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1
Breve Ensaio sobre o mal
2
O bem é tudo o que é
conforme à lei de
Deus; o mal, tudo o
que lhe é contrário.
O Livro dos Espíritos,
dAllan Kardec -
Questão 630
Persiste no espírito humano a tendência para o
mal, como ressonância do primarismo ancestral
das experiências transatas da evolução.
Platão identificou-a nas suas observações
profundas, denominando-a como face escura do
ser, portanto, desconhecida, e Carl Gustav Jung
constatou-a nos estudos da personalidade, a que
chamou de sombra.
Aí permanecem os impulsos da violência e da
agressividade, as paixões escravizadoras, os
instintos indomados que respondem pelo
retardamento da autoiluminação.
Trata-se do eu inferior, que representa um
perigo para o indivíduo, e que deve ser identificado,
a fim de ser combatido com a luz do discernimento
e do amor.
Quase sempre é visto nas demais pessoas
como enfermidades da alma, que se
responsabilizam pelos incontestáveis danos
causados às outras criaturas ou à sociedade em
geral.
3
Quanto mais desconhecido do mundo íntimo,
mais perturbações e prejuízos o mal ocasiona.
O Espírito não é mau em razão da sua
origem divina, porém nele permanece o mal,
como a ganga retida na gema preciosa ou o
escalracho mesclado ao trigo bom na mesma
gleba.
Ignorá-lo é uma forma de deixá-lo livre e em
expansão, permitindo-lhe manifestações
frequentes e danosas no comportamento.
Outrossim, tentar esmagá-lo através de
atitudes rígidas, torna-se tarefa inútil, porquanto,
à medida que for privado de exteriorizar-se,
mais vigor adquire até o momento em que
explodirá com virulência danosa.
Quando uma força pressiona e encontra
resistência, prossegue até a liberação da sua
carga, arrebentando ou sendo desarmada.
O comportamento correto em tal caso é
aquele que leva à sua identificação - ao impulso
- e à capacidade de resistência que possui.
4
No processo de desenvolvimento antropológico, o
biótipo mais forte sobreviveu aos demais em razão da
brutalidade, do volume e da astúcia na luta pela vida.
A medida que o homem desenvolveu a inteligência
e aplicou-a para proteger-se e preservar a espécie,
adquiriu o poder de vencer as feras e os animais
gigantescos. Como decorrência, ficou a presença do
mal nele dominante, que vem aplicando contra si
mesmo - autodestruição, excesso nos vícios - e contra
os outros - furtos e roubos, calúnias, perseguições,
homicídios e guerras que ameaçam toda a
civilização...
A fim de conscientizar-se do mal em si mesmo, faz-
se imprescindível o aprofundamento do autoexame,
para encontrar os pontos vulneráveis que o
despertam e desencadeiam, predispondo-o para a
agressão.
Todos os indivíduos são vulneráveis às aflições, que
decorrem das enfermidades, das pressões, das
agressões, dos distúrbios psicológicos.
5
Na infância, essas emoções se apresentam como movimentos
desordenados, choro, refletindo a impotência da criança diante da dor, do
desconforto, de alguma necessidade biológica...
Mais tarde, expressando-se como medo ou raiva, ela morde e, por fim, com
maior recurso de mobilidade, bate, golpeia, foge ou planeja desforço.
Conforme o ambiente, a família, e particularmente a mãe, com quem
mantém maior convivência, o mal que é inerente na infância ou se desenvolve,
tomando vulto ou dilui-se em grande parte.
Na idade adulta, em razão de outros sentimentos, como vergonha e culpa,
que geram tensão, aumentam o medo e a raiva, estimulando à prática do mal,
como vingança ou forma cruel de sobrevivência.
6
O mal pode ser considerado uma emoção de
emergência, que irrompe com violência quando teme,
ou permanece em silêncio, agindo soturnamente e
perturbando aquele que lhe experimenta a constrição.
Quando o mal se manifesta em ação, estimula o
sistema nervoso simpático suprarrenal, que fornece
energia para a ação nefasta - a luta - ou para a fuga,
até que uma oportunidade própria se lhe desenhe
favorável, a fim de descarregar a tensão.
A medida que aumenta essa força e não se faz
liberada, o medo se transforma em raiva, que cresce
até tornar-se fúria, que pode, às vezes, levar ao
pânico.
A criatura teme a dor. Tudo que a conduz ao
sofrimento, se não tem o medo sob o controle da
verdade e não domina a raiva, no mal se exterioriza
para agredir e relaxar-se.
Certamente, a vontade não tem maior ação sobre o
medo, que irrompe com ou sem motivo lógico e
apavora, mas possui grande ascendência sobre a
raiva que pode ser administrada.
7
8
A raiva não pode ser considerada uma manifestação destrutiva, mas sim uma
reação orgânica, porquanto desaparece, quando lhe cessa a causa.
Quando o indivíduo se vê sitiado, o mal nele existente se transforma em fúria,
que tudo arrebenta e destrói.
A fúria enceguece, obliterando o raciocínio e anulando a vontade.
A culpa sempre irrompe após as atitudes que afligem as demais pessoas,
causadas intencionalmente ou não.
De início, é um sentimento de vergonha da própria inferioridade, que cresce e
se transforma.
O desabrochar do sentimento de culpa proporciona a sensação de haver
perdido o respeito que inspirava a afeição, gerando desconfiança e
instabilidade.
A vergonha da ação praticada produz humilhação e rejeição, empurrando
para o desconforto emocional e as suspeitas infundadas, em batalha mental
constante que aturde o ser.
9
Quando se trata de uma pessoa madura
psicologicamente, desperta e procura os meios para a
reparação. Porém, quando se é infantil
emocionalmente, foge-se, tomado pela vergonha do
erro, procurando mecanismos de autojustificação ou
de autopunição, que desencadeiam o mal adormecido
e faz que se converta em mágoa contra si mesmo ou
contra aquele que foi o seu causador.
A falta de responsabilidade induz à acusação a
outrem, por haver criado as circunstâncias que
desencadearam o incidente, mesmo que não existam.
É esta uma forma infantil de o infrator autojustificar-
se.
O conflito predominante no ser impede-o de
discernir com claridade, sendo sempre a culpa das
outras pessoas, quase nunca dele próprio.
Um dia, porém, surge, em que o mal libera a consciência e a percepção
racional corrige o entendimento do fato, advindo a necessidade da reparação.
Igualmente, quando se padece de insegurança e medo, a ação negativa se
transforma em mecanismo de autopunição, transtornando o comportamento
psicológico.
A vergonha e a culpa devem ser trabalhadas com espontaneidade, com
segurança, a partir do momento em que a pessoa se considere humana, portanto,
sujeita a julgamentos e atos equivocados, que pode e deve corrigir.
A descoberta do mal interior, que se disfarça com as roupagens de sentimentos
variados, contribui para a sua erradicação, terapeuticamente investindo-se na
saúde emocional, espiritual e comportamental.
10
11
Não se trata de um empreendimento fácil,
nem rápido.
A eliminação de um condicionamento ocorre
mediante o esforço de substituí-lo por outro, no
caso, um que seja saudável e benfazejo.
Qualquer espaço em aberto se preenche
com facilidade, ou fica vulnerável à
reinstalação do hábito anterior.
A cada impulso negativo, do mal existente,
deve-se aplicar uma formulação racional,
tranquila, que transforma a reação agressiva
ou vil em ação dignificante e paciente.
A personalidade é um abismo ainda
desconhecido com mistérios complexos para
serem desvendados.
No inconsciente do ser dormem milênios em
que se encontram os impulsos automáticos,
que a razão vem superando, mas necessitam
ser decodificados, para, logo diluídos, cederem
lugar às ações edificantes.
12
Herdando as experiências transatas, o ser humano
fixou-as no consciente que, de alguma forma, passa a
dirigir-lhe a conduta nesse árduo trânsito para a
autoconsciência, quando poderá e saberá agir com
equilíbrio, respeitando a lei de Deus e tudo realizando
conforme as suas disposições.
O mal é a ausência do bem, sem dúvida, que ainda
não se instalou e que contribui para agredir a vida,
perturbá-la e até tentar extingui-la.
A sua existência é real, enquanto permanece afligindo
e gerando a dor, que induzirá, por fim, aquele que o
experimenta, a uma radical mudança de conduta.
Negar-lhe a realidade constitui perigosa forma de
escamoteá-lo.
Essa natureza do eu inferior deverá ceder lugar à
totalidade do eu superior.
O mal é, desse modo, um impulso
inconsciente, automático, que emerge
do abismo do ser, como mecanismo
de sobrevivência, e lhe desata tendências
perturbadoras, que se lhe encontravam
jungidas.
Residindo no imo, tais tendências são
psicogênicas, e os fatores externos não as
produzem, sejam quais forem os estímulos
que se apresentem. Esses somente serão
aceitos mediante ressonância por sintonia de
onda vibratória que os sincronize.
Muitas imagens perversas e vulgares da
propaganda pela mídia, que a diversos
perturbam, a outros, de maneira alguma
sensibilizam.
Quando há, porém, o impulso latente do
mal, os estímulos externos despertam-nos ou
vitalizam-nos, caso já se encontrem em ação.
13
14
Na terapia para a diluição do mal, o
amor exerce função essencial, por
oferecer segurança àquele que se faz
vítima da distonia produzida pelo
instinto, auxiliando-o a educar a
vontade, a corrigir a óptica pela qual
observa a vida e a faz avançar na
ação do bem, etapa a etapa, desde
que essa mudança não se dá de
chofre ou sob o encantamento do
entusiasmo de um momento.
Exercícios mentais de reflexão em
torno de pensamentos edificantes,
análises sobre vidas abnegadas
contribuem para a instalação de
paisagens otimistas no ser, onde se
pode respirar o bem-estar, sem os
aguilhões da inveja, do egoísmo,
da agressividade.
15
O autoexame dos atos e a vigilância na conduta
igualmente facultam o clima para a preceterapia libertadora,
que eleva o Espírito e o envolve em vibrações superiores que o
penetram e desalgemam do mal, a fim de que possa aplicar-se
ao bem, conforme a lei de Deus.
Joanna de Ângelis
16
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Breve ensaio sobre o mal

  • 2. 2 O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. O Livro dos Espíritos, dAllan Kardec - Questão 630
  • 3. Persiste no espírito humano a tendência para o mal, como ressonância do primarismo ancestral das experiências transatas da evolução. Platão identificou-a nas suas observações profundas, denominando-a como face escura do ser, portanto, desconhecida, e Carl Gustav Jung constatou-a nos estudos da personalidade, a que chamou de sombra. Aí permanecem os impulsos da violência e da agressividade, as paixões escravizadoras, os instintos indomados que respondem pelo retardamento da autoiluminação. Trata-se do eu inferior, que representa um perigo para o indivíduo, e que deve ser identificado, a fim de ser combatido com a luz do discernimento e do amor. Quase sempre é visto nas demais pessoas como enfermidades da alma, que se responsabilizam pelos incontestáveis danos causados às outras criaturas ou à sociedade em geral. 3
  • 4. Quanto mais desconhecido do mundo íntimo, mais perturbações e prejuízos o mal ocasiona. O Espírito não é mau em razão da sua origem divina, porém nele permanece o mal, como a ganga retida na gema preciosa ou o escalracho mesclado ao trigo bom na mesma gleba. Ignorá-lo é uma forma de deixá-lo livre e em expansão, permitindo-lhe manifestações frequentes e danosas no comportamento. Outrossim, tentar esmagá-lo através de atitudes rígidas, torna-se tarefa inútil, porquanto, à medida que for privado de exteriorizar-se, mais vigor adquire até o momento em que explodirá com virulência danosa. Quando uma força pressiona e encontra resistência, prossegue até a liberação da sua carga, arrebentando ou sendo desarmada. O comportamento correto em tal caso é aquele que leva à sua identificação - ao impulso - e à capacidade de resistência que possui. 4
  • 5. No processo de desenvolvimento antropológico, o biótipo mais forte sobreviveu aos demais em razão da brutalidade, do volume e da astúcia na luta pela vida. A medida que o homem desenvolveu a inteligência e aplicou-a para proteger-se e preservar a espécie, adquiriu o poder de vencer as feras e os animais gigantescos. Como decorrência, ficou a presença do mal nele dominante, que vem aplicando contra si mesmo - autodestruição, excesso nos vícios - e contra os outros - furtos e roubos, calúnias, perseguições, homicídios e guerras que ameaçam toda a civilização... A fim de conscientizar-se do mal em si mesmo, faz- se imprescindível o aprofundamento do autoexame, para encontrar os pontos vulneráveis que o despertam e desencadeiam, predispondo-o para a agressão. Todos os indivíduos são vulneráveis às aflições, que decorrem das enfermidades, das pressões, das agressões, dos distúrbios psicológicos. 5
  • 6. Na infância, essas emoções se apresentam como movimentos desordenados, choro, refletindo a impotência da criança diante da dor, do desconforto, de alguma necessidade biológica... Mais tarde, expressando-se como medo ou raiva, ela morde e, por fim, com maior recurso de mobilidade, bate, golpeia, foge ou planeja desforço. Conforme o ambiente, a família, e particularmente a mãe, com quem mantém maior convivência, o mal que é inerente na infância ou se desenvolve, tomando vulto ou dilui-se em grande parte. Na idade adulta, em razão de outros sentimentos, como vergonha e culpa, que geram tensão, aumentam o medo e a raiva, estimulando à prática do mal, como vingança ou forma cruel de sobrevivência. 6
  • 7. O mal pode ser considerado uma emoção de emergência, que irrompe com violência quando teme, ou permanece em silêncio, agindo soturnamente e perturbando aquele que lhe experimenta a constrição. Quando o mal se manifesta em ação, estimula o sistema nervoso simpático suprarrenal, que fornece energia para a ação nefasta - a luta - ou para a fuga, até que uma oportunidade própria se lhe desenhe favorável, a fim de descarregar a tensão. A medida que aumenta essa força e não se faz liberada, o medo se transforma em raiva, que cresce até tornar-se fúria, que pode, às vezes, levar ao pânico. A criatura teme a dor. Tudo que a conduz ao sofrimento, se não tem o medo sob o controle da verdade e não domina a raiva, no mal se exterioriza para agredir e relaxar-se. Certamente, a vontade não tem maior ação sobre o medo, que irrompe com ou sem motivo lógico e apavora, mas possui grande ascendência sobre a raiva que pode ser administrada. 7
  • 8. 8 A raiva não pode ser considerada uma manifestação destrutiva, mas sim uma reação orgânica, porquanto desaparece, quando lhe cessa a causa. Quando o indivíduo se vê sitiado, o mal nele existente se transforma em fúria, que tudo arrebenta e destrói. A fúria enceguece, obliterando o raciocínio e anulando a vontade. A culpa sempre irrompe após as atitudes que afligem as demais pessoas, causadas intencionalmente ou não. De início, é um sentimento de vergonha da própria inferioridade, que cresce e se transforma. O desabrochar do sentimento de culpa proporciona a sensação de haver perdido o respeito que inspirava a afeição, gerando desconfiança e instabilidade. A vergonha da ação praticada produz humilhação e rejeição, empurrando para o desconforto emocional e as suspeitas infundadas, em batalha mental constante que aturde o ser.
  • 9. 9 Quando se trata de uma pessoa madura psicologicamente, desperta e procura os meios para a reparação. Porém, quando se é infantil emocionalmente, foge-se, tomado pela vergonha do erro, procurando mecanismos de autojustificação ou de autopunição, que desencadeiam o mal adormecido e faz que se converta em mágoa contra si mesmo ou contra aquele que foi o seu causador. A falta de responsabilidade induz à acusação a outrem, por haver criado as circunstâncias que desencadearam o incidente, mesmo que não existam. É esta uma forma infantil de o infrator autojustificar- se. O conflito predominante no ser impede-o de discernir com claridade, sendo sempre a culpa das outras pessoas, quase nunca dele próprio.
  • 10. Um dia, porém, surge, em que o mal libera a consciência e a percepção racional corrige o entendimento do fato, advindo a necessidade da reparação. Igualmente, quando se padece de insegurança e medo, a ação negativa se transforma em mecanismo de autopunição, transtornando o comportamento psicológico. A vergonha e a culpa devem ser trabalhadas com espontaneidade, com segurança, a partir do momento em que a pessoa se considere humana, portanto, sujeita a julgamentos e atos equivocados, que pode e deve corrigir. A descoberta do mal interior, que se disfarça com as roupagens de sentimentos variados, contribui para a sua erradicação, terapeuticamente investindo-se na saúde emocional, espiritual e comportamental. 10
  • 11. 11 Não se trata de um empreendimento fácil, nem rápido. A eliminação de um condicionamento ocorre mediante o esforço de substituí-lo por outro, no caso, um que seja saudável e benfazejo. Qualquer espaço em aberto se preenche com facilidade, ou fica vulnerável à reinstalação do hábito anterior. A cada impulso negativo, do mal existente, deve-se aplicar uma formulação racional, tranquila, que transforma a reação agressiva ou vil em ação dignificante e paciente. A personalidade é um abismo ainda desconhecido com mistérios complexos para serem desvendados. No inconsciente do ser dormem milênios em que se encontram os impulsos automáticos, que a razão vem superando, mas necessitam ser decodificados, para, logo diluídos, cederem lugar às ações edificantes.
  • 12. 12 Herdando as experiências transatas, o ser humano fixou-as no consciente que, de alguma forma, passa a dirigir-lhe a conduta nesse árduo trânsito para a autoconsciência, quando poderá e saberá agir com equilíbrio, respeitando a lei de Deus e tudo realizando conforme as suas disposições. O mal é a ausência do bem, sem dúvida, que ainda não se instalou e que contribui para agredir a vida, perturbá-la e até tentar extingui-la. A sua existência é real, enquanto permanece afligindo e gerando a dor, que induzirá, por fim, aquele que o experimenta, a uma radical mudança de conduta. Negar-lhe a realidade constitui perigosa forma de escamoteá-lo. Essa natureza do eu inferior deverá ceder lugar à totalidade do eu superior.
  • 13. O mal é, desse modo, um impulso inconsciente, automático, que emerge do abismo do ser, como mecanismo de sobrevivência, e lhe desata tendências perturbadoras, que se lhe encontravam jungidas. Residindo no imo, tais tendências são psicogênicas, e os fatores externos não as produzem, sejam quais forem os estímulos que se apresentem. Esses somente serão aceitos mediante ressonância por sintonia de onda vibratória que os sincronize. Muitas imagens perversas e vulgares da propaganda pela mídia, que a diversos perturbam, a outros, de maneira alguma sensibilizam. Quando há, porém, o impulso latente do mal, os estímulos externos despertam-nos ou vitalizam-nos, caso já se encontrem em ação. 13
  • 14. 14 Na terapia para a diluição do mal, o amor exerce função essencial, por oferecer segurança àquele que se faz vítima da distonia produzida pelo instinto, auxiliando-o a educar a vontade, a corrigir a óptica pela qual observa a vida e a faz avançar na ação do bem, etapa a etapa, desde que essa mudança não se dá de chofre ou sob o encantamento do entusiasmo de um momento. Exercícios mentais de reflexão em torno de pensamentos edificantes, análises sobre vidas abnegadas contribuem para a instalação de paisagens otimistas no ser, onde se pode respirar o bem-estar, sem os aguilhões da inveja, do egoísmo, da agressividade.
  • 15. 15 O autoexame dos atos e a vigilância na conduta igualmente facultam o clima para a preceterapia libertadora, que eleva o Espírito e o envolve em vibrações superiores que o penetram e desalgemam do mal, a fim de que possa aplicar-se ao bem, conforme a lei de Deus. Joanna de Ângelis
  • 16. 16
  • 17. 17

Notas do Editor

  1. Comneca no ponto onde ameaca a felicidade ou tranquilidade do outroe termina no limite que nao desejamos que o outro ultrapasse conosco.
  2. É impossivel para um homem aprender aquilo que ele acha que já sabe" Epiteto Tinha o nome de Epíteto um filosofo grego, que viveu quase toda sua vida em Roma como servo de Epafrodito que era um sanguinário assistente de Nero “o Incendiário”. Sua obra por ser pequena é pouco difundida. Preocupou-se sempre com a felicidade, e como viver uma vida plena, possuindo as melhores qualidades morais.
  3. "Examinai o que pudestes ter obrado contra Deus, depois contra o vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas vos darão, ou o descanso para a vossa consciência, ou a indicação de um mal que precise ser curado. 
  4. As questões 919 e 919A de O Livro dos Espíritos auxiliam-nos a praticá-la. Santo Agostinho sugere que todas as noites devíamos revisar o dia para ver como fomos em pensamentos, palavras e atos.
  5. Uso do livre arbitrio