Projeto em discussão na Câmara pode acelerar registro de agrotóxicos e diminuir poder de órgãos de saúde e meio ambiente. O projeto é alvo de críticas de médicos e do MPF, que alegam riscos à saúde pública, mas ruralistas defendem mudanças para aumentar produção. Debate polarizado expõe visões opostas sobre uso de agrotóxicos no Brasil.
1. Médicos e MPF tentam barrar lei ruralista sobre
agrotóxicos apelidada de “pacote de veneno”
Projeto em discussão na Câmara pode acelerar registro de "defensivos agrícolas" e
diminuir poder de órgãos de saúde e meio ambiente
Uma guerra de narrativas predomina em um debate envolvendo agrotóxicos no Congresso
Nacional. De um lado, ruralistas chamam o projeto 6.299/2002 de “Lei do Alimento Mais
Seguro”. Do outro, opositores o chamam de “Pacote de Veneno”. Na prática, a proposta
elaborada por entidades que representam produtores rurais, com o auxílio da indústria
química, tem como objetivo alterar uma lei do ano 1989 que trata do uso e do registro de
agrotóxicos, herbicidas e pesticidas em todo o território brasileiro. A discussão, que ficou
quase 14 anos parada, foi retomada em 2016. Agora, está em vias de ser votada na Câmara
com altas chances de aprovação. Entre os deputados federais, 228, ou 44% dos 513, se
declaram membros da bancada ruralista e são vinculados à Frente Parlamentar
Agropecuária.
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Se aprovada, a lei modificará uma série de procedimentos. Entre eles estão: a redução do
tempo para o registro e a comercialização dos produtos junto aos órgão de saúde e meio
ambiente, a mudança do nome oficial deles (passariam a se chamar produtos fitossanitários
ou de controle ambiental), além da possibilidade de validar o uso de defensivos agrícolas
2. que são proibidos em outros países por trazerem riscos à saúde (como a má-formação de
fetos ou o aumento da probabilidade do aparecimento de cânceres). O projeto é relatado
pelo deputado Luiz Nishimori (PR-PR). Já aprovado no Senado, o autor da proposta é o
senador licenciado e hoje ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP-MT).
Os embates apaixonados tomaram conta das últimas semanas de uma comissão especial na
Câmara. Nas audiências recentes, deputados e militantes levaram cartazes que representam
o momento de polarização política do país. Diziam eles: “Querem colocar veneno no seu
prato” ou “Eu apoio alimentos mais seguros”.
O argumento dos que são contrários à lei é o de que autorizar as modificações fará com que
cada vez mais agrotóxicos sejam usados nas lavouras e, consecutivamente, resíduos deles
acabem nas comidas dos brasileiros. Enquanto que os apoiadores do projeto dizem que,
com mais defensivos agrícolas modernos, será possível aumentar a produção com o uso
reduzido de produtos químicos.
Fora do parlamento diversas instituições já se manifestaram, por meio de notas técnicas ou
artigos, contrárias ou favoráveis ao projeto. Entre os que querem sua rejeição estão: o
Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Ministério Público Federal (MPF), a Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além de um grupo de 329
ONGs. Do outro lado, entre os favoráveis às alterações estão grupos ligados com o
agronegócio, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), além das Associações de Produtores
de Soja (Aprosoja), milho (Abramilho) e algodão (Abrapa). Essas três últimas criaram um site
e promovem o corpo a corpo com os parlamentares pela “Lei do Alimento Mais Seguro”. No
caso do MPF, os procuradores alegaram que, se aprovada, a lei seria inconstitucional.
Câncer e má-formação
Um dos argumentos insistentemente usados pelos opositores ao projeto são o de que o uso
de agrotóxicos aumenta a possibilidade de que os trabalhadores que atuam nas lavouras
assim como os consumidores desses alimentos tenham maior possibilidade de contrair
câncer, ter alguma má-formação genética (principalmente no caso de fetos) ou algum
distúrbio hormonal.
A toxicologista e pesquisadora Márcia Sarpa,
do Instituto Nacional do Câncer, diz que a atual
legislação (7802/1989) proíbe o registro de
qualquer agrotóxico que traga esses riscos.
Mas o projeto relatado pelo deputado
Nishimori suspende essa proibição imediata
pela elaboração de um processo de análise de
risco, em que haveria níveis aceitáveis para a
presença de produtos teratogênicos (que
causam má-formação fetal) ou cancerígenas.
“Quando você caracteriza uma substância
como mutagênica não existe limite seguro de exposição. Quando alguém entra em contato,
já está em risco. Não há como estabelecer o limite”, pondera. Sarpa vai além e diz que há
um risco iminente de mais pessoas adoecerem caso o projeto seja aprovado e aumente o
3. número de agrotóxicos nas lavouras. “Corremos o risco de comermos uma sopa de
agrotóxicos, uma sopa de veneno”.
Representantes de associações de produtores, contudo, dizem que há um certo exagero
nessas colocações e minimizam as declarações dos opositores da proposta. “Às vezes,
querem passar a imagem de que o produtor fica igual um tarado, um louco, em cima de um
caminhão jogando agrotóxico em toda a lavoura. O que não é verdade”, disse o diretor-
executivo da Aprosoja, Fabrício Rosa. “Queremos usar cada vez menos agrotóxicos. Para
isso, precisamos de produtos mais modernos”, complementa.
Outro médico, o toxicologista e professor aposentado da Unicamp Angelo Zanaga Trapé
discorda da visão de sua colega do Inca. Nos últimos anos ele desenvolveu três estudos com
uma população de cerca de 3.000 agricultores diretamente expostos a agrotóxicos. Em
nenhum deles foi encontrado qualquer registro de que a exposição a esses produtos tenha
causado câncer, Parkinson ou qualquer outro distúrbio relevante. “Em todas pesquisas que
desenvolvi encontrei um padrão de morbidade nessas populações rurais que é muito similar
ao restante da população brasileira. Não há nenhum lugar que eu fui que tenha algo mais
grave que outros”, relatou.
Na opinião de Trapé, uma nova lei pode ser um avanço, desde que acompanhada de uma
série de estudos clínicos e epidemiológicos de biomonitoramento das populações mais
expostas para entender se esse público está sofrendo ou não com os novos agrotóxicos.
“Sem dados sobre os indicadores de saúde, entramos no achismo, um viés ideológico. São
mais pessoas contrárias ao sistema neoliberal do que contra o uso de agrotóxico”.
Tempo de registro
Atualmente, para se registrar um defensivo
agrícola demora-se de três a dez anos.
Enquanto que em países como Estados Unidos
ou outros da União Europeia leva-se de dois a
quatro anos. No Brasil, é necessário que a
Comissão Técnica para Agrotóxicos, formada
por representantes do Ministério da Agricultura,
da Anvisa e do Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente (Ibama), analisem o novo produto. Os
três emitem pareceres sobre o pedido e só é
aceito após o aval unânime de que ele não afeta
de maneira grave nem a saúde pública, nem o meio ambiente e de que é eficaz no controle
de determinada praga.
Pelo projeto atual, esse grupo seria coordenado pelo Ministério da Agricultura e os outros
órgãos teriam menos relevância na análise. E o registro do agrotóxico deveria levar no
máximo 12 meses. Se extrapolasse esse prazo, seria emitido um registro temporário, desde
que outros três países da Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico
(OCDE) já tivessem autorizado a comercialização desse mesmo produto.
4. “Se for aprovado, haverá um desequilíbrio de forças. O ministério sofreria pressão do poder
econômico e os outros órgãos seriam enfraquecidos”, afirmou o presidente da associação
dos servidores da Anvisa (Univisa), Carlos Renato Ponte. “As queixas são, em sua maioria,
ideológicas. Se outros países da OCDE autorizaram, por qual razão não poderíamos
autorizar?”, questionou Paulo César Amaral, consultor jurídico da Associação Brasileira de
Produtores de Algodão.
Por outro lado, há o temor de que produtos
que foram proibidos em outras nações sob o
argumento de que poderiam afetar a saúde
pública ou o meio ambiente passem a ser
usados no Brasil, exatamente por causa dessa
regulamentação temporária. Um documento
emitido pela Anvisa, que contesta o projeto de
lei, elenca ao menos nove casos que isso
poderia ocorrer. Atualmente há 2.500 produtos
na fila para serem aprovados. Os mais antigos datam do ano de 2009. “Não queremos que
todos sejam aprovados logo, apenas os 30 novos que já poderiam estar sendo usados e
foram autorizados em vários países”, completou o consultor da Abrapa.
Mas os opositores acham que tem alternativa para se acelerar a análise desses produtos sem
mudar a lei, segundo o representante da Univisa, seria aprimorar um decreto ministerial
específico sobre agrotóxicos. “Não faz sentido levar cinco anos para analisar um produto.
Diminuiria a burocracia e atenderia ao mercado, que é o que tantas pessoas querem. Não
precisa mudar a lei”, disse Ponte.
No mesmo sentido segue o médico Guilherme Franco Netto, especialista em saúde,
ambiente e sustentabilidade da Fiocruz. “Deveríamos trabalhar no sentido de aprimorar a lei
atual, não só fortalecendo os órgãos reguladores, como também trabalhar na perspectiva
de abrir a possibilidade de produção de alimentos e outros insumos que possam ser feitos
de maneira mais saudável”.
Votação na comissão
Nas próximas duas semanas, o PL 6.299/2002 deverá ser votado na comissão especial que
analisa o tema. A tendência é que seja aprovado da maneira que está, já que 20 dos 26
parlamentares que a compõem são membros da bancada ruralista. Depois de passar pela
comissão, deve levar de uma a duas semanas para ser votado pelo plenário da Câmara.
Fonte: El País
9. Aplicativo localiza profissionais da construção civil com
apenas 4 cliques
MATERIA VEICULADA EM: 17/05/2018
De acordo com o IBGE, 57 milhões de residências no país precisavam de uma reforma, e
cerca de R$ 1,9 bilhão foram movimentados nesse setor durante o primeiro trimestre de
2016. Mas encontrar um profissional para realizar serviços como esse não é tão fácil assim.
Foi com essa situação que Guto Winkler, sócio do Mãos à Obra App, se deparou em 2015.
“Após ter o vidro da cozinha quebrado devido a uma chuva de granizo tive dificuldades para
localizar e contratar um profissional para esse pequeno serviço”, conta.
Com esse problema em mente, Guto e Ivan Sanches decidiram criar um aplicativo que
melhorasse a busca de profissionais e fornecedores da construção civil. “O aplicativo otimiza
o tempo do prestador de serviço e do cliente e traz conforto e segurança na hora de uma
contratação ou compra de produto”, conta Guto. Com a equipe montada, os sócios
decidiram convidar o empresário André Mello para fazer parte do projeto.
Crédito: site Mãos à Obra
Quando questionado, Guto afirma que um dos diferenciais do aplicativo é o funcionamento
– que é feito 100% via GPS. “A plataforma é democrática e com apenas 4 cliques é possível
localizar profissionais e fornecedores. Tudo isso sem que o profissional precise pagar por
cada orçamento recebido”, diz. Além disso, a plataforma abrange anúncios institucionais e
varejo também via GPS e com segmentação diretamente para o público alvo, e possui uma
área exclusiva para todos os tipos de fornecedores da construção civil.
10. O aplicativo cobra uma assinatura recorrente dos profissionais e fornecedores, mas o acesso
a plataforma pelo cliente final é gratuito. “2017 foi um ano de superação porque saímos de
quatro meses no vermelho para fechamento do ano no azul. Creditamos essa conquista ao
Inovativa Brasil e aos mentores”, conta Guto. Isso porque, no ano passado, a startup passou
por um programa de aceleração do Inovativa Brasil em parceria com o Sebrae, e ficou entre
as 60 melhores.
Atualmente, o Mãos à Obra App tem mais de 4 mil clientes finais ativos e, para atender essa
demanda, conta com mais de 2,8 mil profissionais e fornecedores cadastrados de diversas
regiões do Brasil. No futuro, a startup busca conquistar novos mercados. “Planejando a
escala em cidades estratégicas com pesquisa do setor, temos o objetivo de conquistar 40%
do mercado em quatro anos e em dois anos começar a operação em outro país da América
do Sul”, conta.
Fonte: Obra 24horas