SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 44
BBaasseeaaddoo nnaa oobbrraa ““OO qquuee éé SSeemmiióóttiiccaa””,, ddee 
LLuucciiaa SSaannttaaeellllaa
Primeiros passos para a 
Semiótica 
 
 Definição de semiótica como ciência dos signos. (9) 
 Necessidade de diferenciar língua de linguagem. (10) 
 Semiótica ainda é uma ciência em formação, o que 
faz com que sua definição seja imprecisa. (11)
Primeiros passos para a 
Semiótica 
 
• A língua é uma forma de comunicação fortemente 
incorporada em nosso cotidiano, mas utilizamos 
muitas outras linguagens em nossa vida diária 
(visuais, sonoras, táteis). (14) 
• A língua permite saber analítico. Historicamente, as 
particularidades da língua fizeram com que ela 
parecesse lidar com saber de primeira ordem, em 
detrimento de saberes possibilitados pelas outras 
linguagens. (15)
Primeiros passos para a 
Semiótica 
 
 Além da linguagem verbal, que na escrita ocidental 
assume a tradição visual alfabética, há muitas outras 
linguagens que se constituem em sistemas sociais e 
históricos de representação do mundo. (16) 
 Linguagem é pensada como sistema de produção de 
sentidos. (16)
Primeiros passos para a 
Semiótica 
 
• Século XX marca notável aumento da capacidade de 
produzir, armazenar e difundir linguagens. Ser 
humano hoje vive num ambiente povoado de signos 
e de informação. (17) 
• Todo fato cultural ou prática social só existe porque 
se constitui, em primeiro lugar, como produção de 
linguagem e sentido (ou seja, é significante). (18)
Primeiros passos para a 
Semiótica 
 
 De todos os estímulos que recebe ao seu redor, o ser 
humano sempre desvela significações. (18) 
 Assim, podem ser pensadas linguagens artificiais, 
linguagens da natureza, linguagens oníricas (dos 
sonhos), linguagens físicas. (18-19)
Primeiros passos para a 
Semiótica 
 
• Semiótica estuda todas as linguagens possíveis, 
todos os sistemas que podem ser percebidos como 
linguagem. (19) 
• O DNA, sendo informação genética, é linguagem. 
(20) 
• Sistemas de linguagem tendem a se comportar como 
sistemas vivos. (20) 
• Dentro dos fenômenos estudados por outras ciências, 
a Semiótica busca aquilo que se caracteriza como 
signo. (21)
Comentários gerais 
 
• Definição de semiótica proposta por Santaella diz 
respeito à semiótica propriamente peirceana e seu 
recorte da realidade. 
• Língua não é vista como fenômeno particular e 
excepcional dentro da linguagem. 
• Não há distinção, a princípio, entre linguagens 
produzidas para comunicação e fenômenos naturais 
ou humanos produzidos para outros fins mas 
interpretados como linguagem.
O legado de Charles 
Sanders Peirce 
 
 Três diferentes origens para a semiótica: União 
Soviética, Estados Unidos e Europa Ocidental. (22) 
 Desenvolvimento das comunicações ocasionou 
surgimento de consciência semiótica. (23) 
 Obra de Santaella foca a semiótica de matriz estado-unidense.
O legado de Charles 
Sanders Peirce 
 
 Peirce (1839 – 1914) era filho de proeminente 
matemático de Harvard e cresceu em ambiente de 
notável circulação intelectual. Mostrou-se prodigioso 
desde cedo. Formou-se em Química em Harvard. 
(24) 
 Estudou vários e diferentes campos do conhecimento 
e da ciência, tendo diversas contribuições em áreas 
distintas. (25)
O legado de Charles 
Sanders Peirce 
 
 Peirce atuou durante toda sua vida como cientista, 
tendo a lógica como seu principal interesse. (26) 
 Procurou estudar o raciocínio humano e a forma 
como ele se articula nas diferentes estruturas 
científicas. (27) 
 Peirce foi, acima de tudo, um filósofo da ciência e da 
comunicação. (29)
O legado de Charles 
Sanders Peirce 
 
 Peirce procurou conciliar os desenvolvimentos 
epistemológicos das ciências com as conquistas 
teóricas da Filosofia. (30) 
 A Lógica Filosófica de Peirce dependia de uma teoria 
geral dos signos (semiótica), que ele previu dentro 
do sistema de seu pensamento. Peirce dedicou-se 
diligentemente a construir e sistematizar essa 
semiótica, dialogando com a tradição filosófica de 
então. (31).
O legado de Charles 
Sanders Peirce 
 
 Produção teórica de Peirce é descomunal, mas 
dispersa e em grande parte difícil de esquematizar. 
(33) 
 Santaella, em seu acesso a parte dessa produção, 
compreende a semiótica de Peirce como uma 
filosofia científica da linguagem.
Comentários gerais 
 
 Semiótica de Peirce, segundo a autora, é fortemente 
filosófica, o que lhe confere caráter teórico 
especulativo ímpar em relação a outras semióticas. 
 A extensão e grandiosidade da obra de Peirce e a 
solidão de sua produção obrigam a uma recepção de 
suas visões a partir de diferentes interpretações, que 
podem diferir ao longo da história do estudo de seus 
escritos.
Para se ler o mundo como 
linguagem 
 
 A semiótica é uma parte do sistema filosófico 
proposto por Peirce, e só se torna plenamente 
compreensível dentro desse sistema, que, além disso, 
pertence a outro sistema maior, o das ciências. (35) 
 Compreensão do sistema científico de Peirce é 
sempre triádica, e a compreensão de cada uma das 
partes é sempre possível por meio da analogia com 
outras.
Para se ler o mundo como 
linguagem 

Para se ler o mundo como 
linguagem 
 
 Matemática: monta construções na imaginação de 
acordo com preceitos abstratos. (37) 
 Filosofia: inferência de verdade a partir da 
observação da experiência comum. (38) 
 Ideoscopia (ou ciências especiais): dividida em 
ciências físicas e psíquicas, requerem instrumentos e 
métodos especiais de investigação. (38)
Para se ler o mundo como 
linguagem 
 
 Evolucionismo de Peirce: universo está em expansão 
e mente humana (coletiva) também está em 
expansão. (39) 
 Falibilismo: como tudo está em expansão, as leis 
científicas têm de evoluir constantemente para dar 
conta da realidade. Estímulos externos fazem evoluir 
a estrutura interna da investigação. (39)

Para se ler o mundo como 
linguagem 
 
 Fenomenologia de Peirce: ciência destinada à criação 
de categorias, fundamentais para análise do 
pensamento. Ela postula as propriedades universais 
dos fenômenos. (44) 
 Ciências normativas (normáticas): distinguem o que 
deve e o que não deve ser. (44) 
 Estética: o que deve ou não deve ser objeto de 
admiração. (44)
Para se ler o mundo como 
linguagem 
 
 Ética: o que deve ou não deve ser parte da conduta 
humana. 
 Semiótica (lógica): o que deve ou não deve ser no 
pensamento. 
 Metafísica: ciências da realidade tal como é, 
independente das fantasias e imaginações. (45) 
 Semiótica classifica e descreve todos os signos 
logicamente possíveis. (45)
Para se ler o mundo como 
linguagem 
 
 Semiótica trataria dos métodos e tipos de 
pensamento utilizados por todas as outras ciências. 
 Semiótica de Peirce só pode ser compreendida à luz 
de sua fenomenologia.
Comentários gerais 
 
 Como citado por Santaella, fenomenologia de Peirce 
guarda traços de semelhança com a fenomenologia 
hegeliana, que também é triádica. 
 Esforço conceitual de Peirce no âmbito filosófico é 
extraordinário, mas também polêmico, dadas as 
outras perspectivas da teoria do conhecimento e da 
filosofia da linguagem.
Abrir as janelas: olhar para o 
mundo 
 
 Definição de fenômeno: toda e qualquer coisa que 
esteja de algum modo presente à mente, seja interna 
ou externa, corresponda ou não a algo real. Nessa 
definição, não há julgamento do fenômeno por 
nenhum pressuposto. (49) 
 Fenomenologia tem de determinar as características 
que apareçam a todo e qualquer fenômeno. (49)
Abrir as janelas: olhar para o 
mundo 
 
 Três faculdades sustentam a observação dos 
fenômenos: 
 1) capacidade contemplativa; 
 2) capacidade de distinção e discriminação; 
 3) capacidade de generalização em classes ou 
categorias. 
 Faculdades se relacionam ao modo como os 
fenômenos aparecem à mente, e não às suas 
características particulares. (51)
Abrir as janelas: olhar para o 
mundo 
 
 Categorias de Peirce são consideradas universais 
para toda a experiência e todo pensamento. (52) 
 Pressuposto: a experiências é tudo aquilo que se 
impõe sobre o sujeito, não podendo ser negado. 
 Pressuposto 2: pensamento é a capacidade de 
estabelecimento de relações pela mente, e não precisa 
ser racional necessariamente.

Abrir as janelas: olhar para o 
mundo 
 
 A estrutura triádica pareceu a princípio 
insatisfatória para Peirce, mas vingou e 
acabou sendo estendida como produtiva para 
outros campos do saber. (54) 
 Santaella vê fenomenologia de Peirce como 
“salto especulativo de caráter cosmológico”. 
(55) 
 Aplicações são possíveis na teoria do 
protoplasma, na teoria da evolução, na 
fisiologia e na física. (59)
Abrir as janelas: olhar para o 
mundo 
 
 Santaella escolhe o campo das manifestações 
psicológicas para exemplificar a fenomenologia de 
Peirce. (60) 
 Ressalta que se trata da aplicação de categorias 
lógicas à experiência psicológica, e não de análise de 
material propriamente psicológico.
Abrir as janelas: olhar para o 
mundo 
 
 Primeiridade: 
 Presentidade presente. Impressão in totum, não 
analisável, indivisível, inocente e frágil. 
 Sentimento como qualidade, imediaticidade. 
 Percepção das qualidades das coisas sem a 
aplicação do pensamento sobre essa percepção. 
 Consciência de um momento, não fraturada, não 
segmentada. 
 Precede toda a síntese e toda diferenciação.
Abrir as janelas: olhar para o 
mundo 
 
 Secundidade: 
 Mundo real, reativo, sensual. Arena da 
existência cotidiana. Fatos externos que se 
impõem à vontade do sujeito. Luta. Relação 
diádica, de dependência entre dois termos. 
 Corporificação material da qualidade de 
sentimento. Qualquer sensação já é secundidade, 
pois é resposta do eu a um estímulo. Percepção 
direta, anterior ao pensamento. Experiência, não 
ego.
Abrir as janelas: olhar para o 
mundo 
 
 Terceiridade: aproxima primeiro e segundo 
numa síntese intelectual. Inteligibilidade, 
pensamento em signos, representação e 
interpretação do mundo. 
 Generalidade, infinitude, continuidade, difusão, 
crescimento, inteligência. 
 Para conhecer o mundo, o ser humano traduz 
tudo o que percebe em termos de signos. Os 
signos constituem o pensamento, que sempre 
remete a outro pensamento, infinitamente.
Abrir as janelas: olhar para o 
mundo 
 
 Para compreender qualquer fenômeno, a consciência 
produz um signo. 
 Toda percepção já implica criação de signos. 
 Signos só podem ser interpretados se traduzidos em 
outros signos. 
 O signo é um primeiro, o objeto é um segundo e o 
interpretante (que é a tradução do signo em outros 
signos) é um terceiro. 
 O significado se desloca e se esquiva constantemente.
Abrir as janelas: olhar para o 
mundo 
 
 Crosta sígnica nos permite conhecer o mundo, mas 
também dele nos separa. 
 Camada do pensamento interpretativo é a mais 
superficial da consciência, podendo sempre ser 
ferida por sentimentos e sensações. 
 Tudo o que se produz na consciência é signo, mas há 
divisões. 
 Sentimento ou impressão é um quase-signo. Ação ou 
experiência pode funcionar como signo. O signo 
genuíno está no pensamento.
Para se tecer a malha dos signos 
 
 Semiótica Peirceana não é concebida como ciência 
aplicada. 
 Noção de signo de Peirce não tem fundo psicológico, 
e sim lógico, podendo ser base da Cibernética. 
 Definições e classificações de Peirce em relação aos 
signos são gerais, matemáticas, formais. 
 Santaella: melhor definição de signo: uma coisa que 
representa uma outra coisa para uma mente que 
interpreta.
Para se tecer a malha dos signos 
 
 Noção de interpretante: processo relacional que se 
cria na mente do intérprete. 
 Signo que traduz a relação entre o signo e o objeto. 
 O significado de um signo é, portanto, sempre outro 
signo. 
 Um signo tem pelo menos dois objetos e pelo menos 
três interpretantes.
Para se tecer a malha dos signos 

Para se tecer a malha dos signos 
 
 Objeto dinâmico: está fora do signo, na natureza, e é 
representado pelo signo. 
 Objeto imediato: está dentro do signo, é o modo 
como o signo representa o objeto dinâmico. 
 Interpretante imediato: aquilo que o signo está apto a 
produzir em uma mente que o interpreta. 
 Interpretante dinâmico: aquilo que o signo 
efetivamente produz em uma mente em particular. 
 Interpretante em si: modo como qualquer mente 
reagiria ao signo, em determinadas condições.
Classificação dos signos 
 
 Peirce estabeleceu classificação triádica dos signos. 
 Considerando as possibilidades em cada uma das 
partes do signo, sistema de Peirce alcançaria 59049 
tipos de signo. 
 Peirce estabeleceu dez trocotomias, mas dedicou a 
três, em especial, mais atenção. 
 Essas três tricotomias, em particular, tornaram-se as 
mais famosas e emblemáticas da obra de Peirce.
Classificação dos signos 
 
 Relação do signo consigo mesmo: 
 1 – Quali-signo: signo aparece como mera qualidade. 
O vermelho da tela de cinema em uma determinada 
cena. 
 2 – Sin-signo: signo aparece como existente singular, 
material. Um quadro, uma peça de museu. 
 3 – Legi-signo: signo aparece como lei geral, como 
relação enunciada. Uma ideia, uma frase, um 
conceito.
Classificação dos signos 
 
 Relação do signo com seu objeto dinâmico: 
 1 – Ícone: Signo aparece como pura qualidade na relação 
com seu objeto. Quase-signo, algo que se dá à 
contemplação. Efeito de impressão. Arte abstrata. 
 2 – Índice: Signo aparece como indicador de coisa à qual 
está factualmente ligada. Todo existente é um índice. Há 
conexão de fato. Girassol é índice da direção do Sol. 
Rastros, pegadas, resíduos, remanências. Fotografia. 
 3 – Símbolo: signo representa o objeto por convenção ou 
pacto coletivo. Palavras. Tem como objeto um geral, e não 
um singular.
Classificação dos signos 
 
 Relação do signo com seu interpretante: 
 1 – Rema: interpretante produz apenas uma mera 
qualidade, uma impressão. Conjectura, hipótese. 
Formas das nuvens. Formas de estalactites. 
 2 – Discente: interpretante constata relação física 
entre existentes. Constatação, associação. 
 3 – Argumento: interpretante constrói uma relação, 
um pensamento sobre o mundo, em forma de 
símbolo.
Considerações finais 
 
 Signos raramente se apresentam, em condições 
concretas, de forma pura em relação às classificações 
empreendidas. 
 Tríades peirceanas funcionam como grande mapa 
lógico, para descrever, analisar e interpretar 
linguagens. 
 Fundamentos fenomenológicos para 
desenvolvimento de semióticas especiais.
 
 Santaella, Lucia. O que é semiótica. São Paulo: 
Brasiliense, 2012. (Coleção Primeiros Passos – 103)

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Comunicação e semiótica
Comunicação e semióticaComunicação e semiótica
Comunicação e semiótica
jepireslima
 
Semiótica - ícone, índice e símbolo
Semiótica - ícone, índice e símboloSemiótica - ícone, índice e símbolo
Semiótica - ícone, índice e símbolo
Bruno Santos
 
SEMIÓTICA: MODELO PEIRCE - Mateus Ítor Charão
SEMIÓTICA: MODELO PEIRCE - Mateus  Ítor CharãoSEMIÓTICA: MODELO PEIRCE - Mateus  Ítor Charão
SEMIÓTICA: MODELO PEIRCE - Mateus Ítor Charão
Mateus Ítor Charão
 

Mais procurados (20)

Conceitos da semiótica
Conceitos da semióticaConceitos da semiótica
Conceitos da semiótica
 
Comunicação e semiótica
Comunicação e semióticaComunicação e semiótica
Comunicação e semiótica
 
Semiotica
SemioticaSemiotica
Semiotica
 
Introdução à Semiótica Peirceana _ Signo como relação triádica
Introdução à Semiótica Peirceana _ Signo como relação triádicaIntrodução à Semiótica Peirceana _ Signo como relação triádica
Introdução à Semiótica Peirceana _ Signo como relação triádica
 
02 Semiótica e Comunicação
02 Semiótica e Comunicação02 Semiótica e Comunicação
02 Semiótica e Comunicação
 
Semiótica Aplicada Ao Design (Aula 03)
Semiótica Aplicada Ao Design (Aula 03)Semiótica Aplicada Ao Design (Aula 03)
Semiótica Aplicada Ao Design (Aula 03)
 
01 Introdução a semiótica
01 Introdução a semiótica01 Introdução a semiótica
01 Introdução a semiótica
 
Semiótica - Aula 4
Semiótica - Aula 4Semiótica - Aula 4
Semiótica - Aula 4
 
10 classes de signo
10 classes de signo10 classes de signo
10 classes de signo
 
Semiótica - ícone, índice e símbolo
Semiótica - ícone, índice e símboloSemiótica - ícone, índice e símbolo
Semiótica - ícone, índice e símbolo
 
Semiótica Aplicada ao Design (Aula 01)
Semiótica Aplicada ao Design (Aula 01)Semiótica Aplicada ao Design (Aula 01)
Semiótica Aplicada ao Design (Aula 01)
 
07 semiotica-atual 92sl
07 semiotica-atual 92sl07 semiotica-atual 92sl
07 semiotica-atual 92sl
 
Signos Visuais
Signos VisuaisSignos Visuais
Signos Visuais
 
5 origens da semiótica
5 origens da semiótica5 origens da semiótica
5 origens da semiótica
 
Teoria da literatura
Teoria da literaturaTeoria da literatura
Teoria da literatura
 
SEMIÓTICA: MODELO PEIRCE - Mateus Ítor Charão
SEMIÓTICA: MODELO PEIRCE - Mateus  Ítor CharãoSEMIÓTICA: MODELO PEIRCE - Mateus  Ítor Charão
SEMIÓTICA: MODELO PEIRCE - Mateus Ítor Charão
 
Desenho de Observação I
Desenho de Observação IDesenho de Observação I
Desenho de Observação I
 
Comunicacao Visual
Comunicacao VisualComunicacao Visual
Comunicacao Visual
 
Escrita guiao
Escrita guiaoEscrita guiao
Escrita guiao
 
As teorias do signo e as significações lingüísticas
As teorias do signo e as significações lingüísticasAs teorias do signo e as significações lingüísticas
As teorias do signo e as significações lingüísticas
 

Semelhante a Semiótica peirceana

Filosofia da-linguagem-3ano
Filosofia da-linguagem-3anoFilosofia da-linguagem-3ano
Filosofia da-linguagem-3ano
Euna Machado
 
ATIVIDADE DE FILOSOFIA 2.docx
ATIVIDADE DE FILOSOFIA  2.docxATIVIDADE DE FILOSOFIA  2.docx
ATIVIDADE DE FILOSOFIA 2.docx
Elieidw
 
20110826 fidalgo antonio-logica_comunicacao
20110826 fidalgo antonio-logica_comunicacao20110826 fidalgo antonio-logica_comunicacao
20110826 fidalgo antonio-logica_comunicacao
Vinicius O Resiliente
 
Matrizes da linguagem e pensamento
Matrizes da linguagem e pensamentoMatrizes da linguagem e pensamento
Matrizes da linguagem e pensamento
Samtinha
 
mcientifica.ppt
mcientifica.pptmcientifica.ppt
mcientifica.ppt
JoaoVitordaSilva10
 

Semelhante a Semiótica peirceana (20)

V dfilo cap01_introducao
V dfilo cap01_introducaoV dfilo cap01_introducao
V dfilo cap01_introducao
 
Filosofia da-linguagem-3ano
Filosofia da-linguagem-3anoFilosofia da-linguagem-3ano
Filosofia da-linguagem-3ano
 
Apostila de Filosofia
Apostila de FilosofiaApostila de Filosofia
Apostila de Filosofia
 
ATIVIDADE DE FILOSOFIA 2.docx
ATIVIDADE DE FILOSOFIA  2.docxATIVIDADE DE FILOSOFIA  2.docx
ATIVIDADE DE FILOSOFIA 2.docx
 
Linguagem e pensamento
Linguagem e pensamentoLinguagem e pensamento
Linguagem e pensamento
 
Concepções filosoficas-s
Concepções filosoficas-sConcepções filosoficas-s
Concepções filosoficas-s
 
20110826 fidalgo antonio-logica_comunicacao
20110826 fidalgo antonio-logica_comunicacao20110826 fidalgo antonio-logica_comunicacao
20110826 fidalgo antonio-logica_comunicacao
 
Matrizes da linguagem e pensamento
Matrizes da linguagem e pensamentoMatrizes da linguagem e pensamento
Matrizes da linguagem e pensamento
 
Aula 3: Estudos da linguagem - Introdução
Aula 3: Estudos da linguagem - IntroduçãoAula 3: Estudos da linguagem - Introdução
Aula 3: Estudos da linguagem - Introdução
 
Período Sistemático - novo
Período Sistemático - novoPeríodo Sistemático - novo
Período Sistemático - novo
 
Designação de campo ciência e epistemologia [3]
Designação de campo  ciência e epistemologia [3]Designação de campo  ciência e epistemologia [3]
Designação de campo ciência e epistemologia [3]
 
mcientifica.ppt
mcientifica.pptmcientifica.ppt
mcientifica.ppt
 
metodologia aula 1.ppt
metodologia aula 1.pptmetodologia aula 1.ppt
metodologia aula 1.ppt
 
mcientifica (1).ppt
mcientifica (1).pptmcientifica (1).ppt
mcientifica (1).ppt
 
mcientifica.ppt
mcientifica.pptmcientifica.ppt
mcientifica.ppt
 
estudo de ciencia - Metodologia cientifica
estudo de ciencia - Metodologia cientificaestudo de ciencia - Metodologia cientifica
estudo de ciencia - Metodologia cientifica
 
mcientifica.ppt
mcientifica.pptmcientifica.ppt
mcientifica.ppt
 
Filosofia 10ºano 1ºperiodo (resumos)
Filosofia 10ºano 1ºperiodo (resumos)Filosofia 10ºano 1ºperiodo (resumos)
Filosofia 10ºano 1ºperiodo (resumos)
 
Período Sistemático
Período Sistemático Período Sistemático
Período Sistemático
 
Essencialismo e anti essencialismo e pragmatismo
Essencialismo e anti essencialismo e pragmatismoEssencialismo e anti essencialismo e pragmatismo
Essencialismo e anti essencialismo e pragmatismo
 

Mais de vinivs

Semântica implicações
Semântica   implicaçõesSemântica   implicações
Semântica implicações
vinivs
 

Mais de vinivs (20)

Sociologia da Educacao - apresentacao inicial da disciplina.pptx
Sociologia da Educacao - apresentacao inicial da disciplina.pptxSociologia da Educacao - apresentacao inicial da disciplina.pptx
Sociologia da Educacao - apresentacao inicial da disciplina.pptx
 
Sociologia da educacao apresentacao inicial da disciplina
Sociologia da educacao   apresentacao inicial da disciplinaSociologia da educacao   apresentacao inicial da disciplina
Sociologia da educacao apresentacao inicial da disciplina
 
Apresentação - Manuel Bandeira - Libertinagem
Apresentação - Manuel Bandeira - LibertinagemApresentação - Manuel Bandeira - Libertinagem
Apresentação - Manuel Bandeira - Libertinagem
 
Modernismo Brasileiro - contexto histórico
Modernismo Brasileiro - contexto históricoModernismo Brasileiro - contexto histórico
Modernismo Brasileiro - contexto histórico
 
Aula de Literatura Ocidental - Emily Bronte
Aula de Literatura Ocidental - Emily BronteAula de Literatura Ocidental - Emily Bronte
Aula de Literatura Ocidental - Emily Bronte
 
Estudos da comunicacao humana
Estudos da comunicacao humanaEstudos da comunicacao humana
Estudos da comunicacao humana
 
Literatura do século XVII
Literatura do século XVIILiteratura do século XVII
Literatura do século XVII
 
Semântica: dêixis e anáfora
Semântica: dêixis e anáforaSemântica: dêixis e anáfora
Semântica: dêixis e anáfora
 
Semântica: anomalias
Semântica: anomaliasSemântica: anomalias
Semântica: anomalias
 
Literatura jesuítica
Literatura jesuíticaLiteratura jesuítica
Literatura jesuítica
 
Semântica – antonímia e contradição
Semântica – antonímia e contradiçãoSemântica – antonímia e contradição
Semântica – antonímia e contradição
 
Semântica sinonímia e paráfrase
Semântica   sinonímia e paráfraseSemântica   sinonímia e paráfrase
Semântica sinonímia e paráfrase
 
Semântica implicações
Semântica   implicaçõesSemântica   implicações
Semântica implicações
 
Semântica implicações
Semântica   implicaçõesSemântica   implicações
Semântica implicações
 
Pré modernismo - introdução
Pré modernismo - introduçãoPré modernismo - introdução
Pré modernismo - introdução
 
Elementos de História do Brasil Colonial
Elementos de História do Brasil ColonialElementos de História do Brasil Colonial
Elementos de História do Brasil Colonial
 
Semântica
SemânticaSemântica
Semântica
 
Literaturas de expressão portuguesa 3o ano - apresentação geral
Literaturas de expressão portuguesa   3o ano - apresentação geralLiteraturas de expressão portuguesa   3o ano - apresentação geral
Literaturas de expressão portuguesa 3o ano - apresentação geral
 
Literatura brasileira 1 programação
Literatura brasileira 1 programaçãoLiteratura brasileira 1 programação
Literatura brasileira 1 programação
 
Romantismo
RomantismoRomantismo
Romantismo
 

Último

Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
TailsonSantos1
 
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
PatriciaCaetano18
 
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
tatianehilda
 

Último (20)

About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdfRecomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
Recomposiçao em matematica 1 ano 2024 - ESTUDANTE 1ª série.pdf
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
 
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
LISTA DE EXERCICIOS envolveto grandezas e medidas e notação cientifica 1 ANO ...
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
8 Aula de predicado verbal e nominal - Predicativo do sujeito
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
 
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfTCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
 
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptxPlano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
 
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenosmigração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
migração e trabalho 2º ano.pptx fenomenos
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretaçãoLENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
LENDA DA MANDIOCA - leitura e interpretação
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAPROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
 
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVAEDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA INCLUSIVA
 
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptxEducação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
Educação Financeira - Cartão de crédito665933.pptx
 
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do séculoSistema de Bibliotecas UCS  - Cantos do fim do século
Sistema de Bibliotecas UCS - Cantos do fim do século
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
 

Semiótica peirceana

  • 1. BBaasseeaaddoo nnaa oobbrraa ““OO qquuee éé SSeemmiióóttiiccaa””,, ddee LLuucciiaa SSaannttaaeellllaa
  • 2. Primeiros passos para a Semiótica   Definição de semiótica como ciência dos signos. (9)  Necessidade de diferenciar língua de linguagem. (10)  Semiótica ainda é uma ciência em formação, o que faz com que sua definição seja imprecisa. (11)
  • 3. Primeiros passos para a Semiótica  • A língua é uma forma de comunicação fortemente incorporada em nosso cotidiano, mas utilizamos muitas outras linguagens em nossa vida diária (visuais, sonoras, táteis). (14) • A língua permite saber analítico. Historicamente, as particularidades da língua fizeram com que ela parecesse lidar com saber de primeira ordem, em detrimento de saberes possibilitados pelas outras linguagens. (15)
  • 4. Primeiros passos para a Semiótica   Além da linguagem verbal, que na escrita ocidental assume a tradição visual alfabética, há muitas outras linguagens que se constituem em sistemas sociais e históricos de representação do mundo. (16)  Linguagem é pensada como sistema de produção de sentidos. (16)
  • 5. Primeiros passos para a Semiótica  • Século XX marca notável aumento da capacidade de produzir, armazenar e difundir linguagens. Ser humano hoje vive num ambiente povoado de signos e de informação. (17) • Todo fato cultural ou prática social só existe porque se constitui, em primeiro lugar, como produção de linguagem e sentido (ou seja, é significante). (18)
  • 6. Primeiros passos para a Semiótica   De todos os estímulos que recebe ao seu redor, o ser humano sempre desvela significações. (18)  Assim, podem ser pensadas linguagens artificiais, linguagens da natureza, linguagens oníricas (dos sonhos), linguagens físicas. (18-19)
  • 7. Primeiros passos para a Semiótica  • Semiótica estuda todas as linguagens possíveis, todos os sistemas que podem ser percebidos como linguagem. (19) • O DNA, sendo informação genética, é linguagem. (20) • Sistemas de linguagem tendem a se comportar como sistemas vivos. (20) • Dentro dos fenômenos estudados por outras ciências, a Semiótica busca aquilo que se caracteriza como signo. (21)
  • 8. Comentários gerais  • Definição de semiótica proposta por Santaella diz respeito à semiótica propriamente peirceana e seu recorte da realidade. • Língua não é vista como fenômeno particular e excepcional dentro da linguagem. • Não há distinção, a princípio, entre linguagens produzidas para comunicação e fenômenos naturais ou humanos produzidos para outros fins mas interpretados como linguagem.
  • 9. O legado de Charles Sanders Peirce   Três diferentes origens para a semiótica: União Soviética, Estados Unidos e Europa Ocidental. (22)  Desenvolvimento das comunicações ocasionou surgimento de consciência semiótica. (23)  Obra de Santaella foca a semiótica de matriz estado-unidense.
  • 10. O legado de Charles Sanders Peirce   Peirce (1839 – 1914) era filho de proeminente matemático de Harvard e cresceu em ambiente de notável circulação intelectual. Mostrou-se prodigioso desde cedo. Formou-se em Química em Harvard. (24)  Estudou vários e diferentes campos do conhecimento e da ciência, tendo diversas contribuições em áreas distintas. (25)
  • 11. O legado de Charles Sanders Peirce   Peirce atuou durante toda sua vida como cientista, tendo a lógica como seu principal interesse. (26)  Procurou estudar o raciocínio humano e a forma como ele se articula nas diferentes estruturas científicas. (27)  Peirce foi, acima de tudo, um filósofo da ciência e da comunicação. (29)
  • 12. O legado de Charles Sanders Peirce   Peirce procurou conciliar os desenvolvimentos epistemológicos das ciências com as conquistas teóricas da Filosofia. (30)  A Lógica Filosófica de Peirce dependia de uma teoria geral dos signos (semiótica), que ele previu dentro do sistema de seu pensamento. Peirce dedicou-se diligentemente a construir e sistematizar essa semiótica, dialogando com a tradição filosófica de então. (31).
  • 13. O legado de Charles Sanders Peirce   Produção teórica de Peirce é descomunal, mas dispersa e em grande parte difícil de esquematizar. (33)  Santaella, em seu acesso a parte dessa produção, compreende a semiótica de Peirce como uma filosofia científica da linguagem.
  • 14. Comentários gerais   Semiótica de Peirce, segundo a autora, é fortemente filosófica, o que lhe confere caráter teórico especulativo ímpar em relação a outras semióticas.  A extensão e grandiosidade da obra de Peirce e a solidão de sua produção obrigam a uma recepção de suas visões a partir de diferentes interpretações, que podem diferir ao longo da história do estudo de seus escritos.
  • 15. Para se ler o mundo como linguagem   A semiótica é uma parte do sistema filosófico proposto por Peirce, e só se torna plenamente compreensível dentro desse sistema, que, além disso, pertence a outro sistema maior, o das ciências. (35)  Compreensão do sistema científico de Peirce é sempre triádica, e a compreensão de cada uma das partes é sempre possível por meio da analogia com outras.
  • 16. Para se ler o mundo como linguagem 
  • 17. Para se ler o mundo como linguagem   Matemática: monta construções na imaginação de acordo com preceitos abstratos. (37)  Filosofia: inferência de verdade a partir da observação da experiência comum. (38)  Ideoscopia (ou ciências especiais): dividida em ciências físicas e psíquicas, requerem instrumentos e métodos especiais de investigação. (38)
  • 18. Para se ler o mundo como linguagem   Evolucionismo de Peirce: universo está em expansão e mente humana (coletiva) também está em expansão. (39)  Falibilismo: como tudo está em expansão, as leis científicas têm de evoluir constantemente para dar conta da realidade. Estímulos externos fazem evoluir a estrutura interna da investigação. (39)
  • 19.
  • 20. Para se ler o mundo como linguagem   Fenomenologia de Peirce: ciência destinada à criação de categorias, fundamentais para análise do pensamento. Ela postula as propriedades universais dos fenômenos. (44)  Ciências normativas (normáticas): distinguem o que deve e o que não deve ser. (44)  Estética: o que deve ou não deve ser objeto de admiração. (44)
  • 21. Para se ler o mundo como linguagem   Ética: o que deve ou não deve ser parte da conduta humana.  Semiótica (lógica): o que deve ou não deve ser no pensamento.  Metafísica: ciências da realidade tal como é, independente das fantasias e imaginações. (45)  Semiótica classifica e descreve todos os signos logicamente possíveis. (45)
  • 22. Para se ler o mundo como linguagem   Semiótica trataria dos métodos e tipos de pensamento utilizados por todas as outras ciências.  Semiótica de Peirce só pode ser compreendida à luz de sua fenomenologia.
  • 23. Comentários gerais   Como citado por Santaella, fenomenologia de Peirce guarda traços de semelhança com a fenomenologia hegeliana, que também é triádica.  Esforço conceitual de Peirce no âmbito filosófico é extraordinário, mas também polêmico, dadas as outras perspectivas da teoria do conhecimento e da filosofia da linguagem.
  • 24. Abrir as janelas: olhar para o mundo   Definição de fenômeno: toda e qualquer coisa que esteja de algum modo presente à mente, seja interna ou externa, corresponda ou não a algo real. Nessa definição, não há julgamento do fenômeno por nenhum pressuposto. (49)  Fenomenologia tem de determinar as características que apareçam a todo e qualquer fenômeno. (49)
  • 25. Abrir as janelas: olhar para o mundo   Três faculdades sustentam a observação dos fenômenos:  1) capacidade contemplativa;  2) capacidade de distinção e discriminação;  3) capacidade de generalização em classes ou categorias.  Faculdades se relacionam ao modo como os fenômenos aparecem à mente, e não às suas características particulares. (51)
  • 26. Abrir as janelas: olhar para o mundo   Categorias de Peirce são consideradas universais para toda a experiência e todo pensamento. (52)  Pressuposto: a experiências é tudo aquilo que se impõe sobre o sujeito, não podendo ser negado.  Pressuposto 2: pensamento é a capacidade de estabelecimento de relações pela mente, e não precisa ser racional necessariamente.
  • 27.
  • 28. Abrir as janelas: olhar para o mundo   A estrutura triádica pareceu a princípio insatisfatória para Peirce, mas vingou e acabou sendo estendida como produtiva para outros campos do saber. (54)  Santaella vê fenomenologia de Peirce como “salto especulativo de caráter cosmológico”. (55)  Aplicações são possíveis na teoria do protoplasma, na teoria da evolução, na fisiologia e na física. (59)
  • 29. Abrir as janelas: olhar para o mundo   Santaella escolhe o campo das manifestações psicológicas para exemplificar a fenomenologia de Peirce. (60)  Ressalta que se trata da aplicação de categorias lógicas à experiência psicológica, e não de análise de material propriamente psicológico.
  • 30. Abrir as janelas: olhar para o mundo   Primeiridade:  Presentidade presente. Impressão in totum, não analisável, indivisível, inocente e frágil.  Sentimento como qualidade, imediaticidade.  Percepção das qualidades das coisas sem a aplicação do pensamento sobre essa percepção.  Consciência de um momento, não fraturada, não segmentada.  Precede toda a síntese e toda diferenciação.
  • 31. Abrir as janelas: olhar para o mundo   Secundidade:  Mundo real, reativo, sensual. Arena da existência cotidiana. Fatos externos que se impõem à vontade do sujeito. Luta. Relação diádica, de dependência entre dois termos.  Corporificação material da qualidade de sentimento. Qualquer sensação já é secundidade, pois é resposta do eu a um estímulo. Percepção direta, anterior ao pensamento. Experiência, não ego.
  • 32. Abrir as janelas: olhar para o mundo   Terceiridade: aproxima primeiro e segundo numa síntese intelectual. Inteligibilidade, pensamento em signos, representação e interpretação do mundo.  Generalidade, infinitude, continuidade, difusão, crescimento, inteligência.  Para conhecer o mundo, o ser humano traduz tudo o que percebe em termos de signos. Os signos constituem o pensamento, que sempre remete a outro pensamento, infinitamente.
  • 33. Abrir as janelas: olhar para o mundo   Para compreender qualquer fenômeno, a consciência produz um signo.  Toda percepção já implica criação de signos.  Signos só podem ser interpretados se traduzidos em outros signos.  O signo é um primeiro, o objeto é um segundo e o interpretante (que é a tradução do signo em outros signos) é um terceiro.  O significado se desloca e se esquiva constantemente.
  • 34. Abrir as janelas: olhar para o mundo   Crosta sígnica nos permite conhecer o mundo, mas também dele nos separa.  Camada do pensamento interpretativo é a mais superficial da consciência, podendo sempre ser ferida por sentimentos e sensações.  Tudo o que se produz na consciência é signo, mas há divisões.  Sentimento ou impressão é um quase-signo. Ação ou experiência pode funcionar como signo. O signo genuíno está no pensamento.
  • 35. Para se tecer a malha dos signos   Semiótica Peirceana não é concebida como ciência aplicada.  Noção de signo de Peirce não tem fundo psicológico, e sim lógico, podendo ser base da Cibernética.  Definições e classificações de Peirce em relação aos signos são gerais, matemáticas, formais.  Santaella: melhor definição de signo: uma coisa que representa uma outra coisa para uma mente que interpreta.
  • 36. Para se tecer a malha dos signos   Noção de interpretante: processo relacional que se cria na mente do intérprete.  Signo que traduz a relação entre o signo e o objeto.  O significado de um signo é, portanto, sempre outro signo.  Um signo tem pelo menos dois objetos e pelo menos três interpretantes.
  • 37. Para se tecer a malha dos signos 
  • 38. Para se tecer a malha dos signos   Objeto dinâmico: está fora do signo, na natureza, e é representado pelo signo.  Objeto imediato: está dentro do signo, é o modo como o signo representa o objeto dinâmico.  Interpretante imediato: aquilo que o signo está apto a produzir em uma mente que o interpreta.  Interpretante dinâmico: aquilo que o signo efetivamente produz em uma mente em particular.  Interpretante em si: modo como qualquer mente reagiria ao signo, em determinadas condições.
  • 39. Classificação dos signos   Peirce estabeleceu classificação triádica dos signos.  Considerando as possibilidades em cada uma das partes do signo, sistema de Peirce alcançaria 59049 tipos de signo.  Peirce estabeleceu dez trocotomias, mas dedicou a três, em especial, mais atenção.  Essas três tricotomias, em particular, tornaram-se as mais famosas e emblemáticas da obra de Peirce.
  • 40. Classificação dos signos   Relação do signo consigo mesmo:  1 – Quali-signo: signo aparece como mera qualidade. O vermelho da tela de cinema em uma determinada cena.  2 – Sin-signo: signo aparece como existente singular, material. Um quadro, uma peça de museu.  3 – Legi-signo: signo aparece como lei geral, como relação enunciada. Uma ideia, uma frase, um conceito.
  • 41. Classificação dos signos   Relação do signo com seu objeto dinâmico:  1 – Ícone: Signo aparece como pura qualidade na relação com seu objeto. Quase-signo, algo que se dá à contemplação. Efeito de impressão. Arte abstrata.  2 – Índice: Signo aparece como indicador de coisa à qual está factualmente ligada. Todo existente é um índice. Há conexão de fato. Girassol é índice da direção do Sol. Rastros, pegadas, resíduos, remanências. Fotografia.  3 – Símbolo: signo representa o objeto por convenção ou pacto coletivo. Palavras. Tem como objeto um geral, e não um singular.
  • 42. Classificação dos signos   Relação do signo com seu interpretante:  1 – Rema: interpretante produz apenas uma mera qualidade, uma impressão. Conjectura, hipótese. Formas das nuvens. Formas de estalactites.  2 – Discente: interpretante constata relação física entre existentes. Constatação, associação.  3 – Argumento: interpretante constrói uma relação, um pensamento sobre o mundo, em forma de símbolo.
  • 43. Considerações finais   Signos raramente se apresentam, em condições concretas, de forma pura em relação às classificações empreendidas.  Tríades peirceanas funcionam como grande mapa lógico, para descrever, analisar e interpretar linguagens.  Fundamentos fenomenológicos para desenvolvimento de semióticas especiais.
  • 44.   Santaella, Lucia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 2012. (Coleção Primeiros Passos – 103)