializado quando o mesmo ocorre em ambientes confinados, onde não há fontes de ventilação para promover a renovação de ar respirável, criando-se uma atmosfera saturada e deficiente de Oxigênio. As características toxicológicas do gás envolvido, embora relevantes, não são consideradas, nesses casos, já que até mesmo os gases inertes podem gerar o deslocamento do ar;  os gases liqüefeitos sob pressão, quando da mudança do seu estado líqüido para o estado gasoso, têm, normalmente, altas taxas de expansão, podendo deslocar o ar. Esse é o caso da Amônia e do Butadieno;  alguns gases podem concorrer para o decréscimo do volume de Oxigênio, especificamente por sua capacidade de reação com o mesmo, como é o caso do Monóxido de Carbono, do Monóxido de Nitrogênio, do Dióxido de Nitrogênio e do Dióxido de Enxofre;  em atmosferas confinadas, encontradas em galerias subterrâneas de águas pluviais e de redes de esgotos, desenvolvem-se microrganismos (bactérias e fungos), responsáveis pela decomposição da matéria orgânica presente nos despejos industriais e domésticos. No processo de decomposição, o Oxigênio é consumido, podendo gerar, como subprodutos, gases tais como Metano, Gás Sulfídrico e Dióxido de Carbono, que deslocam o Oxigênio;  os materiais orgânicos, presentes em ambientes confinados, também estão sujeitos à sua oxidação natural, contribuindo, assim, para a diminuição da concentração de Oxigênio. Os despejos industriais também podem conter gases, os quais, por si só, deslocam o ar;  a combustão de qualquer material provoca o consumo de Oxigênio e, conseqüentemente, a emanação de gases, os quais deslocarão o ar, sobretudo em ambientes confinados;  qualquer substância, sujeita à oxidação e presente em um ambiente confinado, provoca a redução de Oxigênio após um certo período de tempo, se não houver a renovação do ar. 4.2.7.2 Considerações gerais Nos atendimentos às emergências em que substâncias químicas perigosas estejam envolvidas, utiliza-se a concentração de 19,5% em volume de Oxigênio,
  • 32. 32 internacionalmente aceita, como sendo o valor-limite-de-segurança, pois, fica implícito, que qualquer redução na concentração normal de Oxigênio, implica no aumento da concentração de outro gás. Desta forma, a redução de 1% em volume de Oxigênio no ar, equivalente a 10.000 ppm, representa o aumento de 1% em volume na concentração de outra substância química, a qual, muitas vezes é desconhecida, o que pode significar uma situação de alto risco. A avaliação quantitativa da concentração de Oxigênio no ar é um fator preponderante na seleção dos métodos eficazes de proteção respiratória. Diversos equipamentos específicos fornecem o porcentual em volume de Oxigênio, em determinados ambientes. A análise dos dados obtidos permite a identificação de condições prejudiciais, ou mesmo letais, ao homem. Em condições normais, o ar respirável deve:  conter, no mínimo, 18 % em Oxigênio;  estar livre de substâncias estranhas;  estar na pressão que não cause lesões ao organismo humano;  estar na temperatura que não cause lesões ao organismo humano. 4.2.8 Contaminantes Os contaminantes são todas as substâncias químicas, alheias à composição normal do ar atmosférico, que geram ou podem gerar irritações e danos ao organismo humano. Embora, em muitos casos, não sejam perceptíveis à visão e à olfação, os contaminantes podem estar presentes nos vários cenários com que se deparam as equipes de atendimento às emergências. Comumente, os contaminantes são divididos em dois grupos:  contaminantes gasosos;  contaminantes particulados, também conhecidos como aerodispersóides. 4.2.8.1 Contaminantes gasosos Os contaminantes gasosos são representados pelos gases, propriamente ditos, e pelos vapores. Os gases são substâncias químicas que se encontram no estado gasoso, em pressão e temperatura ambiente. Os gases possuem grande mobilidade e misturam-se facilmente com o ar atmosférico. Já, vapor é o estado gasoso de substâncias que, em condições de pressão e temperatura ambiente, são líqüidas ou sólidas. A emanação de vapores ocorre pelo aumento da temperatura e pela diminuição da pressão. As defesas naturais das vias respiratórias oferecem certa proteção contra os riscos gerados pela inalação dessas substâncias, quer seja pela filtragem de parte dos gases e vapores, quer seja pela atuação do revestimento mucoso, onde os contaminantes serão absorvidos. Devido à grande mobilidade das moléculas gasosas, a penetração de contaminantes no trato respiratório é facilitada, atingindo diretamente os alvéolos, onde os mesmos são absorvidas pela corrente sangüínea. Na seqüência, são abordadas as características químicas e toxicológicas dos contaminantes gasosos. 4.2.8.2 Aerodispersóides
  • 33. 33 O termo aerodispersóides é utilizado para descrever os contaminantes na forma particulada, seja ela sólida ou líqüida. Os aerodispersóides são pequenas partículas em suspensão no ar, muito maiores que uma molécula. Os danos que os aerodispersóides causam ao organismo, quando inalados, dependem de suas características específicas, tais como:  tamanho;  forma;  densidade;  propriedades físicas e químicas. Apesar das defesas naturais do sistema respiratório, abordadas anteriormente, muitas partículas podem atingir as porções mais internas dos pulmões. 4.2.8.3 Critérios de avaliação A avaliação dos riscos representados pelos contaminantes é feita com base nas aferições de concentração, obtidas por equipamentos de medição. Em algumas circunstâncias, além dos gases e dos vapores, pode haver o risco associado aos aerodispersóides, quando, então, deverão ser adotadas medidas de segurança adicionais. Genericamente, pode-se dizer que os principais tópicos, a serem observados quanto aos riscos apresentados pelos contaminantes são:  o tempo de exposição ao contaminante ;  a concentração e a toxicidade do contaminante;  a freqüência respiratória e a capacidade pulmonar;  a sensibilidade individual. 4.2.9 Equipamentos de proteção respiratória Os Equipamentos de Proteção Respiratória – EPR são equipamentos específicos, destinados a proteger o usuário dos riscos representados pela presença de contaminantes no ar ambiente. O método, pelo qual se eliminam ou se diminuem, os riscos respiratórios, baseia-se, fundamentalmente, na utilização de uma peça facial que isole o usuário do ar contaminado, e ainda, na utilização de um sistema de purificação ou de um suprimento de ar respirável. Um sistema de purificação de ar consiste, basicamente, em um elemento filtrante que retem o contaminante e permite a passagem do ar purificado. Já um sistema de suprimento de ar fornece ar respirável ou Oxigênio, a partir de uma fonte independente da atmosfera contaminada. Um quadro geral de proteção respiratória é apresentado na Figura 1.
  • 34. 34 Figura 1 – Quadro geral de proteção respiratória. 4.2.10 Tipos de equipamentos de proteção respiratória 4.2.10.1 Equipamentos dependentes Os equipamentos dependentes são máscaras faciais ou máscaras semi-faciais, as quais atuam como elementos filtrantes, retirando do ambiente contaminado o ar necessário para respiração. Os equipamentos dependentes possuem algumas restrições, no que se refere ao seu uso, dentre as quais se podem destacar:  não se aplicam a ambientes com menos de 18 % de Oxigênio; Equipamentos Fonte: MSA do Brasil – Equipamentos e Instrumentos de Segurança Ltda. Filtro Químico, Filtro Mecânico, ou Filtro Combinado Circuito Aberto Depressão Respiratória Ar Insuflado Faciais Totais Adução de Ar (Tubulação) Purificação (Ar Interno) Conjunto Autônomo Isolamento (Ar Externo) Circuito Fechado Faciais Parciais
  • 35. 35  possuem baixa durabilidade em atmosferas saturadas com umidade;  não devem, nunca, ser utilizados em condições desconhecidas. 4.2.10.2 Equipamentos independentes Normalmente, os equipamentos independentes são conjuntos autônomos portáteis ou linhas de ar mandado, que fornecem o ar necessário ao usuário, independentemente das condições do ambiente de trabalho, ou seja, dos graus de contaminação que propiciam o isolamento do trato respiratório do usuário, da atmosfera contaminada. 4.2.11 Elementos filtrantes Os elementos filtrantes, comumente denominados filtros, são confeccionados com materiais apropriados para a remoção de contaminantes específicos. De acordo com o contaminante a ser removido, os filtros podem ser dos seguintes tipos:  filtros químicos;  filtros mecânicos;  filtros combinados, ou sejam, mecânicos e químicos. 4.2.11.1 Filtros mecânicos Os filtros mecânicos são utilizados para a proteção contra materiais particulados, sendo, normalmente, confeccionado com um material fibroso, cujo entrelaçamento microscópico das fibras retém as partículas e permite a penetração do ar respirável. Segundo a “ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas”, os filtros mecânicos podem ser classificados em função de sua capacidade de filtração, conforme descrito a seguir. a. Filtros mecânicos - classe P-1  para uso contra aerodispersóides gerados mecanicamente, tais como poeiras e névoas. As partículas podem ser sólidas ou líqüidas, geradas de soluções ou suspensões aquosas;  são indicados, entre outros, contra os seguintes contaminantes: poeiras vegetais, tais como Algodão, Bagaço de Cana, Madeira, Celulose, Carvão Vegetal, Grãos e Sementes; poeiras minerais, tais como Sílica, Cimento, Amianto, Carvão mineral, Negro de Fumo, Bauxita, Calcário, Coque, Fibra de Vidro, Ferro, Alumínio, Chumbo, Cobre, Zinco, Manganês e outros materiais; e ainda, névoas aquosas de substâncias inorgânicas, tais como névoas de Ácido Sulfúrico e névoas de Soda Cáustica;  esses filtros possuem pequena capacidade de retenção. b. Filtros mecânicos - classe P-2  para uso contra aerodispersóides que são gerados mecanicamente, tais como poeiras e névoas, e contra aerodispersóides que são gerados termicamente, tais como Fumos;  além dos contaminantes indicados para os filtros mecânicos da Classe P-1, os filtros mecânicos da Classe P-2 são eficientes na retenção de fumos metálicos, tais como Solda, e daqueles provenientes dos processos de fusão de metais, que contenham Ferro, Manganês, Cobre, Níquel e Zinco;
  • 36. 36  são, ainda, indicados para proteção contra névoas de pesticidas, com baixa pressão de vapor e que não contenham vapores associados;  esses filtros são, também, classificados nas categorias S ou SL, de acordo com a sua capacidade de reter partículas líqüidas, oleosas ou não. Os filtros da categoria S são indicados para proteção contra os contaminantes anteriormente citados, enquanto que os filtros da categoria SL podem ser utilizados para proteção contra névoas oleosas e, também, para proteção contra os contaminantes da categoria anterior;  esses filtros possuem capacidade média de retenção. c. Filtros mecânicos - classe P-3  para uso contra aerodispersóides que são gerados mecanicamente ou termicamente, inclusive os aerodispersóides tóxicos. Pertencem a esta categoria, entre outros, os seguintes contaminantes: Poeiras, Névoas e Fumos de Arsênico, Berílio, Sais Solúveis de Platina, Cádmio, Rádio, Prata, Urânio e seus Compostos e os Radio- nuclídeos;  esses filtros, da mesma forma que os filtros da Classe P-2, também são divididos nas categorias S e SL;  esses filtros possuem grande capacidade de retenção. Observação: A proteção propiciada por uma determinada classe de filtros compreende, também, a proteção que é fornecida pelos filtros da classe anterior. 4.2.11.2 Aparelhos purificadores de ar Estes equipamentos, também denominados respiradores, são dispositivos dotados de filtros mecânicos, os quais são acoplados às máscaras contra partículas em suspensão. a. Características dos aparelhos purificadores de ar  oferecem proteção contra materiais particulados e contra fumos dispersos no ambiente, com retenção mínima de aproximadamente 95% ;  são constituídos por uma máscara semi-facial, também denominada meia-máscara, a qual permite perfeita hermeticidade;  possuem os seguintes dispositivos: tirantes, válvulas de inspiração, válvula de expiração e um ou dois alojamentos para os filtros;  os filtros variam em eficiência de filtração, conforme o material particulado em suspensão que se deseja reter.  existem, basicamente, quatro classes desses aparelhos: aparelhos purificadores de ar, para material incômodo, ou seja para poeiras inertes; para poeiras pneumoconióticas; para fumos metálicos; para partículas extremamente finas, tais como Berílio, Materiais Radioativos; e, também, certos vírus. Observações: A) - Os aparelhos purificadores de ar são dispositivos indicados para situações de não emergência; entretanto, são utilizados mais para exposições de média duração que para exposição continuada. B) - A vida-útil dos aparelhos purificadores de ar relaciona-se, principalmente, com a atividade do usuário e com a concentração do aerodispersóide presente no ambiente. C) – Alguns exemplos de locais com utilização de aparelhos purificadores de ar são: avícolas, carvoarias, frigoríficos, fundições, hospitais, laboratórios, pedreiras e unidades petroquímicas, entre outros.
  • 37. 37 b. Limitações dos aparelhos purificadores de ar Os aparelhos purificadores de ar apresentam algumas limitações, tais como as seguintes: não oferecem proteção contra gases ou vapores tóxicos; não devem ser utilizados em atmosferas com deficiência de Oxigênio; e, não devem ser utilizados em operações de jateamento abrasivo, sendo que, neste caso, devem ser utilizados equipamentos específicos para esta operação. 4.2.11.3 Filtros químicos Os filtros químicos são aqueles utilizados para a proteção contra gases e vapores. O princípio de funcionamento desses filtros baseia-se na adsorção dos contaminantes gasosos, por meio de um elemento filtrante, normalmente o Carvão Ativado. Alguns filtros químicos utilizam, adicionalmente, elementos químicos, tais como Sais Minerais, Catalisadores e algumas Substâncias Alcalinas, as quais melhoram o processo de adsorção. A quantidade, ou seja, a concentração do contaminante que o filtro pode reter depende da qualidade do elemento filtrante, da sua granulometria, da quantidade da massa filtrante e do tipo do contaminante, influindo, também, a temperatura e a umidade. A “ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas” estabelece os tipos de filtros químicos, de acordo com o contaminante gasoso contra o qual se deseja proteção, conforme descrito a seguir:  filtros para Vapores Orgânicos: são indicados contra certos vapores orgânicos, conforme especificação do fabricante;  filtros para Gases Ácidos: são indicados contra certos gases e certos vapores ácidos inorgânicos, conforme especificação do fabricante, excluindo-se o Monóxido de Carbono;  filtros para Amônia: indicados contra Amônia e Compostos Orgânicos de Amônia, conforme especificação do fabricante;  filtros especiais: indicados contra contaminantes específicos, não incluídos nos grupos anteriores, tais como Mercúrio, Cloreto de Vinila, Fosfina, Gás Sulfídrico, Ácido Cianídrico, Óxido de Etileno, Monóxido de Carbono e Defensivos Agrícolas. Todos os filtros químicos acima mencionados podem ser comercializados de forma combinada, oferecendo, dessa forma, proteção contra mais de um tipo de contaminante gasoso. Considerando-se as suas respectivas capacidades de retenção dos contaminantes, os filtros químicos são classificados, relativamente a três tamanhos:  classe 1: cartuchos pequenos, indicados contra contaminantes gasosos, em baixas concentrações;  classe 2: cartuchos médios, indicados contra contaminantes gasosos, em médias concentrações;  classe 3: cartuchos grandes, indicados contra contaminantes gasosos, em altas concentrações.
  • 38. 38 A Tabela 11, apresentada na página seguinte, mostra as classes dos filtros químicos, as concentrações máximas de uso de algumas substâncias químicas, os tamanhos dos cartuchos e a compatibilidade das peças faciais, em conformidade com a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas”, no que refere ao uso de filtros químicos. Tabela 11 – Concentrações máximas de uso. Classe do filtro Tamanho do cartucho Indicação Concentração máxima (ppm) Peça facial compatível Observação (*) 1 Pequeno Vapores Orgânicos Amônia Metilamina Gases Ácidos Ácido Clorídrico Cloro 1.000 300 100 1.000 50 10 1/4, 1/2, 1/1 ou bocal 1/4, 1/2, 1/1 ou bocal (A), (B) e (C) (A), (B) e (C) 2 Médio Vapores Orgânicos Amônia Gases ácidos 5.000 5.000 5.000 1/1 (A) e (C) (A) e (C) (A) e (B) 3 Grande Vapores Orgânicos Amônia Gases Ácidos 10.000 10.000 10.000 1/1 (A) e (C) (A) e (C) (A) e (C) Fonte: Projeto de Norma 2:11.03-006/1990 da ABNT Observação (*): Especial atenção deve ser dada aos seguintes detalhes: A) Não usar contra vapores orgânicos ou contra gases ácidos, com fracas propriedades de alerta ou que gerem alto calor, pela reação com o conteúdo do cartucho; B) A concentração máxima de uso não pode ser superior ao IPVS - Imediatamente Perigoso à Vida ou à Saúde; C) Para alguns gases ácidos e alguns vapores orgânicos, esta concentração máxima de uso é mais baixa. Existe, também, um código de cores para os diferentes filtros químicos, em função do tipo de contaminante gasoso para o qual os mesmos foram projetados. Esse código de cores foi adotado pelo NIOSH - National Institute for Occupational Safety and Health e, também, pelo CEN - Comitê Europeu de Normalização. 4.2.11.4 Filtros combinados Os filtros combinados, normalmente, são utilizados para proteção contra contaminantes gasosos e contra contaminantes particulados, simultaneamente. São constituídos, portanto, pela combinação de um filtro mecânico sobreposto a um filtro químico.
  • 39. 39 Dependendo da peça facial utilizada, esses filtros podem estar dispostos em cartuchos separados; porém, o detalhe construtivo da peça deve permitir que o ar contaminado passe, primeiramente, pelo filtro mecânico e, em seguida, pelo filtro químico. A disposição do filtro combinado em cartuchos distintos é preferível, pois, geralmente, os filtros mecânicos atingem o ponto de saturação, antes que o filtro químico. 4.2.11.5 Vida útil dos filtros Os elementos filtrantes têm capacidade finita para remover contaminantes. Quando seu limite é atingido, os filtros começam a saturar. No caso dos filtros químicos, uma vez atingindo o ponto de saturação, o elemento filtrante permitirá, progressivamente, a passagem do contaminante até o interior da peça facial. Nos filtros mecânicos, a impregnação de partículas imporá resistência à respiração. O período de tempo, no qual um determinado filtro efetivamente retem o contaminante, é conhecido como vida-útil-mínima. De acordo com a “ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas”, os diferentes ensaios a que os filtros são submetidos devem informar a vida-útil-mínima dos mesmos. Na Tabela 12, apresentada a seguir, são mostrados dados referentes à vida-útil-mínima, relativas às diferentes classes de filtros. “Para a obtenção de maiores detalhes sobre as condições em que são efetuados os ensaios para determinação das concentrações de teste, da concentração limitante, da vazão etc., o citado na Norma da ABNT” deve ser consultado. A vida-útil de um determinado tipo de filtro depende de vários fatores, tais como os descritos a seguir. a. Freqüência respiratória A freqüência respiratória influi na vida-útil do filtro. Quanto maior for à freqüência respiratória do usuário, tanto maior será a quantidade de contaminante que entrará em contato com o elemento filtrante, em um dado período de tempo. Desta forma, aumenta- se a taxa de saturação do filtro. b. Concentração do contaminante A expectativa da vida-útil de um filtro diminui, conforme aumenta a concentração do contaminante no ambiente, já que há maior quantidade deste em contato com o elemento filtrante. c. Eficiência dos filtros A eficiência dos filtros químicos, ou seja, a capacidade dos filtros em remover contaminantes do ar pode variar para as substâncias de uma mesma família química. Na Tabela 12 são apresentados dados comparativos da eficiência dos filtros para vapores orgânicos, com determinados Solventes, em função do tempo necessário para se atingir a penetração de 1% do contaminante, no ar filtrado. A concentração inicial de teste é de 1.000 ppm de vapores do Solvente, enquanto que a concentração de penetração é de 10 ppm do mesmo. Convém ressaltar, que as propriedades de alerta de um determinado filtro, ou seja, a forma como se dará a percepção humana quanto ao fim de sua vida-útil, nem sempre, são completamente seguras.