2. O que é capacitismo?
A palavra “capacitismo” significa a discriminação de pessoas com deficiência, sua tradução para o
inglês é ableism. O termo é pautado na construção social de um corpo padrão, sem deficiência,
denominado como “normal” e da subestimação da capacidade e aptidão de pessoas em virtude de
suas deficiências.
O Capacitismo é considerado uma forma de preconceito, comumente vindo de pessoas sem
deficiência, que pré-julgam a capacidade e habilidades das pessoas com deficiência com base apenas
no que elas acreditam sobre aquela condição.
Muitas pessoas não têm conhecimento algum sobre o capacitismo devido a falta de debate pela
população. Pouco se discute hoje em dia sobre o descumprimento da legislação que garante o direito e
participação plena da pessoa com deficiência na sociedade. Esse comportamento apenas agrava esta
forma de preconceito, pois é uma maneira de perpetuar a crença de que as pessoas com deficiência
não são capazes de atuar ativamente na sociedade, o que é um grande equívoco.
O capacitismo camuflando acontece quando, de tão estrutural e inconsciente que é a discriminação em
razão da deficiência, muitas pessoas se referem às pessoas com deficiência com um certo “heroísmo”,
ou em outras palavras, uma supervalorização da realização de tarefas básicas, por exemplo.
3. Capacitismo no Brasil
O termo capacitismo, de acordo com uma matéria postada no site do Senado brasileiro, começou a ser utilizado
depois de 2010. O termo surge e começa a ser usado na década de 1980 nos Estado Unidos, e se expande, sendo
abarcado por movimentos de resistência e luta de pessoas com deficiência. No regimento das leis brasileiras, não
existe a citação formal da condição discriminatória capacitista, mas atualmente medidas por parte do governo são
tomadas em combate a esse preconceito.
Em acordo com os compromissos assumidos com a assinatura brasileira durante a Convenção Internacional sobre os
Direitos da Pessoa com Deficiência organizado pelas Nações Unidas (internalizada com força de norma constitucional
por meio do Decreto 6.949/2009), destaca-se a iniciativa institucional do Tribunal Superior do Trabalho em 2022 em
combate ao capacitismo. Foi criado um mini guia para atitudes que incluam pessoas com deficiência propõe de forma
prática para promoção dos direitos e suas liberdades, sem qualquer tipo de descriminação. De forma resumida, o
mini guia traz informações sobre a quantidade de pessoas com deficiência no Brasil e faz um alerta sobre as
expressões, falas e atitudes que são capacitistas, para que sejam evitadas. Também, recomendações de como apoiar e
incluir pessoas com deficiência.
4. O que é uma pessoa capacitista
Capacitista é como são chamadas as pessoas que possuem crenças
limitantes a respeito das pessoas com deficiência. Elas as julgam de modo
que as excluem da sociedade, seja em uma roda de conversa ou até mesmo
no mercado de trabalho.
Também são consideradas capacitistas aquelas pessoas que fazem
“brincadeiras” apontando suas deficiências. Ou ainda aquelas frases que se
referem às pessoas sem deficiência, mas usando alguma deficiência de
modo pejorativo. Vamos falar mais sobre algumas expressões capacitistas
mais adiante no texto.
5. Exemplos de frases capacitistas
Exemplos de frases capacitistas
Muitas pessoas, até mesmo pela falta de conhecimento, acabam
tendo comportamentos e reproduzindo frases capacitistas. Por
isso, é muito importante buscar informações para que possamos
fazer a diferença e quebrar esta corrente de preconceito. Então,
aqui vão alguns exemplos de frases capacitadas para você tirar
do seu vocabulário:
“Fingir demência”
“Dar uma de João sem braço”
“Não temos braço para fazer tudo isso”
“Dar uma mancada”
“Está cego/surdo?”
6. Quais são os tipos de capacitismo?
Segundo o Guia Anti Capacitista, escrito por Ivan Baron, um influenciador nordestino,
existem 3 tipos de capacitismo:
Capacitismo Médico: Muitas pessoas se referem equivocadamente a pessoas com
deficiência como se fossem ou estivessem doentes. Isso é chamado de capacitismo
médico.
Capacitismo Recreativo: Este termo é usado para definir o tipo de capacitismo mais
comum entre a sociedade. Se refere àquelas brincadeiras de mau gosto envolvendo
deficiências.
Capacitismo Institucional: Este tipo de capacitismo acontece quando as organizações
contratam apenas uma cota de pessoas com deficiência e não as trata com equidade
em relação aos colaboradores sem deficiência. Isso também é percebido na falta de
acessibilidade presente nestes lugares.
7. Quais as consequências do capacitismo?
Uma das maiores consequências da exclusão das
pessoas com deficiência é que isso as coloca
em situação de vulnerabilidade, pois não recebem as
mesmas oportunidades de educação e de trabalho.
Sem contar os danos psicológicos e emocionais, já que
ao serem diminuídas, não se sentem pertencentes.
Muitas delas acabam precisando lidar com este
sentimento sozinhas, por falta de acolhimento e
compreensão de outras pessoas que não vivenciam isto
na pele.
8. Capacitismo é crime?
Sim e está previsto em lei! A Lei Brasileira de Inclusão
(LBI), garante os direitos das pessoas com deficiência e
um deles é o respeito! Por isso, atitudes
preconceituosas contra as pessoas com deficiência,
podem e deve conforme a lei. Como foi o caso do Leo
Lins, comediante que trabalhava na emissora SBT e fez
uma “piada” capacitista, o que provocou sua demissão,
entre outros processos.
9. Como evitar o capacitismo?
Como evitar o capacitismo?
Se referir à deficiência de uma pessoa para diminuí-la ou torná-la heroína é capacitismo.
Então, tratar as pessoas com deficiência com equidade e respeito, é contribuir para uma
sociedade não capacitista, mas existem alguns pontos de atenção que devemos levar em
consideração:
Cuide de suas atitudes
Para evitar o capacitismo, é necessário se atentar a atitudes capacitistas tanto nossas quanto
ao nosso redor. Subestimar as pessoas com deficiência, não acreditando na sua capacidade
de concluir atividades é uma atitude capacitista. O mesmo acontece com a supervalorização
quando elas realizam alguma atividade comum do cotidiano com autonomia.
É fundamental sempre buscar informações, consumir conteúdos produzidos por pessoas
com deficiência e aprender com quem vive isso na pele. Além disso, anteriormente listamos
algumas palavras e expressões que estão enraizadas no vocabulário da sociedade e que
devem ser extintas do nosso vocabulário.
10. Inclusão é lei
Muitas pessoas não sabem, mas a inclusão social é
contemplada pela Lei Brasileira de Inclusão (LBI),
também conhecida como Estatuto da Pessoa com
Deficiência. Ela é um conjunto de regulamentos que
visam garantir os direitos das pessoas com deficiência,
promovendo inclusão e cidadania para elas.
Além disso, o artigo 4 diz que “toda pessoa com
deficiência tem direito à igualdade de oportunidades
com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie
de discriminação.”
11. Como combater o capacitismo
Para além das nossas práticas diárias de sempre colocar o respeito em primeiro lugar, também
existem outras formas de combater o capacitismo, como:
Lei de Cotas para pessoas com deficiência
A Lei de Cotas para pessoas com deficiência (LEI Nº 8.213, DE 24 DE JULHO DE 1991) garante que
essas pessoas sejam incluídas no mercado de trabalho. Ela determina que as empresas com mais de
cem colaboradores devem ocupar uma porcentagem de seus cargos com pessoas com deficiência.
Mas não vale contratar pessoas com deficiência só para cumprir cota. Existem muitos profissionais
capacitados e que merecem ocupar seus espaços de direito.
Gere conhecimento sobre o assunto
Um dos primeiros passos para agir contra o capacitismo é saber de sua existência. Como
mencionamos no início do texto, muitas pessoas nunca tiveram contato com o assunto. Então, o
primeiro passo é informar e divulgar conteúdo educativo sobre capacitismo e seus impactos na
sociedade e no ambiente de trabalho, através de cartilhas, palestras, dinâmicas, vídeos,
depoimentos.